Você está na página 1de 212

ROTEIRO METODOLÓGICO

PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE


PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE
CONSERVAÇÃO FEDERAIS

Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio


República Federativa do Brasil
Michel Miguel Elias Temer Lulia – Presidente

Ministério do Meio Ambiente (MMA)


Edson Gonçalves Duarte – Ministro

Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio)


Paulo Henrique Marostegan e Carneiro – Presidente

Diretoria de Criação e Manejo de Unidades de Conservação (DIMAN)


Ricardo Brochado Alves da Silva – Diretor interino

Coordenação Geral de Criação, Planejamento e Avaliação de Unidades de Conservação (CGCAP)


Bernardo Ferreira Alves de Brito – Coordenador Geral interino

Coordenação de Elaboração e Revisão de Planos de Manejo (COMAN)


Ana Rafaela D'Amico – Coordenadora
ROTEIRO METODOLÓGICO
PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE
PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE
CONSERVAÇÃO FEDERAIS
ORGANIZADORES COLABORADORES
Ana Rafaela D'Amico – COMAN Andrea Von Der Heyde Lamberts – Resex Marinha do Pirajubaé
Erica de Oliveira Coutinho – COMAN (equipe ampliada – COMAN)
Luiz Felipe Pimenta de Moraes – COMAN Andrei Tiego Cunha Cardoso – APA Costa dos Corais
Antônio Edílson de Castro Sena – CR 3 (equipe ampliada – CO-
MAN)
AUTORES Arlindo Gomes Filho – CR 6 (equipe ampliada – COMAN)
Ana Rafaela D’Amico – COMAN
Augusta Rosa Gonçalves – Flona de Pacotuba (equipe ampliada –
Andréa Ximenes Mitozo – COMAN COMAN)
Carina Tostes Abreu – COMAN Caio Márcio Paim Pamplona – NGI Antonina-Guaraqueçaba (equi-
Carolina Fritzen – COMAN pe ampliada – COMAN)
Cirineu Jorge Lorensi – COMAN Carlos Henrique Velasquez Fernandes – DIMAN
Denis Helena Rivas – COMAN Cibele Munhoz Amato – Parna do Iguaçu (equipe ampliada – CO-
Desireé Cristiane Barbosa da Silva – COMAN MAN)
Edilene Oliveira de Menezes – COMAN Daniel Castro Corrêa – CGCAP
Eduardo Henrique de Menezes Silva Barros Daniel de Miranda Pinto de Castro – APA Delta do Parnaíba (equi-
– CR 4 (equipe ampliada – COMAN) pe ampliada – COMAN)
Erica de Oliveira Coutinho – COMAN Flávio Zanchetti – Flona de Ibirama (equipe ampliada – COMAN)
Leide Jane Vieira Abrantes – COMAN Inês de Fátima Oliveira Dias – COMAN
Lílian Leticia Mitiko Hangae – APA de Leila Sena Blos – CR 2 (equipe ampliada – COMAN)
Cairuçu (equipe ampliada – COMAN) Luciana Nars – Parna da Serra da Capivara
Lourdes Maria Ferreira – COMAN Maria Jociléia Soares da Silva – Flona do Tapajós
Luiz Felipe Pimenta Moraes – COMAN Mariusz Antoni Szmuchrowski – DMAG
Maria Goretti de Melo Pinto – COMAN Mônia Laura Faria Fernandes – CR 10 (equipe ampliada – COMAN)
Rodolpho Antunes Mafei – COMAN Ofélia de Fátima Gil Willmersdorf – Flona de Ipanema (equipe
Rodrigo Bacellar Mello – Rebio União (equi- ampliada – COMAN)
pe ampliada – COMAN) Paulo Santi Azevedo da Silva – Parna de São Joaquim
Rafael Suertegaray Rossato – Parna do Descobrimento (equipe
ampliada – COMAN)
Ricardo Brochado Alves da Silva – DIMAN

Roteiro metodológico para elaboração e revisão de planos de manejo das unidades de conser-
vação federais (2018: Brasília, DF) / Organizadores: Ana Rafaela D'Amico, Erica de Oliveira Coutinho e
Luiz Felipe Pimenta de Moraes. Brasília: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade:
ICMBio, 2018.

208 p.

ISBN 978-65-5024-002-8

1. Roteiro metodológico. 2. Plano de manejo. 3. Unidade de conservação. I. Instituto Chico


Mendes de Conservação da Biodiversidade. II. Planejamento de unidades de conservação. III. Título.

Catalogação na fonte – Biblioteca do ICMBio | © INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE, 2018.
AGRADECIMENTOS
Ao Programa Parceria para a Conservação da Biodiversidade da Amazônia, financiado pela Agência
dos Estados Unidos para Desenvolvimento Internacional (USAID) e Instituto Chico Mendes de Conser-
vação da Biodiversidade (ICMBio).

Aos colegas das Diretorias, Coordenações e Divisões do ICMBio Sede, Coordenações Regionais e Cen-
tros de Pesquisa que estiveram presentes nos momentos de discussão e construção da metodologia
e diretrizes.

Às equipes das Unidades de Conservação que contribuíram com o aperfeiçoamento da metodologia


e diretrizes, em especial do Parque Nacional de São Joaquim, Reserva Extrativista Marinha de Sou-
re, Parque Nacional do Iguaçu, Área de Proteção Ambiental de Cairuçu e Área de Proteção Ambiental
Costa dos Corais.

Aos representantes do Serviço de Parques dos Estados Unidos (NPS), em especial à Barbara J. John-
son, Chris Church, Erin K. Flanagan, Doug Wilder, Neal Jander, Sarah Conlin e Rafael Wood.

Aos representantes do Serviço Florestal dos Estados Unidos (USFS), em especial à Suelene Couto,
Michelle A. Zweed, Brad Cownover, Charles K. Brewer e Tinelle Bustam.

Às Universidades Parceiras: Universidade Estadual do Colorado e Universidade de Montana.

PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO: Artifície Design - Kátia Ozório


ILUSTRAÇÕES: Inspire Comunicação - Erica Bettiol
FOTOS DE CAPA: @Anders Duarte, Raphael Sombrio, Marcus Zilli e Alessandro Carbone.
Apresentação

Ricardo Brochado Alves da Silva


Diretor Interino da Diretoria de Criação e Manejo de
Unidades de Conservação do ICMBio

Paulo Henrique de Marostergan e Carneiro


Presidente do ICMBio

É com enorme honra e satisfação que apresenta- Há mais de quatro décadas o Brasil elabora pla-
mos o novo Roteiro Metodológico para Elabora- nos de manejo de unidades de conservação e,
ção e Revisão de Planos de Manejo das Unidades como não poderia deixar de ser, o formato e con-
de Conservação Federais. Trabalho feito por mui- teúdo deste instrumento de planejamento terri-
tas mãos e que se pauta nas experiências de des- torial tem refletido o estágio de desenvolvimento
de quando as unidades eram geridas pelo IBAMA, dos conhecimentos, tecnologias e paradigmas ao
IBDF, SEMA... longo deste tempo. Tendo como base principal de
conhecimento as temáticas da biologia, geogra-
A criação do ICMBio deu um foco muito claro para fia, engenharia florestal e agrícola, nos últimos
a implantação das unidades de conservação. A tempos temos bebido cada vez mais na fonte das
organização matricial da instituição, com um ciências sociais e da administração na busca por
desenho que busca espelhar a “vida real” destes repostas no campo da gestão.
territórios, visa atender à complexidade de uma
gestão que dever ser ao mesmo tempo padroni- Estes planos têm se constituído ao longo da his-
zada e flexível, em um país com características de tória por três principais eixos: contextualização,
continente. diagnósticos e caracterização dos ambientes físi-
cos, biológicos e sociais; conteúdos normativos e;
Nestes 11 anos, a instituição tem incorporado, planejamento propriamente dito. Como caracte-
adaptado e desenvolvido uma série de técnicas rística comum, estes três componentes compar-
e ferramentas que trazem dinamicidade ao fluxo tilham um nível de abordagem que vai do mais
de trabalho e ao processo de tomada de decisão abrangente ao mais específico, indo de “contex-
sobre o manejo das unidades de conservação. As tos mundiais” à lista de espécies, do zoneamento
experiências com metodologias de planejamento até a definição de regramentos operacionais e
estratégico, das premissas do manejo adaptati- da definição de objetivos gerais da unidade até
vo, em conjunto com as técnicas de construção a descrição de atividades e pormenorização de
colaborativa e o acesso a uma multiplicidade ações e critérios.
praticamente infinita de dados, condicionou o
desenvolvimento de alternativas pragmáticas Assim, devido ao tamanho do esforço institucio-
para o desempenho da complexa tarefa de dotar nal (tempo e recursos) necessário para sua ela-
as unidades de conservação com instrumentos boração e nível de especificidade de seu conteú-
que promovam o alcance dos seus objetivos de do, os planos de manejo foram se afastando da
existência. sua primordial aplicabilidade como instrumento
dinâmico de gestão das unidades de conser- este modelo sofreu grandes transformações em
vação. um processo de aculturação para ter a necessá-
ria brasilidade, sem a qual não é possível fazer
O contexto atual, por sua vez, demanda toma- frente aos desafios de gestão de unidades de
das de decisão o mais qualificadas e assertivas conservação no país que tem a maior biodiver-
possível, mas sem deixar de lado a objetivida- sidade do planeta e uma das piores distribui-
de e rapidez necessária para fazer frente aos ções de renda.
enormes desafios de gestão destes incríveis
territórios. O intuito deste novo roteiro é trazer A equipe da COMAN, incluindo aí a sua equipe
segurança e agilidade para planejarmos sobre ampliada composta por servidores que estão
contextos complexos e em alinhamento com as espalhados pelo país, com a participação de
diferentes condições de disponibilidade de in- vários setores do ICMBio e de tantos outros
formações específicas e recursos. profissionais que compartilham o entendi-
mento da importância da gestão de unidades
Uma importante decisão ao longo do processo de conservação para a vida, levou a cabo uma
de desenvolvimento, foi a de tratar todas as ca- mudança radical no modo de fazer planos de
tegorias, exceto as RPPN, em um mesmo roteiro manejo no Brasil.
metodológico. Este entendimento está pautado
no aprofundamento na abordagem dos desafios Acreditamos estar contribuindo aqui com um
de gestão pelo ICMBio, onde se observa que as processo de mudança entre um paradigma de
diferenças e similaridades entre as unidades de planejamento que se utiliza de dados e infor-
conservação, no que compete às demandas de mações descritivas e pormenorizadas para
ação institucional, estão mais condicionadas ao um outro que se utiliza de dados dinâmicos
contexto ambiental e socioeconômico em que espacializados, relacionáveis entre si e me-
elas estão inseridas do que ao que prevê sua ca- lhor comparáveis dentro do sistema de unida-
tegoria de manejo. Decisão esta que, ao nosso des de conservação.
ver, além de promover a eficiência institucional
sem condicionar qualquer precariedade na tra- O foco está agora na definição de orientações
tativa das especificidades, fortalece o entendi- e regras objetivas que garantam o arcabou-
mento de sistema. ço necessário para a maior efetividade das
unidades de conservação, ao tempo que pro-
Assim, além do acúmulo de conhecimentos e movam o envolvimento de toda instituição e
práticas institucionais, este Roteiro Metodoló- sociedade em geral no processo de planeja-
gico se inspirou em todos os outros pré-existen- mento e gestão.
tes no Brasil e de vários outros países, tendo
o Foundation Document do Serviço de Parques O futuro ruma para planos de manejo “com vida
Nacionais Norte Americano como um modelo própria”, que sejam elaborados, implementa-
que representou a objetividade que estávamos dos, monitorados e atualizados de maneira
buscando. Mas, como não poderia deixar de ser, muita mais dinâmica, assim como a vida é!
Sumário

ÍNDICE DE FIGURAS E TABELAS 11

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 12

1 INTRODUÇÃO 14

2 DIRETRIZES PARA OS PLANOS DE MANEJO 17

3 O PLANO DE MANEJO E SEUS ELEMENTOS 19


3.1 Componentes fundamentais 25
3.1.1 Propósito da unidade de conservação 25
3.1.2 Significância da unidade de conservação 25
3.1.3 Recursos e valores fundamentais 26
3.2 Componentes dinâmicos 27
3.2.1 Avaliação das necessidades de dados e planejamento 27
3.2.1.1 Análise dos recursos e valores fundamentais 28
3.2.1.2 Análise de questões-chave 28
3.2.1.3 Priorização das necessidades de dados e de planejamento 28
3.2.2 Subsídios para interpretação ambiental 29
3.2.3 Mapeamento e banco de dados de informações geoespaciais
das unidades de conservação 29
3.3 Componentes normativos 30
3.3.1 Zoneamento 30
3.3.1.1 Zona de amortecimento 32
3.3.2 Atos legais, administrativos e normas 38

4 A PARTICIPAÇÃO SOCIAL NO PROCESSO DE PLANEJAMENTO 41

5 O ENFOQUE DE SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS NO PROCESSO DE PLANEJAMENTO 44

6 ETAPAS DE ELABORAÇÃO DO PLANO DE MANEJO 47


6.1 Pré-requisitos e preparação da unidade de conservação para elaboração
do plano de manejo 47
6.2 Organização do planejamento 51
6.2.1 Equipe de planejamento e grupos de acompanhamento 51
6.2.2 Plano de trabalho 55
6.2.3 Definição da estratégia de participação social 55
6.2.4 Reconhecimento da unidade de conservação 57
6.2.5 Especificidades por categoria ou contexto da unidade de conservação 57
6.3 Etapa preparatória 59
6.3.1 Recomendações para o mapeamento das áreas de uso dos recursos naturais 62
6.4 Preparação da oficina de elaboração ou revisão do plano de manejo 62
6.4.1 Levantamento de dados sobre a unidade de conservação 63
6.4.2 Elaboração da caracterização e do resumo de gestão da unidade de conservação 65
6.4.3 Definição dos participantes da oficina de elaboração ou revisão do plano
de manejo 66
6.4.4 Elaboração do guia do participante 68
6.4.5 Organização da oficina de elaboração ou revisão do plano de manejo 73
6.5 Oficina de elaboração ou revisão do plano de manejo 78
6.5.1 Construção dos componentes fundamentais 80
6.5.1.1 Propósito da unidade de conservação 80
6.5.1.2 Significância da unidade de conservação 81
6.5.1.3 Recursos e valores fundamentais 83
6.5.2 Construção dos componentes dinâmicos 85
6.5.2.1 Avaliação de necessidades de dados e planejamento 85
6.5.2.2 Subsídios para interpretação ambiental 94
6.5.2.3 Mapeamento e banco de dados de informações geoespaciais das
unidades de conservação 95
6.5.3 Construção dos componentes normativos 97
6.5.3.1 Zoneamento 97
6.5.3.2 Atos legais, administrativos e normas 141
6.5.4 Fechamento da oficina 143
6.6 Consolidação e aprovação do plano de manejo 144
6.6.1 Conteúdo do plano de manejo 147
6.7 Instrução processual e trâmites administrativos de aprovação e publicação 150

7 PLANOS ESPECÍFICOS 153


7.1 Elaboração dos planos específicos 154
7.2 Aprovação dos planos específicos 155
7.3 Especificidades das unidades de conservação de uso sustentável com populações
tradicionais 156

8 MONITORIA E REVISÃO 157


8.1 Monitoria do plano de manejo 157
8.2 Revisão do plano de manejo 158
8.2.1 Revisão geral do plano de manejo 158
8.2.2 Revisão pontual do plano de manejo 158

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 160

10 GLOSSÁRIO 162

10 ANEXOS 165
10
Índice de figuras e tabelas

Figura 1. Relação dos elementos que compõem o plano de manejo. 22

Figura 2. Representação do plano de manejo enquanto portfólio de planejamento da UC. 24

Figura 3. Enquadramento das zonas por grau de intervenção ou uso diferenciado. 32

Figura 4. Participação social no processo de planejamento. 42

Figura 5. Demonstração da variação da participação ao longo do processo de planejamento. 43

Figura 6. Etapas que compõem o processo de elaboração do plano de manejo. 48

Figura 7. Exemplo de cartão “UAU” e “carro atolado”. 76

Figura 8. Representação gráfica da condição e tendência de um recurso e valor fundamental. 86

Figura 9. Diagrama ilustrativo da análise dos recursos e valores fundamentais. 87

Figura 10. Fluxograma de avaliação dos processos de revisão dos planos de manejo. 159

Tabela 1. Descrição das zonas de manejo. 33

Tabela 2. Utilização das zonas de acordo com as categorias de unidades de conservação. 36

Tabela 3. Comparação entre o grupo de trabalho do conselho e grupo de governança. 54

Tabela 4. Conteúdo do guia do participante e responsáveis pela sua preparação. 71

Tabela 5. Detalhamento das zonas para todas as categorias de UCs. 108

Tabela 6. Conteúdo do plano de manejo. 148

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 11
Lista de abreviaturas e siglas

AEM – Avaliação Ecossistêmica do Milênio


ANA - Agência Nacional de Águas
APA – Área de Proteção Ambiental
APP – Área de Preservação Permanente
Arie – Área de Relevante Interesse Ecológico
CCDRU – Contrato de Concessão do Direito Real de Uso
CDN – Conselho de Defesa Nacional
CGCAP - Coordenação Geral de Criação, Planejamento e Avaliação de Unidades de Conservação
CNUC – Cadastro Nacional de Unidades de Conservação
COMAN - Coordenação de Elaboração e Revisão de Planos de Manejo
CR – Coordenação Regional
CR – Criticamente em Perigo
DIMAN – Diretoria de Criação e Manejo de Unidades de Conservação
DMAG – Divisão de Monitoramento e Avaliação da Gestão
EN – Em Perigo
ENCEA – Diretrizes para a Estratégia Nacional de Comunicação e Educação Ambiental em Unidade
de Conservação
EP – Equipe de Planejamento
EPI – Equipamento de Proteção Individual
FCP – Fundação Cultural Palmares
Flona – Floresta Nacional
FUNAI – Fundação Nacional do Índio
GG – Grupo de Governança
GPS – Sistema de Posicionamento Global
GT – Grupo de Trabalho
IAP – Associação Internacional para a Participação Pública
IBA – Área Importante para Aves
IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
ICMBio – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
IN – Instrução Normativa
INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
IPBES – Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos
MMA – Ministério do Meio Ambiente

12
Mona – Monumento Natural
MPF – Ministério Público Federal
NGI – Núcleo de Gestão Integrada
NPS – Serviço de Parques dos Estados Unidos
PA – Pará
Parna – Parque Nacional
PFE – Procuradoria Federal Especializada
PGTA – Plano de Gestão Territorial e Ambiental
PM – Plano de Manejo
PNAP – Política Nacional de Áreas Protegidas
PNGATI - Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas
PR – Paraná
RDS – Reserva de Desenvolvimento Sustentável
Rebio – Reserva Biológica
Resex – Reserva Extrativista
RTID - Relatório Técnico de Identificação de Delimitação
Revis – Refúgio de Vida Silvestre
RVS – Recursos e Valores Fundamentais
SAF – Sistema Agroflorestal
SAMGe – Sistema de Análise e Monitoramento de Gestão
SC – Santa Catarina
SFB – Serviço Florestal Brasileiro
SIG – Sistema de Informação Geográfica
SIGEO - Sistema Integrado de Geoinformação
SIRGAS – Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas
SISBIO - Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade
SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação
TI – Terra Indígena
UC – Unidade de Conservação
USAID – Agência dos Estados Unidos para Desenvolvimento Internacional
USFS – Serviço Florestal dos Estados Unidos
ZA – Zona de Amortecimento
ZPVS – Zona de Preservação da Vida Silvestre

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 13
1. INTRODUÇÃO

As Unidades de Conservação (UCs) são fun- gração das UCs à vida econômica e social das
damentais como estratégia para a conserva- comunidades residentes e vizinhas.
ção da biodiversidade, e, se bem manejadas,
resguardam, além de espécies ameaçadas e Já o Decreto nº 4.340, de 22 de agosto de 2002,
ecossistemas saudáveis, processos ecológicos que regulamenta a Lei nº 9.985/2000, prevê
que geram múltiplos benefícios, como diver- que os órgãos executores do SNUC devem es-
sos serviços ambientais. No entanto, a gestão tabelecer roteiro metodológico básico para a
dessas áreas ocorre em ambientes dinâmicos, elaboração dos planos de manejo das diferen-
onde as pressões sobre os recursos naturais tes categorias de UCs, uniformizando concei-
tendem a aumentar cada vez mais, assim como tos e metodologias e fixando diretrizes para
é urgente a necessidade de garantir um uso sua elaboração.
sustentável dos recursos resguardados por
estas áreas, visando o benefício das popula- Até dezembro de 2017, o Instituto Chico Men-
ções humanas que deles dependem. des de Conservação da Biodiversidade (ICMBio)
possuía distintos documentos com diferentes
Desta forma, o manejo eficaz das UCs é cada orientações metodológicas para a elaboração
vez mais necessário, o que depende, em gran- de planos de manejo entre as categorias do
de parte, de instrumentos de planejamento SNUC. Para os parque nacionais (Parna), reser-
adequados e eficazes para subsidiar a gestão. vas biológicas (Rebio) e estações ecológicas
Nesse contexto, os planos de manejo (PMs) (Esec) considerava-se o Roteiro Metodológico
são ferramentas essenciais para garantir a de 2002 (Galante et al., 2002) ou sua atualização
efetividade das UCs no desafio de manutenção proposta em 2011 (ICMBio, 2011), a qual não foi
da biodiversidade. oficializada. As florestas nacionais (Flona) tam-
bém contavam com um Roteiro Metodológico
De acordo com a Lei nº 9.985, de 18 de julho de elaborado em 2003 e revisado em 2009 (ICMBio,
2000 (Sistema Nacional de Unidades de Con- 2009). As áreas de proteção ambiental (APA) ti-
servação da Natureza – SNUC), todas as UCs nham como referência o Roteiro Metodológico
devem dispor de um plano de manejo, que para a Gestão de Área de Proteção Ambiental
abranja não só a área da unidade de conser- (IBAMA, 2001), que incluía as diretrizes de pla-
vação, mas sua zona de amortecimento (ZA) e nejamento. A elaboração dos planos de manejo
possíveis corredores ecológicos. Segundo esta participativos das reservas extrativistas (Re-
Lei, o plano de manejo é o documento técni- sex) e reservas de desenvolvimento sustentá-
co no qual se estabelece o zoneamento e as vel (RDS) era orientada pela Instrução Normati-
normas que devem presidir o uso da área e o va (IN) ICMBio nº 01, de 18 de setembro de 2007.
manejo dos recursos naturais, inclusive a im- Para as áreas de relevante interesse ecológico
plantação das estruturas físicas necessárias à (Arie), refúgio de vida silvestre (Revis) e monu-
gestão da UC. Os planos de manejo também mentos naturais (Mona) o ICMBio contava ape-
devem incluir medidas que promovam a inte- nas com orientações internas não formalizadas.

14
Além de configurarem instrumentos de natu- 9.985/2000 (SNUC) de maneira mais objetiva e
reza jurídica distinta com um mesmo objetivo, estratégica, com maior celeridade, aplicabili-
esses documentos não produziam um alinha- dade e envolvimento de outras áreas técnicas
mento técnico em relação às orientações me- do Instituto, sem perda de qualidade técnica e
todológicas para elaboração de planos de ma- com aumento da efetividade de gestão.
nejo, não contemplavam todas as categorias de
UCs e não apresentavam alinhamento técnico Nesta busca, em 2015 foi realizada a Oficina de
para o SNUC. Ferramentas de Planejamento com Enfoque na
Elaboração de Planos de Manejo, em parceria
Em relação ao zoneamento, desde o início da com Serviço Florestal dos Estados Unidos, Ser-
elaboração dos planos de manejo das UCs viço Nacional de Parques dos Estados Unidos e
Federais no Brasil não havia uma padroniza- Universidade Estadual do Colorado. Foi quando
ção para as zonas de manejo utilizadas nas iniciou-se a discussão de uma nova proposta
diferentes categorias. Algumas categorias de elaboração de planos de manejo que pudes-
contavam com zoneamentos padronizados se atender aos desafios e à realidade brasileira,
(um para os parques nacionais, reservas bio- cumprindo as exigências da Lei nº 9.985/2000
lógicas e estações ecológicas e outro para as (SNUC) para todas as categorias de UCs, redu-
florestas nacionais), assim como definições zindo os custos e o tempo de elaboração, e ain-
internas para Aries, Monas e Revis. No caso da considerasse as diferentes especificidades e
das APAs e Resex, o zoneamento ficava a car- contextos locais de cada área.
go de cada equipe de planejamento. Tal situa-
ção levou a uma grande diversidade de zonas A partir desta proposta foram realizadas em
nos planos de manejo existentes até a edição 2016 duas experiências piloto para o desenvol-
deste Roteiro. vimento da nova metodologia: Parque Nacional
de São Joaquim/SC (categoria de proteção inte-
Ressalta-se que as reservas particulares do gral) e Reserva Extrativista Marinha de Soure/PA
patrimônio natural (RPPN) também possuem (categoria de uso sustentável). No ano de 2017
um Roteiro Metodológico para elaboração foi realizada ainda uma terceira experiência pilo-
de seus planos de manejo (ICMBio, 2015), que to, no Parque Nacional do Iguaçu/PR, buscando
incluem a definição de zonas de manejo. No a adaptação da nova metodologia para revisões
entanto, essa categoria não será tratada no do plano de manejo.
presente roteiro por constituir um regime de
dominialidade diverso dos demais, uma vez Durante o desenvolvimento da nova metodo-
que estas áreas são geridas e planejadas pe- logia, entre os anos de 2015 e 2018, foram re-
los seus proprietários, sendo mantido o ro- alizadas diversas oficinas técnicas no ICMBio,
teiro vigente para essa categoria como ins- entre os diferentes processos de gestão, para
trumento orientador para elaboração de seus o nivelamento de entendimentos sobre normas
planos de manejo. gerais em planos de manejo, bem como a re-
visão e padronização dos tipos de zonas pos-
Há alguns anos, o ICMBio, por meio da Coorde- síveis aplicáveis a todas as categorias de UCs.
nação de Elaboração e Revisão de Planos de Como resultado, considerando as experiências
Manejo (COMAN), vem buscando o aperfeiço- acumuladas pelas diversas coordenações do
amento do processo de elaboração e revisão ICMBio, foram produzidas uma lista padroniza-
de planos de manejo, almejando o desenvol- da de normas aplicáveis (para serem avaliadas
vimento de documentos que atendam a Lei nº e discutidas nos processos de elaboração de

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 15
cada plano de manejo) e uma proposta unifor- estratégico e estabelece uma abordagem obje-
mizada de zonas de manejo. tiva e unificada, para que as UCs de diferentes
categorias tenham seus planos de manejo com
Visando o aprimoramento da participação a mesma linguagem e padrão de qualidade,
social na elaboração dos planos de manejo, amparados no princípio do manejo adaptativo
no início de 2017 foi promovida a Oficina de e possibilitando sua elaboração e revisão por
Participação Social nos Processos de Plane- meio de procedimentos mais eficientes em ter-
jamento e Manejo de Unidades de Conserva- mos de tempo e custos.
ção, com o envolvimento de outras unidades
organizacionais do ICMBio e que teve como Desta forma, este Roteiro Metodológico com-
resultado um documento orientador sobre o plementa o processo de aprimoramento da
tema: Estratégia de Participação Social para elaboração dos planos de manejo das UCs
o Planejamento e Manejo de Unidades de Con- federais brasileiras, trazendo não apenas um
servação. método unificado para a elaboração e revisão
dos planos de manejo, mas também a unifor-
O ICMBio também aprimorou a interface entre mização do zoneamento (nomenclatura, con-
os planos de manejo e outros instrumentos de ceitos e usos), além de uma proposta alinhada
planejamento ou regramento, como os acordos de normas gerais para as UCs, sendo resguar-
de gestão e planos de utilização, previstos para dadas suas especificidades e contexto local.
as UCs de uso sustentável com população tra- Essa mudança também contribui para uma
dicional. Nesse sentido, no desenvolvimento do melhor comunicação com a sociedade e os
novo método, foi discutida a incorporação dos usuários das UCs, facilitando a interpretação
acordos de gestão ao plano de manejo enquan- do plano de manejo e a identificação dos usos
to planos específicos de usos de recursos na- e atividades permitidas em cada zona, inde-
turais, de acordo com a realidade de cada UC. pendente da UC em que estejam.
Para tanto, a nova normativa de elaboração e
revisão do plano de manejo também passou Esse roteiro é o resultado de um grande es-
por discussão com representantes dos movi- forço institucional coletivo, que além de toda
mentos sociais, visando garantir a participação a equipe da COMAN, teve a participação de
e o atendimento das necessidades das popu- diversas áreas do ICMBio, com reflexos para
lações tradicionais no planejamento das UCs. além da área de elaboração de planos de ma-
Com isso foi revogada a IN ICMBio nº 29, de 05 nejo, a partir do envolvimento de diferentes
de setembro de 2012, que disciplinava a elabo- setores do Instituto na elaboração do instru-
ração dos acordos de gestão. mento de planejamento mais importante de
uma UC: seu plano de manejo. Também refle-
O amadurecimento dessas propostas culminou te um amadurecimento e fortalecimento ins-
com a publicação da IN ICMBio nº 07/2017, de 21 titucional que geram um significativo avanço
de dezembro de 2017, que estabelece diretrizes para a gestão das UCs federais, cujo resultado
e procedimentos para elaboração e revisão de garantirá uma melhor proteção do patrimônio
planos de manejo de unidades de conservação natural brasileiro e a promoção do desenvol-
da natureza federais. Esta normativa reforça a vimento socioambiental para as presentes e
necessidade do planejamento das UCs em nível futuras gerações.

16
DIRETRIZES PARA OS PLANOS
2.
DE MANEJO

Este Roteiro Metodológico uniformiza a abordagem de planejamento entre as diferentes catego-


rias de UCs, mantendo correspondência de conceitos e componentes do plano de manejo e sal-
vaguardando as especificidades de cada área, visando facilitar a gestão do SNUC. Além de seguir
as orientações aqui apresentadas, conforme a IN ICMBio nº 07/2017, o processo de elaboração ou
revisão dos planos de manejo deverá:

I. Garantir o alinhamento com o planeja- V. Envolver o conselho da UC em todo o


mento estratégico institucional, buscando o processo de elaboração ou revisão do plano
efetivo envolvimento e participação de outras de manejo;
coordenações do Instituto Chico Mendes;
VI. Dar preferência à elaboração conjunta
II. Assegurar a participação efetiva das dos planos de manejo de UCs próximas, rea-
comunidades tradicionais e grupos sociais re- lizando um planejamento territorial integrado,
lacionados à UC, valorizando o conhecimento sempre que possível;
tradicional e local e harmonizando interesses
socioculturais e conservação da natureza; VII. Buscar a participação do Serviço Flores-
tal Brasileiro (SFB) nos planos de manejo onde
III. Buscar maior engajamento da sociedade exista a previsão de concessão florestal ou
por meio da participação de outras institui- manejo florestal comunitário;
ções de governo, de ensino e pesquisa e da so-
ciedade civil, de maneira a possibilitar a troca VIII. Buscar a participação das representações
de informações e promover o alinhamento com locais dos indígenas e quilombolas, quando a
políticas públicas e ações de caráter ambien- UC envolver sobreposição com terras indíge-
tal, social e econômico; nas ou terras de remanescentes de quilombos,
incluindo o diálogo com a Fundação Nacional
IV. Garantir a transparência e a dissemi- do Índio (FUNAI), Instituto Nacional de Coloni-
nação de informações sobre o processo de zação e Reforma Agrária (INCRA) ou Fundação
elaboração do plano de manejo e sua ade- Cultural Palmares (FCP);
quação a cada realidade local, buscando o
esclarecimento prévio e a divulgação de in- IX. Incentivar a participação dos servidores
formações, em linguagem adequada às po- das unidades descentralizadas do Instituto
pulações tradicionais e aos grupos sociais Chico Mendes, buscando ampliar a capacidade
relacionados à UC; institucional de elaboração, implementação e
revisão dos planos de manejo;

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 17
X. Adotar o planejamento estratégico e de ca- Diretrizes complementares para a elaboração
ráter adaptativo, orientado para o enfrentamento ou revisão do plano de manejo em UCs de uso
dos desafios da UC e para a geração de resulta- sustentável com populações tradicionais:
dos, de acordo com sua capacidade de gestão;
XVII. O reconhecimento, valorização e o res-
XI. Promover o aperfeiçoamento contínuo do peito à diversidade socioambiental e cultural
planejamento, por meio de monitorias periódi- das populações tradicionais e seus sistemas de
cas do plano de manejo e de seus planos espe- organização econômico, social e cultural;
cíficos;
XVIII. O reconhecimento de que os territórios
XII. Buscar alinhamento com outros instru- tradicionais são espaços de proteção da re-
mentos de ordenamento territorial; produção social, cultural e econômica das po-
pulações tradicionais;
XIII. Basear-se na melhor informação disponí-
vel a respeito da UC e seu entorno no momento XIX. A garantia dos meios necessários e adequa-
da elaboração ou revisão do plano de manejo, dos para a efetiva participação das populações
buscando o reconhecimento, a valorização e in- tradicionais nos processos decisórios e de seu
tegração de diferentes formas de saber, tanto protagonismo no planejamento e gestão das Re-
de caráter técnico-científico quanto o conheci- sex e RDS, conforme indicado pelo grupo de go-
mento das comunidades tradicionais e locais; vernança;

XIV. Considerar os demais instrumentos nor- XX. O reconhecimento e valorização de di-


mativos vigentes para a UC, tais como termos de ferentes formas de saberes, especialmente as
compromisso, contratos de concessão de direito práticas e conhecimentos das populações tra-
real de uso, perfil da família beneficiária, acordos dicionais;
de gestão, portarias específicas de uso de recur-
sos, entre outros, que podem ter sua revisão indi- XXI. O dever de buscar a melhoria da quali-
cada pelo plano de manejo quando pertinente; dade de vida das populações tradicionais, o
acesso aos serviços básicos e aos direitos de
XV. Observar a participação efetiva das re- cidadania, respeitando-se suas especificida-
presentações das populações tradicionais nas des e características socioculturais; e
unidades de uso sustentável em todo o proces-
so de elaboração, revisão e implementação dos XXII. Que as práticas tradicionais e extrativis-
planos de manejo. tas se constituem em processos históricos su-
jeitos a adaptações, inovações e incorporações
XVI. Considerar a avaliação dos serviços de novas tecnologias, respeitado os atributos
ecossistêmicos fornecidos pelas UCs no pro- de sustentabilidade e prevendo o etnodesen-
cesso de planejamento, como ferramenta de volvimento.
valorização e comunicação de sua importância
para a sociedade.

18
3. O PLANO DE MANEJO E
SEUS ELEMENTOS

De acordo com a Lei nº 9.985/2000 (SNUC), o ferramenta para nortear como a UC deve ser
plano de manejo é um “documento técnico implementada para alcançar seus objetivos de
mediante o qual, com fundamento nos objeti- criação.
vos gerais de uma unidade de conservação, se
estabelece o seu zoneamento e as normas que O plano de manejo também é uma oportunida-
devem presidir o uso da área e o manejo dos de de integrar e coordenar todos os tipos e ní-
recursos naturais, inclusive a implantação das veis de informações, planos e decisões, a partir
estruturas físicas necessárias à gestão da uni- de uma análise do contexto e do entendimento
dade;”. Ou seja, o plano de manejo é a principal comum do que é mais importante acerca da UC.

UM PLANO DE MANEJO POSSUI MUITAS FUNÇÕES:


zz Fornece um meio de comunicar aos dife- zz Identifica as condições, ameaças e proble-
rentes públicos, por meio de um documento mas da UC em relação aos seus recursos e va-
objetivo, o que é mais importante acerca da UC. lores fundamentais.

zz Ajuda a concentrar esforços nos recursos zz Identifica e prioriza planos, estudos e ações
e valores fundamentais para a proteção da UC, de manejo que são necessários para a UC.
cruciais para atingir o seu propósito e manter a
sua significância. zz Identifica as diferentes zonas de manejo,
cujas respectivas ações de manejo visam atin-
zz Fornece uma base para garantir a coerên- gir o propósito da UC.
cia na UC quanto aos planos e decisões, além
de garantir que planejamentos e ações subse- zz Estabelece as normas para utilização dos
quentes contribuam para atingir o propósito recursos naturais da UC.
da UC e outros objetivos.
zz Favorece a integração com planejamento
zz Serve de base para nortear o desenvolvi- institucional, a partir da consulta e descentra-
mento de todos os planejamentos posteriores, lização de planejamentos específicos das UCs,
bem como o seu monitoramento. para as coordenações específicas.

zz Descreve as diretrizes técnicas para os re-


cursos e valores fundamentais da UC.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 19
Os elementos de um plano de manejo são con- Componentes Dinâmicos: são elementos dinâ-
ceitualmente agrupados em quatro partes: com- micos que mudam com o tempo. A medida em
ponentes fundamentais, dinâmicos, normativos que o contexto em que a UC está inserida mu-
e planos específicos, conforme descrito a seguir. dar, ou as condições e tendências dos recursos
e valores fundamentais mudarem com o tem-
Componentes Fundamentais: constituem a po, a análise da necessidade de dados e pla-
missão da UC e geralmente não mudam com o nejamento precisará ser revisitada e revisada,
tempo. Além disso, são a base para o desenvol- juntamente com as questões-chave. Inclui os
vimento dos planos específicos e dos esforços seguintes elementos:
de manejo futuros. Incluem os seguintes ele-
mentos: zz Necessidades de dados e planejamentos:
são identificadas com base na análise dos re-
zz Propósito: expressa para que serve a UC, cursos e valores fundamentais e das questões-
embasado em seus objetivos de criação. chave da UC, e definem quais são os planos e
estudos específicos a serem desenvolvidos de
zz Declarações de significância: definem por- acordo com o contexto de cada UC.
que a UC é especial e importante no contexto
global, nacional, regional e sistêmico. zz Subsídios para interpretação ambiental:
irão contribuir para a definição dos temas in-
zz Recursos e valores fundamentais: expres- terpretativos, dentro do futuro plano de inter-
sam o que a UC possui de mais importante, são pretação ambiental da UC.
os aspectos ambientais, sociais, culturais, his-
tóricos, paisagísticos, entre outros, cuja con- zz Mapeamento e banco de dados geoespa-
servação é essencial para atingir o propósito ciais da UC: compreende as informações espa-
da UC e manter sua significância. cializadas (ou seja, informações com coordena-
das geográficas) da UC e do plano de manejo.
Estas informações podem ser disponibilizadas

A FIGURA 1 mostra as relações entre os ele- Importante ressaltar que os planos e estudos
mentos em um plano de manejo. Embora os específicos geralmente são elaborados pos-
elementos estejam demonstrados como com- teriormente ao plano de manejo, pelas áreas
partimentos separados, é importante perce- temáticas do ICMBio responsáveis por cada
ber que o desenvolvimento de um plano de tema ou pela própria UC. Uma vez aprovados,
manejo é um processo integrado e todos os os planos específicos serão automaticamen-
elementos estão interligados. te incorporados ao plano de manejo. Desta

20
de forma impressa ou como dados geoespaciais mento da quarta parte:
eletrônicos em um ambiente de mapeamento na
internet, por exemplo. Planos e estudos específicos: são definidos
de acordo com a necessidade e o contexto
Componentes Normativos: são elementos que de cada UC, a partir da análise das “Necessi-
sistematizam os atos legais vigentes para a UC, dades de dados e de planejamento” (ver em
bem como definem normas gerais de uso e ges- Componentes Dinâmicos, acima). Conforme
tão de seu território, com implicações legais. vão sendo elaborados e aprovados, os planos
Inclui os seguintes elementos: específicos passam a compor o portfólio do
plano de manejo:
zz Atos legais e administrativos: são requisi-
tos específicos, que são estabelecidos indepen- zz Planos específicos: são documentos téc-
dentemente do plano de manejo e que devem nicos de planejamento ou de caráter normati-
ser observados pelos gestores e usuários. vo que orientam a gestão e o manejo de áreas
temáticas específicas da UC, tais como pla-
zz Normas gerais: são os princípios e regras nos de proteção, de educação ambiental, de
que regem o uso e o manejo dos recursos na- uso público, de pesquisa e monitoramento da
turais da UC. biodiversidade, de uso sustentável de recur-
sos naturais, etc.
zz Zoneamento: consiste no ordenamento
territorial da área, pois estabelece usos dife- zz Estudos específicos: visam atender as ne-
renciados para cada zona de manejo, segundo cessidades de dados. São pesquisas ou orga-
os objetivos da UC. nização de informações consideradas impor-
tantes para subsidiar a gestão, a elaboração
Essas três partes são elaboradas em conjunto de planos específicos, ou para identificar e
e compõem o documento principal do plano monitorar a condição e a tendência dos Re-
de manejo, sendo a base para o desenvolvi- cursos e Valores Fundamentais.

forma, o plano de manejo funciona como um de partida do processo contínuo de planeja-


portfólio de planejamento, onde a base, apre- mento e não o seu fim, sendo um documento
sentada no documento principal, é formada em constante construção e adequação, cus-
pelos componentes fundamentais, dinâmicos tomizado de acordo com as necessidades e
e normativos da UC, e a partir destes os de- prioridades de cada UC. A FIGURA 2 ilustra
mais planos são elaborados e incorporados. a composição do plano de manejo enquanto
Assim, o plano de manejo torna-se o ponto portfólio de planejamento.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 21
FIGURA 1. RELAÇÃO DOS ELEMENTOS QUE COMPÕEM O PLANO DE MANEJO

22
ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 23
FIGURA 2. REPRESENTAÇÃO DO PLANO DE MANEJO ENQUANTO PORTFÓLIO DE PLANEJA-
MENTO DA UC

Detalhamento dos
planos específicos
Item 7

A seguir, são introduzidos os componentes fundamentais, dinâmicos e normativos, seus concei-


tos e importância para o planejamento da UC. Na seção 6 deste Roteiro são detalhados esses
elementos, explicando como construí-los e utilizá-los no processo de elaboração e revisão dos
planos de manejo.

24
3.1 COMPONENTES comendações de planejamento, as decisões
operacionais e as demais ações.
FUNDAMENTAIS
Os componentes fundamentais são os compo- 3.1.2 SIGNIFICÂNCIA DA
nentes principais do plano de manejo e incluem UNIDADE
a declaração do propósito da UC, as declara- DE CONSERVAÇÃO
ções de significância, bem como os recursos e
valores fundamentais. Esses componentes são Declarações de significância
fundamentais porque geralmente não mudam expressam porque os recur-
com o tempo e devem ser considerados como sos e valores da UC são impor-
base para planos e esforços de manejo futuros. tantes o bastante para justificar a sua criação e
inserção no sistema federal de UCs. Tais decla-
Por estarem intimamente ligados com os obje- rações são diretamente associadas ao propósi-
tivos de criação da UC, espera-se que só ocor- to da UC e são apoiadas pelo conhecimento dis-
ram mudanças nos componentes fundamentais ponível, por percepções culturais e consenso.
do plano de manejo em casos excepcionais, por Declarações de significância descrevem a natu-
exemplo, caso ocorram mudanças substanciais reza única da UC, bem como porque a área é im-
nos limites da UC, mudanças de categoria, gran- portante no contexto global, nacional, regional
des mudanças do contexto social, local ou regio- e sistêmico, inclusive pela provisão de serviços
nal, ou identificação de ambientes ou espécies de ecossistêmicos, que são aqueles benefícios que
grande relevância e que necessitem de mudanças aquela área protegida presta à sociedade e que
desses elementos para garantir sua conservação. podem ser especificados.

As declarações de significância refletem o co-


3.1.1 PROPÓSITO DA
UNIDADE DE CONSERVAÇÃO nhecimento científico e acadêmico, bem como
O plano de manejo começa as percepções sociais e culturais mais atuais,
com a definição do propósito as quais podem ter mudado desde o estabele-
da UC. O propósito identifica cimento da UC.
o(s) motivo(s) específico(s)
para a criação de uma dada Declarações de
significância defi-
UC. O propósito de uma UC está baseado em Atenção:
uma análise cuidadosa da razão de sua exis- nem o que é mais Declarações de
tência, incluindo os estudos prévios à criação, importante a res- significância são
os objetivos previstos no decreto de criação e peito dos recur- orientadas por: (1)
sos e valores de legislação relativa
os da categoria de manejo, conforme a lei nº
uma UC, que irão à criação e outros
9.985/2000 (SNUC), podendo ser incluídos ou- dispositivos legais
tros elementos considerados muito relevantes ajudar com o pla-
referentes à sua
nejamento e o
e que não foram identificados à época da cria- implantação; e (2) uma
ção da UC. Além de conectada com a missão do manejo. Apesar melhor compreensão
ICMBio, a declaração de propósito estabelece de cada UC ter dos recursos como
muitos recursos resultado das atividades
o alicerce para o entendimento do que é mais
e valores impor- de manejo, pesquisa e
importante acerca da UC e vai além de apenas
tantes, nem to- engajamento público.
reafirmar o decreto de criação. O propósito
consiste no critério mais fundamental contra dos contribuem
as quais são testadas a conformidade das re- com a significância da UC.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 25
AS DECLARAÇÕES DE SIGNIFICÂNCIA TAMBÉM DEVEM ESTAR RELACIONADAS COM OS
OBJETIVOS DA LEI Nº 9.985/2000 (SNUC), QUE SÃO:

I. contribuir para a manutenção da diver- VIII. proteger e recuperar recursos hídricos e


sidade biológica e dos recursos genéticos no edáficos;
território nacional e nas águas jurisdicionais;
IX. recuperar ou restaurar ecossistemas de-
II. proteger as espécies ameaçadas de ex- gradados;
tinção no âmbito regional e nacional;
X. proporcionar meios e incentivos para ati-
III. contribuir para a preservação e a restau- vidades de pesquisa científica, estudos e moni-
ração da diversidade de ecossistemas naturais; toramento ambiental;

IV. promover o desenvolvimento sustentá- XI. valorizar economica e socialmente a di-


vel a partir dos recursos naturais; versidade biológica;

V. promover a utilização dos princípios e XII. favorecer condições e promover a educa-


práticas de conservação da natureza no pro- ção e interpretação ambiental, a recreação em
cesso de desenvolvimento; contato com a natureza e o turismo ecológico;

VI. proteger paisagens naturais e pouco al- XIII. proteger os recursos naturais necessá-
teradas de notável beleza cênica; rios à subsistência de populações tradicionais,
respeitando e valorizando seu conhecimento e
VII. proteger as características relevantes de sua cultura e promovendo-as social e economi-
natureza geológica, geomorfológica, espeleoló- camente.
gica, arqueológica, paleontológica e cultural;

Declarações de significância acerca de uma UC senciais (fundamentais) para atingir o propó-


geralmente incluem um ou mais dos elemen- sito da UC e manter sua significância. Tais qua-
tos listados acima. Tais declarações são usadas lidades são denominadas recursos e valores
para orientar as decisões relativas ao manejo e fundamentais (RVF) das UCs.
ao planejamento a fim de garantir que os recur-
sos e valores que contribuem com a designação Os recursos e valores fundamentais são aque-
da UC sejam preservados. les aspectos ambientais (espécies, ecossiste-
mas, processos ecológicos ou geológicos), so-
3.1.3 RECURSOS E VALORES ciais (bem-estar social), econômicos, culturais,
FUNDAMENTAIS históricos, paisagísticos e outros atributos, in-
Uma das responsabilidades cluindo serviços ecossistêmicos, e que em con-
mais importantes dos gesto- junto são representativos de toda a UC. Estão
res de UCs é garantir a con- intimamente ligados ao ato legal de criação da
servação e o desfrute público UC, são mais específicos que as declarações de
das qualidades que são es- significância, e são essenciais para a UC atingir

26
seu propósito e manter sua significância. Esses componentes são dinâmicos porque po-
dem mudar mais facilmente com o tempo, o que
Os recursos e valores fundamentais serão leva- é esperado, uma vez que o contexto em que as
dos em conta, prioritariamente, durante os pro- UCs estão inseridas também é mutável ao longo
cessos de planejamento e manejo porque auxi- do tempo, fazendo com que o planejamento e o
liam a concentrar os esforços de planejamento e manejo da UC tenham que ser adaptados para
manejo no que seja realmente significativo acerca responder às novas ameaças e desafios.
da UC. Se os recursos e valores fundamentais fo-
rem degradados, o propósito e a significância da O planejamento da UC também deve levar em
UC podem estar em risco. Além disso, os recursos consideração os princípios do manejo adap-
e valores fundamentais devem ter ligação clara tativo, sendo reavaliado de acordo com a im-
com a conservação da biodiversidade, ou seja, plementação, monitoria e avaliação dos planos
nos casos dos valores sociais e culturais, sua ma- específicos e demais ações em curso. Desta for-
nutenção deve estar ligada ao uso sustentável de ma, este componente do plano de manejo deve
recursos e a conservação da UC. ser adaptado e aprimorado conforme avança a
gestão da UC.
Um recurso ou valor fundamental deve ser algo
que não possa ser questionado, ao menos facil- 3.2.1 AVALIAÇÃO DAS
mente. Deve ser algo com que todos concordem. NECESSIDADES DE DADOS E
Uma questão que as equipes de planejamento PLANEJAMENTO
precisam responder ao identificar recursos e A avaliação das necessidades
valores fundamentais é: “Será que a UC ainda de dados e planejamentos de-
atingiria seu propósito e satisfaria sua(s) de- lineia diretrizes para o plane-
claração(ões) de significância sem este recurso jamento, os projetos que irão
ou valor?” contemplar os principais desafios de gestão e
os requisitos de informação relacionados, como
Os recursos e valores também são identificados é o caso de inventário de recursos e coleta de
pela UC ao preencher o SAMGe. No entanto, é a dados, inclusive dados para o sistema de infor-
partir da análise sistêmica e integrada realizada mações geográficas (SIG).
pelo plano de manejo que são definidos os recur-
sos e valores que são fundamentais para a UC, e O diagnóstico da UC é iniciado com a definição
que deverão nortear as ações de gestão e manejo dos elementos
a partir da elaboração do plano de manejo. fundamentais do Atenção: A avaliação
plano de manejo, é composta por três
que representam passos: (1) análise dos
o que a UC pos-
3.2 COMPONENTES recursos e valores
sui de mais im- fundamentais; (2)
DINÂMICOS portante e finali- identificação de
Os componentes dinâmicos incluem a análise zado nessa fase, questões-chave; e
dos recursos e valores fundamentais, a identi- com a análise si- (3) priorização das
ficação e análise de questões chave, e a pos- tuacional dos re- necessidades de dados
terior avaliação e priorização das necessidades cursos e valores e de planejamento.
de dados e de planejamentos. Este componente fundamentais e
do plano de manejo compreende ainda os sub- a definição das
sídios para interpretação ambiental. questões-chave.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 27
Com base nessa análise são definidas as ne- recursos e valores fundamentais, mas, como
cessidades de dados e de planejamento, fa- chave, são importantes para serem considera-
zendo a conexão direta entre o diagnóstico e dos na gestão e que podem influenciar a pro-
o planejamento da UC. teção dos recursos.

