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ESCOLA ESTADUAL TÉCNICA MIGUEL BATISTA 

A VIABILIDADE DO PROJETO DE INTERIORES NAS


ESCOLAS PARA PORTADORES DA SÍNDROME DE DOWN

João Pedro Ramalho Rodrigues¹


Orientadora: Érika de Cássia da V da Costa 2
Co-orientadora: Daniele Basílio Nunes3

RESUMO

O projeto de interiores consiste na arte de planejar e executar determinadas reformas ou


construções com o objetivo de transformar o espaço de acordo com a necessidade de quem vai
utilizá-lo. Nessa perspectiva, a viabilidade de um projeto de interiores nas escolas se faz
indispensável para a adaptação dos portadores da síndrome de down no ambiente, melhorando
diversos fatores que serão abordados neste artigo.
O presente trabalho tem como finalidade expor as diretrizes projetuais dentro do curso técnico
de Design de Interiores voltadas para a ambientação dos espaços escolares, visando uma
melhor adequação do mesmo para os portadores da Síndrome de Down. O público alvo desse
artigo vem sendo cada vez mais estudado em virtude da escassez de acessibilidade em
ambientes públicos que infelizmente dificulta sua adaptação dentro do âmbito em que vivem.
Com isso, foram levantadas sugestões de medidas estratégicas, a fim de incluí-los no espaço
escolar e melhorar seu processo de aprendizagem. Tal análise serviu como embasamento para
a construção de um possível espaço acessível que deverá ser planejado desde a cor das
paredes até o índice de iluminação na sala de aula. O resultado esperado desse projeto é
fornecer o conhecimento necessário para a elaboração desses espaços e provar que com
poucos recursos é possível planejar um ambiente totalmente adaptado para os portadores da
Síndrome de Down.
Palavras-chave: Design de Interiores. Acessibilidade. Síndrome de Down.

¹ Discente do Curso Técnico em Design de Interiores da ETEMB.


2
Érika de Cássia V da Costa, Doutora em Ciências Biológicas, orientadora e professora da ETEMB.
3
Daniele Basílio Nunes, Doutora em Linguística, Co-orientadora e professora da ETEMB.
ABSTRACT

Interior design is the art of planning and executing certain renovations or constructions with
the objective of transforming the space according to the needs of those who will use it. From
this perspective, the feasibility of an interior design project in schools is essential for the
adaptation of people with Down syndrome into the environment, improving several factors
that will be addressed in this article.
This work aims to expose the design guidelines within the technical course of Interior Design
aimed at the setting of school spaces, classic a better adaptation of the same for people with
Down Syndrome. The audience of this article has been increasingly studied due to the lack of
accessibility in today's society, which unfortunately makes it difficult to adapt and treat within
the context in which they live. With that, strategic measures were brought in order to include
them in the school space and improve their learning. Such service analysis as a criterion for
the construction of an accessible space that will be planned from the color of the walls to the
level of lighting in the classroom. The expected result of this project is to provide the
necessary knowledge for the preparation of these spaces and prove that with few resources it
is possible to plan a space that is fully adapted for people with Down syndrome.

Key Words: Interior Design. Accessibility. Down syndrome.

RESUMEN

El interiorismo es el arte de planificar y ejecutar determinadas reformas o construcciones con


el objetivo de transformar el espacio según las necesidades de quienes lo utilizarán. Desde
esta perspectiva, la viabilidad de un proyecto de interiorismo en las escuelas es fundamental
para la adaptación de las personas con síndrome de Down al entorno, mejorando varios
factores que se abordarán en este artículo.
Este trabajo tiene como objetivo exponer las pautas de diseño dentro del curso técnico de
Diseño de Interiores dirigido a la ambientación de los espacios escolares, con el objetivo de
una mejor adaptación de los mismos para las personas con Síndrome de Down. El público
objetivo de este artículo ha sido cada vez más estudiado debido a la falta de accesibilidad en
la sociedad actual, lo que lamentablemente dificulta su adaptación y tratamiento dentro del
contexto en el que viven. Con ello, se introdujeron medidas estratégicas para incluirlos en el
espacio escolar y mejorar su aprendizaje. Este análisis sirvió como criterio para la
construcción de un espacio accesible que se planificará desde el color de las paredes hasta el
nivel de iluminación del aula. El resultado esperado de este proyecto es aportar los
conocimientos necesarios para el desarrollo de estos espacios y demostrar que con pocos
recursos es posible planificar un espacio totalmente adaptado para personas con Síndrome de
Down..

