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Grotius afirmava que a lei natural está na raiz dos direitos naturais: “Os
cidadãos chamam de ‘direito’ uma faculdade possuída por todos os homens...
Esse direito inclui o poder que temos sobre nós mesmos, que se chama
liberdade... Assim como também inclui a propriedade... É injusto aquilo que é
repugnante à natureza da sociedade estabelecida entre criaturas racionais.
Desse modo, tomar de alguém algo que lhe pertence, por exemplo, em mero
benefício de si mesmo, é repugnante à lei da natureza’. No processo de
desenvolver essas idéias, como observou Murray N. Rothbard, estudioso da
história intelectual, Grotius “trouxe os conceitos de lei natural e direitos naturais
para os países protestantes do norte da Europa”.
Grotius demonstrou uma paixão extraordinária pelo conhecimento por
toda sua vida. Foi considerado uma criança prodígio e realizou coisas
impressionantes quando ainda era um jovem rapaz. Conseguiu continuar
estudando mesmo na prisão. Escreveu sua obra mais famosa, De Jure Belli ac
Pacis ([A lei da guerra e da paz], sem dinheiro e como fugitivo, citando cerca
120 vinte autores clássicos (Cícero era seu preferido). A erudição de Grotius
lhe ajudou a fazer amigos entre católicos e protestantes, embora católicos e
protestantes estivessem matando uns aos outros.
Ele teve o azar de ser um protestante perseguido por protestantes, por
defender a posição de que os seres humanos têm livre-arbítrio. Não é
surpreendente, relata van Someren, que “seus amigos freqüentemente o
considerassem temperamental e irritadiço, não usando de tanto tato quando
poderia; mas ainda assim, todos gostavam dele. Sua própria família lhe
adorava, apesar do fato de que ele freqüentemente agir com egoísmo e
provocar discussões”.