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Curso – Mestrado em Ensino da Informática

Ano Letivo – 2021/2022

Unidade curricular – Sociologia Da Educação

Docente – Armando Paulo Ferreira Loureiro

A Problemática do
Insucesso Escolar
Janeiro de 2022

Grupo:

Ana Paula Vilela, nº 75288


Carina Moreira, nº 75055
Eleutério Mendonça, nº 75689
Resumo
Este estudo tem como objetivo analisar e compreender a problemática do insucesso
escolar. Analisar a problemática do insucesso escolar não é uma tarefa fácil, reveste-se
de alguma complexidade. Com a elaboração deste trabalho pretende-se oferecer
algumas pistas que possibilitem compreensão do fenómeno do insucesso escolar, nos
seus diferentes prismas de análise.
Numa primeira fase o estudo irá incidir no conceito do insucesso escolar, causas e
teorias sobre o fenómeno, bem como nos indicadores que podemos encontrar em
alunos com insucesso.
Numa segunda fase procura-se analisar as teorias explicativas do insucesso, e por fim
encontrar algumas soluções para minimizar e combater esta problemática.

ÍNDICE

1
INTRODUÇÃO 1
2.1 ETIMOLOGIA DO CONCEITO DE INSUCESSO ESCOLAR 2
2.2 DEFINIR INSUCESSO ESCOLAR 3
2.3.1 INTERPRETAÇÃO CENTRADA NO ALUNO 6
2.3.2 INTERPRETAÇÃO CENTRADA NO PROFESSOR/ESCOLA 6
2.3.3 INTERPRETAÇÃO CENTRADA NA FAMÍLIA 7
2.3.4 INTERPRETAÇÃO CENTRADA NA SOCIEDADE 8
2.4.1 INDICADORES INTERNOS 8
2.4.2 INDICADORES EXTERNOS 9
2.5 COMPORTAMENTOS DOS ALUNOS COM INSUCESSO ESCOLAR 10
3. CAUSAS E TEORIAS DO INSUCESSO ESCOLAR 12
3.1 CAUSAS E FACTORES DO INSUCESSO ESCOLAR 12
3.1.2 FAMÍLIA 13
3.1.3 PROFESSOR 15
3.1.4 ESCOLA 16
3.1.5 CURRÍCULO 18
3.1.6 SISTEMA EDUCATIVO 19
3.1.7 SOCIEDADE 19
3.2 TEORIAS EXPLICATIVAS DO INSUCESSO 20
3.2.1 TEORIA DOS DONS 20
3.2.2 TEORIA DO HANDICAP SOCIOCULTURAL 21
3.1.3 TEORIA SOCIOINSTITUCIONAL 22
4. PREVENIR/COMBATER O INSUCESSO ESCOLAR 24
5. CONCLUSÃO 28
6. BIBLIOGRAFIA 29
INTRODUÇÃO
Atualmente, embora a educação se tenha assumido como um direito de todos os
cidadãos, não se efetivou como uma verdadeira “educação de massas” e
paradoxalmente ocorreu uma “massificação do ensino”, que fez expandir
quantitativamente o insucesso escolar.
De salientar, que esta problemática, considerada por alguns como intrínseca a um
ensino seletivo, legítima que se equacione se no insucesso escolar está em causa
apenas o aluno ou também a estrutura da instituição escolar.
Com a escolaridade obrigatória até ao 12.º ano, esta problemática não tem conseguido
efetivar o sucesso de todos os indivíduos em idade própria para a sua frequência, facto
que nos permite equacionar, se do lado da oferta existe uma rede insuficiente ou
inadequada e/ou se do lado da procura existem carências familiares e individuais de
natureza económica, psicológica, social ou outra, que inviabilizam o sucesso durante a
escolaridade obrigatória.
Falar do insucesso escolar é pôr em causa uma série de intervenientes que se
encontram na escola ou à sua volta, falamos, dos alunos, dos professores, do ambiente
que os rodeia, da instituição em si, falamos de toda a sociedade. A culpa do insucesso
é um fracasso de toda a comunidade escolar e não de uma classe em particular. O
sistema terá de ser capaz de motivar e promover o sucesso dos alunos.
Deste modo, o insucesso escolar, com todos os efeitos negativos que produz,
apresenta-se também como um instrumento de exclusão social, penalizando aqueles
que possuem uma qualificação insuficiente, através do seu afastamento do mundo do
trabalho e das profissões bem remuneradas, o que constitui, simultaneamente, uma
exclusão dos direitos sociais que lhe estão associados. A este propósito, Dubet (1996)
refere que “um jovem à deriva, mais do que um simples desempregado, é alguém que
se destrói a si próprio, já que o mundo em que vive se encontra (…) em processo de
desintegração.”
A escolha deste tema fundamenta a atualidade da problemática do insucesso escolar,
uma vez que todas as sociedades desenvolvidas se preocupam com a melhoria dos
níveis de instrução das suas populações e se empenham em implementar políticas que
visam o prolongamento da permanência dos indivíduos na escola, numa perspetiva de

1
sucesso escolar que pressupõe a aquisição dos saberes e competências mais
adequados para as realidades económicas e sociais do futuro.

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2. A PROBLEMÁTICA DO INSUCESSO ESCOLAR

2.1 ETIMOLOGIA DO CONCEITO DE INSUCESSO ESCOLAR


A palavra insucesso vem do latim insucessu(m), o que significa “Malogro; mau êxito;
falta de sucesso que se desejava” ou ainda “mau resultado, mau êxito, falta de êxito,
desastre, fracasso”. (Costa e Melo, 1989). É habitualmente referenciada por analogia
ao termo sucesso, que advém do latim sucessu(m), o qual assume, entre outros, os
seguintes significados: "o bom êxito, conclusão” (Fontinha, s.d) ou “chegada,
resultado, triunfo” (Machado, 1977).

Não podemos deixar de constatar, que os termos sucesso e insucesso detêm


significados que se opõem aos conceitos de bom e mau que lhes estão subjacentes. A
pesquisa dos termos bom e mau no Dicionário de Língua Portuguesa de Costa e Melo,
encontramos “bom: (…) que tem bondade; virtuoso; nobre; seguro (…)” e “mau: (…)
que não tem bons instintos; que exprime maldade; malvado; perverso (…)”.

Na sequência do exposto, se em termos estritos efetuarmos uma correlação entre os


termos bom/sucesso e mau/insucesso, verificamos que os sinónimos evocam sempre
atributos pessoais, positivos ou negativos.

Esta opinião é partilhada por Silva no seu estudo conjunto, onde a pesquisa do termo
fracasso se refere a desastre, ruína, perda, mau êxito, malogro; enquanto sucesso se
refere a bom êxito é resultado feliz. Segundo estes autores, estas definições conduzem
à depreensão de que é o aluno quem na sua trajetória escolar, obtém sucesso ou
fracassa, razão pela qual os termos sucesso e fracasso se referem tradicionalmente, ao
resultado positivo ou negativo obtido pelos alunos e que se expressa pela aprovação
ou reprovação no final do ano letivo.