3.2.1.1 Análise dos recursos e valores De forma complementar à análise dos recursos
fundamentais e valores fundamentais, uma questão-chave
Na análise dos recursos e valores fundamen- pode ou não estar diretamente relacionada à
tais é realizada a avaliação do contexto da uma declaração de significância e ao propósito
UC, que identifica as condições, tendências e da UC, mas a falta de ação sobre essa questão
ameaças aos recursos e valores fundamentais. pode afetar diretamente esses componentes.
A partir dessa análise são definidas as neces- Geralmente uma questão-chave é um problema
sidades de planejamento imprescindíveis para que pode ser abordado por um esforço de pla-
reverter as ameaças ou recuperar os RVFs. nejamento futuro, captação de dados ou ação
Também são identificadas as necessidades de manejo e que exige uma decisão dos gesto-
de dados, ou seja, estudos ou organização de res da UC.
informações necessárias para subsidiar a to-
mada de decisões para o manejo ou mesmo 3.2.1.3 Priorização das necessidades de
para identificar ou monitorar as condições e dados e de planejamento
tendências dos RVFs. Diante das situações complexas que envolvem
a gestão de uma UC e da escassez de recur-
A análise dos RVFs e identificação das ne- sos, é necessário ter uma lista de prioridades
cessidades de dados e de planejamento é entre as necessidades de planejamento e de
realizada de forma lógica e com clareza da dados para direcionar os esforços de gestão
relação de causa e efeito entre seus compo- da equipe da UC. Esse direcionamento deve
nentes. Desta forma, espera-se que as princi- ter foco na proteção dos recursos e valores
pais ameaças identificadas para a UC tenham fundamentais (e, portanto, no propósito e
necessidades de planejamento vinculadas, significância) e também contemplar as ques-
direcionando o manejo da área para garan- tões-chave da UC.
tir a conservação de seus recursos e valores
fundamentais, e consequentemente, de seu A elaboração de uma lista inicial de necessi-
propósito e significância. dades de dados e planejamento com base na
análise das questões-chave e dos recursos
3.2.1.2 Análise de questões-chave e valores fundamentais já é uma priorização
Uma questão-chave descreve um gargalo inicial das necessidades da UC. No entanto,
de gestão para a efetiva consolidação da UC essa lista ainda é revisada de forma parti-
(como falta de regularização fundiária, orde- cipativa e com base em critérios técnicos,
namento do uso público, interferências espe- para definir as prioridades para a UC como
cíficas na fauna ou flora que não estão entre um todo.
os RVF, etc.), que são influências importantes
a considerar no manejo da área. Uma questão- O produto final desse processo é uma lista
-chave é a oportunidade de contemplar temas de prioridades que ajudará a UC a concentrar
que não estão diretamente relacionados aos seus esforços na proteção de recursos e valo-

28
res fundamentais e, consequentemente, na sua que sensibilizem o visitante, conectando-o de
significância e no seu propósito e a abordar as forma mais ampla com a UC. Esse é um momen-
questões de manejo mais importantes. to menos técnico e, em geral, os participantes
expressam seu orgulho de fazer parte da UC, da
3.2.2 SUBSÍDIOS PARA sua tradução e divulgação, conseguindo escre-
INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL ver declarações com muito sentimento, emoção
Um dos objetivos da Lei nº e, muitas vezes, com um viés poético.
9.985/2000 (SNUC) é favore-
cer condições e promover a Os subsídios para interpretação ambiental não
educação e a interpretação precisam ser elaborados para aquelas unida-
ambiental (Artigo 4º inciso des que já possuem plano de interpretação ou
XII). Além da prerrogativa legal, a interpretação que sua elaboração seja prioridade para o setor
ambiental no ICMBio segue também as Diretri- responsável por esse planejamento específico,
zes para Visitação em Unidades de Conservação, e não precisam ter esse elemento detalhado
publicadas pelo Ministério do Meio Ambiente em no plano de manejo. No entanto, a definição
2006 (BRASIL, 2006). dos subsídios para interpretação ambiental é
importante para as UCs que não têm previsão
A interpretação ambiental é um conjunto de de elaboração do plano de interpretação, po-
estratégias de comunicação destinadas a re- dendo, dessa forma, utilizar os subsídios para
velar e traduzir os significados dos recursos aprimorar a comunicação com os usuários da
ambientais, históricos e culturais, a fim de UC até que o plano venha a ser desenvolvido.
provocar conexões pessoais entre o público e A decisão da elaboração ou não dos subsídios
o patrimônio protegido. Também é uma ferra- caberá a equipe de planejamento da UC.
menta de grande potencial de sensibilização
e aproximação com a sociedade. Realizada de 3.2.3 MAPEAMENTO E BANCO DE DADOS DE
forma planejada e estruturada, a interpreta- INFORMAÇÕES GEOESPACIAIS DAS UNIDADES
ção ambiental contribui para o fortalecimento DE CONSERVAÇÃO
da compreensão sobre a importância da UC e O banco de dados de informações geoespa-
transforma a visita em uma experiência enri- ciais da UC compreende as informações es-
quecedora e agradável. pacializadas da UC (ou seja, informações com
coordenadas geográficas atribuídas). Estas
Para a oficina de elaboração ou revisão do pla- informações são organizadas em camadas te-
no de manejo busca-se o levantamento de sub- máticas que auxiliam a elaboração do plano
sídios para o posterior planejamento de ações de manejo, através da caracterização da UC,
de interpretação ambiental na UC. Estes subsí- da visualização espacial de seus atributos, e
dios serão um referencial para a elaboração de auxiliará as etapas de zoneamento e normati-
planos, produtos e serviços interpretativos. zação a seguir, além de servir posteriormente
de subsídio para a gestão da UC.
Os subsídios devem refletir o propósito da UC
e se baseiam nas declarações de significância Estas informações podem ser disponibilizadas
e nos recursos e valores fundamentais. Refe- de forma impressa ou como dados geoespa-
rem-se aos principais atributos tangíveis e in- ciais eletrônicos em um ambiente de mapea-
tangíveis, histórias, lendas e significados da UC, mento na internet, por exemplo.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 29
3.3 COMPONENTES
NORMATIVOS
Os componentes normativos do plano de mane- Ou seja, o zoneamento constitui um instru-
jo estabelecem o zoneamento e suas normas, e mento de ordenamento territorial, pois dife-
as normas gerais que devem presidir o uso da rencia espaços internos da UC de acordo com
UC e o manejo dos recursos naturais, conforme certos objetivos de manejo. É, portanto, um
previsto na Lei nº 9.985/2000 (SNUC). Também zoneamento de manejo, em que aos espaços
incluem os atos legais e administrativos que identificados são associadas normas específi-
influenciam no ordenamento e uso da UC. cas para condicionar as atividades permitidas.
Essa diferenciação de espaços, com suas res-
Por serem componentes normativos, com im- pectivas normas, permite harmonizar a reali-
plicações legais caso não sejam cumpridos pe- zação de diferentes usos na mesma UC.
los gestores ou usuários da UC, possuem um
caráter mais permanente e sua alteração so- Assim, uma zona é uma parte no terreno da
mente pode ocorrer com a revisão do plano de UC com determinado tipo de manejo, cujas
manejo. Entretanto, a lista de atos legais e ad- ações tomadas devem ser compatíveis com a
ministrativos, que são atos externos ao plano categoria e com o propósito da UC e levem à
de manejo e até mesmo ao ICMBio em alguns conservação de seus recursos e valores fun-
casos (IN ou portarias de outros órgãos, de- damentais.
cretos, leis etc.) deve ser atualizada constan-
temente pela equipe da UC, independente da O zoneamento garante a continuidade do ma-
revisão do plano de manejo. nejo com o passar do tempo. Como as equi-
pes de trabalho mudam na UC, as zonas e seus
3.3.1 ZONEAMENTO atributos associados continuam a proporcio-
De acordo com a Lei nº nar um quadro geral e orientações no proces-
9.985/2000 (SNUC), zonea- so de tomada de decisões de manejo a curto e
mento é a: longo prazo. Por isso, se trata de um elemento
mais duradouro do planejamento, sujeito a re-
“definição de setores ou zonas em avaliação geralmente em casos onde os obje-
uma unidade de conservação com tivos ou limites da UC são revistos por motivos
objetivos de manejo e normas es- mais drásticos.
pecíficos, com o propósito de pro-
porcionar os meios e as condições
para que todos os objetivos da
unidade possam ser alcançados
de forma harmônica e eficaz”.

30
O ZONEAMENTO DE UMA UC DEVE:

zz Proporcionar variedade de condições de zz Considerar a relação entre a conservação e


recursos e experiências ao visitante, conforme o uso dos recursos e valores da UC e as experi-
a finalidade da UC e as características dos dife- ências dos visitantes em zonas adjacentes e em
rentes ambientes e especialmente de seus re- áreas fora dos limites da UC.
cursos e valores fundamentais.
zz Ser prescritivo, em vez de descritivo. Em
zz Proporcionar o uso racional e sustentável outras palavras, um plano de manejo pode
dos recursos naturais da UC, ao definir áreas zonear uma área porque é importante man-
com diferentes tipos de uso e conservação nas ter as condições existentes ou pode zonear a
UCs de uso sustentável. área para iniciar um afastamento radical do
que existe atualmente em termos de como uma
zz Refletir decisões para determinados valo- área é usada ou manejada.
res e recursos que exigem manejo especial em
áreas específicas da UC, especialmente aqueles
que necessitam de maior grau de proteção para
sua manutenção ou recuperação.

O zoneamento aqui apresentado é fruto de revisados. Esta uniformização do zoneamento


uniformização de zoneamentos para todas foi construída com base no grau de interven-
as categorias de UC, apresentado juntamente ção esperado em cada zona ou no uso diferen-
com este Roteiro e somente será aplicado para ciado a que são destinadas, sendo 14 zonas,
os novos planos de manejo, não havendo alte- divididas em quatro grupos, como demonstra-
ração dos planos vigentes até que eles sejam do na FIGURA 3.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 31
3.3.1.1 Zona de amortecimento Zoneamento
Conforme definido pela Lei nº 9.985/2000 não está prevista Completo
(SNUC), a zona de amortecimento é “o entor- para as APA e RPPN. Item 6.5.3.1

no de uma unidade de conservação, onde as


atividades humanas estão sujeitas a normas e A Lei nº 9.985/2000
restrições específicas, com o propósito de mi- (SNUC) também determina que o plano de
nimizar os impactos negativos sobre a unidade” manejo deve abranger a ZA e os corredores
(art. 2º - XVIII). A mesma lei determina que as ZA ecológicos, e outros dispositivos normativos
podem “ser definidas no ato de criação da uni- que tratam do assunto devem ser observados
dade ou posteriormente” (art. 25 - § 2º), sendo quando da definição da ZA, por exemplo, as
que, “uma vez definida formalmente, não pode Resoluções do CONAMA 375/2006, 378/2006,
ser transformada em zona urbana” (art.49). A ZA 428/2010 e 473/2015).

FIGURA 3. ENQUADRAMENTO DAS ZONAS POR GRAU DE INTERVENÇÃO OU USO DIFE-


RENCIADO

32
TABELA 1. DESCRIÇÃO DAS ZONAS DE MANEJO

ZONAS

Zona de É a zona onde os ecossistemas existentes permanecem o mais preservado possível, não
ZONAS SEM OU COM BAIXA INTERVENÇÃO

Preservação sendo admitidos usos diretos de quaisquer naturezas. Deve abranger áreas sensíveis e
aquelas onde os ecossistemas se encontram sem ou com mínima alteração, nas quais
se deseja manter o mais alto grau de preservação, de forma a garantir a manutenção de
espécies, os processos ecológicos e a evolução natural dos ecossistemas.

Zona de É a zona que contém ambientes naturais de relevante interesse ecológico, científico e
Conservação paisagístico, onde tenha ocorrido pequena intervenção humana, admitindo-se áreas em
avançado grau de regeneração, não sendo admitido uso direto dos recursos naturais. São
admitidos ambientes em médio grau de regeneração, quando se tratar de ecossistemas
ameaçados, com poucos remanescentes conservados, pouco representados ou que
reúna características ecológicas especiais, como na Zona de Preservação.

Zona de Uso É a zona que contém ambientes naturais de relevante interesse ecológico, científico e
Restrito paisagístico, onde tenha ocorrido pequena intervenção humana, admitindo-se áreas em
médio e avançado grau de regeneração, sendo admitido uso direto de baixo impacto
(eventual ou de pequena escala) dos recursos naturais, respeitando-se as especificidades
de cada categoria. Zona exclusiva para UCs de uso sustentável, monumento natural e
refúgio de vida silvestre.

Zona de Uso É a zona que contém ambientes naturais ou moderadamente antropizados, admitindo-se
Moderado áreas em médio e avançado grau de regeneração, sendo admitido uso direto dos recursos
ZONAS COM MÉDIA INTERVENÇÃO

naturais nas UCs de uso sustentável, monumento natural e refúgio de vida silvestre, desde
que não descaracterizem a paisagem, os processos ecológicos ou as espécies nativas e
suas populações.

Zona de Uso É a zona que contém ambientes naturais, podendo apresentar alterações antrópicas,
Comunitário onde os recursos naturais já são utilizados pelas comunidades ou que tenha potencial
para o manejo comunitário destes, incluindo usos florestais, pesqueiros e de fauna,
quando possível. Zona exclusiva para reservas extrativistas, florestas nacionais,
reservas de desenvolvimento sustentável, área de proteção ambiental e área de
relevante interesse ecológico.

Zona de É a zona composta por áreas de florestas nativas ou plantadas, com potencial econômico
Manejo para o manejo sustentável dos recursos florestais madeireiros e não madeireiros. Nas
Florestal UCs constituídas de grandes áreas de florestas nativas, esta zona é destinada ao manejo
florestal empresarial, em conformidade com a lei de gestão das florestas públicas. Zona
exclusiva para florestas nacionais e áreas de proteção ambiental.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 33
Zona de É a zona que pode ser constituída por ambientes naturais ou por áreas significativamente
Infraestrutura antropizadas, onde é tolerado um alto grau de intervenção no ambiente, buscando sua
integração com o mesmo e concentrando espacialmente os impactos das atividades
e infraestruturas em pequenas áreas. Nela devem ser concentrados os serviços e
instalações mais desenvolvidas da UC, comportando facilidades voltadas à visitação,
à administração da área e, no caso de UCs de uso sustentável, monumento natural e
ZONAS COM ALTO GRAU DE INTERVENÇÃO

refúgio de vida silvestre, ao suporte às atividades produtivas.

Zona É a zona destinada a abrigar as concentrações de populações residentes nas UCs e suas
Populacional possíveis áreas de expansão, cuja presença seja compatível com a categoria, assim
como as áreas destinadas às infraestruturas comunitárias, de serviços e de suporte
à produção. Zona exclusiva para UCs de uso sustentável e, em situações excepcionais,
para monumentos naturais e refúgios de vida silvestre.

Zona de É a zona que compreende áreas com ocupação humana de baixa densidade, onde o
Produção processo de ocupação deverá ser disciplinado e serão admitidas a moradia, atividades
de produção e de suporte à produção, com o incentivo de adoção de boas práticas de
conservação do solo e dos recursos hídricos e o uso sustentável dos recursos naturais.
Zona exclusiva para áreas de proteção ambiental, e quando couber, para áreas de
relevante interesse ecológico, monumentos naturais e refúgios de vida silvestre.

Zona Urbano- É a zona que abrange regiões com alto nível de alteração do ambiente natural, onde se
industrial localizam áreas já urbanizadas ou com condições favoráveis à expansão da urbanização
e onde estão instalados ou têm potencial para instalação de empreendimentos de
mineração ou indústrias, buscando seu ordenamento. Zona exclusiva de áreas de
proteção ambiental, podendo ser utilizada em florestas nacionais quando a mineração
estiver prevista no decreto de criação.

34
Zona de É a zona que contém áreas nas quais há sobreposição do território da unidade de
Sobreposição conservação com outras áreas protegidas, tais como outras Unidades de Conservação,
Territorial os territórios indígenas declarados e terras quilombolas delimitados nos termos
da legislação vigente. Nesta zona, o manejo e a gestão serão regulados por acordos
específicos estabelecidos de forma a conciliar os usos daquelas populações e a
conservação ambiental.

Zona de É a zona que contém áreas ocupadas por empreendimentos de interesse social,
ZONAS COM USOS DIFERENCIADOS

Diferentes necessidade pública, utilidade pública ou soberania nacional, cujos usos e finalidades
Interesses são incompatíveis com a categoria da Unidade de Conservação ou com os seus objetivos
Públicos de criação.

Zona de É a zona que contém áreas consideravelmente antropizadas ou empreendimentos que


Adequação não são de interesse público, onde será necessária a adoção de ações de manejo para
Ambiental deter a degradação dos recursos naturais e promover a recuperação do ambiente e onde
as espécies exóticas deverão ser erradicadas ou controladas. Zona provisória, uma vez
recuperada será incorporada a uma das zonas permanentes.

Zona de Uso É a zona que contém ambientes naturais ou antropizados, onde ocorrem populações
Divergente humanas ou suas áreas de uso, cuja presença é incompatível com a categoria de manejo
ou com os objetivos da unidade de conservação, admitindo-se o estabelecimento
de instrumento jurídico para compatibilização da presença das populações com a
conservação da área, lhes garantindo segurança jurídica enquanto presentes no interior
da unidade de conservação. Essas populações estarão sujeitas às ações de consolidação
territorial pertinentes a cada situação. Caso sejam populações tradicionais conforme
definição do Decreto nº 6.040/2007, deve-se observar o Art. 42 da Lei nº 9.985/2000.
Zona não utilizada para Área de Proteção Ambiental. Zona Provisória, uma vez realocada
a população ou efetivada outra forma de consolidação territorial, esta será incorporada
a outra(s) zona(s) permanente(s).

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 35
TABELA 2. UTILIZAÇÃO DAS ZONAS DE ACORDO COM AS CATEGORIAS DE UNIDADES DE CON-
SERVAÇÃO

UCs de Proteção Integral

Reserva Estação Parque Monumento Refúgio


Biológica Ecológica Nacional Natural de Vida
Zonas Silvestre
Zonas sem ou com Zona de Preservação
baixa intervenção
Zona de Conservação

Zona de Uso Restrito NA NA NA

Zonas com média Zona de Uso


intervenção Moderado
Zona de Uso NA NA NA NA NA
Comunitário
Zona de Manejo NA NA NA NA NA
Florestal
zonas com alto grau Zona de
de intervenção Infraestrutura
Zona Populacional NA NA NA

Zona de Produção NA NA NA

Zona Urbano- NA NA NA NA NA
industrial
Zonas com usos Zona de Sobreposição
diferenciados Territorial
Zona de Diferentes
Interesses Públicos
Zona de Adequação
Ambiental
Zona de Uso
Divergente

(NA = não se aplica).

36
UCs de Uso Sustentável

Área de Área de Relevante Floresta Reserva Reserva de Reserva de


Proteção Interesse Ecológico Nacional Extrativista Fauna Desenvolvimento
Ambiental Sustentável

NA

NA NA NA NA

NA

NA NA NA NA

NA NA NA NA

NA

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 37
A função da ZA é a contenção dos possíveis atos administrativos de outros órgãos fede-
efeitos negativos externos sobre a UC, em es- rais, estaduais ou municipais, empresas de
pecial ao alcance do seu objetivo de criação, utilidade pública, organizações parceiras e
como invasões de espécies exóticas, patóge- outras entidades.
nos, poluentes, incêndios, atividades ilegais
ou desordenadas, etc., levando em conside- Os atos legais são instrumentos formais de
ração todo o contexto onde a área protegida ordenamento jurídico relacionados ao ter-
está inserida. ritório da UC, da região em que se encontra
inserida ou relativo aos recursos naturais por
A decisão sobre a delimitação e normatização das ela protegido que devem ser observados no
ZA das UCs federais é condicionada às diretrizes seu planejamento e gestão. Podem ser cita-
institucionais vigentes, associada ao contexto da dos como exemplos algumas leis, decretos,
área e à origem da demanda, sendo o início do instruções normativas, portarias específicas,
processo avaliado caso a caso. Para as UCs que resoluções, entre outros, que trazem restri-
já possuem a ZA estabelecida no ato de criação, o ções, obrigações ou especificidades adicio-
plano de manejo inclui a discussão e definição de nais para o território.
suas normas, conforme estabelecido pela Lei nº
9.985/2000 (SNUC), não sendo obrigatório o plano Os atos administrativos são, em geral, acordos
tratar da delimitação não existente. que tenham sido atingidos por meio de proces-
sos formais e documentados. São exemplos os
3.3.2 ATOS LEGAIS, termos de compromisso, acordos de coopera-
ADMINISTRATIVOS E NORMAS ção, convênios, concessões, etc.
A identificação de atos le-
gais e atos administrativos, Os atos legais e os atos administrativos, além de
e a definição das normas ge- orientar e regular o uso da área, podem respal-
rais de uma UC são parte es- dar, em muitos casos, uma rede de parcerias que
sencial do plano de manejo. auxiliam a cumprir os objetivos da UC e facilitam
Muitas decisões de manejo em uma UC são as relações de trabalho com outras organizações.
dirigidas ou influenciadas por atos legais e

38
DURANTE A OFICINA DE PLANO DE MANEJO, zz parcerias obrigatórias ou voluntárias
É IMPORTANTE LEVAR EM CONSIDERAÇÃO
EVENTUAIS ATOS LEGAIS E ATOS ADMINIS- zz acordos intergovernamentais (por exem-
TRATIVOS APLICÁVEIS À UC PORQUE: plo, entre a UC e o governo municipal)

zz eles responsabilizam os gestores da UC zz contratos de servidão sobre as terras da UC


a realizarem ações específicas (como alguma
ação exigida por ordem judicial). zz autorizações para uso comercial

zz agregam papéis, funções e responsabilida- zz termo de cooperação técnica com institui-


des, importâncias adicionais à UC, etc. ções de ensino/pesquisa

zz complementam o quadro de normas gerais zz termo de ajustamento de conduta entre o


da UC a ser observado. MPF, infrator e UC

zz termo de reciprocidade com instituições


diversas
EXEMPLOS DE ATOS LEGAIS E ATOS ADMI-
NISTRATIVOS:
zz termo de compromisso com comunidades
zz direito de uso estabelecidos referentes a
pastagem, mineração, pesca comercial, caça, etc. zz limites de pesca

zz requisitos para desvio de água / obriga- zz restrições sobre atividades recreativas


ções de abastecimento de água
zz restrições sobre a coleta de plantas e animais
zz direito de passagem para concessionárias
públicas zz áreas fechadas ao público (permanente ou
temporariamente)
zz contratos de longo prazo

Além das normas de cada zona, trabalhadas no nos objetivos gerais da categoria e nos objeti-
zoneamento, toda UC possui um arcabouço de vos de criação da UC. Constituem componente
normas gerais que devem ser observadas por to- essencial de gestão e planejamento de uma UC
dos que se relacionam com a UC e em todo o seu e, portanto, de seu plano de manejo. Também
território. definem os procedimentos a serem adotados na
UC, condicionando ou restringindo atividades,
As normas gerais são princípios e regras abran- de modo a servir como orientação institucional
gentes sobre o uso da área e o manejo dos re- às ações e restrições que se fizerem necessárias
cursos naturais, estabelecidas com fundamento ao manejo e à implementação da área.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 39
Essas normas devem ser definidas em função cursos não previstas na legislação vigente ou
das necessidades de gestão da área protegida, em outros instrumentos de gestão, mas cuja
considerando suas especificidades, respeitan- categoria e objetivos da UC permitem. Farão
do a legislação vigente e as diretrizes gerais e parte também as normas específicas que sejam
as normas do ICMBio (instruções normativas, complementares ao plano de manejo e a outros
portarias, etc.). instrumentos de gestão (termos de compromis-
so, termos de ajustamento de conduta, perfil da
Dada a diversidade de temas relacionados à ges- família beneficiária, entre outros).
tão de uma área protegida, as normas gerais po-
derão ser elaboradas segundo temas específicos Caso haja normas específicas essenciais à gestão
(visitação, pesquisa, infraestrutura, realização imediata da UC, que estejam bem amadurecidas
de eventos, etc.), visando facilitar o seu entendi- localmente e que não haja previsão de serem al-
mento e sua utilização por parte dos gestores e teradas em curto ou médio prazo, pode-se ava-
usuários da UC. Conforme o tema a ser normati- liar, excepcionalmente, a pertinência de incluir
zado, setores específicos do ICMBio poderão ser tais normas diretamente no plano de manejo,
consultados, visando a adequada abordagem do quando este estiver em elaboração.
assunto em questão. Exemplos de normas gerais
são apresentados no ANEXO 2. Acordos de gestão ou planos de utilização
A IN ICMBio nº 07/2017 (Art. 15) revogou a IN ICM-
Já as normas específicas visam regulamen- Bio nº 29/2012, que disciplinava a elaboração de
tar de forma mais detalhada o uso da área acordos de gestão em Resex, RDS e Flona (com
e o manejo dos recursos naturais das UCs, população tradicional). Assim, nos casos de UCs
a exemplo de normas específicas de visita- dessas categorias que possuírem acordo de ges-
ção, de pesca, de uso do fogo, de manejo de tão ou plano de utilização. em vigor, as normas
produtos não madeireiros, etc. Essas nor- constantes nestes instrumentos deverão ser
mas preferencialmente não devem entrar no revisadas e avaliadas quanto à pertinência de
plano de manejo, pois são muito específicas inclusão ou revogação no plano de manejo em
e dinâmicas, sendo passíveis de construção elaboração, ou reconhecimento do instrumento
e de modificação com maior frequência du- existente como um plano específico, se compa-
rante a gestão da UC. tível com o plano de manejo.

Assim, as normas específicas integrarão os pla- Para a construção de planos específicos nas UCs
nos específicos, que poderão ser construídos dessas categorias deve-se observar especial-
concomitantemente à elaboração do plano de mente as determinações do Art. 14 da IN ICMBio
manejo, de maneira a aproveitar os esforços e nº 07/2017, ressaltando-se que a elaboração de
oportunidades, ou serão construídos posterior- normas nessas UCs sempre será discutida de
mente à publicação do plano de manejo, com o forma participativa com a população tradicional
tempo e os atores mais adequados. beneficiária e seguindo as orientações do setor
responsável pelo
Somente farão parte das normas dos planos tema no ICMBio.
específicos as regras específicas de uso de re-
Como construir os
elementos do PM
Itens 6.5.1, 6.5.2 e
6.5.3.

40
A PARTICIPAÇÃO SOCIAL NO
4.
PROCESSO DE PLANEJAMENTO

A participação social possui longa tradição na Esta visão expressa a integração de estraté-
gestão de UCs brasileiras, desde o IBAMA e a par- gias entre diferentes coordenações do ICMBio
tir de 2007 com o ICMBio, sempre contando com e busca motivar e inspirar o corpo técnico do
setores especializados na temática. A participa- órgão, além de informar à sociedade o objetivo
ção social na gestão de UCs também conta com do processo (ICMBio, 2017).
respaldo da legislação brasileira, especialmente
na Lei nº 9.985/2000 (SNUC), no Plano Estraté- Para que a participação social ocorra de forma
gico Nacional de Áreas Protegidas (Decreto nº efetiva e qualificada no processo de planejamento,
5.758/2006) e na Política Nacional de Participa- é de fundamental importância compreender que a
ção Social (Decreto nº 8.243/2014). Em relação ao participação na gestão de uma UC não se resume
processo de elaboração e revisão dos planos de à elaboração do plano de manejo. Não é apenas
manejo, a IN 07/2017 também coloca a necessida- neste momento que a equipe deve envolver a so-
de de participação social entre as diretrizes para ciedade, mas sim ao longo de todo o caminhar da
elaboração e revisão dos planos de manejo. gestão da UC, desde sua criação. O principal ins-
trumento para isso é o conselho da UC, enquanto
No início de 2017 foi promovida a Oficina de Par- fórum de discussão, negociação e gestão do ter-
ticipação Social nos Processos de Planejamen- ritório (ICMBio, 2014). Desta forma, é de suma im-
to e Manejo de Unidades de Conservação, com portância que, antes de se iniciar o processo de
o envolvimento de diversos setores do ICMBio. elaboração do plano de manejo, o conselho da UC
Nela foram estabelecidos a visão, os princípios esteja instituído, formalizado e atuante.
norteadores, valores chave, objetivos, boas
práticas, além de recomendações para identi- A participação social ocorre, portanto, em di-
ficação dos atores a serem envolvidos e para versos momentos durante a elaboração do pla-
o planejamento da participação. A oficina teve no de manejo, de acordo com a temática e a ca-
como resultado um documento orientador so- tegoria da UC: na etapa preparatória, na oficina
bre o tema: Estratégia de Participação Social de elaboração ou revisão do plano de manejo,
para o Planejamento e Manejo de Unidades de na revisão do documento e na elaboração dos
Conservação (ICMBio, 2017). planos específicos, etc. (FIGURA 4). Além disso,
os momentos de participação ao longo do pro-
Dentre os resultados foi consolidada a seguinte cesso possuem diferentes objetivos, como in-
visão para a participação social no processo de formar, consultar, envolver ou atuar de forma
planejamento e manejo das UCs: colaborativa para a construção coletiva dos
elementos do plano de manejo.
“Planejamos com participação
efetiva e qualificada, harmonizan-
do interesses sociais e conserva-
ção da natureza”

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 41
Para permitir a análise dos objetivos de parti- tivos (ICMBio, 2017), especialmente na organização
cipação necessários em cada contexto, a Es- do planejamento, conforme item 6.2 deste roteiro.
tratégia de Participação Social apresenta uma
ferramenta de planejamento dos processos Além da participação qualificada em momentos
participativos, o Espectro de Participação Social específicos da elaboração dos planos de mane-
(ANEXO 3). Este espectro foi adaptado do que foi jo, o acompanhamento do processo se dará por
desenvolvido pela International Association for um grupo de trabalho do conselho da UC, ou, no
Public Participation (IAP2), em 2014, com concei- caso das reservas extrativistas (Resex) e reser-
tos da Escada da Participação Cidadã, propos- vas de desenvolvimento sustentável (RDS), pelo
ta por Sherryl Arnstein em 1969, e que tem sido grupo de governança.
uma referência importante ao processo de Ges-
tão Participativa no ICMBio (ICMBio, 2017). O grupo de trabalho do conselho é formado por
conselheiros e representantes externos (quan-
O Espectro de Participação Social serve para au- do pertinente), e é responsável por acompanhar
xiliar na decisão e transparência sobre o nível de todo o processo enquanto instância de apoio
participação mais adequado para cada etapa es- ao conselho da UC, participando das discus-
pecífica do processo de planejamento (FIGURA 5). sões junto à equipe de planejamento quanto a
Cada um dos níveis corresponde aos diferentes estratégia de par-
objetivos de participação avaliados como neces- ticipação social e
sários e pertinentes a uma dada atividade no pro- comunicação a se- Detalhamento sobre
cesso participativo. Estes objetivos de participa- rem adotadas no aplicação do processo
participativo
ção levam em conta a categoria de manejo da UC, processo e atuan-
Item 6.2.3
seu contexto local e serão identificados no mo- do na interlocução
mento de planejamento dos processos participa- com o conselho.

FIGURA 4. PARTICIPAÇÃO SOCIAL NO PROCESSO DE PLANEJAMENTO

42
PRINCÍPIOS NORTEADORES

I. Avaliar o contexto;
II. Participação social contínua;
III. Promover a inclusão;
IV. Considerar as necessidades das partes interessadas na tomada de decisão;
V. Diálogo de saberes;
VI. Incentivar o engajamento social e o pertencimento;
VII. Aprendizado adaptativo;
VIII. Construção de relações de confiança mútua;
IX. Transparência e comunicação;
X. Distribuição justa de custos e benefícios.

Já o grupo de governança é formado pela equipe a seguir, que foram elaborados com base na Po-
de planejamento, representantes das populações lítica Nacional de Áreas Protegidas (PNAP), na
tradicionais, do conselho da UC e por assessores Lei nº 9.985/2000 (SNUC) e nas Diretrizes para
técnicos externos quando necessário, e terá res- a Estratégia Nacional de Comunicação e Educa-
ponsabilidades relacionadas as definições quan- ção Ambiental em Unidade de Conservação (EN-
to às atividades pertinentes ao processo de pla- CEA) e devem ser observadas nos processos de
nejamento, a participação social, a estratégia de elaboração dos planos de manejo.
comunicação e pela interlocução com o conselho
da UC, além do acompanhamento do processo de O ANEXO 4 apresenta o detalhamento dos prin-
elaboração do plano de manejo. cípios norteadores, em conjunto com os valores
e as boas práticas recomendadas pela Estraté-
A Estratégia de Participação Social também gia de Participação Social para o Planejamento
apresenta dez princípios norteadores, listados e Manejo de Unidades de Conservação.

FIGURA 5. DEMONSTRAÇÃO DA VARIAÇÃO DA PARTICIPAÇÃO AO LONGO DO PROCESSO


DE PLANEJAMENTO

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 43
O ENFOQUE DE SERVIÇOS
5. ECOSSISTÊMICOS NO PROCESSO DE
PLANEJAMENTO

O enfoque de serviços ecossistêmicos na ges- gia elétrica. O Plano Estratégico Nacional de


tão de UCs brasileiras está implícito na legisla- Áreas Protegidas (Decreto nº 5.758/2006) tem a
ção brasileira. O artigo 4º da Lei nº 9.985/2000 adoção da abordagem ecossistêmica na gestão
(SNUC) cita como objetivo do sistema a prote- das áreas protegidas como um dos seus princí-
ção das contribuições da natureza para o bem- pios. A abordagem ecossistêmica é uma estra-
-estar humano, nomeadamente paisagens de tégia para a gestão integrada da terra, recursos
notável beleza cênica, recursos hídricos e edá- hídricos e recursos vivos que promove a con-
ficos e os recursos naturais necessários à sub- servação e o uso sustentável e equitativo dos
sistência de populações tradicionais. Os artigos benefícios da natureza para a sociedade (UK
47 e 48, por sua vez, reconhecem os ecossiste- Ecosystem Assessment, 2011).
mas das UCs como provedores de benefícios,
tais como a provisão de água, prevendo assim Para que o enfoque de serviços ecossistêmicos
o pagamento por parte daqueles que se bene- possa ser utilizado de forma efetiva e qualifi-
ficiam, como os órgãos ou empresas, públicos cada no processo de planejamento de UCs, é
ou privados, responsáveis pelo abastecimento de fundamental importância compreender, em
de água, usuários de recursos hídricos ou res- primeiro lugar, o conceito de serviços ecossis-
ponsáveis pela geração e distribuição de ener- têmicos.

44
DEFININDO SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS

O conceito de serviços ecossistêmicos é uma e por isso passíveis de receber compensações,


tentativa de entendimento da contribuição monetárias ou não, por essas ações, incluindo
dos ecossistemas para o bem-estar da socie- a criação e manutenção de UCs.
dade (Fisher et al., 2009). O termo se refere às
diferentes maneiras como dependemos da na- Os Serviços de Provisão dizem respeito aos
tureza. A definição mais utilizada ainda é a da produtos que as pessoas obtêm da natureza,
Avaliação Ecossistêmica do Milênio (AEM) que como água, alimentos, fibras e sementes, ma-
conceitua os serviços ecossistêmicos como os deira/lenha, carvão vegetal, plantas medici-
benefícios que o homem obtém dos ecossis- nais, entre outros. Os Serviços de Regulação
temas. De forma complementar, a abordagem dizem respeito aos benefícios que as pessoas
conceitual desenvolvida pela Plataforma Inter- obtêm da regulação do ambiente pelos ecos-
governamental sobre Biodiversidade e Serviços sistemas e/ou seres vivos, como regulação do
Ecossistêmicos (IPBES) define os benefícios da clima, do microclima e qualidade do ar, controle
natureza para as pessoas, que incluem os ser- de erosão e manutenção da fertilidade do solo,
viços ecossistêmicos (provisão, regulação e cul- controle biológico de pragas e vetores de doen-
turais), assim como todos os benefícios que a ças, polinização e dispersão de sementes, regu-
humanidade - indivíduos, comunidades, socie- lação dos fluxos de água e controle de secas e
dade, nações ou a humanidade como um todo inundações, depuração ecológica de efluentes,
– obtém da natureza (Díaz et al., 2015). Serviços entre outros. Os Serviços Culturais são os be-
ecossistêmicos como provisão de água, plantas nefícios que as pessoas obtêm do contato com
medicinais, polinização de culturas agrícolas, a natureza que contribuem para a cultura e as
beleza cênica de paisagens, inspiração artísti- relações sociais, como identidade cultural/his-
ca e proteção contra inundações são essenciais tórica, beleza cênica e conservação da paisa-
para a alimentação, saúde, energia, recreação gem, inspiração para a cultura, arte e design,
e turismo e outras condições básicas necessá- lazer e recreação, valor científico e educacional
rias para assegurar nossos meios de vida e o dos ecossistemas, identidade espiritual e re-
crescimento sustentável. Já o conceito de “ser- ligiosa. Deve se destacar ainda os Serviços de
viços ambientais” corresponde a ações huma- Suporte, que são necessários para a produção
nas para proteger os serviços ecossistêmicos, do todos os outros serviços ecossistêmicos.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 45
O enfoque de serviços ecossistêmicos e sua ecossistêmicos prestados pela UC sejam con-
apresentação no plano de manejo é bastante siderados, e aqueles mais importantes, sejam
útil quando se trata de comunicar a importân- incorporados ao plano de manejo. Cabe a equi-
cia das UCs para as comunidades do seu entor- pe de planejamento avaliar, de forma participa-
no e para a sociedade em geral. Muitas vezes tiva, em quais elementos do plano de manejo
a falta de informação sobre os benefícios eco- eles melhor se adequam.
nômicos e sociais gerados pela unidade impe-
de que ela seja avaliada pela comunidade de Durante a elaboração do plano de manejo o en-
entorno e pela sociedade como um elemento foque de serviços ecossistêmicos pode ser uti-
essencial para o bem-estar e desenvolvimento lizado em diversos momentos, como na etapa
humano, tanto no nível local quanto regional. preparatória para discussão das áreas e regras
Esta situação cria desafios para a gestão dos de uso da UC, na oficina de elaboração ou revi-
recursos naturais e para a canalização de re- são do plano de manejo, como recurso ou valor
cursos financeiros para as UCs, o que dificulta fundamental, por exemplo, e na elaboração dos
o enfrentamento adequado das ameaças. planos específicos, de acordo com a temática e
a categoria da UC.
A identificação participativa dos serviços ecos-
sistêmicos prioritários prestados por cada UC Muitas vezes, não basta reconhecer, mas também
(e respectivas áreas prestadoras) permite a é importante mensurar os benefícios fornecidos
formulação de mensagens-chave sobre a im- pelas UCs, para fortalecer argumentos em favor
portância de cada UC, que pode ser utilizada destas áreas e desenhar instrumentos econô-
em materiais de comunicação e como argu- micos que permitam capturar esse valor para a
mento face a diferentes grupos de interesse. própria UC. Portanto deve ser ponderada a im-
portância de incluir a valoração destes serviços
Desta forma, é importante que os serviços como um planejamento específico da UC.

46
ETAPAS DE ELABORAÇÃO
6.
DO PLANO DE MANEJO

A IN ICMBio nº 07/2017 estabelece as etapas e 6.1 PRÉ-REQUISITOS E


os procedimentos técnicos e administrativos
a serem adotados ao longo do processo de
PREPARAÇÃO DA UNIDADE
elaboração do plano de manejo. Este Rotei- DE CONSERVAÇÃO PARA
ro apresenta um detalhamento destas etapas ELABORAÇÃO DO PLANO DE
e orientações metodológicas adicionais para
o melhor desenvolvimento da elaboração do
MANEJO
Para que seja possível elaborar um plano de
plano de manejo. Para se alcançar o resultado
manejo condizente com a realidade local, com
final, a elaboração é organizada em diferentes
participação social efetiva e qualificada e efe-
etapas que seguem uma ordem lógica.
tivo para a gestão, alguns pré-requisitos são
necessários:
Seguindo as orientações deste Roteiro, a ela-
boração do plano de manejo deve levar de 12 a
I. a UC deverá possuir chefia e ao menos um
18 meses, conforme o contexto da UC.
servidor designado para acompanhamento admi-
nistrativo e logístico do processo em nível local;

II. a UC deverá possuir conselho instituído;

III. a UC deverá dispor de recursos financeiros


destinados à elaboração ou revisão do plano
de manejo.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 47
FIGURA 6. ETAPAS QUE COMPÕEM O PROCESSO DE ELABORAÇÃO DO PLANO DE MANEJO

48
ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 49
Nos casos em que a UC fizer parte de Núcleo sobre a existência
Procedimento
de Gestão Integrada (NGI), este deverá possuir da UC, seus obje- administrativo:
chefia instituída, que deve designar um servi- tivos, a função do Registro formal,
dor para acompanhamento do processo de ela- ICMBio, regras ge- em processo
boração do plano de manejo. rais de gestão da administrativo, do
UC, etc., para que início da elaboração
O envolvimento da equipe da UC em todas as do plano de manejo
seja possível envol-
(realizado pela
etapas de construção do documento agrega o vê-las adequada- COMAN)
conhecimento sobre o contexto da área, de- mente no processo
monstra compromisso com a gestão da UC e de elaboração do
resulta em maior apropriação do instrumento, plano de manejo.
que pode garantir uma melhor implementação
do planejamento. Além disso, o acompanha- É imprescindível a existência de recursos finan-
mento da equipe da UC na organização admi- ceiros para a elaboração do plano de manejo,
nistrativa e logística é importante para viabi- incluindo as etapas preparatórias, oficina de
lizar a realização da oficina de elaboração ou elaboração ou revisão do plano de manejo e ou-
revisão do plano de manejo e outras ativida- tras atividades. O início da elaboração do plano
des relativas ao processo em nível local. de manejo sem orçamento garantido pode le-
var à descontinuidade do processo, causando
A elaboração do desatualização de dados levantados, retraba-
Atenção: A UC é
responsável pela plano de manejo lho, investimento desnecessário de tempo dos
comunicação com de uma UC sem o servidores, entre outras consequências que le-
o conselho sobre conselho instituí- vam ao não alcance das metas institucionais e
a elaboração do do só ocorrerá em à frustração dos envolvidos.
plano de manejo! casos excepcio-
nais, quando o es- Caso a elaboração do plano de manejo não
tabelecimento do conselho for inviável mas a possa ser iniciada pela COMAN, considerando
elaboração do plano de manejo for estratégica, a ordem de priorização estabelecida, mas a UC
ou quando os dois processos ocorrerem de ma- já atenda aos pré-requisitos necessários e seu
neira simultânea. Nestes casos, para andamen- conselho esteja atuante, a equipe poderá rea-
to do processo deverá haver a autorização das lizar etapas preparatórias e outras atividades
diretorias relacionadas às temáticas de plano previstas neste Roteiro e nas demais orienta-
de manejo e conselhos. ções da COMAN.

A observação dos primeiros pré-requisitos é A realização destas atividades previamente à


importante para que haja um fluxo constante organização do planejamento pode preparar a
de comunicação sobre o processo de plane- UC (equipe ICMBio e atores locais) para a elabo-
jamento com a sociedade local, por meio da ração do plano de manejo e otimiza o processo
chefia e do conselho da UC. quando esse for iniciado. No entanto, deve-se
realizar sempre a comunicação e o acordo com
Além disso, antes de iniciar a elaboração do pla- a COMAN para que seja avaliada a posição da UC
no de manejo, a UC deverá realizar uma aproxi- na priorização, devendo a elaboração estar pre-
mação com as comunidades do interior ou entor- vista em até um ano após o início destas ativida-
no, caso ainda não tenha sido feita. É importante des para que não haja desperdício dos recursos
que essas comunidades tenham conhecimento financeiros e esforço empregados no processo.

50
6.2 ORGANIZAÇÃO DO
PLANEJAMENTO
A etapa de organização do planejamento con- 6.2.1 EQUIPE DE PLANEJAMENTO E GRUPOS
siste na definição da sequência de atividades DE ACOMPANHAMENTO
(passo-a-passo) necessárias para a elabora- Para que a equipe de planejamento tenha
ção do plano de manejo, incluindo definição da ideia clara de todo o esforço e recursos (hu-
equipe de planejamento, o alinhamento entre manos e financeiros) necessários para a ela-
as partes envolvidas, e o cronograma físico-fi- boração do plano de manejo, é imprescin-
nanceiro de trabalho. Devem ser observados dível que todo o processo seja previamente
os princípios da economicidade, eficiência, efi- desenhado em um plano de trabalho, consi-
cácia, efetividade e participação social, para o derando suas etapas, atores envolvidos, cro-
aperfeiçoamento sistemático da gestão. nograma, prazos, logística, custos, resultados
esperados, etc. (CEAPUC, 2010). É fundamental
O primeiro passo desta etapa é definir a equipe identificar se os recursos necessários estão
de planejamento (EP). A organização do planeja- disponíveis, evitando que o processo seja pa-
mento inclui as atividades detalhadas a seguir. ralisado por falta de recursos ou que não al-
cance os resultados esperados.

A EQUIPE DE PLANEJAMENTO (EP) É RESPONSÁVEL POR:

zz supervisão técnica e metodológica;

zz procedimentos administrativos;

zz análise e aprovação técnica do plano de manejo e produtos intermediários;

zz acompanhar e participar de todas as etapas do processo de elaboração do plano de manejo.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 51
A equipe de planejamento é formada por ser- tal função. Para isso, a COMAN dispõe também
vidores da COMAN ou de sua equipe ampliada da equipe ampliada de geoprocessamento,
e servidores da UC, e por outros representan- composta por servidores que podem auxiliar
tes do ICMBio, definidos à dependência do con- os processos caso a UC não disponha de um
texto de cada unidade. Nos casos de cogestão servidor com tal conhecimento e habilidade.
formalizada, representantes da instituição par- Na indisponibilidade de um servidor para esta
ceira também poderão compor a equipe de pla- função, deverá ser avaliada a possibilidade de
nejamento. Nas Resex e RDS, as concessioná- um colaborador de outra instituição ou a con-
rias do Contrato de Concessão do Direito Real tratação de um profissional. O técnico de ge-
de Uso (CCDRU) ou as associações, nas UCs que oprocessamento será o responsável pela or-
ainda não celebraram o contrato, indicarão um ganização da base de dados, preparação dos
representante da população tradicional para mapas para a oficina de elaboração ou revisão
integrar a equipe de planejamento. do plano de manejo, apoio às atividades na
oficina, finalização posterior do zoneamento
A equipe ampliada da COMAN é composta por e elaboração dos mapas do plano de manejo,
servidores de outros setores do ICMBio, in- entre outras.
cluindo UCs, nomeados por Ordem de Servi-
ço, que tem a mesma função dos servidores A equipe de planejamen-
Procedimento
da COMAN na coordenação e supervisão dos to deverá ser formaliza-
administrativo:
processos de elaboração e revisão de planos da por ordem de serviço, Publicação da
de manejo. Ao longo do roteiro, sempre que de acordo com o modelo ordem de serviço
citada a COMAN, esta abrange este grupo de a ser fornecido pela CO- estabelecendo
servidores. MAN. Na ordem de servi- a equipe de
ço deverão ser definidos planejamento
A EP deverá contar com um técnico de geopro- os servidores responsá-
cessamento, sempre que possível do corpo de veis pela supervisão geral do processo e aque-
servidores do ICMBio, cabendo à UC e à CO- les que coordenam ou são responsáveis por de-
MAN identificar um colaborador interno para terminadas atividades.

RESULTADOS ESPERADOS NA ORGANIZAÇÃO DO PLANEJAMENTO

zz Definição da equipe de planejamento e minuta da ordem de serviço;

zz Formação do grupo de trabalho do conselho ou do grupo de governança;

zz Elaboração do plano de trabalho;

zz Previsão de recursos financeiros e aquisições / contratações necessárias;

zz Definição da participação social;

zz Reconhecimento da UC pela equipe de planejamento.

52
O supervisor acompanha o processo de ela- No caso das Resex e RDS, deverá ser consti-
boração do plano de manejo, monitorando tuído um grupo de governança (GG), formado
e avaliando a execução do plano de traba- pela equipe de planejamento, representantes
lho, identificando problemas, solucionando das populações tradicionais, do conselho da
emergências e propondo ajustes quando ne- UC e por assessores técnicos externos quando
cessário. Também é a instância que deve ga- necessário. O GG terá responsabilidades rela-
rantir o alinhamento técnico e institucional cionadas as definições quanto às atividades
do processo, através da observação se as pertinentes ao processo de planejamento, a
orientações existentes estão sendo cumpri- participação social, a estratégia de comunica-
das e buscando entendimentos entre setores, ção, pela interlocução com o conselho da UC e
quando necessário. O supervisor é sempre um acompanhamento do processo de elaboração
servidor da COMAN, que pode ou não exercer do plano de manejo.
também o papel de coordenador, e tem a úl-
tima palavra na tomada de decisão no âmbito A formação do GT ou GG é de responsabilida-
da equipe de planejamento. de da chefia da UC, seguindo as orientações
da COMAN. Estes deverão ser formados ain-
O coordenador deve manter a equipe de pla- da na etapa de organização do planejamento,
nejamento organizada e focada no processo e preferencialmente antes da reunião técnica
suas etapas, executando o plano de trabalho. de organização do planejamento. Nas Resex
Também tem o papel de fazer a interlocução e RDS a representação da população tradicio-
entre setores internos ou externos ao ICMBio nal no GG será estabelecida pela concessio-
para viabilizar as atividades planejadas. nária do CCDRU ou pelas associações, nas UCs
que ainda não celebraram o contrato, em con-
Além da equipe de planejamento, deverá ser junto com o conselho deliberativo, observada
constituído para todas as categorias de UCs, a participação majoritária e representativa
exceto Resex e RDS, um grupo de trabalho (GT) da população tradicional.
do conselho, formado por conselheiros e repre-
sentantes externos, quando pertinente. O GT do Os grupos de acompanhamento (GT ou GG) de-
conselho é responsável por acompanhar todo verão ser envolvidos na etapa de organização
o processo de elaboração do plano de manejo do planejamento, devendo participar desta
enquanto instância de apoio ao conselho da UC, etapa conforme a função de cada grupo, de-
participando das discussões quanto a estraté- talhada na TABELA 3 que apresenta o detalha-
gia de participação social e de comunicação e mento e comparação das características des-
atuando na interlocução com o conselho. sas instâncias.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 53
TABELA 3. COMPARAÇÃO ENTRE O GRUPO DE TRABALHO DO CONSELHO E O GRUPO DE
GOVERNANÇA

Grupo de Trabalho (GT) Grupo de Governança (GG)

Categoria de UC  Todas, exceto Resex e RDS.  Resex e RDS.

