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545/2008-7
RELATÓRIO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 007.545/2008-7
2. Preliminarmente, transcrevo, com alguns ajustes de forma, o relatório de fls. 25/81, cuja
proposta de encaminhamento contou com a anuência do corpo diretivo daquela secretaria:
“1 - APRESENTAÇÃO
Importância socioeconômica
Atualmente, o Aeroporto de Guarulhos opera com dois terminais com capacidade para
movimentar 17 milhões de passageiros/ano. São 44 empresas aéreas nacionais e internacionais,
regulares, cargueiras e charters que utilizam 260 balcões de check-in.
Mais de 40 diferentes modelos de aeronaves utilizam as duas pistas do aeroporto, uma
com 3.700 metros e outra de 3 mil metros de extensão, que recebem, em média diária, 475
operações de pouso e decolagem.
De Guarulhos partem e chegam vôos procedentes e com destino a 26 países e 117 cidades
nacionais e estrangeiras. A rede comercial dos terminais de passageiros é formada por 177
pontos comerciais.
O aeroporto consolida-se como um importante pólo indutor de desenvolvimento sócio-
econômico e cultural. Para o Município de Guarulhos, o aeroporto representa um indutor
gerador de novos negócios e oportunidades, além de ser um dos mais importantes centros de
ofertas de empregos. Cerca de 50% dos postos de trabalho do aeroporto são de profissionais
que residem na cidade.
A ampliação do Aeroporto Internacional de Guarulhos/SP, contemplando a construção do
TPS-3; o Viaduto; o Sistema Viário Interno; o Edifício Garagem e o Pátio de Estacionamento
tem como finalidade atender o trânsito de 12 milhões de passageiros/ano, com 5 milhões de
acompanhantes; abrigar uma população fixa de 5.000 pessoas; possibilitar a atracação de 13
aeronaves tipo Boing 747, sendo duas dessas posições previstas a aeronaves de grande porte,
ou até 22 aeronaves de médio/pequeno porte, através de pontes de embarque móveis duplas;
minimizar custos; tornar a área comercial proporcionalmente maior que a dos terminais 1 e 2;
atender aos portadores de necessidades especiais e aumentar a capacidade de estacionamento
de veículos em 4.500 vagas. Quando concluído, a capacidade anual do aeroporto será de 29
milhões de passageiros.
2 - INTRODUÇÃO
2.1 - Deliberação
Em cumprimento ao Acórdão nº 461/2008 - Plenário, realizou-se auditoria na Empresa
Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária - MD, no período compreendido entre 14/4/2008 e
4/7/2008.
O motivo deste auditoria foi a dotação orçamentária prevista na LOA para o
empreendimento (R$ 219.157.992,01).
2.2 - Visão geral do objeto
As obras do Terminal de Passageiros nº 3 (TPS-3) do Aeroporto de Guarulhos/SP
englobam não só a edificação em si, mas também a construção do pátio de aeronaves, do
sistema viário, a aquisição/instalação de uma ampla gama de equipamentos, além de outras
obras complementares. Também está inclusa nesse empreendimento a elaboração do respectivo
projeto executivo.
O empreendimento encontra-se novamente em fase de licitação, após revogação, em
virtude de irregularidades graves apontadas pelo TCU, de procedimento licitatório realizado em
2006 com finalidade de contratação das obras em comento.
Nessa ocasião, pretendia-se fazer para o empreendimento licitação única do tipo técnica e
preço, no valor de R$ 1.126.345.752,05, dividida em duas fases: pré-qualificação e licitação
propriamente dita. Na primeira fase (Concorrência n° 11/DAAG/SBGR/2003-I) foram
habilitadas somente duas empresas. A segunda fase (Concorrência n° 11/DAAG/SBGR/2003-I ),
não concluída, foi revogada em 31/10/2007, por força de determinação do Acórdão nº
2.350/2007-TCU-P.
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‘Notas
1 - Este anteprojeto atende aos requisitos do projeto básico constante da Lei 8666 de
21/06/93’.
Vale informar que esse texto consta nas notas de todas as 20 plantas do Anexo XII do
edital, ou seja, de mais da metade do conjunto total de desenhos do projeto básico da licitação.
Além de incipiente, o projeto é incompleto, pois existem nas plantas remissões a vários
outros desenhos que não integram o anexo do edital. Em diversos desenhos do Anexo XII (vide
tabela abaixo), consta nas notas o seguinte texto:
‘Este projeto tomou como referência o desenho (nome do desenho) da Figueiredo Ferraz’.
Entretanto, muitos dos desenhos indicados como referência não fazem parte do pacote
fornecido aos licitantes. São eles:
Lista I - Desenhos de referência mencionados no Anexo XII que não constam do pacote
fornecido aos licitantes:
Anexo XII_3_GUA_GRL_000_069_R0.tif * GUA/GRL/000.063/R1
Anexo XII_4_GUA_PPT_002_286_R0.tif * GUA/SVI/002.193/R0
Anexo XII_5_GUA_GRL_003_155_R0.tif * GUA/GRL/003.138/R0
Anexo XII_6_GUA_GRL_003_156_R0.tif * GUA/GRL/003.137/R0
Anexo XII_7_GUA_GRL_003_157_R0.tif * GUA/GRL/003.139/R0,
GUA/GRL/003.140/R0 e GUA/GRL/003.141/R0
Anexo XII_8_GUA_GRL_003_156_R0.tif * GUA/GRL/003.139/R0,
GUA/GRL/003.140/R0 e GUA/GRL/003.141/R0
Anexo XII_9_GUA_GRL_003_156_R0.tif * GUA/GRL/003.139/R0,
GUA/GRL/003.140/R0 e GUA/GRL/003.141/R0
Anexo XII_10_GUA_GRL_003_156_R0.tif * GUA/GRL/004.644/R0
Anexo XII_11_GUA_PPT_203_007_R0.tif * GUA/PPT/203.006/R0
Anexo XII_12_GUA_PPT_005_406_R0.tif * GUA/GRL/005.008/R0 e
GUA/GRL/005.015/R0
Anexo XII_13_GUA_PPT_005_407_R0.tif * GUA/GRL/005.010/R0,
GUA/GRL/005.013/R0, GUA/GRL/005.018/R1
Anexo XII_14_GUA_PPT_005_408_R0.tif * GUA/GRL/005.009/R0,
GUA/GRL/005.014/R1, GUA/GRL/005.018/R1
Anexo XII_15_GUA_PPT_005_409_R0.tif * GUA/GRL/004.012/R0
Anexo XII_16_GUA_PPT_302_007_R0.tif * GUA/TPS/302.001/R0
Anexo XII_17_GUA_TPS_301_436_R0.tif * GUA/TPS/301.384/R0
Anexo XII_18_GUA_TPS_303_152_R0.tif * GUA/TPS/303.116/R0
Anexo XII_19_GUA_TPS_407_1122_R0.tif * 407.560/R0
Anexo XII_20_GUA_PPT_006_1175_R0.tif * GUA/PPT/012.005/R0
Vale ressaltar que a lista acima é exemplificativa, porque nos outros 19 desenhos também
existem remissões a plantas que não integram os anexos do edital
Em suma, o projeto básico da Concorrência nº 8/DALC/SBGR/2008 possui um número
reduzido de desenhos, dos quais alguns são ilegíveis ou foram elaborados há mais de 20 anos,
contendo neles remissões a peças técnicas que não foram devidamente publicadas juntamente
com o instrumento convocatório. Some-se a isso o fato de não ser possível identificar a autoria
do referido projeto, bem como a própria infraero definir em suas notas que se trata de um
‘anteprojeto’.
[vide planilhas no documento original]
3.2.3 - Objetos nos quais o achado foi constatado:
Projeto Básico 1º/12/2007, Construção de Terminal de Passageiros (TPS-3), de Pátio de
Aeronaves e de Acesso Viário no Aeroporto Internacional de Guarulhos - São Paulo.
3.2.4 - Critérios:
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Acórdão nº 517/2001-TCU-Plenário.
Acórdão nº 67/2002-TCU-Plenário.
Acórdão nº 353/2007-TCU-Plenário.
Lei 8666/1993, art. 6º, inciso IX; art. 7º, § 1º; art. 7º, § 2º; art. 7º, caput ; art. 12; art. 40,
§ 2º, inciso I.
Súmula 177/1982-TCU.
3.2.5 - Evidências:
39 desenhos integrantes do Anexo XII da Concorrência 8/DALC/SBGR/2008 (folhas
141/185 do Anexo 2 - Principal)
Lista de documentos do edital da Concorrência 14/DALC/SBFL/2008 (extraída do site da
Infraero) (folhas 4/6 do Anexo 2 - Principal)
Lista de documentos do edital da Concorrência 8/DALC/SBGR/2008 (extraída do site da
Infraero) (folhas 2/3 do Anexo 2 - Principal)
Exemplos de desenhos do projeto básico integrante da Concorrência 8/DALC/SBGR/2008
de autoria da Figueiredo Ferraz (folhas 143/159 do Anexo 2 - Principal)
Exemplos de desenhos do projeto básico integrante da Concorrência 8/DALC/SBGR/2008
de autoria da Planorcon (folhas 165/167 do Anexo 2 - Principal)
Exemplos de desenhos do projeto básico integrante da Concorrência 8/DALC/SBGR/2008
de autoria da Engevix (folha 171 do Anexo 2 - Principal)
3.2.6 - Esclarecimentos dos responsáveis:
A Infraero não encaminhou defesa até o fechamento deste trabalho (13/8/2008), sendo que
o término do prazo previsto no Acórdão nº 461/2008-P (cinco dias úteis após recebimento do
relatório preliminar) foi no dia 8/8/2008.
3.2.7 - Conclusão da equipe:
Ficam mantidas todas as considerações anteriores.
3.3 - Projeto básico/executivo deficiente ou inexistente - Os quantitativos da planilha do
projeto básico estão sub ou superavaliados.
3.3.1 - Tipificação do achado:
Classificação - Irregularidade grave com recomendação de paralisação
Tipo - Projeto básico/executivo deficiente ou inexistente
Justificativa - As lacunas, incompletudes e discrepâncias existentes na amostra do projeto
básico das obras do TPS-3 analisada (projeto básico da Concorrência nº 8/DALC/SBGR/2008)
tornam inconsistentes as quantidades inclusas no orçamento de referência da licitação,
impedindo, inclusive a conferência desses valores pelo controle.
Tais falhas, por constituírem defeitos de projeto básico, caracterizam grave afronta ao art.
6º, inciso IX da Lei nº 8.666/1993. Além disso, há, outrossim, desobediência aos artigos 6º, § 4º
e 8º, caput, porquanto a falta do devido embasamento técnico para os quantitativos de serviços
inclusos no objeto da licitação não permite que tenha sido feita uma previsão precisa e realista
dos custos finais da obra, bem como o seu prazo final de execução.
Dessa forma, a continuidade da contratação das obras do TPS-3 de Guarulhos configura
grave risco de prejuízo aos cofres públicos visto que a ocorrência da mais repleta sorte de
irregularidades na execução contratual está intimamente relacionada à falta de projeto básico
adequado.
Nesse leque de possibilidades incluem-se sobrepreço, jogo de planilha, atraso de
cronograma, extrapolação dos limites de aditamento contratual, desvio de objeto, obra
inacabada por falta de recursos, etc. Nessas condições, há ainda falta de garantia de obtenção,
no certame, da proposta mais vantajosa para a Administração, uma vez que a falta de definição
precisa e suficiente do objeto licitado compromete a ampla competitividade do certame (Súmula
177-TCU).
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possui imprecisões significativas nos poucos elementos que o integram. Impende salientar que a
terraplenagem soma R$ 101.896.789,48 (46% do valor do orçamento da Concorrência
8/DALC/SBGR/2008).
É importante esclarecer que a falta de precisão nos estudos de solo compromete também a
quantificação e especificação dos serviços de pavimentação. Tal fato pode ser atestado na
leitura das observações contidas no projeto em análise. Segundo os desenhos ‘Planta Geral –
Distribuição dos Tipos de Pavimento’ e ‘Detalhes de Pavimentação’, a espessura do pavimento
de concreto deve ser maior ou igual a 35 cm, considerando um subleito com CBR maior ou
igual a 8%.
Nesses mesmos documentos, consta a seguinte nota:
‘8 - Se durante a exploração das jazidas for obtido material com CBR’s maiores que os
previstos no projeto básico, os pacotes de pavimentação deverão ser reestudados, com o
objetivo de otimizar o custo do empreendimento, sem prejuízo à qualidade e funcionalidade
esperada da obra.’