Uma vez que em Portugal não existe uma unidade semântica na definição de insucesso
escolar, torna-se pertinente referir a análise semântica efetuada por Benavente, que a
partir de diversos estudos reuniu para esta designação vários termos, nomeadamente:
reprovações, atrasos, repetência, abandono, desperdício, desadaptação, desinteresse,
desmotivação, alienação e fracasso. Além destes termos, acrescentou também as
expressões: mau aproveitamento, mau rendimento, e mau rendimento escolar. Face a
estas terminologias, não podemos deixar de referir Rovira, quando este salienta que o
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termo insucesso escolar “parece aludir a um déficit pessoal que está muito longe de
ser a causa principal da maior parte do chamado fracasso escolar”.

Na sequência do manifestado, concluímos que a explicitação do conceito de insucesso


escolar, pelo facto de auferir diferentes atribuições, constitui um fator impeditivo de
unanimidade semântica. Devido a esta ausência de uniformidade conceitual,
considerámos oportuno salientar alguns autores que explicitam o conceito de
insucesso escolar assim como a génese deste fenómeno.

2.2 DEFINIR INSUCESSO ESCOLAR


O conceito de insucesso escolar é recente na História da Educação da Sociedade
Ocidental e surge associado à implementação da obrigatoriedade escolar, decorrente
das exigências da Sociedade Industrial.

Definir insucesso escolar apresenta-se complexo, visto que além deste conceito
encerrar uma multiplicidade de entendimentos, o seu estudo apresenta uma enorme
polissemia, notória nas tentativas efetuadas pelas diferentes áreas disciplinares para a
sua compreensão e definição.

Para Fernandes (1991, p. 196), a definição oficial do insucesso escolar, advém do


regime anual de passagem/reprovação dos alunos, inerente à estrutura de avaliação
característica do sistema de ensino.

Para Benavente (1976), a questão do insucesso escolar pressupõe a coexistência de


inúmeros fatores que incluem as políticas educativas, as questões de aprendizagem, os
conteúdos e mesmo a relação pedagógica que se estabelece. Contudo, a ênfase reside
nas contradições que os alunos são incapazes de resolver, nomeadamente

i) entre a escola e a realidade em que vivem;


ii) entre as aprendizagens exigidas pela escola e as que fazem na família e no meio
social;
iii) entre as aspirações, normas e valores da família e as exigidas pela escola;

Ainda para Benavente (1999, p. 1-40), a questão do insucesso escolar é quantificável,


uma vez que nos é possível saber em determinado ano ou período as reprovações
existentes.

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Segundo Alves (2010), o insucesso escolar consiste na “dificuldade de aprendizagem,
reprovações, atrasos, etc.” e, na maioria dos casos, "as crianças que têm mais
dificuldades pertencem a famílias de grupos sociais desfavorecidos do ponto de vista
económico e cultural”.

De acordo com Roazzi & Almeida (1988, p. 53-55), o insucesso “…traduz geralmente
para os professores a falta de bases, de motivação ou de capacidades dos alunos ou,
ainda, o disfuncionamento das estruturas educativas, familiares e sociais.

Para Alves (2010), nota-se uma nova perspetiva na sua definição do conceito: "a
questão do insucesso escolar pressupõe a coexistência de inúmeros fatores que
incluem as políticas educativas, as questões de aprendizagem, os conteúdos e mesmo
a relação pedagógica que se estabelece.”

Deste modo, ao observarmos os dados sobre o insucesso escolar provenientes da


Eurydice (2000), constatamos que não é utilizado apenas um indicador para este
fenómeno, mas vários indicadores, tais como os exames, as reprovações, os
abandonos da escolaridade e os atrasos.

Já a definição ditada pelo Ministério da Educação (1992) à Unidade Europeia da rede


Eurydice refere que, em Portugal, entende-se o insucesso escolar como a incapacidade
que o aluno revela em atingir os objetivos globais definidos para cada ciclo de estudos.

Segundo Cortesão e Torres (1981), é fácil dizer que os alunos não estudam, que vêm
mal preparados ou que não se interessam. Por seu turno, uma vez que ninguém
assume a culpa, o discurso mais comum é o do professor universitário que culpa o do
secundário, enquanto este culpa os dos níveis anteriores. Assim, os professores do
primeiro ciclo culpam os programas, as novas metodologias, a falta de inteligência dos
alunos, ou atribuem a culpa aos pais que definem como “pouco cultos”.

Em diversos países, o uso do termo insucesso escolar é usado com prudência,


porquanto se acha que logrará causar consequências desaconselhadas, em virtude de
fomentar o decrescimento da reputação das escolas, o moral dos professores ou a
autoestima dos alunos (Kovacs, 1998).

A diversidade de opiniões sobre o conceito do insucesso escolar patentes neste estudo


só por si é motivo de reflexão. Seja qual for a opinião e o conceito que se tenha em

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consideração o que é realmente importante e debruçarmos-mos sobre as razões do
insucesso no sentido de que no futuro consigamos formas que nos ajudem a minimizar
cada vez mais as taxas de insucesso existentes.

2.3 INTERPRETAR O INSUCESSO ESCOLAR

É verdade que o insucesso escolar não corresponde automaticamente a insucesso na


vida, e às vezes, paradoxalmente, pode até funcionar como rampa de lançamento para
o sucesso profissional. Mas na maior parte dos casos, o fracasso escolar significa
fracasso pessoal e social. Daí a necessidade de lutar com todos os meios e a todos os
níveis contra este flagelo social, acreditando sempre que este não é uma fatalidade
(Barros e Barros, 1996).

Falar do Insucesso escolar é pôr em causa não apenas o aluno, mas professores, pais, o
ambiente que rodeia o aluno e a instituição em si, os responsáveis pela educação
nacional, e enfim toda a sociedade. Daí a complexidade do problema não poder ser
interpretado parcialmente, mas sim de uma forma holística (todo), considerando todos
os fatores pessoais, interpessoais e institucionais, embora conforme as circunstâncias,
alguns possam ser predominantes. (Abreu et al., 1988).

Em tempos, o “culpado” do insucesso escolar era essencialmente o aluno, que era


apodado de “preguiçoso”, “distraído”, “desinteressado”, etc.

Posteriormente acusou-se principalmente a escola, que não reunia condições


necessárias a uma boa aprendizagem, e ainda os professores que não se empenhavam
ou não estavam suficientemente preparados.

Assistiu-se depois uma onda de interpretação predominantemente “socializante” ou


política do fracasso escolar, apontando-se o dedo às condições degradadas do meio
socioeconómico da família do aluno ou às deficiências do sistema educativo em geral.

Conforme as diversas correntes da psicologia e os diversos autores, são apresentadas


múltiplas interpretações do insucesso escolar. Há interpretações essencialmente
psicanalíticas, cognitivistas, psicossociais, neurobiológicas etc.

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2.3.1 INTERPRETAÇÃO CENTRADA NO ALUNO
O aluno é o centro do sistema escolar, tudo deve estar em função dele e não dos
professores. Este não é uma abstração, mas uma pessoa concreta, com o seu código
genético e hereditário, o seu meio físico e social, sua família e mais em particular o
ambiente em geral da escola, turma, professor e colegas etc.

