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Anotações sobre Geometria analı́tica.


Rodrigo Carlos Silva de Lima
Universidade Federal Fluminense - UFF-RJ
rodrigo.uff.math@gmail.com

1
Sumário

1 Geometria analı́tica 4
n
1.1 Espaço Euclidiano R . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.2 Retas , segmentos de retas e semi-retas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.2.1 Propriedades de incidência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.2.2 Propriedades de ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.2.3 Divisão de segmento em n partes iguais. . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.2.4 Ponto médio de um segmento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.2.5 Distância entre dois pontos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.2.6 Condição de alinhamento de três pontos . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.2.7 Equação da reta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.2.8 Equação segmentária da reta. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.2.9 Condição de paralelismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.2.10 Condição de perpendicularismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.2.11 Ângulo entre duas retas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.2.12 Distância entre ponto e reta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.2.13 Equação da circunferência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.2.14 Vetores no plano-segmentos orientados . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.2.15 Segmentos equipolentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.2.16 Vetor no plano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.2.17 Coordenadas de um vetor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.2.18 Operações com vetores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.2.19 Equação paramétrica da reta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.2.20 Produto interno de dois vetores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.2.21 Operadores sobre pares ordenados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

2
SUMÁRIO 3

1.3 Cônicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.4 Equações paramétricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.5 Parametrização do cı́rculo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.6 Parametrização de uma elipse. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.7 Parametrização de uma hipérbole. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
1.8 Parametrização de uma parábola. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
1.9 Discussão da equação Ax2 + Bxy + Cy 2 + Dx + EY + F = 0 . . . . . . . . 21
1.10 Retas no espaço . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
1.11 Planos e Hiperplanos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
1.12 Parametrização do cı́rculo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.13 Parametrização da elipse . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.14 Parametrização da Hipérbole . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.14.1 Por meio de funções hiperbólicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.14.2 Por meio de funções trigonométricas . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
1.15 Quádricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
1.15.1 Elipsóide . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
1.15.2 Hiperbolóide . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
1.16 Resumo com os tipos de quádricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
1.17 Superfı́cies regradas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
1.17.1 Superfı́cie cônica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
1.17.2 Superfı́cies regrada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
1.17.3 Superfı́cies cilı́ndricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
1.18 Superfı́cies de revolução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
1.19 Coordenadas cilı́ndricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
1.20 Coordenadas esféricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
1.21 Curvas parametrizadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
1.22 Bibliografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
Capı́tulo 1

Geometria analı́tica

Estudaremos a geometria analı́tica no espaço Rn , vendo definições especiais para geo-


metria do R2 e R3 .

1.1 Espaço Euclidiano Rn.

m Definição 1 (Espaço Euclidiano). O conjunto Rn com a métrica (maneira de medir


distâncias) v
u n
u∑
d(x, y) = t (xk − yk )2
k=1

é chamado de espaço Euclidiano.


Os elementos (xk )n1 são chamados pontos de Rn .

m Definição 2 (Plano cartesiano R2 ). R2 é chamado de plano cartesiano .

m Definição 3 (Quadrantes do plano cartesiano). Consideramos pontos (x, y) de R2

ˆ O 1◦ quadrante é o conjunto dos pontos que satisfazem y ≥ 0 e x ≥ 0 .

ˆ O 2◦ quadrante é o conjunto dos pontos que satisfazem y ≥ 0 e x ≤ 0 .

ˆ O 3◦ quadrante é o conjunto dos pontos que satisfazem y ≤ 0 e x ≤ 0 .

ˆ O 4◦ quadrante é o conjunto dos pontos que satisfazem y ≤ 0 e x ≥ 0 .

4
CAPÍTULO 1. GEOMETRIA ANALÍTICA 5

m Definição 4 (Eixo das abscissas). O eixo das abscissas, denotado por Ox é o conjunto

Ox = {(x, 0) ∈ R2 | x ∈ R.}

m Definição 5 (Eixo das ordenadas). O eixo das ordenadas, denotado por Oy é o


conjunto
Oy = {(0, y) ∈ R2 | y ∈ R.}

1.2 Retas , segmentos de retas e semi-retas

m Definição 6 (Retas). Uma reta r em Rn é o conjunto dos pontos (xk )n1 ∈ Rn tais
que

(xk )n1 = x0 + tv0 t ∈ R

para algum par (x0 , v0 ̸= 0) de pontos de Rn . A equação (xk )n1 = x0 + tv0 é chamada
equação da reta, v0 é chamado vetor diretor da reta.

b Propriedade 1. O lugar geométrico dos pontos que equidistam dos pontos (a, b) e
(c, d) é uma reta de equação

c2 + d2 − (a2 + b2 )
x(c − a) + y(d − b) = .
2
ê Demonstração.

1.2.1 Propriedades de incidência

b Propriedade 2 (Axioma de incidência I). Dados dois pontos distintos, existe uma
única reta que os contém .

ê Demonstração.
Existência. Dados dois pontos distintos x0 , y0 A reta r de equação (xk )n1 = x0 + t(y0 −
x0 ) contém x0 e y0 pois para t = 0 temos x0 ∈ R e para t = 1 temos y0 ∈ r.
CAPÍTULO 1. GEOMETRIA ANALÍTICA 6

Unicidade. Suponha que duas retas distintas r e s que contenham x0 e y0 , suponha


sem perda de generalidade que existe z0 tal que z0 ∈ r e z0 ∈
/ s, daı́ z0 = x0 + t(y0 − x0 )
para algum t, mas os pontos dessa forma pertencem à r e s por definição, o que é absurdo
.

b Propriedade 3 (Axioma de incidência II). Existe em uma reta r do Rn infinitos


pontos distintos.

ê Demonstração. Dados dois números reais t1 ̸= t2 , temos x0 + t1 v0 ̸= x0 + t2 v0


pois (t1 − t2 )v0 ̸= 0, a aplicação f : R → r ⊂ Rn com f (t) = x0 + t(v0 ) é uma bijeção,
portanto r possui uma quantidade infinita não enumerável de pontos.

b Propriedade 4 (Axioma de incidência III). Existem infinitos pontos que não per-
tencem a uma mesma reta .

ê Demonstração. Sejam v0 = (1, 0 . . . , 0) e v1 = (0, . . . , 1) o primeiro possuindo


a primeira coordenada 1 e as outras nula, o segundo possuindo a última coordenada 1 e
as outras nulas, as retas de equação x0 + tv0 e x0 + tv1 não possuem todos os pontos em
comum pois, caso contrário existiriam t1 , t2 ∈ R tais que

x0 + t1 v0 = x0 + t2 v1 ⇒ t1 v0 = t2 v1

só vale para t1 = t2 = 0, como ambas retas possuem uma quantidade infinita não
enumerável de pontos, então existe uma quantidade infinita não enumerável de pontos
que não pertencem a uma mesma reta.

m Definição 7 (Retas paralelas). Duas retas r e s com vetores diretores vs e vr são


ditas paralelas se existe p ∈ R tal que vs = pvr e as retas não possuem pontos em comum
.

Z Exemplo 1. Existem retas paralelas, tome x 0 = (1, · · · , 0) , x1 = (0, · · · , 1), então


as retas de equações x1 + tv0 e x0 + tv0 , com v0 = (0, 1, 0 · · · , 0) não possuem pontos em
comum, pois se existissem

x1 + t1 v0 = x0 + t2 v0 ⇒ x1 − x0 = (t1 − t2 )v0

o que não acontece, então tais retas são paralelas.


CAPÍTULO 1. GEOMETRIA ANALÍTICA 7

1.2.2 Propriedades de ordem

m Definição 8. Dados dois pontos A e B distintos em uma mesma reta r, dizemos que
um ponto C está entre A e B se existe t1 ∈ (0, 1) tal que

A + t1 (B − A) = C.

Denotamos tal fato por A ∗ C ∗ B.

$ Corolário 1. Se C está entre B e A então A, B e C são colineares, pela própria


definição de reta.

m Definição 9 (Segmento de reta). Dados dois pontos A e B, definimos o segmento


de reta AB como o conjunto

AB = {A, B} ∪ {X | A ∗ X ∗ B}.

b Propriedade 5. Se A ∗ C ∗ B então B ∗ C ∗ A.
ê Demonstração. Existe t1 ∈ (0, 1) tal que A+t1 (B−A) = C , tomamos t2 = 1−t1 ,
t2 ∈ (0, 1) e vale B + t2 (A − B) = B + A − B + t1 (B − A) = C,como querı́amos demonstrar
.

b Propriedade 6. Dados dois pontos distintos A e B, existem pontos C , D e E tais


que C ∗ A ∗ D , A ∗ D ∗ B e D ∗ B ∗ E .

ê Demonstração. Existe ponto D entre A e B, pois basta tomar qualquer t ∈ (0, 1)


em A + t(B − A).
1
Existe C tal que C ∗ A ∗ B, pois tomando C = 2A − B e t = temos C − t(B − C) = A
2
pois
1
2A − B + (B − 2A + B) = 2A − B + B − A = A.
2
1
Existe E tal que A∗B∗E, tomamos E = 2B−A, existe t = tal que A+t(E−A) = B,
2
pois
1
A + (2B − A − A) = A + B − A = B.
2
CAPÍTULO 1. GEOMETRIA ANALÍTICA 8

m Definição 10 (Plano). Dados três pontos z0 , y0 , x0 ∈ Rn não colineares um plano


em Rn é o conjunto dos pontos da forma

y0 + s(x0 − y0 ) + t(z0 − y0 )

s e t são valores reais.

