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FERTILIDADE DO SOLO

Márcio Maltarolli Quida


Márcio Maltarolli Quida
Licenciado em Ciências Agrícolas
(UFRuralRJ), Especialista em Design
Instrucional de EaD (UNIFEI), Mestre em
Política Social (UFF) e Doutorando no
mesmo programa. Atualmente é Professor
do Instituto Federal de Educação, Ciência
e Tecnologia do Sul de Minas – Campus
Muzambinho.
Palavras do autor

Prezados alunos,

Começaremos hoje o estudo da Fertilidade do


Solo.
Nesta importante disciplina, estudaremos os
métodos necessários para o atendimento às
necessidades nutricionais da cultura do café.
Inicialmente, aprenderemos e discutiremos os
conceitos básicos necessários ao estudo da
Fertilidade. É comum que a compreensão seja mais
fácil para uns do que para outros. Neste caso, relaxe!
Isso é absolutamente natural. Em caso de dúvidas, e,
com certeza, elas aparecerão, não deixe de
compartilhar com o professor regente, tutores e seus
colegas de turma nos espaços destinados a este fim.
Desta forma, construiremos uma comunidade
interativa e a “distância” ficará restrita ao aspecto
geográfico.
Objetivamente, estudaremos da forma mais
clara que for possível o diagnóstico da fertilidade do
solo e a recomendação de calagem, gessagem,
adubação mineral e orgânica - via solo e folha, para a
cultura do café.
Um grande abraço e bons estudos!

Atenciosamente,

Márcio Maltarolli

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Aula 1
Introdução a Fertilidade do Solo

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Meta

Apresentar os estudos iniciais sobre fertilidade dos solos, os elementos minerais


necessários às plantas e os respectivos mecanismos de absorção.

Objetivos

Ao final desta aula o aluno deverá ser capaz de:


1 - Caracterizar a importância da nutrição mineral para o crescimento e
desenvolvimento da cultura do café.
2 - Definir e classificar os elementos minerais.
3 - Conhecer os mecanismos de absorção dos elementos minerais.

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Introdução a Fertilidade do Solo
Para início de conversa!

Começaremos nossos estudos respondendo algumas questões fundamentais:

Por que estudar fertilidade?

A resposta parece óbvia para alguns e para outros nem tanto – Precisamos
“alimentar” as plantas de forma equilibrada para aumentar a produtividade, com
menor custo de produção e sem causar danos ao meio ambiente.
Para que o alimento seja farto e atenda as necessidades das plantas, temos a
responsabilidade técnica de aumentar a fertilidade do solo e torná-lo produtivo.

Mas o que vem a ser um solo fértil? Todo solo fértil é produtivo?
Perceba a diferença:

Solo fértil: aqueles que possuem nutrientes em quantidades satisfatórias.


Solo produtivo: possuem os nutrientes essenciais para o desenvolvimento
vegetal em quantidades satisfatórias e equilibradas, porém, apresentam ainda
características químicas, físicas e biológicas adequadas para disponibilizá-los à
planta. Considerando as definições expostas podemos afirmar que:
Um solo pode ser fértil, sem necessariamente ser produtivo.

Uma das estratégias para se obter altas produtividades consiste na correta


adubação das lavouras cafeeiras. Da mesma forma que a necessidade de
fertilização do cafeeiro é alta, a disponibilidade de recursos financeiros para esse fim
é escassa. O elevado preço dos fertilizantes é uma realidade, exigindo que esse
insumo seja usado de forma eficiente, ou seja, determinando-se qual o nutriente que
deve ser fornecido à planta, na quantidade e época corretas.
Portanto, a utilização dos fertilizantes deve seguir rígidos critérios técnicos
visando o aumento da eficácia na sua utilização, para que se obtenha a maior
produtividade com os menores custos possíveis. Dessa forma, para uma adequada