Isto significa que ele é uma entidade em si, única e personalizada, mas também
intimamente ligada dependente do micro, meso e macro sistema.

Apesar dessa dependência ele não perde fundamentalmente a sua individualidade,


liberdade e consequentemente responsabilidade à medida que vai crescendo.

Ele não é apenas uma “vítima” do sistema, um “coitadinho”, mas deve ser o primeiro
responsável pelo insucesso, salvo em casos extremos do ponto de vista psíquico.

Embora se deva considerar sempre o fator idade, supondo-se que à medida que vai
crescendo, vai assumindo maiores responsabilidades, sempre em interação com a
família e a escola. Sendo assim tanto é injusto culpar unicamente o aluno como é
antipedagógico de culpabilizá-lo quase totalmente como acontece atualmente.

É verdade que o aspeto genético constitucional é determinante para o sucesso ou


fracasso influenciando a constituição neurológica. Mais diretamente o rendimento
escolar está dependente da capacidade de perceção e atenção do aluno das suas
potencialidades linguísticas.

Da sua inteligência nos diversos fatores (particularmente da memória com as suas


diferentes funções) tanto mais importantes que os fatores neurofisiológicos ou
orgânicos e os fatores afetivo – motivacionais e personológicos.

2.3.2 INTERPRETAÇÃO CENTRADA NO PROFESSOR/ESCOLA


A escola não é só o professor embora este tenha um papel decisivo sem, contudo,
menosprezar o papel das outras variáveis, como a relação grupal da turma. Ao
contrário do que se pensa, os sistemas educativos seletivos favorecem mais os alunos
das classes mais desfavorecidas.

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O aumento do número de horas de ensino não melhora necessariamente a
aprendizagem de determinada disciplina. Quanto ao professor, é incontestável a sua
importância decisiva, dependendo não apenas daquilo que sabe (competência
científica) e sabe ensinar (formação pedagógica e didática, mas ainda do que saber ser
(atitudes e valores).

Por outras palavras, o professor vale mais por aquilo que é do que por aquilo que faz.
O clima afetivo da aula é sumamente importante para a motivação e aprendizagem
dos alunos e é criado em grande parte pelo docente. Outro aspeto importante é a sua
capacidade de controle da ordem ou da disciplina, sem a qual é difícil um clima
propício para a aprendizagem.

2.3.3 INTERPRETAÇÃO CENTRADA NA FAMÍLIA


A família está quase sempre presente em todos os momentos da criança, ela constitui
um fator importantíssimo para o desenvolvimento harmonioso da criança e, mais em
particular, para o seu rendimento escolar. A família é um complexo muito vasto e
intrincado de interações entre pais e filhos e entre o próprio casal.

Estas mútuas relações a nível consciente e inconsciente, são muito importantes para o
desenvolvimento do rendimento da criança do que o seu estatuto sociocultural,
embora este influencie em grande parte a qualidade afetiva da família.

Quando se estuda o impacto das variáveis familiares sobre o sucesso escolar, o


comportamento e atitudes parentais aparecem mais ligadas aos resultados escolares
que as variáveis “objetivas” ou o estatuto social.

É incontestável a influência da família, e em particular dos pais, no rendimento escolar


dos filhos, através das múltiplas relações afetivas que criam o “clima familiar” e dos
estilos educativos parentais variáveis.

Resumindo algumas variáveis familiares com influência no sucesso escolar dos filhos:
expectativas dos pais quanto ao futuro intelectual dos filhos (nível de aspiração),
interesse (participação) nos seus trabalhos escolares, contacto com a escola e os
professores, ambiente afetivo familiar (harmonia ou desarmonia), estilos educativos
parentais, presença ou ausência dos pais no lar, número de filhos, saúde física ou

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mental do casal, nível sócio económico e cultural (profissão dos pais, famílias mais ou
menos “anormais”).

2.3.4 INTERPRETAÇÃO CENTRADA NA SOCIEDADE


A família constitui a micro-sociedade envolvente do aluno, e a escola a meso-
sociedade. Mas existem outros sistemas sociais mais ou menos próximos do aluno, da
família e da escola, como o grupo de colegas fora da escola, as diversas instituições
socioculturais e recreativas.

Segue-se a macro sociedade em geral, onde se situam também os sistemas políticos e


mais em particular o Ministério da Educação e as instituições responsáveis pelos
programas educativos. Tudo isto interfere direta ou indiretamente, com a
aprendizagem e com o rendimento escolar.

2.4 INDICADORES DE INSUCESSO ESCOLAR


Os principais indicadores do insucesso escolar são as más notas nas disciplinas
(negativas) e a repetição de ano(s) de escolaridade, designadamente de retenção
(Avanzini 1982).

Além da repetência e do abandono, são indicadores de insucesso escolar, tudo o que é


revelador do mal-estar da criança, do adolescente ou do jovem na instituição escolar,
bem como o facto de, terminada a escolaridade, não se desencadear a capacidade de
mobilização dos conhecimentos adquiridos, a curiosidade ou o desejo de conquista de
maior cultura. (Alexandre, 1999).

Segundo este mesmo autor podemos dividir os indicadores em dois tipos, conforme se
localizem intrinsecamente ou extrinsecamente em relação ao aluno.

2.4.1 INDICADORES INTERNOS


● A repetência: inexistência em grande parte dos países europeus. Mesmo
naqueles em que se utiliza, sob diferentes modalidades, como processo de
recuperação, é vista como um mal necessário e, sobretudo, como um indicador
de insucesso;

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● Os resultados dos exames: se a tendência é a de reduzir a frequência de
exames dentro da escolaridade obrigatória, nalguns países é o exame que
permite a obtenção de um diploma e/ou o prosseguimento de estudos;
● Distribuição dos alunos por diversas vias: que tem por base as diferenças de
nível entre os alunos;
● O atraso escolar: correlação entre a idade do aluno e o ano de estudo que
frequenta;
● O absentismo: quando resultante do desagrado pela escola;
● O abandono: que frequentemente traduz a rejeição da escola por parte de
quem se sente excluída por ela;
● O sentimento pessoal: a autoimagem de insucesso que o quotidiano escolar vai
ajudando a construir e que muitas vezes precede qualquer dos indicadores
antes referidos.

2.4.2 INDICADORES EXTERNOS


● A distribuição dos alunos pelos cursos pós-escolaridade obrigatória, fenómeno
semelhante ao que se verifica quanto às vias paralelas na escolaridade
obrigatória. O acesso a determinados cursos é condicionado pelos resultados
anteriormente obtidos e mesmo a preferência por uma via profissionalizante é
vista como sinal de insucesso.
● Dificuldades de inserção na vida ativa, que podem também traduzir o
desajustamento da preparação proporcionada pelas escolas às exigências do
mundo do trabalho.
● Desemprego dos jovens que, embora utilizado como indicador de acesso, não
deixa de também significar falta de emprego e inadequação das formações às
necessidades do mercado de trabalho.
● O trabalho precoce dos jovens. Com diferentes razões consoante o contexto
social, e, ao mesmo tempo causa e indicador de insucesso.
● Analfabetismo, iletrismo. De salientar o aumento da frequência do fenómeno
do iletrismo em países com elevados níveis de desenvolvimento.