Palabras clave: Diseño de interiores. Accesibilidad. Síndrome de Down.

INTRODUÇÃO

Acessibilidade. É o termo que vem perdendo sua essência quando estudado em paralelo
ao desenvolvimento social. Segundo a Constituição de 1988, todo cidadão possui os mesmos
direitos. Entretanto, no atual cenário brasileiro observa-se justamente o contrário, quanto à
questão da inclusão dos portadores da Síndrome de Down, nos mais variados aspectos da
vida. Contudo, campanhas e projetos estão surgindo ao longo do tempo com o objetivo de
propagar que a Síndrome de Down não é uma doença, e sim uma característica biológica
causada por uma variação genética (VARELLA,2019).
Geneticamente, a Síndrome de Down é caracterizada pela presença de três
cromossomos no par 21 em vez de dois, e por isso pode ser chamada de Trissomia do
cromossomo 21. Os portadores dessa mutação cromossômica numérica possuem algumas
limitações físicas e por isso precisam de uma maior adaptação ergonômica do ambiente, na
finalidade de promover uma maior acomodação e conforto. como também, alternativas que
equilibrem a sensibilidade à luz, dificuldade de locomoção e equilíbrio, identificação de
formas geométricas e de cheiros (ALAO et al., 2010).
Dentro da perspectiva escolar, a falta de adaptação e acessibilidade nas salas de aula
dificultam o aprendizado dos portadores da Trissomia, e consequentemente impedem que
ocorra uma maior absorção do conteúdo e até a sua inclusão no mercado de trabalho, posto
que muitos sentem-se impossibilitados de exercer alguma função trabalhista, aumentando
cada vez mais a exclusão social, o preconceito, a discriminação e a falta de portadores nas
diversas áreas sociais.
Em virtude dos expostos, este projeto de interiores visa fornecer dados e informações
relevantes, sobre a importância de reformular as salas de aula em favor dos estudantes com
síndrome de down, aumentando seu conforto e aprendizado. Foram analisadas as limitações
dos portadores e como um designer pode interferir nos projetos de interiores para que essas
limitações sejam amenizadas para eles e o aprendizado ocorrer de forma efetiva.
As cores, índice de iluminação, posicionamento das bancas, texturas 3D são exemplos
de elementos arquitetônicos que influenciam de forma direta sobre tais estudantes, e precisam
ser modificados de forma harmônica para que o ambiente não se torne desagradável para eles.
Sendo assim, foi analisada para esse artigo, uma sala de aula da Escola Técnica
Estadual Miguel Batista, onde foram encontradas diversas falhas de acessibilidade que
precisam ser resolvidas para um bom resultado desse estudo. Para tal, foram pesquisados
revestimentos, tipos de lâmpadas, cores de alto contraste para pintura das paredes e calculada
a quantidade de bancas corretas que devem existir no espaço de acordo com as normas
ergonômicas exigidas, para que assim a igualdade nos direitos expressa pela Constituição seja
cumprida.

1. CARACTERIZAÇÃO BIOLÓGICA E SOCIAL NOS PORTADORES DA


SÍNDROME DE DOWN

Na idade Antiga, pessoas consideradas com irregularidades físicas eram pré-destinadas


à morte ou afastamento social. Pensando nisso, o filósofo São Tomás de Aquino é claro
quando discursa que todo indivíduo, independente das comorbidades físicas e psicológicas,
deve estar sujeito aos mesmos direitos sociais que os demais. (RAMPAZZO; NAHUR, 2015).
Tal ideia trazida pelo filósofo permitiu que portadores de alguma dificuldade biológica
conquistassem ao longo do tempo seu lugar no mundo.