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recomendação de adubação é necessário identificar quais são os nutrientes
limitantes ao crescimento, desenvolvimento e produção do cafeeiro.
Alguns solos são tão
Fertilizantes ou adubos: é o produto mineral
férteis que suportam a atividade ou orgânico, natural ou sintético, fornecedor
agrícola por muitos anos, de um ou mais nutrientes vegetais. São
aplicados na agricultura com o intuito de
mantendo altas produtividades melhorar a produção.
das plantas cultivadas. Adubos orgânicos: São resíduos animais ou
vegetais, sendo de ação mais lenta que os
Outros solos dispõem de minerais, visto que necessitam transformações
uma reserva de nutrientes maiores (serem desmontados em compostos
inorgânicos) antes de serem utilizados pelos
pequena e por isso só vegetais. Promove o desenvolvimento da flora
conseguem sustentar a microbiana e por conseqüência melhoram as
condições físicas do solo; assim, a presença
agricultura por períodos de 2 a 5 de matéria orgânica acelera a atuação dos
anos. Há solos que são adubos químicos.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Fertilizante
naturalmente tão pobres que
para produzirem, precisam receber adubação, que corrige deficiências de nutrientes,
garantindo assim, a boa produtividade das culturas.
Na busca por solos mais férteis, o
Fertilidade do solo: É o ramo da
ciência do Solo que estuda a capacidade homem vai expandido à área sob
do solo em suprir nutrientes às plantas. exploração agrícola e introduzindo a
agricultura em novas regiões. Por não respeitar a lei que determina a manutenção
das matas ao redor das nascentes dos rios e da cobertura vegetal de mata em uma
parte da propriedade rural, o homem acaba provocando alterações, muitas vezes
profundas, no equilíbrio ecológico da região. Chega inclusive a comprometer a
manutenção do seu próprio abastecimento de água.
A atividade agrícola também nem sempre leva em conta as características
dos solos. Como conseqüência, este recurso natural tão importante para a vida de
todos os seres vivos pode ser destruído pelo homem.
A correta utilização do solo garante alimento em quantidade. O manejo
sustentável do solo, utilizando técnicas apropriadas, não desgasta este precioso
recurso natural. Deste modo, o solo poderá ser usado para a produção de alimentos
para a população atual, mas sem comprometer o alimento de que tanto necessitarão
as gerações futuras.

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Os elementos essenciais às plantas. Como as plantas se
“alimentam”?

Dezesseis elementos químicos são considerados essenciais, pois sem


qualquer um deles as plantas não conseguem completar seu ciclo de vida. Já
sabemos após o estudo da disciplina Morfologia e Fisiologia do Cafeeiro, que as
plantas são organismos autotróficos, ou seja, que fabricam seu próprio alimento
através da FOTOSSÍNTESE.

Mas, imagine:

Qual é o alimento das plantas?


Ou melhor: do que são feitas as plantas?
É evidente que as plantas e os demais seres vivos são constituídos por
alguns dos 89 elementos químicos existentes na natureza (lembrar que dezesseis
dos 105 elementos que constam na Tabela Periódica são sintéticos).

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Apesar de mais de 60 desses elementos químicos já terem sido encontrados
nos vegetais, somente pouco mais de uma dezena é realmente essencial para os
mesmos. Contudo, faz-se necessário saber o que torna um elemento químico
essencial para os vegetais.
Os elementos químicos considerados essenciais podem ser denominados
nutrientes. Atualmente conhecemos 16 nutrientes para as plantas.
Na Tabela 1 estão ilustrados os 16 nutrientes e o descobridor de cada um
deles:

Importante:
Um elemento é considerado essencial quando se enquadra em pelo menos
um dos critérios abaixo:
→ Na sua ausência a planta não completa seu ciclo vital (que é formar
semente viável).
Metabólito: substância produzida
→ O elemento é parte de algum durante o metabolismo, que é o
metabólito essencial para a planta, não conjunto de transformações sofridas
em um organismo vivo pelas
podendo ser substituído por outro substâncias que o constituem.
elemento.

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Um pouco de história...

A demonstração da essencialidade desses 16 elementos foi gradual. Por volta de


1900, fisiologistas vegetais como Knop & Sachs estabeleceram que as plantas
não requerem necessariamente partículas do solo, matéria orgânica ou
microrganismos para completarem seu ciclo de vida. Esses pesquisadores já
sabiam que as plantas podiam crescer em água com sais dissolvidos contendo N,
P, K, S, Ca, Mg e Fe. Em 1923 já se sabia que além dos macronutrientes e do Fe,
quatro nutrientes a mais (Cu, Mn, Zn e B) aumentavam o crescimento das plantas
quando adicionados em pequenas quantidades. Em 1939, Arnon & Stout
demonstraram que o Mo é essencial para plantas. Em 1954, descobriu-se a
essencialidade do Cl. Para se demonstrar a essencialidade do níquel, primeiro
descobriu-se que ele fazia parte da enzima urease (que transforma uréia em
amônia). Mais tarde, foi preciso provar que as plantas não completavam seu ciclo
produtivo na ausência desse nutriente.

