Você está na página 1de 37

APROVEITAMENTO DA ESCÓRIA DE ACIARIA NAS

INDÚSTRIAS

MARCELLE DE SOUZA NEVES

RIO DE JANEIRO
2018
MARCELLE DE SOUZA NEVES
Aluna do curso de Tecnologia em Processos Metalúrgicos
Matrícula 1111351002

APROVEITAMENTO DA ESCÓRIA DE ACIARIA NAS


INDÚSTRIAS

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC),


apresentado ao Curso de Graduação em
Tecnologia em Processos Metalúrgicos, da UEZO
como parte dos requisitos para a obtenção do grau
de Tecnólogo em Tecnologia em Processos
Metalúrgicos, sob a orientação do Prof.: Mauro
Carlos Lopes Souza.

RIO DE JANEIRO
2018
APROVEITAMENTO DA ESCÓRIA DE ACIARIA NAS
INDÚSTRIAS

ELABORADO POR MARCELLE DE SOUZA NEVES


ALUNA DO CURSO DE TECNOLOGIA EM PROCESSOS METALÚRGICOS DA UEZO

ESTE TRABALHO DE GRADUAÇÃO FOI ANALISADO E APROVADO COM GRAU:

RIO DE JANEIRO, ______ DE _____________ DE2018

____________________________________________________
PROF. MAURO CARLOS LOPES SOUZA, DSC.-UEZO (ORIENTADOR)

____________________________________________________
PROFA. GABRIELLA SILVEIRA DE SÁ, MSC.- UFF (COORIENTADORA)

_____________________________________________
PROFA. NEYDA DE LACARIDAD OM TAPANES, DSC. – UEZO

_____________________________________________
PROFA. JULIANE CARERA MARÌN, MSC. – UEZO

_____________________________________________
PROF. PABLO TINOCO DA SILVA, MSC. – ARSENAL DA MARINHA

RIO DE JANEIRO
2018
Dedico este trabalho a minha família que amo muito, pela oportunidade de um bom
futuro e por sempre terem sido meu porto seguro.
Agradecimentos

Agradeço, primeiramente a Deus por sua benignidade em minha vida, por ter me
fortalecido á todo momento, pois sem ele nada seria possível.
Agradeço aos meus pais, Marcos e Kátia pela oportunidade, investimento e todo apoio
que foram primordiais. Amo vocês!
À minha irmã Caroline pelo incentivo.
Agradeço também ao meu namorado Marcelo, que esteve comigo durante essa
caminhada.
Aos meus colegas de universidade por todo companheirismo, principalmente a
Prof.ªGabriella, com quem fazia todos os trabalhos, pela amizade e por ter ajudado na
elaboração deste trabalho.
Aos incríveis professores e maravilhosas pessoas com quem pude adquirir
conhecimentos.
A esta universidade, onde vivi grandes e bons momentos, além de ter a oportunidade
de aprender, me formar, de crescer... Sinto-me muito honrada.
Enfim, a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação e também
contribuíram para a conclusão deste trabalho, o meu muito obrigada.

.
“No final, tudo é um recomeço.”
RESUMO

No presente trabalho foi abordado a produção e destinação do resíduo/co-produto da


indústria siderúrgica, em especial os agregados siderúrgicos chamado de escória. Foi
apresentada uma revisão bibliográfica dos estudos até os dias atuais sobre a
produção da escória, bem como a sua aplicabilidade em diversos ramos industriais e
suas características. O potencial dos agregados siderúrgicos produzido nas aciarias
para a produção de outros produtos e a venda do mesmo para outros ramos
industriais, foi evidenciado. Foi possível a percepção de quão importante é o uso,
reaproveitamento e venda das escórias para um variado seguimento de industrias e
para a sociedade, numa visão geral. Através da minimização do impacto ambiental e
não solução das consequências que a escória apresenta em contato com o meio
ambiente ocorrido pela falta de destino do resíduo/co-produto.

Palavras Chave: Escórias; Aciarias; Aproveitamento; Indústrias


ABSTRACT

In the present work the production and destination of the waste / co-product of the steel
industry, especially the steel aggregates called slag, was approached. A
bibliographical review of the studies to date on the production of slag, as well as its
applicability in several industrial branches and their characteristics, was presented.
The potential of the steel aggregates produced in the steelworks for the production of
other products and the sale of the same to other industrial sectors was evidenced. It
was possible to perceive how important is the use, reuse and sale of slag to a wide
range of industries and society in general. By minimizing the environmental impact and
not solving the consequences that the slag presents in contact with the environment
due to the lack of destination of the residue / co-product.

Keywords: Slag; Steelworks; Uses; Industries.


Lista de Figuras

Figura 1 - Representação esquemática da produção de ferro-gusa e processos de


produção do aço, com suas etapas de geração de escórias (MASUERO, 2001) ...... 15
Figura 2 - Aplicações da escória de aciaria (IBS, 2004). ................................................ 16
Figura 3 - Propriedades e aplicações da escória no Brasil (IBS, 1998). ...................... 18
Lista de Tabelas

Tabela 1 – Composição de escória (% em peso). Adaptado de FERREIRA, 2002. .. 28


Sumário

1.Introdução ............................................................................................................. 12
2.Revisão Bibliográfica ............................................................................................. 14
2.1Geração da Escória ................................................................................................. 14
2.2Aplicações e Propriedades Apresentadas na Escória ....................................... 15
2.3 Expansibilidade das Escórias de Aciaria............................................................. 18
2.3.1 Expansão do Óxido de Cálcio ........................................................................... 19
2.3.2 Expansão do Óxido de Magnésio ..................................................................... 20
2.3.3 Expansão Originada da Oxidação do Ferro Metálico (Feº) .......................... 21
2.4 Aplicações Da Escória De Aciaria ........................................................................ 23
2.4.1 Utilização como Agregado.................................................................................. 23
2.4.2 Utilização na Produção de Cimento.................................................................. 24
2.4.3Utilização como Adição aos Materiais à Base de Cimento ............................ 26
2.4.4Utilização da Escória de Aciaria em Obras Rodoviárias e Ferroviárias ....... 27
3.Metodologia .......................................................................................................... 30
4.Resultados e Discussão ........................................................................................ 31
4.1 Votorantim ................................................................................................................ 31
5.Conclusão ............................................................................................................. 34
6. Referências Bibliográficas .................................................................................... 35
1. Introdução

Nos últimos anos a questão ambiental vem sendo discutida em todo mundo e o
interesse pela reciclagem de resíduos industriais tem crescido cada vez mais. A
consciência ambiental da sociedade e a legislação ambiental têm se tornado mais
exigente, levando muitas empresas, nos diversos setores, a investir na capacitação de
técnicos e na instalação de novos equipamentos, de forma a eliminar a cultura do
desperdício e promover métodos adequados para a reciclagem dos resíduos gerados
em seus processos produtivos.