Em outras palavras, quando os estudos de solos hoje inexistentes forem concluídos,
poderá haver modificação na estrutura do pavimento e, por conseguinte, nos quantitativos e nas
descrições dos serviços correspondentes. Para se ter uma idéia da relevância dessa imprecisão,
somente o serviço ‘04.04.102.01 – Pavimento Rígido com Placas de Concreto’ está estimado em
R$ 18.797.650,00.
Somando o valor do pavimento rígido ao total do orçamento de terraplenagem, constata-
se haver falta de clareza e imprecisão nas definições de projeto correspondentes a mais de 55%
(R$ 20.694.439,40) do valor total da planilha da Concorrência Nº 8/DALC/SBGR/2008.
[vide planilha no documento original]
3.3.3 - Objetos nos quais o achado foi constatado:
Projeto Básico de 1/12/2007 – Construção de Terminal de Passageiros (TPS-3), de Pátio
de Aeronaves e de Acesso Viário no Aeroporto Internacional de Guarulhos - São Paulo.
3.3.4 - Critérios:
Lei nº 8.666/1993, art. 8º, caput.
Lei 8666/1993, art. 6º, inciso IX; art. 7º, § 4º; art. 12
3.3.5 - Evidências:
39 desenhos integrantes do Anexo XII da Concorrência 8/DALC/SBGR/2008 (folhas
141/185 do Anexo 2 - Principal)
Desenhos (1 a 3) ‘Substituição de Solo – Seções Transversais’ (folhas 147/149 do Anexo 2
- Principal)
Desenho ‘Rebaixamento do Lençol Freático – Planta, Seção Tipo e Detalhes’ (folha 143
do Anexo 2 - Principal)
‘Substituição de Solo e Aterro de Sobrecarga – Planta’ (folha 145 do Anexo 2 - Principal)
Orçamento de referência da Infraero (folhas 64/81 do Anexo 2 - Principal)
Desenho ‘Planta Geral – Distribuição dos Tipos de Pavimento’ (folha 152 do Anexo 2 -
Principal)
Desenho ‘Detalhes de Pavimentação’ (folha 153 do Anexo 2 - Principal)
Termo de Referência Complementar para Contratação de Obras e Serviços de Engenharia
(folhas 116/124 do Anexo 2 - Principal)
Termo de Referência Geral para Obras e Serviços de Engenharia (folhas 125/140 do
Anexo 2 - Principal)
Especificações Técnicas (folhas 1/424 do Anexo 2 - Volume 1)
3.3.6 - Esclarecimentos dos responsáveis:
A Infraero não encaminhou defesa até o fechamento deste trabalho (13/8/2008), sendo que
o término do prazo previsto no Acórdão nº 461/2008-P (cinco dias úteis após recebimento do
relatório preliminar) foi no dia 8/8/2008.
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Referências da Equipe:
a) Sicro-SP janeiro/2008 (foi utilizada essa data-base, porque não existe no site do Dnit
tabela para dezembro de 2007, que é a data-base do orçamento da Infraero);
b) Sinapi-SP de dezembro de 2007;
c) BDI informado pela Infraero: 27,43%.
A) Item 02.03.203 - Escavação e Carga de Empréstimo, c/ fornecimento de terra
O cálculo do preço unitário de referência do item 02.03.203 tomou por base a composição
do Sicro ‘2 S 01 100 09 – Escavação, carga e transporte de material 1ª categoria DMT 50 a
200m com carregadeira’, fazendo as adaptações necessárias.
No cálculo do preço unitário de referência, da mesma forma que no orçamento-base da
Infraero, considerou-se o serviço de escavação e carga separado do serviço de transporte . A
carga, descarga e manobra do caminhão de 10 m³ (o mesmo utilizado no transporte) foi
remunerada no serviço de escavação. Somou-se também a indenização de jazida e adequou-se a
composição do Sicro ao critério de medição da Infraero (aterro). Ao custo unitário obtido,
aplicou-se o BDI do orçamento da estatal (27,43%).
Desse modo, o preço unitário de referência encontrado para o serviço ‘02.03.203 -
Escavação e Carga de Empréstimo, c/ fornecimento de terra’ foi de R$ 6,11. O preço unitário da
Infraero é de R$ 25,72.Considerando as quantidades envolvidas, o sobrepreço encontrado foi de
R$ 27.454.000,00 (321%).
Somente para corroborar o valor encontrado para o preço unitário de referência,
pesquisou-se no Sicro um serviço semelhante ao analisado (1 A 01 120 01 – Escavação e carga
de material de jazida), cujo preço unitário, depois de aplicado o BDI de 27,43% e corrigido
pelo fator de conversão em virtude da diferença de critérios de medição entre o orçamento da
Infraero e o Sicro (corte e aterro, respectivamente), é de R$5,52. Esse valor é inferior ao de
referência porque o serviço ‘1 A 01 120 01’ não possui o caminhão na composição de sua
equipe mecânica.
B) Item 02.03.403 – Transporte de Material de Jazida ou de Reaproveitamento
Apesar de possuírem o mesmo preço unitário e tratarem do serviço de transporte, os itens
02.03.401 e 02.03.402 não foram agrupados ao item 02.03.403 na elaboração da curva ABC
porque possuem critérios de medição em volume distintos: este no aterro, depois de
compactado, e aqueles no corte.
Uma vez que serão medidos no volume, e não no peso, as variações volumétricas entre os
estados do solo no corte, aterro e solto devem ser consideradas nos preços unitários dos
serviços (adequação dos fatores de conversão dentro da produção de equipes mecânicas), que
por esses motivos não podem ser iguais.
O projeto básico da Concorrência nº 8/DALC/SBGR/2008 não contempla estudos de
jazidas, nem tampouco indica a sua localização. Também não existe a informação de qual é o
fator de contração do material da jazida (relação entre volume no corte e volume no aterro).
Na ausência desses dados fundamentais para a formação do preço unitário do transporte,
a equipe de auditoria considerou metade do percurso em rodovia pavimentada e metade do
percurso em rodovia não-pavimentada e adotou o fator de contração indicado pelo Manual de
Custos Rodoviários do Dnit (volume 4, tomo 1, fl. 18), que é de 1,15.
O cálculo do preço unitário de referência do item 02.03.403 tomou por base as
composições do Sicro 2 S 09 001 91 e 2 S 09 002 91, que se referem a transporte comercial com
basculante em rodovia não-pavimentada e pavimentada, respectivamente, fazendo as
adaptações necessárias relativas às diferenças no critério de medição do serviço entre o Sicro e
o orçamento da Infraero. Ao custo unitário obtido, aplicou-se o BDI do orçamento da Infraero
(27,43%)
Desse modo, o preço unitário de referência encontrado para o serviço ‘02.03.403 -
Transporte de Material de Jazida ou de Reaproveitamento’ foi de R$ 1,07. O preço unitário da
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O cálculo do preço unitário de referência do item 02.03.301 tomou por base a composição
do Sicro ‘2 S 01 511 00 – Compactação de aterros a 100% do Proctor Normal’, com as
adaptações necessárias.
Desse modo, o preço unitário de referência encontrado para o serviço ‘02.03.301– Aterro
Compactado a 100% do Proctor Normal’ foi de R$ 2,55. O preço unitário da Infraero é de R$
5,50.Considerando as quantidades envolvidas, o sobrepreço encontrado foi de R$ 3.156.500,00
(116 %).
I) Itens 02.03.201, 02.03.204 e 02.03.202 - Escavação e Carga de Material p/ Bota-fora
ou de 1ª categoria
Utilizou-se a composição ‘2 S 01 100 09 – Escavação, carga e transporte de material 1ª
categoria DMT 50 a 200m com carregadeira’ como referência de cálculo, fazendo as
adaptações. Observe-se, que, para esse serviço, o critério de medição do orçamento da Infraero
é igual ao do Sicro (corte), não requerendo alterações relacionadas a esse motivo.
O preço unitário de referência encontrado (R$ 3,99) muito próximo ao valor encontrado
pela Infraero (R$ 3,98).
J) Item 03.02.101.01- Forma plana para estruturas de concreto - Fornecimento e
aplicação
O cálculo do preço unitário de referência do item 03.02.101.01 tomou por base a
composição do Sinapi ‘68576/6 – Forma Madeira Comp resinada 14mm p/ Estrutura Reaprov. 3
vezes – corte/ montagem/escoramento/desforma’, aplicando o BDI indicado pela Infraero.
O preço unitário de referência encontrado para o serviço ‘Forma plana para estruturas
de concreto - Fornecimento e aplicação’ foi de R$ 41,86. O preço unitário da Infraero é de R$
53,00. Considerando as quantidades envolvidas, o sobrepreço encontrado foi de R$ 660.602,00
(27%).
K) Item 02.03.304 – Aterro de Sobrecarga
Segundo a seqüência construtiva descrita nos desenhos de projeto, a densidade a ser
atingida na compactação do aterro de sobrecarga é de 1,7 tf/m³.
No Sicro, para o serviço reforço de subleito, considera-se que o material no corte possui
densidade de 1,6 tf/m³, atingindo 1,84 t/m³ após compactado. De acordo com os parâmetros
desse sistema, a densidade do aterro de sobrecarga da Infraero possui um valor intermediário
entre o corte e o aterro compactado para reforço de subleito.
Nesse sentido, uma vez que não há informação no projeto básico anexo ao edital da
Concorrência nº 8/DALC/SBGR/2008 de qual deve ser o grau de compactação a ser obtido,
utilizou-se como referência, conservadoramente, o serviço ‘2 S 01 510 00 - Compactação de
aterros a 95% proctor normal’, com as adaptações necessárias.
O preço unitário de referência encontrado para o serviço ‘02.03.304 – Aterro de
Sobrecarga’ foi de R$ 4,33. O preço unitário da Infraero é de R$ 53,00. Considerando as
quantidades envolvidas, o sobrepreço encontrado foi de R$ 660.602,00 (27%).
3.4.3 - Objetos nos quais o achado foi constatado:
Projeto Básico 1º/12/2007, Construção de Terminal de Passageiros (TPS-3), de Pátio de
Aeronaves e de Acesso Viário no Aeroporto Internacional de Guarulhos - São Paulo.
3.4.4 - Critérios:
Acórdão nº 2.350/2007, item 9.1.3, TCU, Plenário
Lei nº 8.666/1993, art. 7º, § 2º, inciso II
Lei 8666/1993, art. 6º, inciso IX; art. 12; art. 65, § 3º; art. 65, inciso I, alínea b
Lei 11.514/2007, art. 115, § 1º; art. 115, caput.
3.4.5 - Evidências:
39 desenhos integrantes do Anexo XII da Concorrência 8/DALC/SBGR/2008 (folhas
141/185 do Anexo 2 - Principal)
Orçamento de referência da Infraero (folhas 64/81 do Anexo 2 - Principal)
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Uma vez que a ampla competitividade não é garantida, não se garante também a obtenção
da proposta mais vantajosa para a Administração, trazendo grande risco de dano ao Erário.
Esse potencial se agrava pelo fato de existir sobrepreço no orçamento-base da Infraero (indício
de irregularidade nº 4) o que gera uma tendência de as propostas das licitantes acompanharem
os altos preços da planilha de referência.
Ressalte-se que o fato de a Concorrência nº 8/DALC/SBGR/2008 encontrar-se adiada sine
die não saneia a irregularidade aqui descrita, pois o certame poderá ser reiniciado a qualquer
momento utilizando o mesmo edital publicado inicialmente.
Além disso, existem editais de outros 8 lotes de licitação a serem publicados para concluir
a contratação objeto do PT em análise, merecendo, dessa forma, que a correção proposta no
presente trabalho seja estendida aos demais atos convocatórios.
3.6.2 - Situação encontrada:
INDÍCIO DE IRREGULARIDADE Nº 6 – Edital contendo cláusulas restritivas e que
trazem insegurança à supremacia do interesse público. Restrição à competitividade em
decorrência de determinação da apresentação de atestados de execução de pavimentos
aeroportuários.
O art. 30, inciso II da Lei nº 8.666/1993, define que a Administração pode solicitar, além
da indicação das instalações e do aparelhamento e do pessoal técnico adequados e disponíveis
para a realização do objeto da licitação, a comprovação de aptidão para desempenho de
atividade pertinente e compatível em características, quantidades e prazos com tal objeto.
Assim, a forma como tais requisitos devem ser exigidos é que vai demonstrar a
observância do disposto no art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, que assegura que a
Administração ‘somente permitirá as exigências de qualificação técnica indispensáveis à
garantia do cumprimento das obrigações’.
