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Catequeses Final
Catequeses Final
título:
A vocação da família
autor:
Coordenação Diocesana de Pastoral
data:
fevereiro 2019
Introdução
Cada família,
uma história de amor
#03
A vocação da família
#04
Apresentação
Encontro 1
A família, uma história de amor
Encontro 2
O matrimónio, dom e vocação
Encontro 3
Amadurecer para casar, celebrar para viver,
acompanhar para crescer
Encontro 4
A família, escola para uma cultura da vida
- Objetivos
- 1º Passo – Tempo de oração
- 2º Passo – Olhar o chão que pisamos
- 3º Passo – Olhar mais longe
#05
A vocação da família
Bom trabalho.
#06
Encontro #01
A família,
uma história de amor
Objetivos
a) Olhar criticamente e com espírito cristão as situações concretas
da vida familiar com as suas luzes e sombras.
#07
A vocação da família
1º Passo
Tempo de oração
O encontro deve começar por um tempo de silêncio, de serenidade, após o qual
se recita em conjunto esta oração. Evitar fazer da oração apenas mais um
texto que se lê.
2º Passo
Olhar o chão que pisamos
O animador do grupo propõe que se dialogue sobre a realidade da
família hoje, como cada um interpreta o que se passa com as famílias de
hoje. Não esquecer, como dizia um pensador americano, se alguém
procura problemas na família, só verá problemas; mas se procura
fortalezas, encontrará fortalezas.
#08
Encontro #01 | A família, uma história de amor
3º Passo
Olhar mais longe
Na sua carta "Cada família uma história de amor", o senhor bispo
António Moiteiro afirma que "aprender a amar alguém não é algo que
se improvisa, nem pode ser o objetivo dum breve curso antes da
celebração do matrimónio. É preciso ajudar os jovens a descobrir o
valor e a riqueza do matrimónio.
#09
A vocação da família
4º Passo
Para concluir
O encontro pode terminar com um exercício de síntese do tema, tendo
o nº 57 da Amoris Laetitia como guia:
#10
Encontro #01 | A família, uma história de amor
5º Passo
Respostas a enviar
6º Passo
Oração de conclusão
O animador convida os presentes a fazerem uma partilha sobre o que mais os
tocou no encontro. Não é preciso que todos partilhem, são suficientes dois ou
três sublinhados.
No fim reza-se o Pai Nosso.
#11
A vocação da família
Textos de apoio
#01.
Fortemente marcada por essa dinâmica de egoísmo e de egocentrismo,
a cultura do nosso tempo apresenta sinais de degradação preocupante
quanto a alguns valores fundamentais. É uma cultura do provisório,
que dá prioridade ao que é efémero sobre as realidades perenes com a
marca da eternidade: propõe que se viva ao sabor do imediato e do
momento, e subalterniza as opções definitivas, os valores duradouros.
É uma cultura do prazer, que orienta para a satisfação imediata e
egoísta dos próprios anseios e desejos: ao apresentar o amor e a
sexualidade como objeto de consumo imediato e descomprometido,
banaliza e empobrece a conceção da dimensão sexual humana e
esconde ao homem o horizonte da verdadeira felicidade. É uma cultura
do consumo e do bem-estar material: ao criar ilusões e necessidades
inúteis, ao seduzir os homens com o brilho dos bens perecíveis, ao
potenciar o reinado do «ter» sobre o «ser», escraviza o homem e
relativiza a busca da identidade espiritual. É uma cultura da
facilidade, que ensina a evitar tudo o que exige esforço, sofrimento e
luta: produz pessoas incapazes de lutar por objetivos exigentes e por
realizar projetos que exijam esforço, fidelidade, compromisso e
sacrifício. É uma cultura do indivíduo: ao sublinhar fortemente os
direitos e deveres do indivíduo, anula a dimensão de comunhão e fere de
morte a família como comunidade de vida e de amor. É uma cultura
irresponsável, que relativiza os princípios éticos: prepara leis
destinadas a regular as "crises", sem se preocupar em atacar os
comportamentos inadequados e em educar para um projeto de valores
verdadeiros. É uma cultura de morte: desvaloriza de forma dramática
a vida humana e aceita, com leviandade, que lógicas utilitaristas e
materialistas se sobreponham aos direitos das crianças não nascidas,
dos débeis, dos doentes e das pessoas idosas. É uma cultura
mediatizada: todos estes traços culturais impõem-se, continuamente,
às famílias, através da avalanche dos meios de comunicação, alterando
fortemente os ritmos familiares e não deixando espaço para um
discernimento sadio da realidade familiar.