Durante o processo siderúrgico, os agregados siderúrgicos ou também


bastante conhecido como escória, são os resíduos de maior geração. A produção de
escórias tem origem de acordo com a etapa do processo. Pode ser originada na fusão
redutora dos minérios para se o obter ferro-gusa, ou pode ser originada no alto forno
durante a produção do aço, ou seja, na aciaria.

De um modo geral, nos mais diversos ramos industriais existe um problema


crítico que é a geração de resíduos, seja o mesmo sólido, líquido ou gasoso. Existem
pesquisas sobre a minimização destes resíduos para afetar o menos possível ao meio
ambiente, bem como a questão econômica da empresa. Nenhuma empresa almeja
perder lucro ou deixar de ganhar. Com este pensamento, os resíduos deixaram de
serem vistos como um problema, passando a serem vistos como uma fonte de renda.
Nas usinas siderúrgicas os resíduos são sólidos.

A redução da geração de resíduos sólidos é uma meta comum para as


indústrias siderúrgicas. No entanto, nos diversos processos produtivos nem sempre é
possível à redução total dos mesmos. O estudo da possibilidade do aproveitamento
de resíduos siderúrgicos nos diversos segmentos da construção civil é de grande
importância, permitindo maior oferta dos materiais de construção e viabilizando a
redução de custos. Deste modo, o presente trabalho apresenta o uso de agregados
siderúrgicos (escória), resíduo proveniente das indústrias siderúrgicas em outros
ramos industriais. Com a revisão bibliográfica de diversos autores que pesquisaram
ao logo dos anos, comprova-se com dados estáticos, as diferentes formas de
aplicabilidade da escória.
2. Revisão Bibliográfica

2.1 Geração da Escória

No setor siderúrgico existe uma expansão, aumentando a geração de escórias.


As escórias se formam pela fusão das impurezas do minério de ferro, juntamente com
a adição de fundentes (calcário e dolomita) e as cinzas do coque (carvão mineral). A
escória fundida é uma massa que, por sua insolubilidade, e menor densidade,
sobrenada no ferro gusa e é conduzida por canais, até o lugar de resfriamento. As
escórias siderúrgicas (figura 1) são produtos resultantes de processos industriais
destinados a obter, em primeiro lugar, o gusa, e em segundo lugar, o aço. A escória de
aciaria é um subproduto gerado durante a produção do aço, resultante da
transformação do ferro gusa líquido em aço podendo ser oriunda de diferentes
processos, tais como nos fornos conversores Linz-Donawitz (LD), ou de arco elétrico,
chamado de Furnaceof Electric Arc (FEA). A sigla LD deve-se ao fato do aço ser
produzido no conversor de oxigênio tipo LD (Linz-Donawitz).A produção mundial de
aço bruto, em 2008, alcançou a cifra de 1,3 bilhões de toneladas registrando um novo
recorde de produção. Considerando que para cada tonelada de aço produzido são
gerados cerca de 150 kg de escória de aciaria, ou seja, 15% do total produzido,
somente no ano de 2008 foram produzidos aproximadamente 200 milhões de
toneladas deste resíduo. Os projetos de aplicação da escória de aciaria se
desenvolveram no sentido de usar este resíduo em materiais de construção, como por
exemplo, concreto, argamassa e base asfáltica. Porém, estudos mostraram que esta
utilização tem restrições no que se refere à capacidade de hidratação da escória 0064
e aciaria após sua utilização, fazendo com que os materiais fabricados tenham
sua integridade física comprometida. Cerca de 30% da produção brasileira e 20% da
produção mundial da escória de aciaria não são reaproveitadas, tendo como destino
extensas áreas dos parques industriais e ocasionando custos de disposição. Portanto,
o reaproveitamento da escória de aciaria representa uma solução técnica, econômica
e ecológica para as siderúrgicas (RIPA, 2008).
Figura 1-Representação esquemática da produção de ferro-gusa e processos de produção do aço,
com suas etapas de geração de escórias (MASUERO, 2001)

2.2 Aplicações e Propriedades Apresentadas na Escória

Silva et al. (1986) desenvolveram métodos e técnicas laboratoriais para


certificação de qualidade da escória de aciaria LD, para fins de substituição da brita
em obras de pavimentação rodoviária e lastro ferroviário. Os autores desenvolveram
um método para a estimativa da resistividade elétrica da escória de aciaria, a fim de
avaliar sua influência na sinalização ferroviária. A montagem pioneira consistiu no
emprego de um megôhmetro e eletrodos de cobre, tornando possível avaliar a
influência dos tipos de dormentes, material de lastro e condições climáticas sobre a
resistividade elétrica. Os autores verificaram ainda que a cinética da reação de
hidratação do MgO era muito lenta, exigindo um longo tempo de envelhecimento para
assegurar a completa estabilização da escória. Como saída para esta questão,
propuseram a injeção de areia (SiO2) no pote de escória, soprada com oxigênio, com
o objetivo de minimizar a presença do CaO livre.A escória de aciaria pode ser
empregada para fins diversos (Figura 2).

Figura 2 - Aplicações da escória de aciaria (IBS, 2004).

Nascimento (2003) procurou avaliar o comportamento da escória de aciaria


quanto ao aspecto da expansibilidade volumétrica. Segundo o autor, a escória de
aciaria é um excelente material de construção, principalmente quando utilizado como
material granular para camadas de pavimento rodoviário, tendendo, porém, a ser
altamente expansiva quando não estabilizada. Isto se dá porque alguns dos principais
componentes das escórias de aciaria, os óxidos de cálcio e magnésio. O silicato de
cálcio e o ferro metálico sofrem transformações químicas, principalmente em
presença de umidade, que induzem a expansibilidade da escória compactada. Este
fenômeno tem dificultado a utilização da escória de aciaria nas obras rodoviárias.
De acordo com o INSTITUTO BRASILEIRO DE SIDERURGIA (1998), no
Brasil, a produção de ferro-gusa gera 5,7 milhões de toneladas de escórias de
alto-forno por ano, sendo que 5 milhões de toneladas são utilizadas na fabricação de
cimento.Com relação à produção do aço, são geradas cerca de 3,2 milhões de
toneladas de escórias de aciaria por ano no Brasil, sendo que 68% deste total são
geradas em conversores a oxigênio, nas aciarias LD (Linz-Donawitz).
Aproximadamente, 44% das escórias LD são empregadas em Lastros ferroviários,
bases e sub-bases rodoviárias e 56% não possuem utilização definida, sendo
estocadas nos pátios siderúrgicos e em muitas outras áreas de depósito de resíduos.