Assim sendo, analisou-se a exigência de atestados verificada nos serviços de ‘Execução de
CBUQ em pavimento aeroportuário’ (itens f.4 e g.4) e ‘Execução de placas de concreto cimento
em pavimento aeroportuário’ (itens f.5 e g.5), do edital, considerados por esse de maior
relevância e valor significativo.
Todavia, é perfeitamente dispensável a condição de que a experiência da licitante, nos
diversos serviços de execução de pavimentos, sejam eles rígidos ou flexíveis, esteja concentrada
exclusivamente em obras aeroportuárias.
Com base no art. 30 da Lei de Licitações e Contratos a documentação relativa à
qualificação técnica de capacitação técnico-profissional refere-se à execução de obra ou serviço
de características semelhantes.
Neste mesmo artigo, em seu parágrafo 3°, verifica-se que será sempre admitida a
comprovação de aptidão através de certidões ou atestados de obras ou serviços similares de
complexidade tecnológica e operacional equivalente ou superior.
A metodologia de execução de pavimentos aeroportuários, assim como os insumos
utilizados nestes serviços é tecnicamente equivalente à utilizada nas obras rodoviárias,
possuindo grau de dificuldade de execução muito semelhante, ou, nos termos da Lei de
Licitações e Contratos, compatível em características.
Não há que se dizer que as diferenças executivas que possam surgir dentro do sítio
aeroportuário não possam ser superadas por uma empresa que disponha de pessoal e
equipamentos adequados à execução de pavimentos em outras obras de grande porte.
É tecnicamente viável, por exemplo, a uma empresa que tenha executado serviços de
pavimentação em trechos rodoviários, realizar serviços de pavimentação no sítio aeroportuário.
Para esclarecer tal afirmação lançaremos mão de um exemplo de uma comparação entre o
serviço solicitado pela Infraero e o mesmo serviço especificado pelo Dnit.
Para verificar a semelhança e o padrão de qualidade exigido para execução de serviços
de pavimentação utilizaremos as diretrizes constantes no Manual Sicro II do Dnit, Vol. 4, Tomo
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A Infraero não encaminhou defesa até o fechamento deste trabalho (13/8/2008), sendo que
o término do prazo previsto no Acórdão nº 461/2008-P (cinco dias úteis após recebimento do
relatório preliminar) foi no dia 8/8/2008.
3.6.7 - Conclusão da equipe:
Ficam mantidas todas as considerações anteriores.
3.7 - Ausência, no edital, de critério de aceitabilidade de preços máximos – Inadequação
ou inexistência dos critérios de aceitabilidade de preços unitário e global.
3.7.1 - Tipificação do achado:
Classificação - Irregularidade grave com recomendação de paralisação
Tipo - Demais irregularidades graves no processo licitatório
Justificativa - Da análise feita pela equipe de auditoria, conclui-se pela ineficácia do
critério de aceitabilidade de preço unitário utilizado pela Infraero na Concorrência nº
8/DALC/SBGR/2008. Da maneira como foi estabelecido, ele cumpre formalmente a exigência do
art. 40, inciso X da Lei nº 8.666/1993, sem, entretanto, prestar-se aos fins a que se destina, que é
garantir a obediência ao artigo 115 da LDO/2008.
A falta de critério de aceitabilidade de preço unitário eficaz, conjugada ao sobrepreço
(indício de irregularidade nº 4) e a um cronograma de desembolsos que prevê indevidamente a
concentração de pagamentos no início da obra, conjugam os ingredientes necessários à
celebração de um contrato contendo jogo de planilha. Em razão da gravidade desses indícios,
bem como o efeito sinérgico entre eles, a licitação não deve ter continuidade.
Ressalte-se que o fato de a Concorrência nº 8/DALC/SBGR/2008 encontrar-se adiada sine
die não saneia a irregularidade aqui descrita, pois o certame poderá ser reiniciado a qualquer
momento utilizando o mesmo edital publicado inicialmente.
Além disso, existem editais de outros 8 lotes de licitação a serem publicados para concluir
a contratação objeto do PT em análise, merecendo, dessa forma, que a correção proposta no
presente trabalho seja estendida aos demais atos convocatórios.
3.7.2 - Situação encontrada:
INDÍCIO DE IRREGULARIDADE Nº 7 – Edital contendo cláusulas restritivas e que
trazem insegurança à supremacia do interesse público. Inadequação do critério de
aceitabilidade de preços unitários.
O edital da Concorrência nº 8/DALC/SBGR/2008 prevê o seguinte critério de
aceitabilidade de preços unitários:
‘6.7.3. quanto aos preços unitários, a Comissão de Licitação efetuará análise
individual dos itens cotados nas propostas das licitantes;
6.7.3.1. caso se verifique na proposta a ocorrência de itens com preços superiores aos
unitários orçados pela Infraero, a licitante deverá apresentar, no Invólucro II, relatório
técnico circunstanciado justificando a composição e os preços dos serviços;
6.7.3.2. caso as justificativas apresentadas não sejam acatadas pela Comissão de
Licitação, os preços unitários da proposta da licitante serão adequados ao preço
correspondente do orçamento base elaborado pela Infraero, ajustando deste modo também o
valor global da proposta, sob pena de desclassificação da proposta;
6.7.3.3. caso a licitante não concorde com a adequação dos preços unitários, nos
termos do item 6.7.3.2., a proposta será desclassificada.’
Tal critério não encontra amparo na legislação vigente. A LDO/2008 em seu artigo 115
determina:
‘Art. 115. Os custos unitários de materiais e serviços de obras executadas com recursos
dos orçamentos da União não poderão ser superiores à mediana daqueles constantes do
Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil - Sinapi, mantido pela
Caixa Econômica Federal, que deverá disponibilizar tais informações na internet.
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Deste modo, a Infraero, ao apresentar preços unitários acima da média de mercado, não
só afrontou a Lei de Diretrizes Orçamentárias, como também descumpriu deliberação expressa
do TCU no Acórdão nº 2.350/2007, o qual determinou que a Infraero tomasse todas as
precauções necessárias para que o orçamento detalhado da obra, previsto no art. 7º, § 2º, inciso
II, da Lei nº 8.666/1993, estivesse livre de sobrepreços em relação aos preços médios de
mercado.
Ao macular os princípios da isonomia, como relatado nas irregularidades anteriormente
descritas, a Infraero desrespeitou o item 9.1.4. do Acórdão nº 2.350/2007, o qual determinou à
esta que: cumprisse rigorosamente os princípios do art. 37, caput, da Constituição Federal,
como também os que norteiam os certames licitatórios, conforme art. 3º da Lei nº 8.666/1993.
Ainda, não houve no orçamento apresentado as composições de preços unitários que o
fundamentassem, descumprindo determinação exarada pelo TCU no Acórdão nº 2.350/2007.
3.8.2 - Situação encontrada:
INDÍCIO DE IRREGULARIDADE Nº 9
Os achados relatados no presente trabalho caracterizam descumprimento ao Acórdão nº
2.350/2007 - Plenário, no qual foram enumeradas algumas determinações à Infraero, entre as
quais, in verbis:
‘9.1.2. encaminhe à SECOB - Secretaria de Fiscalização de Obras e Patrimônio da União,
deste Tribunal, o(s) edital(is) completo(s) do(s) certame(s) licitatório(s) referente(s) às Obras de
Ampliação, Reforma e Modernização do Aeroporto Internacional de Guarulhos/SP,
imediatamente após sua publicação, acompanhados do Orçamento Básico e das Composições
de Preços Unitários que o fundamentarem e da respectiva minuta do contrato;
9.1.3. tome todas as precauções necessárias para que o orçamento detalhado da obra,
previsto no art. 7º, § 2º, inciso II, da Lei nº 8.666/1993, esteja livre de sobrepreços em relação
aos preços médios de mercado;
9.1.4. cumpra rigorosamente os princípios do art. 37, caput, da Constituição Federal,
como também os que norteiam os certames licitatórios, conforme art. 3º da Lei nº 8.666/1993;’
Além da desobediência em si, conforme já se expôs na descrição dos demais achados deste
trabalho, o não-cumprimento dos itens acima elencados conferiu ao certame um grau de
ilegalidade tamanho que a continuidade do procedimento licitatório configura grave risco de
lesão ao Erário, pela falta de garantia de obtenção da proposta mais vantajosa e grande
possibilidade de perda de vinculação ao instrumento convocatório.
Rememore-se ainda que em 2005 já havia sido prolatado acórdão determinando à Infraero
ações corretivas com relação às obras do TPS-3 de Guarulhos (Acórdão nº 2.302-2005-P),
também não obedecidas, consoante relatado no seguinte trecho do voto condutor do Acórdão nº
2.350/2007-P:
‘12.Vale lembrar que já se passaram dois anos desde a prolação do Acórdão nº
2.302/2005-TCU-Plenário, que deu ciência ao Corpo Técnico e à então Direção da Infraero, de
forma clara, acerca da necessidade de se ajustar o orçamento das obras a serem licitadas, antes
de se prosseguir com a licitação do TPS-3.
13.Para que se tenha uma idéia da clareza da determinação basta que se consulte o item
9.4 do acórdão mencionado no item anterior.
(...)
15.Há que se declarar, ainda, que não foram cumpridas pela então direção da Infraero, as
determinações exaradas pelos Acórdãos nºs 2.302/2005 e 1.616/2006, ambos do Plenário deste
Tribunal, agravando ainda mais a situação. Nesse sentido, o Ministério Público junto a esta
Corte poderá atuar dentro de sua competência constitucional e legal.’
Dessa forma, conforme Lei Orgânica do TCU, art. 58, inciso VII c/c o Regimento Interno
do TCU em seu art. 268, inciso VIII, o Tribunal poderá aplicar multa aos responsáveis por
reincidência no descumprimento de determinação do Tribunal.
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Outrossim, vale lembrar que a Lei nº 8.666/1993 prevê o seguinte em seu artigo 7º
(indicado na decisão supra):
‘§ 6º A infringência do disposto neste artigo implica a nulidade dos atos ou contratos
realizados e a responsabilidade de quem lhes tenha dado causa.’
3.8.3 - Objetos nos quais o achado foi constatado:
Edital 008/DALC/SBGR/2008, 6/5/2008, CONCORRÊNCIA, Contratação das obras e
serviços de engenharia para construção do pátio de aeronaves e terraplenagem do TPS-3 do
Aeroporto Internacional de Guarulhos.
3.8.4 - Critérios:
Acórdão nº 2.302/2005, TCU, Plenário
Acórdão nº 1.616/2006, TCU, Plenário
Acórdão nº 2.350/2007, item 9.1.3, TCU, Plenário
Acórdão nº 2.350/2007, item 9.1.2, TCU, Plenário
Acórdão nº 2.350/2007, item 9.1.4, TCU, Plenário
Lei 8.443/1992, art. 58, inciso VII
Lei 11.514/2007, art. 115
Regimento Interno, Art. 268, inciso VIII - TCU
3.8.5 - Evidências:
Orçamento de referência da Infraero (folhas 64/81 do Anexo 2 - Principal)
3.8.6 - Esclarecimentos dos responsáveis:
A Infraero não encaminhou defesa até o fechamento deste trabalho (13/8/2008), sendo que
o término do prazo previsto no Acórdão nº 461/2008-P (cinco dias úteis após recebimento do
relatório preliminar) foi no dia 8/8/2008.
3.8.7 - Conclusão da equipe:
Ficam mantidas as considerações anteriores.
3.9 - Demais irregularidades graves no processo licitatório - Licitação realizada sem
contemplar os requisitos mínimos exigidos pela Lei nº 8.666/1993.
3.9.1 - Tipificação do achado:
Classificação - Irregularidade grave com recomendação de paralisação
Tipo - Demais irregularidades graves no processo licitatório
Justificativa - A ilegalidade contida na minuta de contrato anexa à Concorrência nº
8/DALC/SBGR/2008 é de tal envergadura que a sua aplicação implica total perda de vinculação
ao instrumento convocatório, pois o dispositivo em comento permite completa alteração das
condições de licitação: alterações de projeto, de cronogramas de desembolso, e até mesmo de
preços unitários. Nesse sentido, a contratação com base nessa minuta configura grave risco de
lesão ao Erário, visto que, dessa forma, a licitação perde a sua razão de existir.
Ressalte-se que o fato de a Concorrência nº 8/DALC/SBGR/2008 encontrar-se adiada sine
die não saneia a irregularidade aqui descrita, pois o certame poderá ser reiniciado a qualquer
momento utilizando o mesmo edital publicado inicialmente.