 Acompanhamento do processo;  Acompanhamento do processo;


 Definição da estratégia de participação social;  Definição das atividades pertinentes ao
 Definição da estratégia de comunicação; processo;
 Interlocução com o conselho.  Definição da estratégia de participação
social;
 Definição da estratégia de comunicação;
 Interlocução com o conselho.
Atividades  Avaliação da necessidade de etapa preparatória;
Principais  Avaliação da necessidade de esclarecimentos e divulgação de informações sobre o plano
de manejo para os grupos sociais relacionados;
 Complementação da caracterização da UC em conjunto com as populações tradicionais;
 Avaliação de áreas de ocupação e uso de recursos naturais (conduzida pela UC);
 Discussão prévia das normas gerais que orientarão a gestão (conduzida pela UC).

Participação  Atua como representante do conselho na  Não há garantia de vaga para todos os
na Oficina oficina. integrantes;
 De acordo com avaliação de
participantes conforme Roteiro;
 Podem integrar a oficina como observadores.
Formalização  Aprovação da maioria simples dos membros  Resolução do conselho.
do conselho, com o devido registro em ata de
reunião.
Integrantes yy Conselheiros; yy Equipe de planejamento;
yy Representantes externos (quando yy Representantes das populações
pertinente). tradicionais;
yy Representantes do conselho da UC;
yy Assessores técnicos externos (quando
necessário).
Número Máximo yy 5 vagas yy 10 vagas, sendo 5 reservadas à equipe
de planejamento.

Limitações para yy Disponibilidade de recursos financeiros para custear a participação de grupos grandes;
composição e
participação no yy Tempo estimado para finalização do processo.
processo

54
6.2.2 PLANO DE TRABALHO 6.2.3 DEFINIÇÃO DA ESTRATÉGIA DE
Assegurados os recursos financeiros, a equi- PARTICIPAÇÃO SOCIAL
pe de planejamento deverá elaborar um plano Durante a organização do planejamento a EP
de trabalho físico-financeiro com as etapas e deverá definir quais serão os momentos de par-
atividades previstas, os responsáveis, prazos, ticipação social no processo, além da oficina de
produtos esperados e o custo estimado. O elaboração ou revisão do plano de manejo e
plano de trabalho também deverá apresentar das reuniões de conselho. Para tanto, a EP de-
o valor necessário e a fonte de recursos para verá avaliar a necessidade ou não de oficinas
elaboração do plano de manejo, indicando as ou reuniões prévias (etapa preparatória) e qual
aquisições e contratações necessárias (logísti- o público a ser envolvido. Para essa decisão,
ca, relatorias, facilitação gráfica, etc), as formas também deve ser considerado se há limite de
como elas ocorrerão (licitação, compra direta, tempo para a finalização do plano de manejo, a
tomada de preço, etc) e os prazos necessários adequação à disponibilidade de recursos, além
para que as aquisições sejam efetivadas. de aspectos metodológicos, prevendo etapas
com clara viabilidade de execução e obtenção
Ao definir as responsa- de resultados com qualidade.
Procedimento
administrativo: bilidades no plano de
trabalho, a equipe de O Espectro de
O plano de trabalho Atenção:
planejamento deverá Participação So-
deverá ser incluído Na elaboração do plano
priorizar a elaboração cial (ANEXO 3) é
no processo de manejo a participação
dos documentos (guia a ferramenta que
administrativo, onde social ocorre em diversos
do participante, plano auxiliará a equipe
são registradas as momentos, como nas
de manejo, etc.) pela de planejamento
etapas e documentos oficinas prévias para
própria equipe ou na escolha dos
gerados durante a discussão das áreas e
outros servidores do objetivos de par-
elaboração do plano regras de uso, na oficina
ICMBio. ticipação e de
de manejo. de elaboração do plano
como trabalhar
de manejo, na revisão
A redação do plano em cada ativida-
do documento e na
de manejo deverá de. Para garantir
elaboração dos planos
Lista de documentos ser realizada prio- uma participa-
específicos, de acordo
do processo ção qualificada
ritariamente pela com a temática e a
administrativo
Item 6.7 equipe de planeja- no processo de-
categoria da UC.
mento, consideran- verão ser consi-
do que grande par- derados os se-
te do documento é guintes critérios: (1) a participação social deve
composto pelos resultados da oficina de elabo- refletir o nível de interesse, de corresponsabi-
ração ou revisão do plano de manejo. A contra- lidade e de governança dos atores sociais; (2)
tação de equipe de apoio para a relatoria das limitações legais; (3) nível de preparação dos
oficinas e reuniões prévias realizadas na etapa atores sociais envolvidos (ICMBio, 2017).
preparatória, e da oficina de elaboração ou re-
visão do plano de manejo, bem como do regis- A EP também deverá definir quais serão os gru-
tro gráfico se necessário, deve ser considerada pos sociais envolvidos em cada etapa ou ati-
quando não houver servidores suficientes para vidade do processo para alcançar o resultado
esta atividade. esperado e garantir a participação da socie-

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 55
dade e de instituições públicas relacionadas do Ministério da Defesa na elaboração do pla-
com a UC nas discussões e decisões. Deverá no de manejo.
ser buscado o envolvimento não só dos usu-
ários, beneficiários e moradores do entorno, A Estratégia de Participação Social para o Pla-
mas das entidades associativas, prefeituras, nejamento e Manejo de Unidades de Conser-
setores econômicos, científicos, etc, sempre vação (ICMBio, 2017) também apresenta orien-
de acordo com a realidade de cada UC. As UCs tações para a identificação dos atores sociais
situadas em faixa de fronteira também deve- e o planejamento da participação.
rão avaliar o envolvimento de representantes

PERGUNTAS QUE PODEM SER FEITAS PARA IDENTIFICAR OS GRUPOS E ATORES SOCIAIS
A SEREM ENVOLVIDOS NO PROCESSO

Perguntas para identificar os grupos e atores Perguntas para subsidiar o planejamento da


sociais a serem envolvidos no processo participação social.

zz Quem está dentro e no entorno da UC? zz Onde queremos chegar com o processo?

zz Quem utiliza recursos na UC? zz O contexto/momento favorece a participa-


ção e a discussão?
zz Quem desempenha ou tem interesse em
desempenhar alguma atividade na UC? zz Os afetados estão prontos para participar,
levando em consideração os diferentes níveis
zz Quem tem expertise no processo? de participação? A equipe gestora está prepa-
zz Quem se autodeclara interessado (política, rada, levando em consideração os diferentes
econômica ou socialmente)? níveis de participação?

zz Quem são as lideranças? zz Qual o nível de organização social?

zz Quem são os impactados pela UC? Quem zz Qual o nível de envolvimento atual dos ato-
são os beneficiários, moradores, usuários? res sociais?

zz Quem são os envolvidos nos conflitos do ter- zz Qual nível de envolvimento que precisa-
ritório? mos dos atores sociais? Como os setores-chave
interagem na configuração do território?
zz Quem são os parceiros efetivos e poten-
ciais da gestão da UC? zz Como envolver os atores sociais essenciais
para a elaboração dos instrumentos? Como en-
tender/estimular/resgatar o pertencimento das
pessoas em relação às UC? Quais temas preci-
sam ser tratados? E com quais atores chave?

zz Qual o nível de impacto da questão a ser dis-


cutida na vida dos envolvidos? Quais os limites
legais/institucionais à participação na questão?

56
6.2.4 RECONHECIMENTO DA UNIDADE DE texto em que a UC está inserida, observando as
CONSERVAÇÃO seguintes recomendações:
Para conduzir o processo de forma adequada,
é imprescindível que a equipe de planejamento
UCs de uso sustentável com população tradi-
tenha conhecimento geral sobre a UC, seus am-
cional (Resex, RDS, Flona e APA)
bientes e principais espécies protegidas, popu-
lações tradicionais usuárias ou grupos sociais zz Discutir as normas gerais com a população
relacionados, ameaças e oportunidades, etc. tradicional previamente à oficina de elaboração
Trata-se de um conhecimento geral, que pode ou revisão do plano de manejo;
ser obtido pela leitura de documentos sobre a
UC, apresentação da equipe da UC em reunião zz Realizar o mapeamento de áreas de uso,
ou visita técnica em campo. recursos explorados e possíveis atrativos de
uso público; e
A visita técnica em campo pode se dar durante
a reunião de organização do planejamento, se zz Envolver as comunidades tradicionais no
realizada presencialmente e próxima à UC; ser processo, informando a respeito e garantindo
conciliada à oficina de elaboração ou revisão a participação de seus legítimos representan-
do plano de manejo, sendo realizada imediata- tes na etapa preparatória e na oficina de ela-
mente antes do início da mesma; ou em outro boração ou revisão do plano de manejo.
momento relativo à preparação da oficina, con-
comitantemente à ações de definição ou viabi- UCs com domínio compartilhado (APA, Mona
lização logística do evento. e Revis)

A visita técnica deverá ter objetivos claros e fo- zz Sempre observar definições de zoneamento
car em pontos críticos para a gestão e é desejável e usos impostas pelo decreto de criação da UC;
que a EP a realize.
zz Realizar caracterização da malha fundiária,
Também é importante que a equipe de mode- com identificação dos principais tipos de ocu-
ração conheça a UC, sendo um critério a ser pação e domínio do território. O levantamento
considerado para realização da visita um dia fundiário completo não é necessário para a ela-
antes da oficina de elaboração ou revisão do boração ou revisão do plano de manejo;
plano de manejo, e também porque permite o
envolvimento dos outros participantes, mes- zz Discutir as normas gerais com os principais
mo não sendo imprescindível, uma vez que o grupos sociais e econômicos previamente à ofi-
principal critério de seleção dos integrantes cina de elaboração ou revisão do plano de ma-
da oficina é que sejam conhecedores da UC. nejo; e,
Para a decisão deverão ser avaliadas as ques-
tões logísticas, recursos necessários e tempo zz Realizar o mapeamento de áreas de uso,
disponível dos participantes. recursos explorados e possíveis atrativos de
uso público.
6.2.5 ESPECIFICIDADES POR CATEGORIA OU
CONTEXTO DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO UCs de proteção integral de domínio público
Ainda na organização do planejamento a EP de- com população tradicional usuária ou residente
verá adequar o processo de planejamento às
zz Usar a melhor informação disponível quan-
especificidades de cada categoria ou do con-
to à ocupação da área, sendo que o censo de

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 57
moradores para subsidiar o plano de manejo UCs com grande espelho d’água (UCs marinhas)
somente deve ser realizado quando considera-
zz Avaliar caso a caso a disponibilidade de
do imprescindível para o planejamento;
informações para o zoneamento e a imprescin-
dibilidade de levantamentos prévios à elabora-
zz Nas UCs com termos de compromisso já
ção do plano de manejo.
firmados, estes deverão ser reconhecidos pelo
plano de manejo;
UCs com pouca informação disponível
zz Nas UCs ainda sem termo de compromisso,
zz Avaliar informações disponíveis no proces-
o plano de manejo deverá se ater as normas ge-
so de criação, caso sejam insuficientes para o
rais de uso da área, sendo que o detalhamento
planejamento, realizar o levantamento dos da-
dos usos de recursos naturais deverá ser objeto
dos essenciais, sempre com foco nos desafios
do termo de compromisso;
de gestão da UC.
zz Discutir as normas gerais com a população
usuária previamente à oficina de elaboração ou UCs localizadas em faixa de fronteira
revisão do plano de manejo; e,
zz Buscar o envolvimento de representantes das
Forças Armadas no processo de planejamento.
zz Realizar o mapeamento de áreas de uso,
recursos explorados e possíveis atrativos de
zz Incluir normas específicas para UCs situa-
uso público (conforme a categoria da UC).
das em faixa de fronteira.

UCs de domínio público sem regularização


UCs com sobreposição com terras indígenas e
fundiária efetivada
territórios quilombolas
zz Avaliar as atividades econômicas desenvol-
zz Avaliar os requisitos legais em cada caso.
vidas nas áreas não-regularizadas;

zz Envolver no processo de elaboração do


zz Buscar diálogo com proprietários das áreas
plano de manejo os órgãos responsáveis pelas
não-regularizadas.
políticas indígenas e quilombolas, bem como
as comunidades envolvidas.
UCs com concessão florestal (Flona e APA)
zz Para a elaboração do guia do participante,
zz Envolver o Serviço Florestal Brasileiro (SFB)
quando possível, envolver outras instituições
em todo o processo de planejamento;
governamentais relacionadas ao território so-
breposto e setor do ICMBio responsável pela
zz A realização de inventário florestal prévio é
temática de sobreposição territorial.
recomendável, mas sua inexistência não impe-
de a elaboração do plano de manejo; e,
zz No caso das áreas de sobreposição, os et-
nomapeamentos e os etnozoneamentos produ-
zz Sempre que possível, a mobilização para
zidos no âmbito dos PGTAs das Terras Indíge-
elaboração do plano de manejo deverá ser
nas sobrepostas precisam ser incorporados ao
concomitante com a mobilização para os pré-
plano de manejo para subsidiar a definição das
-editais de concessão, sob responsabilidade
ações prioritárias na Zona de Sobreposição Ter-
do SFB.
ritorial e nos planejamentos específicos;

58
zz Em caso de ausência de representação de 6.3 ETAPA PREPARATÓRIA
membros de territórios sobrepostos na oficina
A etapa prepa-
de elaboração ou revisão do plano de manejo, Atenção:
ratória é consti-
quando devidamente justificado, poderá ser re- Essa etapa deve ser
tuída por reuni-
alizada uma consulta específica à comunidade. realizada pela equipe da
ões, oficinas ou
UC, sob orientação da
zz A devolutiva e validação da versão do plano le v an t amen t o s
COMAN.
de manejo produzida na oficina de elaboração que podem ser
ou revisão do plano de manejo pode ocorrer necessários an-
nas instâncias de governança próprias dos po- tes da oficina de elaboração ou revisão do pla-
vos e comunidades afetadas e podem ser feitas no de manejo. Essa etapa deve ser realizada
conjuntamente aos espaços de gestão da UC. pela equipe da UC, sob orientação da COMAN.
No caso de UCs com populações tradicionais, a
zz Os ajustes apontados na validação do pla- identificação de áreas de uso dos recursos na-
no de manejo pelos povos e comunidades con- turais e a proposição de normas gerais e nor-
sultadas serão destacados na versão a ser ana- mas de zoneamento devem ser conduzidas pela
lisada pelo conselho da UC. UC em conjunto com essas populações.

zz A normatização das zonas de Sobreposição


Territorial se dará através da participação ativa
do ICMBio na elaboração dos instrumentos es-
pecíficos de gestão desses territórios.

A ETAPA PREPARATÓRIA TEM OS SEGUINTES OBJETIVOS

zz Divulgar e esclarecer informações sobre o processo de elaboração do plano de manejo;

zz Mobilizar as comunidades e definir representantes para a participação na oficina de elabora-


ção do plano de manejo quando necessário;

zz Complementar a caracterização da UC e os subsídios para os elementos do plano de manejo,


se necessário, especialmente nas UCs com população tradicional.

zz Identificar áreas de uso, recursos utilizados, atrativos turísticos, principais conflitos e outras
informações necessárias para subsidiar o zoneamento da UC;

zz Realizar discussão prévia com os setores interessados sobre as normas gerais que orienta-
rão a gestão;

zz Possibilitar a discussão prévia do zoneamento e das prioridades de normatização e gestão por


setor da UC, conforme sua complexidade;

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 59
A necessidade de realizar a etapa preparatória, falados. Excepcionalmente, pode ser neces-
bem como, a estratégia de participação, incluindo sário o levantamento de áreas de ocupação e
o número de oficinas, o público envolvido, temas uso dos recursos naturais ou de atrativos tu-
a serem tratados, tempo e recursos necessários rísticos em campo.
devem ser definidos pela EP durante a organiza-
ção do planejamento, em conjunto com o GT do Por integrarem os componentes normativos do
conselho ou o grupo de governança, no caso das plano de manejo, o zoneamento e as normas
Resex e RDS. estabelecem restrições de uso e muitas vezes
afetam comunidades, propriedades privadas,
áreas urbanas e outras situações com níveis de
A divulgação do processo de elaboração do complexidade variados, como nas Resex e APAs,
plano de manejo é fundamental para garantir por exemplo. Assim, a discussão de zoneamen-
maior transparência e uma participação qualifi- to e normas envolve um grau de complexidade
cada. Deve ser realizada no âmbito do conselho que em alguns casos necessita de mais tempo
da UC, mas em alguns casos podem ser neces- do que o previsto na oficina de elaboração ou re-
sárias reuniões locais em comunidades mais visão do plano de manejo. Nestes casos, é dese-
distantes ou no caso de UCs que envolvem mui- jável que sejam realizadas oficinas ou reuniões
tos municípios ou comunidades. Nestas reuni- preparatórias para a discussão destes assuntos.
ões, é importante esclarecer o processo de A definição da quantidade de oficinas e o público
elaboração do plano de manejo, deixando claro alvo de cada uma vai depender do contexto de
os momentos de participação da sociedade na cada UC.
construção do documento. É o momento opor-
tuno para mobilizar os grupos sociais e, caso No caso de UCs com grupos sociais ou setores
seja pertinente, explicar os elementos do plano com interesses muito distintos, uma estraté-
de manejo e iniciar a discussão sobre a escolha gia adequada pode ser a realização de oficinas
dos participantes na oficina de elaboração ou preparatórias agrupando aqueles que tem in-
revisão do plano de manejo. teresses mais próximos ou que atuam em de-
terminado setor. Es-
Dependendo do contexto da UC e da base de tas oficinas setoriais
dados existentes pode ser necessário o levan- tem a função de co- Procedimento
tamento de informações para complementar a letar propostas para administrativo:
caracterização e subsidiar o planejamento. E imprescindível o
o zoneamento e nor-
registro de todas as
mas de forma separa- reuniões e oficinas
A elaboração dos planos de manejo segue o
da. Durante o proces- realizadas, incluindo
princípio de se trabalhar com a melhor infor-
so de consolidação o recebimento
mação disponível, e desta forma, novos levan- dos convites pelos
das reuniões setoriais
tamentos devem se restringir somente aos participantes, lista
e espacialização dos
levantamentos essenciais naquele momento de presença, fotos
usos e demandas de
para o planejamento da UC, apenas quando e registro das
cada setor, podem ser
as informações disponíveis não possibilitam a atividades, anexados
identificados confli- em processo
elaboração do zoneamento ou a definição das
tos de interesses se- específico relacionado
normas gerais, por exemplo.
toriais, cabendo à EP ao processo de
avaliar as possibilida- elaboração do plano
Para a obtenção dessas informações devem
des de resolução dos de manejo.
ser priorizados a realização de oficinas e o uso
de ferramentas participativas, como os mapas conflitos e a necessi-

60
dade de realizar reuniões intersetoriais para para a oficina de elaboração do elaboração
pactuação de acordos ou realização de reuni- ou revisão do plano de manejo da UC.
ões regionais.
No caso das UCs de uso sustentável, com po-
Quando a UC envolver comunidades distan- pulação tradicional em que haja a necessidade
tes ou diversos municípios, uma estratégia de revisão do acordo de gestão ou plano de uti-
adequada pode ser a realização de oficinas lização em vigor, a discussão sobre o teor das
locais ou regionais para apresentação da pri- normas também deve ser realizada previamen-
meira proposta de zoneamento, com base te à oficina de elaboração ou revisão do plano
nos resultados das reuniões setoriais, como de manejo, sempre em conjunto com a popula-
também para buscar o alinhamento, dirimir ção tradicional.
conflitos e definir representantes dos setores

SUGESTÕES PARA A ETAPA PREPARATÓRIA COM BASE NAS EXPERIÊNCIAS DAS ÁRE-
AS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL CAIRUÇU E COSTA DOS CORAIS

Elaboração da Linha do Tempo: registra-se as e pontos de conflitos: poluição, invasão, inter-


informações sobre a história de ocupação da dição de caminhos tradicionais... Esta atividade
localidade (pode ser num varal), primeiros ha- é fundamental para subsidiar o zoneamento e
bitantes, famílias, atividades praticadas, fes- pode ser necessário o refinamento com dados
tas, e momentos importantes/marcantes como em campo.
chegada da energia elétrica, primeira escola,
formação das associações... Esta atividade pro- Se durante a execução das oficinas ou reuniões
porciona identificar a quantas gerações as fa- preparatórias a EP perceber que a participação
mílias estão na localidade, e o registro do his- não está atingindo os grupos sociais espera-
tórico de ocupação gera pertencimento e pode dos, deve-se avaliar os motivos e a possibilida-
dar subsídios para normas de usos. de de mudança de estratégia. Seja por motivos
logísticos ou por conflitos locais, alguns grupos
Elaboração do Mapa Falado: registro espacial podem deixar de comparecer às oficinas pro-
das infraestruturas como: acessos, moradias, gramadas. Nestes casos, pode ser estratégico
etc.; áreas de usos como: extrativismos, roças, optar por realizar reuniões menores, percor-
pesca, atrativos cênicos e históricos; nascentes; rendo as comunidades.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 61
6.3.1 RECOMENDAÇÕES PARA O MAPEAMENTO resguardo de recursos que as comunidades já
DAS ÁREAS DE USO DOS RECURSOS NATURAIS possuem e respeitam.
Durante a etapa preparatória, a equipe da UC, em
conjunto com as populações tradicionais (ou ou- Perguntas norteadoras poderão ser utiliza-
tros usuários dos recursos naturais), deverá reali- das para identificar os principais problemas
zar o mapeamento das áreas de uso de recursos e conflitos associados aos usos do território,
naturais por essas populações. Para isso, reco- tais como: Há disputa pelo uso de algum recur-
menda-se o emprego do mapeamento participa- so natural? Quais? Quais são e onde estão os
tivo que visa a coleta de informações baseadas maiores problemas ou conflitos relacionados
na percepção e conhecimento que as populações com o uso do território?
tradicionais têm do espaço em que vivem.
Os mapas com as respectivas áreas de usos de-
O mapeamento possibilitará o registro e a visu- verão ser vetorizados em sistema de informa-
alização, de forma esquemática, das diferentes ções geográficas (SIG) e complementados com
porções da UC, o seu território de influência, a lo- informações existentes na base de dados da
calização das comunidades e localidades, locais UC. Em casos excepcionais pode ser necessá-
sagrados, e os locais de uso de recursos naturais ria a validação dos dados em campo, visando o
ou importantes para a conservação, como rios, ajuste “fino” do zoneamento para evitar confli-
lagos, igarapés, igapós, várzeas, praias e tabulei- tos futuros.
ros, castanhais, seringais, manguezais, floresta
de terra firme, campos naturais, áreas destinadas As informações obtidas serão consideradas na
para agricultura, áreas com sobreposição de usos discussão do zoneamento da UC e na proposi-
e as demais relacionadas com o uso pelas popu- ção de normas gerais que regulamentarão os
lações tradicionais. usos e a gestão da área.

O mapeamento participativo poderá ser opera-


cionalizado através da elaboração de mapas fa- 6.4 PREPARAÇÃO DA OFICINA
lados, da superposição de papel vegetal nas ima- DE ELABORAÇÃO OU REVISÃO
gens de satélites ou diretamente no mapa base
DO PLANO DE MANEJO
da UC. A identificação das áreas deve ser apoiada
A oficina de elaboração ou revisão do plano de
no diálogo com os comunitários.
manejo é a etapa principal do processo e tem
por objetivo reunir uma equipe interdisciplinar
Recomenda-se identificar os principais usos do
que conheça ou que possa contribuir com a UC,
território, as espécies utilizadas e produtos ex-
para construir seu plano de manejo. Para que a
traídos, onde ocorre o uso, quem são os usuá-
oficina seja efetiva e alcance seus resultados, é
rios, qual o período do uso e a finalidade (sub-
necessária uma preparação adequada, que, em
sistência, comercialização e outros), eventuais
geral, leva de de três a quatro meses.
conflitos, bem como as áreas de proteção ou

62
PRINCIPAIS PASSOS PARA A PREPARAÇÃO DA OFICINA DE ELABORAÇÃO E REVISÃO DO
PLANO DE MANEJO

zz Levantamento de dados e informações existentes sobre a UC e o seu entorno imediato.

zz Elaboração da caracterização e do resumo de gestão da UC.

zz Definição dos participantes da oficina.

zz Elaboração do guia do participante.

zz Organização da logística da oficina.

6.4.1 LEVANTAMENTO DE DADOS SOBRE A UNIDADE DE CONSERVAÇÃO

A abertura do processo de consulta às coor- A consulta às coordenações e centros de pes-


denações e centros de pesquisa do ICMBio e o quisa é conduzida pela equipe da COMAN, por
levantamento de dados e informações são os meio de formulários específicos, que serão en-
primeiros passos que, inclusive, subsidiam a viados a todas as diretorias do Instituto, que re-
elaboração do guia do participante, e podem passarão às coordenações e centros de pesqui-
ocorrer simultaneamente. A consulta às coor- sa pertinentes, e à coordenação regional em que
denações também pode ser considerada par- a UC está inserida. As coordenações e centros de
te do levantamento, apesar de incluir aspec- pesquisa devem informar, no prazo de 30 dias, o
tos como, por exemplo, casos em que podem seu envolvimento com a UC, os dados e informa-
apoiar a gestão da UC. ções que dispõem sobre a área, incluindo proje-

PRINCIPAIS ABORDAGENS PARA O LEVANTAMENTO DE DADOS E INFORMAÇÕES EXIS-


TENTES SOBRE A UC E O SEU ENTORNO IMEDIATO

zz consulta às coordenações do ICMBio (coordenações temáticas envolvidas e coordenação


regional vinculada à UC);

zz levantamento e análise de referências bibliográficas e demais informações técnicas sobre


a UC;

zz organização da base de dados geográficos;

zz organização de fotografias da UC; e

zz obtenção e análise do relatório do SAMGe.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 63
tos e ações em andamento, recursos financeiros, nidades, localidades, atrativos turísticos, locais
parcerias, etc. A COMAN será a responsável pelo de ocorrência de espécies especiais (como ra-
monitoramento do envio das respostas pelas ras, endêmicas, em risco e ameaçadas de extin-
coordenações da sede e a UC pela coordenação ção), locais e pontos vulneráveis da UC (invasão
regional e os centros de pesquisa. e locais de caça, por exemplo), entre outros.
Grande parte destas informações está disponí-
Essa consulta também é importante para que vel em base de dados oficiais e no Sistema In-
a EP possa mapear as coordenações e centros tegrado de Geoinformação (SIGEO), mas sempre
com maior relação com a UC, identificando quais que possível, devem ser refinadas e comple-
devem enviar representantes para a oficina. mentadas com informações de campo da UC.
Mapas impressos e disponíveis nos arquivos da
O levantamento de dados e informações é UC também devem ser selecionados para ava-
responsabilidade da equipe da UC. É preciso liação das informações existentes e inclusão na
levantar todos os dados e informações dispo- base de dados, se necessário.
níveis sobre a UC e seu entorno e organizá-las,
preferencialmente por temas de gestão, em A organização de fotografias da UC – paisa-
uma base de dados em formato digital, con- gens, atrativos para a visitação, espécies,
tendo os estudos, trabalhos técnicos e cientí- pesquisadores em ação, ações da gestão etc.,
ficos, bem como planejamentos prévios exis- também é importante para utilização nas
tentes para a UC. É recomendável e desejável apresentações, guia do participante e plano
que se considere todos os tipos e formatos de de manejo.
informações e publicações, inclusive mapas
diversos, dados de geoprocessamento e rela- A UC também deverá providenciar o preenchi-
tórios internos disponíveis nos arquivos da UC mento atualizado do SAMGe, com dados do úl-
ou com parceiros, como organizações governa- timo ano de avaliação. Este sistema, após de-
mentais e não governamentais, ou empresas vidamente preenchido gera automaticamente
de consultoria. o Painel de Gestão e o Relatório Consolidado,
constituindo um retrato completo e resumido
O levantamento deve ser amplo, sem limite de com informações que irão subsidiar a elabo-
data da realização do evento e de pesquisas ração do resumo de gestão e a caracterização
que geraram os relatórios e as publicações. É da UC, como: descrição de objetivos, dados da
importante que a UC acesse o SISBIO, para bus- biodiversidade abrangida, tipos de recursos
ca direta às fontes de dados das pesquisas rea- e valores da UC, ações de manejo relaciona-
lizadas e em curso na UC. das aos recursos e valores, espécies, ações de
manejo em curso, como gestão participativa,
Também deverá ser organizada uma base de emergências ambientais e pesquisas, riscos e
dados geográficos. Recomenda-se compilar, ameaças sobre a biodiversidade, como usos e
quando existentes, arquivos em formato sha- atividades ilegais, e as intervenções necessá-
pefile, os melhores dados geográficos possíveis rias, entre outras questões similares. Ou seja,
disponíveis para a UC e entorno, considerando: o SAMGe é uma fonte importante de dados,
geologia, geomorfologia/relevo (declividade, pois já contém uma análise prévia, dando uma
hipsometria, pontos cotados), hidrografia, so- visão geral da UC, mas para isso, é imprescin-
los, sistema viário e vias de acesso, cobertura dível que a equipe da UC mantenha atualizados
vegetal ou vegetação, uso atual da terra, comu- o SAMGe e o Cadastro Nacional de Unidades de

64
Conservação (CNUC), que serve como fonte de A primeira parte deve incluir a caracterização
dados para o SAMGe. dos aspectos ambientais, socioeconômicos e
histórico-culturais, com uma descrição breve
Se a oficina do plano de manejo se referir a e objetiva dos tipos de ambientes existentes
uma revisão, o plano de manejo ainda em vi- na UC, com suas características mínimas, in-
gor será fonte de consulta indispensável para dicação das espécies ameaçadas, raras, en-
as providências listadas acima. dêmicas ou consideradas especiais pela UC
por algum outro motivo (pressão de caça por
Sugere-se salvar o acervo levantado em ar- exemplo). Também deve incluir processos ge-
quivos eletrônicos e em meios eletrônicos de ológicos ou paisagísticos importantes, servi-
acesso livre, quando couber, para evitar per- ços ambientais já identificados para a UC e as
das, como nuvens gratuitas disponíveis na in- ameaças existentes. Para os aspectos socio-
ternet, pois tal acervo terá que ser acessado econômicos e histórico-culturais devem ser
pelo responsável pela elaboração do guia do abordadas as principais características da
participante. população humana relacionada com a UC (in-
ternas ou do entorno, conforme a categoria da
6.4.2 ELABORAÇÃO DA CARACTERIZAÇÃO UC), formas de organização, sua localização,
E DO RESUMO DE GESTÃO DA UNIDADE DE seus meios de vida e usos que fazem da terra
CONSERVAÇÃO dentro ou no entorno da UC.
A caracterização da UC é a identificação e des-
crição dos aspectos ambientais, socioeconômi- Especial atenção deve ser dada nas UCs de
cos, histórico-culturais, político-institucionais uso sustentável com população tradicional,
e de gestão da UC (resumos da gestão) e do onde a caracterização também deverá incluir
seu entorno. A elaboração da caracterização é os arranjos socioculturais e produtivos locais,
de responsabilidade da equipe da UC, a partir e o mapeamento dos usos e a identificação
da consolidação dos materiais identificados. dos possíveis conflitos quanto ao uso de re-
A caracterização deve ser baseada sempre na cursos e do território.
melhor informação já disponível sobre a UC. A
obtenção de dados Caso a UC ainda não disponha destas informa-
ou realização de ções, elas poderão ser obtidas na etapa prepa-
pesquisas comple- ratória ou solicitadas por meio de apoio como
Atenção: mentares ocorrerá tarefa compartilhada com o conselho da UC.
O conteúdo da posteriormente ao
caracterização plano de manejo, O resumo de gestão também deve ser feito pela
é dividido em de forma direciona- UC, que pode se basear no painel do SAMGe,
duas partes: (1) da, para subsidiar a mas precisa de informações adicionais, como
caracterização dos elaboração dos pla- ações empreendidas e em andamento, como
aspectos biológicos, nos específicos ou status da regularização fundiária, situação do
físicos e sociais e (2) preencher lacunas uso público, fontes de financiamento, principais
resumos de gestão. de informação, es- ações de proteção, programa de voluntariado,
pecialmente aque- etc. Informações como o número de pessoal e
las voltadas para função de cada na equipe, inclusive os terceiri-
avaliação das condições e tendências dos va- zados e outras formas de suporte, também são
lores e recursos fundamentais. importantes. Tal resumo também deve conter

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 65
as diversas formas de parcerias e de apoio que da UC, para isso a UC dispõe dos documentos
a UC porventura tenha com outras organizações base e utilizados como fonte das informações
governamentais e não governamentais, mesmo da caracterização. Além disso, a elaboração
informais, convênios e similares. destes itens deve ser rápida e exata, evitando
dispêndio de tempo e recursos no processo
O resumo da gestão deve abordar, ainda, in- de elaboração do plano de manejo.
formações sobre projetos em andamento jun-
to às comunidades tradicionais, como fomen- O limite aqui apresentado refere-se a carac-
to e apoio a atividades extrativistas, cadeias terização e ao resumo de gestão que devem
de valor etc. Projetos de integração com o en- ser anexados ao guia do participante e que
torno ou outros em curso com comunidades integra o processo de elaboração do plano de
não tradicionais residentes no entorno ou in- manejo, o que não impede a UC de elaborar
terior da UC (nas APAs e Monas, por exemplo) uma caracterização mais detalhada para uti-
também deverão ser informados. lização como fonte de informação e comuni-
cação, independentemente do plano de ma-
Por fim, o resumo da gestão deve conter infor- nejo.
mações sobre o do conselho da UC, como sua
composição e as principais linhas de envolvi- 6.4.3 DEFINIÇÃO DOS PARTICIPANTES DA
mento do conselho na gestão da UC. OFICINA DE ELABORAÇÃO OU REVISÃO DO
PLANO DE MANEJO
As informações deverão ser resumidas e ob- A oficina de elaboração ou revisão do plano
jetivas, não é necessário um detalhamento de de manejo é um momento de construção cole-
cada ação em curso. Devem ser incluídos da- tiva, que deve alcançar determinados resulta-
dos que possibilitem aos participantes da ofi- dos, essenciais para a consolidação do plano
cina conhecerem de manejo. Por ser uma atividade de intenso
as ações em an- trabalho e produção, o limite de participan-
Atenção:
damento na UC tes é de 25 a 30 pessoas. Portanto, deve-se
A caracterização
e a estrutura de selecionar com cuidado e critérios os partici-
dos aspectos
pessoal disponí- pantes, para garantir uma participação quali-
ambientais, físicos e
vel, para defini- ficada e representativa dos atores sociais re-
socioeconômicos e
ção das necessi- lacionados com a UC.
o resumo de gestão
dades futuras e
devem ser escritos
sua priorização É papel da equipe da UC identificar pessoas-cha-
de forma concisa e
conforme a capa- ve e fazer uma lista preliminar, a qual deve ser
objetiva, incluindo
cidade de gestão discutida e acordada com a EP. Deverão ser convi-
apenas informações
da UC. dados representantes de diferentes setores que
importantes
possuem interface com
para subsidiar as
O objetivo des- a UC, tais como ex-ges- Atenção:
discussões na oficina. A
ses documentos tores, concessionários No caso das Resex
caracterização deve ser
é auxiliar a dis- da CCDRU, conselheiros, e RDS, deverá haver
elaborada com até 10
cussão e a cons- pesquisadores, represen- participação majoritária
páginas e o resumo de
trução do plano tantes das populações e representativa da
gestão com até cinco.
de manejo, e não tradicionais, da sociedade população tradicional.
ser uma base de civil, setores econômicos
dados completa ligados à UC e de órgãos

66
governamentais, devendo observar o equilíbrio oficina. O mesmo ocorrerá com o grupo de
entre o número de representantes de cada setor. governança, que deverá definir representan-
Também poderão participar da oficina represen- tes entre os membros da população tradicio-
tantes da coordenação regional em que a UC está nal, do conselho deliberativo e dos possíveis
vinculada e de outras coordenações e centros de assessores para participação na oficina, sen-
pesquisa do ICMBio, especialmente aquelas com do que a EP é responsável pela moderação e
grande interface nos trabalhos da UC. condução dos trabalhos.

É importante que a UC faça reuniões prévias A equipe da UC também tem papel chave na
com as autoridades locais, informando acerca oficina, devendo atuar como participantes,
da elaboração, solicitando informações ofi- não atuando como moderadores e devendo,
ciais, identificando expectativas e prováveis sempre que possível, delegar as questões lo-
participantes da oficina de elaboração ou re- gísticas para alguém que não esteja partici-
visão do plano de manejo. Nas APAs deverá pando das discussões. Quando a equipe da
ser dada especial atenção às prefeituras e UC for grande, também deverão ser definidos
secretarias municipais mais relacionadas com representantes, como um por setor ou coor-
a UC. Ainda e se possível, é preciso contatar denação, enquanto os demais poderão par-
as organizações governamentais de pesquisa, ticipar da oficina como observadores. É im-
extensão rural, fortalecimento social e simila- portante que sejam dadas oportunidades aos
res, bem como organizações não governamen- participantes externos, devendo a equipe da
tais, que possuem interface com a UC, conhe- UC ter a sensibilidade para ocupar poucas va-
cimento local dos recursos e temas ligados à gas, entendendo que a equipe como um todo
UC, constituindo possíveis participantes da participa em outros momentos do processo
oficina de elaboração ou revisão do plano de de plano de manejo.
manejo. Estes são alguns critérios importan-
tes para estar na oficina e contribuir na cons- Além de par-
trução do plano de manejo. te da equipe da
Atenção:
UC, poderão ser
Os observadores
Devido ao limite de participantes, e buscan- oferecidas vagas
não participam das
do abranger outros atores sociais e ampliar o para até cinco
discussões da oficina,
alcance das discus- obser vadores,
seja em plenária
sões para elabo- dependendo de
Atenção: condições favo-
ou nos pequenos
ração do plano de
Os principais critérios grupos, podendo
manejo, a partici- ráveis de logís-
para a definição dos apenas acompanhar
pação do conselho tica, pois pode
participantes é que o andamento dos
da UC na oficina se ser que o espa-
sejam pessoas que trabalhos, sem,
dará por meio de ço e os recursos
conheçam a UC e no entanto, se
seu GT ou repre- existentes não
tenham relação com manifestar.
sentantes escolhi- comportem tal
ela e que tenham possibilidade. Os
dos pelo conselho.
disponibilidade observadores podem ser outros funcionários
Esse grupo terá a
para participar em do ICMBio, especialmente das UCs em que seja
função de informar
período integral da iminente a elaboração do plano de manejo;
e auxiliar na valida-
oficina (que em geral, convidados de parceiros em geral, governa-
ção com o conselho
dura 5 dias). mentais e não governamentais e, excepcional-
dos resultados da

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 67
mente, representantes do conselho da UC e de O guia deve conter a agenda (programação)
grupos sociais relacionados a ela, que não fo- resumida da oficina, ficha técnica e mapa de
ram contemplados com vaga na oficina. localização da UC, o objetivo da oficina, os
elementos do plano de manejo e sua relação,
Estando claros os critérios de escolha dos bem como, em detalhe, o conceito de cada
participantes e definida a lista, é preciso for- elemento. O guia contém, ainda, referências
malizar a participação por meio de convite, bibliográficas e os anexos, que incluem a ca-
conforme mode- racterização e o resumo de gestão da UC, além
lo disponibiliza- de outros documentos importantes.
Procedimento
do pela COMAN.
administrativo:
Convites envia- Cada elemento do plano de manejo é detalha-
Todo o processo
dos a secreta- do, contendo a definição, quadro explicativo
de definição de
rias estaduais, das melhores práticas para o desenvolvimento
participantes,
prefeituras e se- do exercício, e outro com a lista dos exercícios a
inclusive a
cretarias muni- serem desenvolvidos pelos participantes. Esses
formalização do
cipais requerem itens são padrão para todos os guias, serão for-
convite, deve estar
envio de cópia necidos pela COMAN e não devem ser alterados
documentado
ao gabinete da pelas UCs. São previsíveis pequenos ajustes e
e registrado
DIMAN. alterações na ordem dos exercícios e em algu-
no processo de
elaboração do plano mas dinâmicas de construção de cada elemen-
O envio do con- to do plano de manejo, mas desde que não alte-
de manejo.
vite deve estar rem a lógica do exercício como um todo.
acompanhado da
programação detalhada da oficina e do guia do Cada elemento contém ainda exemplos desen-
participante em meio eletrônico, para que ele volvidos por outras UCs e os subsídios que au-
possa se familiarizar, previamente, com o es- xiliarão na construção dos elementos durante
copo dos trabalhos e o que se espera da sua a oficina. Esses itens deverão ser elaborados
contribuição. Caso não seja possível o envio do pelas UCs, de acordo com sua categoria, con-
guia do participante em conjunto com o convi- texto e informações disponíveis. Este conjunto
te, o guia deverá ser enviado aos participantes de dados e orientações contribui para o nive-
com antecedência mínima de 20 dias do início lamento dos participantes e para que eles se
da oficina. apropriem do processo de construção do pla-
no de manejo.
6.4.4 ELABORAÇÃO DO GUIA DO PARTICIPANTE
A elaboração do guia do participante é a últi- Para a seleção dos subsídios de cada elemen-
ma etapa da preparação dos subsídios para a to deve-se observar as orientações a seguir:
oficina de elaboração ou revisão do plano de
manejo. O guia pode ser elaborado pela equipe Para subsidiar a elaboração da declaração do
da UC, com a ajuda da COMAN, ou por algum co- propósito, é preciso incluir trechos do diplo-
laborador. Excepcionalmente, sua elaboração ma legal (lei, decreto etc.) que criou a UC, bem
pode ser contratada. O guia conta com mode- como os subsequentes, que ampliaram ou
lo desenvolvido e padronizado pela COMAN, e alteraram os limites por outra motivação, se
tais características constituem uma identidade houver. Em geral ele traz bem resumido o ob-
a ser preservada e veiculada em cada evento. jetivo de criação da UC ou repete o que consta
na lei como a definição da categoria ou, em

68
alguns casos, não há citação. É preciso ter a grande relação entre esses dois elementos
dados e informações sobre as características do plano de manejo, assim como a caracteri-
macro e únicas da UC, sua região e o contexto zação da UC.
em que ela se insere, que vão subsidiar a ela-
boração do propósito, dando-lhe especifici- A análise de contexto e a definição das neces-
dade. Assegure que estarão disponíveis dados sidades de dados e de planejamento utiliza-
do meio físico, como relevo, e da cobertura rão como subsídios a caracterização e o resu-
vegetal, oceanografia, movimentos que con- mo de gestão da UC, que devem estar anexos
tribuíram para a criação e outros que possam ao guia do participante, além do conhecimen-
ajudar na definição do porquê a UC foi criada. to dos próprios participantes.

Para subsidiar as declarações de significân- Para apoiar a elaboração dos subsídios para
cia serão necessárias informações um pouco interpretação ambiental, deverá ser incluído
mais detalhadas, como dados e informações no guia informações sobre a cultura local e
sobre características de importância, como a regional, incluindo folclore, danças, comidas
UC ser um remanescente grande e/ou único de típicas, festas populares, histórias e lendas
uma determinada paisagem, sobre proteger que tenham relação com a UC, seus ambien-
uma bacia hidrográfica, sobre os aspectos so- tes, recursos naturais e com as comunidades
ciais e culturais das populações relacionadas de seu interior ou entorno.
com a UC, especialmente quando se tratar de
populações tradicionais, sobre um lago que Para subsidiar o zoneamento, além das bases
abriga espécies de importância para a comu- cartográficas incluídas no SIGEO e os mapas
nidade ou espécies especiais, que são aquelas base elaborados para a oficina, o guia deve
ameaçadas de extinção, endêmicas, raras etc., conter a lista de possíveis zonas de acor-
sobre a UC conter sítios arqueológicos e pale- do com a categoria da UC em questão, bem
ontológicos, etc. Para isso, é importante que como o seu conceito, os critérios de escolha
os subsídios do guia contenham dados sobre de áreas a serem inseridas ou categorizadas
a hidrografia, a fauna, a flora, os recursos fí- como cada zona e as normas para subsidiar a
sicos mais destacados, sobre as comunidades discussão na oficina. Também devem ser in-
e seus usos tradicionais, por exemplo. Asse- cluídas no guia informações importantes le-
gure que, em caso de revisão, o guia contenha vantadas na etapa preparatória e que tenham
todo o conteúdo da declaração de significân- relação com o zoneamento. Os mapas de uso
cia existentes em muitos planos de manejo. devem ser apresentados fora do guia, em
Também são importantes dados como a UC ter meio digital ou impresso, buscando facilitar
uma titulação de âmbito nacional e internacio- a visualização das informações e seu uso na
nal, como fazer parte de um Sítio Ramsar, ser oficina. No caso de plano de manejo em re-
reconhecida como rota de migração de aves, visão, o guia deve conter o zoneamento e as
ser uma área importante para aves (IBA), ser normas vigentes para a UC, além do conjunto
parte de uma reserva da biosfera, corredores de normas propostas neste Roteiro e futuras
ecológicos e mosaicos de UC, entre outras. atualizações da COMAN, as quais subsidiarão
os grupos na construção do novo zoneamento.
Os subsídios apresentados como apoio a de-
finição das declarações de significância tam- Por último, para subsidiar a definição dos atos
bém serão utilizados para a definição dos re- legais e administrativos e normas gerais da UC,
cursos e valores fundamentais, considerando deverão ser listados no guia os atos específicos

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 69
que afetam diretamente a gestão da UC, come- sobre normas da UC. No caso de plano de ma-
çando-se pelos diplomas legais relativos à sua nejo em revisão, o guia deve conter também
criação e alterações nos seus limites, quando as normas gerais do plano de manejo vigente.
couber. Além dos diplomas legais, devem ser
incluídas as portarias relativas ao conselho da Quando a UC contar com acordo de gestão ou
UC, termos de parceria em geral e similares. plano de utilização vigente, não é necessário
Deverá ser inserido somente o que afeta dire- ele constar do guia, devendo estar à parte e
tamente a UC, evitando diplomas legais muito disponível em número suficiente para consul-
gerais como a ta pelos participantes. Exceto nos casos em
Constituição, Lei que as regras serão revisadas e incorpora-
Atenção:
nº 9.985/2000 das ao plano de manejo, quando o resultado
O conjunto de
(SNUC), Lei nº da discussão com as comunidades na etapa
normas gerais
9.605, de 12 de preparatória deverá ser incluído no guia para
apresentado neste
fevereiro 1998 consolidação na oficina de elaboração ou re-
Roteiro não contém
(Lei de Crimes visão do plano de manejo.
as especificidades
Ambientais), Lei
das UCs, servindo
nº 12.651, de 25 No caso de revisão do plano de manejo, os
como orientação
de maio de 2012 principais resultados da monitoria do plano de
para a construção
(Código Flores- manejo vigente devem ser incluídos como ane-
das normas que
tal), etc. xo no guia. Também deverão ser apresentados
devem constar no
os elementos do plano de manejo que eventu-
plano de manejo.
O guia também almente não sejam objetos de revisão durante
As especificidades
deverá conter o o processo, incluindo as justificativas da deci-
devem ser buscadas
conjunto de nor- são, para nivelamento dos participantes.
na oficina e na etapa
mas gerais, con-
preparatória, quando
forme ANEXO 2, e O guia do participante deve conter os créditos
pertinente.
futuras atualiza- institucionais e autorais.
ções da COMAN,
como subsídio para as discussões. Salienta-se É importante observar e cuidar para a elabo-
que o conjunto de normas gerais apresenta- ração do guia não altere os conceitos e exer-
do neste Roteiro não contém as especificida- cícios, pois como foram construídos garantem
des das UCs, servindo como orientação para os resultados pretendidos na oficina e, por-
a construção das normas que devem constar tanto, na elaboração do plano de manejo. Com
no plano de manejo. As especificidades devem isso busca-se que os plano de manejo mante-
ser buscadas na oficina e na etapa preparató- nham uma relação entre si e a padronização
ria, quando pertinente. Também deverão inte- pretendida pelo ICMBio. A TABELA 4, a seguir,
grar o guia o resultado da etapa preparatória especifica cada item do guia e o responsável
quando tiverem sido realizadas discussões pela sua preparação.

70
TABELA 4. CONTEÚDO DO GUIA DO PARTICIPANTE E RESPONSÁVEIS PELA SUA PREPARAÇÃO

CONTEÚDO DO GUIA DO PARTICIPANTE RESPONSÁVEL PELO ITEM


Parte introdutória

Agenda da Oficina Equipe de planejamento1

Ficha Técnica da UC Equipe da UC informa os dados na


ficha padrão definida pela COMAN
Plano de Manejo Texto padrão definido pela COMAN

Elementos do Plano de Manejo Texto padrão definido pela COMAN

Componentes Fundamentais

Propósito – conceito, melhores práticas e exercícios2 Texto padrão definido pela COMAN

Propósito - exemplos de outras UCs Equipe da UC

Propósito – subsídios para elaboração Equipe da UC

Significância - conceito, melhores práticas e exercícios Texto padrão definido pela COMAN

Significância – exemplos de outras UCs Equipe da UC

Significância – subsídios para elaboração Equipe da UC

Recursos e valores fundamentais – conceito, melhores práticas e Texto padrão definido pela COMAN
exercícios
Recursos e valores fundamentais – exemplos de outras UCs Equipe da UC

Componentes dinâmicos

Avaliação de necessidades de dados e planejamento Texto padrão definido pela COMAN

Análise de recursos e valores fundamentais – conceito, melhores Texto padrão definido pela COMAN
práticas e exercícios
Análise de recursos e valores fundamentais – exemplos Equipe da UC

Análise de questões-chave – conceito, melhores práticas e exercícios Texto padrão definido pela COMAN

Análise de questões-chave – exemplos Equipe da UC

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 71
CONTEÚDO DO GUIA DO PARTICIPANTE RESPONSÁVEL PELO ITEM
Priorização das necessidades de dados e planejamento – conceito, Texto padrão definido pela COMAN
melhores práticas e exercícios
Subsídios para Interpretação Ambiental – conceito, melhores práticas Texto padrão definido pela COMAN
e exercícios
Subsídios para Interpretação Ambiental – exemplos Equipe da UC

Subsídios para Interpretação Ambiental – informações de apoio Equipe da UC

Mapeamento e Banco de dados de informações geoespaciais Texto padrão definido pela COMAN

Componentes normativos

Zoneamento – conceito e melhores práticas Texto padrão definido pela COMAN

Zoneamento – exercícios, zonas que se aplicam a UC e subsídios para Equipe de planejamento define em
elaboração con-junto com a equipe da UC
Atos legais, administrativos e normas – conceito, me-lhores práticas, Texto padrão definido pela COMAN
exercícios
Atos legais, administrativos e normas – lista de atos existentes para a Equipe da UC
UC
Atos legais, administrativos e normas – lista de normas propostas para Equipe da UC
a UC
Informações complementares

Dados e documentos de planejamento anteriores relativos à UC Equipe da UC

Bibliografia Equipe da UC

Anexos

Caracterização e resumo de gestão Equipe da UC

Créditos institucionais e autorais na contracapa Equipe da UC

¹ A equipe de planejamento também é responsável pela revisão e aprovação de todo o conteúdo do guia do
participante.