Nesse contexto, os dias atuais espelham de forma idêntica a realidade preconceituosa e


exclusiva da Idade Antiga, posto que os portadores da Síndrome de Down sofrem
incessantemente com a falta de inclusão social nas escolas, que em teoria, deveriam ser o
lugar de estimulação e do desenvolvimento das suas habilidades. Dentro desse olhar, existem
setores físicos e psicológicos que devem ser trabalhados com esses estudantes nas salas de
aula a fim de eliminar a discriminação imposta pela sociedade, são eles: a visão, o equilíbrio,
e a fala.
1.1 VISÃO

A visão é um dos principais fatores biológicos que são afetados pela mutação do
cromossomo 21, uma maior sensibilidade à luz e dificuldade para reconhecer cores exige que
dentro das salas de aula, profissionais capacitados estejam presentes para orientá-los em
determinadas atividades. Quando nascem, passam por uma série de exames oftalmológicos
que frequentemente alegam dois principais problemas: o estrabismo (os olhos não conseguem
focar em um só ponto) e a hipermetropia (dificuldade para enxergar de perto), vale salientar
que a intensidade de manifestação desses problemas varia de criança para criança
(MOVIMENTO DOWN, 2017). No ambiente escolar, a falta de planejamento ergonômico no
interior das salas aumenta de forma considerável as consequências trazidas pelas
comorbidades anteriormente citadas. A grande incidência de luz solar e a iluminação elétrica
incorreta são condições essenciais para o ajuste do ambiente. Abaixo, definem-se:
● Luz solar: se manifesta no ambiente de forma direta e indireta, ou seja, quando
planejada se distribui de forma igualitária e controlada no interior da sala de aula, caso
contrário, incide em lugares inapropriados como quadros e bancas dificultando a
leitura do estudante.
● Iluminação elétrica: a escolha certa de uma lâmpada traz ao projeto a sensação de
conforto e diminui a liberação de calor. Quando inserida de forma não planejada,
prejudica a temperatura do espaço e transmite fadiga aos olhos.

1.2 EQUILÍBRIO

Segundo o Código Internacional de Doença (CID-10), hipotonia Muscular é a


nomenclatura dada quando o tecido muscular é mais maleável que o normal, por
consequência os portadores dessa doença (Hipotonia muscular) possuem uma maior
flexibilidade na musculatura e, por vezes, dificuldade para se equilibrarem ou se
locomoverem. Ao decorrer do tempo, se faz necessário o acompanhamento com um
fisioterapeuta a fim de acostumá-los a andar e ficarem em pé sem auxílio, visto que grande
parte também possui os dedos dos pés separados e tropeçam com facilidade.
Com isso, os estudantes que possuem a Síndrome de Down, em sua maioria, sofrem
com a hipotonia e são impossibilitados de se moverem em lugares com muitos obstáculos e
em espaços derrapantes. A falta de planejamento dentro das salas de aula, com grandes
quantidades de bancas e revestimentos inadequados, são outros dois fatores que prejudicam a
estimulação das habilidades dos mesmos no ambiente escolar.

1.3 FALA

Em terceiro aspecto, a fala e a audição são fatores biológicos que devem ser
acompanhados nos portadores da síndrome de down. A hipotonia previamente citada também
atinge a musculatura da face, e traz dificuldade para a fala e para a amamentação nos
primeiros anos de vida. Com o tempo, o acompanhamento fonoaudiólogo se torna
indispensável para a melhora na fala da criança e no seu desenvolvimento social (CEONG,
2019)
Dentro da perspectiva escolar, entende-se que a fala é um importante mecanismo para
a fixação do conhecimento e interação social, sem ela o estudante passa por dificuldades
acadêmicas que deixam sua visão de futuro ainda mais complicada, visto que um dos
requisitos para entrar no mercado de trabalho é a comunicação.
Nesse cenário, é de extrema importância ressaltar a necessidade de um projeto de
acústica dentro das salas de aula para que os estudantes portadores da síndrome de down
possam se comunicar com maior facilidade e estimular suas habilidades cognitivas, já que
uma melhor distribuição do som possibilita o aumento da interpretação da fala dos mesmos, e
por vezes melhoria do processo de comunicação aluno/professor que é indispensável para
uma aprendizagem significativa.