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● A delinquência, o abuso de drogas. São indicadores que nos conduzem à
tomada de medidas no sentido de permitir o desenvolvimento de escolaridade
obrigatória num clima de serenidade.

Para além destes indicadores existem, como já referimos, outros de outro tipo.
Referimo-nos a alguns sintomas e comportamentos que são indicadores da existência
do problema que é o insucesso escolar.

Segundo Alexandre (1999), existem dois tipos de sintomas de insucesso escolar:


sintomas de indicadores positivos e indicadores negativos. Regra geral, os sintomas
são indicadores de que estamos perante uma situação passageira, quando o aluno
revela sofrimento e desgosto pelo seu fraco rendimento escolar, quando apresenta
sintomas depressivos, mas tenta resolver ativamente o problema, procurando ajuda e
mostra-se com vontade de melhorar. Também é um indicador positivo o facto de
haver alternâncias no seu rendimento, pequenas melhorias seguidas de recaídas, o
que significa que o sintoma não está estruturado rigidamente.

Por outro lado, existem os indicadores negativos, que são aqueles que são
permanentes, quando para encobrir o seu fraco rendimento escolar, o aluno não
expressa sofrimento e desgosto, procura justificações e desculpas, geralmente não
adequadas à realidade. Parece não ter consciência das suas dificuldades, não saber
que atividades, trabalhos e tarefas têm que realizar. Não procura ajuda e soluções, e
quando elas existem, não as aceita, reagindo negativamente a elas. Para concluir não
se notam indícios de melhoria, pelo contrário, enfrenta-se uma situação permanente
com ligeiras variações.

2.5 COMPORTAMENTOS DOS ALUNOS COM INSUCESSO ESCOLAR


Segundo Muñiz (1982), com base nos estudos de Munsterberg (1976), as crianças que
têm graves dificuldades de aprendizagem revelam alguns dos seguintes tipos de
comportamento e, geralmente, dois ou três em simultâneo.

a) Desassossego: hiperatividade, distração.

b) Pouca tolerância à frustração: incapacidade de aceitar um insucesso ou uma


crítica, hipersensibilidade.

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c) Irritabilidade: pouco controle interior, impulsividade, birras.

d) Ansiedade: tensão, constrangimento.

e) Retraimento: passividade, apatia, depressão.

f) Agressividade: comportamento destrutivo, murros, mordidelas, pontapés. g)


Procura constante de atenção: absorvente, controlador, impertinente. h)
Rebeldia: desafio à autoridade, falta de cooperação.

i) Distúrbios somáticos: gestos nervosos, dores de cabeça, dores de estômago,


tiques, chupar o dedo, tamborilar com os dedos, bater com os pés, puxar ou
enrolar o cabelo.

j) Comportamento esquizoide: passar despercebido, falar sozinho, contacto


com a realidade desorganizado e fraco, comportamento estranho.

k) Comportamento delinquente: roubar, provocar incêndios.

l) Autismo: incapacidade de relacionar-se com os outros, inconformidade em


último grau, procura da satisfação dos impulsos interiores chegando mesmo à
rejeição do mundo exterior, inflexibilidade extrema, inadaptação, incapacidade
de aprender pela experiência, falta de afeto, incapacidade de comunicar
verbalmente.

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3. CAUSAS E TEORIAS DO INSUCESSO ESCOLAR

3.1 CAUSAS E FACTORES DO INSUCESSO ESCOLAR

A procura de explicações para a problemática do insucesso escolar tem sido uma


preocupação constante ao longo das últimas décadas.

As causas do insucesso escolar variam de acordo com a evolução do sistema de ensino


e com as diferentes posturas teóricas que têm estudado esta problemática (Parchão e
Martins, s.d.).

É certo que o insucesso escolar não é uma desgraça e que as crianças não estão
destinadas a ser boas ou más alunas, tudo depende da conjugação dos vários fatores:
característica da própria criança, funcionamento da escola e da sua interação com o
meio social. Portanto, é na relação entre estas realidades que deveremos procurar e
clarificar os fatores de insucesso e as suas causas explicativas (Sil, 2004). Existem várias
pesquisas feitas na tentativa de explicar as causas do insucesso escolar.

Para Benavente (1990), os professores associam principalmente como causas do


insucesso escolar causas de ordem individual dos alunos e de ordem sócio familiar,
surgindo num segundo plano as causas associadas à escola. Ou seja, os professores
sentem que a sua prática pedagógica é exterior aos resultados escolares dos seus
alunos, uma vez que as causas que associam à escola remetem para fatores de
organização e de funcionamento da instituição.

Quando procuramos “culpados” para o insucesso dos alunos por norma segundo
podemos analisar sobre diferentes prismas: ao nível do aluno, dos programas ou do
professor Roazzi & Almeida (1998).

De acordo com estudos realizados por vários autores, as causas do insucesso escolar
são múltiplas e por vezes contraditórias, mas quase todas se relacionam com fatores
ligados ao próprio aluno, ao nível socioeconómico e cultural da sua família, à escola
enquanto instituição e aos elementos que nela trabalham, designadamente o
professor.

Carlos Fontes (s.d.), apresenta algumas causas arrumadas em função dos seus agentes.

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3.1.1 ALUNO
 Falta de vocação. Uma das causas mais frequentes para o desinteresse,
desmotivação e indisciplina dos alunos está nas opções de um dado curso.
Quando confrontados com o manifesto insucesso escolar no mesmo, muitos
são os que insistem em prosseguir na mesma área vocacional pelos mais
variados motivos (amigos, fuga a disciplinas consideradas difíceis, etc.).
 Atrasos do desenvolvimento cognitivo. As escalas psicométricas de inteligência
têm sido apontadas como um bom indicador para identificar essas causas
individuais de insucesso escolar. O problema é que a grande maioria dos alunos
que falham nos resultados escolares, têm um desenvolvimento normal. Há que
não abusar desta explicação.
 A instabilidade característica na adolescência, consta entre as muitas causas
individuais do insucesso. Esta conduz muitas vezes o aluno a rejeitar a escola, a
desinvestir no estudo das matérias, e frequentemente à indisciplina.
 Estilos de vida. Dificuldade em compatibilizar as exigências escolares, com as
mais diversas solicitações (saídas noturnas frequentes, jogos de computador
absorventes, desportos, etc), provocando hábitos pouco regrados de vida. O
aluno passa a encarar as atividades escolares como pouco estimulantes,
trabalhosas e rotineiras.