$ Corolário 2. Se uma reta r tem dois pontos contidos num plano então ela está contida
no plano. Sejam os pontos x0 e y0 contidos na reta r e z0 um ponto não colinear com os
primeiros e contidos, então os pontos da reta são dados pela equação x0 + s(x0 − y0 ) que
são pontos do plano de equação y0 + s(x0 − y0 ) + t(z0 − y0 )

m Definição 11 (Hiperplano). Um Hiperplano é o conjunto dos pontos (xk )n1 que


satisfaz

n
ak xk = b
k=1

onde pelo menos um dos ak é não nulo .

b Propriedade 7. Qualquer Hiperplano separa Rn em dois subconjuntos disjuntos


convexos I e II, chamados semi-espaços, tais que se A ∈ I e B ∈ II o segmento AB
intercepta o hiperplano em um ponto.

ê Demonstração.

n
Seja o hiperplano com equação ak xk = b, ele separa o espaço em dois semi-espaços
k=1

n ∑
n
I, dos pontos tais que ak xk > b e II dos pontos tais que ak xk < b.
k=1 k=1
Sejam dois pontos A e B em I, o segmento que os une tem equação A + t(B − A) com
t ∈ [0, 1], vamos mostrar que todos esses pontos pertencem à I . A = (xk )n1 , B = (yk )n1 ,
logo os pontos desse segmento são da forma (xk +t(yk −xk ))n1 = (xk (1−t)+tyk )n1 aplicando
a soma tem-se

n ∑
n
(1 − t) ak xk + t ak yk > (1 − t)b + tb = b
k=1 k=1

como querı́amos demonstrar, o caso de pontos em II é análogo .


CAPÍTULO 1. GEOMETRIA ANALÍTICA 9

Sejam agora A em I e B em II, o segmento que une os pontos tem equação A+t(B−A),
aplicando a soma

n ∑
n
f (t) = (1 − t) ak xk + t a k yk
k=1 k=1


n ∑
n
f (0) = ak xk > b , f (1) = ak yk < b, logo por continuidade existe um único t entre
k=1 k=1
0 e 1 tal que f (t) = b, tal valor é único, por unicidade de solução de equação linear .

1.2.3 Divisão de segmento em n partes iguais.


um segmento de extremos a e b com b > a, b e a ∈ R pode ser dividido em n partes
b−a
iguais (n ∈ N n ̸= 0), as partes tem amplitude , as coordenadas dessa divisão são
n
b−a
x1 = a +
n
b−a
x1 = a + 2.
n
seguindo esse padrão
b−a bk + a(n − k)
xk = a + k. =
n n
A demonstração sai por indução, pois
b0 + a(n − 0)
x0 = =a
n
tomando como hipótese válida para k
bk + a(n − k)
xk =
n
b−a
temos que a coordenada de k + 1 é alcança da, somando , logo
n
bk + a(n − k) b − a b(k + 1) + a(n − k − 1)
xk+1 = + =
n n n

1.2.4 Ponto médio de um segmento

m Definição 12 (Ponto médio de um segmento). O ponto médio de um segmento AB,


se existe, é um ponto M , tal que AM ≡ M B e A, M e B são colineares.
CAPÍTULO 1. GEOMETRIA ANALÍTICA 10

b Propriedade 8. Um segmento AB de pontos A = (xA , yA ) e B = (xB , yB ) possui


um único ponto médio M com
( )
xA + xB yA + yB
M= ,
2 2

ê Demonstração.[1-Usando vetores] Seja A ̸= B. Sendo AB


⃗ um vetor, decompomos
⃗ = AM
tal vetor como soma de vetores colineares AB ⃗ + M⃗B, AM⃗ e M⃗B possuem o mesmo
comprimento, por hipótese de M ser médio, além disso, possuem a mesma direção por
serem colineares, eles também devem possuir mesmo sentido, pois se tivessem sentido
oposto e mesmo módulo, sua soma seria nula, o que não acontece pois A ̸= B, então os
vetores são iguais e vale
⃗ = 2M⃗B
AB

disso segue que


( )
B+A xA + xB yA + yB
B − A = 2B − 2M ⇒ M = = , .
2 2 2
ê Demonstração.[2] Vamos usar equação da reta na forma vetorial, o vetor direção
⃗ que possui coordenadas B − A = (xB − xA , yB − yA ), a reta é o conjunto dos
é AB,
⃗ t ∈ R}, o ponto médio deve pertencer a reta ←
pontos da forma {A + tAB

AB. Supondo um
ponto médio, ele possui coordenadas (xm , ym ) pela fórmula da distância entre dois pontos
devemos ter que d(A, M ) = d(M B)

√ √
(xm − xA )2 + (ym − yA )2 = (xm − xB )2 + (ym − yB )2

e o ponto M deve estar na reta, então possui coordenadas da forma A + tAB

xm = xA + t(xB − xA ) = txB + (1 − t)xA

ym = yA + t(yB − yA ) = tyB + (1 − t)yA

usando as relações acima na expressão da distância e simplificando, temos

√ √
t2 (xB − xA )2 + t2 (yB − yA )2 = (t − 1)2 (xB − xA )2 + (t − 1)2 (yB − yA )2 ⇒
√ √
|t| (xB − xA )2 + (yB − yA )2 = |t − 1| (xB − xA )2 + (yB − yA )2

disso segue |t| = |t − 1|, se t > 1 então t = t − 1 ⇒ 0 = −1 absurdo, se 0 ≤ t ≤ 1 então


1
t = 1 − t e t = , se t < 0 então −t = −t + 1 ⇒ 1 = 0 absurdo, o único valor de t é para
2
CAPÍTULO 1. GEOMETRIA ANALÍTICA 11

1
t = , portanto o ponto médio existe sendo também único e suas coordenadas são dadas
2
por

xB 1 xA + xB
xm = + ( )xA =
2 2 2
yB 1 yA + yB
ym = + ( )yA = .
2 2 2

1.2.5 Distância entre dois pontos


Dados dois pontos A(x1 , y1 ) e b(x2 , y2 ), a distância entre eles é

d= (∆x)2 + (∆y)2

Onde ∆x = x2 − x1 e ∆y = y2 − y1 .

1.2.6 Condição de alinhamento de três pontos


Teorema três pontos A(x1 , y1 ),B(x2 , y2 ) e C(x3 , y3 ) são colineares sse suas coordenadas
verificam a igualdade

(x2 − x1 )(y3 − y2 ) = (x3 − x2 )(y2 − y1 )

tal condição pode ser expressa pelo determinante


 
x1 y1 1
 
 x2 y2 1  = 0
 
x3 y3 1

1.2.7 Equação da reta


Teorema
A toda reta r do plano cartesiando está associada ao menos uma equação da forma
ax + by + c = 0 em que a, b, c são números reais, a ̸= 0 ou b ̸= 0, e (x, y) representa um
ponto genérico de r.
A toda equação da forma ax + by + c = 0,com a, b, c ∈ R, a ̸= 0 ou b ̸= 0 está associada
uma única reta r do plano cartesiano cujos pontos p(x, y) são soluções da equação dada.
CAPÍTULO 1. GEOMETRIA ANALÍTICA 12

Z Exemplo 2. A reta que passa pelos pontos (a, 0) e (0, b) é a reta de equação

bx + ay = ab,

pois é da forma ax + by + c = 0 e verifica os pontos (a, 0) e (0, b).

1.2.8 Equação segmentária da reta.


se temos uma reta passando pelos seguintes pontos A(0, y0 ) e B(x0 , 0)
podemos interpolar
(x)
y = y0 + (−y0 )
x0
(x)
somando + (y0 ) em ambos lados
x0
(x)
y+ (y0 ) = y0
x0
dividindo por y0 em ambos os lados
y x
+ =1
y0 x 0
que é a equação segmentária da reta,
obs: supomos que x0 e y0 são diferentes de zero.

1.2.9 Condição de paralelismo


Duas retas r e s não verticais são paralelas entre si sse seus coeficientes angulares são
iguais.

1.2.10 Condição de perpendicularismo


Duas retas r e s não verticais são paralelas entre si ⇔ o produto de seus coeficientes
é igual a −1.

b Propriedade 9. Dados dois pontos distintos A(x1, y1) e B(x2, y2) a equação da me-
diatriz do segmento AB é
CAPÍTULO 1. GEOMETRIA ANALÍTICA 13

y − ym ∆x1
+ =0
x − xm ∆y1
x1 + x2
onde xm = o mesmo para ym , ou de maneira equivalente
2
( )
y1 + y2 x2 − x1 x1 + x2
y= − x− .
2 y2 − y1 2
ê Demonstração.[1] A mediatriz é o lugar geométricos dos pontos P (x, y) tais que
d(P, A) = d(P, B), isto é,
√ √
(x − x1 )2 + (y − y1 )2 = (x − x2 )2 + (y − y2 )2

elevando ao quadrado , expandindo as potências e simplificando chegamos ao resultado


desejado.
ê Demonstração.[2] Tomamos a reta que passa por A e B
y2 − y1
y = y1 + (x − x1 )
x2 − x1
a reta desejada é a reta perpendicular a essa que passa pelo ponto médio
y − ym ∆x1
+ = 0.
x − xm ∆y1

1.2.11 Ângulo entre duas retas


O menor ângulo formado entre duas retas θ1 e os coeficientes angulares de duas retas
r e s respectivamente ms e ms .

ms − mr
tgθ1 =
1 + ms .mr

1.2.12 Distância entre ponto e reta


Seja uma reta r de equação geral ax + by + c = 0 e um ponto P (x0 , y0 ) a distância do
ponto à reta d(p,r) é dada por

ax0 + by0 + c
d(p,r)
= √
a 2 + b2
CAPÍTULO 1. GEOMETRIA ANALÍTICA 14

1.2.13 Equação da circunferência


A equação da circunferência de raio r e centro (x0 , y0 é

(x − x0 )2 + (y − y0 )2 = r2

1.2.14 Vetores no plano-segmentos orientados

m Definição 13 (Segmentos orientados). Dado um segmento AB definimos o segmento


orientado AB como a terna (A, B, AB) que consiste do segmento AB munido de uma
estrutura que chamaremos de orientação que é composta de ponto A , chamado ponto
inicial e B, chamado ponto final , dizemos que o sentido de percurso de AB é de A para B
e que o segmento orientado BA têm orientação oposta ou contrária ao segmento orientado
AB

m Definição 14 (Segmentos com mesma orientação). 1. Dois segmentos paralelos AB


e CD são ditos possuir mesma orientação se ABCD forma um paralelogramo , sendo
AC e BD são lados desse paralelogramo, caso contrário AB e CD não possuem
mesma orientação, possuindo orientação contrária . O mesmo dito sobre AB e CD
.