A maior parte das usinas siderúrgicas localizam-se próximas a centros


urbanos, e com isso, a demanda por áreas de estocagem das escórias geradas na
região é crescente, contribuindo para o aumento das áreas degradadas e,
consequentemente, do impacto ambiental. Desta forma, a viabilização da utilização
das escórias de aciaria na construção civil é vantajosa não só sob o ponto de vista
econômico, mas também pela preservação do meio ambiente, possibilitando a
redução do volume de extração de matérias-primas não-renováveis, a redução da
emissão de poluentes e a redução do consumo energético.

A figura 3, a seguir, mostra as propriedades e aplicações da escória no Brasil (IBS,


1998).
Figura 3 - Propriedades e aplicações da escória no Brasil (IBS, 1998).

2.3 Expansibilidade das Escórias de Aciaria

O fenômeno da expansibilidade das escórias de aciaria é provocado pela


hidratação do óxido de cálcio livre e do óxido de magnésio não reagido em presença
de umidade, aumentando de volume. A expansão também pode estar associada ao
polimorfismo do silicato dicálcio (Ca2Si) e à oxidação do ferro metálico (Ferro zero
Feº). Rubio e Carretero (1991) relatam a instabilidade das escórias de aciaria como
um fenômeno de hidratação da cal livre presente principalmente nas escórias novas.
A quantidade de cal livre pode variar para distintas escórias entre 1 e 15%. A
expansibilidade é maior em escórias com maior conteúdo de cal e aumenta com o
aumento da temperatura. Os autores citam ainda que alguns países consideram
seguro o uso de escórias com proporções de cal livre entre 4 e 7%, quando utilizadas
em revestimentos granulares. Para aplicações em revestimentos betuminosos onde
as partículas são envolvidas por uma camada de betume, alguns países permitem o
emprego da escória, seja qual for o seu conteúdo de cal. O procedimento mais
utilizado para reduzir ao mínimo o fenômeno é o de envelhecer a escória no pátio,
regando-a com água natural ou água quente para conseguir hidratar os elementos
instáveis. Já se comprovou que o armazenamento ao ar sem regar com água não
oferece garantias e que as pilhas de escória devem ter uma altura máxima de 1,5 a 2
metros. O tempo de estocagem depende do conteúdo de cal livre e pode oscilar entre
3 meses e um ano, ainda que alguns países, para algumas aplicações, utilizem
escória fresca. Mediante alguns ensaios físicos e de expansão tem-se estudado a
relação entre a desintegração e a expansão com o conteúdo de cal livre da escória. A
conclusão que se chegou, em todos os casos, de que existe um conteúdo crítico em
torno de 4 a 5 % onde a deterioração dos materiais secos (agregados) se aceleram.
Por outro lado, os limites impostos aos estragos oscilam entre 2 e 3% tanto em
desintegrações como em expansões (se o ensaio se realiza em misturas o limite deve
reduzir-se a 1%).

2.3.1 Expansão do Óxido de Cálcio

Juntamente com o óxido de magnésio livre, ao óxido de cálcio livre é atribuída a


causa principal da expansibilidade das escórias. Algumas pesquisas (GEISELER
ESCHLOSSER,* 1998;* COOMARASAMY e WALZAK, 1995) têm demonstrado que o
efeito do óxido de cálcio livre na instabilidade das escórias depende não somente da
quantidade existente, mas também da forma em que se encontra e da dimensão do
grão. O óxido de cálcio livre pode estar sob duas formas nas escórias de aciaria: a
pura e em solução sólida com ferro (CaO + x% FeO, onde 0 < x < 10 % em massa).
Para Yu-Li e Gong-Xin (1980), altos teores de cálcio, especialmente em solução sólida
com pequenas quantidades de ferro, é a causa principal da instabilidade volumétrica
das escórias. Geiseler e Schlosser (1998), através de análise micrográfica,
identificaram que a cal livre pode apresentar-se sob a forma residual e precipitada. A
primeira está relacionada com o consumo de refratário e o grau de desfosforação e a
segunda tem sua formação durante a solidificação e resfriamento da escória. A cal
residual, com base na sua dimensão, pode ser dividida em duas categorias: aquela
com partículas entre 3 e 10 µm, chamadas de grainy lime (cal granulosa) e a spongy
lime (cal esponjosa) com partículas principalmente entre 6 e 50 µm. No primeiro caso,
apresentam um contorno mais suave indicando dissolução e normalmente são livres
de micro inclusões. As chamadas partículas spongy lime (cal esponjosa) são cristais
indefinidos, com forma freqüentemente irregular, que formam parte da matriz da
escória ocorrendo intersticialmente às fases primárias, especialmente ao
Ca2Si(GOLDRING; JUCKES, 1997).

A cal precipitada é formada pela transformação, no estado sólido, do silicato


tricálcico em silicato bicálcico e óxido de cálcio livre no resfriamento. A cal precipitada
normalmente se encontra no contorno dos grãos de Ca2Si e no interior do C3S com
partículas de dimensões normalmente inferior a 4 µm. Esta reação ocorre à
temperatura de aproximadamente 1250ºC no sistema Ca-Si-O(SLAG ATLAS,
1981).Segundo Geiseler e Schlosser (1998), o óxido de cálcio livre, sob todas as
formas, pode hidratar. Dentre todas, a cal residual chamada de spongy lime, com
partículas de dimensões maiores que 50 µm, é a mais significativa de todas. Esta
conclusão deve estar provavelmente associada ao aumento do volume ocasionado
pelas reações de hidratação ou carbonatação, podendo atingir até 121,6% de
expansão (MASUERO, 2001).