Atividade 1:
O que são nutrientes ou elementos essenciais?

Resposta comentada: São elementos químicos absorvidos do solo pelas plantas, sendo vital
para o crescimento e desenvolvimento vegetal.

Tradicionalmente os elementos essenciais são necessários em concentrações


iguais ou inferiores a 100 mg por Kg de matéria seca e geralmente atuam em varias
funções como por exemplo, ativadores
Enzimas: são proteínas que
enzimáticos. Esta divisão baseia meramente catalisam (aumentam a
velocidade) as reações do
na quantidade requerida.
metabolismo.
A lista de 16 elementos essenciais pode
ainda aumentar, pois alguns nutrientes podem ser exigidos em quantidades tão
diminutas que se torna uma tarefa muito difícil comprovar a sua essencialidade.
Em adição aos 16 elementos essenciais, alguns outros elementos são
exigidos por grupos restritos de plantas e não entram na lista dos ditos "essenciais",
sendo definidos como "benéficos", porque não são pelo menos até onde se
entendem exigidos pela maioria das plantas. Atualmente, são definidos como
benéficos o sódio (Na), silício (Si), cobalto (Co) e selênio (Se).
Uma questão se faz relevante:

Como as plantas adquirem os nutrientes essenciais ou


benéficos?

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O carbono, oxigênio e hidrogênio são adquiridos através do ar e da água
presente no solo e na atmosfera. Depois de adquiridos, eles são incorporados às
plantas no processo de fotossíntese. Como conseqüência, esses três nutrientes
fazem parte de praticamente todas as moléculas orgânicas dos vegetais e são
responsáveis por cerca de 94% a 97% do peso seco de uma planta. Os demais
nutrientes (6% a 3% restantes) fazem parte
Nutrição mineral: processo pelo
dos minerais presentes no solo. Por
qual as plantas adquirem os
derivarem dos minerais, esses elementos
minerais.
são denominados nutrientes minerais.

Atividade 2: Você conseguiu entender porque os elementos minerais são


essenciais às plantas? Então destaque os critérios de essencialidade.
......................................................................................................................................
Resposta comentada: 1) o elemento deve participar de algum composto ou de alguma reação
metabólica sem o qual (ou sem a qual) a planta não vive; 2) a função do elemento é específica
(insubstituível); 3) o elemento deve ter efeito direto na vida da planta e não apenas corrigir condições
químicas, físicas ou biológicas desfavoráveis.

Hora da pesquisa:

Diferencie: “solo fértil” de “solo produtivo”.


Esse assunto será abordado e discutido no
“Fórum de Debates”, na plataforma Moodle.
Esperamos a participação de todos.

A partir de agora vamos procurar entender porque determinados elementos


minerais são necessários em quantidades específicas e, ainda, compreender quais
são as leis que regem a fertilidade do solo, ou seja, fornecer todos os nutrientes às
plantas de forma equilibrada visando maximizar (= aumentar) a produtividade.
Quando analisamos a quantidade dos nutrientes minerais nos tecidos
vegetais, observamos que alguns deles estão presentes em maiores proporções que
os outros. Essas proporções dividem os nutrientes minerais em duas categorias:

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Macronutrientes ou nutrientes necessários em grandes quantidades e
Micronutrientes ou aqueles necessários em pequenas quantidades.

Lendo essa afirmação você pode pensar:


Os macronutrientes são mais importantes que os micronutrientes? Se você
respondeu NÃO, está correto, pois a divisão entre micronutrientes e macronutrientes
não tem correlação com uma maior ou menor essencialidade.
Todos são igualmente essenciais, só que em quantidades diferentes. Mas
entre os nutrientes que estudamos - Quais são os macronutrientes e quais são os
micronutrientes?
Pela figura abaixo fica fácil visualizar a diferença na quantidade requerida
pelas plantas dos elementos minerais.

Macronutrientes – N, P, K, Ca, Mg e S
Micronutrientes – Fe, Mn, Zn, Cu, Mo, B e Cl.

Carbono (C), Oxigênio (O) e Hidrogênio (H) são macronutrientes retirados do


gás carbônico (CO2) e da Água (H2O).