² Os exercícios poderão sofrer pequenos ajustes de acordo com o público da oficina, desde que não seja alterada
a lógica geral deles.

72
6.4.5 ORGANIZAÇÃO DA OFICINA DE ELABORA- dem ser utilizados painéis de moderação, va-
ÇÃO E REVISÃO DO PLANO DE MANEJO rais ou outras alternativas. Além da sala gran-
A organização da oficina começa imediatamen- de para a plenária, é necessário que o local
te após a decisão de realizá-la, pois os tempos disponha de outros espaços para o trabalho
para as providências variam e há algumas que em grupos menores, sendo que, em geral os
demandam muito tempo para sua conclusão. participantes são divididos em quatro grupos
Sua organização vai precisar de muitas medi- de trabalho.
das tomadas pela chefia da UC e sua equipe,
que terá somente o momento antes da oficina Alimentação: Em relação à alimentação dos
para contribuir. Como participante da oficina, participantes, a organização da oficina precisa
a chefia da UC não poderá também assumir estar atenta e tratar, antecipadamente, os ca-
papéis extras, como responder pela logística, sos de restrições na dieta alimentar. Isso pode
não podendo se ausentar durante as sessões representar problema para algumas pessoas,
da oficina. especialmente quando a oficina for em locais
remotos, onde é comum haver restrição no
Duração: a duração ideal da oficina é de cinco suprimento de produtos. Pode ser incluída no
dias, sendo desejável sua adaptação para me- convite uma pergunta sobre eventuais restri-
nos tempo, sempre que possível. É preciso fa- ções alimentares.
zer o agendamento de espaço, serviços e par-
ticipantes com muita antecedência, buscando Moderação: para garantir o alinhamento de
evitar períodos críticos para os participantes, conceitos e a elaboração de um plano de ma-
lembrando que eles deverão participar em nejo de acordo com a realidade de gestão e
tempo integral. com os resultados das demais políticas ins-
titucionais, a oficina deve ser conduzida por
Local: é preciso fazer um levantamento do lo- moderadores do ICMBio, que sejam da equi-
cal para a realização do evento, que, preferen- pe da COMAN, de outros setores ou de UCs,
cialmente, ofereça espaço para as sessões e e que possuam experiência em moderação.
os trabalhos de grupo, bem como serviço de A contratação de moderadores deve ocorrer
alimentação e hospedagem. Isso evitará perda somente em casos excepcionais. Os profissio-
de tempo com deslocamentos e mobilização nais devem ser treinados e trabalhar conjun-
dos participantes e resultará em maior imer- tamente com pelo menos dois moderadores
são e intercâmbio. Caso não seja possível, re- do ICMBio, que serão responsáveis pela con-
comenda-se que ao menos os lanches e almo- dução das atividades com a plenária enquan-
ço sejam servidos no local da oficina. to os contratados apoiarão a moderação dos
trabalhos em grupo.
Observe que o local da oficina precisa de uma
sala grande, que comporte todos os parti- A equipe de moderação ideal é composta por
cipantes sentados em formato semicircular, cinco moderadores, na qual um dos modera-
preferencialmente com apoio para escrever, a dores é responsável pela condução do fio ló-
equipe de apoio, a equipe de moderação, uma gico da oficina e pelo monitoramento e auxílio
mesa grande para dispor todos os materiais, das atividades (geralmente um dos superviso-
disponha de iluminação e ventilação adequa- res do plano de manejo ou outro representan-
das e, se possível, paredes livres para fixação te da COMAN), facilitando o alinhamento dos
dos painéis produzidos na oficina. Caso não resultados, enquanto os demais moderadores
seja possível utilizar as paredes da sala, po- alternam entre a condução de cada elemento

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 73
e são responsáveis pela moderação dos gru- terpretação ambiental e a avaliação do ban-
pos. Caso não seja possível montar uma equi- co de dados de informações geoespaciais são
pe com cinco moderadores, a moderação pode atividades que podem ser alocadas de forma
ser realizada com quatro pessoas, ou, em úl- mais livre, possibilitando ajustes nos horários
timo caso, com três, quando a quantidade de da agenda. Entretanto, a análise do banco de
participantes permitir. dados deve ser feita preferencialmente logo
antes do zoneamento.
Os supervisores do plano de manejo são res-
ponsáveis pela mobilização e pela identifica- Faz parte da oficina uma apresentação sobre
ção do grupo de moderadores, observando a UC, incluindo um resumo rápido da gestão,
sempre a capacitação em moderação e na me- logo no início do primeiro dia. A apresentação
todologia de elaboração dos plano de manejo deve, de maneira resumida, contextualizar a
apresentada neste Roteiro. UC na oficina, além de ter papel importante de
nivelar e atualizar os participantes acerca das
Deverá ser realizada uma reunião de alinha- principais características da UC e em que pa-
mento entre os moderadores e a equipe da UC tamar se encontra sua implantação, mostran-
antes da oficina, para definição dos papéis e do sucessos e problemas, gargalos, ameaças
esclarecimentos finais sobre a metodologia e principais, assim como demandas mais urgen-
condução da oficina. tes e outros pontos que deverão ser contem-
plados na oficina.
Orientações adicionais sobre a facilitação da ofi-
cina estão disponíveis no ANEXO 5 deste Roteiro. Caso a oficina seja de revisão do plano de ma-
nejo, também deverão ser apresentados os re-
Agenda (programação): são elaboradas duas sultados da monitoria e disponibilizado resumo
agendas para a oficina:, uma para os partici- desta como material acessório. A dinâmica e a
pantes e outra para a moderação (facilitação). estrutura básica da oficina devem ser mantidas,
Ambas mostram como a oficina é estruturada, direcionando a participação para as principais
com passos sequenciais lógicos e duração mé- necessidades indicadas pela monitoria.
dia estimada por elemento do plano de mane-
jo. Assim, as agendas precisam ser elaboradas Abrindo a parte mais específica da oficina de
com cuidado e antecipação. Sugere-se come- elaboração ou revisão do plano de manejo, é
çar pela elaboração da agenda da facilitação, feita uma apresentação com a visão geral do
que é mais detalhada e exige mais informa- processo, para que os participantes saibam
ção, como estimativa do tempo em cada pas- como a oficina ocorrerá e que trabalhos estão
so, quem é o moderador responsável em cada sendo esperados e serão gerados a partir da
conteúdo, indicação e descrição das dinâmicas sua contribuição. Esta apresentação é padrão
a serem utilizadas em cada exercício. A partir e disponibilizada pela COMAN.
da agenda mais completa, faz-se a agenda es-
pecífica dos participantes, bastando eliminar Após as sessões introdutórias, os moderadores
as informações excedentes, como a dos horá- deverão seguir a li-
rios pormenorizados. nha lógica da ofici-
na, com a sequên- Detalhamento da linha
Embora a maioria dos elementos possuam cia de atividades lógica da oficina
Item 6.5
uma ordem lógica de construção ao longo da para a construção
oficina, a elaboração dos subsídios para in- dos elementos do

74
plano de manejo. Além disso, é desejável que moderação da oficina. Entre eles, têm-se o car-
realizem dinâmicas motivacionais e de avalia- taz com a pirâmide, os ícones de cada elemen-
ção constante do andamento da oficina e de to do plano de manejo, o cartão do carro ato-
entendimento por parte dos participantes. lado/UAU, os cartões de fotos e imagens para
dinâmicas, o catálogo de produtos e serviços,
Também devem ser previstas atividades diárias bibliografia acessória previamente levantada
de fechamento dos trabalhos e de recapitula- e disponibilizada pela UC, para consulta ao
ção no dia seguinte, para que os participantes longo da oficina, entre outros.
acompanhem a lógica de desenvolvimento do
plano de manejo. No final da oficina, deverá A pirâmide representa a metodologia atu-
ser realizada avaliação do todo, preferencial- al, mostrando a ordem lógica e a filosofia de
mente com o uso de dinâmicas, como os car- construção do plano de manejo, apresentando
tões de fotos e imagens disponível na COMAN, a conexão e a inter-relação entre os seus ele-
por exemplo. mentos e, ao mesmo tempo, introduzindo os
ícones que os identificam. O cartaz com a pirâ-
Materiais da oficina: boa parte dos materiais é mide deve ter tamanho apropriado para ficar
comum à maioria das oficinas, mas há alguns exposto no espaço da oficina durante toda a
específicos, dos quais não se pode prescindir. sua duração, em local de destaque. A ideia é
Entre os materiais da oficina, além de pasta que, circulando no ambiente dos trabalhos, os
com material mínimo para os participantes, participantes mantenham o contato visual com
crachá, pincéis, tarjetas de cores e tamanhos a pirâmide e se sintam impelidos a se apro-
diversos, a UC precisa garantir a disponibili- ximar, para entendê-la e capturar sua men-
dade de flip chart (cavalete) em número su- sagem, fazendo conexão da sua imagem com
ficiente para os grupos e a plenária, tela de os passos da oficina e os painéis produzidos e
projeção, data show, computador, impressora, identificados com os ícones, contribuindo para
planos de manejo anteriores, planos e proje- o entendimento e fixação da metodologia.
tos específicos como, por exemplo, plano de
uso público, plano de proteção, materiais de Os ícones são específicos e parte inseparável
divulgação da UC, brindes para os participan- da identidade da metodologia. São utilizados
tes (os quais são usados em pelo menos uma oito ícones, cada um representando um ele-
das dinâmicas da oficina), lista de presença e mento ou momento de construção do plano
lista de endereço dos participantes, entre ou- de manejo na oficina (declaração de propósito,
tros mais comuns em oficinas de construção declarações de significância, recursos e valo-
coletiva. A lista de materiais necessários será res fundamentais, subsídios para interpreta-
disponibilizada pela COMAN. Caso a UC tenha ção ambiental, mapeamento e banco de dados
dificuldade em disponibilizar algum material, de informações geoespaciais, avaliação da
a COMAN deverá auxiliar para garantir o fun- necessidade de dados e planejamento, zone-
cionamento adequado da oficina. Os materiais amento e, por fim, atos legais, administrativos
e equipamentos deverão estar disponíveis an- e normas). Para os recursos e valores funda-
tes do início da oficina, pois a preparação dos mentais, deverá
espaços é feita pela equipe de moderação, na ser escolhido o
véspera desta. ícone que mais se Ícones de acordo com
o elemento que
adequa a realida- representam
Os materiais de responsabilidade da COMAN de da UC entre os Itens 3 e 6.5
são mais específicos e estão relacionados à três disponíveis.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 75
Os ícones são obrigatórios no guia do parti- FIGURA 7. EXEMPLO DE CARTÃO “UAU” E
cipante e são usados para identificar a cons- “CARRO ATOLADO”
trução de cada passo do plano de manejo na
oficina, devendo ser colado em cada painel
produzido, para familiarização e identificação
dos participantes. O plano de manejo também
usa os ícones para identificar e apresentar os
resultados e os elementos nos documentos.
Assim, a comunicação entre o conteúdo e seu
nome fica mais eficiente, marcando o repertó-
rio de quem participa da oficina ou acessa os
documentos.

O cartão do carro atolado/UAU é um recur-


so de moderação que estimula visualmente
a participação de todos. Ele apresenta duas
faces, uma que estimula a manifestação dos
participantes acerca de situações proveito-
sas da oficina, por meio da expressão “UAU”,
com o intuito de veicular reação de surpre-
sa boa, por exemplo, em momentos na ple-
nária quando se detecta uma fala de outro O catálogo de produtos e serviços do ICMBio
participante que surpreende positivamente. traz informações sobre o que cada setor dis-
Tal face também é uma manifestação de re- põe, que planos, projetos e ações são desen-
compensa e de estímulo ao outro, além de volvidas por eles e que podem contribuir com
colaborar para que os demais busquem gerar a UC, bem como os respectivos custos e outras
boas contribuições. informações relevantes. O uso do catálogo é
importante para subsidiar a definição da ne-
A outra face mostra um carro atolado na lama, cessidade de dados e planejamentos durante
um barco encalhado ou outra situação seme- a análise de recursos e valores fundamentais,
lhante conectada à realidade da UC, e sua fun- com consequente indicação dos planos especí-
ção é motivar os participantes a se manifesta- ficos a serem desenvolvidos.
rem quando a discussão está repetitiva e não
evolui conclusivamente, indicando aos demais Relatoria e registro gráfico: a relatoria é obri-
participantes e à moderação que é preciso in- gatória para a realização da oficina. Ela registra
tervir. É uma forma dos participantes assumi- as atividades, discussões, encaminhamentos,
rem sua corresponsabilidade na detecção e di- resultados de construção dos elementos do
recionamento de debates improdutivos. plano de manejo e pactos feitos, especialmente
em relação aos prazos dos próximos passos de
Os cartões de fotos e imagens, embora não se- estruturação, revisão e conclusão do documen-
jam essenciais, são usados para que o partici- to. É necessário também fazer o registro foto-
pante consiga expressar sua avaliação sobre a gráfico de tudo que foi desenvolvido na oficina,
oficina e a construção do plano de manejo, nos permitindo a verificação das informações ori-
mais variados aspectos, estimulando e facili- ginais e evolução da construção das decisões
tando a participação. e, por essa complexidade e volume de informa-

76
ções, o ideal é o uso de dois relatores. produtos desejados na consolidação do zone-
amento durante a oficina.
Sugere-se, como tópicos mínimos do relatório
da oficina: i) introdução, com a breve descri- O técnico de geoprocessamento também de-
ção do objetivo da oficina; ii) atividades, com verá apoiar a preparação da oficina, com a or-
a síntese de todas as atividades desenvolvi- ganização da base de dados que será avaliada
das, com seus respectivos registros fotográ- em conjunto com os participantes e dos mapas
ficos; iii) resultados, com a descrição fiel dos para subsidiar a elaboração do zoneamento,
produtos obtidos em cada uma das atividades que incluem os mapas temáticos (vegetação,
e iv) anexos, com lista de presença assinada uso do solo, imagem de satélite, geomorfologia,
por todos, memórias adicionais das sessões e solos, hipsometria etc.), mapas de dados espe-
fotografias complementares. cíficos (trilhas, infraestrutura, etc.) e mapa base
em escala compatível com o tamanho da UC. A
O registro gráfico é a tradução das ideias cen- EP indicará quais mapas devem ser levados im-
trais de um discurso em palavras e imagens, pressos para a oficina, em tamanho adequado,
com a elaboração de painéis ilustrativos. Ele fa- para apoiar a atividade de zoneamento.
cilita o entendimento e o acompanhamento da
linha lógica das atividades pelos participantes, Observadores da oficina: Os observadores pre-
especialmente aqueles com dificuldade de lei- cisam ter clareza quanto ao seu papel na ofi-
tura e escrita, promovendo maior envolvimento cina, que é de acompanhar os trabalhos. Em
destes nas discussões. O uso do registro gráfi- geral, aos observadores é dada a oportunidade
co deve ser avaliado conforme o contexto da UC de capacitação rápida, pelo contato e familiari-
e a disponibilidade de recursos. zação que sua participação propicia. Os obser-
vadores podem ser envolvidos em sessões de
Geoprocessamento e SIG: contar com o supor- avaliação dos trabalhos diários incluindo seu
te de geoprocessamento e SIG na oficina de papel na oficina e a avaliação final da mesma.
elaboração ou revisão do plano de manejo é Os observadores não têm voz em plenária e
necessário para as atividades que tratam da precisam fazer o acompanhamento integral dos
apresentação do mapeamento da UC e de ela- trabalhos, não sendo permitido aos observado-
boração do zoneamento, especialmente para res fazer revezamento com outras pessoas ex-
a consolidação das propostas. Dispor de um ternas à oficina. Recomenda-se que a equipe de
profissional na oficina, no momento da conso- moderação oriente e estabeleça com os obser-
lidação do zoneamento em plenária, torna a ta- vadores o seu papel antes do início da oficina.
refa mais fácil e permite que os ajustes sejam
feitos na base cartográfica com a colaboração A EP também poderá optar por realizar a visita
dos participantes, imprimindo no mapa as con- técnica de reconhecimento da UC em conjunto
tribuições e referências reais do terreno, de com os participantes da oficina, um dia antes do
maneira que todos possam acompanhar e en- início desta.
tender o que está acontecendo e como é feito
o trabalho. Para tanto, é preciso assegurar ar-
quivos e computador com software compatível Detalhamento sobre
com a complexidade dos trabalhos. Além disso, o reconhecimento
da UC
quando possível o sinal de internet, pode-se
Item 6.2.4
acessar e usar fontes de livre acesso e outras
já disponíveis no SIGEO para elaboração dos

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 77
6.5 OFICINA DE ELABORAÇÃO A EP deve checar os
Atenção:
conceitos, informa-
OU REVISÃO DO PLANO DE ções técnicas e de-
Aspecto importante
a ser salientado
MANEJO mais conteúdos que durante toda a
A oficina de elaboração ou revisão do plano de resultaram da ofi- oficina, é que o
manejo é o momento chave do processo, pois é cina para garantir resultado poderá
quando ocorre a definição dos elementos que que estão de acor-
ser corrigido e
complementado
compõem o plano de manejo, o que se dá de do com o método,
pela equipe de
forma participativa, com a colaboração dos ato- com a base cientí- planejamento
res sociais e instituições públicas relacionados fica e com as orien- durante a
à UC. No caso das Resex e RDS, também ocorre tações institucio- consolidação do
com participação preponderante da população nais. As alterações plano de manejo.
tradicional da UC. e correções serão
validadas pelos
É nesta oficina que ocorre a análise de contex- participantes da oficina quando o documento
to da UC, ou seja, seu diagnóstico, que consis- for enviado para consulta.
te na análise e interpretação dos subsídios ao
planejamento apresentados no guia do partici- Após as atividades iniciais da oficina (abertura,
pante (caracterização, resumos de gestão, etc) boas vindas, apresentação dos participantes, da
de forma participativa, para a definição dos organização da oficina, da UC, do processo de
componentes do plano de manejo. O diagnós- elaboração do plano de manejo, etc) inicia-se a
tico é iniciado com a conceituação sobre para elaboração dos elementos do plano de manejo.
que serve a UC (seu propósito), com a defini-
ção do porque ela é especial (significância) e A pirâmide (FIGURA 1) apresenta a lógica de
quais são seus recursos e valores mais impor- construção dos elementos do plano de mane-
tantes (recursos e valores fundamentais). Pos- jo durante a oficina. Inicialmente trabalha-se
teriormente é realizada a análise de contexto, o propósito da UC, que é o motivo pelo qual a
que avalia a condição atual, a tendência e as UC foi criada, e a partir deste são desdobrados
ameaças que afetam cada um dos recursos e os demais elementos, como a significância e os
valores fundamentais. Com base na análise de recursos e valores fundamentais. Os recursos e
contexto é que será realizado o planejamento, valores fundamentais são então analisados e,
sendo definidas e priorizadas as necessidades com base nessa análise, são definidas e priori-
de dados e de planejamentos específicos para zadas as necessidades de dados e de planeja-
a gestão da UC. O planejamento inclui ainda mento. Tendo como norte a manutenção desses
a definição do zoneamento e das normas, e, três componentes fundamentais, são elabo-
quando couber, dos subsídios para interpreta- rados o zoneamento e as normas da UC, que
ção ambiental. constituem a base de sustentação da pirâmi-
de, e que, em conjunto com a elaboração e im-
Este item apresenta o passo a passo de como o plementação dos planos e estudos específicos,
diagnóstico e o planejamento ocorrem durante a são o suporte para a manutenção do propósito,
oficina, culminando na construção dos elemen- da significância e dos recursos e valores fun-
tos do plano de manejo, além de outras reco- damentais da UC. Ainda, de forma transversal
mendações quanto à moderação das atividades. a estes elementos, são definidos os subsídios

78
para interpretação ambiental, que auxiliarão na lhamento dos re-
Atenção:
elaboração do plano de interpretação da UC e cursos e valores Os textos no plano
na comunicação com a sociedade. fundamentais é de manejo devem ter
um pouco maior, linguagem simples e
O uso da pirâmide também facilita a comunicação usando-se um ou serem comunicativos,
quanto ao detalhamento necessário dos elemen- dois parágrafos. evitando termos
técnicos, o que já
tos, especialmente dos componentes fundamen- Ou seja, a pirâ-
deve ser trabalhado
tais. O propósito, ápice da pirâmide, é explicitado mide também dá desde a construção
com apenas uma frase, o mais curta possível. A a ideia de como dos elementos
significância já é mais detalhada, com declara- esses elementos durante a oficina.
ções sobre os quesitos mais importantes da UC serão descritos
descritos em um parágrafo, enquanto o deta- no documento.

ORDEM DE ATIVIDADES PARA A CONSTRUÇÃO DE CADA ELEMENTO

1. Apresentação do conceito utilizando sempre a apresentação padrão elaborada pela CO-


MAN como referência.

2. Leitura das melhores práticas em conjunto com a plenária utilizando o guia do participan-
te;

3. Leitura dos exemplos do guia e confrontação com as melhores práticas;

4. Leitura de alguns dos subsídios da UC, discutindo com a plenária sua relação com o ele-
mento em discussão;

5. Leitura e explicação das perguntas orientadoras;

6. Desenvolvimento dos exercícios com os participantes, conforme descrito a seguir para


cada elemento (atividades em grupo e em plenária);

7. O resultado deve ser fixado em local de fácil leitura pelos participantes e sinalizado com o
ícone do elemento, para que possam ser revisitados e aperfeiçoados ao longo da oficina.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 79
A equipe de moderação também deve sempre 6.5.1 CONSTRUÇÃO DOS COMPONENTES
vincular cada elemento com a pirâmide, espe- FUNDAMENTAIS
cialmente no final do dia e na recapitulação no 6.5.1.1 PROPÓSITO DA UNI-
dia seguinte, demonstrando o avanço no fio ló- DADE DE CONSERVAÇÃO
gico na construção do plano de manejo ao lon- Inicialmente, deverá ser reali-
go da oficina. zada a apresentação do con-
ceito do propósito, conforme
Como as declarações de significância e os re-
apresentação padrão fornecida
cursos e valores fundamentais podem retroali-
pela COMAN, seguida da leitura
mentar a declaração de propósito, pode ser ne-
e discussão das melhores práticas com a plenária.
cessária sua alteração para manter a coerência.
Portanto, é importante manter o resultado das
atividades exposto durante toda a oficina com Atenção:
os ícones de identificação, além de estimular os O propósito é expresso em uma
participantes a revisitarem os textos ao longo frase curta e concisa, que expressa
dos trabalhos. claramente para o que serve a UC;
atentar para os exemplos apresentados
Importante ressaltar que o conceito, melhores no guia do participante.
práticas e a sequência de exercícios é definida
pela COMAN e não pode ser alterada pela equi-
pe da UC. Caso a COMAN faça atualizações no
futuro, essas serão repassadas aos superviso-
res dos planos de manejo para atualização dos
guias do participante.

MELHORES PRÁTICAS PARA UMA DECLARAÇÃO DE PROPÓSITO DE UC

zz A declaração está fundamentada em uma análise detalhada da razão de existência da UC e da


legislação que influenciou sua implantação.

zz A declaração não só reafirma a razão de existência, mas torna a linguagem acessível ao pú-
blico em geral.

zz A declaração é concisa e vai direto ao ponto.

zz A UC pode ser distinguida das demais ao se ler a declaração de propósito.

zz O propósito pode ser refinado ao longo da oficina, com o amadurecimento dos tópicos trabalhados.

80
Observe os principais parâmetros identificados discutir as principais razões pelas quais a UC
para a UC, como fauna, flora, uso sustentável, foi estabelecida.
belezas cênicas, visitação/turismo. Na ausência
de detalhes, use esses parâmetros como ba- Exercício 3: Em grupos menores, desenvolver o
ses (pilares) que sustentam a existência da UC, rascunho de uma declaração de propósito para
observando que o propósito deve conter infor- a UC. Orientar para que a sentença seja escrita
mações que sejam específicos, que facilitem a em uma folha de flip chart.
identificação da região, da área, de algum as-
pecto físico (como maciço montanhoso, serras, Exercício 4: Em plenária, apresentar os ras-
picos, rios, lagos, tipos específicos de vegeta- cunhos de cada grupo e consolidar uma úni-
ção, sempre ligados ao diploma legal ou, na au- ca declaração.
sência do conteúdo, ligados à categoria da UC.
Concluído o exercício, pôr à prova a declara-
Lembre-se sempre que o propósito está intima- ção rascunhada comparando-a com as me-
mente ligado ao objetivo, ao porquê da criação lhores práticas para declaração de propósito
da UC. Observe que a declaração de propósi- fornecidas acima e no guia do participante.
to “é concisa e vai direto ao ponto”, devendo O resultado do exercício deve ser fixado em
ser clara sem muito detalhamento, evitando local de fácil leitura pelos participantes e si-
cair no risco de se entrar em detalhes relativos nalizado com o ícone do propósito, para que
às significâncias, aos recursos e valores fun- seja reavaliado ao longo da oficina.
damentais, bem como aos subsídios para in-
terpretação. O risco maior é misturar razão da 6.5.1.2 SIGNIFICÂNCIA DA
existência e importância. Cuide para não usar UNIDADE DE CONSERVAÇÃO
linguagem e conteúdos relativos à importância Inicialmente, deverá ser re-
da UC, pois esses são próprios da significância. alizada a apresentação do
conceito da significância,
Após a leitura e discussão das melhores práti-
conforme apresentação pa-
cas, devem ser realizados os exercícios a seguir:
drão fornecida pela COMAN,
seguida da leitura e discussão das melhores
Exercícios para construção do “Propósito” de práticas com a plenária.
uma UC

Pergunta orientadora: por que a UC foi cria-


da? Qual sua razão de existência?
Atenção:
As declarações de significância são frases
Exercício 1: Em plenária, considerar exemplos
longas (sem títulos), que descrevem o
de declarações de propósito feitos para ou-
que a UC tem de especial ou porque
tras UC (disponíveis no guia do participante)
determinados recursos ou valores são
e discutir quais os elementos que os tornam
importantes e diferenciam a UC no
eficazes como declaração de propósito.
contexto global, nacional, regional e
Exercício 2: Participantes fazem a leitura dos sistêmico. Em geral, são elaboradas até
principais componentes do histórico e de- oito declarações para uma UC.
creto de criação e demais subsídios sobre
a UC (disponíveis no guia do participante) e

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 81
MELHORES PRÁTICAS PARA DECLARAÇÕES DE SIGNIFICÂNCIA DE UC

“FATOR UAU!”

zz A declaração define claramente uma das coisas mais importantes a respeito dos recursos ou
valores da unidade de conservação com base no porquê da unidade ter sido criada.

zz As declarações de significância devem ser inspiradoras. Embora sejam pautadas em dados técnicos,
devem ser comunicativas para todos os públicos relacionados com a UC, por isso a equipe deve ter em
mente o “fator UAU” durante sua construção. Deixe-se levar pela inspiração!

zz A declaração não apenas lista os recursos e valores, mas inclui porque a unidade é importante
no contexto global, nacional, regional ou sistêmico.

zz A declaração deve ser conectada ao propósito e à razão de existência da UC.

zz A declaração reflete pesquisas científicas ou acadêmicas e interpretações, incluindo mudan-


ças que podem ter ocorrido desde o estabelecimento da UC.

zz A declaração precisa ser suportada por dados e capaz de subsistir à revisão por atores locais.

zz A UC pode ser distinguida de outras unidades mediante a leitura da declaração de significância.

Após a leitura e discussão das melhores práti- Exercício 2: Identificar os principais tópicos de
cas, devem ser realizados os exercícios a seguir: significâncias dentre os subsídios existentes
para a UC. Falta alguma coisa? Se faltar, gerar
Exercícios para construção da “Significância” novos tópicos de significância adicionais rele-
de uma UC vantes. A moderação deve trabalhar de forma a
agrupar os tópicos semelhantes. Essa atividade
Perguntas orientadoras: Por que a UC é espe- pode ser feita por chuva de ideias em plenária
cial? O que torna essa UC única? O que ela re- ou iniciada em duplas, onde cada dupla define
presenta nos contextos regional, nacional ou dois ou três tópicos que considera mais impor-
global? tante e posteriormente apresenta em plenária.
O essencial é que seja definida uma lista de seis
Exercício 1: Em plenária, analisar exemplos de a oito tópicos em plenária antes de passar para
declarações de significância de outras UCs e o exercício 3.
discutir os elementos que tornam eficazes cer-
tas declarações de significância.

82
Exercício 3: Em grupos menores divididos por afi- Exercício 4: Em plenária, revisar, discutir e re-
nidade, um ou mais tópicos de significância se- finar os rascunhos de declarações de signifi-
rão atribuídos a cada grupo que inicia a constru- cância propostos pelos grupos menores. Pôr
ção dos textos de significância completos para à prova todas as declarações de significância
os tópicos que receberam, tendo em mente as comparando-as com os critérios-chave para as
melhores práticas. Orientar os grupos para que declarações de significância.
cada significância utilize uma folha de flip chart.

CRITÉRIOS-CHAVE PARA AS DECLARAÇÕES DE SIGNIFICÂNCIA

zz A declaração define claramente uma das coisas mais importantes acerca dos recursos/valores da UC
com base no motivo pelo qual a UC foi estabelecida? É específico?

zz A declaração vai além de apenas listar os recursos e valores e inclui o porquê da unidade ser
relevante em âmbito nacional? Foram considerados os serviços ecossistêmicos prestados?

zz A declaração reflete pesquisas e interpretações acadêmicas atuais, incluindo mudanças que possam
ter ocorrido desde o estabelecimento da UC? Existem evidências?

zz As declarações de significância estão conectadas com o propósito?

Concluído o exercício, o resultado deve ser 6.5.1.3 RECURSOS E VALO-


fixado em local de fácil leitura pelos parti- RES FUNDAMENTAIS
cipantes e sinalizado com o ícone da signi- Inicialmente, deverá ser re-
ficância, para que seja reavaliado ao longo alizada a apresentação do
da oficina. conceito dos recursos e valo-
res fundamentais, conforme
Na consolidação do plano de manejo, as apresentação padrão forneci-
sentenças de significância podem ser en- da pela COMAN, seguida da leitura e discussão
riquecidas e refinadas, respaldando as in- das melhores práticas com a plenária.
formações em dados técnicos e científicos,
quando houver.
Atenção:
Para cada recurso e valor fundamental
deve ser apresentada uma descrição o
mais completa possível, mas concisa,
com uma ou duas sentenças. Em geral,
são definidos até oito recursos e valores
fundamentais para uma UC.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 83
MELHORES PRÁTICAS PARA A IDENTIFICAÇÃO DE RECURSOS E VALORES FUNDAMENTAIS

zz O recurso ou valor em questão é crucial para alcançar o propósito da UC e manter sua signi-
ficância, e tal associação deve ser clara para manter a conexão entre estes elementos.

zz Dentre os participantes da oficina e na equipe da UC, há forte consenso de que o recurso ou


valor em questão é crucial para a viabilidade futura da UC.

zz O recurso ou valor em questão não é abstrato ou amplo demais, não abrange todos os re-
cursos presentes na UC e não é genérico (isto é, deve ser específico).

zz É imprescindível que haja aspectos ambientais (espécies, ecossistemas, ou processos eco-


lógicos), dentre os recursos e valores fundamentais.

zz Recursos e valores fundamentais sociais e culturais (bem estar social), devem ser relaciona-
dos aos aspectos ambientais sempre que possível.

Após a leitura e discussão das melhores práti- Os moderadores deverão selecionar os RVF
cas, devem ser realizados os exercícios a seguir: que mais apareceram (consenso) e avaliar se
o conjunto é representativo da UC. Se não for,
Exercícios para definição dos Recursos e Va- discutir com a plenária e complementar a lista.
lores Fundamentais Em geral, cerca de oito RVF são suficientes para
representar as qualidades mais essenciais da
Pergunta orientadora: Quais recursos ou valo- UC. Considerando o objetivo primordial de
res são mais importantes para atingir o pro- toda UC, que é a conservação da natureza, os
pósito e a significância da UC? aspectos ambientais devem preponderar na
lista de RVF elaborada.
Exercício 1: Em plenária, analisar exemplos de
recursos e valores fundamentais existentes Exercício 3: Dividir os participantes em gru-
para outras UCs e discutir os elementos que pos pequenos com base na experiência e in-
os tornam eficazes e ineficazes. teresse, e atribuir um ou mais RVF para cada
grupo. Cada grupo irá desenvolver descrições
Exercício 2: O grupo grande será dividido em completas (1-2 sentenças) para cada RVF, de-
duas equipes, sendo cada equipe dividida em finindo também a ligação com a conservação
dois “subgrupos” cada. Os subgrupos devem da biodiversidade para cada um deles. Os
identificar os cinco RVF que consideram mais grupos irão registrar um RVF e sua descrição
importantes para atingir o propósito e a sig- por flip chart.
nificância da UC, com a intenção de acertar as
respostas do outro “subgrupo” de sua equipe. Exercício 4: Em plenária, revisar, discutir e
A equipe marca um ponto para cada RVF igual refinar os recursos e valores fundamentais
entre os “subgrupos” (jogo conhecido como identificados por cada subgrupo. Por à pro-
“adivinhador de mentes”).

84
va todos os recursos e valores fundamentais Quando o propósito, as declarações de signifi-
comparando-os com as melhores práticas e cância e os recursos e valores fundamentais da
manter, refinar ou eliminar os recursos ela- UC forem identificados, é importante avaliar as
borados com base na comparação. necessidades de dados e de planejamentos re-
lacionados a conservação desses elementos, e
Concluído o exercício, o resultado deve ser fi- portanto, da UC. Todas as necessidades de da-
xado em local de fácil leitura pelos participan- dos e planejamento identificadas nesta seção
tes e sinalizado com o ícone dos recursos e va- devem ser destinadas a proteger os recursos e
lores fundamentais, para que seja reavaliado valores fundamentais, a importância e a finali-
ao longo da oficina. dade da UC, além de abordar questões-chave.

6.5.2 CONSTRUÇÃO DOS COMPONENTES A análise de recursos e valores fundamentais


DINÂMICOS e a identificação de questões-chave auxiliam
6.5.2.1 Avaliação de necessidades de dados na priorização de planejamentos, da coleta de
e planejamento dados e na identificação de ações e oportuni-
dades de manejo futuras.

PASSOS PARA A AVALIAÇÃO DAS NECESSIDADES DE DADOS E PLANEJAMENTO

zz Análise dos recursos e valores fundamentais, incluindo a identificação das necessidades de


dados e planejamento.

zz Identificação de outras questões–chave para a UC e necessidades de dados e planejamentos


para resolvê-los.

zz Priorização das necessidades de dados e de planejamento (inclusive atividades de mapea-


mento espacial ou mapas SIG).

ANÁLISE DOS RECURSOS E VALORES FUNDAMENTAIS

zz Identificação da condição atual (estado de conservação, situação em que se encontram os


recursos e valores da UC) e tendências (aumento ou diminuição dos impactos sofridos, o que
acontecerá com os recursos e valores se a UC não agir) para cada RVF (FIGURA 8).

zz Identificação das ameaças (ação humana que degrada ou compromete o RVF, inclusive aque-
las que vêm do exterior para dentro da UC) e oportunidades (situação ou condição que favorece
a conservação do RVF).

zz Definição das necessidades de dados e planejamentos que ajudarão a manejar e proteger os


recursos e valores fundamentais.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 85
FIGURA 8. REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DA CONDIÇÃO E TENDÊNCIA DE UM RECURSO E
VALOR FUNDAMENTAL, NESTE CASO UM CASTANHAL

A análise dos RVF deve ser realizada em formato vinculada, garantindo que o planejamento da UC
de diagrama, utilizando-se de tarjetas coloridas seja pensado para todos os fatores que colocam
e realizando ligações lógicas entre os itens, para em risco a manutenção dos recursos e valores
que fique clara a relação de causa e efeito na aná- fundamentais. Posteriormente os resultados do
lise em curso (FIGURA 9). A elaboração do diagra- diagrama são transcritos em tabelas que farão
ma, além de fazer com que cada RVF seja avaliado parte do plano de manejo. Essa análise deve ser
em todos os quesitos (ameaças, condição atual realizada com o conhecimento da plenária, mas
e tendências), facilita com que cada ameaça te- também utilizando como base dados técnicos e
nha uma necessidade de planejamento ou dado científicos, que suportem a análise realizada.

86
FIGURA 9. DIAGRAMA ILUSTRATIVO DA ANÁLISE DOS RECURSOS E VALORES FUNDAMEN-
TAIS. AS CORES DOS ELEMENTOS REPRESENTAM AS CORES DAS TARJETAS A SEREM UTI-
LIZADAS NA OFICINA

CONDIÇÕES ATUAIS
RECURSO
NECESSIDADE DE
AMEAÇA OU VALOR
DADOS
FUNDAMENTAL
TENDÊNCIAS

CONDIÇÕES ATUAIS
RECURSO
AMEAÇA OU VALOR
FUNDAMENTAL
TENDÊNCIAS

NECESSIDADE DE
PLANEJAMENTO
CONDIÇÕES ATUAIS
RECURSO
OU VALOR NECESSIDADE DE
FUNDAMENTAL PLANEJAMENTO
NECESSIDADE DE
TENDÊNCIAS
DADOS

Conforme demonstrado na FIGURA 9, em ge- ções suficientes ou confiáveis sobre o estado


ral as necessidades de planejamento estão de conservação do RVF e pesquisas ou ações
vinculadas à uma ameaça, com o intuito de de monitoramento são necessárias. Outra
revertê-la e diminuir seus impactos sobre os possibilidade é a vinculação da necessidade
RVF afetados por ela, ou estão relacionadas de dados diretamente a uma necessidade de
diretamente com o RVF, quando uma ação de planejamento, nos casos em que faltam da-
manejo deve ser executada de forma direta dos para subsidiar um planejamento adequa-
sobre o RVF, como um plano de recuperação do, indicando a indispensabilidade de busca
ou de reintrodução de uma espécie por exem- e organização de informações previamente
plo. Já as necessidades de dados podem es- ao planejamento, ou mesmo da realização de
tar vinculadas à condição atual ou a tendência pesquisas científicas, o que deverá ser indica-
dos RVF, o que ocorre quando não há informa- do pelo plano de manejo.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 87
Inicialmente, deverá ser realizada a apresentação da importância e do passo a passo da análise
dos recursos e valores fundamentais, conforme apresentação padrão fornecida pela COMAN, se-
guida da leitura e discussão das melhores práticas com a plenária.

MELHORES PRÁTICAS PARA ANÁLISE DE RECURSOS E VALORES FUNDAMENTAIS

zz As informações devem ser dispostas em um diagrama, de maneira clara, sucinta, com cone-
xões lógicas e de fácil compreensão para todos (pensamentos e frases completas podem comple-
mentar cada caixa).

zz Ao preencher o diagrama, considere ameaças e oportunidades existentes, futuras e prováveis,


sempre as conectando com o RVF em análise.

zz As necessidades de dados e de planejamento devem sempre estar conectadas entre si ou a algu-


ma ameaça, oportunidade, condição atual ou tendência, ou mesmo a um RVF diretamente, estabele-
cendo a conexão lógica entre eles, numa relação de causa e efeito.

zz Reconheça as oportunidades para os planejamentos necessários e as possíveis parcerias na


UC e entorno, para solucionar questões que atravessam os limites da UC, tais como acesso de vi-
sitantes, migração, pesca, etc.

zz Na indicação da necessidade de planejamentos, usar como base o Catálogo de Produtos e


Serviços do ICMBio e buscar descrever qual o direcionamento e foco do planejamento, se possível
com justificativas.

zz Atentar para que as necessidades de planejamento não sejam uma lista de atividades. Elas
devem indicar a realização de uma estratégia mais ampla ou programa, que posteriormente será
detalhado em atividades.

zz A análise deve se basear na melhor informação disponível, quando pertinente explicitar o


grau de confiança da informação.

88
Após a leitura e discussão das melhores prá- fica para que seja possível identificar as altera-
ticas, devem ser realizados os exercícios a se- ções entre os grupos. Também deve ser manti-
guir. Antes de iniciar a atividade, os moderado- do o padrão de cores das tarjetas no diagrama,
res devem reforçar a importância do Catálogo conforme FIGURA 9.
de Produtos e Serviços para ajudar na definição
das necessidades de dados e de planejamen- Exercício 3: Em plenária serão apresentados os
tos, dando preferência aos planos já desenvol- resultados das quatro estações de análise dos
vidos pelo ICMBio. RVF pelos facilitadores, para discutir, integrar e
refinar os resultados. Além das boas práticas,
devem ser avaliadas a clareza, repetição ou si-
Exercícios para análise de recursos e valores
milaridade de ideias.
fundamentais

Pergunta orientadora: A partir da análise dos Caso não seja possível realizar a integração de to-
RVF, quais as necessidades de dados e de plane- das as necessidades de dados e de planejamento
jamento deverão ser construídos e priorizados? similares ou repetidas em plenária, os moderado-
res deverão fazer essa integração em paralelo às
Exercício 1: Em plenária, faça a análise de um demais atividades ou após a finalização dos tra-
recurso ou valor fundamental em conjunto com balhos do dia, e, preferencialmente, validar com a
o grupo grande, para alinhar o entendimento plenária antes da atividade de priorização.
dos participantes. Identifique pelo menos uma
condição atual e uma tendência do RVF, e uma Os moderadores também deverão atentar para
necessidade de planejamento e uma necessi- vincular as necessidades de dados que são
dade de dados. subsídios para as necessidades de planejamen-
to com estas, para que a priorização ocorra de
Exercício 2: Dividir os participantes em grupos forma conjunta.
menores e distribuir os RVF por similaridade em
até quatro grupos. Os integrantes de cada gru-
po serão definidos inicialmente por afinidade, ANÁLISE DE
conhecimento e interesse nos RVF atribuídos a QUESTÕES-CHAVE Atenção:
cada grupo pequeno. Inicialmente, de- para cada questão-
verá ser realizada chave identificada,
Com base no método do Café Mundial, os gru- a apresentação também são definidas
pos terão um tempo determinado para fazer a do conceito das as necessidades
primeira análise dos RVF, sendo que cada grupo questões-chave, de dados e de
constitui uma “estação de trabalho”. Comple- conforme apre- planejamento que
tada a primeira análise, os grupos irão circular sentação padrão auxiliarão em sua
nas outras três estações, de maneira coorde- fornecida pela resolução. Em geral,
nada, para avaliar e completar a análise feita COMAN, seguida são definidos de três a
pelos outros grupos, em cada estação. da leitura e dis- cinco questões-chave
cussão das me- para uma UC.
Na atividade do Café Mundial, é interessante lhores práticas
que cada grupo tenha um pincel de cor especí- com a plenária.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 89
MELHORES PRÁTICAS PARA ANÁLISE DE QUESTÕES-CHAVE

zz Focar em questões-chave ou críticas que possam envolver o uso, o manejo ou a administração


de uma UC, de maneira complementar a análise de RVF, evitando repetições.

zz Considerar questões que possam ou não estar relacionadas aos recursos e valores fundamen-
tais e a alguma significância da UC, mas que devem ser solucionadas pelo ICMBio.

zz Questões que se aplicam a diversos recursos e valores fundamentais devem ser consideradas
questões-chave.

zz Tente limitar as questões consideradas no plano de manejo de 3 a 5 questões-chave.

Exercícios para análise de questões-chave PRIORIZAÇÃO DAS NECESSI-


DADES DE DADOS E DE PLA-
Após a apresentação do conceito e leitura das
NEJAMENTO
melhores práticas com a plenária, deve ser re-
alizado o seguinte exercício: O processo de priorização
das necessidades de dados e
Exercício 1: Em plenária, identifique questões- planejamentos começa com
-chave que precisam ser abordadas por ações a própria definição dos RVF, questões-chave
futuras do plano de manejo, destacando ape- e suas análises, passa pela análise de crité-
nas as questões mais importantes. Quando as rios durante a oficina de elaboração ou revi-
questões forem definidas e analisadas, iden- são do plano de manejo, e continua na fase
tifique as necessidades de dados e planeja- de consolidação do documento preliminar, vi-
mento para lidar com elas. As necessidades sando correções de assimetrias em relação a
de dados e planejamento devem ser comple- priorização feita, bem como buscando maior
mentares às definidas na análise dos RVF. alinhamento com as prioridades e oportuni-
dades institucionais. Logo, a priorização das
Concluído o exercício, integre as necessidades necessidades de dados e planejamento é
de dados e planejamento às identificadas na resultante de um combinado de avaliações,
análise dos RVF para priorização conjunta na apresentado na devolutiva do documento aos
próxima atividade. participantes.

90
Para as necessidades de dados elencados nas cione de dois a três critérios para a prioriza-
análises anteriores, deve-se buscar priorizar ção das necessidades de planejamento e de
aquelas consideradas mais necessárias para a um a dois para as necessidades de dados.
gestão e conservação dos recursos e valores
fundamentais da UC. Já a equipe de planejamento considerará ou-
tros critérios para ponderar o resultado da ofi-
Sugere-se que a equipe de moderação sele- cina posteriormente.

EXEMPLOS DE CRITÉRIOS PARA A PRIORIZAÇÃO DAS NECESSIDADES DE PLANEJAMENTO

zz Sua execução favorece a resolução de conflitos importantes para a gestão;

zz Está relacionada aos RVF e ameaças consideradas mais críticas para a conservação da UC;

zz Auxilia na mudança do curso que se deseja para uma tendência observada em um RVF;

zz Existência de oportunidade para sua elaboração e implementação;

PERGUNTAS PARA AUXILIAR A PRIORIZAÇÃO DAS NECESSIDADES DE DADOS

zz A necessidade de dados é essencial para a conservação dos RVF?

zz A necessidade de dados é essencial para a gestão da UC?

EXEMPLOS DE CRITÉRIOS PARA A PONDERAÇÃO DO RESULTADO DA OFICINA

zz Está relacionada com maior quantidade de RVF e ameaças, ou seja, sua execução favorecerá a
conservação de mais de um RVF;

zz Atendimento a políticas públicas;

zz Está relacionada com diretrizes e competências institucionais.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 91
MELHORES PRÁTICAS PARA A PRIORIZAÇÃO

zz Ao atribuir prioridades, coloque em perspectiva o quadro geral, possibilite que os participan-


tes avaliem todas as necessidades em conjunto.

zz Ao definir prioridades, considere se essas prioridades são adequadas para o presente e tam-
bém para um futuro previsível.

zz Considere a sequência para a execução das necessidades de planejamento, algumas podem


ser pré-requisitos para outras.

zz Considerar o âmbito de atuação do ICMBio e seus parceiros.

zz Documente os fundamentos que levaram a priorização, particularmente para as necessidades


de alta prioridade.

Exercício de priorização de necessidades de Atenção:


dados e planejamento As necessidades de dados que
são vinculadas a necessidades de
Para a realização dessa atividade deve haver
planejamento, ou seja, subsídios
uma preparação anterior da equipe de mode-
para estas, deverão ser vinculadas
ração, que deverá sistematizar todas as ne-
às mesmas para a priorização, pois,
cessidades de dados e de planejamento iden-
caso determinada necessidade de
tificadas na análise dos RVF e na análise das
planejamento receba prioridade alta,
questões-chave. As necessidades semelhantes
a necessidade de dado vinculada terá
deverão ser aglutinadas, e, de preferência vali-
a mesma priorização e deverá ser
dadas com a plenária antes da priorização. Em
executada antes ou em conjunto com o
geral, essa atividade é feita no dia anterior à
planejamento.
priorização.

A equipe de moderação deverá gerar uma lista para possibilitar uma votação individualizada
das necessidades de planejamento, indicando e evitar a indução do voto a favor dos itens
a quais RVF e questões-chave elas estão rela- favoritos, ou, de forma alternativa, serem dis-
cionadas. O mesmo deverá ser feito com as postas em painéis grandes para possibilitar a
necessidades de dados. Essas listas podem votação por todos os participantes ao mesmo
ser impressas e entregues aos participantes tempo.

92
Com a preparação prévia realizada, a equipe Após a votação de todos os participantes, os
de moderação deve explicar como será feita a votos são somados e é apresentado o resultado
priorização, ressaltando que a EP também fará “bruto” para a plenária.
uma análise com base em outros critérios após
a oficina, e realizar a leitura das melhores prá- Na consolidação, as pontuações serão ponde-
ticas com a plenária, partindo então para o se- radas e as necessidades de dados e de pla-
guinte exercício: nejamento serão apresentadas no plano de
manejo em três níveis: alta, média e baixa.
Exercício 1: Em plenária, todas as necessida- Para isso, os resultados obtidos na atividade
des de dados e planejamento identificados na de priorização serão separados nas três clas-
análise de questões-chave e recursos e valo- ses por agrupamento dos resultados e distri-
res fundamentais são lidas em conjunto com buição de frequência. Os limites numéricos de
os participantes. Após, apresentar os critérios cada classe são determinados a partir da sub-
selecionados pela equipe, em forma de pergun- tração do maior pelo menor valor e divisão do
tas, e solicitar para que cada participante esco- resultado pelo número de classes, ou seja, por
lha três necessidades consideradas prioritárias 3. Números não inteiros devem ser arredonda-
com base em cada critério. Deverá ser realizada dos. Caso haja uma necessidade de dado ou de
uma pergunta por vez. A priorização poderá ser planejamento que se distancie drasticamente
realizada de duas formas: dos demais (outlier), sugere-se a sua exclusão
no cálculo de distribuição de frequência e,
a) Entrega de lista impressa para cada um dos posteriormente ao cálculo, a sua inclusão na
participantes, que farão marcas com auxílio de classe mais próxima.
caneta nas necessidades consideradas priori-
tárias, devolvendo as listas para os moderado- O exercício de priorização na oficina é uma
res realizarem a compilação dos resultados; ou, ferramenta para ajudar a decidir quais devem
ser as prioridades da UC. Durante a consolida-
b) Fixação das listas em painéis ou paredes e ção dos resultados, a priorização deverá ser
cada participante deverá marcar as necessida- avaliada pela EP e UC, com base nos critérios
des consideradas prioritárias por ele utilizando já expostos, e caso o resultado da oficina seja
adesivos coloridos. alterado, as mudanças deverão ser informadas
quando houver a devolução da versão 1 do pla-
A equipe de moderação deverá escolher qual a no de manejo para os participantes.
forma de análise e priorização mais adequada
para a oficina em execução.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 93
6.5.2.2 Subsídios para interpretação Após a leitura e discussão das melhores práti-
ambiental cas, devem ser realizados os exercícios a seguir:
Inicialmente, deverá ser realizada a apresenta-
ção do conceito dos subsídios para interpreta- Após a leitura e discussão das melhores práti-
ção ambiental, conforme apresentação padrão cas, devem ser realizados os exercícios a seguir:
fornecida pela COMAN, seguida da leitura e dis-
cussão das melhores práticas com a plenária. Exercícios para definição dos subsídios de in-
terpretação ambiental
Atenção:
Pergunta orientadora: Com base nas declara-
Preferencialmente, os subsídios para
ções de significância e nos recursos e valores
interpretação ambiental deverão contar
fundamentais, quais as mensagens (ambientais
com uma breve descrição, indicando quais
ou histórico-culturais) queremos transmitir às
são as mensagens sobre a UC que querem
pessoas sobre a UC?
ser transmitidas, que podem ser frases
curtas que explicitem sua singularidade e Exercício 1: Em plenária, a partir da declara-
pertinência. ção de propósito, significância e dos recursos

MELHORES PRÁTICAS PARA DEFINIÇÃO DE SUBSÍDIOS DE INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL


EFICAZES

zz Os subsídios partem do propósito, da declaração de significância e dos recursos e valores


fundamentais da UC.

zz A elaboração dos subsídios deve ser feita a partir do resgate dos registros de discussões
feitas para a elaboração das declarações de significância e dos recursos e valores fundamentais
da UC.

zz Estes subsídios indicam mensagens relevantes sobre a UC (“não podemos falar sobre tudo,
menos é mais”), que podem ser frases curtas que explicitem sua singularidade e pertinência.

zz Os subsídios também devem considerar histórias, lendas e atributos tangíveis e intangíveis


da UC.