2. OS PORTADORES DA SÍNDROME DE DOWN NAS ESCOLAS

Seguindo os preceitos constitucionais de que toda criança tem direito inalienável à


educação (Art. 205 LDB), as escolas brasileiras vêm adotando ao longo do tempo medidas
obrigatórias de acessibilidade para pessoas com deficiências físicas, mas esquecem que a
escolarização também é fundamental para o desenvolvimento psicoafetivo dos portadores da
síndrome de down, que apresentam uma aprendizagem mais lenta e uma dificuldade maior
para reter memórias à curto prazo (VARELLA, 2019)
Crianças com síndrome de down devem ser colocadas nas escolas logo quando pequenas,
assim como as sem trissomia, isso permite que elas recebam seus primeiros estímulos e
desenvolvam suas capacidades psicomotoras dentro de um ambiente social. A maioria das
portadoras devem ser instruídas a utilizarem corretamente os materiais didáticos para ensino e
estimuladas ao convívio com as demais crianças, lembrando sempre que cada uma tem seu
próprio ritmo, que pode ser mais lento ou mais rápido.

2.1 PERFIL DE APRENDIZADO

Portadores da síndrome de down tem um perfil específico de aprendizado, com


características próprias, algumas mais intensas que outras. Existem alguns fatores que
facilitam o aprendizado, e outros que inibem, como luminosidade, locomoção e fala . Deve-se
focar nos fatores que ajudam a criança e facilitam o seu desenvolvimento intelectual e físico.
Esses estudantes, tendem a aprender mais quando enxergam outros fazendo aquilo que eles
devem executar, por esse motivo eles devem ser inseridos em salas de aula juntamente com
outros estudantes sem a síndrome, para que possam ter uma maior facilidade na realização de
suas atividades.

2.2 COMPORTAMENTO

Os estudantes com síndrome de down possuem um comportamento de uma idade inferior,


por este motivo tendem a se frustrar com mais facilidade, levando em alguns casos a um
comportamento intensificamente diferenciado . Alguns desses comportamentos envolvem a
ansiedade seguida de muita inquietude. Nestes momentos, devem ser acalmados e instruídos a
como lidar com essas situações de estresse emocional (MOVIMENTO DOWN, 2013).
Naturalmente, os colegas de classe tendem a se assustarem com o comportamento
característicos desses alunos dentro da sala, se afastando dos mesmos e muitas vezes
excluindo-os dos trabalhos e grupinhos de conversa. Diante desse olhar, vale expressar a
importância de um psicólogo na instituição, a fim de instruir toda a comunidade escolar sobre
como lidar com situações especiais , para que assim o portador da síndrome possa se sentir
incluído dentro do ambiente escolar.
3. ERGONOMIA

Segundo os maiores arquitetos já existentes, a ergonomia é a arte de transformar o


ambiente para o homem (LIDA, 2005). Diante disso, interpreta-se que a ergonomia tem por
objetivo ditar regras que, dentro de um ambiente, são indispensáveis para uma boa relação
homem/espaço. Tal relação é prioridade para o embasamento projetual de qualquer
profissional.
Dentro desse olhar, a realidade projetual dos ambientes escolares segue a mesma linha de
raciocínio, principalmente quando dentro desses espaços existem estudantes com síndrome de
down. Nessa ótica, é de extrema importância apontar, dentro dos estudos ergonômicos, os
seguintes pontos os quais são essenciais para a realização desse projeto: circulação,
incidência luminosa, controle de temperatura, dimensões do mobiliário, revestimento (LIDA,
2005).

3.1 CIRCULAÇÃO

Existem algumas recomendações que devem ser seguidas antes da elaboração do projeto
de interiores, a primeira delas é a noção de espaço. Um projeto eficiente deve, antes de tudo,
mesclar circulação e funcionalidade para que os frequentadores do espaço possam exercer
suas atividades da melhor maneira possível.
A NBR 9050 recomenda que o espaço mínimo entre os mobiliários deve ser de 0.60m
para garantir a circulação de uma pessoa, e de 1.20m para duas pessoas (figura 01). Seguindo
esse viés, identifica-se a necessidade de manter essa distância entre as bancas da sala de aula
para que a mobilidade dos portadores da síndrome de down possa ser facilitada.
Figura 01: Medidas de circulação.