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Macronutrientes – nutrientes absorvidos
ou exigidos pelas plantas em maiores
quantidades: N, P, K, Ca, Mg e S (expresso em
g/kg de matéria seca).
Macronutrientes primários: N, P e K
Macronutrientes secundários: Ca, Mg e S

Micronutrientes – nutrientes absorvidos ou exigidos pelas plantas em


menores quantidades: Fe, Mn, Zn, Cu, B, Cl e Mo (expresso em mg/kg de matéria seca).
Até algum tempo atrás, mais precisamente até a década de 60, os cafezais
foram formados em áreas recém-desbravadas, cujos solos apresentavam fertilidade
natural elevada. Entretanto, os surtos mais recentes de expansão da cultura
ocorreram principalmente em áreas de cerrado, por serem: mais baratas, em razão
de sua abundância, e facilmente mecanizáveis, em decorrência do relevo. Mas, os
efeitos da baixa fertilidade apresentada pelos solos sob cerrado não tardaram a se
manifestar. As lavouras formadas em solos mais pobres e as lavouras velhas mal
conduzidas têm apresentado frequentes deficiências, tanto de macronutrientes,
especificamente de nitrogênio, potássio, magnésio, cálcio e enxofre, como de
micronutrientes, especialmente zinco e boro.
Por outro lado, a toxidez de alumínio ou de manganês assume relativa
importância, pelos prejuízos que sua ocorrência acarreta.

N, P, K, Ca, Mg, S etc. Sopa de letrinhas?

Vimos que os nutrientes são absorvidos pelas plantas em maiores ou


menores quantidades.
Mas afinal:
Qual a função de cada um deles?
Em que forma eles são absorvidos?
Quais sintomas apresentam o cafeeiro em caso de carência (deficiência)? E
em caso de excesso (toxidez)?
As tabelas das duas próximas páginas respondem essas perguntas:

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TABELA DE SINTOMAS DE DEFICIÊNCIA E TOXIDEZ DOS PRINCIPAIS NUTRIENTES PARA A CULTURA DO CAFÉ

MACRONUTRIENTES

NUTRIENTE SIGLA FORMAS DE FUNÇÕES NA PLANTA SINTOMAS DE DEFICIÊNCIA SINTOMAS DE TOXIDEZ


ABSORÇÃO
A característica do sintoma é a perda
É importante na expansão da área foliar, no
crescente da cor verde típica das folhas, que
crescimento da vegetação e na formação de Há muita vegetação e pouca frutificação. A
vão amarelecendo, das mais velhas para as
Nitrogênio N NO3- e NH4+ botões florais, sendo constituinte dos maturação é atrasada. Piora a qualidade da
mais novas, chegando inclusive a ficar quase
aminoácidos (Proteínas), sendo importante bebida.
brancas. Pode haver queda de folhas e seca
na atividade fotossintética.
de ramos.
Surgem manchas amareladas, que As plantas podem mostrar sintomas de falta
Influi na síntese e armazenamento de
H2PO4- e posteriormente passam a amarelo-violáceas de Cu, Fe, Mn e Zn, pois o excesso de
Fósforo P
HPO42-
energia, compondo a ATP (Adenosina
e finalmente violáceas podendo tomar todo o fósforo diminui a absorção ou o transporte
Trifosfato)
limbo foliar. Pode haver queda de folhas. para a parte aérea.
É importante ativador de enzimas ligadas à
fotossíntese, respiração, síntese de proteínas
Clorose em folhas velhas evoluindo para
e síntese de amido. É regulador da Falta de cálcio ou magnésio induzida. Piora a
Potássio K K+ necrose nas margens. Ocorre desfolha, seca
turgescência e melhora a resistência do qualidade da bebida
de ramos e chochamento de frutos.
cafeeiro às pragas e doenças, à seca e ao
frio.
A característica do sintoma na folha é uma
Influi na estruturação da planta (ramagem) e clorose marginal que caminha para o centro
no sistema radicular, podendo causar do limbo foliar e ocorre nas folhas novas do
Causa diminuição na absorção do potássio,
Cálcio Ca Ca2+ também, morte de gemas terminais cafeeiro. Provoca também um mal
magnésio e Al tóxico.
(ponteiros) muitas vezes associada à desenvolvimento do sistema radicular, com
carência de boro. morte de radicelas, predispondo o cafeeiro a
uma grande sensibilidade à seca.
Aparecem nas folhas velhas, com sintomas
Tem participação na constituição da clorofila bastante nítidos, aparecendo um
com efeito no processo fotossintético e amarelecimento na área entre as nervuras
Magnésio Mg Mg2+ contribuição no metabolismo energético secundárias, que permanecem verdes, Induz deficiência de zinco e manganês.
relacionado ao transporte de fósforo e evoluindo para a cor alaranjada e até
carboidratos na planta. castanha. Ocorre forte desfolha e pode
ocorrer seca de ramos laterais.
As carências ocorrem em folhas novas, que
Participa do processo de composição das
apresentam cor verde-claro, com brilho Os sintomas de excesso de enxofre podem
2- proteínas, tem influência na síntese de
Enxofre S SO4 normal, passando à cor amarelada e as aparecer como clorose internerval, em
clorofila e no desenvolvimento do sistema
nervuras continuam verdes. Provocam algumas espécies.
radicular.
encurtamento de internódios e desfolha.