94
e valores fundamentais, fazer uma lista dos Concluído o exercício, o resultado deve ser
aspectos ambientais ou histórico-culturais, fixado em local de fácil leitura pelos partici-
incluindo histórias, lendas e aspectos intan- pantes e sinalizado com o ícone dos subsídios
gíveis mais representativos sobre a UC. Após, para interpretação ambiental, para que seja
agrupar os assuntos semelhantes e reuni-los reavaliado ao longo da oficina.
em conjuntos para serem distribuídos em gru-
pos de discussão. 6.5.2.3 Mapeamento e banco de dados de
informações geoespaciais das unidades de
Exercício 2: Dividir a plenária em pequenos conservação
grupos, que deverão elaborar uma mensagem A captação dos dados costuma envolver a ex-
curta por assunto indicado no exercício 1. Essa tração de dados geoespaciais existentes de
mensagem deverá responder à pergunta orien- uma variedade de fontes oficiais que incluem a
tadora. UC, bem como outros órgãos locais, estaduais
e federais.
Exercício 3: Em plenária, reunir todas as pro-
postas dos grupos e revisar, discutir e refinar, Os tópicos (que incluem várias camadas de da-
resultando em uma lista única de mensagens dos) que serão exibidos no SIGEO dependem
significativas sobre a UC. das necessidades da UC.

PRINCIPAIS PROCESSOS QUE COMPÕEM O BANCO DE DADOS GEOESPACIAIS DAS UCS

zz disponibilização de banco de dados oficiais com informações sobre a UC.

zz captação dos dados existentes na UC para sua organização e validação posterior.

zz inclusão dos dados em um mapa interativo, em plataforma virtual (SIGEO).

zz garantia de controle de qualidade e produção de material visual.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 95
TÓPICOS COMUMENTE BUSCADOS NA CAPTAÇÃO DE DADOS

zz Uso e ocupação do solo zz Hidrografia


zz Vias de acesso zz Situação fundiária
zz Infraestrutura zz Uso de recursos
zz Vegetação zz Zoneamento
zz Relevo

O banco de dados geoepaciais das UCs estará jo, mas para outras atribuições do ICMBio.
inserido em uma plataforma virtual, o SIGEO,
que é uma ferramenta baseada em sistema de Os mapas produzidos a partir do banco de dados
informações geográficas que ajuda no planeja- geoespaciais podem ser usados no planejamen-
mento e gestão das UCs, combinando, organi- to de oficinas e encontros, como uma ferramenta
zando e disponibilizando dados geoespaciais para ajudar a visualizar os recursos, atributos e o
existentes a partir de variadas fontes em uma contexto das UCs, desenvolver alternativas e ofe-
plataforma digital confiável, para usuários co- recer garantia de qualidade para a confiabilidade
muns. O SIGEO tem um papel integrador entre a dos dados, a partir de sua constante revisão ao
diversidade de dados existentes, sendo usado longo do processo de planejamento.
não só para a elaboração dos planos de mane-

MELHORES PRÁTICAS PARA ANÁLISE DE MAPAS NAS OFICINAS

zz A análise dos mapas deve focar nas localizações já mapeadas de recursos, atributos, infraes-
truturas ou outros dados apresentados, para garantir a precisão da análise. A simbologia e a apa-
rência cartográfica geral podem ser atualizadas mais tarde, nos produtos finais de mapeamento.

zz As edições de mapas devem ser registradas de maneira clara para garantir que as atualiza-
ções e ajustes necessários sejam realizados de maneira adequada no decorrer do processo de
planejamento, para posterior incorporação no banco de dados de informações geoespaciais e nos
produtos cartográficos finais.

zz Os participantes devem identificar as correções necessárias para os dados exibidos nos ma-
pas, mas também identificar todos os temas (camadas) ausentes que devem ser incluídos.

zz Observações, explicações ou exclusões para dados mapeados, se necessários, devem ser es-
critos nos mapas para o mapeamento final e para a inclusão nos metadados.

zz Em alguns casos, informações de mapas diferentes usados na oficina podem precisar ser con-
sideradas em conjunto. Esses mapas podem ser colocados lado a lado e o especialista em SIG
também pode mostrar as informações mapeadas em conjunto em uma projeção do mapa em tela.

zz A utilização de séries históricas de uso e ocupação do solo, pode auxiliar na compreensão da


dinâmica territorial e da modificação da paisagem pelos participantes.

96
Exercício de análise de mapas Outras recomendações e critérios de zonea-
mento para observação geral
Após a apresentação da base de dados geoes-
paciais da UC e leitura das melhores práticas zz os sítios histórico-culturais, arqueológicos,
com a plenária, deve ser realizado o seguinte paleontológicos e locais sagrados podem ser
exercício: incluídos em todas as zonas, devendo seu uso e
conservação ser normatizado no plano de ma-
Exercício 1: Em plenária, inicialmente faça a aná- nejo;
lise das bases de dados utilizadas para avaliar
se existem bases mais detalhadas ou refinadas zz nas estações ecológicas será necessário
que podem ser utilizadas para o planejamento. incluir na contextualização do zoneamento em
Após, valide as informações existentes nas ba- quais zonas será possível a realização de pes-
ses de dados criadas pelo ICMBio, avaliando se quisas experimentais e demais incisos do § 4º
os dados estão completos e corretos, faça uma do Art. 9, Lei nº 9.985/2000 (SNUC) e em quais
temática do mapa de cada vez. (p.ex. mapa de zonas essas atividades serão restringidas;
comunidades da UC, hidrografia, trilhas...). Os
zz as normas propostas definem o limite de
mapas podem ser projetados na tela e analisa-
intervenção possível em cada zona, no entanto,
dos com o uso de mapas impressos afixados em
dependendo da realidade de cada UC, poderão
paredes, em software desktop de SIG ou mesmo
ser estabelecidas outras restrições e normas es-
de websig (SIGEO).
pecíficas;
Com essa atividade, além da revisão das bases de
zz há casos de normas repetidas (iguais) em
dados, o grupo se familiariza com os mapas e as in-
zonas diferentes – vejam os casos da zona de
formações espaciais da UC para facilitar a atividade
Preservação e da zona de Conservação, e isso é
de zoneamento que será realizada posteriormente.
intencional, pois os temas se aplicam a ambas
as zonas; e
6.5.3 CONSTRUÇÃO DOS COMPONENTES
NORMATIVOS zz nas áreas de proteção ambiental, é neces-
6.5.3.1 Zoneamento sário avaliar caso a caso qual zona que melhor
se assemelha à ZPVS e quando for possível com-
No processo de elaboração do zoneamento o patibilizar as especificidades definidas para a
detalhamento das zonas é essencial, ele apre- ZPVS nos decretos de criação das APAs, citar no
senta uma descrição, o objetivo geral de ma- plano de manejo que: “A Zona X (a definir) equi-
nejo, as atividades permitidas, suas normas vale à ZPVS prevista no decreto de criação”.
relacionadas e os critérios para sua definição,
presentes na TABELA 5. zz quando houver informação disponível, po-
dem ser estabelecidas restrições temporárias
relativas ao uso de recursos naturais em uma
determinada zona em função de períodos de mi-
gração ou reprodução de espécies, entre outros.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 97
Critérios para avaliação do uso de recursos Critérios específicos para avaliação da ativi-
naturais em geral, objetivando mensurar o dade de pesca, objetivando mensurar o grau
grau de intervenção de intervenção

zz número de recursos naturais explorados; zz esforço de pesca (número de pescadores,


tamanho/tipo de embarcação, frequência de
zz volume explorado estimado;
pesca e apetrechos de pesca, por exemplo: ta-
zz número de famílias que exploram; manho da rede, artes de pesca, uso de tecnolo-
gia – sonar);
zz extensão da área explorada;
zz finalidade da pesca (análise da cadeia pro-
zz área total da UC; dutiva), sendo pesca comercial (artesanal e in-
dustrial), pesca não comercial (amadora e sub-
zz frequência de exploração; e
sistência) ou pesca científica;
zz instrumentos e equipamentos utilizados
zz perfil do beneficiário/usuários (utilizar in-
para a exploração.
formações do cadastro de pescadores e o mo-
nitoramento pesqueiro feito pelos centros de
pesquisa);

zz utilização de áreas frágeis;

98
RECOMENDAÇÃO ESPECÍFICA PARA INCLUSÃO DE NORMATIZAÇÃO DA ATIVIDADE DE CAÇA

A normatização da caça de subsistência em UC c. deve ser proibida a utilização de cachorros


de uso sustentável deverá seguir a orientação para caça;
do Comitê Gestor do ICMBio vigente durante a
elaboração ou revisão do plano de manejo. d. deve ser proibida a venda ou qualquer ou-
tro tipo de negociação pecuniária com carne de
Caso a atividade seja autorizada, deverá ser caça de animais silvestres nativos e/ou a venda
previsto o detalhamento e monitoramento da de animais silvestres nativos capturados na UC,
mesma em planejamento específico. Também exceto quando oriundos de manejo de fauna ou
poderá ser incluída no plano de manejo, ex- criatório autorizados pelo ICMBio;
clusivamente nas zonas de Uso Restrito, Uso
Moderado, Uso Comunitário, Manejo Florestal e. deve ser proibida a doação, troca, ou outras
e Populacional, norma relativa à atividade de formas de escambo com pessoas não beneficiá-
caça, que deverá vincular sua realização com o rias da UC, envolvendo animais silvestres;
monitoramento da atividade e a definição de ní-
veis de alerta, devendo observar também que: f. a intensidade de caça e as espécies passíveis
de caça são sujeitas a reavaliação regular, con-
a. a sustentabilidade das populações das espé- forme os resultados do programa de monitora-
cies alvo de caça não pode ser comprometida; mento de caça;

b. deve ser proibido, em qualquer situação, o g. são reconhecidos como métodos para a pro-
abate de animais definidos oficialmente como posição de níveis de alerta: medidas de esforço
Criticamente em Perigo (CR), Em Perigo (EN), de de caça, estudos populacionais diretos, estudos
filhotes, fêmeas prenhas, adultos com filhotes populacionais indiretos, entre outros, de acor-
e no ninho; do com o contexto socioambiental local.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 99
Inicialmente, deverá ser realizada a apresen-
Atenção:
tação do conceito do zoneamento, conforme
As zonas de manejo devem identificar as
apresentação padrão fornecida pela COMAN,
necessidades cruciais para a proteção
seguida da leitura e discussão das melhores
dos recursos e valores fundamentais e
práticas com a plenária.
expressar adequadamente os diferentes
graus de intervenção presentes na
UC, atentando para os exemplos
apresentados no guia do participante.

MELHORES PRÁTICAS PARA IDENTIFICAR E LOCALIZAR ZONAS DE MANEJO EM UMA UC

zz Identificar um conjunto de zonas de manejo em potencial. Isso ajuda a garantir que uma ampla va-
riedade de combinações razoáveis de condições de recursos, usos, situações e experiências associadas
sejam consideradas.

zz Observar as diferenças entre as zonas de manejo em potencial, de maneira que sejam signifi-
cativas para os gestores e compreensíveis para todos os públicos.

zz Evitar posicionamentos muito limitados ou díspares conceitualmente, pois isso pode levar o
grupo a decisões extremas em qualquer direção.

zz incluir condições e experiências incompatíveis e opostas na mesma zona, pois isso pode refle-
tir situações existentes, mas não subsidia adequadamente as orientações de manejo para o futuro.

zz Admitir que, em alguns casos, é aceitável um certo nível de impacto sobre recursos e valores
socioambientais e que talvez nem todas as condições desejadas podem ser alcançadas, desde que
garantidas em outra zona.

zz Na dúvida sobre a compatibilidade de determinada atividade em relação ao grau de inter-


venção admitido em uma zona, é possível elaborar uma norma restringindo a atividade em zonas
mais permissivas. O contrário, permitir atividades mais permissivas e não permitidas em zonas
mais restritivas, não é possível.

zz Aproveitar a discussão dos critérios utilizados para a definição das zonas de manejo como
subsídio para a definição das normas das zonas.

100
Ao elaborar o zoneamento de uma UC, além conceito, as zonas de manejo, faz-se a leitura das
de considerar a categoria, as características melhores práticas com a plenária e então sugere-
da UC e a variedade de zonas de manejo dis- -se os exercícios a seguir. A definição da melhor
poníveis, a equipe de planejamento também forma de elaborar o zoneamento na oficina ficará
deve levar em consideração possíveis limita- a cargo da equipe de moderadores na organização
ções já impostas pela legislação vigente (p.ex. da oficina, de acordo com o contexto da UC, as in-
Lei nº 12.651/2012 – Código Florestal e Lei nº formações existentes e a composição de partici-
11.428/2006 – Lei da Mata Atlântica) ou pelo pantes na oficina.
decreto de criação da UC, especialmente nas
categorias que possibilitam maior uso de re-
EXERCÍCIO DE IDENTIFICAÇÃO DE ZONAS PARA
cursos naturais.
A UC:
Exercício 1 (plenária): Analisando os mapas te-
No caso de RDS, a Lei nº 9.985/2000 (SNUC),
máticos e situacional da UC e observando os
Art.20, Parágrafo 6º, determina a necessidade
tipos de zonas propostas neste roteiro, que zo-
de estabelecimento de zonas de proteção inte-
nas são importantes ao desenvolver o plane-
gral e zonas de uso sustentável.
jamento de manejo
para a UC? Quais são
Exercícios para elaboração do zoneamento as zonas já identi-
Explicação sobre
ficadas nas oficinas análise de mapas
Inicialmente, a construção do zoneamento exige prévias (caso te- Item 6.5.2.3
a realização prévia da análise de mapas, especial- nham ocorrido)? Es-
mente do mapa situacional. Após, apresenta-se o tão adequadas?

CONSIDERAÇÕES PARA LOCALIZAR ZONAS DE MANEJO EM UM MAPA

zz Prever zonas de manejo em áreas de toda a UC com base na categoria de manejo, no propósi-
to, significância e recursos fundamentais e valores da UC.

zz Considerar o potencial total da área, não apenas as condições existentes. Até as zonas degra-
dadas devem ser zoneadas com base nos seus recursos e valores, como também possíveis abor-
dagens às melhorias, deixando de lado as condições existentes e erros anteriores.

yy Pergunte “Quais as possíveis áreas para um tipo específico de manejo e uso?” e “Que tipos
de manejo e uso são possíveis para esta área específica?”.

yy Assegurar que as zonas de manejo possuam pontos de referências identificáveis no campo.

yy Evitar definir zonas para áreas muito pequenas e baseadas em um único critério.

yy As zonas não necessariamente possuem as mesmas referências em cada caso. Diferentes


características de uma zona ajudam a distinguir abordagens para alcançar o objetivo e manter
o significado, recursos e valores fundamentais da UC.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 101
EXERCÍCIO DE CONSTRUÇÃO DO MAPA SITUA- nos e cada grupo trabalhará todas as zonas
CIONAL PARA A UC: definidas no exercício anterior, bem como suas
Exercício 2 (peque- normas, propondo a delimitação das zonas
Atenção:
nos grupos): Cada num mapa base grande impresso. Neste caso,
A identificação
grupo trabalhará cada grupo fará uma proposta completa de zo-
de feições,
com os mapas base neamento para a UC. Assim, recomenda-se que
infraestruturas,
e mapas temáticos a composição dos grupos garanta a presença
recursos e outros
para melhor noção de membros representantes de diferentes inte-
atributos da UC
espacial do territó- resses em cada grupo, buscando a maior diver-
deverá ser feito
rio, onde será ela- sidade de atores possível.
pelos participantes,
borado um mapa
de modo a se Zoneamento por zonas de manejo: Neste caso
situacional, com a
apropriarem da cada pequeno grupo irá trabalhar na proposta
identificação dos
representação do de uma ou duas zonas de manejo para todo o
das principais re-
mapa. território, a partir da lista de zonas definidas
ferências espaciais
de conhecimento no exercício 1. Utilizando a técnica do café mun-
dos participantes. dial, cada estação ficará responsável pela defi-
nição de zonas pré-determinadas, enquanto os
participantes circulam por todas as estações,
EXERCÍCIOS DE CONSTRUÇÃO DAS ZONAS DE
contribuindo na definição de todas as zonas
MANEJO PARA A UC:
de manejo, em momentos distintos. É mais re-
A construção das zonas de manejo pode ser feita
comendável para UCs não muito extensas, em
de diferentes maneiras, em função de caracte-
que os participantes tenham bastante domínio
rísticas específicas da UC, do grau de apropria-
sobre todo o território da UC, tem como desa-
ção dos participantes da oficina sobre o terri-
fio a compatibilização das zonas de manejo de
tório ou mesmo das preferências da equipe de
maneira fragmentada, ao invés de uma visão in-
facilitação. O importante é buscar os meios para
tegrada do território em um mesmo momento.
que o processo atinja os melhores resultados
para cada caso. Neste sentido, apresentamos
Exercício 3 B (pequenos grupos) – Café Mundial:
3 possibilidades de elaboração dos exercícios
Serão definidas 3 ou 4 estações contendo um fa-
subsequentes para elaboração do zoneamento.
cilitador/relator fixo, onde serão trabalhados 1 ou
2 tipos de zonas de manejo definidos no exercício
Zoneamento de toda a UC: Neste caso todos os 1, bem como as respectivas normas de zonas. Os
pequenos grupos trabalham em uma proposta participantes serão distribuídos em 3 ou 4 peque-
de zoneamento abrangendo toda a UC, que será nos grupos, de acordo com o número de estações,
posteriormente consolidada em plenária a partir sendo atribuído a cada grupo uma caneta de cor
da avaliação das propostas dos grupos. É mais específica, para que seja possível identificar as
recomendável quando os participantes possuem sugestões feitas em cada estação. De acordo com
considerável conhecimento sobre todo o territó- a técnica de Café Mundial, na primeira rodada re-
rio, mas pode ser mais desafiador para a conso- comenda-se que cada grupo fique pelo menos 40
lidação da versão integrada em plenária. minutos em cada estação, e da segunda rodada
em diante os grupos deverão permanecer cerca
Exercício 3 A (pequenos grupos): Os participan- de 20 minutos. Todos os grupos devem contribuir
tes serão distribuídos em 3 ou 4 grupos peque- em todas as estações.

102
Zoneamento por setores da UC: Neste caso cada consolidação a possível compartimentalização
pequeno grupo irá definir todas as zonas de ou descontinuidade do zoneamento.
manejo por setores específicos da UC previa-
mente definidas pela EP, e não em toda a sua Exercício 3 C (pequenos grupos): Os participan-
abrangência. Na fase de consolidação o zonea- tes serão distribuídos em 3 ou 4 grupos, sendo
mento será resultado da integração dos zone- que cada um trabalhará uma região específica
amentos propostos por cada pequeno grupo. É da UC, avaliando a pertinência de alocação de
mais recomendável para UCs muito extensas, todas as zonas definidas no exercício 1 e pro-
geralmente de uso sustentável e da categoria pondo a delimitação das zonas num mapa base
APA, onde é improvável que todos os atores re- grande impresso. Neste caso, cada grupo fará
lacionados tenham suficiente informação sobre uma proposta de zoneamento para cada região
sua totalidade, ou UCs que já possuam essa ló- específica da UC e não haverá o rodízio de gru-
gica de gestão. Nestes casos, onde os grupos de pos (Café Mundial), de maneira que o zonea-
atores tenham maior conhecimento sobre regi- mento completo será a junção dos zoneamentos
ões específicas da UC, espera-se uma contribui- das diferentes regiões. Portanto, a composição
ção mais qualificada para as suas respectivas dos grupos deve considerar o conhecimento de
áreas de influência. Tem como desafio para a cada região pelos participantes.

OUTRAS CONSIDERAÇÕES PARA OS EXERCÍCIOS DE ZONEAMENTO

zz Os mapas temáticos devem ser disponibilizados e utilizados como instrumentos de apoio.

zz Diferentes opiniões sobre as condições desejadas para os recursos e valores fundamentais de


várias localidades são expressas por meio da aplicação do zoneamento. Da mesma maneira, ao se
criar os mapas de zoneamento, pode ser um desafio decidir como equilibrar ou priorizar a sobre-
posição e também recursos e valores fundamentais, potencialmente competitivos. Por exemplo,
valores fundamentais para a UC podem incluir recifes de coral e a oportunidade de vivenciar estes
recifes de coral, como segue:

yy Uma zona pode colocar alta prioridade na sensibilidade ecológica do recife e proibir o
acesso (deixando esta experiência a outra abordagem, tal como um vídeo).

yy Outra zona pode dar prioridade à oportunidade de ter uma experiência real no recife, su-
jeitando, portanto, o recife a um nível de risco que seria mitigado ao máximo possível.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 103
EXERCÍCIO FINAL, PARA CONSENSUAR O ZONE- ZONA DE AMORTECIMENTO
AMENTO DA UC A delimitação e normatização da ZA deverá se
Exercício 4 (Plenária): Identificar semelhanças, dar com base em análises técnicas, consideran-
diferenças e sobreposições nos trabalhos dos do os aspectos socioambientais da unidade e
grupos para o zoneamento da UC. Buscar con- do seu entorno.
sensos na definição de uma proposta integrada.
As análises técnicas devem considerar os locais
e ambientes circunvizinhos onde as atividades
zz Cada relator apresentará seu mapa base humanas ameaçam a integridade ecológica da
com a(s) zona(s) proposta(s) e as respectivas UC ou possam comprometer o alcance de seus
normas. objetivos de conservação, por meio de impac-
tos como: invasão de espécies exóticas, entrada
zz Identificar semelhanças em cada mapa de de patógenos, poluentes, ou mesmo favorecen-
zona. do a vulnerabilidade à ocorrência de atividades
ilícitas (extração ilegal de madeira, caça etc.).
zz Identificar diferenças e sobreposições.
A delimitação e a normatização da ZA devem
zz Baseado nas discussões, preparar um estar pautadas também no diálogo com os di-
mapa integrado de zoneamento para a UC com ferentes setores e atores envolvidos, buscando,
as normas de cada zona. sempre que possível, conciliar os interesses de
cada grupo em equilíbrio com a conservação
ambiental.

ORIENTAÇÕES PARA ANÁLISES TÉCNICAS DE DELIMITAÇÃO E NORMATIZAÇÃO DA ZA

zz o contexto socioeconômico em que a UC está inserida;

zz a dinâmica de ocupação e uso da terra na região;

zz a importância biológica da UC, sua representatividade regional e conectividade;

zz os impactos ambientais potenciais e correntes sobre a UC;

zz outras políticas públicas na região;

zz o contexto dos recursos hídricos locais e regionais e sua implicação para a UC;

zz áreas que podem formar corredores ecológicos com a UC, proporcionando conectividade e
aumentando sua efetividade ambiental.

104
Em relação às normas para uma ZA, a COMAN ta o uso pelas populações beneficiárias, tais
dispõe de um ordenamento simplificado, apri- como reservas extrativistas, reservas de de-
morado com a PFE do ICMBio, o qual subsidia- senvolvimento sustentável, florestas nacio-
rá e servirá de orientação para as discussões e nais, refúgios de vida silvestre e monumentos
definição das normas, que deverão observar as naturais.
especificidades de cada UC.
zz áreas suscetíveis a ocorrência ou carrea-
mento de impactos para a UC, tais como:
Critérios ou aspectos regionais gerais que de-
vem ser considerados para a definição de ZA
a. faixas territoriais limítrofes à UC;
zz bacias que drenam para a UC, e em escala
adequada ao tamanho da UC. Bacias hidrográ- b. cursos d´água ou nascentes à montante
ficas de nível 6, conforme base hidrográfica Ot- da UC;
tocodificada pela Agência Nacional das Águas
(ANA), são referência para a delimitação da c. áreas de recarga de aquíferos e áreas
zona de amortecimento. úmidas de relevância para a dinâmica hi-
drológica da UC;
zz áreas urbanas consolidadas, conforme de-
finidas no plano diretor ou legislação pertinen- d. remanescentes naturais próximos e
te, deverão ser evitadas e somente devem ser áreas naturais preservadas de importân-
consideradas quando nelas ocorrerem ativida- cia para a conectividade ecológica da UC;
des humanas que comprometam os objetivos
de criação da UC ou se insiram sobre áreas de e. sítios de alimentação de espécies que
importância ambiental destacada para estes ocorrem na UC.
objetivos.
zz áreas onde ocorrem atividades humanas
zz limites de outras áreas protegidas contí- associadas à:
guas à UC.
a. potencial ou efetiva disseminação de
zz áreas onde ocorram atividades humanas poluentes ou contaminantes químicos, bio-
que comprometam ou possam comprometer os lógicos ou físicos para o interior da UC;
processos ecológicos essenciais à manutenção
das espécies que ocorrem na UC e aos objetivos b. potencial ou efetiva disseminação de
de criação desta unidade. espécies exóticas invasoras ou com poten-
cial de contaminação genética para o inte-
zz áreas onde ocorram atividades humanas rior da UC;
que comprometam ou possam comprometer
os recursos naturais utilizados pelas popula- c. manejo de fogo que possa causar risco
ções tradicionais em UC cuja categoria permi- à UC.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 105
c. sítios próximos de importância para re-
Critérios ou aspectos regionais específicos
produção, descanso e alimentação de es-
para áreas costeiras e marinhas
pécies que ocorrem na UC, tais como reci-
zz características oceanográficas, como a ge- fes, parcéis, ilhas e bancos de algas.
omorfologia costeira e a morfologia do fundo
zz áreas onde ocorrem atividades humanas
do mar.
associadas à:

zz áreas suscetíveis a ocorrência ou carrea-


a. potencial ou efetiva disseminação de
mento de impactos para a UC, tais como:
poluentes ou contaminantes químicos, bio-
lógicos ou físicos para o interior da UC;
a. áreas litorâneas que tenham influên-
cia química, física, geológica ou biológica b. potencial ou efetiva disseminação de es-
sobre a UC, tais como delta de rios, man- pécies exóticas invasoras ou com potencial de
guezais, estuários, restingas, dunas, la- contaminação genética para o interior da UC;
gunas, praias arenosas, recifes e costões
Orientações mais detalhadas para a definição da ZA
rochosos;
serão objeto de documento orientador específico.
b. feições geomorfológicas e fenômenos
oceanográficos que tenham influência quí- Quando a delimitação ou a normatização da ZA
mica, física, geológica ou biológica sobre a são realizadas em conjunto com o processo de
UC, tais como montes submarinos, promon- elaboração ou revisão do plano de manejo, o
tórios, depressões, canais, áreas de ressur- procedimento deve observar as etapas previs-
gência, frentes e vórtices; tas na IN ICMBio nº 07/2017.

106
ETAPAS DE DEFINIÇÃO DA ZA (PROCESSO SEPARADO DA ELABORAÇÃO OU REVISÃO DO
PLANO DE MANEJO)

1. Recebimento pelo ICMBio, da demanda para elaboração da ZA e decisão sobre o início


ou não do processo com base nas diretrizes institucionais vigentes.

2. Formação de equipe de planejamento específica para definição da ZA, formalizada por


ordem de serviço, a qual será responsável pela supervisão técnica e metodológica, cor-
reção de textos, procedimentos administrativos e pela análise e aprovação técnica da
proposta.

3. O chefe da UC deverá comunicar ao conselho sobre o início do processo de elaboração


da ZA.

4. A equipe de planejamento elaborará a organização do planejamento, contendo a ava-


liação da necessidade de reuniões, inclusive com o conselho da UC, oficinas com setores
interessados, levantamentos de campo, contratação de serviços etc.

5. A equipe de planejamento elaborará proposta técnica, contendo os limites e normas


da ZA.

6. O resultado do trabalho será encaminhado em forma de parecer técnico, contendo a


proposta de ZA e sua justificativa, seguindo o mesmo rito de aprovação do plano de ma-
nejo, exceto a apresentação à DIMAN.

7. Após aprovação, o documento será publicado por meio de portaria do ICMBio ou enca-
minhado em formato de proposição, conforme o caso.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 107
TABELA 5. DETALHAMENTO DAS ZONAS PARA TODAS AS CATEGORIAS DE UCs

ZONA
Zona de É a zona onde os ecossistemas existentes permanecem o mais preservado possível, não
ZONAS SEM OU COM BAIXO GRAU DE INTERVENÇÃO

Preservação sendo admitidos usos diretos de quaisquer naturezas. Deve abranger áreas sensíveis e
aquelas onde os ecossistemas se encontram sem ou com mínima alteração, nas quais
se deseja manter o mais alto grau de preservação, de forma a garantir a manutenção de
espécies, os processos ecológicos e a evolução natural dos ecossistemas.
O objetivo geral de manejo é a manutenção de um ou mais ecossistemas com o grau
máximo de preservação, servindo de fonte de repovoamento para as outras zonas da UC.
Atividades permitidas: proteção, pesquisa, monitoramento ambiental e recuperação
ambiental (preferencialmente de forma natural).
CRITÉRIOS PARA DEFINIÇÃO
 áreas preservadas, bem conservadas ou em avançado estágio de regeneração,
podendo conter alterações antrópicas pontuais;
 áreas de maior suscetibilidade ambiental (mais sensíveis/suscetíveis/frágeis), como
encostas, áreas úmidas, áreas com inúmeras nascentes, terrenos arenosos e etc.;

 áreas com maior variabilidade ambiental (maior quantidade de ambientes diferentes),


com maior riqueza (número) de espécies e, quando disponíveis os dados, com maior
diversidade de espécies;

 áreas com maior representatividade ambiental (áreas com características naturais


especiais da UC e com espécies em risco ou ameaçadas de extinção, raras, sítios
de reprodução e berçários, sítios de desenvolvimento dos pescados, sítios de
alimentação, sítios de migração e etc.), incluindo trechos de rios de grande extensão;
 áreas com ambientes de transição natural (tensão ecológica);
 áreas com as características acima e mais centralizadas na UC, ou que, mesmo
não centralizadas, tenham acesso dificultado pelo relevo ou pela conectividade com
outras zonas de baixa grau de intervenção em outras áreas protegidas;
 áreas periféricas e de fácil acesso devem ser evitadas, mas podem ser utilizadas
se tiverem elevada importância ecológica, considerando as outras características
listadas.

108
ZONA
Zona de NORMAS PROPOSTAS
Preservação
ZONAS SEM OU COM BAIXO GRAU DE INTERVENÇÃO

1. As atividades permitidas nesta zona são proteção, pesquisa, monitoramento


ambiental e recuperação ambiental (preferencialmente de forma natural).
2. As pesquisas permitidas devem prever o mínimo de intervenção/impacto negativo
sobre os recursos e são limitadas às pesquisas que não podem ser realizadas em
outras zonas.
3. A visitação não é permitida, qualquer que seja a modalidade.
4. É permitida a instalação eventual de infraestrutura física, quando forem estritamente
necessárias às ações de busca e salvamento, contenção de erosão e deslizamentos,
bem como outras imprescindíveis à proteção da zona, as quais devem ser removidas
tão logo as ações citadas sejam concluídas.
5. No caso de pesquisa serão permitidos acampamentos simples e temporários.
6. É permitida a abertura de trilhas e picadas necessárias às ações de busca e
salvamento e de prevenção e combate aos incêndios, entre outras similares de
proteção, e para atividades de pesquisa.
7. O uso de fogueiras é permitido em casos excepcionais, quando indispensável à
proteção e à segurança da equipe da UC e de pesquisadores.
8. O uso de animais de carga e montaria é permitido em casos de prevenção e combate
aos incêndios, resgate e salvamento, bem como no transporte de materiais para
áreas remotas e de difícil acesso em situações excepcionais e imprescindíveis para a
proteção da UC, quando considerados impraticáveis outros meios.

9. O trânsito motorizado, desde que compatível com as características do ambiente,


será facultado quando indispensável para viabilizar as atividades permitidas e
considerados impraticáveis outros meios.

Zona de É a zona que contém ambientes naturais de relevante interesse ecológico, científico
Conservação e paisagístico, onde tenha ocorrido pequena intervenção humana, admitindo-se
áreas em avançado grau de regeneração, não sendo admitido uso direto dos recursos
naturais. São admitidos ambientes em médio grau de regeneração, quando se tratar
de ecossistemas ameaçados, com poucos remanescentes conservados, pouco
representados ou que reúna características ecológicas especiais, como na Zona de
Preservação.
O objetivo geral do manejo é a manutenção do ambiente o mais natural possível e,
ao mesmo tempo, dispor de condições primitivas para a realização das atividades de
pesquisa e visitação de baixo grau de intervenção, respeitando-se as especificidades
de cada categoria.
Atividades permitidas: proteção, pesquisa, monitoramento ambiental, visitação de
baixo grau de intervenção e recuperação ambiental (preferencialmente de forma
natural).

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 109
ZONA
Zona de CRITÉRIOS PARA DEFINIÇÃO
Conservação  áreas preservadas, bem conservadas, em médio ou avançado grau de regeneração,
podendo conter alterações antrópicas pontuais;
 áreas em médio grau de regeneração são admitidas quando se tratar de
ecossistemas ameaçados, com poucos remanescentes conservados, pouco
representados no local, na região, no bioma ou no SNUC;
 áreas com os mesmos critérios adotados para compor a Zona de Preservação,
mas que podem apresentar qualidade ambiental levemente abaixo dos limites
ZONAS SEM OU COM BAIXO GRAU DE INTERVENÇÃO

adotados para esta;


 áreas de transição entre a Zona de Preservação e as zonas menos restritivas;
 áreas com ocorrência de atrativos e potencialidades para a visitação de baixo
grau de intervenção.

NORMAS PROPOSTAS
1. As atividades permitidas nesta zona são proteção, pesquisa, monitoramento
ambiental, visitação de baixo grau de intervenção e recuperação ambiental
(preferencialmente de forma natural).
2. As atividades permitidas devem prever o mínimo de intervenção/impacto negativo
sobre os recursos, especialmente no caso da visitação.
3. A visitação deve priorizar as trilhas e caminhos já existentes, inclusive aquelas
pouco visíveis, devido à recuperação, com a possibilidade de abertura de novas trilhas
quando inexistentes ou para melhorar o manejo e conservação da área.
4. É permitido pernoite tipo bivaque ou acampamento primitivo.
5. É permitida a instalação de infraestrutura física, quando estritamente necessárias
às ações de busca e salvamento, contenção de erosão e deslizamentos e segurança do
visitante, bem como outras indispensáveis à proteção do ambiente da zona.
6. É permitida a abertura de novas trilhas e picadas necessárias às ações de busca
e salvamento e de prevenção e combate aos incêndios, entre outras similares,
imprescindíveis para a proteção da zona e para pesquisa.
7. Para as atividades de pesquisa, onde se comprove a necessidade de fixação de
equipamentos e instalações para o bom desenvolvimento do trabalho, tal previsão
deve constar do pedido de autorização da pesquisa e devem ser retirados para fora
da área uma vez findados os trabalhos e quando não for do interesse da UC, devendo
ser feita a recuperação ambiental da área, quando cabível.
8. O uso de fogueiras é permitido em casos excepcionais, quando indispensáveis à
proteção e à segurança da equipe da UC e de pesquisadores.

9. É permitido o uso de fogareiros nas atividades permitidas nesta zona.

110
ZONA
Zona de 10. O uso de animais de carga e montaria é permitido em casos de combate aos
Conservação incêndios, resgate e salvamento, bem como no transporte de materiais para áreas
remotas e de difícil acesso, em situações excepcionais para a proteção, pesquisa e
manejo da visitação da UC.
11. É permitida a coleta de sementes para fins de recuperação de áreas degradadas da
própria UC, levando em consideração o mínimo impacto e desde que autorizada pela
administração da UC.
ZONAS SEM OU COM BAIXO GRAU DE INTERVENÇÃO

12. O trânsito motorizado, desde que compatível com as características do ambiente,


será facultado apenas quando indispensável para viabilizar as atividades de proteção,
manejo, pesquisa e monitoramento ambiental e considerados impraticáveis outros
meios.
13. O acesso motorizado de visitantes é permitido, se regulamentado, em locais pré-
determinados no interior da zona.
a. Observação: norma para utilização em UCs marinhas ou com grandes extensões
fluviais.
14. É permitida a instalação de sinalização indicativa ou de segurança do visitante,
desde que de natureza primitiva.
RECOMENDAÇÕES PARA ELABORAÇÃO DE NORMAS
 quando possível e se não for previsto para um planejamento específico, devem ser
elaboradas normas para garantir a baixa intervenção do turismo embarcado;
 quando possível e se não for previsto para um planejamento específico, devem ser
definidos os locais de fundeio.
Zona de Uso É a zona que contém ambientes naturais de relevante interesse ecológico, científico
Restrito e paisagístico, onde tenha ocorrido pequena intervenção humana, admitindo-
se áreas em médio e avançado grau de regeneração, sendo admitido uso direto de
baixo impacto (eventual ou de pequena escala) dos recursos naturais, respeitando-
se as especificidades de cada categoria. Zona exclusiva para UCs de uso sustentável,
monumento natural e refúgio de vida silvestre.
O objetivo geral de manejo é a manutenção de um ambiente natural, conciliada à ocupação
de moradores isolados, uso direto de baixo impacto dos recursos naturais e realização de
atividades de pesquisa e visitação de baixo grau de intervenção.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 111
ZONA
Zona de Uso Atividades permitidas: proteção, pesquisa, monitoramento ambiental, visitação de
Restrito baixo grau de intervenção (com instalações mínimas, utilizando, preferencialmente as
infraestruturas já existentes), e recuperação ambiental (preferencialmente de forma
natural), moradias isoladas com roças de subsistência e uso direto eventual e de baixo
impacto dos recursos naturais.
CRITÉRIOS PARA DEFINIÇÃO
 áreas bem conservadas, em médio ou avançado grau de regeneração, podendo
ZONAS SEM OU COM BAIXO GRAU DE INTERVENÇÃO

conter alterações antrópicas pontuais;


 áreas com presença de moradores isolados, com ou sem roças de subsistência;
○ Observação: as ocupações utilizadas para fins de estabelecimento dessa zona
são aquelas já consolidadas, existentes quando da elaboração do zoneamento.
A partir do estabelecimento desta zona não serão permitidas as ampliações das
ocupações ou o estabelecimento de novas ocupações.
 áreas com utilização de recursos naturais de forma eventual e de pequena escala;
○ Observação: para a atividade de pesca, deve-se observar a presença de poucos
pescadores, atividade restrita à moradores, uso para subsistência (com fins de
consumo doméstico ou escambo sem fins de lucro), utilização de embarcação não
motorizada (jangada) ou embarcação pequena motorizada (rabeta), entre outros.
 áreas de transição entre as outras zonas de baixa intervenção e as zonas menos
restritivas;
 limites de áreas Quilombolas em UCs de Uso Sustentável e Domínio Público,
população pode virar beneficiário;
 áreas com ocorrência de atrativos e potencialidades para a visitação de baixo grau
de intervenção.
○ Observação: as oportunidades de visitação vislumbradas devem prever serviços
e instalações mínimas, de natureza primitiva, utilizando preferencialmente as
infraestruturas já existentes.
NORMAS PROPOSTAS
1. São atividades permitidas nesta zona: proteção, pesquisa, monitoramento ambiental,
visitação de baixo grau de intervenção, e recuperação ambiental (preferencialmente de
forma natural).
2. É permitido o uso de recursos naturais de forma eventual ou em pequena escala,
desde que cause baixo impacto à UC.

3. É permitida a presença de moradores isolados, que podem ter roças para subsistência.

4. As áreas de uso dos moradores isolados não podem ser ampliadas e suas
características não podem ser alteradas em relação ao que existia no momento do
zoneamento.

112
ZONA
Zona de Uso 5. Não são permitidas novas ocupações e as ocupações existentes não podem ser
Restrito ampliadas.
6. A retirada de madeira somente poderá ocorrer de forma eventual, para uso das
famílias que moram nesta Zona, não podendo ser vendida ou trocada, dando preferência
ao aproveitamento de madeira caída e mediante autorização da administração da UC.
7. Não é permitida a realização de manejo florestal madeireiro;
8. É permitida a extração mineral eventual, em pequena escala, para uso exclusivo na
construção ou reforma de moradia de indivíduos integrantes de população tradicional
residente no interior da UC;
ZONAS SEM OU COM BAIXO GRAU DE INTERVENÇÃO

a. Observação: norma para UCs de uso sustentável onde seja inviável outra
alternativa para a obtenção do material necessário para obra (areia, cascalho, etc.),
assegurando a manutenção de seu modo de vida tradicional. A norma deve abordar
a especificidade da UC, indicando qual o material extraído e para que fim, entre
outras informações disponíveis.
9. É permitida a visitação de baixo grau de intervenção, assim como a instalação de
equipamentos facilitadores primitivos para segurança do visitante ou proteção do
ambiente da zona, sempre em harmonia com a paisagem.
10. Os resíduos sólidos gerados por ocasião das atividades desenvolvidas nesta
zona deverão ser retirados pelos próprios usuários e destinados a local apropriado,
excetuando-se o caso de moradores isolados, que devem dar tratamento adequado
conforme orientação da UC.
11. O trânsito motorizado, desde que compatível com as características do ambiente,
será facultado e deverá ser controlado.
12. Os usos legalmente consolidados nas propriedades rurais serão garantidos, não
sendo possível a conversão de novas áreas.
a. Observação: norma que pode ser aplicada para Arie, Mona e Revis.
RECOMENDAÇÕES PARA ELABORAÇÃO DE NORMAS
 quando possível e se não for previsto para um planejamento específico, poderá
ser regrado o oferecimento de serviços aos visitantes pelos moradores desta zona,
conforme o contexto de cada UC;
 quando possível e se não for previsto para um planejamento específico, a realização de
pesca de baixo impacto deverá ter normatização detalhada de acordo com a realidade
de cada UC;
 norma relativa à caça deverá ser tratada caso , seguindo as recomendações
específicas para a atividade de caça, apresentadas no início do item 6.5.3.2 deste
Roteiro.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 113
ZONA
Zona de Uso É a zona que contém ambientes naturais ou moderadamente antropizados, admitindo-se
Moderado áreas em médio e avançado grau de regeneração, sendo admitido uso direto dos recursos
naturais nas UCs de uso sustentável, monumento natural e refúgio de vida silvestre, desde
que não descaracterizem a paisagem, os processos ecológicos ou as espécies nativas e
suas populações.
O objetivo geral de manejo é a manutenção de um ambiente o mais próximo possível
do natural, que pode ser conciliada à integração da dinâmica social e econômica da
população residente ou usuária na UC, através do uso direto de moderado impacto
nos recursos naturais, respeitando-se as especificidades de cada categoria, além da
realização de atividades de pesquisa e visitação de médio grau de intervenção.
Atividades permitidas: proteção, pesquisa, monitoramento ambiental, visitação de médio
grau de intervenção (com apoio de instalações compatíveis), recuperação ambiental. Nas UC
de uso sustentável, monumento natural e refúgio de vida silvestre são admitidas moradias
ZONAS DE MÉDIA INTERVENÇÃO

isoladas com roças de subsistência e uso direto moderado dos recursos naturais. Não é
permitido o manejo florestal madeireiro, exceto nos casos necessários para a recuperação
de ambientes naturais.
CRITÉRIOS PARA DEFINIÇÃO
 áreas com moderado grau de conservação da vegetação e da paisagem, em médio
ou avançado grau de regeneração, podendo conter alterações antrópicas moderadas;
 áreas de transição entre as zonas de baixa intervenção e as zonas menos restritivas;
 áreas com ocorrência de atrativos e potencialidades para a visitação de médio grau
de intervenção.
○ Observação: as oportunidades de visitação vislumbradas devem requerer
infraestrutura simples.
 áreas com utilização de recursos naturais por meio de intervenção moderada ou
potencial para isso;
○ Observação: para a atividade de pesca, deve-se priorizar o uso para subsistência
(com fins de consumo doméstico ou escambo sem fins de lucro) ou a prática
amadora (pesca esportiva), esta última preferencialmente desenvolvida pelas
famílias beneficiárias no caso de RDS, Resex e Flona. A pesca comercial artesanal
de média intervenção pode ocorrer, dependendo do esforço de pesca e desde que
haja monitoramento ambiental, direcionando-a para beneficiários ou usuários
cadastrados pela UC. Nesta zona a pesca deve ter menor intensidade do que na
Zona de Uso Comunitário. A aquicultura não pode ocorrer nesta zona.
 áreas com presença de moradores isolados, com ou sem roças de subsistência;
 limites de áreas Quilombolas em UCs de Uso Sustentável e Domínio Público,
população pode virar beneficiário.

114
ZONA
Zona de Uso NORMAS PROPOSTAS
Moderado
Para todas as categorias de UCs:
1. São atividades permitidas nesta zona: proteção, pesquisa, monitoramento ambiental,
visitação de médio grau de intervenção (com apoio de instalações compatíveis) e
recuperação ambiental.
a. Observação: Para Reservas Biológicas e Estações Ecológicas só serão permitidas
visitação com baixo grau de intervenção e com finalidade educacional.
2. É permitida a instalação de equipamentos facilitadores e serviços de apoio à
visitação simples, sempre em harmonia com a paisagem.
a. Observação: Para Reservas Biológicas e Estações Ecológicas, nesta zona só serão
permitidas instalação de equipamentos facilitadores para garantir a proteção dos
recursos naturais, sendo que os demais equipamentos facilitadores e serviços de
apoio necessários à visitação com finalidade educacional deverão ser previstas na
Zona de Infraestrutura
ZONAS DE MÉDIA INTERVENÇÃO

3. Poderão ser instalados nas áreas de visitação, áreas para pernoite (acampamentos
ou abrigos), trilhas, sinalização indicativa e interpretativa, pontos de descanso,
sanitários básicos e outras infraestruturas mínimas ou de média intervenção.
a. Observação: Para Reservas Biológicas e Estações Ecológicas, somente poderão ser
utilizadas infraestruturas (trilhas, sinalização indicativa, pontos de descanso, etc)
de baixo grau de intervenção quando necessárias à visitação de cunho educacional
e imprescindíveis para garantir a proteção dos recursos naturais da UC.
4. Todo resíduo gerado na UC deverá ser destinado para local adequado, conforme
orientações e sinalização na UC, excetuando-se o caso de moradores isolados, que
devem dar tratamento adequado conforme orientação da UC.
5. O trânsito motorizado, desde que compatível com as características do ambiente,
será facultado para as atividades permitidas nesta zona, devendo ser regulamentado
em instrumento específico, exceto no caso dos moradores isolados, cujo trânsito
motorizado é livre e independe de regulamentação.
Para UCs de uso sustentável, Revis e Mona:
6. É permitido o uso de recursos naturais, mediante normas específicas.
7. É permitida a presença de moradores isolados, que podem ter roças para
subsistência.
8. É permitida a extração mineral eventual, em pequena escala, para uso exclusivo na
construção ou reforma de moradia de indivíduos integrantes de população tradicional
residente no interior da UC;
a. Observação: norma para UCs de uso sustentável onde seja inviável outra
alternativa para a obtenção do material necessário para obra (areia, cascalho, etc.),
assegurando a manutenção de seu modo de vida tradicional. A norma deve abordar
a especificidade da UC, indicando qual o material extraído e para que fim, entre
outras informações disponíveis.
9. Não é permitida a realização de manejo florestal madeireiro.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 115
ZONA
Zona de Uso 10. A retirada de madeira somente poderá ocorrer de forma eventual, para uso das
Moderado famílias que moram nesta Zona, não podendo ser vendida ou trocada.
11. É permitida a pesca comercial artesanal, mediante normas específicas.
12. Os usos legalmente consolidados nas propriedades rurais serão garantidos, sendo
possível a conversão de novas áreas até o limite estabelecido pelo plano de manejo
ou por instrumento legal específico.
a. Observação: norma que pode ser aplicada para Arie, Mona e Revis.
13. É permitido o manejo florestal madeireiro onde ocorreu o plantio comercial com
espécies de nativas ou exóticas, cujas áreas serão destinadas à recuperação.
ZONAS DE MÉDIA INTERVENÇÃO

a. Observação: norma que pode ser aplicada para Flona.


14. É permitida a instalação de infraestrutura para o manejo florestal madeireiro dos
talhões com espécies plantadas.
a. Observação: norma que pode ser aplicada para Flona que tiverem plantio
comercial, conforme norma anterior.
Recomendações para elaboração de normas:
 a pesca poderá ser limitada àquela destinada ao consumo das populações, conforme
o contexto de cada UC;
 norma relativa à caça deverá ser tratada caso a caso, seguindo as recomendações
específicas para a atividade de caça, apresentadas no início do item 6.5.3.2 deste
Roteiro.
Zona de Uso É a zona que contém ambientes naturais, podendo apresentar alterações antrópicas, onde
Comunitário os recursos naturais já são utilizados pelas comunidades ou que tenha potencial para
o manejo comunitário destes, incluindo usos florestais, pesqueiros e de fauna, quando
possível. Zona exclusiva para reservas extrativistas, florestas nacionais, reservas de
desenvolvimento sustentável, área de proteção ambiental e área de relevante interesse
ecológico.
O objetivo geral de manejo é a manutenção de um ambiente natural associado ao uso
múltiplo sustentável dos recursos naturais, conciliada à integração da dinâmica social e
econômica da população residente ou usuária na UC, atendendo as suas necessidades.