3.1.2 FAMÍLIA
 Pais autoritários, conflitos familiares, divórcios litigiosos, fazem parte de um
extenso rol de causas que podem levar a que o aluno se sinta rejeitado, e
comece a desinteressar-se pelo seu percurso escolar, adotando um
comportamento indisciplinado.
 O ciúme e a vingança dos pais contribuem também para fazer estragos nos
resultados escolares dos alunos. Muitas vezes com medo que os filhos lhes
deixem de manifestar afeto, trocando-os pela escola ou os professores, adotam
atitudes que contribuem para os afastar dos estudos. Outras vezes, fazem-no

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para se vingarem de não lhes terem sido proporcionado também na infância as
mesmas oportunidades.
 A origem social dos alunos tem sido a causa mais usada para justificar os piores
resultados, sobretudo quando são obtidos por alunos originários de famílias de
baixos recursos económicos, onde aliás se encontra a maior percentagem de
insucessos escolares. Os sociólogos construíram a partir desta relação causa-
efeito uma verdadeira panóplia determinante social que permitem explicar
quase tudo:
a) Nas famílias desfavorecidas, por exemplo, os pais tendem a ser mais
autoritários, desenvolvendo nos filhos normas rígidas de obediência
sem discussão. Ora, quando estes chegam à adolescência revelam-
se pior preparados para enfrentarem as crises de identidade-
identificação, na afirmação da sua independência. A sua
instabilidade emocional torna-se mais profunda, traduzindo a
ausência de modelos e valores estáveis, levando-os a desinvestir na
escola;
b) Os alunos oriundos destas famílias raramente são motivados pelos
pais para prosseguirem os seus estudos; pelo contrário, ao mais
pequeno insucesso, estes colocam logo a questão da saída da
escola, o que explica as mais elevadas taxas de abandono por parte
destes alunos;
c) A linguagem que estes alunos são obrigados a utilizar nos níveis
mais elevados de ensino, sendo cada vez mais afastada da que
utilizavam no seu meio familiar, aumenta-lhes progressivamente as
suas dificuldades de compreensão e integração, levando-os a
desinteressarem-se pela escola. Para prosseguirem nos estudos são
obrigados a renunciarem à linguagem utilizada no seio familiar;
d) Os valores culturais destas famílias são, segundo alguns sociólogos,
opostos aos que a escola propõe e supõe (mérito individual, espírito
de competição, etc). Perante este confronto de valores, os alunos
que são oriundos destas famílias estão por isso pior preparados para
os partilharem. O resultado é não se identificarem com a escola.

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Nesta linha de ideias, Holligshead (s.d.), afirmou que os mais
desfavorecidos se norteiam por objetivos a curto prazo (o presente),
o que estaria em contradição com os objetivos visados pela
educação (a longo prazo). Esta diferença de objetivos (e valores)
acaba por os conduzir a um menor investimento escolar.
 A demissão dos pais da educação dos filhos, é hoje uma das causas mais
referidas. Envolvidos por inúmeras solicitações quotidianas, muitas vezes nem
tempo tem para si próprios, quanto mais para se dedicarem à educação dos
filhos. Quando se dirigem às mesmas, raramente é para colaborarem, quase
colocam-se na atitude de meros compradores de serviços, exigindo eficiência e
poucos incómodos na sua prestação.

3.1.3 PROFESSOR

 Métodos de ensino, recursos didáticos, técnicas de comunicação inadequadas


às características da turma ou de cada aluno, fazem parte igualmente de um
vasto leque de causas que podem conduzir a uma deficiente relação
pedagógica e influencia negativamente os resultados.
 A gestão da disciplina na sala de aula, é outro fator que condiciona bastante o
rendimento escolar dos alunos. Mas estamos longe de poder afirmar que uma
aula completamente disciplinada, seja aquela onde o insucesso escolar
desapareça.
 Os professores no início do ano criam expectativas positivas ou negativas sobre
os alunos que acabam por influenciar o seu desempenho escolar. Embora não
sejam os professores a inventar os bons e os maus alunos, as investigações de
Rosenthal e Jacobson (1968), demonstraram que os preconceitos destes são
muitas vezes inconscientes, prejudicando muitas vezes os alunos sem que os
professores se apercebam.
 Existe na cabeça da maioria dos professores, um padrão de avaliação que tende
a coincidir com uma curva normal. Assim, na avaliação que produzem, partem
em geral do pressuposto que apenas alguns são bons, a maioria são médios, e
proporcionalmente ao número dos primeiros, existem uns quantos que são
mesmo maus e tem que ser eliminados.

16
 A avaliação, conforme demonstram inúmeros estudos, nunca é absoluta, pelo
contrário varia em função de uma multiplicidade de fatores. As modas
pedagógicas, o contexto escolar, os métodos de avaliação, as disciplinas, os
professores, os critérios utilizados, o modo como estes são interpretados, etc.
Em resumo: a avaliação dá também um forte contributo para o insucesso
escolar.
 A dificuldade dos professores em lidarem com fenómenos de transferência,
conduz por vezes a situações com graves reflexos no aproveitamento dos
alunos. O docente ao ser identificado com o pai (mãe) que o aluno se deseja
afastar, torna-se no alvo contra o qual o aluno dirige toda a sua agressividade,
gerando deste modo permanentes conflitos na sala de aula, conduzindo-o ao
insucesso.

3.1.4 ESCOLA
A organização escolar pode contribuir de diferentes formas para o insucesso dos
alunos.

 O estilo de liderança do diretor, presidente do conselho executivo, etc. A


questão não é displicente, nem mesmo nas nossas escolas burocratizadas e
muito dependentes do Ministério. Todos conhecemos diretores ou presidentes
que quase sempre conviveram com excelentes resultados nas escolas por onde
passaram, e outros que parecem atrair problemas ou maus resultados
coletivos.

 Expectativas baixas dos professores e dos alunos em relação à escola. Nas


escolas onde isto acontece os resultados tenderão a confirmar o que todos
afinal estão à espera.

 Clima de irresponsabilidade e de falta de trabalho. Os exemplos abundam para


que esta afirmação carece de grandes justificações.

 Objetivos não partilhados. Se só alguns conhecem os objetivos prosseguidos


pela escola, ninguém pode se identificar com ela. Não tarda que alguns se
sintam como corpos estranhos, contribuindo para a sua desagregação
enquanto organização, provocando a desmotivação generalizada.
17
 Falta de avaliação. Ninguém sabe o que anda a fazer, numa organização que
sistematicamente não avalia os seus resultados em função dos objetivos que
definiu, e muito menos se não procura identificar as causas dos seus
problemas. O clima de irresponsabilidade não tarda a instalar-se e com ele os
maus resultados.

 A deficiente orientação vocacional que muitos alunos revelam no ensino pós-


obrigatório, é agravada pela ausência nas escolas de serviços de informação e
orientação adequados. Quem pode negar a pertinência desta causa?

 O elevado número de alunos por escola e turma, tendem igualmente não


apenas a provocar o aumento dos conflitos, mas sobretudo a diminuir o
rendimento individual.

 A organização de turmas demasiado heterogéneas, não apenas dificulta a


gestão da aula pelo professor, mas também a sua coesão do grupo, traduzindo-
se no incremento de conflitos internos. Tudo somado, temos mais uma causa
para o insucesso.

 O clima escolar, isto é, a qualidade do meio interno que se vive numa


organização, é consensual que influencia bastante o comportamento dos seus
membros contribuindo para o seu sucesso ou fracasso. O problema é que o
clima escolar resulta de uma enorme variedade de fatores, sobretudo dos que
são de natureza imaterial como as atitudes, esperanças, valores, preconceitos
dos professores e alunos, o tipo de gestão etc., e não tanto do ambiente físico
(instalações, localização da escola, etc.). O problema é identificar quais são as
causas determinantes para um mau clima escolar. Uma coisa é certa, os alunos
que trabalham num bom clima tendem a obter melhores resultados que os
restantes.