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MICRONUTRIENTES

NUTRIENTE SIGLA FORMAS DE FUNÇÕES NA PLANTA SINTOMAS DE DEFICIÊNCIA SINTOMAS DE TOXIDEZ


ABSORÇÃO
As folhas novas apresentam-se amareladas
Faz parte do grupo catalítico de enzimas
até quase brancas e as nervuras mantêm a Excesso de ferro nos solos ácidos ou
2+ 3+ oxirredutoras, tendo importante papel na
Ferro Fe Fe e Fe cor verde normal, formando um reticulado inundados pode causar deficiência de
transferência de elétrons na fotossíntese,
bem visível, não havendo redução no manganês ou vice-versa.
respiração e fixação biológica do N.
tamanho das folhas.
As folhas novas aparecem deformadas,
Influi no crescimento do cafeeiro e no afiladas, pequenas, com bordos Manchas ou pontuações amarelo-claras e
H3BO3 e pegamento (fecundação das flores), arredondados. A superfície das folhas novas cloróticas, mais intensas nas pontas e
Boro B -
H2BO3 participando da divisão celular, do crescimento fica granulada, ocorre morte de gemas margens das folhas, mas podendo também
das células e da parede celular. apicais e super brotamento, com as atingir todo o limbo foliar.
brotações formando “palmetas” ou leques.
Os internódios vão encurtando da base do
Promove catalisação na formação de ramo para a ponta e as folhinhas estreitas e
2+ hormônios responsáveis pelo crescimento da amareladas ficam cada vez mais perto umas As folhas mais velhas ficam amareladas
Zinco Zn Zn
parte aérea do cafeeiro principalmente nas das outras. Pode haver morte dos ponteiros e quase da cor da gema de ovo.
áreas mais novas da planta. superbrotamento. Menor pegada da florada.
Frutos menores.
As folhas novas tornam-se deformadas e com
Clorose e manchas necróticas
as nervuras salientes, ficando com aspecto
Atua no crescimento e produção do cafeeiro. nos bordos das folhas mais
2+ de costelas, bastante onduladas. As folhas
Cobre* Cu Cu Evita queda das folhas, promovendo maior velhas. Pobreza e morte do sistema
mais velhas apresentam os bordos
retenção foliar. radicular e retardamento no
levantados e sofrem um encurvamento para
desenvolvimento das mudas.
baixo.

ATP: Adenosina Trifosfato. Esta molécula atua na transformação da energia


Clorose: morte dos cloroplastos (órgãos presentes nas folhas, responsável pela fotossíntese). As folhas cloróticas ficam amareladas.
Necrose: morte de tecidos. As folhas necróticas ficam pretas.
Turgescência: é o aumento de volume de uma célula, entrando água, para que seu interior entre em equilíbrio com o exterior.

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Já leu? Agora quer ver?

Deficiência de Nitrogênio Deficiência de fósforo

Deficiência de potássio Deficiência de Cálcio

Deficiência de Magnésio Deficiência de Enxofre

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Deficiência de ferro Deficiência de Boro

Deficiência de cobre Deficiência de Zinco

Deficiência de manganês Deficiência de Molibdênio

Fonte das imagens:


http://www.emater.mg.gov.br/portal.cgi?flagweb=site_pgn_livraria_virtual2013
„ http://brasil.ipni.net/article/BRS-3037
Multimídia:
Em nosso ambiente virtual você encontrará o arquivo: “Seja o doutor do seu
cafezal” para aprofundar os estudos sobre deficiências e toxidez nutricionais
do cafeeiro.