2. Dois segmentos colineares AB e CD são ditos possuir mesma orientação , se uma


−→ −−→
das semi-retas AB ou CD contém a outra.
Nestes casos dizemos que eles possuem mesmo sentido.

1.2.15 Segmentos equipolentes

m Definição 15 (Segmentos equipolentes).

Dizemos que dois segmentos orientados coplanares AB e CD são equipolentes quando

1. Os segmentos AB e CD possuem o mesmo comprimento, que iremos denotar por

|AB| = |CD|.
CAPÍTULO 1. GEOMETRIA ANALÍTICA 15

2. Os segmentos AB e CD são paralelos ou colineares, o que denotamos por

AB ∥ CD

3. Os segmentos AB e CD possuem mesmo sentido .

b Propriedade 10. Dados dois segmentos orientados AB e CD eles são equipolentes


⇔ o ponto médio do segmento AD coincide com o ponto médio do segmento BC.

1.2.16 Vetor no plano

m Definição 16 (Vetor no plano). Um vetor no plano é o conjunto de todos os segmentos


orientados equipolentes a um segmento orientado dado. Quando os segmentos de reta
orientados AB e CD são equipolentes, dizemos que eles representam o mesmo vetor −

v
−→
e escrevemos →

v = AB, o vetor → −v é o conjunto que consiste de todos os segmentos
orientados equipolentes ao segmento AB. Tais segmentos são chamados representantes
do vetor −

v.

b Propriedade 11.
Dado um vetor − →
a e um ponto A, existe apenas um ponto B tal que o segmento AB
representa o vetor −

a . Qualquer ponto do plano é origem de um único segmento orientado
representante do vetor →

v.

1.2.17 Coordenadas de um vetor


−→
Sejam A = (x1 , y1 ) e B = (x2 , y2 ) pontos do plano e →−a = AB dizemos que (x2 −
x1 , y2 − y1 ) = (∆x1 , ∆y1 ) são as coordenadas do vetor −

a e escrevemos



a = (∆x1 , ∆y1 )

1.2.18 Operações com vetores


Adição de vetores
CAPÍTULO 1. GEOMETRIA ANALÍTICA 16

1.2.19 Equação paramétrica da reta


Sejam A ,P e B colineares distintos, em forma vetorial temos que existe um t tal que
−→ −−→
AP = t.P B
−−→
P = A + t.P B

1.2.20 Produto interno de dois vetores

<−

u ,−

v >= ||−

u ||.||−

v ||.cosθ

em coordenadas
<−

u ,→

v >= x1 x2 + y1 y2

b Propriedade 12. Os pontos médios dos lados de um quadrilátero qualquer são


vértices de um paralelogramo .

ê Demonstração.

Figura 1.1:

Sejam pontos A = (a, b), B = (a′ , b′ ), C = (c, d) e D = (c′ , d′ ).


Formando segmentos AB, BC, CD e DA no quadrilátero ABCD. O ponto médio de
x + x′ y + y ′
(x, y) e (x′ , y ′ ) é calculado como ( , ).
2 2
a + a ′ b + b′
Então os pontos médios de AB, BC, CD e DA, respectivamente são M = ( , ),
′ ′ ′ ′ ′ ′
2 2
c+a d+b c+c d+d a+c b+d
M′ = ( , ), G = ( , ), G′ = ( , ).
2 2 2 2 2 2
CAPÍTULO 1. GEOMETRIA ANALÍTICA 17

Lembrando que um vetor T⃗P é dado por P − T , tem-se que os vetores M⃗M ′ e G⃗′ G
são dados por

c−a d−b
M⃗M ′ = ( , )
2 2
c−a d−b
G⃗′ G = ( , )
2 2
que são paralelos e possuem mesma medida.
Agora os outros vetores formados pelos pontos médios são M⃗G′ e M⃗′ G, que são dados
por
⃗ ′
c′ − a′ d′ − b′
MG = ( , )
2 2
c′ − a′ d′ − b′
M⃗′ G = ( , )
2 2
que também são paralelos e possuem mesma medida.

1.2.21 Operadores sobre pares ordenados


Permutação
P (x, y) = (y, x)

P [P (x, y)] = P (y, x) = (x, y) = P 2 (x, y) = (x, y)

E2k (x, y) = (x, y + k)

E1k (x, y) = (x + k, y)

k
E(1,2) (x, y) = E k (x, y) = (x + k, y + k) = E1k E2k (x, y)

a(1) .(x, y) = (ax, y)

a(2) .(x, y) = (x, ay)

a.(x, y) = (ax, ay) = a(1) .a(2) (x, y)


CAPÍTULO 1. GEOMETRIA ANALÍTICA 18

1.3 Cônicas

m Definição 17. Uma seção cônica é o lugar geométrico dos pontos de um plano cuja
razão das distâncias a um ponto fixo e a uma reta fixa do mesmo plano é constante.
O ponto fixo denomina-se foco, a reta fixa diretriz e a constante excentricidade e
cos(α)
representa-se por e = onde 0 < α, β < 90 logo cosα, cosβ > 0.
cos(β)

1.4 Equações paramétricas

m Definição 18 (Parametrização). Seja C uma curva plana. Dizemos que uma


aplicação σ : D → R2 , σ(t) = (x(t), y(t)), é uma parametrização de C se a sua ima-
gem σ(D) coincide com C, ou seja

C = σ(D) = {x(t), y(t)|t ∈ D}

onde D é um subconjunto de R . A imagem σ(D) ⊂ R2 é chamada, traço de σ.

1.5 Parametrização do cı́rculo.


Seja C : (x − x0 )2 + (y − y0 )2 = r2 com r > 0, sua parametrização é
{
x = x0 + rcost
C: ; t ∈ [0, 2π)
y = y0 + rsent
pois

r2 cos2 t + r2 sen2 t = r2 (cos2 t + sen2 t) = r2

1.6 Parametrização de uma elipse.

m Definição 19 (Definição de Elipse). Dados dois pontos distintos F1 e F2 chamados de


focos da elipse, pertencentes a um plano α, seja 2c = d(F1 , F2 ). Definimos como uma elipse
o conjunto dos pontos A = (x, y) cuja soma das distâncias d(A, F1 ) + d(A, F2 ) = 2a > 2c
CAPÍTULO 1. GEOMETRIA ANALÍTICA 19

b Propriedade 13. O conjunto dos pontos do plano A = (x, y) tais que d(A, F1 ) +
d(A, F2 ) = 2a > 2c com F1 = (−c, 0) e F2 = (c, 0), c > 0 satisfaz sempre equação da
forma

x2 y 2
+ 2 = 1,
a2 b
onde a2 = b2 + c2 .

ê Demonstração. Da identidade d(A, F1 ) + d(A, F2 ) = 2a com A = (x, y), F1 =


(−c, 0) e F2 = (c, 0), c > 0 tem-se pela fórmula de distância que
√ √ √ √
(x + c)2 + y 2 + (x − c)2 + y 2 = 2a ⇒ (x + c)2 + y 2 = 2a − (x − c)2 + y 2

elevando ao quadrado de ambos lados segue que



(x + c)2 + y 2 = x2 + 2cx + c2 + y 2 = 4a2 − 4a (x − c)2 + y 2 + (x − c)2 + y 2 =

= 4a2 − 4a (x − c)2 + y 2 + x2 − 2cx + c2 + y 2 ,

cancelando os termos iguais dos dois lados tem-se


√ √
2cx = 4a2 − 4a (x − c)2 + y 2 − 2cx ⇒ 4a2 − 4a (x − c)2 + y 2 = 4cx,

cancelando o fator 4 em ambos termos e reescrevendo a igualdade segue que



a2 − cx = a (x − c)2 + y 2 ⇒ (a2 − cx)2 = a2 (x − c)2 + a2 y 2 ,

expandindo os termos em potência

a4 − 2cxa2 + c2 x2 = a2 x2 − 2cxa2 + c2 a2 + a2 y 2 ,

novamente cancelando termos iguais de ambos lados,

a4 + c2 x2 = a2 x2 + c2 a2 + a2 y 2 ,

passando c2 x2 para o lado direito e c2 a2 pro esquerdo temos

a4 − c2 a2 = a2 x2 − c2 x2 + a2 y 2 ,

colocando a2 em evidência no primeiro membro e x2 no segundo tem-se

a2 (a2 − c2 ) = x2 (a2 − c2 ) + a2 y 2 ,
CAPÍTULO 1. GEOMETRIA ANALÍTICA 20

agora lembre de identidade a2 = b2 + c2 que implica a2 − c2 = b2 , substituindo na


identidade anterior segue
a2 b2 = x2 b2 + a2 y 2 ,

finalmente divivindo por a2 .b2 de ambos lados obtemos


x2 y 2
1= + 2,
a2 b
como querı́amos demonstrar.