Além disso, existem editais de outros 8 lotes de licitação a serem publicados para concluir
a contratação objeto do PT em análise, merecendo, dessa forma, que a correção proposta no
presente trabalho seja estendida aos demais atos convocatórios.
3.9.2 - Situação encontrada:
INDÍCIO DE IRREGULARIDADE Nº 8 – Edital contendo cláusulas restritivas e que
trazem insegurança à supremacia do interesse público.
Existência de cláusulas ambíguas na minuta do contrato, cuja interpretação pode
prejudicar a supremacia do interesse público ou a obtenção da proposta mais vantajosa pela
administração.
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Na minuta de contrato existem dispositivos redigidos de forma ambígua, que podem vir a
permitir, à mercê da discricionariedade da Infraero, em um sentido, o favorecimento de
particulares, ou, no outro, lesão de direitos, gerando insegurança ao procedimento licitatório.
São exemplos dessas cláusulas na minuta do contrato:
‘4.6 - Os preços unitário e total estipulados no Contrato serão alterados ou revisados
quando ocorrer acréscimo ou supressão de serviços por conveniência da CONTRATANTE,
respeitando-se os limites previstos em lei, se ficar comprovado o desequilíbrio econômico-
financeiro do Contrato.
(...)
14.6 - A CONTRATANTE reserva a si direito de introduzir modificações no projeto,
mesmo durante a execução dos serviços, sempre que julgar necessário. No exercício deste
direito, porém, a CONTRATANTE se empenhará no sentido de evitar prejuízos à
CONTRATADA;
(...)
14.11 - A CONTRATANTE poderá, respeitadas outras condições contratuais, tendo
presente o seu fluxo/disponibilidade de caixa, acelerar ou desacelerar o cumprimento do
cronograma físico-financeiro dos serviços;’
Os dispositivos acima são totalmente ilegais no sentido de permitirem, na execução do
contrato, a total perda de vinculação ao instrumento convocatório. Segundo eles, a Infraero
poderia, de acordo com a sua conveniência e oportunidade, após a licitação concluída,
modificar todos os elementos definidores do objeto do contrato (preços unitários, definição de
projetos durante a execução dos serviços), perdendo-se totalmente a vinculação ao instrumento
convocatório.
Outro ponto de extrema relevância é o fato de não existir para o administrador público a
liberdade de alterar ou revisar livremente os valores de preços unitários no decorrer da
execução contratual. Ademais, o critério de aceitabilidade de preços unitários deve ser fixado
de forma explícita no edital.
Desse modo, as cláusulas supramencionadas trazem extrema insegurança ao
procedimento licitatório em comento, pois, do mesmo modo que um licitante pode não
apresentar proposta por temer modificações nas condições da licitação no decorrer da execução
contratual, é possível também à Infraero fazer alterações que favoreçam terceiros, prejudicando
a supremacia do interesse público.
3.9.3 - Objetos nos quais o achado foi constatado:
Edital 008/DALC/SBGR/2008, 6/5/2008, concorrência, contratação das obras e serviços
de engenharia para construção do pátio de aeronaves e terraplenagem do TPS-3 do Aeroporto
Internacional de Guarulhos.
3.9.4 - Critérios:
Lei 8666/1993, art. 3º.
3.9.5 - Evidências:
Item 4.6 da minuta do contrato da Concorrência nº 8/DALC/SBGR/2008 (folha 49 do
Anexo 2 - Principal)
Item 14.6 da minuta do contrato da Concorrência nº 8/DALC/SBGR/2008 (folha 59 do
Anexo 2 - Principal)
Item 14.9 da minuta do contrato da Concorrência nº 8/DALC/SBGR/2008 (folha 59 do
Anexo 2 - Principal)
3.9.6 - Esclarecimentos dos responsáveis:
A Infraero não encaminhou defesa até o fechamento deste trabalho (13/8/2008), sendo que
o término do prazo previsto no Acórdão nº 461/2008-P (cinco dias úteis após recebimento do
relatório preliminar) foi no dia 8/8/2008.
3.9.7 - Conclusão da equipe:
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Além destas, as graves falhas não se resumem ao descrito até esse ponto. Existem
inconsistências significativas nos elementos que subsidiam o cálculo dos volumes dos demais
serviços de terraplenagem.
(...)
Adicionalmente à discrepância de mais de 20 metros nos valores das cotas nos desenhos,
inexiste no projeto uma planilha de volumes de terraplenagem indicando, estaca a estaca, quais
foram as áreas para corte, aterro, limpeza de terreno etc. A inexistência dessa memória de
cálculo é mais uma evidência da incompletude dos dados desse projeto e agrava a falta de
confiabilidade dos quantitativos dos serviços de corte, aterro e espalhamento constantes do
orçamento de referência da licitação (itens 02.03.101, 02.03.102, 02.03.103, 02.03.201,
02.03.202, 02.03.203, 02.03.204, 02.03.301, 02.03.302, 02.03.303, 02.03.304, 02.03.501 e
02.03.502)
Falta também embasamento técnico para as distâncias de transporte local na obra. o
projeto básico da concorrência nº 008/dalc/sbgr/2008 não contempla o perfil longitudinal,
demonstrando as distâncias de transporte para possíveis compensações longitudinais de
corte/aterro. Ademais, não há indicação da localização do bota-fora. Ficam comprometidos,
assim, os quantitativos dos itens 02.03.401 e 02.03.402 da planilha orçamentária.
(...)
É importante esclarecer que a falta de precisão nos estudos de solo compromete também a
quantificação e especificação dos serviços de pavimentação. (...)
Em outras palavras, quando os estudos de solos hoje inexistentes forem concluídos,
poderá haver modificação na estrutura do pavimento e, por conseguinte, nos quantitativos e nas
descrições dos serviços correspondentes.’
44. Parte dos elementos técnicos ausentes no projeto básico foi juntada à defesa ora
apresentada pela Infraero e será objeto da análise a seguir (Irregularidade nº 3). Entretanto,
não se vislumbra justificativa para a indisponibilidade desses itens entre os anexos do Edital, o
que prejudica o pleno conhecimento do objeto da licitação por parte dos licitantes.
45. Apesar das justificativas da Estatal, persistem os indícios de ilegibilidade e falta de
identificação dos autores do projeto básico da obra (com prejuízo do cumprimento do art. 9º da
Lei nº 8.666/1993). Isso porque as novas cópias de arquivos fornecidas em CD referem-se
apenas às plantas reaproveitadas, sendo que há também dificuldade de leitura de outras
plantas, a exemplo da GUA_GRL_000_069_R0.tif, GUA_GRL_003_155_R0.tif,
GUA_GRL_003_157_R0.tif, GUA_GRL_003_158_R0.tif e GUA_GRL_003_159_R0.tif (Anexo
2, V. principal, fls. 143, 145 e 147 a 149), e não foram apresentadas as Anotações de
Responsabilidade Técnica – ARTs, que seriam a efetiva comprovação da responsabilidade dos
autores, conforme definido na Resolução CONFEA nº 425 (art. 1º e 2º).
46. Além disso, na comparação entre as plantas do Anexo XII do Edital e os respectivos
desenhos citados como referência, os quais não foram fornecidos aos licitantes (CD do anexo 10
à defesa), verificam-se ocorrências de efetivas modificações no projeto originalmente elaborado
para o certame como um todo, conforme exemplificamos:
a) Diferenças nas cotas do terreno da ordem de 20 m: A título de exemplo, verifica-se que
no ponto X=3626,99 e Y=4218,25, a cota do terreno indicada no desenho de referência é de
738,11m, enquanto na planta do Edital é de aproximadamente 758m - Anexo
XII_3_GUA_GRL_000_069_R0.tif x GUA/GRL/000.063/R1 e Anexo
XII_5_GUA_GRL_003_155_R0.tif x GUA/GRL/003.138/R0 - CD;
b) Diferenças nas cotas do projeto geométrico de terraplenagem da ordem de 85 cm: No
TPS-3, a cota indicada no desenho de referência é de 740,15 m, enquanto na planta do Edital é
741m - Anexo XII_4_GUA_PPT_002_286_R0.tif x GUA/SVI/002.193/R0 - CD;
c) Alterações no limite de troca de solo mole: Observam-se claras alterações no limite
provável de troca de solo mole (seções TS1 a TS8) e confirmam-se as diferenças nas cotas do
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69. Quanto aos estudos de jazidas/bota-fora, apesar de ter fornecido cópia do trabalho
desenvolvido em 2003 (Anexo 5) , a Infraero não omitiu a inexistência de estudos atualizados e
a imprecisão/conservadorismo dos dados adotados para fins de orçamentação do projeto básico
do lote 2 do TPS-3 de Guarulhos, correspondentes às maiores distâncias de transporte (DMTs)
realizadas nas obras do Sistema de Pistas e Pátios, objeto de outro contrato (066-
EG/2004/0057) em andamento no Aeroporto.
70. A ocorrência de estudos imprecisos configura mais uma vez afronta ao art. 7º da Lei nº
8.666/1993 (citado no parágrafo 60 acima), especialmente por tratar-se de uma despesa que
pode ou não se confirmar no decorrer da obra.
71. Segundo os comentários do Dr. Marçal Justen Filho, a eventual superestimativa de
quantitativos é arcada pela Administração, constituindo prejuízo ao Erário, o que reforça a
importância do aprimoramento dos estudos das jazidas e bota-fora na fase de projeto básico:
‘10.2) Previsão de quantitativos
O projeto deverá obrigatoriamente estimar as quantidades a serem adquiridas. O ato
convocatório deverá ater-se fielmente ao projeto. Haverá casos em que inexistirão condições
técnico-científicas para definir as quantidades. Ainda nessas hipóteses, será proibida a licitação
de quantidades indefinidas. Deverá promover-se uma estimativa dentro dos limites que a técnica
permita formular. Se, no curso do contrato, verificar-se a inadequação dos cálculos, serão
adotadas as providências adequadas. Se os quantitativos forem insuficientes, realiza-se um
alteração no contrato ou nova licitação; se excessivos, a Administração arcará com o seu custo.’
(Marçal, 2005, p. 115)
72. Apesar do exposto pela Infraero, confirma-se a inexistência dos elementos técnicos
necessários para qualificar o projeto da licitação como básico, nos termos da Lei nº 8.666/1993,
o que favoreceu a superestimativa dos quantitativos dos serviços e dos custos de execução do
lote 2, objeto da Concorrência nº 8/DALC/SBGR/2008.
IRREGULARIDADE Nº 4 – Sobrepreço.
A Infraero apresenta justificativa para cada item apontado com sobrepreço no relatório de
auditoria, constantes do Anexo 6 da Manifestação Prévia, e alega que a metodologia adotada
atende aos critérios previstos no Acórdão nº 644/2007-TCU-Plenário, das obras de ampliação,
reforma e modernização do Aeroporto Internacional de Brasília, no qual foram exaradas
determinações à Infraero, apresentando os subitens 9.4.3 e 9.4.4, transcritos, reproduzidos a
seguir:
‘9.4.3. limite os preços constantes do orçamento básico definitivo à mediana do Sistema
Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil - Sinapi, no caso de serviços
relativos a edificações, ou aos preços do Sistema de Custos de Obras Rodoviárias - Sicro, no
caso de serviços de pavimentação, terraplenagem ou drenagem, salvo justificativa técnica
devidamente fundamentada;
9.4.4. na elaboração de orçamentos de serviços e equipamentos típicos de aeroportos,
para os quais não exista referência de preços nos sistemas usualmente adotados (Sicro e
Sinapi), ou para os quais não seja possível ajustar as composições de preços dos sistemas
usualmente adotados às peculiaridades das obras aeroportuárias, que sejam guardados
registros das cotações de preços de insumos efetuadas e justificadas as composições adotadas,
com elementos suficientes que permitam o controle da motivação dos atos que fundamentaram
os preços unitários dos insumos e dos serviços que integram o orçamento, devendo, ainda, o
orçamento identificar os responsáveis por sua elaboração e aprovação;’
Análise da Irregularidade nº 4
As composições e premissas apresentadas pela Infraero para cada item apontado pela
equipe de auditoria foram analisados um a um, conforme seqüência apresentada a seguir, na
mesma ordem da planilha de cálculo de sobrepreço do relatório de auditoria, à fl. 54 do Volume
Principal.
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informado no edital, à fl. 98, e adotam como fator de eficiência para o caminhão basculante
0,75.