2.3.2 Expansão do óxido de magnésio

O óxido de magnésio existe sob três formas nas escórias de aciaria: (a) estado
quimicamente combinado, (b) não combinado ou livre e (c) em solução sólida com
FeO e MnO. A forma combinada, monticellita, é encontrada nas escórias de aciaria
elétrica oxidante, enquanto que nas de refino redutor identifica-se o
periclásioMgOlivre. A solução sólida é observada em todas escórias, com exceção
das escórias redutoras (SHOUSUN, 1980).
Em escórias de baixa basicidade, além da monticellita, pode-se ter o MgO combinado
sob a forma de olivina e mervinita, as quais não apresentam a possibilidade de
expansão por hidratação (YU-JI; DA-LI, 1983). Segundo os mesmos autores, se o
MgO estiver no estado de solução sólida, sua hidratação irá diminuir devido à
dissolução de óxidos metálicos divalentes, tais como FeO. Quando mais de 30%
forem dissolvidos ou quando a quantidade de FeO for superior ao MgO, este óxido
será estável. A hidratação dos óxidos de magnésio não hidratados está associada a
um aumento de volume, sendo esta uma das principais causas do problema de
expansão das escórias. O óxido de magnésio, por suas reações mais lentas, é o
responsável pela expansão a longo prazo. Segundo Sersale (1986) e Shousun (1980),
não são todas as formas de óxido de magnésio que são prejudiciais, mas sim aquela
em que ele se encontra não combinado ou sob a forma livre, conhecida como
periclásio. Esta, após hidratação subseqüente, irá reagir expansivamente formando
Mg(OH)2, denominada de brucita1986(GLASSER, 1991). O mecanismo de
desagregação da escória em contato com água, é o mesmo apresentado pela
hidratação do óxido de cálcio livre.

2.3.3 Expansão Originada da Oxidação do Ferro Metálico (Feº)

As escórias possuem, além de fases não metálicas, uma grande quantidade de


partículas ferrosas. No caso das escórias LD, estas são incorporadas no sopro ou
durante o próprio vazamento no pote da escória (CRUZ et al., 2000). Uma das fases
mais comumente encontrada nas escórias é a wustita, a qual através de reações de
oxidação se transforma em compostos de maior volume, podendo ser também
responsável por parcela da expansão, apesar da tendência de formar uma solução
sólida com manganês e magnésio, devido a altos teores de ferro (SERSALE, 1986).
Segundo Mehta e Monteiro (1994), o aumento de volume devido à transformação do
ferro metálico ( − + → + 2 Fe 2e Fe ) em ferro oxidado, pode se dar até 600% do metal
original. Mancio (2001) analisando o comportamento expansivo de escórias de aciaria
elétrica expostas ao ambiente observou a desagregação de grãos de escórias de
diâmetros aproximados de 25 mm e 32 mm, decorrente da fissuração originada a
partir de pontos contendo alto teor de ferro.
Desta forma, a análise dos agentes causadores da expansão das escórias de aciaria
possibilita o maior entendimento do fenômeno, permitindo assim, a avaliação de seus
efeitos. Portanto, o uso adequado das escórias de aciaria está pautado
fundamentalmente no estudo e entendimento das características expansivas
inerentes que estes materiais apresentam, bem como no tratamento e na
estabilização destes materiais.

2.3.1 Métodos de avaliação da expansibilidade das escórias

Os principais agentes causadores da instabilidade volumétrica das escórias de


aciaria e os efeitos patológicos, ocorridos como consequência do emprego destes
materiais em obras de engenharia, têm sido objeto de estudos e diversas pesquisas
durante décadas. Os principais métodos empregados na quantificação da
expasibilidade das escorias de aciaria estão citados a seguir:

 Norma japonesa JIS A 5015 – Escoria siderúrgica para construção de estradas


– Método de ensaio de dilatação em água (JAPAN INSTITUTE STANDARD,
1992);
 Método de ensaio desenvolvido pelo Departamento de Transportes da
Pensilvania – PTM-130, e adaptado pelo DER/MG – Avaliação do potencial de
expansão do agregado siderúrgico de escória de aciaria (DEPARTAMENTO
DE TRANSPORTES DA PENSILVANIA, 1982);
 Método acelerado da norma europeia BS EM 1744-1 descreve o ensaio de
aceleração da hidratação dos óxidos expansivos por vapor (EUROPEAN
STANDARD, 1998).

Existem outros métodos utilizados para avaliar a expansibilidade em cimentos


e agregados que podem ser adotados para as escorias de aciaria:

 Norma americana ASTM D 4792 – referente à avaliação da expansão de


agregados;
 Norma americana ASTM C 151 – referente à expansão de cimentos em
autoclauve;
 Norma brasileira NBR 11582 – expansibilidade “Le Chatelier”, referente à
expansibilidade do cimento;
 Método acelerado NBRI (Sul-Africano) e normatizado como ASTM C 1260,
referente à reação álcalis-agregados.

2.4 Aplicações da Escória de Aciaria

O uso das escórias de aciaria está condicionado às características físicas,


mecânicas, químicas, ambientais e mineralógicas que estes materiais apresentam. A
utilização destas escórias apresenta como fator limitante o fenômeno da
expansibilidade. Contudo, o aproveitamento destes resíduos deve estar
fundamentado em pesquisas e regulamentações que possam monitorar este
fenômeno, adequado a aplicação dos mesmos de acordo com suas características e
propriedades. O tratamento empregado na estabilização e na melhoria das
propriedades das escórias deve ser adotado em função do tipo de aplicação,
viabilizando, assim, sua utilização de forma mais apropriada.

2.4.1 Utilização como Agregado

As escórias de refino como agregado podem ser empregadas em


pavimentação, na produção de tijolos e blocos e em concreto. BRUN & YUAN (1994),
conforme dados fornecidos pela empresa responsável pelo processamento e venda
das escórias nas siderúrgicas (Sobremetal), apresentam como vantagens da
utilização do agregado graúdo de escória de aciaria sobre o agregado pétreo (brita) as
seguintes: - menor custo, já que não requer explosivos para desmonte; - maior
resistência à abrasão do concreto gerado; - estrutura vesicular, permitindo perfeita
drenagem quando utilizados em drenos e lastros ferroviários; 38 - forma de grão
(cúbica), que confere ótima consistência e adesividade às misturas asfálticas; - maior
peso próprio, resultando em economia de material no dimensionamento de
contenções e lastros, assegurando grande estabilidade. Com vistas a obter um
agregado com maior qualidade, alguns aspectos devem ser observados, tais como se
o agregado produzido não foi contaminado com outros materiais, como lixo industrial,
plástico, refratário, entre outros, assim como não se deve misturar escória de
diferentes tipos, como por exemplo, escória de aciaria e alto-forno. As propriedades
dos agregados variam conforme a composição e resfriamento das escórias.