Z Exemplo 3 (Parametrização da Elipse). Seja ε : (x −a x ) (y − y0 )2


2
0
2
+ = 1, sua
b2
parametrização é


 x = x0 + acost
C: ; t∈R
 y = y + bsent
0

pois

(x0 + acost − x0 )2 (y0 + bsent − y0 )2


+ =1
a2 b2

1.7 Parametrização de uma hipérbole.


x − x0 2 y − y0 2
( ) −( ) = 1, para parametrizá-la vamos usar as funções hiperbólicas
a b
et + e−t
cosht =
2
et − e−t
senht =
2
que satisfazem a relação
e2t + 2 + e−2t e2t − 2 + e−2t
(cosht)2 − (senht)2 = − =1
4 4

{
x = x0 ± acosht
C: ; t∈R
y = y0 + bsenht
x − x0 2 y − y0 2 y − y0 2
é uma parametrização da hipérbole ( ) −( ) = 1 e para a hipérbole ( )−
a b a
x − x0 2
( ) = 1 temos a parametrização
b
CAPÍTULO 1. GEOMETRIA ANALÍTICA 21

{
x = x0 + bsenht π π π 3π
C: ; t ∈ (− , ) ∪ ( , )
y = y0 ± acosht 2 2 2 2

Podemos parametrizar as hipérboles usando as funções trigonométricas sect e tgt, pois


elas satisfazem
1 sen2 t 1 − sen2 t
sec2 t − tg 2 t = − = =1
cos2 t cos2 t cos2 t
pois de cos2 sen2 t = 1 tiramos cos2 t = 1 − sen2 t. Logo podemos usar a parametrização
x − x0 2 y − y0 2
para ( ) −( ) =1
a b
{
x = x0 ± asec2 t
C: ; t∈R
y = y0 + tg 2 t

1.8 Parametrização de uma parábola.


Seja a parb́ola P de equação cartesiana

(x − a)2 = k(y − b)

podemos tomar x − a = t, assim escrevemos

t2
t2 = k(y − b) ⇐⇒ y = +b
k
e temos a parametrização

 x=t+a
P : 2 ; t∈R
 y = t +b
k

1.9 Discussão da equação Ax2 + Bxy + Cy 2 + Dx + EY +

F =0
Uma equação de grau 2 da forma Ax2 + Bxy + Cy 2 + Dx + EY + F = 0, pode
representar elipses , hipérboles e parábolas.

ˆ Se A.C = 0 (A = 0 ou C = 0) a equação é do tipo parabólico e pode representar

1. Uma parábola.
CAPÍTULO 1. GEOMETRIA ANALÍTICA 22

2. Duas retas paralelas.

3. Uma única reta.

4. Vazio.

ˆ Se A e C tem o mesmo sinal A.C > 0 a equação é dita do tipo elı́ptico e pode
representar

1. Uma elipse.

2. Um único ponto.

3. Vazio.

ˆ Se A e C tem sinais contrários A.C < 0 a equação é do tipo hiperbólico podendo


representar

1. Uma Hipérbole.

2. Duas retas concorrentes.

Os casos que não geram hipérboles, parabolas ou elipses, são chamados de cônicas dege-
neradas.

m Definição 20 (Parametrização). Sejam C uma curva plana e D ⊂ R. Dizemos que


γ : D → R2 dada por γ(t) = (x(t), y(t)) é uma parametrização de c sse

c = γ(D).

m Definição 21 (Traço). γ(D) ⊂ R2 é chamado de traço de γ.

1.10 Retas no espaço

1.11 Planos e Hiperplanos

Z Exemplo 4. Achar o plano perpendicular a reta



 x = ay + b
r=
 z = cy + d
CAPÍTULO 1. GEOMETRIA ANALÍTICA 23

e que contém o ponto (x0 , y0 , z0 ).


A reta é o conjunto dos pontos (x, y, z) = (ay + b, y, cy + d), tomando y = t temos

(x, y, z) = (b, 0, d) + t(a, 1, c)

portanto o vetor (a, 1, c) é o vetor diretor da reta normal ao plano desejado, disso segue
que a equação que define o plano é

a(x − x0 ) + (y − y0 ) + c(z − z0 ) = 0.

1.12 Parametrização do cı́rculo


Podemos parametrizar o cı́rculo dado por (x − x0 )2 + (y − y0 )2 = r2 ( circulo de raio r
e centro (x0 , y0 )) com
{
x = x0 + rcos(t)
C: t ∈ R.
y = y0 + rsen(t)

1.13 Parametrização da elipse


(x − x0 ) 2 (y − y0 )2
Podemos parametrizar a elipse dada por + = 1 com
a2 b2
{
x = x0 + acos(t)
e: t ∈ R.
y = y0 + bsen(t)

1.14 Parametrização da Hipérbole

1.14.1 Por meio de funções hiperbólicas


(x − x0 )2 (y − y0 )2
O ramo positivo H+ da hipérbole − = 1 pode ser parametrizado
a2 b2
por
{
x = x0 + acosh(t)
H+ : t ∈ R.
y = y0 + bsenh(t)
CAPÍTULO 1. GEOMETRIA ANALÍTICA 24

O ramo negativo H− pode ser parametrizado por


{
x = x0 − acosh(t)
H− : t ∈ R.
y = y0 + bsenh(t)

A identidade cosh2 (t) − senh2 (t) = 1 pode ser demonstrada usando as definições
et + e−t et − e−t
cosh(t) = e senh(t) = , pois
2 2
e2t + 2 + e−2t − (e2t − 2 + e−2t ) 4
cosh2 (t) − senh2 (t) = = = 1.
4 4

1.14.2 Por meio de funções trigonométricas


Vamos usar a identidade sec2 (t) − tg 2 (t) = 1, que vale pois
1 sen2 (t)
− =1
cos2 (t) cos2 (t)
usando que cos2 (t) = 1 − sen2 (t) segue a identidade.
{
x = x0 + asec(t) π π
H+ : t ∈ (− , ).
y = y0 + btg(t) 2 2
O ramo negativo H− pode ser parametrizado por
{
x = x0 + asec(t) π 3π
H− : t ∈ ( , ).
y = y0 + btg(t) 2 2

1.15 Quádricas

m Definição 22 (Quádricas). São superfı́cies no R3 geradas por pontos (x, y, z) que


satisfazem equações do tipo

Ax2 + By 2 + Cz 2 + Dxy + Exz + F yz + Gx + Hy + Iz + J = 0

onde A, B, C, D, E, F, G, H, I e J são números reais. A presença de termos do tipo


Dxy, Exz e F yz implicam que as quádricas estão rotacionadas com relação aos eixos
coordenados. Os termos Dxy, Exz e F yz são ditos retangulares e as equações da forma

Ax2 + By 2 + cz 2 + Dxy + Exz + F yz + Gx + Hy + Iz + j = 0

são equações de segundo grau em três variáveis .


CAPÍTULO 1. GEOMETRIA ANALÍTICA 25

b Propriedade 14. A equação do tipo

Ax2 + By 2 + Cz 2 + Dxy + Exz + F yz + Gx + Hy + Iz + J = 0

também pode representar

ˆ O conjunto vazio.

ˆ Uma reta.

ˆ Um par de planos paralelos.

ˆ Um ponto.

ˆ Um plano.

ˆ Um par de planos concorrentes.

ê Demonstração.

ˆ O conjunto vazio. Tome A = 1, B = 1

ˆ Uma reta.

ˆ Um par de planos paralelos.

ˆ Um ponto.

ˆ Um plano.

ˆ Um par de planos concorrentes.

Z Exemplo 5. y = x3
2
y2
+ é um parabolóide elı́ptico .
9

b Propriedade 15. Dado o parabolóide hiperbólico z = y2 − x2 e um ponto qualquer


dele C = (x1 , y1 , z1 ) então existem apenas duas retas que passam por C e pertencem ao
parabolóide.
CAPÍTULO 1. GEOMETRIA ANALÍTICA 26

ê Demonstração. A reta deve ser da forma





 x = x1 + v1 t
r: y = y1 + v2 t


 z =z +v t
1 3

substituindo na equação e efetuando as contas tem-se as retas




 x = x1 + t

r1 : y = y1 + t


 z = z + (2y − 2x )t
1 1 1



 x = x1 + t

r2 : y = y1 − t


 z = z − (2y + 2x )t
1 1 1

m Definição 23 (Simetria em relação aos planos e a origem). Um conjunto A é simétrico


em relação ao plano xy quando

(x, y, z) ∈ A ≡ (x, y, −z) ∈ A

, simétrico ao plano xz quando

(x, y, z) ∈ A ≡ (x, −y, z) ∈ A

e simétrico em relação ao plano zy quando

(x, y, z) ∈ A ≡ (−x, y, z) ∈ A.

Resumindo, para que o conjunto seja simétrico em relação ao plano determinado por
dois eixos, basta fixar os pontos do plano e tomar o simétrico do terceiro. O conjunto é
simétrico em relação a origem quando

(x, y, z) ∈ A ≡ (−x, −y, −z) ∈ A.


CAPÍTULO 1. GEOMETRIA ANALÍTICA 27

1.15.1 Elipsóide

m Definição 24 (Elipsóide). Um elipsóide é uma uma superfı́cie dada por uma equação
do segundo grau do tipo
x2 y 2 z 2
+ 2 + 2 =1
a2 b c
onde a, b, c ∈ R+ .

b Propriedade 16. Todo elipsóide é simétrico em relação a origem.


ê Demonstração. Seja um ponto P = (x, y, z) no elipsóide, então ele satisfaz
x2 y 2 z 2
+ 2 + 2 =1
a2 b c
porém (−x, −y, −z) também pertence ao elipsóide pois
(−x)2 (−y)2 (−z)2 x2 y 2 z 2
+ + = + 2 + 2 = 1.
a2 b2 c2 a2 b c
m Definição 25 (Esfera). Uma esfera é um caso especial de elipsóide, tomando a =
b = c = r, daı́ temos
x2 y 2 z 2
+ 2 + 2 =1
r2 r r
x2 + y 2 + z 2 = r2 .

1.15.2 Hiperbolóide

m Definição 26 (Hiperbolóide de uma e duas folhas). Um hiperbolóide é uma superfı́cie


dada pela equação
x2 t y2 s z2
(−1) + (−1) + (−1)u = 1
a2 b2 c2
onde t, s e u são números naturais , sendo que pelo menos um deles e no máximo dois
deles são números ı́mpares. Se apenas um deles é ı́mpar o hiperbolóide é dito de uma
folha, se dois deles forem ı́mpares o hiperbolóide é dito de duas folhas.
As possibilidades são

ˆ
x2 y2 z2
(−1) + + 2 =1
a2 b2 c
CAPÍTULO 1. GEOMETRIA ANALÍTICA 28

ˆ
x2 y 2 z2
+ 2 (−1) + 2 = 1
a2 b c

ˆ
x2 y 2 z 2
+ 2 + 2 (−1) = 1
a2 b c
para uma folha.