116
ZONA
Zona de Uso Atividades permitidas: proteção, pesquisa, monitoramento ambiental, recuperação
Comunitário ambiental, visitação de médio grau de intervenção (a qual deve ser desenvolvida
em compatibilidade com o uso de recursos naturais pelos moradores da UC) e uso
direto moderado dos recursos naturais, incluindo exploração comercial de recursos
madeireiros e manejo de fauna nativa (previsto em legislação vigente). São permitidas as
infraestruturas necessárias para os usos previstos nesta zona.
CRITÉRIOS PARA DEFINIÇÃO
 áreas naturais com algum grau de alteração antrópica;
 áreas onde as comunidades já fazem uso de recursos naturais;
 áreas que fornecem, efetiva ou potencialmente, serviços ecossistêmicos, tais como
ZONAS DE MÉDIA INTERVENÇÃO

alimentos, madeira, produtos medicinais e outros produtos não madeireiros;


 áreas que provêm, efetiva ou potencialmente, recursos naturais que geram renda para
os beneficiários ou usuários da UC, tais como castanha, seringa, copaíba, caranguejo,
peixe e etc.;
 áreas que fornecem, efetiva ou potencialmente, recursos naturais com potencial de
manejo sustentável para geração de renda para os beneficiários da UC, incluindo a
realização de manejo florestal comunitário, madeireiro e não madeireiro, e de fauna
nativa (por ex. jacaré e pirarucu);
 áreas de uso tradicional que fornecem importantes serviços culturais, especialmente
aqueles relacionados à herança cultural (seringueiros/extrativistas) e à geração de
conhecimento tradicional;
 territórios de pesca já consagrados e com potencial pesqueiro, bem como onde há
uso compartilhado dos recursos naturais;
 áreas com aquicultura de pequeno porte ou potencial para o desenvolvimento desta;
 limites de áreas Quilombolas em UCs de Uso Sustentável e Domínio Público,
população pode virar beneficiário;
 áreas com ocorrência de atrativos e potencialidades para a visitação de médio grau
de intervenção.
○ Observação: as oportunidades de visitação vislumbradas devem requerer
infraestrutura simples e só deve ser desenvolvida em compatibilidade com o uso
de recursos naturais pelos moradores da UC.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 117
ZONA
Zona de Uso NORMAS PROPOSTAS
Comunitário 1. São atividades permitidas nesta zona: proteção, pesquisa, monitoramento
ambiental, recuperação ambiental e visitação de médio grau de intervenção (a qual
deve ser desenvolvida em compatibilidade com o uso de recursos naturais pelos
moradores da UC).
2. É permitido, exclusivamente para as famílias beneficiárias, o manejo florestal
comunitário, desde que em acordo com a legislação vigente e autorização do ICMBio.
a. Observação: Nas Áreas de Relevante Interesse Ecológico esta atividade somente
será permitida quando compatível com os objetivos de criação da UC.
3. São permitidas, exclusivamente para a população tradicional ou famílias
beneficiárias, a retirada de madeira e de produtos florestais não madeireiros, a pesca
de subsistência e a pesca artesanal, além da cata de crustáceos e bivalves.
4. É permitido o manejo de fauna nativa, desde que previsto em legislação vigente e
devidamente licenciado pelo órgão competente.
ZONAS DE MÉDIA INTERVENÇÃO

5. É permitida a instalação de infraestruturas necessárias ao desenvolvimento das


atividades previstas nesta zona, desde que ouvido o conselho e aprovado pela
administração da UC.
6. As diferentes atividades de uso sustentável que requeiram regulação específica
(manejo florestal comunitário, manejo de fauna e exploração de recursos pesqueiros)
deverão ser normatizadas em planos específicos, em conformidade com a legislação
vigente.
7. A construção e manutenção de estradas e vias de acesso para escoamento de
produção não poderá causar dano direto às zonas de Preservação, Conservação e Uso
Restrito.
8. Os projetos de manejo florestal comunitário deverão contemplar o estabelecimento
de áreas-testemunho e de parcelas permanentes para monitoramento da qualidade
ambiental.
9. A visitação nas áreas com exploração florestal em curso será guiada, sendo
obrigatório o uso de equipamentos de proteção individual (EPI).
10. O uso de fogueiras nas atividades de visitação é permitido em locais pré-
determinados, em comum acordo com os beneficiários e usuários da UC.
11. O trânsito de veículos motorizados é permitido para as atividades previstas nesta
zona.
12. As diferentes atividades de uso sustentável que requeiram regulação específica
(manejo florestal comunitário, manejo de fauna e exploração de recursos pesqueiros)
deverão ser normatizadas em planos específicos, em conformidade com a legislação
vigente.
13. A coleta de sementes para uso em projetos de pesquisa, restauração e recuperação
ambiental, formação de banco de germoplasma ou comercialização será normatizada
em planos específicos, em conformidade com a legislação vigente.

118
ZONA
Zona de Uso 14. É permitida a atividade de aquicultura de pequeno porte, exceto a escavação
Comunitário de tanques, desde que utilize espécies nativas e mediante expressa autorização do
ICMBio, com submissão ao processo de licenciamento ambiental, quando couber.
a. Observação: quando o meio de vida das populações é extrativista e a aquicultura
não é uma demanda já existente, a norma não precisa ser aplicada.
Recomendações para elaboração de normas:
 normas relacionadas à pesca deverão ser tratadas caso a caso, devendo-se avaliar
a possibilidade de realização de pesca esportiva sob manejo comunitário e de se
proibir a pesca industrial nesta zona;
 norma relativa à caça deverá ser tratada caso a caso, seguindo as recomendações
ZONAS DE MÉDIA INTERVENÇÃO

específicas para a atividade de caça, apresentadas no início do item 6.5.3.2 deste


Roteiro.
Zona de É a zona composta por áreas de florestas nativas ou plantadas, com potencial econômico
Manejo para o manejo sustentável dos recursos florestais madeireiros e não madeireiros. Nas
Florestal UCs constituídas de grandes áreas de florestas nativas, esta zona é destinada ao manejo
florestal empresarial, em conformidade com a lei de gestão das florestas públicas. Zona
exclusiva para florestas nacionais e áreas de proteção ambiental.
O objetivo geral de manejo é possibilitar o uso múltiplo sustentável dos recursos
florestais, a geração de tecnologia e de modelos de manejo florestal sustentável.
Atividades permitidas: proteção, pesquisa, monitoramento ambiental, recuperação
ambiental, visitação de médio grau de intervenção (a qual deve ser desenvolvida em
compatibilidade com o manejo florestal) e manejo florestal com exploração madeireira
e não madeireira, incluindo a realização de tratos silviculturais. São permitidas as
infraestruturas necessárias para os usos previstos nesta zona.
CRITÉRIOS PARA DEFINIÇÃO
 áreas com ocorrência de vegetação florestal nativa ou plantada;
 áreas com potencial para o manejo florestal sustentável;
 áreas com outros potenciais que possam ser associados à atividade de manejo
florestal, como visitação, educação ambiental e etc.;
 áreas com ocorrência de mineração ou jazidas;
○ Observação: nas Flonas, o critério só deve ser considerado nos casos em que a
exploração mineral é prevista no decreto de criação/ampliação da UC;

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 119
ZONA
Zona de  áreas com ausência de moradores tradicionais;
Manejo ○ Observação: se inviável o estabelecimento de outra zona que diferencie uma
Florestal área com presença de moradores isolados dentro da Zona de Manejo Florestal,
deve ser elaborada norma nesta zona que exija a exclusão da futura concessão
florestal de um buffer mínimo (dependendo do contexto de cada UC) no entorno
da(s) residência(s) identificada(s).
○ Observação: se utilizado o recurso acima, devem ser dispostas nesta zona as
normas da Zona de Uso Restrito direcionadas aos moradores isolados em questão.
 áreas sem conflito fundiário que possa afetar futuras concessões;
○ Observação: evitar que grandes áreas pendentes de regularização fundiária
ou indenização sejam previstas nesta zona, caso específicos e pontuais (com
ZONAS DE MÉDIA INTERVENÇÃO

regularização iminente, por exemplo) podem ser exceção para evitar a revisão do
plano de manejo em curto prazo.
 áreas com infraestrutura preexistente, principalmente estradas.
NORMAS PROPOSTAS
1. São atividades permitidas nesta zona: proteção, pesquisa, monitoramento
ambiental, recuperação ambiental e visitação de médio grau de intervenção (a qual
deve ser desenvolvida em compatibilidade com o manejo florestal).
2. São permitidas as atividades de manejo florestal sustentável, madeireiro ou não
madeireiro (de baixo, médio e alto impacto), dependendo do tipo de manejo que
será usado para floresta plantada ou nativa, se o manejo visa i) corte raso (florestas
plantadas); ii) corte seletivo.
3. São permitidas as infraestruturas necessárias para os usos previstos nesta zona.
4. É obrigatório realizar estudos/levantamentos que comprovem a viabilidade e
ofereçam subsídios para a elaboração de projetos de manejo florestal sustentável
madeireiro, não madeireiro e demais atividades que possam ser desenvolvidas na
área.
5. A concessão florestal deverá ser compatibilizada com o uso múltiplo dos recursos
naturais não madeireiros pelas populações tradicionais na zona, que deve ser
realizado prioritariamente por estas populações, para as quais não será obrigatória a
realização de estudos de viabilidade.
6. As atividades de manejo florestal deverão seguir projetos específicos, de forma a
garantir a conservação e/ou a recuperação dos recursos naturais.

120
ZONA
Zona de 7. É permitida a implantação de infraestruturas indispensáveis ao manejo florestal
Manejo madeireiro e não madeireiro e às demais atividades permitidas nesta zona, sempre
Florestal buscando alternativas de mínimo impacto ambiental, sendo proibida a instalação de
infraestrutura para beneficiamento de madeira.
a. Observação: Exclusivamente nas Áreas de Proteção Ambiental. podem ser incluídas
normas que permitam o beneficiamento de madeira na zona, desde que compatível
com a sensibilidade ambiental da área. Por exemplo: É permitida a instalação de
ZONAS DE MÉDIA INTERVENÇÃO

infraestrutura para o beneficiamento da madeira no interior desta zona, mediante


licenciamento e anuência do órgão gestor da UC, sendo obrigatório o tratamento e
destinação adequada dos resíduos gerados.
8. A exploração mineral poderá ser realizada nesta zona, desde que compatibilizada
com os usos florestais.
a. Observação: norma que pode ser aplicada para Flona onde a exploração mineral
estiver prevista no decreto de criação/ampliação.
9. Nos casos de manejo de floresta plantada, a área deverá ser recuperada com
espécies nativas após a realização do manejo florestal, podendo ser utilizado
espécies exóticas não invasoras nos estágios iniciais de recuperação, conforme
projeto específico aprovado, sendo obrigatória a substituição por espécies nativas ao
longo do processo sucessional.
10. A construção e manutenção de estradas e vias de acesso para escoamento da
produção não poderão causar dano direto às zonas de Preservação, Conservação e
Uso Restrito.
11. A coleta de sementes para uso em projetos de pesquisa, restauração e recuperação
ambiental, formação de banco de germoplasma ou comercialização será aprovada em
projeto específico, em conformidade com a legislação vigente.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 121
ZONA
Zona de 12. A visitação nas áreas com exploração florestal em curso será guiada, sendo
Manejo obrigatório o uso de equipamentos de proteção individual (EPI).
Florestal 13. O uso de fogueiras nas atividades de visitação é permitido em locais pré-
determinados, em comum acordo com as empresas concessionárias da exploração
florestal.
14. O trânsito de veículos motorizados é permitido para as atividades previstas nesta
ZONAS DE MÉDIA INTERVENÇÃO

zona.
15. Os projetos de manejo florestal deverão contemplar o estabelecimento de áreas-
testemunho e de parcelas permanentes para monitoramento da qualidade ambiental.
16. É permitida a realização de tratos silviculturais, a qual deve ser desenvolvida em
compatibilidade com o manejo florestal.
RECOMENDAÇÕES PARA ELABORAÇÃO DE NORMAS
 as normas propostas englobam basicamente todos os usos e atividades dentro de
uma Zona de Manejo Florestal. No entanto, elas podem ser desmembradas em outras
normas específicas, de acordo com o contexto da UC e a floresta existente (nativa e,
quando plantada, de acordo com as espécies);
 nas UCs que têm previsão de exploração mineral, que poderão ser associadas ao
manejo florestal, o manejo florestal deve ser priorizado;
 a pesca deverá ser normatizada de acordo com o contexto de cada UC, respeitado
o grau de intervenção da zona e a compatibilização com o objetivo geral de manejo
desta;
 norma relativa à caça deverá ser tratada caso a caso, seguindo as recomendações
específicas para a atividade de caça, apresentadas no início do item 6.5.3.2 deste
Roteiro.
Zona de É a zona que pode ser constituída por ambientes naturais ou por áreas significativamente
ZONAS COM ALTO GRAU DE

Infraestrutura antropizadas, onde é tolerado um alto grau de intervenção no ambiente, buscando sua
integração com o mesmo e concentrando espacialmente os impactos das atividades
e infraestruturas em pequenas áreas. Nela devem ser concentrados os serviços e
INTERVENÇÃO

instalações mais desenvolvidas da UC, comportando facilidades voltadas à visitação,


à administração da área e, no caso de UCs de uso sustentável, monumento natural e
refúgio de vida silvestre (quando compatível com o alcance do objetivo de criação), ao
suporte às atividades produtivas.
O objetivo geral de manejo é facilitar a realização das atividades de visitação com alto
grau de intervenção, administrativas e de suporte às atividades produtivas, buscando
minimizar o impacto dessas atividades sobre o ambiente natural e cultural da UC.

122
ZONA
Zona de Atividades permitidas: proteção, pesquisa, monitoramento ambiental, recuperação
Infraestrutura ambiental, visitação com alto grau de intervenção e administração da UC. Nas UCs de
uso sustentável, monumento natural e refúgio de vida silvestreé admitido o suporte à
produção. São permitidas as infraestruturas necessárias para os usos previstos nesta
zona.
CRITÉRIOS PARA DEFINIÇÃO
 áreas consideradas propícias e estratégicas para a instalação de infraestrutura mais
desenvolvida ou concentração de facilidades e serviços, tanto para administração da
UC quanto para visitação de alta intervenção e suporte à produção;
○ Observação: são exemplos de infraestrutura voltada à visitação de alta
ZONAS COM ALTO GRAU DE INTERVENÇÃO

intervenção, entre outros, centro de visitantes, lanchonetes, auditórios,


estacionamentos, estruturas de acessibilidade, abrigos e acampamentos.
○ Observação: são exemplos de infraestrutura administrativa, entre outros,
escritórios, alojamentos, postos de fiscalização, habitações funcionais, área de
tratamento de efluentes, depósitos e vias de acesso utilizadas para a gestão da UC.
○ Observação: são exemplos de atividades produtivas que requerem infraestrutura
de suporte de maior intervenção, entre outras, manejo florestal, manejo de fauna
e mineração.
○ Observação: para APA podem ser incluídas infraestruturas de serviços, públicos
ou não, tais como marinas, estações de tratamento de efluentes, instalações
eólicas, áreas de distribuição de energia e etc.
○ Observação: caso necessário, podem ser separadas áreas exclusivas para a
visitação, administração e suporte à produção, com a definição de polígonos
distintos e normas diferenciadas para cada uma delas;
○ Observação: outras estruturas de administração do órgão gestor podem ser
previstas em outras zonas, caso seja compatível com o grau de intervenção das
mesmas.
NORMAS PROPOSTAS
1. São atividades permitidas nesta zona: proteção, pesquisa, monitoramento ambiental,
recuperação ambiental, visitação com alto grau de intervenção e administração da UC.
a. Observação: para UCs de uso sustentável, monumento natural e refúgio de vida
silvestre, incluir a admissão de suporte à produção.
b. Observação: para as reservas biológicas e estações ecológicas só será permitida
visitação com finalidade educacional.
2. São permitidas as infraestruturas necessárias para os usos previstos nesta zona.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 123
ZONA
Zona de 3. Os efluentes gerados não poderão contaminar os recursos hídricos e seu tratamento
Infraestrutura deve priorizar tecnologias alternativas de baixo impacto.
4. Esta zona deverá conter locais específicos para a guarda e o depósito dos resíduos
sólidos gerados na UC, os quais deverão ser removidos para o aterro sanitário ou
vazadouro público mais próximo, fora da UC.
5. Os resíduos orgânicos gerados nas UCs localizadas em áreas remotas deverão sofrer
tratamento local, exceto queima, quando a remoção para fora da UC não for possível.
6. O trânsito de veículos motorizados é permitido para as atividades permitidas nesta
zona.
7. O uso de fogueiras nas atividades de visitação é permitido em locais pré-
ZONAS COM ALTO GRAU DE INTERVENÇÃO

determinados.
8. É permitida a realização de fogo para preparo de alimentos, exclusivamente nos
locais pré-determinados, como locais estruturados para piqueniques e churrasqueiras.
RECOMENDAÇÕES PARA ELABORAÇÃO DE NORMAS
 para a definição das normas desta zona deverão ser consideradas as especificidades
de cada UC, bem como, o perfil de visitação desejado (por exemplo, com a previsão ou
não de instalação de torres, prédios e outros elementos que causem maior impacto
ambiental, inclusive paisagístico).
Zona É a zona destinada a abrigar as concentrações de populações residentes nas UCs e suas
Populacional possíveis áreas de expansão, cuja presença seja compatível com a categoria, assim
como as áreas destinadas às infraestruturas comunitárias, de serviços e de suporte à
produção. Zona exclusiva para reservas extrativistas, florestas nacionais, reservas de
desenvolvimento sustentável, área de proteção ambiental, área de relevante interesse
ecológico e, em situações excepcionais, para monumentos naturais e refúgios de vida
silvestre.
O objetivo geral de manejo é destinar áreas para moradias, acesso a serviços e atividades
produtivas necessárias ao estabelecimento e à reprodução dos modos de vida das
populações tradicionais ou, quando se tratar de APA, Mona e Revis, populações não
tradicionais e em áreas não urbanizadas.
Atividades permitidas: proteção, pesquisa, monitoramento ambiental, recuperação
ambiental, visitação com alto grau de intervenção (com a implantação da respectiva
infraestrutura, desde que em acordo com as populações residentes), moradias, uso direto
de recursos naturais, atividades produtivas, criação de animais (conforme especificidades
da categoria), comércio simples, serviços básicos, infraestruturas comunitárias e
indústrias de pequeno porte. São permitidas as infraestruturas necessárias para os usos
previstos nesta zona.

124
ZONA
Zona CRITÉRIOS PARA DEFINIÇÃO
Populacional  áreas com concentração de população, com pequeno grau de ocupação (comunidades,
pequenas vilas e povoados) e em compatibilidade com a categoria da UC;
○ Observação: para APA deve ser avaliada a matriz do entorno da zona, caso rural,
avaliar a inserção em zona de produção;
 áreas com infraestruturas consolidadas relacionadas ao estabelecimento e à
reprodução dos modos de vida das populações tradicionais ou não (infraestruturas
comunitárias, de serviços e de suporte à produção, vias de acesso e etc.);
 áreas de uso para atividades produtivas ou extrativistas (roças, criação de animais,
ZONAS COM ALTO GRAU DE INTERVENÇÃO

extrativismo de produtos não madeireiros e etc.);


 limites de áreas Quilombolas em UCs de uso sustentável e domínio público,
população pode virar beneficiário;
 áreas de possível expansão (levando em conta características do ambiente e
tendências de crescimento populacional no interior da UC), evitando-se a conversão
de áreas mais preservadas e com alto valor ambiental;
 pode abrigar, quando pertinente, a instalação de infraestrutura mais desenvolvida
ou concentração de facilidades e serviços, tanto para administração da UC quanto
para visitação de alta intervenção.
NORMAS PROPOSTAS
1. São atividades permitidas nesta zona: proteção, pesquisa, monitoramento
ambiental, recuperação ambiental, visitação com alto grau de intervenção (com a
implantação da respectiva infraestrutura, desde que em acordo com as populações
residentes), moradias, uso direto de recursos naturais, atividades produtivas, criação
de animais, comércio simples, serviços básicos, infraestruturas comunitárias e
indústrias de pequeno porte.
a. Observação: Para as Reservas Extrativistas, a criação de animais é restrita aos
de pequeno porte.
2. A construção e a reforma de moradias deverão ter autorização do órgão gestor
da UC e das associações comunitárias ou da Concessionária da CCDRU, conforme
estabelecido em contrato, ou do conselho, quando couber;
3. É permitida a instalação de infraestruturas de gestão por parte do órgão gestor da
UC, desde que ouvida a Concessionária da CCDRU, quando cabível.
4. É permitida a instalação de pequenos empreendimentos comerciais, desde que
autorizado pelo órgão gestor da UC.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 125
ZONA
Zona a. Observação: norma que não pode ser aplicada para APA, salve situações
Populacional excepcionais, devidamente justificadas.
5. É permitida a instalação de indústrias de pequeno porte relacionadas às atividades
produtivas desenvolvidas nesta zona, desde que autorizado pelo órgão gestor da UC.
a. Observação: norma que não pode ser aplicada para APA, salve situações
excepcionais, devidamente justificadas.
6. Deverá ser buscado sistema de saneamento dos resíduos sólidos (orgânicos e
inorgânicos) e efluentes, para evitar a contaminação dos recursos hídricos como,
por exemplo, implantação de fossas ecológicas, sanitários secos, dentre outras
ZONAS COM ALTO GRAU DE INTERVENÇÃO

alternativas.
7. É proibida a venda ou a alienação, em qualquer de suas formas, de terrenos
localizados nesta zona, excetuando-se as áreas não indenizadas.
a. Observação: norma que não pode ser aplicada para Arie, Mona, Revis e APA.
8. As normas e regras específicas relacionadas à conduta dos moradores em suas
residências e áreas comuns desta zona deverão ser estabelecidas por instrumentos
específicos, como estatutos comunitários, entre outros.
9. É permitida a implantação de equipamentos facilitadores e serviços de apoio à
visitação, tais como centro de visitantes, locais para pernoite, alimentação (locais
estruturados para piqueniques, churrasqueiras, restaurantes, etc.), entre outros,
desde que em comum acordo com a Concessionária da CCDRU, quando cabível.
10. É permitida a atividade de aquicultura de pequeno porte, desde que utilize espécies
nativas e seja aplicado o devido processo de licenciamento ambiental.
a. Observação: quando o meio de vida das populações é extrativista e a aquicultura
não é uma demanda já existente, a norma não precisa ser aplicada.
b. Observação: se considerado pertinente, de acordo com o contexto da UC, do risco
ambiental da atividade e da legislação vigente, pode ser elaborada norma permitindo
a realização de aquicultura com espécies exóticas nas propriedades privadas em APA,
Arie, Mona e Revis.
11. É permitida a agricultura com espécies exóticas nas propriedades privadas, desde
que não invasoras.
a. Observação: norma que pode ser aplicada em Arie, Mona e Revis.
12. O trânsito de veículos motorizados é permitido para as atividades previstas desta
zona.

126
ZONA
Zona 13. O uso de fogueiras nas atividades de visitação é permitido em locais pré-determinados.
Populacional RECOMENDAÇÕES PARA ELABORAÇÃO DE NORMAS
 a entrada de novos moradores deverá observar o previsto na portaria de perfil de
família beneficiária (quando não for APA) da UC, e, na sua ausência, outro instrumento
de gestão, mediante acordo entre o ICMBio e as associações comunitárias;
 normas relacionadas às atividades produtivas podem ser estabelecidas no plano
de manejo ou planejamentos específicos, conforme o contexto da UC (por exemplo:
implantação de SAF, recursos passíveis de exploração, roçados, regimes de queima,
vedação de uso de recursos em determinadas localidades, entre outros);
ZONAS COM ALTO GRAU DE INTERVENÇÃO

 normas relacionadas à criação de animais devem respeitar os limites estabelecidos


para as categorias e propor as melhores práticas, de acordo com o contexto regional,
quando cabível.
o Exemplos: É permitida a criação de animais domésticos cujas instalações devem estar
sempre fora das áreas de preservação permanente e desde que seus efluentes sejam
tratados antes de alcançar os corpos d’água; é proibida a criação de animais de grande
porte.
 normas relacionadas à pesca e atividades nos corpos hídricos deverão ser tratadas
caso a caso, devendo-se avaliar a possibilidade de realização de pesca esportiva sob
manejo comunitário e de se proibir a pesca industrial nesta zona;
 dependendo do contexto da UC e das ameaças identificadas ao alcance do seu
objetivo de criação ou proteção dos seus recursos e valores fundamentais, deverão
ser restringidas as criações e cultivos de espécies exóticas invasoras;
 norma relativa à caça deverá ser tratada caso a caso, seguindo as recomendações
específicas para a atividade de caça, apresentadas no início do item 6.5.3.2 deste
Roteiro.
Zona de É a zona que compreende áreas com ocupação humana de baixa densidade, onde o
Produção processo de ocupação deverá ser disciplinado e serão admitidas a moradia, atividades
de produção e de suporte à produção, com o incentivo de adoção de boas práticas de
conservação do solo e dos recursos hídricos e o uso sustentável dos recursos naturais.
Zona exclusiva para áreas de proteção ambiental e, quando couber, para áreas de
relevante interesse ecológico, monumentos naturais e refúgios de vida silvestre. De
maneira complementar e excepcional, esta zona pode ser adotada em áreas de proteção
ambiental para disciplinar o manejo de recursos pesqueiros (pesca) em estuários e alto
mar, incluindo a pesca industrial.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 127
ZONA
Zona de O objetivo geral de manejo é destinar áreas para atividades produtivas sustentáveis,
Produção associadas ou não a moradia, conciliando as atividades rurais com a conservação da
biodiversidade, com incentivo à adoção de técnicas e alternativas de baixo impacto.
Atividades permitidas: proteção, pesquisa, monitoramento ambiental, visitação com alto
grau de intervenção, ocupação humana não concentrada, uso direto de recursos naturais,
pesca com diferentes graus de intensidade, conversão de solo para produção agrícola,
pecuária, silvicultura e aquicultura, comércio simples, serviços básicos, unidades
processadoras com impactos de pouca significância e de abrangência local, indústrias de
ZONAS COM ALTO GRAU DE INTERVENÇÃO

pequeno porte, além da instalação de infraestrutura de suporte às atividades permitidas.


Para APA são permitidos o comércio e a prestação de serviços de suporte às atividades
permitidas.
CRITÉRIOS PARA DEFINIÇÃO
 áreas com atividade de produção agrícola, pecuária, silvicultura e aquicultura, com
unidades processadoras com impactos de pouca significância e de abrangência local
e indústrias de pequeno porte associada;
 áreas com nível de pressão antrópica proporcional às atividades, sem grau de
urbanização;
 áreas com presença de população humana de baixa densidade, relativa ao
funcionamento das atividades permitidas;
 observar o disposto nos planos diretores, quando contemplarem tais áreas, entre
outros instrumentos de regulação do uso do solo, se existentes;
 dependendo do contexto local, se pertinente, a zona pode ser definida com menor
ou maior grau de intervenção ou até mesmo ser dividida em duas: uma que contemple
atividades que envolvam menor conversão da matriz, como agricultura tradicional,
SAF e etc.; e outra que contemple a agricultura convencional, intensiva, industrial,
monoculturas e pequenas indústrias relacionadas a produções isoladas (aves, suínos,
peixes etc.). Nesse caso, as normas devem direcionar esse grau de intervenção
desejado.
 para APA com áreas costeiras e marinhas, pode ser definida esta zona para fins de
manejo pesqueiro, incluindo a pesca industrial, que deverá ser balanceada em relação
a outras modalidades de pesca na UC.

128
ZONA
Zona de NORMAS
Produção 1. São atividades permitidas nesta zona: proteção, pesquisa, monitoramento ambiental,
visitação com alto grau de intervenção, ocupação humana não concentrada, uso
direto de recursos naturais, pesca com diferentes graus de intensidade, conversão
de solo para produção agrícola, pecuária, silvicultura e aquicultura, comércio simples,
serviços básicos, unidades processadoras com impactos de pouca significância e de
abrangência local, indústrias de pequeno porte, além da instalação de infraestrutura
de suporte às atividades permitidas.
ZONAS COM ALTO GRAU DE INTERVENÇÃO

a. Observação: para Áreas de Proteção Ambiental, incluir a admissão do comércio e


a prestação de serviços de suporte às atividades permitidas.
2. O cultivo da terra e a criação de animais domésticos serão feitos de acordo com
boas práticas de conservação do solo e de recursos hídricos.
a. Observação: podem ser exemplificadas as boas práticas específicas para cada
UC.
3. As estradas vicinais deverão ter sistema de drenagem superficial, como forma de
contenção da lixiviação e da erosão do solo, contribuindo para a sua manutenção.
a. Observação: quando possível, deve ser previsto um sistema de recuperação e
conservação dos taludes formados pela construção das estradas.
4. Deverá ser buscado sistema de saneamento dos resíduos sólidos (orgânicos e
inorgânicos) e efluentes, para evitar a contaminação dos recursos hídricos, adotando-
se recursos como, por exemplo, implantação de fossas ecológicas, sanitários secos,
dentre outras alternativas.
a. Observação: podem ser exemplificados sistemas específicos para a realidade
cada UC de acordo com as características regionais e normas e orientações técnicas
vigentes.
5. O uso de fogueiras nas atividades de visitação é permitido.
6. As estradas e vias de acesso para escoamento da produção não poderão causar
dano direto às zonas de Preservação, de Conservação e de Uso Restrito.
7. O uso de agrotóxicos deverá seguir normas e orientações técnicas vigentes, podendo
ser mais rigoroso quando for necessário para assegurar o alcance dos objetivos da UC.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 129
ZONA
Zona de 8. É permitida a instalação de empreendimentos de aquicultura de média ou grande
Produção escala, por exemplo, câmaras de ostras, tanques em rede, carcinicultura, etc., desde
que compatibilizado ao alcance dos objetivos da UC.
9. O parcelamento do solo rural das áreas das propriedades não poderá ser menor do
que o estabelecido pela legislação.
10. Nos condomínios rurais, a fração ideal de cada condômino não poderá ser menor
do que a fração mínima de parcelamento rural.
11. Não é permitida a conversão de área rural para área urbana ou a expansão urbana
nesta zona.
ZONAS COM ALTO GRAU DE INTERVENÇÃO

RECOMENDAÇÕES PARA ELABORAÇÃO DE NORMAS


 avaliar caso a caso a possibilidade de permitir apenas usos que causem menor
impacto ambiental (diminuição no uso de agrotóxicos e biocidas, priorização da
implantação de sistemas agroflorestais, agricultura orgânica, cultivo de espécies
nativas, aquicultura com espécies nativas e etc.);
 sempre buscar definir alternativas tecnológicas disponíveis que causem o menor
impacto ambiental possível, de acordo com o contexto regional em que a UC se insere.
 devem ser regulados ou proibidos quaisquer usos ou práticas que causem a
degradação ambiental afetando os objetivos de criação da UC.
 podem ser elaboradas outras normas de parcelamento do solo, se pertinente, de
acordo com o contexto local e seguida a legislação vigente.
Zona É a zona que abrange regiões com alto nível de alteração do ambiente natural, onde se
Urbano- localizam áreas já urbanizadas ou com condições favoráveis à expansão da urbanização
industrial e onde estão instalados ou têm potencial para instalação de empreendimentos de
mineração ou indústrias, buscando seu ordenamento. áreas de proteção ambiental,
podendo ser utilizada em florestas nacionais, podendo ser utilizada em florestas
nacionais quando a mineração estiver prevista no decreto de criação.
O objetivo geral de manejo é a realização do ordenamento territorial, buscando a
minimização dos impactos negativos das atividades implantadas na zona, adotando
parâmetros ambientais aceitáveis e garantindo a recuperação ambiental, quando
aplicável.
Atividades Permitidas: proteção, pesquisa, monitoramento ambiental, recuperação
ambiental, visitação com alto grau de intervenção, moradia com adensamento
populacional, uso direto de recursos naturais, comércio, indústria e mineração, com a
implantação da respectiva infraestrutura.

130
ZONA
Zona CRITÉRIOS PARA DEFINIÇÃO
Urbano-  áreas urbanas ou com alta concentração de população e infraestrutura que
industrial justifiquem seu tratamento como área urbanizada;
 áreas favoráveis à expansão urbana ou que indiquem crescimento da ocupação
humana, mesmo que não constem em qualquer instrumento de ordenamento
territorial;
 áreas com existência de indústria e mineração;
 áreas de expansão urbana, industrial e mineração identificadas no plano diretor e
outros instrumentos de regulação do uso do solo, se existentes;
ZONAS COM ALTO GRAU DE INTERVENÇÃO

○ Observação: o disposto nos planos diretores e outros instrumentos não precisa


ser seguido à risca, deve-se sempre observar o alcance e os impactos negativos aos
objetivos de criação da UC.
 áreas com infraestrutura relacionada à pesca que causem significativas alterações
no ambiente;
 áreas nas florestas nacionais que tenham sido previamente validadas para
exploração mineral pelo decreto de criação/ampliação da UC, por exemplo, Flona de
Carajás, Flona de Jamari e Flona de Saracá-Taquera;
○ Observação: nestes casos, a zona será utilizada primordialmente para a
exploração mineral, podendo ser compatibilizada com a realização de manejo
florestal sustentável.
NORMAS PROPOSTAS
1. São atividades permitidas nesta zona: proteção, pesquisa, monitoramento
ambiental, recuperação ambiental, visitação com alto grau de intervenção, instalação
de residências, implantação de indústrias, estabelecimentos comerciais e de
prestadores de serviços, infraestrutura e serviços públicos, de acordo com os padrões
de uso, ocupação e parcelamento urbano previstos no plano diretor do município e
legislação municipal que estabeleça as diretrizes.
a. Observação: se adequado ao contexto da UC, estabelecer priorização do uso de
infraestrutura já existente.
2. A expansão urbana, industrial e minerária não pode inviabilizar o alcance dos objetivos
da UC.
3. Os empreendimentos deverão possuir sistema de coleta e destinação dos resíduos
sólidos (orgânicos e inorgânicos) e tratamento de efluentes, para evitar a contaminação
dos recursos hídricos e comprometimento da saúde pública.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 131
ZONA
Zona 4. A supressão de vegetação para fins de edificação só será permitida com licença do
Urbano- órgão ambiental competente e em conformidade com a legislação vigente.
industrial 5. As construções edificadas em área de preservação permanente devem ser objeto
de regularização ambiental, especialmente no tocante ao saneamento de efluentes,
conforme previsto na Lei n°12.651/2012, Lei n° 10.257/2001, Lei n°11.977/2009 e
Resolução Conama n° 369/2006.
ZONAS COM ALTO GRAU DE INTERVENÇÃO

6. A visitação ou instalação de novas infraestruturas para visitação dependerá da


anuência dos empreendedores e não compromete a obrigação dos mesmos em
recuperar as áreas degradadas.
7. Deverá ser evitado o desmatamento para estabelecimento de pilhas de estéril e
priorizada a utilização de cavas exauridas para deposição desse material, quando
couber, ou sua deposição fora da UC.
8. Deverão ser utilizadas espécies nativas na recuperação de áreas degradadas,
admitindo-se exóticas nos estágios iniciais de regeneração, conforme projeto técnico
aprovado.
9. É obrigatório o aproveitamento da madeira suprimida para fins da atividade de
mineração, sendo proibido o seu perecimento no interior da UC.
10. As estradas e vias de acesso para escoamento da produção não poderão causar
dano direto às zonas de Preservação, de Conservação e de Uso Restrito.
11. O escoamento da produção mineral e florestal, proveniente da supressão, deverá
ser feito pelas estradas já existentes na UC, restringindo-se, ao máximo, a implantação
de novas vias.
a. Observação: norma a ser utilizada para florestas nacionais.
12. O uso de fogueiras nas atividades de visitação é permitido.
a. Observação: norma a ser utilizada considerando as restrições e áreas de risco
dos empreendimentos.
RECOMENDAÇÕES PARA ELABORAÇÃO DE NORMAS
 normatizar os padrões de construção e ocupação somente quando for imprescindível
para garantir a manutenção dos objetivos de criação da UC;
 considerar o plano diretor e os demais regramentos existentes para a região na
elaboração das normas desta zona, desde que compatíveis com o alcance dos
objetivos da UC;
 a realização de atividades de visitação ou de pesca nas barragens de minerações
deverá ser avaliada caso a caso, considerando a desativação ou não da mina, risco
de acidentes e de contaminação, devendo sempre estar de acordo com a legislação
vigente.

132
ZONA
Zona de É a zona que contém áreas nas quais há sobreposição do território da UC com outras
Sobreposição áreas protegidas, tais como outras UCs, as terras indígenas declaradas e territórios
Territorial quilombolas delimitados nos termos da legislação vigente. Nesta zona, o manejo e a
gestão serão regulados por acordos específicos estabelecidos de forma a conciliar os
usos daquelas populações e a conservação ambiental.
O objetivo geral de manejo é harmonizar as relações entre as partes envolvidas,
estabelecendo-se procedimentos que minimizem os impactos sobre a unidade de
conservação e facultem a sua implementação.
ZONAS DE USOS DIFERENCIADOS

Atividades permitidas: proteção, pesquisa, monitoramento ambiental, recuperação


ambiental, visitação e sua infraestrutura (desde que respeitados as especificidades da
UC e o acordo com os codetentores do território sobreposto) e atividades inerentes à
dinâmica social e econômica dos codetentores do território (previstos em acordos,
quando existentes), incluindo o uso de recursos naturais.
CRITÉRIOS PARA DEFINIÇÃO
 a área protegida sobreposta deve estar formalmente instituída;
 quando houver apenas o Relatório Técnico de Identificação de Delimitação (RTID),
deverá ser avaliado quando o limite apresentado no relatório será ou não considerado,
de acordo com estágio do processo e de consolidação da proposta;
 limites de Terras Indígenas;
 limites de Territórios Quilombolas em UC de domínio privado;
 outras UC com predominância da orientação mais restritiva, independente da
categoria de manejo ou esfera de gestão, buscando a compatibilização entre as
agências.
 no caso de 100% de sobreposição com TI ou Territórios Quilombolas, são apresentadas
as intenções de manejo conforme acordos.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 133
ZONA
Zona de  é recomendada a utilização dos mapeamentos de uso do entorno da área tradicional
Sobreposição que seja dentro da UC para o seu zoneamento.
Territorial NORMAS PROPOSTAS
1. São atividades permitidas nesta zona: proteção, pesquisa, monitoramento ambiental,
recuperação ambiental, visitação e sua infraestrutura (desde que respeitados as
especificidades da UC e o acordo com os codetentores do território sobreposto) e
atividades inerentes à dinâmica social e econômica dos codetentores do território,
incluindo o uso de recursos naturais.
2. As normas de uso da área deverão ser estabelecidas em conjunto entre o ICMBio, as
ZONAS DE USOS DIFERENCIADOS

comunidades e a FUNAI, observando-se a legislação e outros instrumentos vigentes


como, por exemplo, o PGTA e o PNGATI.
a. Observação: norma utilizada quando há presença de comunidades indígenas.
3. As normas de uso da área deverão ser estabelecidas em conjunto entre o ICMBio, as
comunidades e suas representações, observando-se a legislação e outros instrumentos
vigentes.
a. Observação: norma utilizada quando há presença de comunidades quilombolas.
RECOMENDAÇÕES PARA ELABORAÇÃO DE NORMAS
 a avaliação de gestão do território será avaliada caso-a-caso, em conjunto com os
órgãos que detém a jurisdição das áreas;
○ Observação: nesses casos o plano de manejo deve direcionar normas que
orientem a integração de zoneamentos e a tomada de decisões conjuntas.
 nos casos em que houver portaria de interdição e estudo da FUNAI para delimitação
de território indígena, deverá ser considerado no planejamento a elaboração de
planos de administração conjunta, conforme estabelece a PNGATI;
 nos casos de sobreposição de UCs, os objetivos devem ser compatibilizados, devendo
prevalecer o zoneamento e normas mais restritivos, caso a outra UC já possua plano de
manejo;
○ Observação: caso a outra UC não possua plano de manejo, deve prevalecer o
regramento inerente à categoria mais restritiva;

134
ZONA
Zona de ○ Observação: caso a outra UC não possua plano de manejo e as categorias sejam
Sobreposição equivalentes, deverá haver acordo entre os órgãos gestores sobre o ordenamento da
Territorial área;
 a definição quanto ao trânsito de veículos motorizados e o uso de fogueiras nas
atividades de visitação deverá levar em consideração a intensidade de uso da área, a
ser definida com base em critérios ambientais e em acordo com os codetentores do
território;
 a definição quanto à instalação de equipamentos facilitadores para as atividades de
visitação deverá ser feita conforme a intensidade de uso a ser estabelecida em acordo
com os codetentores do território.
ZONAS DE USOS DIFERENCIADOS

Zona de É a zona que contém áreas ocupadas por empreendimentos de interesse público ou
Diferentes soberania nacional, cujos usos e finalidades são incompatíveis com a categoria da UC ou
Interesses com os seus objetivos de criação.
Públicos O objetivo geral de manejo é compatibilizar os diferentes interesses públicos existentes
na área, estabelecendo procedimentos que minimizem os impactos sobre a UC e ao
alcance dos seus objetivos.
Atividades permitidas: proteção, pesquisa, monitoramento ambiental, recuperação
ambiental, visitação e sua infraestrutura (respeitadas as especificidades da UC e dos
empreendimentos), atividades e serviços inerentes aos empreendimentos.
CRITÉRIOS PARA DEFINIÇÃO
 presença de empreendimentos de interesse social, necessidade pública, utilidade
pública ou soberania nacional (linhas de transmissão, estações repetidoras de TV,
antenas, oleodutos, gasodutos, barragens, vias fluviais, vias férreas, estradas de
rodagem, cabos óticos, bases petrolíferas, barragens, entre outros), cujos usos e
finalidades são incompatíveis com a categoria da UC ou com os seus objetivos de
criação;
 evitar polígonos muito pequenos e pulverizados na UC, agregando parte de área
como entorno ou estabelecendo normas relativas aos empreendimentos em outras
zonas da UC.
NORMAS
1. São atividades permitidas nesta zona: proteção, pesquisa, monitoramento ambiental,
recuperação ambiental, visitação e sua infraestrutura (respeitadas as especificidades da
UC e dos empreendimentos), atividades e serviços inerentes aos empreendimentos.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 135
ZONA
Zona de a. Observação: o grau de intervenção da visitação deve ser incluído na norma e
Diferentes definido de acordo com a categoria e objetivos da UC, além de critérios ambientais
Interesses e dos empreendimentos em funcionamento, inclusive riscos aos visitantes.
Públicos 2. A empresa responsável pela operação do empreendimento é responsável por ações
preventivas e mitigadoras de impactos sobre a UC.
3. Os empreendedores devem comunicar à administração da UC quando forem realizar
atividades no interior da mesma.
4. É permitida a instalação de infraestrutura para as atividades de visitação previstas.
a. Observação: avaliar a inserção e mais detalhamento, se necessário, de acordo
com o grau de intervenção da visitação definido.
ZONAS DE USOS DIFERENCIADOS

RECOMENDAÇÕES PARA ELABORAÇÃO DE NORMAS


 os riscos representados pelas infraestruturas e serviços inerentes aos
empreendimentos de utilidade pública ocorrentes na UC deverão ser definidos caso
a caso para subsidiar a adoção de normas, ações preventivas e, quando for o caso,
mitigadoras dos impactos negativos;
 a definição quanto ao trânsito de veículos motorizados e o uso de fogueiras nas
atividades de visitação deverá levar em consideração o grau de intervenção da
visitação definido;
 observar a existência de temas que possam ser usados no planejamento da visitação
na zona.
Zona de É a zona que contém áreas consideravelmente antropizadas ou empreendimentos que
Adequação não são de interesse público, onde será necessária a adoção de ações de manejo para
Ambiental deter a degradação dos recursos naturais e promover a recuperação do ambiente e onde
as espécies exóticas deverão ser erradicadas ou controladas. Zona provisória, uma vez
recuperada será incorporada a uma das zonas permanentes.
O objetivo geral de manejo é deter a degradação dos recursos naturais e, quando possível,
recompor a área, priorizando a recuperação natural dos ecossistemas degradados ou,
conforme o caso, promovendo a recuperação induzida.
Atividades permitidas: proteção, pesquisa (especialmente sobre os processos de
recuperação), monitoramento ambiental, recuperação ambiental (deter a degradação dos
recursos e recuperar a área) e visitação de médio grau de intervenção. São permitidas as
infraestruturas necessárias para os usos previstos nesta zona.

136
ZONA
Zona de CRITÉRIOS PARA DEFINIÇÃO
Adequação  áreas com altos níveis de degradação, evidenciada por alterações ambientais
Ambiental significativas, decorrentes de ações como, por exemplo, incêndios, derramamento de
óleo, extração ilegal de recursos naturais renováveis e não renováveis (caça, pesca,
sobre-exploração de pescados, desmatamento, áreas de pastagens com exóticas,
atividades minerárias, extensas áreas assoreadas, entre outras);
 áreas com espécies exóticas invasoras;
 áreas com empreendimentos que não são de interesse público e necessitam de
adequação ambiental para que a UC alcance os seus objetivos;
 áreas com necessidade de intervenção para diminuir o risco aos objetivos da UC ou
ZONAS DE USOS DIFERENCIADOS

para alcançá-los, considerando, por exemplo, escala e irreversibilidade do impacto


que os recursos naturais estão sofrendo;
 áreas com necessidade de restauração da APP;
 áreas com potencial para uso experimental;
 necessária, especialmente, quando as medidas de recuperação estiverem
concentradas em locais pontuais;
 importante quando não há todas as informações para a tomada de decisão;
○ Observação: quando não dá para zonear e normatizar todas as áreas com
intervenções, a determinação dessa zona transitória possibilita a tomada de
decisão caso-a-caso, de acordo com a disponibilização de informações futuras.
 medidas de recuperação poderão incidir sobre outras zonas, independentemente da
existência da zona de recuperação, devendo, nesses casos, serem elaboradas normas
específicas para as atividades e estratégias de recuperação.
NORMAS PROPOSTAS
1. São atividades permitidas nesta zona: proteção, pesquisa (especialmente sobre
os processos de recuperação), monitoramento ambiental, recuperação ambiental
(deter a degradação dos recursos e recuperar a área) e visitação de médio grau de
intervenção.
2. São permitidas as infraestruturas necessárias para os usos previstos nesta zona.
3. As espécies exóticas e alóctones introduzidas deverão ser removidas, sempre que
possível.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 137
ZONA
Zona de 4. A recuperação induzida dos ecossistemas é condicionada a um projeto específico,
Adequação aprovado pelo órgão gestor da UC.
Ambiental 5. A visitação não pode interferir no processo de recuperação.
6. As infraestruturas necessárias aos trabalhos de recuperação devem ser provisórias,
sendo que os resíduos sólidos gerados nestas instalações deverão ser retirados pelos
próprios responsáveis e transportados para um destino adequado.
7. Os equipamentos facilitadores e serviços de apoio à visitação devem ser instalados
sempre em harmonia com a paisagem e desde que não seja possível sua instalação em
outras zonas.
8. Todo resíduo gerado nesta zona deverá ser destinado para local adequado, conforme
orientações e sinalização na UC.
ZONAS DE USOS DIFERENCIADOS

9. O uso de agrotóxicos e de espécies exóticas na recuperação ambiental de áreas da


UC somente será permitido nos estágios iniciais de sucessão e mediante a autorização
por projeto específico aprovado pelo órgão gestor da UC.
10. Para as atividades de pesquisa, onde se comprove a necessidade de fixação de
equipamentos e instalações para o bom desenvolvimento do trabalho, tal previsão
deve constar do pedido de autorização da pesquisa e devem ser retirados para fora da
área uma vez findados os trabalhos e quando não for do interesse da UC.
11. O uso de fogueiras é permitido em casos excepcionais, quando indispensáveis à
proteção e à segurança da equipe da UC e de pesquisadores.
12. O trânsito de veículos motorizados é permitido para todas as atividades permitidas,
desde que não interfira na recuperação da zona, devendo privilegiar as estradas já
existentes.
13. Devem ser priorizadas as pesquisas científicas que tratam dos processos de
recuperação.
Zona de Usos É a zona que contém ambientes naturais ou antropizados, com populações humanas ou suas
Divergentes áreas de uso, cuja presença é incompatível com a categoria de manejo ou com os objetivos
da UC, admitindo-se o estabelecimento de instrumento jurídico para compatibilização da
presença das populações com a conservação da área, lhes garantindo segurança jurídica
enquanto presentes no interior da UC. Essas populações estarão sujeitas às ações de
consolidação territorial pertinentes a cada situação. Caso sejam populações tradicionais
conforme definição do Decreto nº 6.040/2007, deve-se observar o Art. nº 42 da Lei nº
9.985/2000 (SNUC). Zona não utilizada para área de proteção ambiental. Zona Provisória,
uma vez realocada a população ou efetivada outra forma de consolidação territorial, esta
será incorporada a outra(s) zona(s) permanente(s).

138
ZONA
Zona de Usos O objetivo geral de manejo é a manutenção do ambiente em harmonia com a presença
Divergentes de população tradicional ou não, buscando a compatibilização dos usos realizados por
elas com os objetivos da UC, estabelecendo procedimentos que minimizem os impactos
antrópicos sobre a área.
Atividades permitidas: proteção, pesquisa, monitoramento ambiental, recuperação
ambiental e outros usos acordados em instrumento jurídico firmado entre os ocupantes
e o órgão gestor da UC, incluindo a visitação.
CRITÉRIOS PARA DEFINIÇÃO
 áreas de moradia, uso do solo e uso dos recursos naturais por populações tradicionais
ou não, em conflito com a categoria de manejo ou objetivos da UC, demandando
realocação, desapropriação ou outra forma de consolidação territorial;
o Observação: quando possível, a população desta zona será identificada em
ZONAS DE USOS DIFERENCIADOS

tradicional e não tradicional, de acordo com a definição do Decreto nº 6.040/2007,


com a definição de polígonos distintos e normas diferenciadas para os diferentes
grupos.
 limites de áreas Quilombolas em UC de Proteção Integral e Domínio Público;
 áreas costeiras, marinhas e de grandes extensões fluviais, devem considerar, por
exemplo, territórios de pesca dentro de UC de Proteção Integral, residência em ilhas
e etc.
NORMAS PROPOSTAS
1. São atividades permitidas nesta zona: proteção, pesquisa, monitoramento
ambiental, recuperação ambiental e outros usos acordados em instrumento jurídico
firmado entre os ocupantes e o órgão gestor da UC, incluindo a visitação.
2. A presença de populações residentes e o uso que fazem das áreas serão regidos por
instrumentos específicos, com o termo de compromisso, termo de ajuste de conduta,
ou outro instrumento jurídico pertinente, os quais definirão as atividades passíveis
de serem realizadas e normas específicas relacionadas, observadas boas práticas de
manejo do solo e dos recursos hídricos.
3. É vedada a conversão de novas áreas de uso.
RECOMENDAÇÕES PARA ELABORAÇÃO DE NORMAS
 Caso não haja instrumento jurídico firmado, o plano de manejo deverá estabelecer
os usos permitidos por estas populações de forma geral (por exemplo, cultivos
agrícolas, pesca de determinado impacto, coleta de produtos não madeireiros e etc.),
e o detalhamento deverá ser realizado por normas específicas nos instrumentos
jurídicos pertinentes.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 139
Orientações para os produtos do zoneamento Para tal, deverão ser definidos no plano de ma-
em ambiente de sistema de informações nejo os parâmetros gerais e os metadados ado-
geográficas tados nos arquivos produzidos de forma que a
A referência espacial para a delimitação do zo- informação tenha lastro na base de dados utili-
neamento das UCs será feita por meio dos ar- zada no momento da sua elaboração. Além dis-
quivos shapefile, que serão disponibilizados ao so, deverá ser feita uma descrição mais robusta
público no site do ICMBio e no SIGEO, ficando das zonas de manejo, evitando que haja impreci-
este direcionamento expresso na portaria de são na análise destes arquivos posteriormente.
aprovação dos planos de manejo. Desta forma,
não será necessária a elaboração de memoriais Quando se tratar de trabalho realizado por con-
para cada zona de manejo, salvo em casos es- sultoria externa, estes deverão ser verificados e
pecíficos e justificados. validados por algum integrante da Equipe Am-
pliada de Geoprocessamento da COMAN.