Geralmente, escórias ácidas produzem agregados mais densos e escórias


básicas agregados com estrutura vesicular. Nas aciarias brasileiras são geradas
escórias básicas, onde o índice de basicidade (i) é maior que 1. VALLE apud
GUMIERI (2000) relata que na AÇOMINAS (Aço Minas Gerais S. A.) a geração de
resíduos é da ordem de 121 mil toneladas por mês. Nesta empresa são gerados cerca
de 610 kg de resíduos de diversos tipos (90% de escórias de alto-forno e aciaria LD,
10% de lamas e pós de sinterização) para cada tonelada de aço produzida. Deste total
de resíduos, 52% sofre processo de reciclagem direta ou indireta na própria empresa,
43% é comercializado e 5% é descartado. No que diz respeito à escória de aciaria,
este resíduo, ainda na forma líquida, é descartado em uma baia, onde sofre um
resfriamento lento, solidificando-se em forma cristalina. Após esta etapa, o material
passa por um processo de beneficiamento onde a parte metálica, denominada sucata,
é reciclada no processo de produção do aço e o restante, denominado agregado
graduado de aciaria, é normalmente utilizado como lastro ferroviário e pavimentação.

Este agregado, comumente chamado de escória, é produzido atualmente em


três faixas granulométricas (agregado 1 → 0 a 9,5 mm; agregado 2→ 9,5 a 32mm e
agregado 3 → >32mm). A AÇOMINAS vem utilizando o agregado 2 na pavimentação
de vias dentro de sua usina e comercializando para a prefeitura de Ouro Branco, que o
utiliza na preparação de base de vias (solo-escória). Em bases confinadas com
agregado proveniente de escória é condição necessária que o material esteja
devidamente curado, para se evitar o inconveniente da sua característica de
expansibilidade.

2.4.2 Utilização na Produção de Cimento

As escórias de aciaria podem ser empregadas no setor da construção civil sob


diferentes formas. Alguns estudos relatam as propriedades e o desempenho das
escórias quando empregadas como matéria-prima para clínquer e cimentos Portland,
como adição aos concretos e também como agregados usados em concretos
argamassas e blocos.

Uma opção para o emprego das escórias de aciaria é o uso como


matéria-prima para o cimento Portland. As escórias de aciaria apresentam potencial
para serem empregadas como materiais cimentantes, diminuindo, desta forma, o
consumo de energia na obtenção do clínquer utilizado na fabricação dos cimentos.

ROSTIK (1999) relata a experiência da Chaparral Steel, que faz parte da Texas
Industries Inc. Esta indústria é a maior produtora de cimento do Texas e uma das
maiores da Califórnia, nos Estados Unidos. As suas siderúrgicas, que trabalham com
aciaria elétrica, produzem anualmente cerca de 2 milhões de toneladas de aço. Em
1995 esta indústria aceitou um desafio de reutilização de 100% de seus resíduos,
iniciando um programa chamado de STAR (“Systems and Technology for
AdvancedRecycling”), onde foi dada especial atenção ao pó de aciaria, escória,
consumo de energia e o resíduo de fragmentadora de automóveis. A escória de forno
elétrico, com uma geração aproximada de 11,5% da massa de aço líquido, que
contém uma quantidade significativa de ferro, costumava ser resfriada e britada e
usada como aterro ou como base em construção de estradas. Mas o ferro perdido e o
seu potencial de recuperação começou a chamar a atenção dos técnicos da fábrica,
que propuseram uma mudança no processo. Passaram a britar a escória em
partículas menores e separar magneticamente o ferro. Estas partículas de ferro
começaram a ser reaproveitadas no forno elétrico. A escória restante, contendo
menos ferro, foi analisada pelos químicos da cimenteira, que, baseados no uso da
escória de alto-forno (que não contém ferro), começaram a estudar como utilizar a
escória de aciaria no processo de fabricação do cimento. O processo criado e
patenteado por esta indústria chama-se CemStarTM e utiliza hoje 100% da escória
gerada pela siderúrgica. O método baseia-se em substituir 10-15% do calcário da
fabricação do cimento por escória, que é um material que já tem estrutura pozolânica
criada pelo imenso calor 41 produzido no forno elétrico. O monitoramento deste
processo indica que a indústria cimenteira está emitindo 10% menos de CO 2 na
atmosfera.
2.4.3 Utilização como Adição aos Materiais à Base de Cimento

As propriedades físicas características das escórias (densidade, granulometria,


propriedades estruturais) variam de acordo com a maneira como é feito o resfriamento
deste resíduo. Rubio e Carretero (1991) citam que pode existir grande variação na
composição destas escórias, mesmo sendo estas produzidas numa mesma indústria.
A escória fundida, ao sair do forno à temperatura próxima de 1500°C, pode ser
submetida a diferentes processos de resfriamento. Estes processos são normalmente
utilizados para as escórias de alto-forno (SILVA e ALMEIDA, 1986). Se a escória é
resfriada naturalmente ao ar, os seus óxidos componentes se cristalizam e perdem as
características hidráulicas, podendo ser considerada inerte. A escória obtida pelo
resfriamento rápido, sendo previamente expandida pela aplicação de uma quantidade
controlada de água, ar ou vapor, é conhecida como escória expandida. A solidificação
assim acelerada aumenta a natureza vesicular da escória, produzindo-se assim um
material leve, que é em seguida moído e classificado granulometricamente.

Finalmente, a escória obtida por resfriamento brusco, conhecida como escória


granulada, é previamente fragmentada por jato d'água e posteriormente resfriada em
tanque com água, onde se granula. Dessa forma, se obtém uma escória vítrea,
resultando em pouca ou nenhuma cristalização, de granulometria semelhante à da
areia de rio e com massa unitária em torno de 1000 kg/m³. Apresenta estrutura porosa
e textura áspera. Este tipo de material é utilizado em função de sua excelente ligação
hidráulica. Para as escórias de alto-forno este produto não cristalizado é moído à
finura adequada e usado como adição ao cimento Portland. O método mais comum
empregado no resfriamento da escória de alto-forno é pela granulação por água. A
escória fundida é normalmente fragmentada por jatos d’água e é então imediatamente
imersa em água, mas muitas variações são usadas.