82. Conforme análise do item anterior, segundo os critérios descritos no Manual de
Custos Rodoviários do Sicro – vol. 1, o fator de eficiência a ser adotado é de 0,83 ao invés de
0,75.
83. A adoção de composições de transporte local, apresentadas pela Infraero, não
procede, pois conforme se define no item 5.4.2 do Manual de Custos Rodoviários do Dnit, o
deslocamento de materiais que vêem de fora dos limites da obra é considerado transporte
comercial e define que o fator de eficiência é de 0,83 e as velocidades de 40 km/h para rodovias
não pavimentadas e 60 km/h para pavimentadas.
84. Ademais, se a medição for de acordo com o informado pela Infraero, no corte, o preço
referencial calculado inicialmente pela equipe do TCU alteraria de R$ 1,07/m 3 para R$ 0,93/m3,
decorrente da alteração do fator de conversão de 0,67 para 0,77, o que impacta o preço total em
cerca de R$ 3,6 milhões.
85. Tal contradição é de extrema gravidade, pois o licitante comum que tem acesso
somente às informações do edital será levado a orçar o serviço medido no aterro, cujo preço
referencial pelo Sicro2 é de R$ 1,07/m3 enquanto outro que eventualmente tenha acesso a esta
informação interna da Infraero, apresentada à fl. 98, de que a medição será efetuada no corte,
poderá orçá-lo mais barato, a exemplo do preço referencial, de R$ 0,93/m 3, o que fere o
princípio da isonomia na licitação, além de que haverá, ainda, erro no quantitativo da planilha
a ser objeto de futuros aditivos.
03.02.102.01 – FORNECIMENTO, CORTE, DOBRA E APLICAÇÃO DE AÇO CA-50 e
04.07.104 – AÇO CA-50
86. A Infraero alega que utilizou a composição 03.02.102.01 denominada ‘Fornecimento,
corte, dobra e aplicação de Aço CA-50’ do Sicro2, todavia, apresenta somente composições
anexas do Sinapi.
87. A composição apresentada pela Infraero é compatível com a utilizada pela equipe do
TCU com o acréscimo dos encargos sociais de 126,89% adotados no orçamento-base, o que
reduz o indício de sobrepreço global apontado de R$ 51.162.846,00 para R$ 48.609.246,00.
02.03.601 – LASTRO DE AREIA
88. No projeto à fl. 153 do Anexo 2 verifica-se que a espessura da camada de areia é de 10
cm, e não de 15 cm adotados pela Infraero em sua composição.
89. O serviço do Sicro2 que serviu de referência à Infraero, denominado ‘Base estab.
granul. c/ mist. solo areia na pista’, que trata de execução de uma camada de base, é
expressivamente mais complexo que o serviço ‘lastro de areia’, tornando-se uma comparação
inadequada.
90. Ademais, afigura-se mais apropriado, em função dos expressivos volumes dos serviços
de terraplenagem, utilizar o preço unitário da areia comercial (entregue na obra) do Sicro2, de
R$ 18,00/m3 (1 A 00 716 00).
91. A composição utilizada pela equipe de auditoria com a substituição da brita pela areia
condiz com a execução do serviço e resulta em preço final conservador, haja vista considerar o
compactador manual, que apresenta produtividade abaixo do rolo liso vibratório, e
espalhamento com servente, o que também diminui a produção.
92. Portanto, as justificativas apresentadas pela Infraero não afastam o sobrepreço
apontado.
04.02.101 – SUB-BASE OU BASE DE BRITA GRADUADA SIMPLES
93. A Infraero apresenta as composições 2 S 02 230 00, 1 A 01 395 01 e 1 A 00 001 05 do
Sicro2, porém, com duplicidade, acréscimos e considerações indevidos, conforme descrito
adiante.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 007.545/2008-7
94. Na composição 1 A 01 395 51, a Infraero alega que deveria constar o caminhão
basculante de 10 m3 em sua composição. Todavia, este equipamento já encontra-se previsto na
composição principal 2 S 02 230 50, com tempo fixo considerado de 9,09 minutos. Portanto, a
inclusão deste equipamento pela Infraero está em duplicidade, não cabendo este aumento no
custo unitário do serviço.
95. Na mesma composição, a Infraero adota o custo unitário de R$ 41,30/m 3 para o
insumo brita, porém, o próprio Sicro2, para a região de São Paulo, prevê a brita comercial
(entregue na obra) ao preço unitário de R$ 22,48/m 3. Logo, o preço para a brita considerado
pela Infraero encontra-se expressivamente elevado para este serviço, não cabendo considerá-lo.
96. Na composição 1 A 00 001 05, relativa ao transporte local, considera-se como
distância de transporte 3 km, alegando-se que esta distância foi aceita em reuniões com os
técnicos do TCU. Todavia, tal alegação não se confirma, e, inclusive, a distância apurada, com
base nas coordenadas dos projetos apresentados, às fls. 141 e 145 do Anexo 2, resulta em tão
somente 1 km. Portanto, verifica-se novamente que a Infraero utilizou um dado expressivamente
superior ao que se apresenta nos seus próprios projetos e que inflam consideravelmente o preço
unitário final do serviço.
97. A Infraero inclui na composição principal o consumo de água, alegando que este
insumo não faz parte da Administração Local, sem demonstrar. Todavia, assim como se
demonstra no Sicro2, não cabe considerar este insumo dentro da composição do serviço, mas
sim, na previsão de consumo de água geral da obra.
98. Além das impropriedades acima, a Infraero multiplica os custos unitários dos
materiais/serviços da composição principal por 1,05, ou seja, acrescentando mais 5% aos
custos, sem demonstração e/ou justificativa da sua necessidade.
99. Portanto, as considerações e alegações apresentados pela Infraero não foram capazes
de elidir o sobrepreço apontado neste item.
02.03.401 – TRANSPORTE DE MATERIAL DE LIMPEZA e 02.03.402 – TRANSPORTE
DE MATERIAL PARA BOTA-FORA
100. A Infraero adota como referência a composição 2 S 01 100 09 denominada ‘Esc.
carga tr. mat 1ª c. DMT 50 a 200 m c/ carreg. do Sicro2.
101. A adoção de composições de transporte local, apresentadas pela Infraero, não
procede, pois conforme se define no item 5.4.2 do Manual de Custos Rodoviários do Dnit – vol.
1, o deslocamento de materiais fora dos limites da obra é considerado transporte comercial e
define que o fator de eficiência é de 0,83 e as velocidades de 40 km/h para rodovias não
pavimentadas e 60 km/h para pavimentadas.
102. Conforme análise do item anterior, segundo os critérios descritos no Manual de
Custos Rodoviários do Sicro, o fator de eficiência a ser adotado é de 0,83 ao invés de 0,75,
adotado pela Infraero.
103. Com tal consideração, as alegações da Infraero não elidem o sobrepreço apontado
neste item.
03.02.103.02 – CONCRETO FCK = 30Mpa
104. A Infraero adota como referência a composição nº 26311/11 do Sinapi, denominada
‘Concreto bombeado 30 MPa incl. concr. import. usina colocação espalha.’.
105. Porém, a Infraero utiliza coeficientes de produtividade para o pedreiro e servente do
serviço 53873 do Sinapi – ‘Lançamento/Aplicação manual de concreto em estruturas’, o que
não corresponde à realidade do serviço em questão, cujo lançamento/aplicação é por
bombeamento. Com isso, tomando a produtividade do pedreiro como exemplo, a estatal eleva a
quantidade de horas trabalhadas de 0,6 h/m3 para 5 h/m3, ou seja, eleva em mais de 8 vezes tal
quantidade de forma equivocada.
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106. Portanto, a mesclagem de composições apresentada pela Infraero não procede, haja
vista a composição do Sinapi já prever a execução total do serviço previsto, não sendo capaz de
afastar o sobrepreço apontado.
02.03.301 – ATERRO COMPACTADO GC = 100% DO PROCTOR NORMAL
107. A Infraero acresce à composição 2 S 01 511 00 o tempo fixo de descarga livre do
caminhão basculante, e 2 caminhões-tanque em função de um suposto consumo de 172,3 litros
de água por metro cúbico de aterro para o alcance da umidade ótima, calculada teoricamente.
108. Com relação ao tempo de descarga do caminhão, este já está considerado no tempo
fixo da composição do serviço 02.03.203 - ‘Escavação e Carga de Empréstimo, c/
Fornecimento’, correspondente ao código 2 S 01 100 09 do Sicro2, no item ‘p’ da memória de
cálculo da Produção da Equipe, denominado ‘Tempo Fixo (Carga, Descarga e Manobra).
Portanto, verifica-se que o tempo fixo de descarga já foi considerado neste outro serviço não
cabendo considerá-lo novamente nesta composição, e, por conseqüência, não procede a
inclusão de caminhão basculante nesta composição.
109. Quanto ao acréscimo de 172,3 litros por metro cúbico de aterro para o alcance da
umidade ótima estimada teoricamente, de 17,23%, constata-se que não se levou em
consideração a umidade natural do material de aterro, que, segundo os estudos de jazidas às fls.
278/305 do Anexo 3 do Volume 1, já apresentam teores de umidade natural, na maioria dos
pontos de sondagem, acima dos 17,23%. Na Jazida J-1 (Anexo 5 da Manifestação Prévia), por
exemplo, todos os pontos de sondagem apresentaram umidade natural acima de 30%.
110. Por conseqüência, o acréscimo de 2 (dois) caminhões-tanque na composição
apresentada em relação à composição do Sicro2 não procede, além da distância de 3 km, que
conforme já demonstrado anteriormente, com base nos projetos do edital, é de 1 km.
111. Portanto, as considerações apresentadas pela Infraero não procedem, permanecendo
o sobrepreço inicialmente apontado para este serviço.
03.02.101.01 – FORMA PLANA PARA ESTRUTURA DE CONCRETO –
FORNECIMENTO E APLICAÇÃO
112. A Infraero adota como referência a composição 6161 do Sinapi denominada ‘Forma
plana em chapa compensada resinada, estrutural, e = 14mm’.
113. A composição apresentada pela Infraero é compatível com a utilizada pela equipe do
TCU com o acréscimo dos encargos sociais de 126,89% adotados no orçamento-base, o que
reduz o indício de sobrepreço global apontado de R$ 48.609.246,00 para R$ 47.948.644,00.
02.03.304 – ATERRO DE SOBRECARGA
114. A Infraero acresce à composição 2 S 01 510 00 o tempo fixo de descarga livre do
caminhão basculante, 1 motoniveladora, e 11 caminhões-tanque em função de um suposto
consumo de 172,3 litros de água por metro cúbico de aterro para o alcance da umidade ótima
do aterro, calculada teoricamente, e retira o trator agrícola e a grade de discos.
115. Com relação ao tempo de descarga do caminhão, este já está computado no tempo
fixo da composição do serviço ‘Escavação e Carga de Empréstimo, c/ Fornecimento’,
correspondente ao código 2 S 01 100 09 do Sicro2, no item ‘p’ da memória de cálculo da
Produção da Equipe, denominado ‘Tempo Fixo (Carga, Descarga e Manobra). Portanto,
verifica-se que o tempo fixo de descarga já foi considerado neste outro serviço não cabendo
considerá-lo novamente nesta composição, e, por conseqüência, não procede a inclusão de
caminhão basculante nesta composição.
116. Quanto ao acréscimo de 172,3 litros por metro cúbico de aterro para o alcance da
umidade ótima estimada teoricamente, de 17,23%, constata-se que não se levou em
consideração a umidade natural do material de aterro, que, segundo os estudos de jazidas às fls.
278/305 do Anexo 3 do Volume 1, já apresentam teores de umidade natural, na maioria dos
pontos de sondagem, acima dos 17,23%. Na Jazida J-1, por exemplo, todos os pontos de
sondagem apresentaram umidade natural acima de 30%.
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o que é indício de jogo de planilha, haja vista ter sido detectado pela equipe de auditoria
sobrepreços significativos nos serviços de terraplenagem.
128. Com isso, coloca-se em risco a conclusão da obra, pois o executor, após receber mais
da metade dos recursos logo no início, com preços unitários artificialmente elevados, pode se
desinteressar do contrato, restando à Administração recursos insuficientes para a contratação
do remanescente. A concentração de valores no início do cronograma, em descompasso com o
ritmo real da obra, é o mesmo que adiantar recursos públicos ao contratado.
129. A Infraero apresenta o cronograma físico-financeiro reformulado em função da
diluição da previsão de pagamento da terraplenagem, que, inicialmente, estava incompatível
com o projeto básico, porém, há necessidade de detalhar os estudos do cronograma para que se
demonstre que o prazo estipulado para a obra é o mais econômico e eficiente para a
Administração.