As possibilidades para duas folhas são

ˆ
x2 y2 z2
(−1) + (−1) + =1
a2 b2 c2

ˆ
x2 y 2 z2
+ (−1) + (−1) = 1
a2 b2 c2

ˆ
x2 y 2 z2
+ (−1) + (−1) = 1.
a2 b2 c2

b Propriedade 17. Os hiperbolóides são simétricos em relação origem, pois


x2 t y2 s z2 u (−x)2 t (−y)2 s (−z)2
(−1) + (−1) + (−1) = 1 = (−1) + (−1) + (−1)u
a2 b2 c2 a2 b2 c2
ê Demonstração.
CAPÍTULO 1. GEOMETRIA ANALÍTICA 29

1.16 Resumo com os tipos de quádricas


Equação Tipo de quádrica
2
x y2 z2
+ + 2 =1 Elipsóide
2
a22 b22 c
x y z
+ 2 − 2 = 1 e similares Hiperbolóide de uma folha.
a22 b c
x y2 z2
− 2 − 2 = 1 e similares Hiperbolóide de duas folhas.
a2 b 2 c 2
x y z2
− 2 − 2 − 2 =1 Quádrica degenerada, conjunto vazio.
a b c
x2 y 2
+ 2 = 1 e similares Cilindro elı́ptico
a22 b
x y2
− = 1 e similares Cilindro hiperbólico
a2 2 b2 2
x y
− 2 − 2 = 1 e similares Quádrica degenerada, conjunto vazio.
a 2 b
z
= 1 e similares Quádrica degenerada, dois planos paralelos. z = c ou z = −c .
c2 2
z
− 2 = 1 e similares Quádrica degenerada, conjunto vazio.
c
x2 y 2 z 2
+ 2 + 2 =0 Quádrica degenerada, um único ponto (0, 0, 0).
a22 b c
x y2 z2
+ − 2 =0 Cone elı́ptico
a 2 2 b2 c
x 2
y −→
+ 2 = 0 e similares Quádrica degenerada. Uma única reta, eixo OZ .
a22 b
x y2
− = 0 e similares Quádrica degenerada. Planos concorrentes.
a2 2 b2
z
= 0 e similares Quádrica degenerada. Plano xy.
2
c2 2
x y
+ = z e similares Parabolóide elı́ptico.
a2 2 b2 2
x y
− 2 + 2 = z e similares Parabolóide hiperbólico (sela).
a 2 b
x
= z e similares Cilindro parabólico.
a2
b Propriedade 18. f (u, v) = (asenh(u)cos(v), bsenh(u)sen(v), c.cosh(u)), (u, v) ∈
R \ {0} × [0, 2π] é uma parametrização do hiperbolóide de duas folhas centrado na origem
.
−x2 y 2 z 2
− 2 + 2 = 1.
a2 b c
ê Demonstração.
Vamos ver alguns exemplos de quádricas.
CAPÍTULO 1. GEOMETRIA ANALÍTICA 30

Z Exemplo 6 (a). A equação 36x 2


− 4y 2 + 9z 2 − 36 = 0 pode ser simplificada em

y2 z2
x2 − + =1
9 4
x2 y 2 z 2
sendo da forma 2 − 2 + 2 = 1, representa um hiperbolóide de uma folha com centro
a b c
−−→
no eixo OY .

20

10

z
0

-20

-10 -10

x 0
-20

10 20
10
0
20 -10
y
-20

Figura 1.2: Hiperbolóide de uma folha (a)

Z Exemplo 7 (b). A equação do tipo 9x 2


+ 4z 2 + 36y = 0 pode ser simplificada em
x2 z 2
− − = y, representando portanto um parabolóide elı́ptico.
4 4

Z Exemplo 8 (c). A equação 4x − 9y 2 2


− 36 = 0 pode ser simplificada em
x2 y 2
9
− =1
4
x2 y 2
sendo do tipo − 2 = 1 ela representa um cilindro hiperbólico.
a2 b

Z Exemplo 9 (d). A equação x +6x+5z−1 = 0 pode ser simplificada em − (x +5 3)


2
2
=
(x)2
z − 2 sendo da forma − = z representa um cilindro parabólico.
a2
CAPÍTULO 1. GEOMETRIA ANALÍTICA 31

-20 x
-10
0
10
20

20

10

0
z

-10

-20
0
-5

-10

-15 y

-20

Figura 1.3: Parabolóide elı́ptico(b)

Z Exemplo 10 (e). A equação do tipo 2x 2


− 3y 2 + 6z 2 − 8x + 6y − 12z + 17 = 0 pode
ser simplificada em
(y − 1)2 (x − 2)2
1= − − (z − 1)2
2 3
que é do tipo
(y)2 (x)2 (z)2
1= − 2 − 2
a2 b c
sendo portanto um hiperbolóide de duas folhas.

Z Exemplo 11 (f). A equação x − 2z 2 + 2x + y − 2z = 0 pode ser simplificada em


2

1 1 (z)2 (x)2
y − = 2(z + )2 − (x + 1)2 sendo do tipo y = 2 − 2 representa um parabolóide
2 2 a b
hiperbólico( sela).

Z Exemplo 12 (g). A equação 49 − 4x + x 2


− 6y + y 2 − 18z = pode ser simplificado
em
(x − 1)2 (y − 3)2
+ =z−2
18 18
CAPÍTULO 1. GEOMETRIA ANALÍTICA 32

20

10

0 y

20 -10

-20

10

z 0

-10

-20
-20
-10
0
10
20
x

Figura 1.4: Cilindro hiperbólico(c)

que é do tipo
(x)2 (y)2
+ 2 =z
a2 b
sendo portanto um parabolóide elı́ptico .

Z Exemplo 13. (h) A equação


9x2 − 4y 2 − 54x − 8y + 77 = 0
(x − 3)2 (y + 1)2 x2 y2
pode ser simplificada em − = 0 é do tipo 2 − 2 = 0 sendo então
4 9 a b
quádrica degenerada, dois planos concorrentes.

Z Exemplo 14 (i). A equação 3y 2


+ z 2 − 12y − 10z + 37 = 0 pode ser simplificada em
(z − 5)2
(y − 2)2 + = 0.
3
y2 z2
Sendo da forma + = 0 é uma quádrica degenerada, sendo a reta dada por y = 2, z = 5
a2 b2
e x livre.
CAPÍTULO 1. GEOMETRIA ANALÍTICA 33

y
20
10
0
-10
-20

20

10

0 z

-10

-20
-10
0 -20
10
20
x

Figura 1.5: Cilindro parabólico(d)

Z Exemplo 15 (j). A equação 25x 2


− 100y 2 + 4z 2 − 150x − 400y − 24z − 139 = 0
pode ser simplificada em

(x − 3)2 (z − 3)2
+ = (y + 2)2
4 25
x2 z 2 y 2
sendo do tipo + 2 − 2 = 0 é um cone elı́ptico .
a2 b c
Z Exemplo 16 (k). A equação x 2
+ z 2 − 2x + y − 4z + 2 = 0 simplificada é

−(x − 1)2 − (z − 2)2 = y − 3

x2 z 2
que é do tipo − − = y sendo portanto um parabolóide elı́ptico.
a2 2
Z Exemplo 17 (l). 9x 2
− 4y 2 − 18x + 16y + 36z − 7 = 0 simplificado fica

(y − 2)2 (x − 1)2
z= −
9 4
CAPÍTULO 1. GEOMETRIA ANALÍTICA 34

20

10

z
0

-10

-20 -20

-10 20

0 10
x
0
10
-10 y
20
-20

Figura 1.6: Hiperbolóide de duas folhas(e)

(y)2 (x)2
que é do tipo z = − 2 sendo portanto um parabolóide hiperbólico (sela).
a2 b

Z Exemplo 18 (m). A equação 180x 2


− 9y + 180z 2 − 120x − 54y − 61 = 0 pode ser
simplificada em
1 (y + 3)2
(x − )2 + z 2 =
3 20
x2 z 2 y 2
que é da forma + 2 − 2 = 0 representando um cone elı́ptico.
a2 b c

Z Exemplo 19 (n).
Z Exemplo 20 (o). A equação 36x −4y +9z −14x+40y+8 = 0 pode ser simplificada
2 2 2

em
(y − 5)2 z 2
(x − 2)2 − + =1
9 4
x2 y 2 z 2
que é do tipo − 2 + 2 = 1 sendo portanto um hiperbolóide de uma folha.
a2 b c
CAPÍTULO 1. GEOMETRIA ANALÍTICA 35

10

0 y
-10

-5

x 0
-5

10
-10
10 5 0 -5 -10
z

Figura 1.7: Parabolóide hiperbólico( sela)(f)

Z Exemplo 21 (p). y + z 2 − 6y − 4z + 13 = 0 pode ser simplificada em (y − 3)2 +


2

−−→
(z − 2)2 = 0, sendo portanto uma quádrica degenerada, o eixo OX.

Z Exemplo 22 (q). A equação x2 − z 2 − 2x + 2z = 0 pode ser simplificada em


x2 z 2
(x − 1)2 − (z − 1)2 = 0 que é do tipo 2 − 2 = 0 representando dois planos concorrentes.
a b
Z Exemplo 23 (r).
x2 − 28x + 49 = 0

, é quádrica degenerada representando dois planos paralelos.

Z Exemplo 24 (s). A equação 4x + y 2 + 4z 2 − 8x + 8 = 0 pode ser simplificada em


2

x2 y 2 z 2
4(x − 1)2 + y 2 + 4z 2 = −4 sendo da forma 2 + 2 + 2 = −1 é uma quádrica degenerada,
a b c
representando o conjunto vazio.