PARÂMETROS MÍNIMOS PARA OS METADADOS (COM BASE NOS CAMPOS OBRIGATÓRIOS


EM DEFINIÇÃO PARA O PORTAL DE DADOS ABERTOS DO GOVERNO FEDERAL) E ORIENTA-
ÇÕES QUANDO AOS ARQUIVOS EM AMBIENTE DE SIG

A. Elaboração dos Metadados deverá conter: C. Inserir nas tabelas de atributos, minimamen-
te, os nomes das zonas conforme consta no
1. Título; texto do plano, a área das feições em hectares,
2. Data; a descrição da zona e as normas da zona;

3. Responsável pelo shapefile; D. Efetuar a validação topológica quanto a ine-


4. Status (em elaboração; em validação ou; xistência de sobreposições e espaços vazios in-
aprovado); desejados, bem como duplicidade de feições e
geometrias inválidas;
5. Resumo;
6. Sistema de Referência; E. Entregar arquivos finais em formatos shape-
7. Indicar todas as bases de referência file e kml (este visando ampla utilização pelo
utilizadas para o zoneamento (cartas, ima- público, deixando claro as ressalvas quanto a
gens, outros shapefiles, informações de precisão deste arquivo em relação ao shape-
GPS, etc.) e suas respectivas fontes, proje- file).
ções, escalas, datas, autoria e outros dados
F. Padronizar os arquivos para projeção geográ-
que permitam a conferência e reprodução;
fica (no texto da descrição da zona, quando ne-
8. Responsável pelos Metadados; cessário, usar coordenadas em grau, minuto e
9. Data dos Metadados. segundo) e datum SIRGAS 2000.

B. Agrupar o Zoneamento em um único arquivo


G. Utilizar a melhor informação disponível para
shapefile, salvo em casos extraordinários em
aquele território (seja carta, base de dados ofi-
que haja intencional sobreposição espacial de
ciais, imagens de satélite, ortofoto ou o que
zonas como, por exemplo, em zoneamentos 3D
existir de mais preciso).
de UCs marinhas;

140
Ainda, a descrição das zonas de manejo de- discussão das melhores práticas com a plenária.
verá deixar o mais claro possível o perímetro
do território e atributo que cada zona englo- A título de exemplo, são apresentadas no ANE-
ba, se possível vinculadas a atributos físicos XO 2 algumas normas gerais para as UCs. Para
específicos da paisagem, e quando necessá- cada tema são listadas no âmbito da COMAN
rio, com algumas coordenadas geográficas algumas normas, que retratam alguns dos as-
de amarração. Assim a descrição deve ser a pectos a serem normatizados na área protegi-
mais completa possível, sem que seja dema- da. Elas, no entanto, não esgotam os aspectos
siadamente extensa ou se torne um memorial relacionados a cada tema abordado. Os temas
descritivo. O grau detalhes necessário para a apresentados por sua vez constituem ape-
descrição das zonas deverá ser avaliado pela nas sugestão de como as normas gerais po-
equipe de planejamento em função do con- derão ser organizadas, ou seja, para cada UC
texto da UC. as normas serão distribuídas segundo temas
que melhor respondam às suas necessidades
Os produtos cartográficos deverão seguir os de gestão. Além disso servem para apresentar
projetos de layout padrão a serem fornecidos o ponto de partida de discussão das normas
pela COMAN. gerais, apresentando as principais diretrizes
acordadas institucionalmente. Ressalta-se
6.5.3.2 Atos legais, administrativos e normas que a lista de normas apresentada no ANEXO 2
Inicialmente, deverá ser realizada a apresenta- deverá ser aprimorada ao longo do tempo,
ção dos conceitos de atos legais, atos adminis- portanto, a EP deverá consultar a COMAN so-
trativos e normas, conforme apresentação pa- bre a versão mais atual para utilização no pro-
drão fornecida pela COMAN, seguida da leitura e cesso de planejamento.

Atenção:
Os atos legais não configuram uma
lista de todas as leis existentes,
mas de regulamentações que sejam
específicas para os recursos e valores
fundamentais que ela protege e
que devem ser observados para seu
planejamento e gestão, atentar para
os exemplos apresentados no guia do
participante.

Os atos administrativos são acordos


obtidos por meio de processos formais
que auxiliam no alcance do propósito
da UC, atentar para os exemplos
apresentados no guia do participante.

As normas devem atender à necessidade


de gestão da UC, sempre respeitando
diretrizes institucionais e a legislação
vigente, atentar para os exemplos
apresentados no guia do participante.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 141
MELHORES PRÁTICAS PARA SE IDENTIFICAR ATOS LEGAIS E ADMINISTRATIVOS E
NORMAS

Os atos legais para uma UC:

zz são requisitos exclusivos que aquela UC precisa cumprir.

zz podem estar expressos no decreto de criação da UC, em legislação distinta após ou até mes-
mo antes da designação da UC, ou em processo judicial.

zz pode ampliar o propósito da UC ou apresentar elementos não relacionados ao propósito da


UC.

zz não são um inventário de todas as leis aplicáveis ao SNUC.

Os atos administrativos de uma UC:

zz são acordos firmados por meio de processos formais documentados (como um memorando de
entendimento se comprometendo a respeitar as políticas de uma comissão de manejo de órgãos
públicos diversos, contratos de concessão, termos de compromisso, de ajuste de conduta, etc.).

As normas de uma UC:

zz são as regras ou diretivas definidas especificamente para a UC para orientar o uso e o manejo
da área.

zz estão de acordo com a legislação vigente e a categoria da UC.

exemplos de normas existentes para outras UCs,


Exercício para revisão dos atos legais e nor-
previamente selecionados pela equipe de plane-
mativos e para construir as normas gerais
jamento do plano de manejo, relatando em uma
Após a apresentação dos conceitos, exemplos, tabela a indicação de manutenção, exclusão, revi-
e leitura das melhores práticas com a plenária, são, fusão ou adequação dos exemplos à UC. Será
deve ser realizado o seguinte exercício: relatada também a necessidade de normas a se-
rem elaboradas, de maneira complementar. Não
Exercício 1: Em plenária, serão apresentados e é necessário se preocupar, neste momento, com
avaliados os atos legais e administrativos rela- a redação final de novas normas, mas com a idéia
cionados à UC para nivelamento, atualização e principal da regulação.
complementação da lista existente.
Exercício 3: Em plenária, o relator de cada grupo
Exercício 2: Um conjunto de temas com porpos- apresentará as contribuições do pequeno grupo
tas de normatização para a UC será distribuído para as normas analisadas, e as demandas de
em pequenos grupos, organizados por afinida- novas normas. Os resultados dos grupos serão
de aos temas. Cada grupo irá avaliar os temas e discutidos em plenária.

142
6.5.4 Fechamento da oficina transparência aos prazos e trâmites necessário
Após a finalização da construção participativa para a conclusão do plano de manejo e para se
dos elementos do plano de manejo é importante estabelecer parcerias e fortalecer a rede de apoio
pactuar a continuidade do processo de planeja- ali presente para a gestão conjunta da UC.
mento com os participantes da oficina. Neste mo-
mento, com o debate sobre a UC ainda latente e Atenção:
o grupo engajado, são pactuados as etapas finais Se certificar que foi destinado tempo
do processo, como a necessidade de estratégias suficiente para esta etapa. Ela é tão
participativas acessórias, de idas a campo para importante quanto as etapas anteriores da
aferição de informações e a definição das ativi- oficina. Ajustes nas etapas e prazos podem
dades para a consolidação do plano, com res- demandar tempo considerável de discussão.
ponsáveis e prazos. Este momento serve para dar

MELHORES PRÁTICAS PARA OS PRÓXIMOS PASSOS

zz Aproveitar o engajamento do grupo e a compreensão coletiva construída na oficina para se es-


tabelecer uma rede de parceria e confiança para a gestão da UC.

zz Ser transparente em relação aos prazos e esforços necessários para a conclusão de cada etapa.

rando no mínimo as atividades, os responsá-


Exercício para pactuação de próximos passos
veis e os prazos.
Após a explicação da importância e necessida-
de de se estabelecer esses acordos, deverá ser Ao final deve estar afixado o cronograma ajustado na
realizada a seguinte atividade: plenária, para registro pelo relator e participantes.

Exercício 1 (Plenária): Com ajuda de tarjetas ou Com os próximos passos pactuados, se reco-
post-it, devem ser apresentadas na plenária as menda a realização do “passeio guiado” onde
etapas obrigatórias e necessárias para a con- repassamos todos os resultados da oficina de
clusão do processo e aprovação do plano de elaboração ou revisão do plano de manejo com
manejo, bem como o tempo estimado para sua os participantes, como forma de conectar com
realização. Em seguida, devem ser discutidas a mais clareza todos os conceitos trabalhados, e
necessidade de ajustes (inserções ou prazos) o conteúdo final que se espera no documento
no cronograma proposto inicialmente, com do plano de manejo. Além disso, é uma nova
base nos resultados da oficina de elaboração oportunidade para se promover ajustes, sanar
ou revisão do plano dúvidas ou destacar discussões importantes.
de manejo. Ao final
Consolidação e pactua-se de ma- Como fechamento da oficina, recomenda-se a
aprovação do PM adoção de dinâmicas que facilitem que os par-
Item 6.6
neira transparente
as próximas etapas ticipantes consigam expressar sua avaliação
para a conclusão do da oficina, da construção do plano de manejo
processo, conside- e sua relação com a UC.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 143
6.6 CONSOLIDAÇÃO E dências, avaliando e inserindo os resultados
das revisões ocorridas nas etapas que prece-
APROVAÇÃO DO PLANO DE deram a consolidação final.
MANEJO
A consolidação do plano de manejo consiste em A consolidação do plano de manejo é de res-
organizar as informações construídas na oficina ponsabilidade da equipe de planejamento, e al-
de elaboração ou revisão do plano de manejo gumas etapas preliminares precisam ser aten-
em um formato padrão do plano de manejo, o didas, em trabalhos que podem ser feitos por
qual conterá todos os seus conteúdos sem pen- meio de trocas de informações eletrônicas.

ETAPAS DA CONSOLIDAÇÃO DO PLANO DE MANEJO

zz Conclusão do relatório da oficina de elaboração ou revisão do plano de manejo

zz Estruturação do plano de manejo, versão 1: Ajustes e complementação do texto da oficina de


elaboração ou revisão do plano de manejo

zz Revisão do plano de manejo, pelos participantes da oficina de elaboração ou revisão do plano de


manejo

zz Ajustes no plano de manejo, após revisão pelos participantes

zz Oficina de consolidação

zz Estratégias acessórias de participação social (opcional)

zz Estruturação do plano de manejo, versão 2

zz Consolidação final do plano de manejo

A conclusão do relatório da oficina de elabo- um guia para orientar a equipe de planeja-


ração ou revisão do plano de manejo, pela mento na estruturação do plano de manejo.
relatoria, é fundamental como subsídio para
todas as etapas subsequentes de estrutura- A estruturação do plano de manejo, versão 1, é
ção e conclusão do plano de manejo. O rela- de responsabilidade da EP, que tem autonomia
tório deve conter o registro de toda a oficina, para corrigir e complementar os dados da ofici-
incluindo todas as pendências apontadas na na e do plano de manejo como um todo. Entre-
oficina como, por exemplo, aferição e comple- tanto, é preciso manter o registro de todo tipo
mentação de informações técnico-científicas de alteração, para relatar aos participantes da
e jurídicas, redação final de texto construídos oficina, indicando as justificativas. Isso pode ser
na oficina (incluindo registro fotográfico), en- feito em comentários, no controle de alterações
tre outros. Assim, o relatório funciona como do documento.

144
A EP deve atender as demandas apontadas no alterações e que serão devolvidas para a EP. É
relatório da oficina de elaboração ou revisão preciso cuidar para que todos entendam que
do plano de manejo, fazendo ajustes, como a revisão não inclui alterações individuais que
completar todas as lacunas que existam e desconstruam o que foi pactuado em plená-
que tenham sido indicadas; conferir ou inserir ria, mas é o momento para que os participan-
conceitos que, porventura, ficaram penden- tes possam detectar e contribuir com ajustes e
tes; melhorar o texto, tornando-o mais claro e complementações da mesma natureza.
corrigindo o português; verificar legalidades e,
junto com a equipe da UC, subsidiar o plano de Recomenda-se que o documento – PM/V1 – ob-
manejo com informações para o refinamento e jeto de revisão pelos participantes da oficina
revisar a proposta de zoneamento oriunda da tenha uma marca d’água em todas as páginas,
oficina. indicando ser uma minuta ou uma versão preli-
minar. Ainda, o PM/V1 deve conter comentários
A estruturação do plano de manejo pode in- com as justificativas dos ajustes e alterações
cluir a descrição e a contextualização de itens feitas pela EP. Feito isso e adotando-se o for-
que não foram objeto da oficina, como a in- mulário de revisão, converta o PM/V1 para PDF,
trodução e a breve descrição da UC, e algum para evitar uso inapropriado do documento.
outro que se faça necessário e seja específico
no caso da UC; a revisão da priorização, para Objetivando documentar as indicações de revi-
detectar possíveis incoerências e necessidade são e ciência dos participantes, é preciso enviar
de reagrupamento das necessidades de dados um formulário simples, para preenchimento pe-
e de planejamento, assim como ajustar a prio- los revisores, conforme modelo a ser disponibi-
rização, de modo a dar mais equilíbrio entre lizado pela COMAN. Outra medida a ser adotada
os três níveis (prioridade alta, média e baixa) no PM/V1 é a numeração das linhas em todas
e, se for o caso, ajustar tais níveis com a orien- as páginas, para facilitar a indicação das alte-
tação institucional. rações pelos participantes.

Feita a estruturação do documento tem-se o Cabe à COMAN enviar o PM/V1 para revisão com
plano de manejo, versão 1 (PM/V1), a qual será as respectivas orientações, ressaltando que
enviada para revisão pelos participantes da cabe ao participante da oficina elaborar as con-
oficina, conforme prévia pactuação com os siderações pertinentes no prazo máximo de 30
participantes. Essa versão do plano de manejo dias, podendo neste prazo o participante con-
é bem simples e não deve conter elementos da sultar a instituição ou comunidade a qual re-
editoração final. Ele deve ser de fácil consulta presenta.
e manuseio pelos participantes.
A mensagem da EP deve sinalizar que os par-
Atentar que o relatório da oficina tem o obje- ticipantes podem fazer a revisão em peque-
tivo de servir como fonte de informação para nos grupos e que cabe à UC mobilizar, propi-
os participantes, diferente da versão 1 (PM/V1) ciar e registar a revisão daqueles que não têm
destinada às contribuições e aos ajustes. internet e moram isoladamente.

A etapa de revisão pelos participantes requer a Os ajustes no plano de manejo são conduzidos
preparação e a disponibilização do PM/V1 para após a finalização da revisão pelos participan-
a revisão, as normas da revisão e a preparação tes. Os ajustes são papel exclusivo da EP. Essa
de um sistema complementar de registro das etapa é curta e pode ser conduzida por meio

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 145
eletrônico. Trata-se da avaliação de todas as questões relativas ao zoneamento, como altera-
contribuições, comparando o indicado nos ções, refinamentos e decisões em escala local, é
mesmos pontos, verificando e discutindo o que preciso assegurar a participação do especialista
deve e pode ser adotado, bem como as justi- em geoprocessamento.
ficativas nos casos em que é exigida uma de-
volutiva para o autor da demanda. Em seguida, Ao fim desta etapa tem-se a estruturação do
as decisões e as pertinências são inseridas no plano de manejo, versão 2 (PM/V2) com a con-
plano de manejo e podem requerer a próxima solidação das questões discutidas e decididas
etapa descrita abaixo. na reunião de consolidação. Trata-se do fecha-
mento do plano de manejo, quando deverá ser
A reunião de consolidação do plano de manejo feita a apresentação para o conselho da UC e
pode ser necessária, tendo-se em vista o volume sua adequação para os ritos de aprovação in-
e a profundidade de decisões a serem tomadas terna no ICMBio.
pela EP, especialmente a última discussão do zo-
neamento e suas normas, bem como a discussão Estratégias acessórias de participação cons-
das normas gerais da UC, o que deve culminar tituem da discussão de aspectos do planeja-
com as decisões finais da EP. Também pode ser mento considerados indefinidos após a reali-
necessária a discussão de pontos conflitantes zação da oficina de elaboração ou revisão do
identificados na revisão pelos participantes. Tal plano de manejo e que requeiram a consulta
oficina, é feita entre os membros da EP, poden- específica a determinados grupos sociais rela-
do ocorrer na UC, para o caso de dúvidas e ne- cionados a UC ou ao seu conselho, de maneira
cessidade da verificação em campo de questões pontual. Podem ocorrer tanto para a discussão
relativas ao zoneamento. A duração deve ser a de aspectos relacionados ao PM/V1 ou PM/V2,
mínima possível, considerando as pendências a devendo ser definida conforme a necessidade
serem sanadas no documento. Se a etapa incluir e orientação da EP.

ETAPAS DO RITO DE APROVAÇÃO DO PLANO DE MANEJO

zz Aprovação do plano de manejo pelo conselho deliberativo, para Resex e RDS

zz Aprovação técnica pela DIMAN

zz Aprovação jurídica pela PFE

zz Aprovação pelo Conselho de Defesa Nacional (CDN) para UCs localizadas em faixa de fronteira

zz Aprovação pela Presidência do ICMBio

146
O primeiro rito é a aprovação do documento Caso a UC esteja inteira ou parcialmente locali-
e é feito pelo conselho da UC, sendo obriga- zada em faixa de fronteira, faixa de 150 km dos
tório somente para as categorias de manejo limites territoriais do Brasil, a versão aprovada
que possuem conselhos deliberativos (Resex e juridicamente pela PFE deverá ser encaminhada
RDS). A versão pactuada pelo conselho deverá para aprovação do CDN, vinculado á Presidên-
ser aprovada por meio de resolução interna do cia da República, em atendimento ao Decreto
conselho para a realização posterior de análise nº 4.411, de 07 de outubro de 2002. O produto
do ICMBio, no que tange aos aspectos técnicos desta etapa, quando necessária, é a versão 5 do
e jurídicos. Caso surjam modificações significa- plano de manejo (PM/V5).
tivas na versão do plano de manejo após sua
aprovação pelo conselho deliberativo, deverá Uma vez aprovado juridicamente, a EP tem o pa-
ser avaliada nova apresentação do documento pel de fazer a consolidação final do plano de
para o conselho, evitando que decisões pactua- manejo, que irá atender as demandas que, por-
das neste fórum sejam desfeitas sem o consen- ventura, tenham sido indicadas pela PFE e CDN,
timento prévio. quando for o caso.

O segundo passo é a análise técnica, dentro da Sem mais pendências, o plano de manejo deve
diretoria responsável pela elaboração e revisão estar na sua versão final para aprovação e pu-
do plano de manejo (DIMAN), com a participação blicação pela Presidência do Instituto, e poste-
direta das demais coordenações do ICMBio com rior divulgação no site do ICMBio. Se a UC dis-
maior necessidade de interface no planejamen- puser de recurso poderá ser feito uma versão
to. Após a aprovação técnica, a EP irá consolidar para divulgação, estilo cartilha, com ilustra-
as correções, que tenham sido encaminhadas na ções e texto didáticos para levar a informação
apresentação. E caso as alterações sejam signifi- a sociedade.
cativas deve voltar para uma nova apresentação
ao conselho e a partir desse momento, se não 6.6.1 Conteúdo do plano de manejo
ocorrer consenso as decisões se darão no âmbito Após as etapas de consolidação do plano de
da Diretoria. O produto desta etapa é a versão 3 manejo, o documento em sua versão final
do plano de manejo (PM/V3). deve conter a estrutura e o conteúdo con-
forme orientação da COMAN. Para isso, são
Depois desse momento, a EP também elabora apresentados abaixo os itens e o respectivo
um parecer técnico de aprovação do plano de conteúdo de um plano de manejo padrão, na
manejo, com minuta de portaria de aprovação, ordem em que devem aparecer no documen-
destacando pontos que considera importante to. Vale citar que pode haver casos em que
para observação dos procuradores federais, que um item específico tenha que ser adicionado
atuam dentro no ICMBio. Depois disso o plano e, para isso, há que ser justificado e aprovado
de manejo está pronto para análise e aprovação pela EP e pela COMAN, geralmente devido a
jurídica junto a Procuradoria Federal Especiali- questões que fogem ao controle da EP.
zada (PFE). O produto desta etapa é a versão 4
do plano de manejo (PM/V4).

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 147
TABELA 6. CONTEÚDO DO PLANO DE MANEJO

ITEM DO PLANO DE MANEJO (PM) CONTEÚDO DO ITEM


Missão do ICMBio Reproduzir o conteúdo oficial, indicando que o ICMBio é o órgão gestor da UC,
com seu papel, número de UCs e respectiva área criada no país.

Introdução Contextualiza a elaboração demandada por lei, seu papel e suas funções, bem
como os elementos do plano de manejo.

Elementos do plano de manejo Inserir a figura da pirâmide com os elementos.

Histórico do plano de manejo Somente para casos necessários e justificados pela EP (p.e. processos
judicializados, revisões, processos participativos contestados, entre outros)
Deverá conter em cerca de meia lauda, uma breve descrição do histórico,
contendo a estratégia de participação social envolvida, as oficinas/reuniões e
as informações mais importantes.

PARTE 1: COMPONENTES FUNDAMENTAIS


Ficha Técnica Resumo com o perfil da UC: nome; endereço e outros dados de contato (e-mail
da UC site, etc.); área e perímetro; municípios abrangidos e respectivas áreas dentro
dos limites da UC; estado onde a UC se encontra; coordenadas geográficas
da área da UC, bem como decreto de criação e de redelimitação/alteração de
limites.

O plano de manejo terá um mapa de localização da UC.

Breve Descrição da UC Resumo das principais características físicas e socioambientais, com cerca de
duas páginas.

Propósito Apresentação do conceito e resultado da versão final do plano de manejo.


Declarações de Significância
Recursos e Valores Fundamentais

148
ITEM DO PLANO DE MANEJO (PM) CONTEÚDO DO ITEM
PARTE 2: COMPONENTES DINÂMICOS
Subsídios para Interpretação Apresentação do conceito e resultado da versão final do PM.
Ambiental
Levantamento das Necessidades
de Dados e Planejamento
Análise dos Recursos e Valores
Fundamentais
Questões-chave
Priorização das Necessidades de
Dados e de Planejamento
PARTE 3: COMPONENTES NORMATIVOS

Zona A yy Conceito da zona, descrição e normas, como consta na versão final do PM.
Zona B
yy As normas das zonas devem ser numeradas, começando pelo número
Zona C um (1) em cada zona.

yy O PM conterá o mapa do zoneamento da UC, podendo, excepcionalmente,


ter mais de um no caso da necessidade de mostrar detalhes de áreas
muito pequenas, que não apareçam no mapa geral do zoneamento.

Normas Gerais yy Apresentação do conceito e resultado da versão final do plano de manejo.

yy As normas gerais deverão ser numeradas em sequência única,


independentemente das separação por temas.

Atos Legais e Administrativos Apresentação do conceito e resultado da versão final do PM.

Anexos Varia caso a caso.

Bibliografia/Referências Varia caso a caso.


Bibliográficas

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 149
6.7 INSTRUÇÃO
PROCESSUAL E TRÂMITES Procedimento administrativo:
Todas as reuniões deverão ser registradas
ADMINISTRATIVOS DE com fotos e lista de presença.
APROVAÇÃO E PUBLICAÇÃO Os processos de apoio (contratações,
publicação da ordem de serviço, consulta
De acordo com a IN ICMBio n° 07/2017, o aos macroprocessos, dentre outros)
processo administrativo de elaboração ou para a elaboração do plano de manejo
revisão do plano de manejo deverá ser iniciado não serão anexados ao processo do PM,
na COMAN. devendo estar somente relacionados.

Na elaboração do plano de manejo o proces- são do plano de manejo e a lista de presença.


so administrativo deverá ser instruído da se-
guinte forma: zz 1ª versão do plano de manejo, que foi dis-
tribuída para os participantes da oficina para
validação.
zz Documento que traz no seu escopo a deman-
da de elaboração do plano de manejo e a concor- zz Documento comprobatório (e-mails insti-
dância da COMAN ou instâncias superiores. tucionais) de envio aos participantes para ma-
nifestação e os documentos devolutivos refe-
zz Plano de trabalho elaborado na organiza- rente ao assunto.
ção do planejamento, com a lista de presença
da reunião. zz 2ª versão do plano de manejo, consideran-
do as contribuições recebidas.
zz Ordem de serviço que define a equipe de
planejamento e resolução do conselho delibe- zz Ata de reunião da assembleia interco-
rativo de definição do grupo de governança, munitária, no caso de Resex e RDS, antes da
no caso de Resex e RDS. apresentação para o conselho deliberativo da
unidade, a menos que as entidades represen-
zz Relatórios e listas de presenças das ofici- tativas da população tradicional, em comum
nas e reuniões prévias, quando ocorrerem. acordo com o grupo de governança, conside-
rem a reunião desnecessária, o que deverá ser
zz Convites aos participantes da oficina de registrado formalmente.
elaboração ou revisão do plano de manejo bem
como, os aceites e negações de participação. zz Ata de reunião da apresentação para o
conselho da UC:
zz Guia do Participante, após aprovação da
COMAN, incluindo a caracterização da UC e o ○ Nas UCs de uso sustentável deverá ser
resumo de gestão. dado o prazo de 30 dias para manifesta-
ção com relação ao plano de manejo.
zz Relatório da oficina de elaboração ou revi-

150
○ No caso de Resex e RDS, deverá constar ○ Apresentação para o CDN, que, além
a aprovação do plano de manejo por essa de uma contextualização geral do pla-
instância, por meio de resolução interna do no de manejo, deverá conter os seguin-
conselho, conforme previsto em legislação. tes elementos: localização de atividades
minerárias (caso ocorram na área), ocor-
zz Registro da apresentação para a DIMAN e rências de ilícitos em geral, taxas de des-
demais envolvidos no processo, que deve ser matamento, sobreposição com glebas, TI,
por meio da lista de presença e uma cópia da projetos de assentamento, comunidades,
apresentação. obras de interesse público como hidrelé-
tricas e estradas, dentre outros especifi-
zz 3ª versão do plano de manejo, com os cidades. A apresentação e a lista de pre-
ajustes das reuniões de apresentações ocor- sença devem ser inseridas no processo
ridas em até 30 dias corridos da apresentação. do plano de manejo.

zz Parecer de aprovação do plano de manejo ○ Documento do CDN solicitando ajustes,


pela EP, constando o seu histórico de elabora- caso ocorra, deverá ser inserido no pro-
ção e destacando os itens identificados como cesso.
necessários de uma atenção especial, caso
○ 5ª versão do plano de manejo com os
existam.
ajustes solicitados pelo CDN e é feito o
reenvio para aprovação.
zz Formulário de consulta obrigatória à PFE.
○ Portaria de aprovação do CDN.
zz Minuta de portaria de aprovação do pla-
no de manejo, conforme modelo adotado pela zz Após retorno da PFE ou do CDN, confor-
COMAN. me o caso, envio à Presidência do ICMBio para
aprovação e publicação da Portaria do plano
zz Após análise da PFE:
de manejo.
○ 4ª versão do plano de manejo, caso te-
zz Após aprovação e publicação da portaria,
nha ajustes sugeridos pela PFE ou justi-
colocar no site do ICMBio o plano de manejo,
ficativa, por meio de nota técnica, quan-
a portaria de aprovação e os arquivos shape-
do não houver concordância pela equipe
file (vetoriais) do zoneamento, registrando no
técnica, em até 30 dias.
processo o envio dos materiais para disponibi-
zz Após aprovação da PFE, no caso de UCs em lização no site.
faixa de fronteira:
zz Encaminhar o plano de manejo aprovado
○ Ofício encaminhando o processo ao para diagramação e após sua conclusão, fazer
Ministério do Meio Ambiente com as mi- a substituição no site do ICMBio.
nutas de ofício e aviso ministerial, que o
encaminhará ao CDN. zz Inserir no processo os arquivos shapefile
(vetoriais) do zoneamento da UC.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 151
Na revisão do plano de manejo o processo de- zz Ata de reunião com as populações tradi-
verá ser instruído da seguinte forma: cionais residentes ou usuárias da UC, quando
a revisão afetá-las diretamente.
zz Solicitação de revisão do plano de mane-
jo devidamente fundamentada com cópia do zz Aprovação da proposta técnica pela CO-
plano de manejo, que pode ser formulada pela MAN;
UC, coordenação regional, centro de pesquisa
e diretorias do ICMBio, de ofício pela COMAN zz Versão consolidada do plano de manejo
ou pelo conselho deliberativo. revisado, que deve ser providenciado pela UC.

zz Anexação do processo original do plano zz Formulário de consulta obrigatória à PFE.


de manejo.
zz Minuta de portaria de aprovação da re-
zz Relatório da monitoria do plano de mane- visão pontual do plano de manejo, conforme
jo quando se tratar de pedido de revisão geral modelo adotado pela COMAN.
do documento, de responsabilidade da equipe
da UC. ○ Após análise da PFE, consolidação da versão
final do plano de manejo, caso tenha ajustes
zz Nota técnica da análise da solicitação de sugeridos pela PFE ou justificativa, por meio
revisão e da monitoria, emitida pela COMAN. de nota técnica, quando não houver concor-
dância pela equipe técnica, em até 30 dias.
No caso de revisão geral, o trâmite a ser ob-
servado seguirá o mesmo rito da elaboração zz Após aprovação pela PFE, envio à Presi-
do plano de manejo. dência do ICMBio para aprovação e publicação
da Portaria do plano de manejo.
Na revisão pontual, deve ser juntado ao pro-
cesso: zz Após aprovação e publicação da porta-
ria, colocar no site do ICMBio o plano de ma-
zz Proposta técnica com indicação das alte- nejo, a portaria de aprovação e os arquivos
rações necessárias, pactuadas entre a UC e o shapefile do zoneamento/vetoriais, caso te-
setor do ICMBio envolvido na proposta. nham sido alterados, registrando no proces-
so o envio dos materiais para disponibiliza-
ção no site.

152
7. PLANOS ESPECÍFICOS

Os planos específicos são documentos técnicos de dados e planejamento definida no plano de


de planejamento ou de caráter normativo que, manejo. Uma vez aprovados, os planos espe-
seguindo as diretrizes do plano de manejo, con- cíficos serão automaticamente incorporados
templam estratégias, ações ou conjunto de nor- ao plano de manejo, compondo o portfólio de
mas que orientam a gestão e o manejo de áre- planejamento da UC. Desta forma, se permite
as temáticas específicas da UC. São elaborados uma melhor condição de atualização das reco-
com base nas necessidades de planejamento mendações de manejo, contribuindo assim para
identificadas pelo plano de manejo, tais como uma maior flexibilidade do plano de manejo e
planos de proteção, de uso público, de interpre- maior efetividade de gestão da UC.
tação ambiental, de pesquisa e de uso sustentá-
vel de recursos naturais, ou outros, sempre de A elaboração dos planos específicos deverá
acordo com a necessidade de cada UC. ser conduzida pelas coordenações técnicas
responsáveis pela temática tratada, conforme
Os planos específicos correspondem aos pro- divisão de atribuições específicas do ICMBio e
gramas de manejo, utilizados nos planos de não pela COMAN. Desta forma, espera-se que
manejo elaborados com as metodologias ante- sejam elaborados documentos mais integrados
riores. Na abordagem utilizada por este roteiro, com as diretrizes e prioridades de cada área do
cada UC terá em seu plano de manejo uma lista ICMBio, além de serem construídos com supor-
de necessidades de planejamento, hierarquiza- te técnico mais especializado.
da de acordo com as prioridades de cada área,
em vez de um conteúdo programático padrão Em geral, os planos específicos são produtos já
desenvolvido para todas as UCs. desenvolvidos por outras áreas, técnicas e ad-
ministrativas, do ICMBio, conforme detalhado
Estes planos devem ser focados nos princi- no Catálogo de Produtos e Serviços. Entretanto,
pais desafios de gestão da UC, consoante com haverá casos em que a UC necessita de um pla-
a análise de recursos e valores fundamentais nejamento direcionado para uma situação es-
apresentada pelo plano de manejo, resultando pecífica, não prevista no Catálogo, nesse caso,
assim em um planejamento mais dinâmico, re- deverá ser avaliada qual é a área do ICMBio que
alista e exequível. Estes documentos deverão tem maior relação com a temática para prestar
ser desenvolvidos de acordo com a capacidade suporte à UC. Também poderão ser estabele-
de gestão da equipe e a disponibilidade de re- cidas parcerias com outras instituições para
cursos para sua elaboração e implementação, atendimento destas demandas.
considerando a priorização das necessidades

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 153
Os planos opera- vantamento de dados ou a elaboração dos pla-
Atenção:
cionais, com ações nos específicos, de acordo com as prioridades
Os planos específicos
anuais ou semes- definidas e com observância às normas, zonas
devem ser
trais, devem se- e diretrizes definidas pelo plano de manejo e
planejamentos de
guir as definições e sempre buscando a manutenção do propósito e
caráter estratégico
orientações do pla- da significância da UC e a conservação de seus
ou tático, orientando
no de manejo e seus recursos e valores fundamentais.
ações de médio a
planos específicos,
longo prazo para a UC.
sem, no entanto, Caberá às coordenações responsáveis pelos
serem incorporados planos específicos a definição do conteúdo,
ao portfólio de planejamento, e sua elaboração estrutura e forma de elaboração destes pla-
e aprovação devem seguir as normativas pró- nejamentos. No entanto, visando o adequado
prias estabelecidas pelo ICMBio. manejo das UCs, os planos específicos deve-
rão observar os princípios do manejo adapta-
Já os estudos específicos são as pesquisas tivo, inclusive, prevendo formas de monitoria
científicas ou levantamento e organização de de sua implementação e efetividade. Após sua
dados resultantes das necessidades de dados monitoria, também poderão ser ajustados ou
indicadas pelo plano de manejo. Esses estudos revistos, buscando sempre a evolução do ma-
complementam a caracterização e o diagnós- nejo da UC.
tico de forma direcionada para atender as ne-
cessidades e as prioridades de cada UC. Alguns Assim como nas outras etapas de elaboração
estudos detalhados serão necessários para do plano de manejo, deverá ser assegurada a
embasar a elaboração dos planos específicos, efetiva participação social na elaboração dos
enquanto outros serão voltados para avaliar planos específicos, considerando o tempo ne-
a condição atual e a tendência dos recursos e cessário e o público pertinente ao tema em dis-
valores fundamentais, auxiliando no monitora- cussão. Da mesma forma que na organização do
mento de seu estado de conservação. Somente planejamento, recomenda-se que as coordena-
são incorporados ao portfólio de planejamento ções responsáveis pelos planos específicos uti-
os estudos vinculados aos planos específicos e lizem o Espectro de Participação Social (ANEXO
que subsidiam estes planejamentos. Os demais 3) e a Estratégia de Participação Social para o
irão compor a base de dados da UC. Planejamento e Manejo de Unidades de Conser-
vação (ICMBio, 2017) como base para a definição
de como será a participação na elaboração dos
7.1 ELABORAÇÃO DOS PLANOS planos específicos.
ESPECÍFICOS
Após a conclusão do plano de manejo, já como A COMAN poderá apoiar tecnicamente a organi-
parte de sua implementação, a gestão da UC zação das demais coordenações para a estrutu-
conjuntamente com as coordenações técnicas ração dos modelos e das formas de elaboração
do ICMBio ou outros parceiros, dão início ao le- dos planos específicos.

154
EXCEPCIONALIDADES QUE PERMITEM A ELABORAÇÃO DE PLANOS ESPECÍFICOS TRAN-
SITÓRIOS

I. Para regulamentar usos já existentes nas UCs de uso sustentável com população tradicional,
visando assegurar às populações as condições e os meios necessários para a manutenção do
modo de vida tradicional, os planos específicos para este fim poderão ser editados anteriormente
ao plano de manejo;

II. Quando o ordenamento da visitação realizada na UC desde sua criação for imprescindível e emer-
gencial para garantir a integridade dos recursos e valores que a UC objetiva proteger, os planos especí-
ficos para este fim poderão ser elaborados de forma concomitante e integrada à elaboração do plano
de manejo, inclusive com aprovação antes da finalização deste, desde que a urgência seja justificada,
não sendo possível incluir novas áreas e atividades de visitação na UC até que o plano de manejo es-
tabeleça o zoneamento e normas da área.

III. Quando houver necessidade de regulamentar de forma emergencial outras atividades em cur-
so desde a criação da UC, ou intervenções em sua biota, os planos específicos para estes fins
poderão ser elaborados de forma concomitante e integrada à elaboração do plano de manejo,
inclusive com aprovação antes da finalização deste, desde que as intervenções de manejo sejam
indispensáveis e emergenciais para garantir a integridade dos recursos e valores que a UC objetiva
proteger, com a devida justificativa.

Nos casos II e III, a UC deverá apresentar justi- cesso de elaboração do plano de manejo da UC.
ficativa para a urgência de elaboração do plano
específico acompanhada do levantamento de Uma vez elaborado plano específico em cará-
dados sobre a UC e da caracterização e resumo ter emergencial, a UC deve priorizar a elabo-
de gestão, que integram a etapa de preparação ração ou finalização do plano de manejo en-
para a oficina de elaboração ou revisão do pla- tre as demais atividades de gestão. A COMAN
no de manejo. Essas informações são necessá- também utilizará como critério para definição
rias para subsidiar a decisão pela elaboração das prioridades de elaboração dos planos de
ou não do plano específico transitório. manejo a existência de planos específicos
transitórios.
No caso I, a necessidade de elaboração dos pla-
nos específicos transitórios será definida pela
Diretoria responsável pela temática. Nos casos
7.2 APROVAÇÃO DOS PLANOS
II e III, a urgência de- ESPECÍFICOS
verá ser aprovada em Como dito anteriormente, os planos específi-
conjunto pela Dire- cos podem ser documentos técnicos somente
Levantamento de
dados, caracteri- toria à qual o tema de planejamento, contemplando estratégias
zação e resumo está vinculado e pela e ações de manejo, ou, terem também caráter
de gestão
DIMAN, considerando normativo, apresentando um conjunto de nor-
Itens 6.4.1 e 6.4.2
o status ou a previ- mas que orientam ou regulam a gestão e o ma-
são de início do pro- nejo de temáticas específicas da UC.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 155
APROVAÇÃO DOS PLANOS ESPECÍFICOS, DE ACORDO COM SEU CONTEÚDO E CARÁTER
NORMATIVO

I) Quando não incluírem orientações de caráter normativo e se limitarem à definição de estraté-


gias ou ações de gestão e manejo deverão ser aprovados por meio de Portaria do Presidente do
ICMBio. Tal aprovação poderá ser delegada pelo Presidente ao Diretor responsável pela área temá-
tica relacionada. Nesse caso não será necessária a avaliação do plano pela Procuradoria Federal
Especializada (PFE) do ICMBio.

II) Quando incluírem orientações de caráter normativo, os planos específicos deverão ser submeti-
dos à apreciação da PFE e à aprovação pelo Presidente do ICMBio por meio de Portaria.

A aprovação dos planos específicos transitórios, 7.3 ESPECIFICIDADES DAS


como o nome já diz, tem caráter provisório, uma
vez que estes planos deverão ser analisados pela
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
equipe de planejamento, a partir da análise sistê- DE USO SUSTENTÁVEL COM
mica trazida quando da elaboração do plano de POPULAÇÕES TRADICIONAIS
manejo. Tal análise deverá indicar a necessidade Nas UCs de uso sustentável com população
ou não de readequação de seu conteúdo. tradicional, a elaboração dos planos específi-
cos que tiverem influência sobre a manuten-
Os planos específicos transitórios que tenham ção dos modos de vida e da cultura tradicio-
sido aprovados antes da finalização do plano de nal, deverá ocorrer com participação destas
manejo e que não necessitem de readequação, populações, sempre observando as orien-
serão incorporados ao mesmo de duas formas: tações da Estratégia de Participação Social
(1) quando não possuírem caráter normativo, para o Planejamento e Manejo de Unidades
os planos específicos serão incorporados por de Conservação (ICMBio, 2017) e em comum
ato administrativo da Presidência do ICMBio ou acordo com o conselho da UC.
pelo Diretor responsável pela área temática,
com delegação para tal ato; e (2) quando pos- Quando os planos específicos tiverem caráter
suírem caráter normativo a incorporação será normativo, visando regulamentar de forma mais
oficializada na portaria de aprovação do plano detalhada o uso da área, o manejo dos recursos
de manejo. naturais, a proteção dos saberes e fazeres das po-
pulações tradicionais, conforme direcionamentos
do plano de manejo, as normas deverão ser cons-
truídas em conjunto pelo ICMBio e pelas popula-
ções tradicionais, respeitando a legislação vigente.

Atenção:
Só deverão integrar as normas dos planos
específicos as regras de uso de recursos não
previstas na legislação vigente ou em outros
instrumentos de gestão, como os termos
de compromisso, termos de ajustamento
de conduta, perfil da família beneficiária,
156
resolução do conselho, entre outros.
MONITORIA E REVISÃO
8.

se os planejamentos específicos priorizados foram


8.1 MONITORIA DO PLANO DE
elaborados e implementados. Já em relação aos
MANEJO componentes normativos, devem ser analisados o
A implementação do plano de manejo depende zoneamento e as normas gerais, avaliando even-
de diversos fatores e deve ser acompanhada pela tuais dificuldades de gestão da UC geradas por um
equipe da UC por meio do processo periódico de- destes componentes, bem como se existem novos
nominado monitoria, que deve ser realizada de atos legais e administrativos não discriminados no
forma rotineira pela equipe da UC. É a monitoria plano de manejo.
que identifica se houveram avanços na imple-
mentação do plano de manejo ou se um conjunto Prioritariamente, a monitoria dos planejamen-
de fatores alteraram de forma significativa o con- tos específicos deve ser realizada por meio do
texto de gestão da UC, dificultando ou impossibi- Sistema de Análise e Monitoramento de Ges-
litando a implementação do plano de manejo da tão (SAMGe), na parte de avaliação das ações
forma como foi planejado. Deverá ser realizado de manejo. A monitoria também pode ser
registro adequado do processo de monitoria com complementada de outras formas, conforme
justificativas, comentários e avaliação. A moni- a estratégia definida em cada um deles e com
toria deverá indicar quais os pontos ou aspectos acompanhamento das coordenações técnicas
específicos que devem ser revisados, incluindo responsáveis pela temática do plano específico.
possíveis mudanças no zoneamento.
No caso dos planos de manejo elaborados con-
Para os planos de manejo elaborados conforme forme metodologias anteriores, com caráter
este roteiro, devem ser avaliados os componentes mais tático e operacional, a monitoria consiste
fundamentais, dinâmicos e normativos do plano de de avaliar o grau de implementação dos pro-
manejo. Apesar da perspectiva de que os compo- gramas ou estratégias, ações e atividades pre-
nentes fundamentais não se alterem com o tempo, vistas, justificando a execução parcial ou não
deve-se avaliar se os mesmos ainda são conside- execução daquilo que foi planejado. Esta ava-
rados adequados ao contexto da UC. No que se re- liação é realizada com o auxílio da planilha de
fere aos componentes dinâmicos, deve-se avaliar monitoria, disponibilizada pela COMAN.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 157
sos e valores fundamentais. Neste último caso,
8.2 REVISÃO DO PLANO DE não será necessária a revisão dos componentes
MANEJO fundamentais do plano de manejo.
De acordo com a IN ICMBio nº 07/2017, revisão
de plano de manejo é o procedimento técnico- Para os planos de manejo elaborados com os
-administrativo que promove a alteração, su- métodos anteriores, a revisão geral também de-
pressão ou inclusão, geral ou pontual, de um ou verá ser realizada somente quando o plano de
mais elementos do plano de manejo, tais como manejo for considerado implementado, quando
normas, zoneamento, programas de manejo ou for considerado significativamente defasado e
outros componentes. inadequado para orientar a gestão, ou quando
ocorrerem mudanças relevantes do contexto da
A monitoria é pré-requisito para a revisão do UC, como a alteração de limites ou a mudança
plano de manejo e seu resultado pode indicar a de categoria da UC. Nestes casos, o plano será
necessidade de revisão do documento que será reorganizado para atender ao padrão estabe-
avaliada pela COMAN, que decidirá quanto ao lecido por este Roteiro e deverá ser utilizado
prosseguimento do processo de revisão geral como subsídio para a definição dos componen-
ou pontual do plano de manejo, conforme des- tes fundamentais e dinâmicos do novo plano de
crito a seguir. manejo, devendo ainda ser avaliada a necessi-
dade de alterações do zoneamento e normas.
8.2.1 REVISÃO GERAL DO PLANO DE MANEJO
A revisão geral do plano de manejo é o processo O resultado da monitoria dos programas de
que segue todas as etapas do processo de ela- manejo, com a avaliação das ações que conti-
boração de um novo plano de manejo. Somente nuam necessárias à UC, deverá ser utilizado na
é realizada quando o plano de manejo vigen- construção dos planos específicos com temáti-
te tenha sido implementado ou for considera- ca relacionada. O diagnóstico do plano de ma-
do significativamente defasado e inadequado nejo elaborado com métodos anteriores deverá
para orientar a gestão. Pode ser demandada ser utilizado como subsídio para elaboração do
também quando houver alteração relevante do guia do participante e da breve descrição da
contexto da UC, que indique mudanças no seu UC, além de ser mantido como fonte bibliográ-
zoneamento ou altere seus objetivos. fica, assim como demais publicações científicas
e relatórios técnicos.
Nos casos dos planos de manejo elaborados a
partir da metodologia apresentada neste Ro- 8.2.2 REVISÃO PONTUAL DO PLANO DE MANEJO
teiro, o processo de revisão geral deverá ser A revisão pontual é o processo de revisão do
realizado quando ocorrerem mudanças rele- plano de manejo que promove a alteração, su-
vantes do contexto da UC, como a alteração pressão ou inclusão pontual, de um ou mais
de limites, ou a mudança de categoria da UC, elementos do plano de manejo, tais como nor-
que possam indicar a necessidade de revisão mas, partes do zoneamento, programas de ma-
dos componentes fundamentais, dinâmicos ou nejo ou planos específicos.
normativos do plano de manejo. A revisão ge-
ral também deverá ser realizada quando o pla- Tanto para os planos elaborados conforme este
no for considerado implementado, ou seja, os Roteiro, quanto para os elaborados com as me-
planos e estudos específicos indicados tenham todologias anteriores, a revisão pontual é reali-
sido elaborados e implementados, ou quando a zada, normalmente, quando o plano de manejo
mudança do contexto da UC demande a realiza- ainda não foi totalmente implementado e não
ção de uma nova análise sistêmica dos recur- for considerado defasado, mas que no processo

158
de monitoria sejam identificados componentes ICMBio responsável pela temática da revisão
do plano de manejo que estejam dificultando solicitada, e na ausência de um setor específi-
ou impossibilitando a implementação do plano co, pela coordenação regional vinculada.
ou a gestão da UC.
Conforme fluxograma apresentado na FIGU-
Para os planos de manejo elaborados conforme RA 10, nos casos em que a COMAN decidir pela
este Roteiro, a revisão pontual também pode revisão geral do plano de manejo, o processo
ser realizada a partir de indicações dos planos deverá seguir as orientações estabelecidas no
específicos que tenham identificado necessida- item 6 deste roteiro metodológico. Quando a
des de alterações no plano de manejo ou quan- decisão for pela revisão pontual, deverá ser
do a UC identificar a necessidade de um plane- elaborada uma proposta técnica com indicação
jamento específico não previsto. das alterações necessárias, e, após aprovação
técnica da COMAN, a versão consolidada do
A proposta de revisão pontual deverá ser apre- plano de manejo revisado.
sentada pela UC conjuntamente com o setor do

FIGURA 10. FLUXOGRAMA DE AVALIAÇÃO DOS PROCESSOS DE REVISÃO DOS PLANOS DE MANEJO

PLANO DE MANEJO EM IMPLEMENTAÇÃO

MONITORIA DO PLANO DE MANEJO

Plano de manejo já implementado ou mui-


Pontos específicos do plano de manejo
to desatualizado, mudança de categoria
estão dificultando a gestão da UC
ou alteração significativa dos limites

Indicação de revisão geral do plano de Indicação de revisão pontual do plano de


manejo manejo

Avaliação e decisão pela COMAN Avaliação e decisão pela COMAN

Elaboração de novo plano de manejo con- Elaboração de proposta técnica com


forme item 6 deste roteiro metodológico indicação das alterações necessárias e
seguindo trâmite administrativo conforme
item 6.7 deste roteiro

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 159
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIl. Ministério do Meio Ambiente. Secretaria CREMA, Allan; FARIA, Paulo Eduardo Pereira
de Biodiversidade e Florestas. Diretoria de Áre- (Orgs.). Rol de oportunidades de visitação em
as Protegidas. Diretrizes para visitação em Uni- Unidades de Conservação – ROVUC. Brasília, DF:
dades de Conservação. Brasília, DF: MMA, 2006. ICMBio, 2018.
61p. (Áreas Protegidas do Brasil, 3).
DÍAZ S. et al. The IPBES conceptual frameworkı´-
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Sistema connecting nature and people. Curr Opin Envi-
Nacional de Unidades de Conservação da Natu- ron Sustain, n. 14, p. 1-16, 2015.
reza (SNUC). Brasília, DF, 2002. 52 p.
FISHER, B.; TURNER, R. K.; MORLING, P. Defining
CHAGAS, A. L. G. A. et al., Roteiro metodológi- and classifying ecosystem services for decision
co para elaboração de Planos de Manejo para making. Ecological Economics, v. 8, p. 643-653,
Florestas Nacionais. Brasília, DF: IBAMA, 2003. 2009.
56 p.
GALANTE, M. L. V.; BESERRA, M. M. L.; MENEZES,
COMUNIDADE DE ENSINO E APRENDIZADO NO E. O. Roteiro metodológico de planejamento:
PLANEJAMENTODE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO. parques nacionais, reservas biológicas e esta-
Lições aprendidas sobre a Organização para o ções ecológicas. Brasília, DF: IBAMA, 2002.
Planejamento em Unidades de Conservação.
Brasília, DF: MMA, 2010. 38 p. (Cadernos ARPA, 5).