 A cultura organizacional, sucedânea no plano teórico do conceito de clima


escolar, tem obviamente a sua cota parte no insucesso escolar. O problema é
que desde os anos 60 que não param de se identificar novos tipos de culturas
escolares.

18
No início apenas se diferenciou as culturas das escolas urbanas(antigas) e das
suburbanas (recentes). Concluiu-se então que nas primeiras a questão da disciplina
sobrepunha-se à preocupação com os resultados. As relações professor-aluno eram
marcadas pela dureza, formalismo, etc. Nas segundas, talvez porque as instalações são
mais recentes, e o corpo docente mais novo, respirava-se um certo ar de
descontração, o que conduzia a que os resultados escolares fossem postos em
primeiro lugar face aos problemas disciplinares.

A partir deste modelo, começaram a ser construídos outros, entendidos como mais
adequados para explicarem a diversidade das realidades escolares. Hoje temos
modelos para todas as perspetivas ideológicas. Centrado nas escolas portuguesas, Rui
Gomes, identificou, por exemplo, quatro grandes modelos culturais:

a) Na escola cívica, onde tudo está subordinado aos diplomas oficiais, não há lugar
para as diferenças individuais, muito menos para a inovação pedagógica, o que
conta são os regulamentos, as ordens dimanadas do Estado. Nesta escola, os
que podem ter êxito são os mais obedientes, dóceis, ou seja, os que
continuamente se anulam a si mesmos, na sua individualidade e nas suas
aspirações.

b) Na escola doméstica, o estatuto de cada um depende da sua posição numa


hierarquia definida por uma rede de dependências pessoais. Os laços pessoais,
a importância relativa do grupo de pertença, a antiguidade no território, estes
são os únicos dados que contam para se ter êxito ou não.

c) Na escola industrial e de mercado levasse a sério os grandes desafios da atual


sociedade, privilegiando-se valores como "competência", "especialização" e
"capacidade de inovação". Estamos perante uma escola tecnocrática, apostada
em responder de forma adequada às crescentes exigências do mercado. Os
menos aptos, ou os que possuem ritmos de aprendizagem mais lentos são
naturalmente sacrificados em nome das exigências impostas pela
competitividade.

d) A escola narcísica está sobretudo interessada na imagem de si a partir do reflexo


que produz nos outros. Trata-se de uma escola construída a partir da produção

19
de uma imagem de marca ("fachada"), onde tudo é feito em função deste
objetivo mobilizador. Os resultados concretos do ensino são claramente
subalternizados, por um discurso retórico de auto-satisfação .

Em todas as culturas, uns são beneficiados, outros são conduzidos para o fracasso .

3.1.5 CURRÍCULO
● Desfasamentos no currículo escolar dos alunos. Os alunos ingressam em novos
ciclos, sem que possuam os pré-requisitos necessários. Não há documento
sobre a avaliação curricular que não tenha uma referência crítica a esta
questão.

● Currículos demasiado extensos que não permitem que os professores utilizem


metodologias ativas, onde os alunos tenham o lugar central. A necessidade de
cumprir os programas inviabiliza a adoção de estratégias mais ativas, mas
sobretudo retira tempo ao professor para ultrapassar as dificuldades
individuais de aprendizagem que constata nos alunos.

● Desarticulação dos programas. Esta situação faz, por exemplo, com que os
alunos repitam os mesmos conteúdos, de modo diverso e incoerente ao longo
dos anos e das disciplinas, levando-os a desinteressarem-se pelas matérias, e a
sentirem-se confusos. O rosário de queixas é conhecido.

● As elevadas cargas horárias semanais ocupadas pelos alunos em atividades


letivas, mais tradicionais, são desde há muito consideradas excessivas. Os
alunos têm pouco tempo para outras atividades de afirmação da sua
individualidade, desenvolvimento de hábitos de convivência, participação em
ações coletivas em prol da comunidade, etc. O resultado é sentirem-se numa
escola-prisão, sem qualquer relação com os seus interesses.

3.1.6 SISTEMA EDUCATIVO


Neste nível as causas apontadas são igualmente inúmeras, a começar pela pouca
diversidade das ofertas formativas nos níveis terminais do sistema, em particular no
secundário. Outras vezes, quando existem, estão desarticuladas, por exemplo, das

20
necessidades do mercado de trabalho. O resultado final acaba por ser o seguinte:
ainda que o aluno tenha tido êxito no seu percurso escolar, por desajustamento de
competências está depois voltado ao fracasso, na sua transição para a vida ativa.

A elevada centralização do sistema educativo, não apenas torna a capacidade de


resposta (adaptação) muito lenta, como fomenta a irresponsabilidade ou a burocracia,
ao nível local (as escolas).

3.1.7 SOCIEDADE
Ninguém tem dúvidas em concordar que a atual sociedade assenta num conjunto de
valores que desencorajam o estudo e promovem o insucesso escolar. Diversão,
individualismo e consumismo, três valores essenciais na sociedade atual, são em tudo
opostos ao que a escola significa: atitudes refletidas, procura incessante do saber e de
valores perenes, etc.

3.2 TEORIAS EXPLICATIVAS DO INSUCESSO

3.2.1 TEORIA DOS DONS


Nas décadas de 50/60 todo e qualquer responsabilidade do insucesso escolar era
responsabilidade do aluno. A teoria explicativa das causas deste tipo de insucesso
designava-se de teoria dos “dons” ou dos “dotes” individuais (Benavente, 1990). Esta
teoria explicava que o sucesso do aluno referia-se aos seus “dons” naturais e a
inteligência do próprio aluno, e eram essas qualidades individuais que ditavam o
sucesso ou insucesso escolar. (Cortesão & Torres, 1990).

O aluno continha um conjunto de “qualidades inatas” onde o seu grau de inteligência


influenciava o ritmo de aprendizagem.

Como refere Benavente (1989), citada pelo Ministério da Educação (1995, p. 7), “o
sucesso/insucesso é explicado pelas maiores ou menores capacidades dos alunos, pela
sua inteligência, pelos seus dotes naturais”.

O insucesso dos alunos é responsável pelos seus genes e não a qualquer outro fator
como o contexto, o conteúdo ou a qualquer metodologia de ensino.

21
Além do fator inteligência são referidos outros fatores referentes ao aluno e que
poderão influenciar o seu desempenho escolar. A preguiça em resposta à
responsabilidade do cumprimento de tarefas e consequente desmotivação pelo
trabalho perante o embaraço em ultrapassar as dificuldades.

O aluno a partir do momento que é confrontado com o insucesso refugia-se na


preguiça funcionando assim este como um fator de insucesso.

A diferença de atitudes e comportamentos dos alunos na escola interferem de forma


indelével na realização e satisfação escolar.

Outro fator que pode potencializar o insucesso refere-se às relações pessoais que o
aluno estabelece com a restante comunidade escolar. Se não existir empatia entre
todos estes agentes, nomeadamente entre alunos, entre aluno e professor e entre
aluno e restantes agentes escolares, torna-se mais difícil o aluno atingir o desejado
sucesso escolar.