Z Exemplo 25 (t). A equação x 2


+ y 2 + z 2 − 6y + 9 = 0 pode ser simplificada em

x2 + (y − 3)2 + z 2 = 0.
CAPÍTULO 1. GEOMETRIA ANALÍTICA 36

20

10

0 y

-20

-10
-10

x 0

10 -20
-20
-10
0
20 10
20 z

Figura 1.8: Parabolóide elı́ptico(g)

Sendo uma quádrica degenerada, representando o ponto (0, 3, 0).

Z Exemplo 26 (u). A equação y 2


− 7y + 10 = 0 representa uma quádrica degenerada,
representando dois paralelos.

Z Exemplo 27 (v). A equação do tipo y +4z −6y−16z+21 = 0 pode ser simplificada


2 2

(y − 3)2 y2 z2
em + (z − 2)2 = 1 que é do tipo 2 + 2 = 1, representando um cilindro elı́ptico.
4 a b
Z Exemplo 28 (w). A equação do tipo
9x2 + 9y 2 + 4z 2 − 54x − 90y − 56z + 460 = 0

pode ser simplificada e escrita como


(x − 3)2 (y − 5)2 (z + 7)2
+ + =1
4 4 9
sendo do tipo
(x)2 (y)2 (z)2
+ 2 + 2 =1
a2 b c
CAPÍTULO 1. GEOMETRIA ANALÍTICA 37

-20 x
-10
0
10
20
20

10

0 y

-10

-20

0 -10 -20
20 10
z

Figura 1.9: Quádrica degenerada, dois planos concorrentes(h)

é um elipsóide.

Z Exemplo 29. Analisar os possı́veis lugares geométricos gerados pela equação


6x2 + 3y 2 + kz 2 − 36x + 12ky + 102 = 0

podemos simplificar a equação em

6(x − 3)2 + 3(y + 2k)2 + kz 2 = −48 + 12k 2

ˆ Se k > 2 tem-se −48 + 12k 2 > 0, daı́ podemos escrever

6(x − 3)2 3(y + 2k)2 kz 2


+ + =1
−48 + 12k 2 −48 + 12k 2 −48 + 12k 2

que representa um elipsóide.

ˆ Se k = 2
6(x − 3)2 + 3(y + 4)2 + 2z 2 = 0
CAPÍTULO 1. GEOMETRIA ANALÍTICA 38

10 z
5
0
-5
-10
10

0 y

-5
-10
-5
0
5
x -10
10

Figura 1.10: Cone elı́ptico(j)

A quádrica é degenerada consistindo de um ponto (3, −4, 0).

ˆ Se k ∈ (0, 2) vale k > 0 e 12k 2 −48 < 0 logo temos novamente quádricas degeneradas,
representando o conjunto vazio.

ˆ Para k = 0 a equação não depende de z e a quádrica é degenerada

6(x − 3)2 + 3(y + 2k)2 + kz 2 = −48

representando o conjunto vazio.

ˆ Se k ∈ (−2, 0), vale 12k 2 − 48 < 0

6(x − 3)2 3(y + 2k)2 kz 2


+ + =1
−48 + 12k 2 −48 + 12k 2 −48 + 12k 2
sendo os coeficientes de x e y negativos e de z positivo, a equação representa um
hiperbolóide de duas folhas.
CAPÍTULO 1. GEOMETRIA ANALÍTICA 39

20

10

z
0

-10

-20
-20
-10
20
0
x 10

10 0
y
-10
20
-20

Figura 1.11: Parabolóide hiperbólico (sela)(l)

ˆ Finalmente se k < −2, vale 12k 2 − 48 > 0

6(x − 3)2 3(y + 2k)2 kz 2


+ + =1
−48 + 12k 2 −48 + 12k 2 −48 + 12k 2

os coeficientes de x e y são positivos enquanto os de z é negativo, então a equação


representa um hiperbolóide de uma folha.

Z Exemplo 30. Determine a equação do parabolóide elı́ptico com vértice na origem


−−→
, eixo sobre o eixo OX e que passa pelos pontos A(1, 1, 0) e B(1, 0, 2).
z2 y2
A equação deve ser da forma 2 + 2 = x, pois o parabolóide possui vértice na origem
a b
−−→
e eixo sobre OX. Usando os pontos A e B na equação achamos a = 2 e b = 1. Logo a
equação é
z2
+ y 2 = x.
4
Z Exemplo 31. Determine a equação da esfera de centro no ponto C(1, 2, 3) e que é
interceptada pelo plano z = 5 num cı́rculo de raio 4. A equação da circunferência é dada
CAPÍTULO 1. GEOMETRIA ANALÍTICA 40

20

10

20
z 0
10

0 y

-10
-10

-20
-20 10 20
-10 0
-20
x

Figura 1.12: Exemplo de cilindro elı́ptico.

por
(x − 1)2 + (y − 2)2 + (z − 3)2 = r2

substituindo z = 5 tem-se

(x − 1)2 + (y − 2)2 + = r2 − 4 = s2 = 16

logo r2 = 20.

Z Exemplo 32. Todas as seções feitas na sela z = y − x2 por planos paralelos ao


2

−−→ −−→
plano XZ são parábolas, pois as equações dos planos paralelos à XZ são da forma y = k,
substituindo tem-se z = k 2 − x2 que dá equação da parábola, com vértice em xv dado
por z ′ = 0, −2x = 0, x = 0 e zv dado por z(0) = k 2 , então cada parábola possui vértice
(0, k, k 2 ) o sinal − em −x2 diz que as parábolas estão voltadas para baixo. As parábolas
possuem abertura constante, não variando com k.
CAPÍTULO 1. GEOMETRIA ANALÍTICA 41

Z Exemplo 33. Fornecer um exemplo de cônica de eixo paralelo ao eixo −OX


−→
que seja
da forma Ax2 + By 2 + Cz 2 + Dx + Ey + F z + G = 0 onde apenas G = 0. Como ela possui
−−→
eixo paralelo ao eixo OX, tomamos uma da forma

(x − a)2 = (y − b)2 + (z − c)2

para que G = 0, devemos ter a2 = b2 + c2 , tomando por exemplo a = 5, b = 4, c = 3 temos


um exemplo.

Z Exemplo 34. Identificar a quádrica 4x 2


+ 4z 2 + 16x + 28z + 65. A equação pode ser
7
simplifica em (x + 2)2 + (z + )2 = 0. Representando portanto uma quádrica degenerada,
2
−7
sendo a reta (−2, y, ), y ∈ R.
2

Z Exemplo 35. Analisar as possı́veis quádricas representadas pela equação


x2 − y 2 + (k 2 − 4)z 2 = k + 2.

ˆ Se k > 2, (k + 2)(k − 2) > 0 e (k + 2) > 0, (k − 2) > 0 a equação fica como

x2 y2
− + (k − 2)z 2 = 1
+ 2} | k{z+ 2} | {z }
|k {z +
+ −

Apenas um termo negativo, então representa um hiperbolóide de uma folha.

ˆ Se k = 2, A equação fica como x2 − y 2 = 4,

x2 y 2
− =1
4 4

com z livre, representando então um cilindro hiperbólico .

ˆ Se k ∈ (−2, 2) então (k + 2) é positivo e k − 2 negativo

x2 y2
− + (k − 2)z 2 = 1
k + 2 k + 2 | {z }
| {z } | {z } −
+ −

tendo portanto dois termos de sinais negativos a equação representa hiperbolóide


de duas folhas.
CAPÍTULO 1. GEOMETRIA ANALÍTICA 42

ˆ Se k < −2, então k + 2 e k − 2 são negativos

x2 y2
− + (k − 2)z 2 = 1
k + 2 k + 2 | {z }
| {z } | {z } −
− +

representando hiperbolóide de duas folhas.

Z Exemplo 36. Mostre que existem exatamente duas retas contidas no parabolóide
z = y 2 − x2 que passam pelo ponto (0, 2, 4). Testamos retas do tipo


 x = u1 t


r y = 2 + u2 t




z = 4 + u3 t

substituindo os valores na equação achamos as seguintes retas




 x=t


r1 y =2+t




z = 4 + 4t


 x=t


r2 y =2−t




z = 4 − 4t

Z Exemplo 37. Mostre que existem exatamente duas retas contidas no parabolóide
z = y 2 − x2 que passam pelo ponto (0, 2, 4). Testamos retas do tipo


 x = u1 t


r y = 2 + u2 t




z = 4 + u3 t

substituindo os valores na equação achamos as seguintes retas




 x=t


r1 y =2+t




z = 4 + 4t
CAPÍTULO 1. GEOMETRIA ANALÍTICA 43



 x=t


r2 y =2−t




z = 4 − 4t

Z Exemplo 38. Determine a equação do plano tangente à esfera (x − 1) 2


+ (y − 2)2 +
(z − 3)2 = 17 no ponto P (3, −1, 5). Temos o centro C(1, 2, 3) , logo um vetor paralelo
ao plano é dado pela diferençaV = P − C = (2, −3, 2) e a equação do plano é dada pelo
produto interno
V.(x − 3, y + 1, z − 5) = 0

que dá o plano 2x − 3y + 2z − 19 = 0.

1.17 Superfı́cies regradas

1.17.1 Superfı́cie cônica

m Definição 27 (Superfı́cie cônica). Seja γ uma curva contida num plano π e V um


ponto não pertencente à π . A superfı́cie cônica S de diretriz γ e vértice V é a superfı́cie
gerada por todos as retas que passam por V e por algum ponto de γ.

−→
S = {V + t.V P | p ∈ γ, t ∈ R}.

Então para termos uma superfı́cie cônica é necessário uma curva γ contida em um
plano π e um ponto V que não pertence ao planos π, a superfı́cie cônica é formada por
todos os pontos das retas que passam por V e um ponto de γ, tais retas são chamadas de
geratrizes da superfı́cie cônica S. (π, γ, V ).