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Leis da fertilidade do solo. Um pouquinho de história...

No século XIX, o pesquisador suíço Saussure (1804), fez uma importante


publicação, estabelecendo que a planta obtinha carbono (C) do CO2 da atmosfera. O
hidrogênio e oxigênio eram absorvidos junto com o carbono. Essa publicação
estabelecia ainda, que o aumento da matéria seca da planta era, principalmente,
devido ao C, H e O absorvidos e que o solo era o fornecedor de minerais
indispensáveis à vida da planta.
Nesse mesmo século, o químico Just Von Liebig (1803-1873) “pai da nutrição
mineral de plantas” estabelecia na Alemanha, que os alimentos de todas as plantas
verdes são as substâncias inorgânicas ou minerais. Este trabalho foi apresentado no
evento da Associação Britânica para o Progresso da Ciência e resultou, em 1840, na
publicação do livro “Química orgânica e suas aplicações na agricultura e fisiologia”.
Liebig com seu vigor dominante conseguiu convencer a comunidade científica da
época com sua teoria, embora seja uma compilação de trabalhos de outros autores
(Saussure, Sprengel etc.).
Portanto, segundo Epstein (1975), a principal contribuição de Liebig à nutrição
de plantas foi a de ter liquidado com a “teoria do húmus” de que a matéria orgânica
do solo era a fonte do carbono absorvido pelas plantas. Dessa forma, segundo a
teoria de Liebig, a planta vive de ácido carbônico, amoníaco (ácido azótico), água,
ácido fosfórico, ácido sulfúrico, ácido silícico, cal magnésia, potassa (soda) e ferro.
Assim, durante todo final do século XIX, a lista clássica dos nutrientes de plantas era
basicamente N, P, S, K, Ca, Mg e Fe. Definindo-se, assim, a exigência das plantas -
essencialmente macronutrientes.

Saiba mais sobre Liebig, “o pai da fertilidade”, em:


http://pt.wikipedia.org/wiki/Justus_von_Liebig

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E ainda nesta época, Liebig contribuiu para o surgimento das indústrias de
adubos. No século XX é que se definiu o conceito de micronutrientes, ou seja,
aqueles igualmente essenciais, porém exigidos em menores quantidades pelas
plantas.
Partindo dos achados científicos de Liebig, a Fertilidade do Solo definiu suas
três leis básicas:

Lei do mínimo:
Essa lei estabelece que a produtividade de uma cultura
é limitada pelo elemento que está presente em menor
quantidade. Nesse caso, mesmo se aumentarmos a
concentração dos outros nutrientes, não haverá um
aumento da produtividade.

Além de se levar em conta a Lei do mínimo, é necessário considerar que também há


um máximo para a utilização de um nutriente (figura abaixo):

Enquanto a planta possui deficiência de certo nutriente (zona de deficiência),


há um maior crescimento da planta, quanto maior for a adição deste nutriente.
Contudo, depois de certo tempo, o crescimento tende a desacelerar (zona
adequada). O aumento da concentração do nutriente, acima do ótimo, diminuirá o
crescimento vegetal (zona de toxidez).
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Lei da restituição:
“A fertilidade de um solo só poderá ser conservada quando lhe são restituídos
os nutrientes removidos pelas colheitas”
Lei bastante didática e até ecológica, principalmente na época em que foi
enunciada (1860).
Inconveniente: existem outras formas de perdas de nutrientes, além das
colheitas.

Acréscimos decrescentes:
“Os aumentos de produção de uma cultura, obtidos pela adição de
quantidades crescentes de um nutriente, são decrescentes”, ou seja, à medida que
se eleva a quantidade de um nutriente na adubação, não são obtidos ganhos em
produtividade proporcionalmente correspondentes aos incrementos nas doses de
fertilizantes.
Inconveniente: a produção quase sempre sofre efeitos depressivos do
nutriente nas doses altas.

Como o cafeeiro retira os nutrientes do solo?