Conferência Episcopal Portuguesa,
A Família, esperança da Igreja e do mundo, nº 12
#12
Encontro #01 | A família, uma história de amor
#02.
Nas situações difíceis em que vivem as pessoas mais necessitadas, a
Igreja deve pôr um cuidado especial em compreender, consolar e
integrar, evitando impor-lhes um conjunto de normas como se fossem
uma rocha, tendo como resultado fazê-las sentir-se julgadas e
abandonadas precisamente por aquela Mãe que é chamada a levar-lhes
a misericórdia de Deus. Assim, em vez de oferecer a força sanadora da
graça e da luz do Evangelho, alguns querem «doutrinar» o Evangelho,
transformá-lo em «pedras mortas para as jogar contra os outros».
Papa Francisco,
A Alegria do Amor, nº 49
#03.
Dou graças a Deus porque muitas famílias, que estão bem longe de se
considerarem perfeitas, vivem no amor, realizam a sua vocação e
continuam para diante embora caiam muitas vezes ao longo do
caminho. Partindo das reflexões sinodais, não se chega a um
estereótipo da família ideal, mas um interpelante mosaico formado por
muitas realidades diferentes, cheias de alegrias, dramas e sonhos. As
realidades que nos preocupam, são desafios. Não caiamos na armadilha
de nos consumirmos em lamentações autodefensivas, em vez de
suscitar uma criatividade missionária. Em todas as situações, «a Igreja
sente a necessidade de dizer uma palavra de verdade e de esperança. (...)
Os grandes valores do matrimónio e da família cristã correspondem à
busca que atravessa a existência humana». Se constatamos muitas
dificuldades, estas são – como disseram os bispos da Colômbia – um
apelo para «libertar em nós as energias da esperança, traduzindo-as em
sonhos proféticos, ações transformadoras e imaginação da caridade».
Papa Francisco,
A Alegria do Amor, 2016, nº 57
#04.
Essa atitude — a de que nada é mais fácil do que amar — tem
continuado a ser a ideia predominante a respeito do amor, apesar da
esmagadora prova em contrário. Dificilmente haverá qualquer
atividade, qualquer empreendimento que comece com tão tremendas
#13
A vocação da família
#05.
Muitos dos nossos contemporâneos têm em grande apreço o
verdadeiro amor entre marido e mulher, manifestado de diversas
maneiras, de acordo com os honestos costumes dos povos e dos tempos.
Esse amor, dado que é eminentemente humano - pois vai de pessoa a
pessoa com um afeto voluntário - compreende o bem de toda a pessoa e,
por conseguinte, pode conferir especial dignidade às manifestações do
corpo e do espírito, enobrecendo-as como elementos e sinais peculiares
do amor conjugal. E o Senhor dignou-se sanar, aperfeiçoar e elevar este
amor com um dom especial de graça e caridade. Unindo o humano e o
divino, esse amor leva os esposos ao livre e recíproco dom de si
mesmos, que se manifesta com a ternura do afeto e, com as obras, e
penetra toda a sua vida; e aperfeiçoa-se e aumenta pela sua própria
generosa atuação.
Concílio Vaticano II, Gaudium et Spes 49
#14
Encontro #02
O matrimónio,
dom e vocação
No momento histórico que nos coube viver, em que não poucas vezes se
confunde "amor" com "amoricos", respeito com indiferença, "para
sempre" com "enquanto dure", comunicação com monólogos,
autoestima com egoísmo encoberto, é importante determo-nos sobre o
que é o matrimónio cristão. No matrimónio tem de haver amor
verdadeiro, compromisso, fecundidade, ternura, capacidade de
sacrifício. O matrimónio cristão é aquele em que os seus membros,
homem e mulher, colocam a sua confiança no Senhor e reconhecem o
esposo/esposa como mediação privilegiada do amor de Deus. O
matrimónio, dom e vocação, é cristão quando quer ser transparência do
amor de Jesus pela sua Igreja e se sabe destinatário da oferta da graça
de Deus para realizar a sua vocação. Por isso, neste tema pretendemos:
Objetivos
a) Descrever a natureza e as características do amor conjugal:
humano, livre, total, heterossexual, fiel, exclusivo, fecundo.
#15
A vocação da família
1º Passo
Tempo de oração
2º Passo
Olhar o chão que pisamos
Após o tempo de oração, o animador do grupo convida os presentes a
partilharem a característica do amor que achem mais relevante e lhe
toque de entre as que forma lidas a partir de 1Cor 13, 1-7. Não se pode
#16
Encontro #02 | O matrimónio, dom e vocação
esquecer, como afirmou o papa Bento XVI, que a palavra amor, uma das
mais usadas, muitas vezes aparece desfigurada e até abusada, à qual
associamos significados completamente diferentes (texto apoio 1).