Embora este seja um método eficiente de resfriamento, a granulação por água


tem várias desvantagens pelos pontos de vista ambiental e de produção. A água de
resfriamento contamina-se com enxofre a outros componentes lixiviados a partir da
escória e os sulfetos combinam-se com a água, formando ácido sulfídrico (H2S).
Entretanto, as suas emissões são menores que as que ocorrem nos poços de escória
resfriada ao ar e granuladores modernos são usados e são adequados se tiverem
uma chaminé com coletores apropriados. Além de problemas potenciais com poluição
do ar e da água, a escória pode ter um conteúdo de umidade residual alta e deve ser
seca antes de ser moída para uso como material cimentante (MALHOTRA, 1987).

2.4.4 Utilização da Escória de Aciaria em Obras Rodoviárias e Ferroviárias

A maior aplicação das escórias de aciaria tem sido na forma de agregados em


estradas e pavimentação. Entre as vantagens que estes materiais apresentam com
relação aos agregados convencionais, tornando-se adequados ao uso em rodovias,
pode-se citar: o menor custo, uma vez que não requerem custos para desmontes;
maior resistência ao departamento, ao degaste e à abrasão; maior coeficiente de
atrito; maior densidade, reduzindo desta forma a espessura das camadas de
pavimentos; forma cúbica dos grãos; textura rugosa, conferindo melhor adesividadeas
misturas asfálticas.

Machado (2000) realizou um estudo comparativo dos métodos existentes de


avaliação da expansibilidade das escórias de aciaria, com base nas transformações
químicas e mineralógicas do material. Seu trabalho é dividido basicamente em três
partes, sendo a primeira uma caracterização do resíduo, a fim de se identificar as suas
características físicas, químicas e microestruturais; na segunda, foi feito uma
avaliação dos métodos atualmente utilizados na determinação da expansibilidade das
escórias de aciaria; e na terceira, foram identificadas as transformações que
ocorreram na microestrutura do material, após as reações de hidratação.

O autor verificou que o método descrito como método das barras prismáticas,
dentre os métodos avaliados, apresentou-se como o mais conveniente em termos da
avaliação da expansibilidade das escórias de aciaria.

Contudo, é interessante ressaltar que o tempo de envelhecimento está


relacionado com as propriedades das escórias, como granulometria, composição
química, teores máximos para os óxidos expansivos, e ao emprego específico destas
escórias. Também deve-se considerar as condições ambientais dos locais onde este
resíduos são aplicados.

2.4.5 Uso da Escória na Fabricação de Vitrocerâmica

Vitrocerâmicas são materiais policristalinos produzidos a partir da cristalização


controlada de artigos de vidro. O controle da microestrutura, característico desse
processo, é uma poderosa ferramenta de engenharia de materiais, que permite a
obtenção de produtos com excelentes propriedades. Além disso, os vidros suportam
grandes quantidades de elementos diferentes em solução, sendo, portanto, ideais
para assimilar escórias complexas em suas composições. Os materiais assim
produzidos podem, em princípio, ter propriedades mecânicas e aspecto visual
atraente e ser utilizados como revestimento na construção civil e em aplicações
industriais.

Além da escória de alto forno, outro rejeito que provém do processo siderúrgico
em grande quantidade é a escória gerada no refino do aço, em conversor LD,
denominada escória de aciaria. Em uma planta siderúrgica do porte da Usiminas,
aproximadamente 25.000 t/mês dessa escória são geradas, mas ainda não existe um
processo para a sua reutilização como matéria-prima. O uso de escória de alto forno
para a fabricação de vitrocerâmicas é bem conhecido(VEASEY, 1973 eZIEMATH,
2000), mas a utilização de escória de aciaria para o mesmo fim ainda constitui-se em
um desafio. A escória de aciaria possui baixa concentração de SiO 2 e composição
química variável, o que limita o seu uso. A Tabela 1 apresenta as composições de
uma escória de alto forno típica e da escória de aciaria utilizadaproduzidas na
Usiminas, para comparação(FERREIRA, 2002).

Tabela 1 – Composição de escória (% em peso). Adaptado de FERREIRA, 2002.

Componente Escória de alto Escória de Kislitsyn Rabinovich


forno aciaria
SiO2 33,3 10,3 31,9 15,8
Al2O3 12,7 3,9 -3,9 5,2
Fe2O3 0,4 11,2 - 28,5
FeO - 15,8 10,8 -
CaO 44,8 38,7 27,9 35,9
MgO 6,3 8,2 17,1 6,4
MnO 0,4 5,4 7,7 -
MnO2 - - - 6,2
TiO2 - 1,0 0,3 0,9
Na2O - - 0,3 0,5
K2O - - 0,1 -
Cr2O3 - - 2,0 -
P2O5 - 1,7 - -
SO3 - - - 0,4
S2- - 0,2 0,2 -
3. Metodologia

Para o presente trabalho foi utilizado dados da Empresa Votorantim, para se ter
uma visão com dados reais do reaproveitamento da escória de alto forno. Deste
modo, este tópico abordará como se origina a escória de alto forno, na Votorantim,
sendo apresentados os produtos oriundos do reaproveitamento da escória no tópico
Resultados e Discussão.

Na natureza, os minérios do metal tais como ferro, cobre, chumbo, alumínio e


outros metais são encontrados num estado impuro, por vezes oxidados e misturados
com silicatos de outros metais.

Durante a fundição, quando o minério é exposto a temperaturas elevadas,


estas impurezas são separadas do metal fundido e podem ser removidas. A massa
composta por esses compostos e que é removida é a escória.

Vários processos de fundição produzem escórias diferentes. Em geral elas


podem ser classificadas como ferrosas e não-ferrosas. A fundição do cobre e do
chumbo em fundições não-ferrosas, por exemplo, é desenhada para se remover o
ferro e a sílica que por vezes aparecem associadas aos minérios e para separá-la
numa escória ferrosa e silicatada. A escória resultante da produção de aço é
desenhada para minimizar a perda de ferro e por consequência é constituída
principalmente por cálcio, magnésio e alumínio.