IRREGULARIDADE Nº 6 – Edital contendo cláusulas restritivas e que trazem
insegurança à supremacia do interesse público. Restrição à competitividade em decorrência de
determinação da apresentação de atestados de execução de pavimentos aeroportuários.
130. Os representantes da Infraero ressaltam que a pista de pouso e decolagem do
aeroporto é o elemento que necessita de maior prioridade, e que as propriedades físicas e
características mecânicas do pavimento de uma pista ou pátio de aeroporto são mais
sofisticadas e exigentes que qualquer outro tipo de pavimento, com peculiaridades ímpares na
finalidade, nos esforços exigidos, no dimensionamento, nas especificações técnicas, na
execução, no controle tecnológico da execução e na conservação pós-construção, que deve
sofrer o mínimo de intervenções, seja por manutenção ou conservação, compatível com a
atividade aeroportuária contínua, sem ocorrência de interrupções que causem perda de
faturamento, desvios de rotas aeroviárias, risco de vidas humanas e sanções diversas oriundas
dos usuários, concessionários, companhias aéreas e outros.
131. Continuam argumentando que devido aos altos riscos envolvidos numa operação de
pouso e decolagem das aeronaves é que as normas aeroportuárias que regem as especificações
técnicas dos pavimentos das pistas e pátios de aeronaves são padronizadas e certificadas
internacionalmente e possuem exigências e rigores técnicos elevados. Acrescentam ainda que as
especificações técnicas do pavimento aeroportuário são determinadas a partir das
características das aeronaves, além do solo e dos materiais em si.
132. Com isso, eles alegam que é necessária a exigência de experiência por meio de
atestação técnica de execução de pavimentos aeroportuários, e defendem que os procedimentos
executivos possuem maior grau de complexidade e controles tecnológicos mais rigorosos do que
normalmente adotados em obras rodoviárias.
133. Em seguida, os representantes relacionam também uma análise comparativa dos
pavimentos rígidos e flexíveis entre rodovias e aeroportos.
134. Argúem que apesar de as obras aeroviárias e rodoviárias se ampararem nos mesmos
fundamentos da mecânica dos solos, em virtude dos seus carregamentos serem de ordem de
grandeza diferente, resulta em dimensionamentos diferenciados e metodologias executivas que
requerem cuidados especiais e também diferenciados. Em seguida, descrevem critérios
utilizados para o dimensionamento, especificações e desempenhos necessários das camadas de
subleito, sub-base e base, e da drenagem dos pavimentos, em função de tensões e esforços
específicos.
135. Argumentam também que as especificações do Sicro2 para a execução de concreto de
cimento Portland com forma deslizante, utilizada pela equipe de auditoria, não caracteriza a
similaridade entre pavimento aeroportuário e rodoviário, pelos fatores:
- O Sicro2 adota forma deslizante, enquanto em pavimento aeroportuário há necessidade
de forma fixa, instalada, alinhada e nivelada topograficamente, obedecendo a declividade,
planicidade e cotas finais do piso acabado.
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jazidas disponíveis, das características geotécnicas do subsolo etc. para que os licitantes sejam
capazes de formular propostas condizentes com o nível de responsabilidade que irão assumir e
com o nível de precisão que se exige por lei.
144. Para que se amplie a competição, não há como licitar os lotes do aeroporto de
Guarulhos com os projetos divulgados no edital CC 008/DALC/SBGR/2008, que, conforme
análise das demais irregularidades, apresentam-se deficientes e aquém do que se exige na Lei nº
8.666/1993, muito menos nas rígidas normas internacionais que regulamentam tecnicamente as
condições mínimas de uma obra como esta.
145. Cabe determinar à Infraero que limite-se a exigir, para fins de habilitação, a
comprovação de execução de serviços cujos procedimentos executivos tenham complexidade
similar aos especificados no projeto básico que sejam, primeiramente, relevantes técnico e
economicamente, e que correspondam à descrição objetiva do serviço previsto no projeto
básico, deixando de exigir que tais serviços tenham sido executados em aeroporto.
IRREGULARIDADE Nº 7 – Edital contendo cláusulas restritivas e que trazem
insegurança à supremacia do interesse público. nadequação do critério de aceitabilidade de
preços unitários.
146. A Infraero alega que a Unidade Técnica do TCU considerou que o critério de
aceitabilidade de preços unitários previsto no edital CC 008/DALC/SBGR/2008 cumpre
formalmente as prescrições do inciso X do artigo 40 da Lei nº 8.666/1993 e os representantes
defendem que tal dispositivo deriva da LDO e que está inspirado em procedimentos licitatórios
conduzidos pelo próprio Tribunal de Contas da União. Ademais, eles apresentam um trecho do
Acórdão nº 1.564/2003-TCU-Plenário, alegando que nele orienta-se a proceder conforme o
dispositivo questionado.
Análise da Irregularidade nº 7
147. Quanto ao cumprimento formal do inciso X do artigo 40 da Lei nº 8.666/1993, não há
no relatório de auditoria qualquer informação que corrobore esta alegação da Infraero.
148. Com relação ao Acórdão nº 1.564/2003-TCU-Plenário, verifica-se que ele não
estabelece a possibilidade de a justificativa citada no subitem 8.5.1.1 ser após o lançamento do
edital, fazendo explícita referência ao orçamento-base do edital como limite dos preços
unitários, não podendo servir de precedente para a flexibilização do normativo da LDO em
análise, conforme transcrito a seguir:
‘8.5.1. acrescente cláusula definindo os critérios de aceitabilidade de preços unitários,
com fixação de preços máximos, tendo por limite os valores estimados no orçamento a que se
refere o inciso II do § 2º do art. 40 da Lei nº 8.666/1993, desclassificando a proposta que não
atender a esse critério, com base nos arts. 40, inciso X, e 48, inciso I, da mesma lei;
8.5.1.1. sem prejuízo da observância do disposto no art. 101 da Lei nº 10.707/2003, os
valores dos preços unitários tratados no item 8.5.1 obedecerão aos registrados no sistema Sicro
regional, devendo eventuais exceções, decorrentes de particularidades da obra que justifiquem a
extrapolação desse limite, estar devidamente embasadas em justificativas técnicas,
acompanhadas de cálculo analítico, para cada item de serviço, que demonstre a adequabilidade
do valor adotado;’
149. Ademais, o § 1º do art. 115 da LDO fala de um relatório a ser aprovado pela
autoridade competente. Isso, no âmbito de uma licitação, significa que é o gestor justificando
preço acima do Sinapi, no orçamento-base, conforme verifica-se no seu texto:
‘§ 1º Somente em condições especiais, devidamente justificadas em relatório técnico
circunstanciado, aprovado pela autoridade competente, poderão os respectivos custos
ultrapassar o limite fixado no caput deste artigo, sem prejuízo da avaliação dos órgãos de
controle interno e externo.’
150. Considerando que os custos fazem parte do orçamento-base, que integra o projeto
básico, o qual tem que ser aprovado pela autoridade competente antes da licitação, infere-se
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 007.545/2008-7
que a aprovação do relatório técnico circunstanciado tem que ocorrer previamente ao certame,
e não após a abertura das propostas, conforme previu a Infraero.
151. Para a cautela do erário e a garantia do princípio da isonomia, a resolução das
eventuais discordâncias dos preços unitários adotados como limite devem ser objeto de
impugnação prévia pelos licitantes, antes da entrega das propostas, para que todos os demais
tenham acesso às mesmas informações para elaborar suas propostas e para que os preços
unitários finais do orçamento-base sejam o limite aceitável pela Administração, aí sim, de forma
objetiva.
152. Portanto, com relação ao amparo da LDO, a interpretação da Infraero não está
correta, e traz potencial de dano ao erário. Considerando tratar-se de momento inoportuno
para tão profunda análise, incorre-se no risco de que sejam aceitos preços unitários com
sobrepreço a partir de justificativas que não correspondam à realidade executiva do serviço,
abrindo brecha para a ocorrência do danoso artifício do jogo de planilha.
153. Assim, o potencial de dano na interpretação incorreta do art. 115 da LDO torna o
dispositivo não recomendável. Caso algum licitante discorde dos preços unitários do edital, tem
o direito de apresentar impugnações que serão objeto de análise do órgão contratante e as
respectivas decisões deverão ser compartilhadas previamente entre todos os licitantes, de forma
a garantir a isonomia na licitação, conforme previsto na lei.
IRREGULARIDADE Nº 8 – Edital contendo cláusulas restritivas e que trazem
insegurança à supremacia do interesse público. Existência de cláusulas ambíguas na minuta do
contrato, cuja interpretação pode prejudicar a supremacia do interesse público ou a obtenção
da proposta mais vantajosa pela administração.
154. A Infraero ressalta que os dispositivos do contrato questionados pela Unidade
Técnica são padrões nos seus contratos e que até o relatório de auditoria, nunca haviam sido
questionados pelos órgãos de controle, e que também foram chancelados pela sua Procuradoria
Jurídica nos termos do art. 38, parágrafo único, da Lei nº 8.666/1993.
155. Os representantes da estatal expressam entendimento de que a cláusula 4.6 do edital
não traz insegurança à supremacia do interesse público, mas que, ao contrário, coaduna-se com
a Lei nº 8.666/1993, nos termos do art. 58, inciso I e § 2º, da mesma forma quanto aos
dispositivos 14.6 e 14.11 do edital, nos termos do inciso I do mesmo artigo.
156. Portanto, a Infraero considera que retirar estas cláusulas seria prejudicial à
Administração, pois estaria diminuindo os poderes da administração em prol do particular.
157. Por fim, eles informam que, em face da segregação de competências, e em razão da
presente matéria pertencer ao rol de atividade jurídica, submeterão os argumentos da Unidade
Técnica do TCU à Procuradoria Jurídica, à Superintendência de Licitações e Contratos e à
Superintendência de Controle Empresarial, para que avaliem ou ajustem as cláusulas
impugnadas.
Análise da Irregularidade nº 8
158. A redação trazida no item 4.6 do edital não enquadra-se nos termos da lei, pois prevê
a ocorrência de acréscimos e supressões por conveniência da contratante. A prerrogativa de
poder alterar o projeto licitado, prevista no art. 65 da Lei nº 8.666/1993, vincula-se à
necessidade de melhor atendimento do interesse público, previamente justificada e formalmente
motivada, e não para atendimento da conveniência do contratante, o que, de fato, traz
insegurança jurídica aos licitantes, que poderão ficar à margem da discricionariedade da
Infraero.
159. Afinal, a lei já prevê o direito da manutenção do equilíbrio econômico-financeiro do
contrato, não cabendo ao órgão contratante especificar de que forma será garantido este
direito, pois a própria lei não o faz.
160. Ademais, o órgão contratante, ao alterar preços unitários do contrato, corre o risco
de estar ferindo o Princípio da Isonomia da licitação, pois pode, por conseqüência, tirar a
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 007.545/2008-7
não pode ter continuidade enquanto não haver projeto básico completo que englobe todo o
empreendimento pretendido.
172. Com relação às deficiências de projeto, a Infraero entregou informações técnicas
adicionais, não divulgadas no edital objeto de análise, que, após analisados, acabaram por
confirmar o entendimento de que o Projeto Básico publicado não atende aos comandos do
inciso IX do art. 6º da Lei nº 8.666/1993, com o agravante de que há um grupo de serviços na
planilha orçamentária (item 03.00.000 – Fundações e Estruturas de Concreto), orçado em
aproximadamente R$ 26 milhões, sem destinação definida, por não haver os respectivos
projetos, o que afronta o § 4º do art. 7º da Lei nº 8.666/1993, enquadrando-se, por
conseqüência, no § 6º do mesmo artigo, o que torna nula a licitação em análise.
173. Além dos R$ 26 milhões previstos na planilha orçamentária e sem destinação
definida no Projeto Básico, a equipe de auditoria calculou, preliminarmente, sobrepreço em
torno de R$ 51 milhões, o qual, após análise das justificativas de formação dos preços unitários
apresentados pela Infraero, diminuiu para aproximadamente R$ 48 milhões.
174. Quanto ao cronograma físico-financeiro incompatível com a execução física dos
serviços e a concentração de pagamento de 52% do valor total nos primeiros meses do contrato,
segundo as informações trazidas na manifestação, a Infraero reconheceu a irregularidade ao
reformular o cronograma, porém, atribui importância secundária a esta peça ao argumentar
que o cronograma real será definido somente na celebração do contrato de acordo com o
proposto pelo licitante. Esta falha, além de ser mais uma deficiência do Projeto Básico,
apresenta relevância ao permitir o jogo de planilha, em que logo no início da obra o contratado
receberia mais da metade dos recursos disponíveis (concentração dos itens de terraplenagem
com sobrepreço) podendo não se interessar em terminá-la. Ademais, a elaboração do
cronograma preciso é importante para que se estime o prazo mais viável economicamente para
a Administração.