O diálogo inicial pode ser completado com a tentativa de resposta às
perguntas:
3º Passo
Olhar mais longe
Casar ou não casar pela Igreja? Vantagens e desvantagens, medos,
dúvidas, incertezas, precipitações… Já ouvimos de tudo um pouco a
propósito da celebração do sacramento do matrimónio. Afinal de
contas, porque é que é importante casar na Igreja? Porque é que o
casamento é um sacramento?
#17
A vocação da família
4º Passo
Para concluir
O encontro pode terminar com a leitura e o comentário à afirmação
convicta do Papa Francisco citada na AL 321: "querer formar uma
família é ter a coragem de fazer parte do sonho de Deus, a coragem de
sonhar com Ele, a coragem de construir com Ele, a coragem de unir-se
a Ele nesta história».
#18
Encontro #02 | O matrimónio, dom e vocação
5º Passo
Respostas a enviar
1. Como formar, então, os jovens para uma verdadeira liberdade
interior que conduza à entrega ao outro e a uma relação de
compromisso cujo vínculo é indissolúvel?
6º Passo
Oração de conclusão
O animador convida os presentes a fazerem uma partilha sobre o que mais os
tocou no encontro. Não é preciso que todos partilhem, são suficientes dois ou
três sublinhados. No fim reza-se o Pai Nosso.
Textos de apoio
#01.
Na verdade, existe um «vasto campo semântico da palavra «amor»:
fala-se de amor da pátria, amor à profissão, amor entre amigos, amor ao
trabalho, amor entre pais e filhos, entre irmão se familiares, amor ao
próximo e amor a Deus. Em toda esta gama de significados, porém, o
amor entre o homem e a mulher, no qual concorrem indivisivelmente
#19
A vocação da família
#02.
Características do amor conjugal: Totalidade – o amor conjugal é
total, incondicional, para sempre. Apesar de frágeis e imperfeitos, os
esposos são chamados a viver um amor pleno na sua vida real. (…)
Implica também uma opção consciente por uma pessoa que se ama.
Sendo uma opção consciente, é uma escolhe e não um dever.
Reciprocidade – é um amor generoso de dupla
entrega. O amor conjugal não pode, no entanto, ser vivido como
exigência ao outro, mas antes como entrega total e confiante. Não se
ama para ser feliz, mas para fazer o outro feliz. Ainda que por amarmos
sejamos felizes ao fazer o outro feliz. (…) O amor não pode ser egoísta.
Para prevalecer tem de ser generoso e altruísta. (…) O amor conjugal é
pleno na sua demonstração de afetos. Vive-se na espiritualidade, na
comunhão de vida e na partilha generosa dos corpos. Esta partilha não
busca apenas a procriação, mas não a deve negar já que, por ela, o casal é
chamado a tomar parte na obra criadora de Deus.
CPM, Caminhada em matrimónio, páginas 65-66
#03.
O matrimónio tende a ser visto como mera forma de gratificação
afetiva, que se pode constituir de qualquer maneira e modificar-se de
acordo com a sensibilidade de cada um. Mas a contribuição
indispensável do matrimónio à sociedade supera o nível da afetividade
e o das necessidades ocasionais do casal. Como ensinam os Bispos
franceses, não provém «do sentimento amoroso, efémero por definição,
mas da profundidade do compromisso assumido pelos esposos que
aceitam entrar numa união de vida total».
Papa Francisco, A Alegria do Evangelho 66
#20
Encontro #02 | O matrimónio, dom e vocação
#04.
O sacramento do matrimónio não é uma convenção social, um rito
vazio ou o mero sinal externo dum compromisso. O sacramento é um
dom para a santificação e a salvação dos esposos, porque «a sua
pertença recíproca é a representação real, através do sinal sacramental,
da mesma relação de Cristo com a Igreja. Os esposos são, portanto,
para a Igreja a lembrança permanente daquilo que aconteceu na cruz;
são um para o outro, e para os filhos, testemunhas da salvação, da qual o
sacramento os faz participar». O matrimónio é uma vocação, sendo
uma resposta à chamada específica para viver o amor conjugal como
sinal imperfeito do amor entre Cristo e a Igreja. Por isso, a decisão de se
casar e formar uma família deve ser fruto dum discernimento
vocacional.
Papa Francisco, A Alegria do Amor, AL 72
#05.