A escória possui várias aplicações comerciais depois de resfriada e solidificada


e só raramente é desprezada. É frequentemente reprocessada para separar
quaisquer metais que possa conter. Os subprodutos deste processo podem ser
usados em cimento, lastro para linhas de caminho de ferro e para fertilizante. A
escória é constantemente empregada também para reforço de subleitos e sub-bases
em obras de aterros e pavimentações.
4. Resultados e Discussão

4.1 Votorantim

A controlada VCSA – Votorantim Cimentos S.A. (a “companhia”) possue


diversos contratos para aquisição de insumos utilizados na produção de cimento em
substituição parcial ao clínquer. São contratos com usinas térmicas para cinzas de
carvão, com siderúrgicas para escória de alto forno e com produtores de ferro-ligas
para escórias metalúrgicas. Os vencimentos variam de contrato para contrato, sendo
o mais longo deles com término em 2035. Para complementar o suprimento de
energia elétrica proveniente das usinas hidrelétricas próprias, as controladas
possuem contratos de compra de energia de longo prazo com terceiros, garantindo
assim sua necessidade de energia. A controlada detém um acordo de compra de
coque de petróleo com a Total Oil com vencimento em 2017 e com a Repsol Cosmos
para o período de 2016 a 2018. Adicionalmente, detém contratos de frete com Daichi,
Noble e Cargill para o período de 2016 e 2017.

As atividades da Votorantim produzem impactos importantes no meio ambiente


e a gestão dos diversos aspectos relacionados é um desafio permanente para a
companhia. O consumo de energia nas operações de alumínio, a geração de resíduos
nas atividades de mineração e o uso de combustíveis fósseis nas fábricas de cimento,
por exemplo, são alguns dos temas mais relevantes na área ambiental. Nas
empresas, essas questões são tratadas com prioridade em programas estruturados,
que envolvem equipes multidisciplinares na busca por soluções que minimizem esse
impacto. Na Votorantim Metais, o reaproveitamento de resíduos deu origem a novos
produtos e está ajudando a reduzir o volume de rejeitos destinados às barragens. Na
Votorantim Cimentos, projetos para a substituição do coque de petróleo por
combustíveis de baixo carbono estão em andamento, com boas perspectivas de
evolução.

A geração de resíduos é um dos principais impactos da atividade de mineração


no meio ambiente, por causa do volume, do tipo de material resultante do processo
produtivo e da disposição dos rejeitos em barragens ou aterros especiais. Em 2015, a
Votorantim Metais gerou 38 milhões de toneladas de resíduos, sendo 3,32 milhões
de toneladas de resíduos industriais e 34,7 milhões de toneladas de resíduos
minerometalúrgicos. Um volume dessa ordem torna o desafio da empresa maior do
que apenas dar a destinação ambientalmente correta aos rejeitos de sua produção. É
preciso – e possível – encontrar soluções que também gerem valor a partir dos
resíduos, buscando novas aplicações e transformando-os em matéria-prima para
outros produtos, tornando-se um negócio que represente novas fontes de receita para
a empresa. Há mais de uma década, essa busca mobiliza diversas áreas da
Votorantim Metais, dos técnicos que lidam diretamente com o tema aos profissionais
de tecnologia e inovação – pesquisadores que trabalham, nas minas e plantas
industriais. Um dos principais projetos nessa direção encontrou uma nova finalidade
para o pó calcário industrial, um material resultante do beneficiamento do zinco e
classificado como resíduo perigoso. Desde 2010, graças à pesquisa e
desenvolvimento da VM e a instalação de novos processos produtivos, esse calcário
se transformou em um produto que vem sendo utilizado na agricultura para corrigir o
pH do solo. É o chamado pó calcário agrícola (PCA), que neutraliza a acidez e
aumenta a produtividade da terra, graças à presença de zinco em sua composição.

Hoje, cerca de 521 mil toneladas de PCA são produzidas anualmente e sua
comercialização representa uma receita da ordem de R$ 10 milhões para a
Votorantim Metais. O novo produto tem a chancela do Ministério da Agricultura e a
qualidade foi atestada pela Universidade Federal de Lavras (MG). Outra grande
conquista está no aspecto ambiental. O desenvolvimento do pó calcário agrícola
permitiu que a unidade de Morro Agudo, em Minas Gerais, eliminasse a geração de
resíduos minerometalúrgicos – que totalizou 273.162 toneladas em 2015 – e
zerasse o envio desses rejeitos para barragens. Com isso, o PCA evita também a
construção de uma nova barragem a cada três anos, trazendo mais ganhos
ambientais e financeiros, uma vez que um empreendimento desse porte tem um custo
de R$ 20 milhões. Atualmente, outros projetos estão sendo conduzidos pelas equipes
de engenharia, tecnologia e inovação da VM. Iniciativas como a de Bongará, no Peru,
e Aripuanã, no Mato Grosso, preveem a substituição de barragens por uma forma de
disposição em pilhas a seco, que, apesar da complexidade do manejo, oferece menos
riscos e possibilita uma reabilitação mais rápida.

Outras possibilidades envolvem a participação das demais empresas da


Votorantim. Um exemplo é o uso de um resíduo gerado nas salas-fornos da fábrica de
Alumínio, em São Paulo, que pode ser coprocessado nas fábricas de cimento e na
indústria siderúrgica. Com essas e outras ações, a Votorantim Metais espera atingir a
meta de reprocessar e reduzir em 50% a geração específica de resíduos
minerometalúrgicos até 2025. O foco é o mesmo: diminuir o impacto ambiental da
disposição e investir em eficiência de processos, no uso de novas tecnologias e na
geração de valor econômico. Outro exemplo é o uso da lama vermelha, resíduo do
processamento da bauxita, para produção de pozolana, matéria-prima para a indústria
de cimento. A iniciativa está em fase de estudos e espera-se que reduza a destinação
de resíduos para barragens, eliminando no futuro a necessidade de construção de
novas estruturas.
5. Conclusão

De acordo com os trabalhos consultados, percebe-se a nível mundial, que nos


últimos anos houve um aumento no numero de pesquisas enfocando as questões
ambientais e um grande interesse na reciclagem e no aproveitamento de resíduos
industriais em diversos setores de engenharia civil, tais como escórias de alto-forno,
escórias de aciaria, cinzas volantes, entre outros resíduos. Atualmente, o
aproveitamento destes resíduos tem sido considerado de grande importância não só
sob aspecto ambiental mas também pela redução de custos.

A ideia de reaproveitar escórias de alto-forno, abundantes e poluidoras atende,


por sua vez, um grande problema das siderúrgicas, preocupadas em reduzir o impacto
ambiental negativo de sua atividade. Em tempos de preocupações ambientais, o
reaproveitamento de materiais da indústria é sempre desejável. Especialmente no
caso das escórias de alto-forno, que são muito abundantes. No Brasil, a produção de
escória de ferro gusa pode chegar a 300 quilos por tonelada, evidenciando a grande
necessidade em reaproveitar esse material.