Para Pereira e Martins (1987), nesta análise explicativa do insucesso escolar, a criança
entraria num ciclo de repetências na escola devido ao seu nível intelectual não ser
compatível com a escolaridade normal, isto é, as dificuldades escolares estavam em
grande parte associadas a dificuldades cognitivas das crianças. Esta ideia surge da
constatação de que o Q.I. médio é nas classes mais baixas inferior ao Q.I. médio das
classes consideradas média e alta. Esta teoria explicativa justifica a razão por que as
classes trabalhadoras não atingem percentagens altas de frequência no ensino
superior, já que um nível de inteligência baixo é um obstáculo ao acesso a este nível de
ensino.

3.2.2 TEORIA DO HANDICAP SOCIOCULTURAL


Trata-se de uma teoria que encara o insucesso escolar como um fenómeno social e
que o explica pela maior ou menor bagagem cultural que o aluno dispõe à entrada da
escola, ou seja, o insucesso escolar passa assim a ser entendido como o resultado de
desigualdades sociais (Benavente, 1987).

Para Rangel (1994), nesta abordagem de insucesso escolar, as formas de linguagem


são as responsáveis pela possibilidade ou impossibilidade de as crianças adquirirem

22
competências/conhecimentos que lhes possibilite ou condicione o sucesso escolar e
profissional. Para o autor, a linguagem é, e sempre foi, indispensável para a criança
aceder à comunicação, sendo um processo privilegiado de enriquecimento de
experiências que influenciam a aprendizagem. E é devido à existência de obstáculos,
tais como: um espaço físico pouco desenvolvido e uma pobre herança social e cultural
da criança, que estas não irão desenvolver uma linguagem compatível com a que é
promovida na escola e, consequentemente, todo um conjunto de experiências que
poderão levar ao sucesso escolar.

Neste contexto, a criança desfavorecida ou com handicap sociocultural e linguístico


pobre, é aquela que vem de um meio diferente e que ao entrar na educação formal é
confrontada com a linguagem utilizada pelo professor, o que a pode perturbar,
segundo se trate de uma linguagem mais ou menos diferente da que é usada no meio
onde se encontra inserida.

Esta teoria deixa de culpar apenas os filhos para culpar também os pais que, não tendo
meios para lhes assegurar condições favoráveis a uma educação adequada, os colocam
numa situação de desigualdade perante os colegas de um meio social mais favorecido.

3.1.3 TEORIA SOCIOINSTITUCIONAL


Na década de 70 surge a teoria socioinstitucional. Esta nova teoria aponta para o
espaço pedagógico como estando intimamente relacionado com o insucesso escolar,
assenta em investigações realizadas em torno de um conjunto de dimensões como:
condições de aprendizagem, ritmos de progressão dos alunos, complexidade das
tarefas e estruturas cognitivas, conteúdos escolares e métodos de ensino. Torna-se
necessário apostar na “transformação da própria escola, nas suas estruturas,
conteúdos e práticas, procurando ‘adaptá-la’ às necessidades dos diversos públicos
que as frequentam, elucidando subtis mecanismos de reprodução de diferenças e
procurando caminhos de facilitação das aprendizagens para todos os alunos”
(Benavente, 1990).

Esta nova teoria centra-se no percurso individual do aluno e procura incessantemente


as condições que considera as ideias, para que o sucesso escolar seja uma realidade de
facto (Florin, 1989).

23
Pires & Formosinho (1991) enumera um conjunto de fatores que poderão estar na
base do insucesso escolar como o “tipo de cursos e currículos, estrutura e métodos de
avaliação, formas de agrupamentos de alunos”. A responsabilidade do insucesso
centra-se na escola. Alguns autores são apologistas de que o insucesso escolar poderá
ter origem no próprio sistema escolar, uma vez que segundo este mesmo autor “a
escola tende a valorizar os saberes acadêmicos em detrimento dos saberes que se
enquadram melhor com a realidade envolvente dos alunos”.

Segundo Marques (1992), quando os valores da escola coincidem com os valores da


família, quando não existem ruturas culturais, a aprendizagem se dá com mais
facilidade. Mas, hoje em dia, cada vez mais as escolas têm uma comunidade estudantil
heterogénea, onde os pais e professores apresentam raízes culturais bem diversas.
Não ter em conta este fator, desconhecer os valores da família, pode significar não
perceber uma criança em risco, levando-a ao insucesso.

Na abordagem socioinstitucional, o insucesso é atribuído às relações de classe. Neste


contexto, surge a escola e mais especificamente o professor como o principal
responsável pela fraca aprendizagem das crianças na escola.

Numa visão geral das três teorias, pode-se dizer que inicialmente as origens do
insucesso escolar residiam apenas no aluno. Pela ausência de capacidades, ele não
transitava, não era aprovado, tinha de repetir para tentar uma nova oportunidade,
muitas vezes sem resultados positivos.

Numa fase posterior, as causas de insucesso escolar centraram-se na origem


sociocultural dos alunos, não abrangendo, porém, as expectativas da escola. Para
atenuar as diferentes origens socioculturais, foram implementadas atividades com o
intuito de minorar as dificuldades que o aluno apresentava logo à entrada na escola.

Finalmente, a escola é também posta em causa, passando-se a "apostar" numa


transformação da própria escola, nas suas estruturas, conteúdos e prática, procurando
"ajustá-la", às necessidades dos diversos públicos que a frequentam” (Benavente, et
al.1989).

24
4. PREVENIR/COMBATER O INSUCESSO ESCOLAR
Como já percebemos, é essencial que, na suspeita de que um aluno esteja a enveredar
por um caminho menos positivo no percurso escolar, isto é, um caminho que coloque
o seu sucesso escolar em risco, se identifique logo as possíveis causas que estão na
origem do problema e claro, pensar em alternativas para reverter a situação.

Apresentar soluções e medidas específicas contra o insucesso escolar é extremamente


difícil, senão impossível, no entanto nas próximas linhas promover e algumas medidas
que nos parecem importantes, segundo as diretrizes do Ministério da Educação.

Em 1992 elaborou algumas estratégias de intervenção de combate ao insucesso


escolar que importa referenciar de acordo com o Ministério da Educação (1992, p. 12-
16):

No âmbito das políticas estruturais, pretende-se:


 Universalizar a pré-escolaridade,
 Adequar o ritmo escolar às necessidades das crianças e dos jovens, sublinhando
a importância da repartição equilibrada dos tempos de trabalho e de lazer no
dia, na semana, no ano escolar.
 Tornar o horário flexível, adaptando a organização do ensino às características
de vida da comunidade em que a escola se insere.