160
INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E MILLENNIUM ECOSYSTEM ASSESSMENT (MEA).
DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS. Dire- Avaliação Ecossistêmica do Milénio (AEM).
toria de Unidades de Conservação e Vida Sil- Disponível em: < https://www.millenniumas-
vestre. Roteiro metodológico para a gestão de sessment.org/en/index.html>. Acesso em:
área de proteção ambiental (APA). Brasília, DF: nov. 2018.
IBAMA, 2001. 240 p.
SOUZA, José Luciano de; VIEIRA, Célia Lon-
INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA tra; SILVA, Desireé Cristiane Barbosa da.
BIODIVERSIDADE (ICMBio). Conselhos Gestores Roteiro metodológico para elaboração de
de Unidades de Conservação Federais. Brasília, plano de manejo para reservas particulares
DF, 2014. do Patrimônio Natural. Brasília, DF: ICMBio,
2015. 86 p.
INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA
BIODIVERSIDADE (ICMBio). Estratégia de parti- UK NATIONAL ECOSYSTEM ASSESSMENT. The UK
cipação social no processo de planejamento. National Ecosystem Assessment: synthesis of
Brasília, DF, 2017. the key findings, Cambridge, UK: UNEP-WCMC,
2011.
INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA
BIODIVERSIDADE (ICMBio). Roteiro metodológi-
co de planejamento: parques nacionais, reser-
vas biológicas e estações ecológicas. Brasília,
DF, 2011.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 161
10. GLOSSÁRIO
ADAPTADO DO ROVUC, 2018

Visitação de baixo grau de intervenção – Cor- gurança e a proteção dos recursos naturais,
responde às formas primitivas de visitação e melhorar a experiência e proporcionar como-
recreação que ocorrem em áreas com alto grau didade ao visitante1. São exemplos: ponte,
de conservação, possibilitando ao visitante pequenas edificações, mirante, escada, deck,
experimentar algum nível de desafio, solidão e acampamento, abrigo, banheiro, estrada com
risco. Os encontros com outros grupos de visi- revestimento permeável, etc.
tantes são improváveis ou ocasionais. A infra-
estrutura, quando existente, é mínima e tem Visitação de alto grau de intervenção – a visita-
por objetivo a proteção dos recursos naturais ção é intensiva e planejada para atender maior
e a segurança dos visitantes. É incomum a pre- demanda. Ainda que haja oportunidade para a
sença de estradas ou atividades motorizadas. privacidade, os encontros e a interação são fre-
quentes entre os visitantes, funcionários e co-
Visitação de médio grau de intervenção - É munidade local. É comum a presença de grupos
possível experimentar alto grau de naturali- maiores de visitantes ou excursões comerciais.
dade do ambiente, no entanto, já se pode de- Há mais atenção na segurança dos visitantes,
tectar algum nível de alteração ambiental ou na proteção de áreas sensíveis próximas aos
evidências de atividades humanas. O acesso atrativos e menos ênfase em promover autono-
a essas áreas pode ser realizado por veícu- mia ou desafios. A infraestrutura geralmente é
los motorizados. Em ambientes terrestres, as mais desenvolvida, com a presença comum de
estradas em geral não são pavimentadas. Os edificações e estradas, inclusive pavimentadas,
encontros com outros visitantes são mais co-
muns e, nas unidades de conservação de uso
1 Se enquadra nessa definição o aproveita-
sustentável, pode haver a presença de mora-
mento de infraestrutura doméstica para oferta de
dores isolados possibilitando experimentar o serviços de receptivo turístico, como hospedagem e
modo de vida local. A infraestrutura é mínima alimentação, que não descaracterizem o uso tradi-
ou moderada, tendo por objetivo, além da se- cional e doméstico dos residentes.

162
podendo resultar em alterações significativas Acampamento primitivo – pernoite que pode
da paisagem. Centro de visitante, museu, audi- ser realizado com a utilização ou não de in-
tório, estacionamento, posto de gasolina, es- fraestrutura mínima e ações de manejo para
trada pavimentada, piscina, hotel, pousada, te- assegurar a proteção dos recursos naturais
leférico, pista de pouso, paisagismo, estábulo, (ex: demarcação de áreas para instalação
podem ocorrer nas zonas de manejo com alto tendas, banheiro seco, tábuas para fixação de
grau de intervenção. barracas, etc).

Infraestrutura mínima – infraestrutura cons- Infraestrutura (abrangência do termo) – qual-


truída preferencialmente com a utilização de quer tipo de intervenção planejada, que de-
materiais locais, com o objetivo principal de mande a construção ou o manejo, com o ob-
proteger os recursos naturais e promover a jetivo de estruturar o ambiente para o uso
segurança dos visitantes. São exemplos: pin- público. A infraestrutura pode variar de di-
guela, escadaria de pedra ou madeira, deck de mensão, desde trilhas, equipamentos facili-
madeira, poita de ancoragem, acampamento tadores (ex: escadas, corrimãos, rampas e de-
primitivo, soluções sanitárias necessárias para cks) até edificações (casas, prédios, mirantes,
a proteção dos recursos naturais (banheiro pontes, etc) e estradas.
seco, recipientes para transporte de fezes, etc.),
estrada de terra, trilha, etc.

Bivaque – pernoite ao ar livre, com ou sem uso


de equipamentos de campismo (barracas, ten-
das, saco de dormir, etc) e sem nenhuma estru-
tura permanente associada. Toda a estrutura
de acampamento só estará armada enquanto
estiver sendo utilizada para pernoite.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 163
164
10. ANEXOS

Anexo 1. Tabela A. Comparativo do atual zoneamento com as zonas defini-


das pelos Roteiros Metodológicos anteriores e Tabela B. Comparativo do
atual zoneamento com as zonas estabelecidas pelo Decreto nº 84.017/1979
que regulamenta para os parques nacionais brasileiros.

Anexo 2. Normas Gerais das Unidades de Conservação.

Anexo 3. Espectro de Participação Social.

Anexo 4. Tabela resumo dos principais termos de participação social.

Anexo 5. Orientações para a facilitação da oficina de elaboração ou revi-


são do plano de manejo.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 165
Anexo 1.
TABELA A. COMPARATIVO DO ATUAL ZONEAMENTO COM AS ZONAS DEFINIDAS PELOS
ROTEIROS METODOLÓGICOS ANTERIORES

Zoneamento Roteiro Parque Roteiro Florestas Zoneamento Zonas mais utilizadas


uniformizado Nacional, Estação Nacionais Refúgio de em Reservas
Ecológica e Reserva Vida Silvestre Extrativistas¹
Biológica e Monumento
Natural
Zona de Preservação Zona Intangível Zona de Preservação Zona de Proteção
Integral Zona de
preservação /
Zona de Conservação Zona Primitiva Zona Primitiva Zona de conservação
Conservação
Zona de Uso Restrito
Zona de Uso Zona de Uso Zona de uso
Moderado Extensivo extensivo / de baixa
intensidade de uso
Zona de Uso Zona de Manejo Zona de uso dos
Comunitário Florestal recursos naturais /
Comunitário extrativismo / pesca
/ caça
Zona de Manejo Zona de Manejo
Florestal Florestal Sustentável
Zona de Uso Zona de Uso Público Zona de Visitação Zona de Potencial
Zona de Intensivo Ecoturístico
Infraestrutura Zona de Uso Especial Zona de Uso Especial Zona de Uso
Administrativo
Zona Populacional Zona Populacional Zona populacional
/ moradia/ uso
intensivo / roça

166
Zoneamento Roteiro Nacional, Roteiro Florestas Zoneamento Zonas mais utilizadas
uniformizado Ecológica Biológica Nacionais Refúgio de em Reservas
e Parque Estção Vida Silvestre Extrativistas¹
Reserva e Monumento
Natural
Zona de Produção Zona de
Compatibilização
de Usos
Zona Urbano- Zona de Mineração
industrial
Zona de Zona de Zona de Zona de conflito
Sobreposição Sobreposição Superposição
Territorial Indígena Indígena
Zona de Diferentes Zona de Uso Zona de Uso
Interesses Públicos Conflitante Zona de Uso Conflitante
Zona de Uso Zona de Ocupação Conflitante Zona de
Divergente Temporária Ocupação
Temporária
Zona de Adequação Zona de Zona de Zona de Zona de Recuperação
Ambiental Recuperação Recuperação/ Recuperação
Restauração
EXCLUÍDA Zona Zona Zona
Histórico-cultural Histórico-cultural Histórico-
Cultural
EXCLUÍDA Zona de
Interferência
Experimental

¹ Obs. Não foi realizada analogia para as Áreas de Proteção Ambiental devido à grande diversidade de nomes e
funções das zonas utilizadas nos PMs dessa categoria.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 167
TABELA B. COMPARATIVO DO ATUAL ZONEAMENTO COM AS ZONAS ESTABELECIDAS PELO
DECRETO N° 84.017/1979 QUE REGULAMENTA OS PARQUES NACIONAIS BRASILEIROS
(NA = NÃO SE APLICA)

ZONEAMENTO UNIFORMIZADO DECRETO Nº 84.017/1979


Zona de Preservação Zona Intangível
Zona de Conservação Zona Primitiva
Zona de Uso Restrito NA

Zona de Uso Moderado Zona de Uso Extensivo


Zona de Uso Comunitário NA
Zona de Manejo Florestal NA
Zona de Uso Intensivo
Zona de Infraestrutura
Zona de Uso Especial
Zona Populacional NA
Zona de Produção NA
Zona Urbano-industrial NA
Zona de Sobreposição Territorial Não prevista
Zona de Diferentes Interesses Públicos Não prevista
Zona de Uso Divergente Não prevista
Zona de Adequação Ambiental Zona de Recuperação
EXCLUÍDA - Os sítios histórico-culturais, arqueológicos, Zona Histórico-cultural
paleontológicos e locais sagrados poderão ser incluídos
em todas as zonas, devendo seu uso e conservação ser
normatizado no plano de manejo.

168
Anexo 2. mes animais, incluindo sua alimentação, serão
permitidas para fins estritamente científicos e
Normas Gerais das Unidades didáticos, de acordo com projeto devidamente
de Conservação (Versão: aprovado, mediante avaliação de oportunida-
de e conveniência, pelo órgão gestor da UC.
novembro de 2018)
2. A manutenção de animais silvestres nativos
em cativeiro no interior da UC será permitida,
O presente documento apresenta compilação
exclusivamente, para fins de implementação
das principais normas gerais constantes nos
de programa de reintrodução na UC.
planos de manejo das UCs, as quais foram dis-
cutidas e acordadas entre a equipe da Coor- 3. O funcionamento do Centro de Triagem de
denação de Elaboração e Revisão do Plano de Animais Silvestres (CETAS) dentro de UC terá
Manejo (COMAN). Estas normas devem ser uti- caráter temporário, devendo sua remoção ser
lizadas como sugestão e base para discussão efetivada em prazo definido de acordo com a
nos planos de manejo em elaboração. A CO- conveniência e oportunidade do órgão gestor
MAN fará revisões e atualizações das normas (para as UCs que já possuem CETAS em fun-
aqui sugeridas, as quais serão disponibilizadas cionamento, nas demais não será autorizada a
aos supervisores dos planos de manejo. implementação de centros de triagem de ani-
mais silvestres).
Quando não foi possível definir um padrão para
a norma, foram propostas recomendações de 4. A reintrodução de espécies ou indivíduos,
como a norma deve ser elaborada de acordo para enriquecimento populacional, da fauna
com a categoria e o contexto da UCs. Observa- ou flora nativa será permitida mediante pro-
ções quanto a exceções e necessidade de ava- jeto técnico-científico específico, autorizado
liação caso a caso também foram registradas. pelo órgão gestor da UC, conforme regulamen-
tação vigente.
Como nem toda norma é aplicável a todas as
UCs, deve ser feita a escolha do que se ade- a. Observação: sempre que possível e em
qua à realidade local durante cada processo casos aplicáveis, prever análises genéti-
de planejamento. cas para evitar a exogamia em atividades
de manejo de espécies de ampla distri-
Algumas normas foram consideradas desne-
buição.
cessárias pela equipe da COMAN, em geral, por
serem redundantes com a legislação já exis- 5. A soltura de espécime de fauna autóctone
tente. No entanto, elas foram mantidas no do- será permitida quando a apreensão ocorrer
cumento como ajuda e memória, e para evitar logo após a sua captura no interior da unidade
que sejam reinseridas nos planos de manejo ou entorno imediato, respeitado o mesmo tipo
em elaboração. de ambiente.

Visando facilitar o entendimento, as normas Espécies exóticas e animais domésticos:


serão apresentadas por temas.
6. A erradicação de espécies exóticas ou alóc-
Animais silvestres: tones de fauna e flora na UC, inclusive assel-
vajadas, deverá ser realizada mediante projeto
1. A coleta, a apanha e a contenção de espéci-
previamente autorizado pelo órgão gestor.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 169
a. Observação: O projeto definirá o método tam espécies não autóctones nos arranjos
mais adequado de erradicação de espécie paisagísticos das instalações da UC, deve-
exótica ou alóctone, podendo incluir o uso -se prever a substituição dos indivíduos por
de agrotóxicos ou abate de animais. meio de projeto específico, de acordo com a
prioridade de gestão.
7. A introdução de espécies exóticas e/ou do-
mésticas, animais e vegetais, em UC fica proi- 12. Fica proibido o ingresso e permanência na
bida, exceto para casos de áreas não indeniza- UC de pessoas acompanhadas de animais do-
das e dos usos permitidos para as populações mésticos, bem como animais domesticados e/
tradicionais. ou amansados, exceto nos casos de ocupantes
de áreas não indenizadas e pessoas portado-
a. Observação: necessário avaliar casos es- ras de deficiência acompanhada de cão de as-
pecíficos de acordo com a categoria (por sistência.
exemplo, UCs de uso sustentável, áreas de
experimentos científicos em estações eco- 13. O uso de animais de carga e montaria é per-
lógicas etc.). mitido em caso de combate à incêndios, busca
e salvamento, bem como no transporte de ma-
b. Observação: necessário avaliar redação teriais para áreas remotas e de difícil acesso,
de norma complementar que trate do re- em situações excepcionais para proteção, pes-
gramento por termo de compromisso para quisa e manejo da visitação da UC e quando
compatibilização do uso das áreas não in- se tratar de acesso de ocupantes de áreas não
denizadas com a UC ou em UCs de proteção indenizadas.
integral com população tradicional residen-
te ou usuária. Recuperação de áreas degradadas e uso de
agrotóxicos:
8. A introdução de espécies exóticas e/ou do-
mésticas em áreas não indenizadas ou utiliza- 14. É proibida a manobra de aeronaves e má-
das por populações tradicionais será admiti- quinas no interior da UC ou mesmo parte delas
da quando não se tratar de espécies exóticas quando envolvidas na aplicação de defensivos
invasoras ou com maior potencial invasor do agrícolas químicos (agrotóxicos e biocidas).
que a cultura ou criação atual.
a. Observação: excetuam-se os casos em
9. É proibida a soltura de animais exóticos e que a atividade de recuperação de exten-
alóctones na UC. sas áreas degradadas requer a utilização
de máquinas para aplicação de herbicidas,
10. No caso de espécies vegetais exóticas e desde que previsto em projeto específico
alóctones, estas poderão ser utilizadas nos previamente autorizado pelo órgão gestor.
estágios iniciais de recuperação de áreas de-
gradadas desde que comprovadamente neces- 15. A restauração ou recuperação de áreas
sárias e aprovadas em projeto específico. degradadas na UC, inclusive com o uso de de-
fensivos agrícolas químicos (agrotóxicos e bio-
11. Os arranjos paisagísticos das instalações cidas) e espécies exóticas, deverá ter projeto
da UC deverão utilizar espécies autóctones. específico previamente aprovado pelo órgão
gestor da UC.
a. Observação: nos casos em que já exis-

170
Pesquisa científica: vos da UC, sem prejuízo para os casos que se
aplicarem às áreas não indenizadas.
16. É permitida a realização de pesquisas cien-
tíficas, desde que autorizadas na forma da 21. Até que a UC disponha de projeto de si-
legislação vigente, observando-se principal- nalização, é permitida a instalação de sina-
mente a IN ICMBio nº 03/2017 em todos os ca- lização indicativa, de orientação e para a
sos; a Lei nº 13.123/2015 quando houver acesso segurança dos visitantes, pesquisadores e
a componente do patrimônio genético e ao co- funcionários.
nhecimento tradicional associado; o Decreto
nº 98.830/1990 e a Portaria MCT nº 55/1990, 22. É permitido aparecer o crédito a parceiros
quando as pesquisas forem realizadas por es- das iniciativas da UC na sinalização de visita-
trangeiros. ção, desde que atenda as orientações institu-
cionais.
a. Observação: a norma cita a legislação vi-
gente por ser exigência do Conselho de De- 23. Todo resíduo gerado na UC deverá ser des-
fesa Nacional (CDN) para as UCs em faixa de tinado para local adequado.
fronteira.
a. Observação: cada zona de manejo terá
17. Todo material utilizado para pesquisas e norma específica em relação aos resíduos
estudos dentro da UC deverá ser retirado e o gerados pelas atividades permitidas.
local reconstituído após a finalização dos tra-
balhos, exceto nos casos em que houver inte- 24. O comércio e consumo de alimentos e bebi-
resse da UC na manutenção dos mesmos. das, assim como a ingestão de bebidas alcoó-
licas, será permitido nas áreas de visitação na
Visitação: UC, em locais pré-definidos, conforme planeja-
mentos específicos.
18. O visitante deverá assinar termo de res-
ponsabilidade e de conhecimento de riscos a. Observação: norma para UCs de Proteção
sobre os procedimentos e condutas durante a Integral com previsão de visitação.
visita à UC, conforme a natureza da atividade e
a avaliação do órgão gestor da UC. b. Observação: nas UCs com população tra-
dicional residente, a proibição do comércio
a. Observação: a assinatura de termos de deverá ser avaliada caso a caso, conforme
responsabilidade e de conhecimento de ris- demanda da comunidade.
cos é uma decisão operacional e específica
para cada atividade de visitação. c. Observação: a proibição do consumo de
bebidas alcoólicas no interior da UC deve
19. Os visitantes deverão ser informados sobre considerar as ocorrências e riscos da UC
as normas de segurança e condutas na UC. (atropelamentos, afogamentos e similares)
e as características do ambiente e dos gru-
20. A instalação de placas ou quaisquer for- pos sociais usuários da UC (visitantes, pes-
mas de comunicação visual ou de publicidade quisadores etc.).
e propaganda deverão manter relação direta
com as atividades de gestão ou com os objeti-

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 171
Competições esportivas: 28. Eventos religiosos poderão ser permitidos
desde que não causem impactos ambientais
25. A realização de atividades esportivas po- e à experiência de visitação, sendo proibida a
derá ser autorizada pelo órgão gestor da UC, deposição de resíduos de qualquer natureza
desde que a atividade seja compatível com os no ambiente.
objetivos da UC e após a avaliação dos impac-
tos negativos da atividade, conforme projeto a. Observação: devem também ser consi-
técnico apresentado previamente pelo inte- derados os impactos para população tradi-
ressado. cional residente ou usuária, se existente na
UCs.
26. São permitidas somente competições es-
portivas não motorizadas, tais como corridas 29. É proibida qualquer manifestação ou vincu-
de aventura, torneios de esporte de natureza, lação de propaganda político-partidária no in-
entre outros, com autorização prévia do órgão terior da UC, exceto em casos previstos em Lei.
gestor e respeitando o zoneamento e as con-
dições do ambiente da UC. a. Observação: Está em avaliação pela PFE a
proibição de propagandas políticas nas UCs
a. Observação: avaliar a vinculação das com população tradicional e categorias que
competições aos objetivos da UC, de acor- permitam a permanência de propriedades
do com o contexto e com o número de de- particulares.
mandas.
30. Qualquer infraestrutura montada para
Eventos (religiosos, político-partidários e ou- atender aos eventos autorizados deverá ser
tros) e uso de equipamentos sonoros: retirada ao final das atividades e reconstituído
o ambiente utilizado, exceto quando sua per-
27. Eventos diversos (shows, festas, exposi- manência for de interesse da UC.
ções, feiras etc.) poderão ocorrer quando tive-
rem relação com os objetivos da UC, bem como 31. O uso de aparelhos sonoros de longo alcan-
não oferecerem impactos ambientais e à expe- ce somente poderá ser autorizado pela admi-
riência de visitação, sendo necessário seguir a nistração da UC em situações específicas, que
legislação vigente e obter autorização prévia deverá considerar as regulamentações exis-
da administração da UC. tentes, os impactos ambientais e os impactos à
experiência de visitação, excetuando-se o uso
a. Observação: campanhas promocionais por moradores ainda não indenizados, desde
para lançamentos de produtos ou subpro- que restrito às áreas de suas propriedades.
dutos ou promoção de marcas são relacio-
nadas ao uso de imagem da UC e devem se- a. Observação: devem também ser consi-
guir a IN ICMBio n° 19, de 16/09/2011. derados os impactos para população tradi-
cional residente ou usuária, se existente na
b. Observação: devem também ser consi- UC.
derados os impactos para população tra-
dicional residente ou usuária, se existente 32. A passagem ou a permanência de carros de
na UC. som é vedada no interior da UC

172
a. Observação: situações excepcionais po- mentos, patrulhamento e demais operações e
dem ser avaliadas e autorizadas pela ad- atividades, indispensáveis a segurança e inte-
ministração da UC, desde que não causem gridade do território nacional; b) a instalação e
impactos ambientais, à experiência de visi- manutenção de unidades militares e policiais,
tação e às populações tradicionais residen- de equipamentos para fiscalização e apoio à
tes ou usuárias. navegação aérea e marítima, bem como das
vias de acesso e demais medidas de infraes-
33. O uso de equipamentos sonoros de peque- truturas e logísticas necessárias; c) a implan-
no alcance, por exemplo aparelhos de som e tação de programas e projetos de controle e
instrumentos musicais, são restritos às ativi- ocupação da fronteira.
dades de pesquisa cientificas, às áreas de mo-
radia e às atividades ou eventos autorizados 38. O treinamento militar será permitido, me-
pela administração da UC. diante solicitação prévia e autorização da che-
fia da UC, desde que respeitadas às normas
Uso do fogo: pertinentes e que não cause impactos à UC.

34. É proibido o uso de fogo na UC, exceto nas Infraestrutura:


seguintes situações: a) Em atividades da UC re-
lativas ao manejo integrado do fogo (MIF); b) 39. Todas as obras ou serviços de engenharia
Emprego da queima prescrita, em conformida- ou infraestrutura necessárias à gestão da UC
de com o estabelecido neste plano de manejo devem considerar a adoção de tecnologias al-
ou planejamentos específicos; e c) Nas ativida- ternativas de baixo impacto ambiental durante
des de visitação, conforme previsto nas nor- a construção ou reforma, incluindo economia
mas do zoneamento. e aproveitamento de materiais, água, energia
(aquecimento solar, ventilação cruzada, ilumi-
35. É proibido o uso de retardantes de fogo nação natural), disposição e tratamento de re-
para combate a incêndios florestais até que síduos e efluentes, harmonização com a paisa-
aprovado ou regulamentado pelo órgão gestor gem, de acordo com as diretrizes institucionais
da UC. vigentes.

36. As fogueiras e churrasqueiras deverão a. Observação: as tecnologias alternativas


ocorrer nas zonas e locais previamente defini- de baixo impacto ambiental contemplam,
dos no plano de manejo, sendo elas, preferen- além do elencado na norma, as questões
cialmente, de uso coletivo e em áreas previa- abaixo citadas:
mente definidas pela administração da UC ou
por planejamento específico. zz utilizar materiais com certificação am-
biental;
Acesso e treinamento das forças armadas:
zz adotar soluções de maior eficiência na uti-
37. Fica garantida, em toda a área da UC, nos lização dos recursos naturais disponíveis, com
termos do art. 1º, do Decreto nº 4.411/2002: a avaliação da viabilidade de captação e reapro-
liberdade de trânsito e acesso, por via aquáti- veitamento de água de chuva ou reutilização
ca, aérea ou terrestre, de militares e policiais de água proveniente do tratamento de efluen-
para a realização de deslocamento, estaciona- tes gerados na unidade;

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 173
z z utilizar técnicas construtivas adequadas 41. Quando for necessária a instalação ou me-
à indústria, materiais e mão de obra locais, lhoria de linha de distribuição de energia den-
bem como padrões de acabamento e solu- tro da UC deve ser utilizada a opção que cause
ções construtivas que gerem maior economi- menor impacto ambiental e tenha maior har-
cidade na obra e na manutenção futura das monia com a paisagem, dando-se preferência
construções; à subterrânea e sempre seguindo as diretrizes
institucionais vigente.
zz adotar práticas que reduzam a geração de
resíduos no ambiente e dar preferência à utili- 42. É permitida a instalação de infraestrutura,
zação de materiais ou produtos com baixo teor quando necessária às ações de busca e salva-
de substâncias nocivas na sua composição; mento, contenção de erosão e deslizamentos,
bem como outras indispensáveis à proteção
zz considerar as condições ambientais locais, do ambiente da UC.
buscando a utilização de materiais adequados
ao nível de exposição exigido e à facilidade de 43. É permitida a abertura de novas trilhas e
conservação, manutenção, acesso e reposição. picadas necessárias às ações de busca e sal-
vamento e de prevenção e combate aos incên-
b. Observação: devem ser observadas as dios, entre outras similares, imprescindíveis
recomendações da Associação Brasileira de para a proteção da UC.
Normas Técnicas (ABNT), leis, regulamentos
e exigências do Conselho Regional de En- Estradas e Rodovias:
genharia e Agronomia (CREA), Conselho de
Arquitetura e Urbanismo (CAU) e de outros 44. Não é permitida a abertura de cascalheiras
órgãos governamentais, nas esferas fede- e outras áreas de empréstimo na UC, sendo
ral, estadual (ou do Distrito Federal) e mu- que a recuperação das estradas em seu inte-
nicipal, inclusive o Corpo de Bombeiros. rior deverá adotar materiais provenientes de
fora dos seus limites.
c. Observação: devem ser adotados, sempre
que possível, de acordo com a legislação a. Observação: Excetuam-se as áreas de
vigente e o grau de intervenção proposto proteção ambiental (APA) e é necessário
pelo zoneamento, conceitos de acessibili- avaliar casos excepcionais para Flonas ou
dade nas estruturas e atrativos. em casos de grandes limitações logísticas,
cujos processos de extração devem utili-
d. Observação: devem ser adotados, em zar jazidas licenciadas pelos órgãos com-
casos aplicáveis e sempre que possível, petentes.
planos de emergência que devem consi-
derar, entre outras coisas, a infraestrutura 45. Deverão ser adotadas medidas de recupe-
necessária para o estabelecimento de ro- ração e estabilização das áreas de servidão
tas de fuga. das rodovias ou estradas no interior da UC.

40. Toda infraestrutura existente na UC que 46. Em todas as estradas no interior da UC


possa gerar resíduos e efluentes sanitários as cargas vivas e perigosas (fertilizantes,
deverá contar com um sistema de tratamento combustíveis, materiais tóxicos e afins), bem
adequado, evitando a contaminação do solo e como aquelas que soltam resíduos no trajeto
dos recursos hídricos. (sementes, areia, materiais de construção e

174
afins), somente poderão transitar com a devi- a. Observação: considerar a especificidade
da cobertura. de cada UC., Haverá casos em que o volu-
me de material produzido é grande demais
a. Observação: necessário avaliar especifi- para manutenção em acervo ou não há in-
cidades das UCs em que não é possível co- teresse da UC em manter as informações
locar essa limitação, por impossibilidade de (jornalísticas, por exemplo).
controle e consequente perda de efetivida-
de da norma. b. Observação: considerar a divulgação,
preferencialmente por parte da UC, às po-
47. Os pisos e pavimentações deverão respei- pulações tradicionais residentes ou usuá-
tar as taxas de permeabilidade exigidas para rias, quando suas áreas de uso e tradições
áreas das UCs onde serão implantadas as vias forem utilizadas nos estudos e houver a de-
e, sempre que possível, deverão ser modulares manda pelos resultados.
e removíveis para facilitar o serviço de manu-
tenção. 52. O subsolo integra os limites da UC, sendo
proibida a exploração direta de recursos mi-
Temas diversos: nerais.

48. É proibido entrar na UC portando instru- a. Observação: observar o disposto no de-


mentos próprios para caça, pesca e explora- creto de criação para avaliar a competência
ção de produtos ou subprodutos florestais, de estabelecimento pelo plano de manejo.
tintas spray e similares, ou outros produtos
incompatíveis com as condutas em UC ou que b. Observação: excetuam-se nesse caso
possam ser prejudiciais à flora e à fauna, exce- as florestas nacionais anteriores à Lei nº
to nas seguintes situações: a) atividades ine- 9.985/2000 (SNUC) e cujo decreto de criação
rentes à gestão da área; b) pelas populações prevê a mineração.
beneficiárias e moradores das zonas de uso
especial ou temporária nas atividades permi- c. Observação: nas UCs com população
tidas; e c) pesquisa científica e outros casos tradicional que façam uso de recursos mi-
autorizados pela administração da UC. nerais deverá ser elaborada justificativa e
consulta caso a caso à PFE/ICMBio.
49. Os horários de funcionamento da UC serão
definidos pela sua administração, que os di- d. Observação: excetuam-se as APAs.
vulgará amplamente.
53. O espaço aéreo integra os limites da UC.
a. Observação: norma direcionada para as
UCs com visitação. a. Observação: pode ser estabelecido pelo
plano de manejo, embasado em estudos
50. O uso de drones na UC poderá ser permiti- técnicos, desde que desde que consultada
do mediante autorização do órgão gestor. a autoridade aeronáutica competente e de
acordo com a legislação vigente (Decreto nº
51. Toda pessoa ou instituição que produzir ma- 4.340/2002).
terial técnico, científico, jornalístico ou cultural
sobre a UC deverá entregar uma cópia à sua ad- 54. É proibido retirar, mover ou danificar qual-
ministração para arquivamento no seu acervo. quer objeto, peça, construção e vestígio do

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 175
patrimônio cultural, histórico e arqueológico ca etc.), o que será objeto de detalhamento em
da UC, exceto para fins de pesquisa ou resgate instrumentos específicos (TC, TAC etc.).
do material, de acordo com a legislação vigen-
te e desde que com autorização da administra- 59. O uso de áreas para cultivos ou pastagens
ção da UC. nas propriedades ainda não indenizadas ficará
restrito àquelas já desmatadas e em confor-
a. Observação: Em caso de UC com bens midade com a legislação vigente (por exemplo,
tombados pelo IPHAN, deverá seguir a le- Código Florestal, Lei da Mata Atlântica etc.) e
gislação específica. será objeto de detalhamento em instrumentos
específicos (TC, TAC etc.).
55. O pouso e a decolagem de aeronaves den-
tro dos limites da UC serão admitidos para Normas específicas para UCs marinhas:
casos de emergência, resgate e atividades de
proteção da UC. 60. Não é permitido retirar materiais da UC
como: conchas, corais, pedras, partes de ani-
a. Observação: norma deve ser compatibili- mais e de vegetais, além de outros organismos
zada quando há previsão do uso de aerona- nativos.
ves nas atividades de visitação.
61. É proibido tocar e perseguir as tartarugas
UC de domínio público com áreas ainda não in- marinhas, tubarões, raias, peixes, cetáceos,
denizadas: entre outros animais, em toda a UC.

56. As obras de reparo na infraestrutura das a. Observação: norma não cabível para UCs
áreas não indenizadas, conforme regulamen- onde a pesca é permitida.
tadas em instrumentos especificamente termo
de compromisso (TC), termo de ajustamento 62. É proibido descartar das embarcações e de
de conduta (TAC) etc., serão admitidas para ancoradouros restos de comida e de matéria
finalidades que envolvam a sanidade e segu- orgânica em geral na água do mar.
rança dos seus ocupantes e observem condi-
cionantes para resguardar o mínimo impacto a. Observação: avaliar a possibilidade de
negativo na UC. proibir lançamento de efluentes dos barcos
diretamente na água do mar, de acordo com
57. Deverão ser demolidas todas as edificações a categoria e contexto da UC.
das áreas onde tenha ocorrido a regularização
fundiária e retirados os restos para fora da UC, Normas sugeridas para Áreas de Proteção Am-
desde que não tenham significado histórico- biental:
-cultural e não sejam de interesse para outras
ações da gestão e do manejo. Observação: para as normas sugeridas para
as APAs é necessário avaliar o contexto da UC
58. São permitidos a derrubada e o aprovei- e se as mesmas cabem em todas as zonas de
tamento de árvores de espécies nativas no manejo.
interior da UC desde que estas estejam colo-
cando vidas e infraestruturas em risco, respei- 63. O estabelecimento de novos loteamentos
tadas as disposições da legislação vigente (por e a regularização daqueles já existentes e não
exemplo, Código Florestal, Lei da Mata Atlânti- regularizados deverão ser precedidas de estu-
dos sobre ocorrência de sítios reprodutivos e

176
áreas de forrageamento de espécies raras, en- III. O material biológico coletado na UC deverá
dêmicas e ameaçadas de extinção. ser vistoriado por um servidor no término da
coleta.
64. É proibida a instalação e funcionamento
de indústrias potencialmente poluidoras e ca- IV. É permitida a realização de pesquisas cien-
pazes de afetar os mananciais de água (Lei nº tíficas, desde que autorizadas na forma da le-
6.902/1981). gislação vigente.

65. Loteamentos, conjuntos habitacionais e V. Não é permitida atividade alguma no subso-


áreas comerciais deverão dispor de sistemas lo da UC, exceto atividades de pesquisa cientí-
de tratamento de efluentes e de resíduos sóli- fica e visitação em cavidades naturais, as quais
dos próprios ou compartilhados. não poderão envolver a prospecção mineral.

Recomendações para elaboração de normas VI. Não podem ser apropriados, explorados ou
que não são padrão: alterados no interior da UC minerais de qual-
quer natureza, como areia, argila, cascalhos,
A. A definição do limite de velocidade no in- pedras, carvão e outros considerados precio-
terior da UC dependerá das especificidades sos ou semipreciosos, com exceção daqueles
de cada área. julgados importantes para a pesquisa, con-
forme legislação vigente, à exceção dos casos
B. Normas referentes a deposição de resí- previstos em TC.
duos sólidos e efluentes deverão ser avalia-
dos conforme a zona de manejo e as especi- VII. A retirada de minérios com fins científi-
ficidades de cada UC. cos, quando autorizada, deverá utilizar me-
todologias de mínimo impacto ambiental e
C. Nas APAs, o órgão gestor poderá definir prever a reconstituição da área na sua fina-
os tipos de empreendimentos que deverão lização.
ter autorização para o licenciamento, mes-
mo que não sejam de significativo impacto VIII. Nos casos de fechamento eventual da UC
ambiental, desde que sua implementação ao público externo, em especial nos períodos
possa causar algum impacto em elementos de fogo, neve, etc, haverá divulgação e comu-
importantes para a conservação da biodi- nicação à sociedade.
versidade da UC.
a. Observação: Esta norma deve aparecer
Normas consideradas desnecessárias pela no PM somente se houver necessidade es-
COMAN: pecífica da UC.

I. A ceva é proibida, conforme Lei nº 5.197/1967. IX. São proibidas a caça, a pesca, a coleta e a
apanha de espécimes da fauna e da flora ou
II. Escavações e outras atividades/interven- de parte destas, nativas ou exóticas, exceto
ções relacionadas a pesquisas do meio bió- se autorizadas para as atividades de pesquisa
tico, do meio f ísico, históricas e arqueológi- científica ou manejo. Faz-se exceção à captura
cas deverão utilizar metodologias de mínimo para erradicação de espécie exótica, conforme
impacto. autorização específica.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 177
X. Será vedada construção de quaisquer obras XV. Quaisquer usuários que utilizarem as in-
de engenharia que não sejam de interesse da fraestruturas e os equipamentos desta UC
UC, tais como rodovias, barragens, aquedutos, e causarem danos pelo seu manuseio ina-
oleodutos, linhas de transmissão, entre ou- dequado serão responsabilizados e deverão
tras. ressarcir a UC.

XI. Não serão permitidas todas e quaisquer XVI. O lixo deverá ser separado e transportado
obras de engenharia ou infraestrutura como para fora da UC.
barragens, hidrelétricas, nem mesmo as pe-
quenas centrais hidrelétricas (PCH), de con- a. Observação: para elaboração da norma deve
trole de enchentes, de retificação de leitos ser avaliado o contexto da UC, sua categoria, a
de cursos d’água, de alteração de margens e sensibilidade de seus ambientes, além da pre-
outras atividades que possam alterar as con- visão como norma de zona.
dições hídricas naturais da UC, que não sejam
do interesse exclusivo da própria UC. XVII. O modelo de saneamento deverá consi-
derar a necessidade de eliminação das fossas,
XII. Quaisquer projetos de aproveitamento li- sem maiores prejuízos para o meio ambiente e
mitado e local dos recursos hídricos devem a adoção de tecnologias alternativas de baixo
estar condicionados rigorosamente ao objeti- impacto ambiental.
vo primordial de se evitar alterações ou per-
turbações no equilíbrio do solo, da água, da XVIII. É proibido lançar quaisquer produtos ou
flora, da fauna e da paisagem, observando-se substâncias químicas, resíduos sólidos e efluen-
o presente PM e os planejamentos específicos tes não tratados de qualquer espécie, que sejam
futuros, bem como o que for imprescindível nocivas à vida animal e vegetal em geral, nos re-
para o manejo e a gestão da UC. cursos hídricos da UC, bem como no solo e no ar,
exceto para casos especiais previamente autori-
XIII. Os recursos hídricos, subterrâneos ou su- zados pelo órgão gestor da UC.
perficiais, da UC não podem ser explorados, ou
alterados por meio de poços, represamentos, XIX. Não é permitido a deposição de resíduos
barramentos, canalizações, tubulações ou ou- sólidos, detritos ou outros materiais, que pre-
tras formas de captação de água, com exceção judiquem a integridade física, biológica, paisa-
daqueles considerados fundamentais para a gística ou sanitária da unidade.
gestão da UC.
XX. Quando houver necessidade de recupera-
XIV. São vedadas todas e quaisquer obras de ção das áreas de servidão de rodovias/estra-
aterro, escavações, contenção de encostas ou das/ferrovias deverão ser utilizadas espécies
atividades de correções, adubações ou recu- nativas.
peração de solos, com exceção do que estiver
no contexto da gestão e nos projetos de pes- a. Observação: norma excluída pois há norma
quisa, bem como nos casos de recuperação de geral sobre projetos de recuperação.
trilhas, estradas e áreas degradadas da UC e
projetos contratados e aprovados pelo seu ór- XXI. Fica proibido o trânsito noturno de carga
gão gestor, no estrito interesse da UC. viva, fertilizantes e materiais tóxicos (cargas
perigosas) nas rodovias, entre 19h e 6h.

178
a. Observação: Esta norma deve aparecer no de outorga, com anuência do órgão gestor da UC.
PM somente se houver necessidade específica
da UC. XXIV. Nas zonas onde houver atividades produ-
tivas é obrigatória a utilização de Equipamen-
XXII. Considerando o assoreamento das áre- tos de Proteção Individual (EPI).
as costeiras, deverá ser apresentado estudo
de avaliação do impacto da retirada de areia XXV. A fiscalização da UC deverá ser perma-
desta área e da destinação do material, como nente e sistemática.
requisito para a autorização do órgão gestor
da UC. XXVI. Deverá ser estabelecido, em conjunto
com as populações residentes na UC, um ins-
XXIII. A utilização dos recursos hídricos superfi- trumento que definirá as normas de uso tem-
ciais e subterrâneos deverá obedecer às normas porário, até a conclusão do processo de desa-
propriação e indenização.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 179
Anexo 3.
ESPECTRO SOCIAL DA PARTICIPAÇÃO SOCIAL PARA AUXILIAR OS GRUPOS A DEFINIR O
PAPEL DA SOCIEDADE EM QUALQUER PROCESSO DE PARTICIPAÇÃO SOCIAL

INFORMAR CONSULTAR
Objetivo de Fornecer ao público informações equilibradas Obter feedback do público na análise,
Participação e objetivas para lhes assistir no entendimento alternativas, e/ou decisões;
Social de seus problemas, alternativas, e/ou
soluções.
Promessa Nós os manteremos informados. Nós os manteremos informados, ouviremos e
ao Público reconheceremos as suas questões e daremos
feedback de como seus insumos influenciam as
decisões.

Ferramentas Folders impressos Comentários do público


(exemplo) Websites Grupos focais
Pesquisas
Tomada de Nós vamos informa-los da decisão. Nós vamos dar a oportunidade para sugestões
Decisão ou feedback.
Possíveis  Ampla e oportuna distribuição e acesso.  O público não pode tormar a decisão.
desafios
 Capacidade limitada de comunicar conceitos compli-  Fóruns/processos podem ser formais/mecanísti-
cados. cos, e não levar ao real diálogo e participação social.

 Nenhuma garantia de que os materiais são li-  Muitas vezes exigem planejamento e coordena-
dos. ção detalhados.

 Capacidade de responder as perguntas.  Às vezes resulta em contato limitado com a sociedade.

 Fluxo de informação unidirecional.  Pode ser difícil encontrar um grupo que “repre-
sente” o grupo maior.
 Pode ser intensivo em mão de obra.
 Se feito com regularidade, pode tomar muito tempo.
 Pode haver agitadores em manifestações.

 Reuniões tradicionais podem limitar o diálogo


construtivo e levar a uma mentalidade “nós ver-
sus eles”.

NÍVEL DE PARTICIPAÇÃO NÍVEL DE PA

180
ENVOLVER COLABORAR DELEGAÇÃO DE PODER
Trabalhar diretamente com o público ao Ser parceiro do público em cada Colocar a decisão final nas
longo dos processos, a fim de garantir aspecto da decisão, inclusive no mãos do público.
que as preocupações e aspirações desenvolvimento de alternativas
do público sejam coerentemente e na identificação da solução
compreendidas e consideradas. escolhida.
Trabalharemos com você a fim de Nós recorremos a você para Implementaremos o que você
garantir que suas preocupações e assessoria direta e inovação, com decidir.
aspirações estejam diretamente o objetivo de chegar a soluções
refletidas nas alternativas desenvolvidas e incorporar sua assessoria e
e forneceremos o feedback sobre como o recomendações nas decisões ao
insumo do público influenciou a decisão. máximo possível.
Oficinas Comissões de assessoria de Juízes cidadãos
Votação intencional cidadãos Urnas
Construção de consenso Decisões delegadas
Nós vamos incluir e considerar os Nós vamos compartilhar o poder de Os atores vão tomar a decisão e
insumos dos atores antes de nossa tomada de decisão com os atores. nós implementamos.
decisão.
 Aumenta expectativas.  Todos os interesses foram contem-  Similar a colaborar.
plados?
 Todos os interesses foram contempla-  O órgão não mais controla a to-
dos?  O problema está maduro/pronto mada de decisão.
para colaboração?
 Visitas guiadas e tours são limitados  Todos os interesses foram con-
pelo número de participantes e logística.  Restrições de tempo. templados?

 Recursos necessários.  Os participantes estão prepara-


dos para tomar a decisão?

 Restrições de tempo.

 Recursos necessários.

ARTICIPAÇÃO NÍVEL DE PARTICIPAÇÃO

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 181
Anexo 4.
TABELA RESUMO DOS PRINCIPAIS TERMOS DE PARTICIPAÇÃO SOCIAL

Princípios Norteadores Valores chaves (IAP2)


Módulo 1 Módulo 2
I - Avaliar o contexto - A participação social promove o envolvimento dos
afetados em potencial ou interessados em dada
Conhecer quem não está na mesa de negociação pode ser
decisão.
tão importante quanto saber quem está. Reconhecer as
Unidades de Conservação como cenário social, reflete a
compreensão de que esta ultrapassa sua concepção como - A participação social está baseada na crença de que
espaço de preservação de ecossistemas e recursos natu- os afetados por uma decisão têm o direito de estarem
rais, mas as considera como espaços de relações socio- envolvidos no processo decisório.
ambientais historicamente configurados e dinamicamente
movidos pelas tensões e conflitos sociais, integrando-os ao - A participação social pressupõe a autonomia e eman-
desenvolvimento regional, fortalecendo as interações so- cipação dos participantes do processo para definirem
ciais e a participação cidadã. o seu escopo e forma de participação, respeitando os
diferentes papéis/funções dos envolvidos;
II - Participação social contínua
- A participação social promove decisões sustentáveis
A participação social é a base para a gestão das Unidades
ao reconhecer e comunicar as necessidades e interes-
de Conservação, facilitando o entendimento da complexi-
ses de todos os participantes, inclusive os tomadores
dade socioambiental para a tomada consciente de decisões
de decisão.
de maneira legítima. Nesse sentido não se limita àquela
promovida nos processos de planejamento, devendo este
- A participação social dá aos participantes a informa-
ser reflexo de uma participação social contínua e sólida da
ção de que precisam de modo significativo.
gestão cotidiana.

- A participação social inclui o compromisso de que a


III - Promover a inclusão
contribuição da sociedade influenciará a decisão.
Incentivar a participação de múltiplas partes interessadas.
Em processos de planejamento se busca uma variedade de - A participação social comunica aos participantes como
cidadãos e atores sociais, muitos com necessidades e dese- suas contribuições afetaram a decisão.
jos individuais. Dotar os desiguais (pessoas e instituições)
de igualdade de condições para possibilitar sua participação
- O gestor precisa reconhecer os limites e diversos inte-
em processos de planejamento de gestão das Unidades de
resses dentro da atuação do próprio Estado.
Conservação, buscando a isonomia e equidade entre atores
sociais.

182
Boas práticas/Atitude (NPS) Critérios de Efetividade( NZ DOC)
Módulo 4 Módulo 6
- Ter a percepção dos verdadeiros interesses por trás Informação: informação necessária para garantir o
das posições; envolvimento, a colaboração e a ampliação de co-
nhecimento dos atores sociais, com linguagem ade-
- Ter consciência dos princípios norteadores da participa- quada e fluxo contínuo de informação.
ção no processo de planejamento;
Representatividade: deve englobar uma amostra repre-
- Ter abertura para as diferentes perspectivas; sentativa da população afetada, por meio de lideranças
com capacidade de interlocução.
- Manter diálogo claro e aberto;
Legitimidade da representação: o grau de legitimidade
das representações instituídas e daquelas de fato, ou
- Expor de forma clara como se dá o processo de tomada
seja, o quanto os atores sociais afetados se reconhecem
de decisão;
nos seus representantes.

- Ter entendimento claro dos papéis;


Meios facilitadores: meios, métodos e técnicas de faci-
litação e mobilização favorecendo o envolvimento e a
- Garantir a transparência dos processos e intensões;
participação dos atores sociais.

- Ter compreensão dos problemas apresentados;


Gerenciamento do tempo: balanço entre o tempo ideal
para participação dos diferentes atores sociais e o limi-
- Ter respeito mútuo; te do tempo necessário para a tomada de decisão.

- Ter comportamentos facilitadores; Continuidade: regularidade do processo, evitando in-


terrupções.
- Garantir o retorno das informações aos envolvidos;
Equilíbrio de forças: verifica se as partes interessadas tive-
- Estar aberto para a troca de informações, reconhecendo ram voz na tomada de decisão, buscando estratégias para
que todos podem contribuir; propiciar a participação, levando em conta as diferenças cul-
turais.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 183
Princípios Norteadores Valores chaves (IAP2)
Módulo 1 Módulo 2
IV- Considerar as necessidades das partes interessadas na
tomada de decisão
Buscar maneiras efetivas e eficientes de identificar as reais
necessidades e desejos dos diferentes atores sociais envolvi-
dos no planejamento e gestão das Unidades de Conservação,
e contemplá-las na tomada de decisões.

V - Diálogo de saberes

Reconhecer os conhecimentos e saberes diversos


para promover sua convergência para a tomada de
decisão. Uma abordagem transdisciplinar busca a
valorização e o diálogo entre os diferentes saberes
dos diversos públicos a quem se destinam o plane-
jamento e gestão dos recursos naturais.

VI - Incentivar o engajamento social e o pertenci-


mento
A sinergia criada por meio do envolvimento social
é poderosa. A promoção do envolvimento social
pode capturar a energia dos atores sociais que bus-
cam uma visão compartilhada de futuro. Quando
os atores sociais se engajam para trabalhar juntos,
o entendimento do problema e a construção da so-
lução fazem com que desenvolvam um sentimento
de pertencimento no processo de planejamento e
gestão das Unidades de Conservação. Os planos e
ações se tornam deles, fazendo-os assumirem o
exercício da cidadania. Este sentido de pertenci-
mento é essencial para apoiar e organizar os re-
cursos para implementar os planos e as ações.

184
Boas práticas/Atitude (NPS) Critérios de Efetividade( NZ DOC)
Módulo 4 Módulo 6
- Compreender que existem visões diferentes e Influência na decisão: quanto e quais as demandas foram
considerá-las; consideradas e respondidas na tomada de decisão.

Pertencimento: por meio de propósito compar-


- Entender que as diferenças são oportunidades para o
aprendizado; tilhado, os atores sociais se reconhecem e se
veem contemplados no processo decisório, con-
- É benéfico e valioso ver e entender várias perspecti- firmando sua voz na tomada de decisão.
vas.

Registro e transparência: documenta todas as


etapas dos processos, esclarecendo e divulgan-
do, como os insumos dos participantes contribu-
íram e se refletem nas decisões.

Caminhos do diálogo: transformação nos posi-


cionamentos e participação, mostrando a evolu-
ção das partes envolvidas ao longo do processo.

ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 185
Anexo 5.
ORIENTAÇÕES PARA A FACILITAÇÃO DA OFICINA DE ELABORAÇÃO OU REVISÃO DO
PLANO DE MANEJO

186
ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 187
188
ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 189
190
ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 191
192
ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 193
194
ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 195
196
ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 197
198
ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 199
200
ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 201
202
ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 203
204
ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 205
206
ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 207
208
ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO E REVISÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS 209
@icmbio

facebook.com/icmbio

youtube.com/canalicmbio

@icmbio

www.icmbio.gov.br

Você também pode gostar