Z Exemplo 39. Uma certa curva de equação f (y, z) = 0, x = 0 é diretriz de uma


superfı́cie cônica de vértice v(1, 0, 0).

ˆ Representar a equação dessa superfı́cie .


CAPÍTULO 1. GEOMETRIA ANALÍTICA 44

ˆ Se A(0, 5, −4) for um ponto da diretriz dada podemos afirmar que P (3, −10, 8) é
um ponto dessa superfı́cie?

ˆ Tomamos um ponto da curva diretriz (0, y0 , z0 ) e o vértice dado, então a curva tem
equação paramétrica (x, y, z) = (0, y0 , z0 )+t(−1, y0 , z0 ) = (−t, (y0 )(t+1), (z0 )(t+1)).

ˆ Para que (3, −10, 8) pertença a curva é necessário que t = −3, daı́ concluı́mos que
o ponto pertence a curva pois vale (3, (−2)5, (−2)(−4)) = (3, −10, 8).

1.17.2 Superfı́cies regrada

m Definição 28 (Superfı́cies regrada). Uma superfı́cie S é dita regrada quando para


todo ponto P ∈ S passa uma reta rP contida em S.

1.17.3 Superfı́cies cilı́ndricas

m Definição 29 (Superfı́cies cilı́ndricas). Sejam γ uma curva contida num plano π do




espaço e V ̸= 0v um vetor não paralelo ao plano π. A superfı́cie cilı́ndrica S de diretriz


γ e geratrizes paralelas ao vetor V é o conjunto


S = {P + t V | p ∈ γ et ∈ R}.


A superfı́cie S é gerada por todas as retas paralelas ao vetor V que interceptam o
plano π num ponto da curva γ.

Z Exemplo 40. Considere a superfı́cie cilı́ndrica de diretriz z − 2 = (x − 3) , y = 0 e 2

geratrizes paralelas à reta y = 3x, z = 0 determinar a equação dessa superfı́cie.


Parametrizamos a curva (x, y, z) = (t, 0, 2+(t−3)2 ), tomamos dois pontos da reta para


calcular o vetor diretor V = (1, 3, 0). A equação fica então (t, 0, 2+(t−3)2 )+s(1, 3, 0) que
3x − y
com manipulações algébricas podemos escrever na forma cartesiana z = 2 + ( − 3)2 .
3
Z Exemplo 41. Identifique a superfı́cie dada por z = 3 + (y − x) . 2

Interceptamos essa superfı́cie pelo plano x = k, daı́ temos z − 3 = (y − k)2 , como


parábola no plano x = k com vértice v(k, k, 3) = (3, 0, 0) + k(1, 1, 0) todas com a mesma
CAPÍTULO 1. GEOMETRIA ANALÍTICA 45

direção do vetor v = (1, 1, 0). As concavidades das parábolas são voltadas para cima e
uma geratriz é (z = 3 + y 2 , x = 0)

Z Exemplo 42. Considere a superfı́cie cilı́ndrica que tem como diretriz a elipse (x −
(z − 3)2
2
4) + = 1 e cujas geratrizes são paralelas à reta 3x+2y −6 = 0, z = 0, determinar
4
a equação da superfı́cie.
Parametrizamos a diretriz (x, y, z) = (4 + cos(θ), 0, 3 + 4sen(θ)) tomamos dois pontos
da reta que dá direção do vetor (−2, 3, 0) logo a superfı́cie tem equação paramétrica

(x, y, z) = (4, cos(θ) − 2t, 3t, 3 + 4sen(θ))

de onde podemos deduzir a equação cartesiana

3x + 2y z−3 2
( − 4)2 + ( ) = 1.
3 4

Z Exemplo 43. Mostre que a superfı́cie S dada por xz + 2yz − 1 = 0 é cilı́ndrica.


Tomamos intersecção com o plano z = k e temos as retas xk + 2yk − 1 = 0, z = k que
1
podemos parametrizar como (x, y, z) = (0, , k) + t(2, 1, 0) logo todas as retas geratrizes
2k
são paralelas , então a superfı́cie é cilı́ndrica.

Z Exemplo 44. Escrever a superfı́cie x 2


+ y 2 − 8x − 6y + 25 = 0 em coordenadas
cilı́ndricas. Primeiro fatoramos a equação (x − 4)2 + (y − 3)2 = 0, logo x = 4, y = 3, z
3
x2 + y 2 = r2 = 25 então r = 5, u = arctg( ).
4

Z Exemplo 45. Mostre que 6xz − 2yz + 1 = 0 representa uma superfı́cie cilı́ndrica.
Tomamos a intersecção da curva com o plano z = k ≠ 0 e daı́ temos 6xk − 2yk + 1 = 0
1
logo 6xk + 1 = 2yk, dividindo por 2k segue 3x + = y, tomando x = t tem-se y =
2k
1
3t + , z = k e daı́ os pontos são da forma
2k
1 1
(t, 3t + , k) = (0, , k) + t(1, 3, 0)
2k 2k

todos em retas de mesma direção (1, 3, 0) logo a superfı́cie é cilı́ndrica.


CAPÍTULO 1. GEOMETRIA ANALÍTICA 46

Z Exemplo 46. Identifique a curva dada por




 x=a


γ: y = b + et




z = c + e2t

Vale y − b = et e z − c = (et )2 = (y − b)2 , logo z − c = t(y − b)2 e x = a.


A curva está no planos x = a, paralelo ao plano Y Z sendo parte de uma parábola com
vértice v(b, c) em Y Z e concavidade voltada para cima.

Z Exemplo 47. Sabendo que S é uma superfı́cie de revolução gerada por uma curva
−−→
dada por f (x, z) = 0 e y = 0 em torno do eixo OX, que A(3, 0, 1) é ponto dessa diretriz,
1 2
podemos concluir se P (3, , ) ∈ S?
2 3
O ponto A(3, 0, 1) nos dá o raio da circunferência r = 1 o ponto P deve satisfazer
d(A, I) = d(P, I) onde I(3, 0, 0). Logo

1 = (x − 3)2 + (y)2 + (z)2

1 4
1= +
4 9
que é falso, logo o ponto não pertence a superfı́cie de revolução .

Z Exemplo 48. Identificar a superfı́cie dada por y = 3 + (y − x)2 . Tomando a


intersecção com o plano x = k e temos z = 3 + (y − k)2 uma parábola. Os vértices estão
na reta (k, k, 3) = k(1, 1, 0) + (0, 0, 3). Tem-se parábolas no plano Y Z com concavidade
para cima, temos uma superfı́cie cilı́ndrica ( cilindro parabólico ) uma diretriz é a parábola
z = 3 + y 2 , x = 0 e com geratriz de direção (1, 1, 0). É uma quádrica rodada.

Z Exemplo 49. Considere a superfı́cie cilı́ndrica que tem como diretriz a elipse (x −
(z − 3)2
4)2 + = 1 e cujas geratrizes são paralelas à reta 3x + 2y = 6, z = 0. Determinar
4
a equação dessa superfı́cie.
3x
Da reta temos 2y = 6 − 3x, y = 3 − . Tomamos então x = −2t e temos com isso
2
y = 3 + 3t
CAPÍTULO 1. GEOMETRIA ANALÍTICA 47



 x = −2t


r: y = 3 + 3t




z=0

A equação simétrica da reta é


x − x0 y − y0
=
−2 3
3x + 2
então x0 = , e z = z0 substituindo na equação da elipse tem-se
2
3x + 2y (z − 3)2
( − 4)2 + =1
3 4

Z Exemplo 50. Considere a superfı́cie S = xz + 2yz − 1 = 0. Mostre que S é regrada


e analise se S é superfı́cie cilı́ndrica.
Dado um ponto da superfı́cie P (x1 , y1 , k) ∈ S então a reta dada por r : (xk + yk =
1, z = k) contém o ponto P e R ⊂ S, logo a superfı́cie é regrada.

Z Exemplo 51. Considere a superfı́cie cilı́ndrica de diretriz z − 2 = (x − 3) , y = 2

0 e geratrizes paralelas à reta y = 3x, z = 0. Determine a equação dessa superfı́cie.


y − y0 y
Escrevemos a reta como (x, y, z) = (t, 3t, 0) logo = x − x0 implica x0 = x − isso
3 3
implica que a equação é dada por

y
z − 2 = (x − − 3)2
3
após substituição na equação da diretriz.

Z Exemplo 52. Considere S a superfı́cie cilı́ndrica com diretriz representada pelo


sistema (z = ex , y = 0) e o vetor-direção w = (3, 1, 0). Determinar equações paramétricas
e cartesianas para S.
Primeiro parametrizamos o sistema (t, 0, et ) depois aplicamos a definição de superfı́cie
cilı́ndrica para parametrizar tal superfı́cie

(x, y, z) = (t, 0, et ) + p(3, 1, 0)


CAPÍTULO 1. GEOMETRIA ANALÍTICA 48

daı́ x = t + 3p, y = p, z = et , manipulando algebricamente a expressão temos x = t + 3y


e daı́ x − 3y = t logo z = ex−3y é a equação cartesiana da superfı́cie.

Z Exemplo 53. Determine a equação cartesiana da superfı́cie cilı́ndrica com vetor


V = (0, −1, 1) e diretriz y = ex , z = 0.
Primeiro parametrizamos a superfı́cie (t, et , 0), depois usamos o vetor (t, et , 0)+s(0, −1, 1) =
(t, et − s, s) logo x = t, y = et − s, z = s que por substituição nos dá y = ex − z.

1.18 Superfı́cies de revolução

Z Exemplo 54. Sabendo que S é uma superfı́cie de revolução gerada por uma curva
dada por f (x, z) = 0, y = 0 em torno do eixo X e que A(3, 0, 1) é ponto dessa diretriz,
1 2
podemos concluir se P (3, , ) ∈ S? Os pontos A e P pertencem ao mesmo plano x = 3.
2 3
O centro da circunferência nesse plano é C(3, 0, 0) teria que valer d(A, C) = d(P, C), que
não vale, então P ∈
/ S. Não vale pois d(P, C) ̸= 1.