25
 Reduzir as ruturas entre os vários ciclos, quer desenvolvendo um tronco
comum, quer considerando cada ciclo um todo, diminuindo a frequência dos
momentos de seleção.
 Utilizar novos equipamentos e métodos pedagógicos com recurso aos muitos
canais de difusão de conhecimentos, para estimular as aprendizagens e
desenvolver o potencial de cada aluno.
 Recorrer a novos sistemas de avaliação adequados aos novos objetivos da
educação. Preferência marcada pelos sistemas que atendem prioritariamente à
aquisição de competências, permitindo implicar o aluno na sua avaliação e
respeitar o seu ritmo e estilo de aprendizagem.
 Disponibilizar apoio ao jovem, no campo da orientação, tanto ao longo do
percurso escolar, como na escolha profissional, quando se verifica a passagem
para o mundo do trabalho.

No que concerne à escola, procura-se:


 Melhorar a articulação com o ambiente, permitindo à instituição escolar uma
mudança de acordo com o meio em que está inserida, pois a escola, para além
dos conhecimentos que transmite, amplia a socialização e a capacidade para
interpretar o meio;
 Aumentar a autonomia, o que favorece uma adaptação dos programas ao
contexto específico e à diversidade dos seus alunos, permite um melhor
aproveitamento dos recursos de que dispõe e pode desenvolver iniciativas no
sentido de envolver toda a comunidade educativa e social;
 Uma maior cooperação com a família em atividades escolares pois não só a
escola mas também a família são grandes pilares da educação das crianças.
Ambos devem visar os mesmos objetivos e apoiar-se mutuamente, atuando de
modo coordenado;
 Melhorar a vida escolar, enaltecendo o desempenho dos professores no
sucesso escolar, oferecer um acolhimento adequado no início do ano escolar e
estabelecer um mediador que auxilie o aluno na sua relação com a escola.

No que concerne ao professor:

26
Este desempenha uma função considerada fundamental na redução do insucesso. A
teoria segundo a qual cabe ao professor um papel fundamental no combate ao
insucesso do aluno é defendida por todos os Estados-Membros da União Europeia.
Estes reconhecem que o êxito e a eficácia das medidas a serem postas em prática
dependem, em grande parte, da capacidade de envolvimento do professor. Daí, a
importância que assume a sua formação, quer inicial quer contínua, para uma
permanente adaptação das suas competências técnico-científicas em constante
mudança.

De facto, como “pressuposto básico relativo às funções e responsabilidades


profissionais do educador, importa salientar a sua formação permanente com
seminários e cursos de especialização, que lhe permitem exercer corretamente a sua
tarefa dentro da comunidade educativa” (Martí & Guerra 1997, p. 21-23).

No que diz respeito ao papel da família:

Existe um consenso de que esta desempenha um importante papel no processo


educativo, e por conseguinte no combate ao insucesso escolar.

O Ministério da Educação considera que a intervenção da família no processo


educativo, e mais especificamente na luta contra o insucesso escolar, é em larga escala
reconhecida, pelo menos teoricamente, na maioria dos Estados-Membros da União
Europeia. Neste sentido, o empenho da família torna-se muito desejável uma vez que
se reconhece que as causas do insucesso, dos alunos em geral, residem para muitas
crianças, não no contexto escolar, mas no seio da própria família.

Neste sentido, aponta-se para a participação dos pais na gestão da escola, esta
participação está assegurada principalmente através do Conselho de Turma. Porém,
raramente encontramos as famílias associadas a trabalho de fundo capaz de afetar o
projeto de escola. Poderemos mesmo adiantar que o nível da sua participação
dependerá do grau de autonomia de que as escolas gozam” (Ministério da Educação,
s.d., p. 87).

27
Em Conclusão, têm-se feito esforços para apoiar a família, integrá-la nos órgãos de
gestão e envolvê-las nas atividades escolares, porque “o conhecimento do modo como
se desenvolvem as aprendizagens na classe, auxílio no desenvolvimento do gosto das
crianças pela leitura, utilização de bibliotecas para pais, cooperação na procura de
soluções para as dificuldades dos filhos” (Ministério da Educação, 1992, p. 15) pode ser
essencial na ação contra o insucesso.

Em relação ao aluno:

Fonseca (1999, p. 532-534) diz que “para superar o insucesso é necessário começar
por algo que a criança possa aprender e não aguardar que, milagrosamente, a criança
aprenda sem possuir pré-aptidões e pré-requisitos”, de onde os alunos devem ter
experiências pedagógicas muito gratificantes e que se adaptem a ele.

De facto, muitas são as pedagogias que podem favorecer o desenvolvimento pessoal e


o interesse pela frequência escolar. A este respeito, o Ministério da Educação (1992, p.
15-16) aponta algumas delas:

“A pedagogia por grupos de nível visando a adaptação às características individuais e


permitindo um diagnóstico preciso das dificuldades de cada um; a pedagogia
diferenciada que se fundamenta no princípio de que não há via única para o
conhecimento; paralelamente, pela avaliação formativa, o aluno é guiado na sua
formação pela ajuda à identificação das suas finalidades e à procura do modo de as
resolver; a pedagogia de projeto, já que aprendizagem implica ação. O projeto, levado
a cabo por um grupo de alunos e animadores, supõe espírito de cooperação e
abordagem interdisciplinar dos objetivos, desenvolve uma pedagogia ativa fundada
numa relação constante entre a prática e a teoria e acentua a criatividade e a
expressão livre dos alunos.”

28
5. CONCLUSÃO
O insucesso escolar tem punido principalmente os alunos que são provenientes de
meios sociais, económicos e culturalmente desprotegidos, e embora se esteja perante
uma escola massificada, a escolha continua a não dar hipóteses similares de acesso e
de uso a todos.
Apesar dos esforços com o intuito de fomentar a igualdade no sucesso escolar,
sobretudo as igualdades formais e reais, os fatores de desigualdade têm permanecido.
Deste modo, os alunos, os professores e todos os participantes no sistema educativo,
nomeadamente os estabelecimentos educativos, e mesmo as consecutivas políticas
educativas, com tantos aspetos que lhes estão implícitos não têm conseguido reprimir
estes fenómenos.
Acreditamos que se deve investir em todos os agentes educativos, a começar pelos
próprios alunos, que são o centro de convergência de todas as forças, prosseguindo
pelos professores, que devem acreditar até ao fim nas suas potencialidades, mesmo
em condições adversas, continuando pela família que tem um papel determinante na

29
realização escolar dos filhos, e ainda pelo meio ambiente onde a escola e a família se
inserem.
Assim, a sofisticação e correlação dos fenômenos não se comove com qualquer
descomplicação elucidativa, visto que cada um dos fatores tem a sua parcela de efeito
no insucesso do aluno.
Em suma, quando estamos perante o insucesso escolar, o aluno manifesta
comportamentos específicos devido à situação pela qual está a passar. Estes
comportamentos podem ser identificados tanto pelos pais como pelos educadores e
professores. Nestes comportamentos temos presentes o desassossego, pouca
tolerância à frustração, rebeldia, distúrbios somáticos, comportamento esquizoide,
comportamento delinquente e autismo. Porém, o insucesso escolar tem uma
abordagem multidimensional, uma vez que envolve vários fatores que podem ser
pessoais, socioeconómicos, políticos, escolares ou familiares. Fatores esses cuja origem
pode ser intrínseca ou extrínseca à própria criança/aluno. Deste modo, é fundamental
perceber os comportamentos dos alunos e consequentemente a origem das
dificuldades dos alunos.

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