Fonte: https://casa.abril.com.br/ambientes/metragensminimas
3.2 INCIDÊNCIA LUMINOSA

Em outro ponto, a NR 17 determina algumas diretrizes para o grau de iluminação em


determinados espaços. Antes, é importante desmistificar dois conceitos do estudo luminoso,
são eles: luminância e fluxo luminoso (figura 02).
● Luminância: é a densidade total de luz que é direcionada sobre um ponto específico,
quando muito alta pode causar desconforto e cegueira, mas quando projetada
corretamente melhora a visibilidade no ambiente (NR-5413).
● Fluxo Luminoso: é a quantidade total de luz gerada por uma fonte. Tal conceito
permite que a escolha da lâmpada certa seja essencial para o projeto do ambiente.
((NR-5413).
Tais conceitos permitem concluir alguns pontos. A escolha correta da lâmpada para as salas
de aula, tal como seu posicionamento podem ajudar a melhorar o processo de aprendizagem
dos estudantes com a síndrome de down, além de possibilitar conforto e estabilidade visual
para os frequentadores do espaço, como dito pela NR-17.

Figura 02: Conceitos de iluminação..

Fonte:https://www.blog.tromilux.com/post/luminancia

3.3 TEMPERATURA

Outro fator crucial para o projeto de interiores é a temperatura. Sobre as condições


ambientais, a NR-17 estipula que a temperatura deve ser mantida entre 20ºC e 23ºC a
depender da atividade que será exercida no ambiente. Caso a margem dessa temperatura não
seja respeitada, os usuários desses espaços terão suas habilidades reduzidas pelo frio ou calor.
Desta forma, um projeto de interiores voltados para o controle da temperatura (potência
do ar condicionado, quantidade de aparelhos) se torna indispensável para proporcionar
conforto aos frequentadores do espaço, em especial, os estudantes com síndrome de down.
Após adequar a temperatura da sala de aula às normas, a preocupação deve ser em como
mantê-la. Pensando assim, é necessário um monitoramento firme e constante para que o
ambiente esteja com a temperatura ambiente sempre adequada. Para isso, deve-se utilizar
tecnologias como sensores de umidade e sensores de temperatura. Esses equipamentos
proporcionam um monitoramento constante, seguro e automatizado como indicado pela
NR-17 (FRIGELAR 2009).

3.4 MOBILIÁRIO

Como dito anteriormente, os portadores da síndrome de down possuem dificuldades


locomotoras que prejudicam a realização de suas atividades. Portanto, percebe-se que é muito
importante atentar para as medidas das bancas que estarão em sala de aula a fim de melhorar a
precisão do exercício de suas atividades (figura 03).
Dessa forma, segundo as normas ergonômicas (NR-17) indicam que o valor adequado
para a altura dos assentos deve ser de 0.45 até 0.75 metros e de 0.75 para as bancas, como
indicado na figura:
Figura 03: Medidas de bancas escolares.

Fonte: https://blog.inusual.com.br/banquetas-alturas-ideais/
3.5 PISOS E REVESTIMENTOS

Piso e/ou revestimentos é todo material responsável pelo acabamento dos planos de um
ambiente. Nesse olhar, a escolha de pisos e revestimentos adequados a cada espaço é um dos
parâmetros para a construção de dois segmentos, a segurança e a confortabilidade. Diante
disso, percebe-se a importância de um projeto de paginação paras as salas de aula que
possuam estudantes com a síndrome de down, visto que os mesmos possuem a capacidade de
locomoção reduzidas e necessitam de pisos que facilitem essa mobilidade, são eles:
● Pisos antiderrapantes: sua superfície é áspera ou rugosa, trazendo assim, maior
resistência ao escorregamento. Eles precisam ter coeficiente de atrito entre 0,4 e 0,5.
(CASA E CONSTRUÇÃO, 2019)
● Rejuntes com base cimentícia: Próprias para preencher juntas de assentamento de
revestimentos, atendendo às espessuras de juntas utilizadas (QUARTZOLIT, 2019)
Dito isso, alguns pisos apresentam de forma completa os requisitos citados acima e
podem ser usados no projeto de paginação das salas de aula:

● Piso de concreto liso: além de barato e de fácil aplicação, quando escolhido na forma
lisa, proporciona melhor estética ao ambiente, além de ser antiderrapante (CASA E
CONSTRUÇÃO, 2019)
● Piso uretano argamassado: além do ótimo coeficiente de atrito, feito de argamassa,
também é uma ótima opção de escolha, pois se trata de um piso barato e biológico.
(QUARTZOLIT,2019)
Dessa maneira, conclui-se que os pisos apresentados possuem aspectos em comum:
evitam acidentes, possuem o coeficiente de atrito adequado para o uso dentro das salas de
aulas e trazem consigo o benefício da locomoção para os estudantes com a síndrome do down.
Hoje, além do revestimento de pisos, os revestimentos das paredes contam com uma
importância indispensável para a manutenção acústica dentro dos ambientes, visto que o
determinados materiais possibilitam uma maior conservação do som nos espaços.
Nesse cenário, é de extrema importância ressaltar a necessidade de um projeto de
acústica dentro das salas de aula para que os estudantes portadores da síndrome de down
possam se comunicar com maior facilidade e estimular suas habilidades cognitivas, já que
uma melhor distribuição do som possibilita o aumento da interpretação da fala dos mesmos, e
por vezes melhoria do processo de comunicação aluno/professor que é indispensável para
uma aprendizagem significativa.

4. PROJETO TEÓRICO

Dadas todas as relações entre o design de interiores e as comorbidades apresentadas


pelos portadores da síndrome de down, este artigo trará uma elaboração projetual teórica para
as salas de aula da Escola Técnica Estadual Miguel Batista (ETEMB), que quando receberem
estudantes com tal síndrome estarão preparadas para lidar com todas as suas necessidades.
Com esse objetivo, foram selecionados materiais acessíveis que pudessem corrigir as
lacunas projetuais das salas de aula da escola, além de melhorarem consideravelmente os
índices de aprendizagem dos estudantes portadores da síndrome de down. Mas antes, tais
lacunas foram analisadas e classificadas para que o projeto teórico pudesse ser executado
embasado nelas.

4.1 PROBLEMÁTICA

Após a realização de uma análise técnica nas salas da ETEMB, identificou-se alguns pontos
que um designer de interiores pode interferir para que a eficiência do ambiente seja
aumentada a fim de proporcionar maior aprendizagem ao público alvo. São eles:
● Número excessivo de janelas: entrada desregular da luz solar, prejudicando a visão e
controle de temperatura.
● Quantidade desnecessária de bancas: o número excedente faz com que a mobilidade
seja dificultada.
● Acústica: o uso incorreto de revestimento nas paredes impossibilita uma boa
interpretação do som.
● Temperatura: o calor excessivo no interior das salas desconcentra e desacomoda os
estudantes, visto que as máquinas refrigeradoras possuem defeito e são insuficientes
para regulação da temperatura ideal.
● Cores: considerada nostálgica, a paleta de cores utilizada não estimula os sentidos de
aprendizagem e impossibilita a distribuição igualitária da luz.
● Iluminação elétrica: o posicionamento incorreto das lâmpadas gera sombras
indesejadas, e o tipo inadequado possui um índice de reprodução de cor baixo.

4.2 METODOLOGIA PROJETUAL TEÓRICA

Visto os erros anteriormente apresentados, percebe-se a necessidade do reajuste projetual


do interior da sala de aula da ETEMB. Para tal, pesquisas foram feitas para encontrar
materiais e para elaborar medidas que se encaixassem de forma coesa nos requisitos
ergonômicos que foram expostos nesse artigo.
Segue abaixo cada material, suas respectivas vantagens de escolha e o setor projetual de
correção, para a elaboração desse projeto teórico, visando conforto, segurança e eficiência:
● Iluminação: para o controle da iluminação da sala de aula será necessário: diminuir a
quantidade de janelas e suas dimensões (excluir as superiores), e substituí-las para o
tipo de correr, melhores para a aplicação de cortinas. Em outro ponto, deve-se trocar
as lâmpadas existentes por modelos da classificação branca/led, que possibilitam uma
maior reflexão realista da cor, economizam energia, e ainda possuem uma distribuição
indireta da luz.
● Circulação: a relação de maior aproveitamento de espaço com circulação é um
paradoxo até hoje difícil de ser resolvido nos projetos de interiores. Dentro das salas
de aula, deve-se, portanto: deixar apenas a quantidade correta de bancas, manter a
distância entre as mesmas de 0.60m, embutir os armários nas paredes, visar o
posicionamento correto da mesa do professor, e em último caso, deve-se reduzir a
quantidade de alunos por sala, caso a área total do ambiente seja insuficiente para
comportá-los. Em outro ponto, escolher pisos antiderrapantes é fator crucial para
melhorar a locomoção dentro das salas de aula, os modelos para serem escolhidos
foram previamente apresentados.
● Temperatura: para a regulagem da temperatura nas salas de aula, deve-se primeiro
executar um cálculo para encontrar a potência do aparelho equivalente à área total do
espaço, após isso substituir as máquinas presentes na sala a fim manter a temperatura
na faixa indicada pelos princípios ergonômicos.
● Paleta de cores: escolher cores quentes influenciam a aprendizagem (BETA, 2008).
Deve-se portanto, aplicar cores que possibilitam uma maior eficiência acadêmica
dentro das salas, cores frias absorvem a luz e transmitem fadiga, por isso optar por
cores quentes é a melhor opção, visto que além de estimularem a aprendizagem,
distribuem a iluminação de forma uniforme.
● Comunicação: para o projeto de acústica da sala, o uso de espuma acústica lisa nas
paredes é o mais indicado, a fim de melhorar a comunicação e isolar a sala de sons
externos.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo deste trabalho foi realizar um estudo abrangente sobre o desenvolvimento