175. Os argumentos apresentados pela Infraero a respeito das exigências técnicas
apresentadas no edital dizem respeito aos parâmetros a serem considerados na elaboração dos
projetos, o que reforça a constatação de que está havendo uma inversão de valores, pela adoção
de um projeto básico incipiente e de requisitos de experiência rigorosos, procedimento que não
garante o resultado final pretendido, já que a fiscalização fica sem parâmetros, além de não
encontrar amparo na lei. Logo, verifica-se que a exigência de execução anterior de serviço
semelhante em aeroporto restringe desnecessariamente a competição, cabendo à Infraero
adotar na licitação projetos completos, bem elaborados e definidos, assim como adotar uma
fiscalização atuante durante a execução dos serviços.
176. A adoção de critério de aceitabilidade de preços unitários que permite aos licitantes
ofertar proposta com preços unitários superiores aos orçados pela Administração, com o
encargo da comissão de licitação analisar e aprovar as respectivas justificativas apresentadas,
traz potencial dano ao Erário, devido ao momento inoportuno de tão profunda análise,
fragilizando-a, abrindo brecha ao danoso artifício do jogo de planilhas, além de prejudicar a
garantia do princípio da isonomia na licitação, ao permitir que os licitantes elaborem propostas
com base em informações divergentes.
177. Ademais, as eventuais justificativas para preços unitários que superem os do Sinapi,
em caráter de exceção, devem ser aprovadas pela autoridade competente, antes da licitação,
haja vista fazerem parte do projeto básico e de servirem de limite objetivo para as propostas a
serem ofertadas. Em acréscimo, a lei prevê que eventuais discordâncias quanto aos itens do
edital devem ser objeto de impugnação, antes da entrega das propostas, para que seja possível
aos licitantes o acesso às mesmas informações para elaboração de suas propostas. Portanto, tal
interpretação incorreta do art. 115 da LDO torna o dispositivo não recomendável.
178. Quanto à redação do item 4.6 do edital, que prevê a ocorrência de acréscimos e
supressões por conveniência do contratante, o qual também contempla a alteração dos preços
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VOTO
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a) existência de poucas plantas – dado obtido por comparação com a obra do Aeroporto de
Florianópolis/SC (TC-007.178/2008-6) –; e de essas terem sido elaboradas há mais de 20 anos;
b) ausência de estudos de viabilidade técnica-econômica e memória de cálculo que
pudessem servir de suporte às soluções adotados no projeto, com possibilidade de que tais omissões
viessem a gerar reformulações contratuais indevidas na fase de execução da obra;
3.3. ausência de peças técnicas essenciais para a definição do objeto, v.g. laudos de
sondagens, ensaios sobre solos, memória de cálculo dos volumes de terraplanagem, embasamento
técnicos para as distâncias de transporte local, perfis longitudinais etc., com reflexos negativos na
definição dos quantitativos dos serviços e, conseqüentemente, na confiabilidade inerente ao custo da
obra;
3.4. orçamento de referência com sobrepreço de aproximadamente 70%, cálculo baseado
em amostra representativa de 57% do total da planilha;
3.5. cronograma de desembolso financeiro incompatível com a execução física dos
serviços, fato constatado pela concentração de pagamentos nos primeiros cinco meses da obra;
3.6. restrição à competitividade por exigência de atestados de execução de pavimentos em
aeroportos;
3.7. inadequação do critério de aceitabilidade de preços unitários, em desacordo com o art.
115 da Lei nº 11.514/2007; e
3.8 descumprimento de deliberações do TCU.
4. De início, cumpre ressaltar que a primeira iniciativa da Infraero visando à contratação das
obras de construção do TPS-3 no aeroporto de Guarulhos/SP materializou-se com a publicação do
edital de Concorrência nº 11/DAAG/SBGR/2003.
5. Referido instrumento foi inicialmente fiscalizado pelo Tribunal em 2005, no âmbito do TC-
020.614/2005-7 – processo de representação oriunda da equipe de auditoria da Secex/SP –,
posteriormente convertido em acompanhamento, em razão da prolação do Acórdão nº 2.302/2005-
Plenário.
6. Em seguida, o Tribunal exarou o Acórdão nº 1.616/2006-Plenário, já em sede de
acompanhamento das determinações emanadas do Acórdão nº 2.302/2005-TCU-Plenário,
especificamente no que se refere ao edital de licitação das obras de construção do TPS-3. Tal decisum
conteve determinações à Infraero para que adotasse medidas visando à adequação dos preços unitários
definidos na licitação aos parâmetros de mercado, como resultado de tratativas realizadas entre
técnicos da Infraero e a Secob.
7. As ações de fiscalização continuaram em andamento no TC-007.137/2006-7, que versou
sobre relatório de levantamento de auditoria realizado no Fiscobras 2006, tendo resultado no Acórdão
nº 2.350/2007-Plenário, na sessão de 7/11/2007. Por meio dessa deliberação, foi determinado à
Infraero que revogasse a Concorrência nº 11/DAAG/SBGR/2003, porque presentes diversas
irregularidades, dentre as quais destaco a ocorrência de sobrepreço em vários serviços constantes do
orçamento de referência e a inserção de cláusulas que restringiam o caráter competitivo do certame.
8. No caso em apreço, cumpre noticiar que a Infraero promoveu a revogação da Concorrência
nº 8/DALC/SBGR/2008, destinada à construção do pátio de aeronaves e à execução dos serviços de
terraplanagem do TPS-3, consoante ato administrativo consubstanciado à fl. 101. Para tanto, foram
apresentados dois motivos, quais sejam: a necessidade de se promover “a revisão do orçamento, tanto
no aspecto concernente às quantidades quanto aos preços unitários, adequando-se a metodologia
indicada pelo Tribunal de Contas da União – TCU” e “a atualização/revisão dos projetos básicos”.
9. Em cumprimento ao despacho de fl. 93, a Secob procedeu à análise das razões oferecidas
pela Infraero em sede de manifestação preliminar aos achados de auditoria, tendo concluído que os
argumentos foram incapazes de por fim aos indícios de irregularidades apurados na fiscalização.
10. Não obstante se tratar de licitação revogada, não posso deixar de elogiar a iniciativa
daquela secretaria de efetuar exame minucioso sobre as falhas detectadas na auditoria, inclusive
adentrando a análise das composições de custo unitário apresentadas pela estatal em relação aos
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serviços da curva ABC, para fins de comprovação de sobrepreço no orçamento-base. Sem dúvida, esse
estudo servirá de paradigma no futuro, quando aquela unidade especializada for perscrutar os
elementos da nova licitação tendente à contratação das obras do Aeroporto de Guarulhos/SP.
11. Nesse contexto, de posse do histórico do controle exercido pelo Tribunal nos
procedimentos licitatórios anteriormente mencionados, enfatizo o empenho empreendido pelas
unidades técnicas desta Casa, principalmente pela Secob, no controle dos recursos federais em obras
de ampliação, revitalização, modernização ou construção de aeroportos em todo o país. Isso demonstra
a efetividade das ações de fiscalização quando tomadas previamente na fase de licitação, o que permite
identificar falhas graves antes de consumadas, bem como tornar possível a adoção de providências
corretivas e preventivas a fim de evitar a ocorrência de elevados prejuízos ao erário, tendo em vista a
significativa monta de recursos envolvidos
12. Ao tempo em que enalteço a atuação do Tribunal nessa área, é forçoso ter de informar a
este nobre colegiado que o resultado de mais um atraso na realização das obras de construção do TPS-
3 do Aeroporto de Guarulhos/SP decorreu exclusivamente de falhas de gestão verificadas no âmbito da
estatal, as quais tem se repetido com freqüência. Consoante descrito acima, os gestores da Infraero
reconheceram a necessidade de reavaliação do projeto básico, em termos de quantitativos e custos, em
face da fiscalização exercida por esta Corte, motivo pelo qual determinaram a revogação da
Concorrência nº 8/DALC/SBGR/2008.
13. Nesta feita, retornam à tona lamentáveis vícios de gestão, tendo como ponto fulcral a
ausência de planejamento de obras robusto e consistente, em desacordo com as diretivas estabelecidas
na Lei nº 8.666/1993 e na Lei nº 11.514/2007 (Lei de Diretrizes Orçamentárias para o exercício de
2008 – LDO/2008), cujas conseqüências se traduziram em projetos básicos incompletos e imprecisos,
com indícios de sobrepreço no orçamento de referência.
14. Essa indiligência da Infraero, centrada na condução de procedimentos licitatórios eivados
das irregularidades corriqueiramente apontadas pelo Tribunal, restou muito bem evidenciada no Voto
condutor do Acórdão nº 2.350/2007-Plenário, conforme se observa nos trechos transcritos no relatório
que antecede este voto.
15. De volta ao caso em foco, inadmissível que a própria Administração reconheça, ainda que
indiretamente, como legítima a superestimativa de quantitativos de serviços como forma de margem de
segurança para eventuais distorções. Nesse ponto, estou totalmente de acordo com a Secob. Em
hipótese alguma a insuficiência do projeto básico justifica a adoção de ato incompatível com os
princípios da legalidade – por absoluta falta de amparo na Lei de Licitações – e da eficiência.
16. É certo que não se exige da Administração a perfeita correspondência entre o planejamento
dos serviços e sua efetiva execução. Para isso o art. 65, inciso I, alínea “b”, da Lei nº 8.666/1993
estabelece mecanismos que lhe possibilitam compensar eventuais ajustes no contrato por conta da
necessidade de acréscimo ou diminuição quantitativa do objeto, desde que respeitados os limites
determinados no § 1º do referido dispositivo.
17. De maneira geral, a Infraero não logrou justificar a maior parte dos indícios de
irregularidades levantados pela Secob, embora, a meu ver, algumas suspeitas tenham sido parcialmente
esclarecidas, como é o caso da ausência de laudos de sondagens e da inexistência de projeto básico
aprovado – achado nº 3.1 do relatório de auditoria.
18. Sobre esse último ponto, data venia das considerações daquela unidade, a leitura de
trechos da especificação técnica integrante da Concorrência nº 9/DALC/SBGR/2008 não induz a outra
interpretação senão a de que a menção ao termo “atualização dos projetos básicos”, definido no objeto
da licitação, referiu-se às obras civis do TPS-3, entre outras, e não aos serviços de terraplanagem
incluídos no objeto da Concorrência nº 8/DALC/SBGR/2008. Portanto, não me parece que o edital
dessa licitação tenha sido publicado sem a imprescindível correspondência do projeto básico.
19. Outro indício de irregularidade consignado no relatório referiu-se à inadequação do critério
de aceitabilidade de preços unitários constante dos subitens 6.7.2 e 6.7.3 do edital da Concorrência nº
8/DALC/SBGR/2008, a seguir transcritos:
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“6.7.2. o valor máximo que a INFRAERO admite pagar para a execução dos serviços
objeto desta licitação é o global estimado no subitem 6.7 [orçamento de referência]
devidamente corrigido na forma presente no subitem 6.7.1;
6.7.3. quanto aos preços unitários, a Comissão de Licitação efetuará análise individual
dos itens cotados nas propostas das licitantes;
6.7.3.1. caso se verifique na proposta a ocorrência de itens com preços superiores aos
unitários orçados pela INFRAERO, a licitante deverá apresentar, no Invólucro II, relatório
técnico circunstanciado justificando a composição e os preços dos serviços;
6.7.3.2. caso as justificativas apresentadas não sejam acatadas pela Comissão de
Licitação, os preços unitários da proposta da licitante serão adequados ao preço
correspondente do orçamento base elaborado pela INFRAERO, ajustando deste modo
também o valor global da proposta, sob pena de desclassificação da proposta;
6.7.3.3. caso a licitante não concorde com a adequação dos preços unitários, nos
termos do item 6.7.3.2, a proposta será desclassificada.” (grifei)
20. Entendeu a Secob que o relatório técnico circunstanciado a que faz alusão o § 1º do art.
115 da LDO/2008 vincula-se aos custos dos materiais e serviços adotados no orçamento-base da
licitação e, por isso, deve ser elaborado e aprovado pela Administração antes da fase de abertura das
propostas.