Até agora detalhamos quais são os nutrientes essenciais às plantas e quais


deles são requeridos em maior ou menor quantidade, agora fazemos a seguinte
pergunta:
Como esses nutrientes são absorvidos pelas plantas? Como os nutrientes são
transportados até a superfície das raízes?
As respostas para essas perguntas vocês encontrarão lendo com bastante
atenção as explicações abaixo.
O encontro dos nutrientes com as raízes pode envolver três processos
diferentes: interceptação radicular, fluxo de massa e difusão.
Detalharemos cada um desses a partir de agora. Mas antes, devemos
relembrar a anatomia externa da raiz para que se possa entender qual a relação
desta com a absorção dos nutrientes.

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Zona pilífera ou Zona de
diferenciação: zona de maior
absorção de nutrientes, a qual só está
presente em raízes novas.
Zona suberosa: onde as raízes se
ramificam.
Zona lisa e meristemática: locais
onde acontece o maior crescimento
das raízes.

Vamos agora aos processos de absorção dos nutrientes:

Interceptação radicular: Ao crescer e penetrar no solo, as raízes entram em


contato com os nutrientes presentes ao longo de sua trajetória. No entanto,
considerando que o volume de solo ocupado pelas raízes é muito pequeno, cerca de
0,4% a 2,0%, e que a quantidade requerida de nutrientes é muito maior que a
quantidade no solo em direto contato com as raízes podemos concluir: A
contribuição da interceptação radicular é mínima.
Resumindo: na interceptação radicular, a absorção se dá quando a raiz
cresce e encontra o elemento.
Fluxo de massa: Durante o dia a Processo de Transpiração das
água é absorvida do solo pelas raízes, plantas: evaporação de água para o
ar.
em função da transpiração das plantas.
Você deve estar se perguntando: Qual a relação da transpiração com o
transporte de nutrientes?
Bem, se a água tende a se mover de um local com maior potencial hídrico
para outro de menor potencial hídrico, e o processo de perda de água pelas folhas,
por transpiração, faz com que as folhas tenham um menor potencial hídrico,
consequentemente, a planta tende a suprir a falta de água das folhas absorvendo a
água presente no solo e arrastando consigo os nutrientes nela dissolvidos.
A contribuição da absorção por fluxo de massa tem-se mostrado variável,
dependendo do nutriente, solo, espécie vegetal e idade da planta. Em geral, nos
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solos de melhor fertilidade, o fluxo de massa pode ser importante para o suprimento
de cálcio, magnésio e de boa parte do nitrogênio. Para o fósforo (apresenta-se na
fase líquida em baixíssima concentração) e o potássio (apresenta em baixa
concentração na fase líquida, além de ser muito exigido pelas plantas) – a
contribuição do fluxo de massa é de pequena relevância.
Difusão: Nesse processo o transporte de nutrientes acontece ao acaso num
sistema aquoso, devido à diferença de concentração criada entre a solução do solo
e a superfície das raízes, o qual induz à difusão predominantemente no sentido da
menor concentração (da solução do solo para a raiz). O transporte por fluxo de
massa e por difusão pode ocorrer simultaneamente.
Ao contrário do fluxo de massa, a difusão é um processo de transporte lento e
que ocorre mais nas vizinhanças da superfície radicular, de 0 a 10 mm – sendo
assim bastante influenciada por fatores do solo e da planta.
Importante destacar: A disponibilidade de nutrientes como fósforo, potássio e
zinco é muito afetada pelo fator transporte, dado a dependência da difusão para o
suprimento dos mesmos até as raízes. Para o fósforo, a sua quase total
dependência na difusão é uma séria limitação na aquisição deste nutriente pelas
plantas.
Mas então, o que você sugere para solucionar este
problema?
Vamos pensar: se a água exerce grande influência na
absorção de nutrientes e, consequentemente, na difusão, a
prática de irrigação mostra-se de grande importância para se
aumentar à disponibilidade de nutrientes, notadamente
daqueles com elevada dependência no transporte por difusão.
Outro fator que pode solucionar o transporte por difusão é
localização de fertilizantes – nutrientes tais como Fundamental: As
fósforo, potássio e zinco devem ser aplicados de forma plantas só absorvem
nutrientes em solução,
localizada próximo à região de crescimento das raízes. ou seja, é necessário
Por sua vez, nitrogênio, cálcio, magnésio, enxofre e água da chuva ou
irrigação para que
boro podem ser aplicados a lanço, na superfície. ocorra.

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