orientado de um projeto de interiores a serviços que, segundo alguns estudos, tem um grande
potencial para ser referência no desenvolvimento da aprendizagem dos portadores da
síndrome de down.
O primeiro passo foi uma análise das salas de aula da ETEMB a fim de identificar os
problemas projetuais e corrigi-los para melhor adaptação das pessoas com a síndrome de
down e um considerável aumento no índice de aprendizagem
De forma paralela, foram selecionados pontos de intervenção que um designer de
interiores pode interferir dentro do contexto das salas de aula, juntamente com as
comorbidades apresentadas pelos portadores, dessas foram escolhidas algumas: locomoção,
sensibilidade à luz e dificuldade de fala.
Em outro ponto, foi de extrema importância relacionar tais comorbidades com as
medidas necessárias a serem tomadas dentro do espaço, cada material, cada atitude teve o
objetivo de amenizar as consequências dessas dificuldades para com a aprendizagem do aluno
portador.
Paralelamente, foram estudadas as relações sociais dos portadores da síndrome dentro das
escolas, a fim de perceber lacunas comportamentais e usá-las para a elaboração do projeto
teórico. Com isso, pode-se identificar estresse, problemas de concentração, episódios de
agressividade, isolamento social, entre outros aspectos.
Por fim, foi elaborado um projeto de interiores teórico que trouxesse atitudes de basto custo e
diretrizes projetuais ergonômicas para as salas de aula que coincidissem com as necessidades
de adaptação do público alvo deste artigo, concluindo portanto que a execução de tais
medidas aumentam consideravelmente os índices de aprendizagem dos portadores.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALAO. Diretrizes de atenção para as pessoas com síndrome de down. Brasília,2013.


Disponível
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actoensinomedio.mec.gov.br/images/pdf/constituicao_educacao>. Acesso em 18 nov. 2021

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https://betatintas.com/cores/eainfluência/na/aprendizagem>. Acesso em: 20 nov. 2021

DOWN, Movimento. Inclusão social dos portadores da síndrome de down. Disponível em:
http://www.movimentodown.org.br/>. Acesso em: 18 nov. 2021

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2021

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LIDA, Itiro. Transformação da ergonomia no Brasil, 08.09.2016. Disponível em:


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QUARTZOLIT, piso. Vantagem da escolha correta de revestimento. Disponível em:


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RAMPAZZO, Nahur. E a construção social ética. Disponível em:


https://rduirapuru.com.br/cidade/no-minha-terra-minha-historia-aires-rampazzo-uma-historia-
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https://frigelar.com.br/qual-temperatura-ideal-ambiente/>. Acesso em: 16 nov. 2021

VANTAGENS dos pisos antiderrapantes. Casa e construção,2019. Disponível


em:https://www.cec.com.br/buscaqPisoRevestimentoAntiderrapante Acesso em: 20 nov.2021

VARELLA, Drauzio. e o estudo da síndrome de down em paralelo com a sociedade.


Disponível em: https://drauziovarella.uol.com.br/pediatria/sindrome-de-down/>. Acesso em
20 nov. 2021.

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