21. A título de elucidar a questão, cumpre reproduzir inicialmente o teor do aludido dispositivo
legal:
“Art. 115. Os custos unitários de materiais e serviços de obras executadas com recursos
dos orçamentos da União não poderão ser superiores à mediana daqueles constantes do Sistema
Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil - Sinapi, mantido pela Caixa
Econômica Federal, que deverá disponibilizar tais informações na internet.
§ 1º Somente em condições especiais, devidamente justificadas em relatório técnico
circunstanciado, aprovado pela autoridade competente, poderão os respectivos custos
ultrapassar o limite fixado no caput deste artigo, sem prejuízo da avaliação dos órgãos de
controle interno e externo.
(...)” (grifei)
22. Como se percebe, intencionou o legislador ordinário instituir como limite dos custos
unitários contratados aqueles obtidos pelo cálculo das medianas do Sistema Nacional de Pesquisa de
Custos e Índices da Construção Civil – Sinapi, que nesse caso se confundem com os custos diretos,
sobre os quais incidirão as despesas decorrentes de Bonificação e Despesas Indiretas (BDI),
intrínsecas, vale mencionar, às necessidades operacionais e de rentabilidade de cada licitante.
23. Quando a Administração, em atenção ao art. 40, inciso X, da Lei nº 8.666/1993, estabelece
como critério de aceitabilidade máximo os preços unitários definidos em seu orçamento de referência,
pressupõe-se estar igualmente garantindo que os custos unitários da proposta vencedora estejam
compatíveis com os padrões do Sinapi, senão estaria incorrendo em inobservância ao comando padrão
das LDOs, evidenciado na transcrição retro.
24. Buscando disciplinar a matéria, esta Corte, por meio do Acórdão nº 644/2007-Plenário,
determinou à Infraero que limitasse os preços constantes do orçamento básico à mediana do Sinapi, no
caso de serviços e edificações, ou aos preços do Sicro, em se tratando de serviços de pavimentação,
terraplanagem ou drenagem, salvo justificativa técnica fundamentada. Conquanto a deliberação tenha
se referido a “preços”, em vez de “custos”, tal atecnia não prejudica a efetividade da determinação,
cujo cumprimento deve-se dar em observância conjunta ao dispositivos das LDOs, que têm feito
menção expressa a “custos unitários”, conforme demonstrado anteriormente.
25. Posteriormente, com o advento do Acórdão nº 807/2008-Plenário, exarado no TC-
014.150/2007-7 – representação formulada pelo MP/TCU versando sobre a falta de referenciais de
preços unitários em obras aeroportuárias –, este Colegiado acolheu as sugestões feitas pela Secob
“para o aprimoramento da base de preços da INFRAERO”, dentre as quais transcrevo a que retomou o
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exato entendimento sobre a necessidade de a estatal estabelecer como limite em seus orçamentos as
composições de custo unitários dos sistemas de referência Sicro e Sinapi, in verbis:
“a) Para os serviços previstos nos aeroportos que sejam comuns aos existentes em obras
de edificações e rodoviárias, adotem-se prioritariamente as composições de custos unitários já
aferidas e validadas dos sistema referenciais correntes, SICRO e SINAPI (banco nacional de
composições), com eventuais ajustes devidamente motivados. Quando indisponíveis nessas
fontes, faz-se necessário juntar aos autos, ainda na fase interna da licitação, as justificativas e
memoriais de cálculo que demonstrem a adequabilidade técnica dos custos adotados;”(grifei)
26. No caso em apreço, o fato de se exigir que as justificativas para preços superiores aos do
orçamento da entidade sejam apresentadas pelos licitantes em relatório técnico não exime os gestores
públicos do dever constitucional e legal (art. 2º da Lei nº 9.784/1999) de motivar seus atos, de modo
que continua obrigatória, no processo administrativo, a devida formalização da exposição de motivos
por parte da autoridade competente. Deve ser esse o entendimento a ser extraído do § 1º do art. 115 da
LDO/2008. A meu ver, esse raciocínio esclarece o receio da unidade técnica de ver a atuação da
Administração consubstanciada no simples ato de referendar ou não as razões apresentadas pelos
licitantes, hipótese que permitiria por via inversa burla à exigência da lei, em razão de se transferir ao
particular, quando se trata de dever da Administração, o ônus de justificar a adoção de custos unitários
acima dos padrões de referência. Assim, deve-se alertar a Infraero a respeito dessa questão.
27. Na mesma direção caminhou a Lei nº 11.768/2008 (Lei de Diretrizes Orçamentárias para o
exercício de 2009 – LDO/2009), senão vejamos:
“Art. 109. O custo global de obras e serviços executados com recursos dos orçamentos da
União será obtido a partir de custos unitários de insumos ou serviços iguais ou menores que a
mediana de seus correspondentes no Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da
Construção Civil (SINAPI), mantido e divulgado, na internet, pela Caixa Econômica Federal.
§ 1o Nos casos em que o SINAPI não oferecer custos unitários de insumos ou serviços,
poderão ser adotados aqueles disponíveis em tabela de referência formalmente aprovada por
órgão ou entidade da administração pública federal, incorporando-se às composições de custos
dessas tabelas, sempre que possível, os custos de insumos constantes do SINAPI.
§ 2o Somente em condições especiais, devidamente justificadas em relatório técnico
circunstanciado, elaborado por profissional habilitado e aprovado pela autoridade competente,
poderão os respectivos custos unitários exceder o limite fixado no caput deste artigo, sem
prejuízo da avaliação dos órgãos de controle interno e externo.
§ 3o O órgão ou a entidade que aprovar tabela de custos unitários, nos termos do § 1 o
deste artigo, deverá divulgá-los pela internet e encaminhá-los à Caixa Econômica Federal.”
28. Observo que não houve nenhuma alteração substancial dessa redação para a anterior, sem
prejuízo de destacar a inclusão da exigência de ser o relatório técnico “elaborado por profissional
habilitado”, no § 2º, a qual não modifica o entendimento anteriormente expendido, bastando apenas
que a Administração reserve menção expressa a essa exigência no edital.
29. Sem embargo, o fato de a aludida previsão editalícia permitir que a Infraero desclassifique
proposta cujos preços unitários não estejam amoldados ao orçamento-base não lhe dá o direito de
adotar critérios subjetivos que resultem na desclassificação de determinado licitante, por vezes
detentor de proposta de preço mais vantajosa, em detrimento de outros que apresentem propostas com
valores globais menos atrativos. Sobretudo, cabe à Administração observância ao princípio do
julgamento objetivo, consignado nos arts. 44 e 45 da Lei nº 8.666/1993, sem se descurar da busca pela
proposta mais vantajosa.
30. Por essas razões, não vislumbro ilegalidade na cláusula editalícia em exame, tampouco
potencial de dano ao erário. Não se pode perder de vista que a Infraero, no subitem 6.7.3.3 do edital,
preocupou-se em inserir previsão de desclassificação de licitante que se manifeste contra a adequação
de seus preços unitários aos padrões de referência, em caso de rejeição das justificativas apresentadas,
nos moldes do subitem 6.7.3.1.
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TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 19 de novembro de
2008.
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AUGUSTO NARDES
Relator
1. Processo nº TC-007.545/2008-7.
2. Grupo II; Classe de Assunto: V – Relatório de Levantamento de Auditoria.
3. Interessado: Congresso Nacional.
4. Entidade: Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária – Infraero.
5. Relator: Ministro Augusto Nardes.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade técnica: Secretaria de Fiscalização de Obras e Patrimônio da União – Secob.
8. Advogado constituído nos autos: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de relatório de levantamento de auditoria realizado no
objeto do Programa de Trabalho (PT) 26.781.0631.1M31.0035 – obras de construção de terminal de
passageiros, de pátio de aeronaves e de acesso viário no Aeroporto de Guarulhos, no Estado de São
Paulo –, no âmbito do Fiscalis Execução 2008,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. com fundamento no art. 250, inciso II, do Regimento Interno do TCU, determinar à Infraero
que:
9.1.1. abstenha-se de superdimensionar quantitativos de serviços em fase de licitação, sob o
pretexto de conferir ao orçamento de referência margem de segurança para eventuais distorções,
consoante falha relatada neste processo, porquanto se trata de ato incompatível com os princípios da
legalidade e da eficiência, ensejador de determinação à entidade para que proceda à sua anulação, bem
como de aplicação de multa aos responsáveis que lhe deram causa;
9.1.2. preliminarmente à licitação de lotes de obras e serviços de engenharia:
9.1.2.1. inclua nos editais sob sua alçada todos os elementos necessários ao completo
conhecimento do objeto por parte dos licitantes, a fim de possibilitar a elaboração de propostas
orçamentárias com o nível de precisão exigido pela Lei nº 8.666/1993, tais como projetos disponíveis,
laudos de sondagem, relatórios de ensaios geotécnicos, estudo de jazidas etc., atualizados;
9.1.2.2. finalize o projeto completo de todo o empreendimento, suficiente para a programação de
sua execução total e para a previsão do seu custo atual e final, além da determinação do seu prazo, em
conformidade com o art. 8º da Lei nº 8.666/1993;
9.1.2.3. identifique cada peça técnica (plantas, orçamento-base, composições de custos unitários,
cronograma físico-financeiro etc.) por meio das Anotações de Responsabilidade Técnica (ART) dos
responsáveis por sua autoria, e também com a identificação dos últimos revisores, em conformidade
com a Resolução CONFEA nº 425 (arts. 1º e 2º) e com o § 5º do art. 109 da LDO/2009 (Lei nº 11.768,
de 14 de agosto de 2008);
9.1.2.4. proceda à atualização/revisão dos projetos de engenharia porventura existentes, caso
necessário;
9.1.2.5. atente para as disposições do art. 30 da Lei nº 8.666/1993 acerca dos requisitos de
qualificação técnica dos licitantes, abstendo-se de exigir atestados que restrinjam o caráter competitivo
do certame, conforme se observou na Concorrência nº 8/DALC/SBGR/2008 com as exigências de
execução de serviços de pavimentação em aeroportos;
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9.1.2.6. para a perfeita harmonia de seus editais com as Leis de Diretrizes Orçamentárias (v.g.
art. 115 da LDO/2008 e art. 109 da LDO/2009), acrescente às cláusulas atinentes aos critérios de
aceitabilidade dos preços unitários texto versando sobre a exigência de que as eventuais justificativas
apresentadas pelos licitantes, em casos de propostas com preços unitários acima do orçamento de
referência, sejam feitas em duas partes, de modo a contemplar tanto o desbordamento dos custos
unitários (diretos) quanto o das taxas de Bonificação e Despesas Indiretas (BDI) em relação aos
respectivos valores estabelecidos no orçamento-base;
9.1.3. encaminhe a este Tribunal, diretamente à Secretaria de Fiscalização de Obras e Patrimônio
da União – Secob, o(s) edital(is) completo(s) do(s) certame(s) licitatório(s) referente(s) às Obras de
Ampliação, Reforma e Modernização do Aeroporto Internacional de Guarulhos/SP, imediatamente
após sua publicação, acompanhados do orçamento de referência e das composições de preços unitários
que o fundamentarem, bem como da respectiva minuta do contrato;
9.2. alertar à Infraero de que as razões eventualmente apresentadas por algum licitante para
justificar propostas contendo preços unitários acima dos adotados no orçamento da licitação – em
atenção à minuta de cláusula apresentada neste processo (fl. 18 – anexo 3) – devem ser elaboradas e
assinadas por profissional devidamente habilitado, consoante § 2º do art. 109 da LDO/2009,
procedimento que não exime os gestores públicos do dever constitucional e legal (art. 2º da Lei nº
9.784/1999) de motivar seus atos, sendo obrigatória, no processo administrativo, a devida formalização
da exposição de motivos por parte da autoridade competente, no sentido de aceitar ou não as
justificativas apresentadas, sob pena de responsabilização;
9.3. converter o presente processo em monitoramento, a fim de que a Secob verifique o
cumprimento das determinações contidas no subitem 9.1, quando da publicação dos futuros editais de
licitação relativos ao empreendimento em foco, nos termos do subitem 9.1.3;
9.4. encaminhar cópia deste Acórdão, juntamente com o Relatório e Voto que o acompanham, ao
Ministro da Defesa e à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso
Nacional;
9.5. informar à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso
Nacional que a revogação da Concorrência nº 8/DALC/SBGR/2008 permite a sua exclusão do rol das
fiscalizações classificadas como IG-P – que ensejam a paralisação do empreendimento – por meio do
Acórdão nº 2.140/2008-Plenário.
Fui presente:
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