Z Exemplo 55. Represente em equações paramétricas a superfı́cie de revolução em


−−→
torno do eixo OY da geratriz α{yz = 1, x = 0, z < 0}. Parametrizamos a curva x = 0, y =
1 sen(u) cos(u)
tz = , depois fazemos a rotação z = ex= .
t t t

Z Exemplo 56. Justifique que



z =4+( x2 + y 2 − 3)3

representa uma superfı́cie de revolução.


Fazemos a intersecção da superfı́cie com z = k, logo

1 √ 1 √ 1
(k − 4) 3 = x2 + y 2 − 3, (k − 4) 3 + 3 = x2 + y 2 , ((k − 4) 3 + 3)2 = x2 + y 2

logo temos uma superfı́cie de revolução em torno do eixo OZ. Para encontramos uma
geratriz fazemos a intersecção com o plano x = 0

z = 4 + (y − 3)3
CAPÍTULO 1. GEOMETRIA ANALÍTICA 49

Z Exemplo 57. Seja S uma superfı́cie de revolução de eixo em OY , Sabendo que


P (1, 3, 2) ∈ S, determine os pontos de intersecção do plano π : 2x + y − z = 0 com o
paralelo de S que contém o ponto P . O paralelo está contido no plano y = 3, tem centro

C(0, 3, 0) e equação x2 + z 2 = 5, pois a distância entre C e P é 5. Tomamos então a
intersecção com o plano π, ficando 2x + 3 = z que substituı́mos em x2 + z 2 = 5 chegando
−2
na equação 5x2 +1x+4 = 0, que possui soluções x = −2 e x = . Com isso conseguimos
5
−2 11
os pontos (−2, 3, −1), ( , 3, ).
5 5

Z Exemplo 58. Considere a superfı́cie S dada pela equação z 4


+ 4z 2 + 4 = x2 + y 2 ,
mostrar que S é de revolução .
Tomamos a interseção da superfı́cie com o plano z = k , onde tem-se k 4 + 4k 2 + 4 =
−→
x2 + y 2 daı́ trata-se de uma superfı́cie de revolução com eixo em OZ.
Uma geratriz pode ser deduzida fazendo x = 0, daı́ a equação fica (z 2 +2)2 = y 2 que da
origem as geratrizes y = (z 2 + 2) e y = −(z 2 + 2). Podemos tomar então y = z 2 + 2, x = 0
como uma geratriz .

Z Exemplo 59. Considere o toro gerado pela rotação da circunferência α no plano


XY com centro (C(4, 6, 0)) e raio 2 em torno do eixo OX. Determinar equação cartesiana
e paramétrica para esta superfı́cie.
A equação da circunferência α pode ser parametrizada como x = 4 + 2cosu, y = 6 +
2senu, z = 0 daı́ fazemos uma rotação de v grau em torno do eixo OX, por isso X é deixado
constante, chegamos em (x, y, z) = (4 +2cos(u), (6+2sen(u))cos(v), (6+2sen(u))sen(v)).
Com a equação paramétrica podemos deduzir a equação cartesiana

y 2 + z 2 = (6 + 2sen(u))2 cos2 (v) + (6 + 2sen(u))2 sen2 (v) = (6 + 2sen(u))2

o que implica

y 2 + z 2 = 6 + 2sen(u)

logo

y 2 + z 2 − 6 = 2sen(u)
CAPÍTULO 1. GEOMETRIA ANALÍTICA 50


( y 2 + z 2 − 6)2 + (x − 4)2 = 4sen(u) + 4cos(u) = 4

logo a equação cartesiana é ( y 2 + z 2 − 6)2 + (x − 4)2 = 4.

Z Exemplo 60. Identifique a superfı́cie √dada por z = e x2 +y 2
. Tomamos a intersecção
2 2

com o plano z = k > 1, daı́ temos k = e x +y , ln(k) = x2 + y 2 , ln2 (k) = x2 + y 2 ,
então temos circunferências com centro em (0, 0, k) e raio ln(k), sendo portanto superfı́cie
de revolução em torno do eixo OZ. Para tomarmos uma geratriz, interceptamos com o
plano x = 0, z = ey .

1.19 Coordenadas cilı́ndricas

Z Exemplo 61. O que representa r = k em coordenadas cilı́ndricas? x = kcos(θ) e


y = ksen(θ) temos um cilindro circular reto.

Z Exemplo 62. Identifique a curva dada em coordenadas cilı́ndricas por r = 4sen(u), z =


3.
Multiplicamos por r e daı́ r2 = 4rsen(u), em coordenadas cilı́ndricas temos y =
rsen(u) e x2 + y 2 = r2 , logo x2 + y 2 = 4y, x2 + (y − 2)2 = 4 logo temos uma circunferência
de raio r = 2 e centro (0, 2) no plano z = 3.

Z Exemplo 63. Identifique a superfı́cie dada pela parametrização


f (u, v) = (3 + tg(u), 2 + 2sec(u), v).

y−2
x = 3 + tg(u), y = 2 + 2sec(u), x − 3 = tg(u), = sec(u) usando a identidade
2
tg 2 (u) + 1 = sec2 (u) segue
(y − 2)2
(x − 3)2 + 1 =
22
logo
(y − 2)2
− (x − 3)2 = 1
22
e z livre, temos então um cilindro hiperbólico .
CAPÍTULO 1. GEOMETRIA ANALÍTICA 51

Z Exemplo 64. Representar em coordenadas cilı́ndricas a curva dada por α(t) =


(et cos(t), et sen(t), et ). Em coordenadas cilı́ndricas temos x = rcos(u), y = rsen(u) e z
livre daı́ temos z = et , t = u, daı́ tem-se também r = z então r = z e z = eu .

1.20 Coordenadas esféricas


Coordenadas esféricas são dadas por

(x, y, z) = (rcos(θ)cos(φ), rsen(θ)cos(φ), rsen(φ)).

Vale
r2 = x2 + y 2 + z 2 .

x2 + y 2 = r2 cos2 (φ).

x2 + y 2 = (x2 + y 2 + z 2 )cos2 (φ)

Z Exemplo 65. Passe para coordenadas cartesianas a equação


r2 (1 + cos2 (φ)) = 0.

Percebemos que se r = 0 então temos apenas o ponto (0, 0, 0) se não 1 + cos2 (φ) = 0 e
daı́ cos2 (φ) = −1 que é absurdo. Então segue que r = 0 e a equação cartesiana pode ser
representada por
x2 + y 2 + z 2 = 0.

Z Exemplo 66. Represente em coordenadas esféricas a reta


x = y = z.

π
x = y = z = t logo igualando x = y chegamos em cos(θ) = sen(θ), logo θ = .
√ 4
2
Igualando y = z tem-se tg(φ) = . r é livre.
2
CAPÍTULO 1. GEOMETRIA ANALÍTICA 52

Z Exemplo 67. Represente o plano 2x = y no espaço por coordenadas esféricas.


Usando as coordenadas esféricas tem-se

2rcos(θ)cos(φ) = rsen(θ)cos(φ)

daı́
2 = tg(θ)

r e φ são livres.

Z Exemplo 68. O que representa r = k em coordenadas esféricas? Representa uma


esfera de raio k .

Z Exemplo 69. O que representa θ = k em coordenadas esféricas? Vale y =


rcos(k)cos(φ), x = rsen(k)cos(φ), daı́ y = xtg(k), representando portando um plano.

Z Exemplo 70. Identificar a curva dada por r = 5 e θ = arctg( 34 ). Foi dado um ângulo
na horizontal θ e um raio r = 5, φ pode variar livremente, temos então um meridiano da
esfera de centro (0, 0, 0) e raio 5.

Z Exemplo 71. Passar para coordenadas cartesianas a equação r (1 + cos (φ)) = 0


2 2

1.21 Curvas parametrizadas

Z Exemplo 72. Identifique e ache a equação cartesiana da curva dada por


x = 3, y = 5 + et , z = e2t

Vale (y − 5)2 = z.

Z Exemplo 73. Sejam g : E \ N → R com g(x, y) = b bx


−y
e f : R → E \ N com
1 x2 y 2
f (u) = (2ua2
, b(u2
− a 2
)), onde E é a elipse + = 1. Então f e g são inversas.
u2 + a2 a 2 b2
Temos que mostrar que
(f ◦ g)(x, y) = (x, y)
CAPÍTULO 1. GEOMETRIA ANALÍTICA 53

tem-se

bx 1 bx 2 b2 x2
(f ◦ g)(x, y) = f ( )= (2 a , b( − a2 ))
b−y b 2 x2
(b−y)2
+ a2 b−y (b − y)2
Vamos simplificar a primeira coordenada inicialmente

1 bx 2
2 a =
b2 x2
(b−y)2
+ a2 b−y

x2 y2
usamos que + = 1 ⇒ multiplicando por a2 b2 que b2 x2 + a2 y 2 = a2 b2 ⇒ b2 x2 =
a2 b2
a2 (b2 − y 2 ) substituindo e simplificando temos

(b − y)2 bx 2 (b − y)2 bx 2
= 2 a = 2 a =
b x + (b − y) a b − y
2 2 2 2 a (b − y ) + (b − y) a b − y
2 2 2 2 2

(b − y)2bx (b − y)2bx (b − y)2bx


= = 2 = =x
(b2 − y ) + (b − y)
2 2 (b − y ) + b − 2by + y
2 2 2 2b(b − y)
como querı́amos mostrar , analogamente para a segunda coordenada encontramos y como
resultado das simplificações.

1.22 Bibliografia
Textos relacionados de mesma autoria: ( Espaços métricos, análise no Rn , produto
interno, espaços vetoriais).

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