O reaproveitamento da escória agrega um dividendo ambiental, pois reduz o


consumo de recursos minerais não renováveis, como o calcário e a argila usados na
produção do cimento convencional. O reaproveitamento da escória passa
necessariamente pelo conhecimento de seu comportamento frente ao problema das
reações expansivas, ocasionadas principalmente pela hidratação dos óxidos de cálcio
e magnésio.
6. ReferênciasBibliográficas

American Society For Testing And Material. ASTM C 151 – Standard test method
for autoclave expansion of Portland cement.Philadelphia, 1993.

ASTM C 1260 – Standard test method for potential alkali reactivity of aggregates
(mortar-bar method). Philadelphia, 1994.

ASTM D 4792 – Standard test method for potential expansion of aggregates from
hydration reactions. Philadelphia, 1995.

BRUN, D. W.; YUAN, W. C. Caracterização e aproveitamento dos resíduos


siderúrgicos principais gerados pela aciaria elétrica. Porto Alegre:
PPGEMM/UFRGS, 1994, 34p. [Seminário da disciplina MTMD99- Tópicos especiais-
Resíduos industriais siderúrgicos: caracterização e aproveitamento].

COOMARASAMY; WALZAK, 1995 (colocar o nome completo dos autores, o título do


artigo, a revista ou livros, ou seja, a referência completa)

CRUZ,E. B.; UKAI, E. H. A.; BENEDUCE NETO, F.; TOSETTI, J. P. ; FERREIRA


NETO, J.B. F. Tratamento pirometalúrgico de escórias de aciaria a oxigênio
destinadas à construção civil e fluxos de refino. In: Seminário De Fusão, Refino E
Solidificação Dos Metais, 31. Vitória, 2000. Anais... Vitória: ABM. p. 527-540.

Departamento De Transporte Da Pensilvania. Método PTM 130 – Método de ensaio


para avaliação do potencial de expansão de escória de aciaria. Pensilvania, USA.
Laboratório de Materiais, Teses e Pesquisas, 1982. (método adaptado pelo DER/MG).

European Standard.BS EM 1744-1 – Tests for chemical properties of aggregates –


part 1 – chemical analysis. Brussels, 1998.

Fredericci, C.; Zanotto, E. D.; Ziemath, E. C.; J. Non-Crystal.Solids 2000, 273, 64.

GEISELER, J.; SCHLOSSER, R. Ivestigations concerning structure and


properties of steel slags. In: International Conference on Molten Slags Anf 42. 1998.

GLASSER, F. P. Chemical, mineralogical, and microstructural changes


occurring in hydrated slagcement blends. IN: SKALNY, J.; SIDNEY, M. (Eds.)
Materials Science of Concrete II. Ohio: American CeramicSociety. p 41- 81. 1991

GOLDRING, D. C.; JUCKES, L. M. Petrology and stanbility of steel slags,


Ironmaking and steel making, London, v. 24, n. 6, p. 447-456, 1997.

GUMIERI, A G. Estudo da viabilidade técnica da utilização de escórias de aciaria


do processo LD em materiais de Construção Civil. Porto Alegre, PPGEC/UFRGS.
2000. 91p. Proposta de tese de doutorado.
SHOUSUN, L. Effect of MgO in steel slag on soundnessof cement. In:
International Congress om The Chemistry of Cement. Proceedings.Paris, s ed. 1980.

YU-JI, W.; GONG-XIN, W. Research on the main mineral phase and


itscementitious properties on oxygen converter slag (O C S). In: International
Congress Om The Chemistry of Cement. Proceedings.Paris, s ed. 1980.

IBS. Anuário Estatístico - Brasil Steel Databook. Rio de Janeiro: IBS - Instituto
Brasileiro de Siderurgia, 2004.

IBS. Escorias siderúrgicas – novas tendências. In: Reunião e Pavimentação


Urbana,9., 5-7 ago., 1998. Vitória. Associação Brasileira de Pavimentação, 1998. 22p.

JapanInstitute Standard – JIS A 5015. Escória siderúrgica para construção de


estradas. 1992, 48p.

MACHADO, A.T. Estudo comparativo dos métodos de ensaio para avaliação da


expansibilidade das escórias de aciaria. São Paulo: Dissertação de mestrado.
POLI/USP, 2000.135 p.

MALHOTRA, V. M. SupplementaryCementingMaterials for Concrete Canada.


March, 1987.

MANCIO, M. Caracterização e avaliação das escórias de aciaria elétrica. 2001.


Dissertação (Mestrado em Engenharia) - Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2001

MASUERO, A. B.; VILELA, A. C. F.; DAL MOLIN, D. C. C. Emprego de escória de


aciaria elétrica como adição de concretos. Seminário Nacional sobre
reuso/reciclagem em resíduos sólidos industriais, 2000. Anais. Secretaria de
meioambiente.

MEHTA, P. K.; MONTEIRO, P. J. M. Concreto: estrutura, propriedades e materiais.


São Paulo: Pini, 1994. 573 p.

NBR 11582 – Cimento Portland – Determinação da expansibilidade de Le Chatelier.


Rio de Janeiro, 1991.

Nano Vitrocerâmica De Escória De Aciaria. Eduardo Bellini Ferreira E Edgar Dutra


Zanotto Departamento De Engenharia De Materiais, Universidade Federal De São
Carlos, 2002. RIPA - Rede De Inovação E Prospecção Tecnológica Para O
Agronegócio.

ROSTIK, L. F. EAF Steel.Company on the by-product synergy environment.In:


REWAS 99 p. 1593-1603. San Sebastian, Spain. 5-7 September 1999.

RUBIO A.R.; CARRETERO, J. G. La aplicación de las escorias de


aceriaencarreteras. Ingenieria Civil, v.80, p. 5-8, 1991.
SLAG ATLAS. Committee for Fundamental Metallurgy. S. ED. 1981.

SERSALE, R. et al. Chracterization and potencial uses of steel slag.Silicates


Industriels, Bruxelles, v.51, p.163-170, 1986.

SHOUSUN, L. Effect of MgO in steel slag on soundness of cement. In:


International Symposium On The Chemistry Of Cement.

SILVA, E.; ALMEIDA, C. Escória de alto-forno granulada como agregado miúdo


para argamassa e concreto. In: I Simpósio Nacional De Agregados. Departamento
de Engenharia de Construção Civil. Anais... São Paulo, Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo. 1986. p.255-273.

Veasey, T. J.; Miner. Sci. Engng. 1973, 2, 92; 3.

Você também pode gostar