Mas o que entendemos por «amor»? Apenas um sentimento, uma
condição psicofísica? Sem dúvida, se for assim, não será possível
construir sobre ele algo de sólido. Ao contrário, se o amor for uma
relação, então será uma realidade que cresce, e como exemplo até
podemos dizer que se constrói como uma casa. E a casa constrói-se
juntos, não sozinhos! Aqui, construir significa favorecer e ajudar o
crescimento. (…) Do mesmo modo como o amor de Deus é estável e
para sempre, assim também no caso do amor que funda a família,
desejamos que ele seja estável e para sempre. Por favor, não devemos
deixar-nos dominar pela «cultura do provisório»! Esta cultura que
hoje invade todos nós. (…) O «para sempre» não é apenas um problema
de duração! Um matrimónio não é bem-sucedido unicamente quando
dura, mas é importante a sua qualidade. Estar juntos e saber amar-se
para sempre, eis no que consiste o desafio dos esposos cristãos.
Papa Francisco, Discurso aos noivos
que se preparam para o matrimónio, 14 fevereiro 2014
#21
A vocação da família
#22
Encontro #03
Objetivos
a) Refletir sobre a natureza do amor conjugal para compreender o seu
autêntico significado: livre, total, heterossexual, fiel, exclusivo,
fecundo.
b) Compreender que se chega esta conceção de amor em casal fruto de um
processo de enamoramento e discernimento.
c) Situar o amor em casal na sua relação com a fé para o celebrar e viver
cristãmente.
d) Assumir que o matrimónio não é algo pronto de uma vez para sempre
mas é sempre projeto em caminho de concretização e aperfeiçoamento.
#23
A vocação da família
1º Passo
Tempo de oração
O encontro deve começar por um tempo de silêncio, de serenidade, após o qual
se recita em conjunto esta oração. Evitar fazer da oração apenas mais um
texto que se lê.
2º Passo
Olhar o chão que pisamos
O animador do grupo, após o tempo de oração, convida o grupo a
partilhar as suas experiências e opiniões do que entendem por
"preparação para o matrimónio". Pode ser interessante que os
membros do grupo, os que são casados, partilhem a sua experiência
pessoal de preparação para o matrimónio: quanto tempo durou, quem
ajudou, que caminho foi percorrido? Que luzes e sombras
experimentámos nesse caminho de preparação?
#24
Encontro #03 | Amadurecer para casar, celebrar para viver, acompanhar para crescer
3º Passo
Olhar mais longe
#25
A vocação da família
por uma atitude de ternura para superar conflitos que a vida em comum
trás consigo; pela capacidade de arriscar por amar mais.
Sabendo que o "matrimónio não se pode entender como algo acabado",
e que "é preciso pôr de lado as ilusões e aceitá-lo como é: inacabado,
chamado a crescer, em caminho" (AL 218): quais os ingredientes que
ajudam a crescer juntos, a aprofundar esse dom e essa graça?
4º Passo
Para concluir
O encontro pode terminar com um exercício de síntese do tema, tendo
o nº 220 da Amoris Laetitia como guia:
5º Passo
Respostas a enviar
1. Tendo em conta as várias fases da vida, quais os maiores
obstáculos para a compreensão do amor como caminho?
#26
Encontro #03 | Amadurecer para casar, celebrar para viver, acompanhar para crescer
6º Passo
Oração de conclusão
O animador convida os presentes a fazerem uma partilha sobre o que mais os
tocou no encontro. Não é preciso que todos partilhem, são suficientes dois ou
três sublinhados. No fim reza-se o Pai Nosso.
Textos de apoio
#01.
Cada pessoa prepara-se para o matrimónio, desde o seu nascimento.
Tudo o que a família lhe deu, deveria permitir-lhe aprender da própria
história e torná-la capaz dum compromisso pleno e definitivo.
Provavelmente os que chegam melhor preparados ao casamento são
aqueles que aprenderam dos seus próprios pais o que é um matrimónio
cristão, onde se escolheram um ao outro sem condições e continuam a
renovar esta decisão. Neste sentido todas as atividades pastorais, que
tendem a ajudar os cônjuges a crescer no amor e a viver o Evangelho na
família, são uma ajuda inestimável a fim de que os seus filhos se
preparem para a sua futura vida matrimonial. Também não devemos
esquecer os valiosos recursos da pastoral popular. Só para dar um
exemplo simples, lembro o Dia de São Valentim, que, em alguns países,
é melhor aproveitado pelos comerciantes do que pela criatividade dos
pastores.
Papa Francisco, A Alegria do Amor, 208
#02.
O matrimónio é uma questão de amor: só se podem casar aqueles que se
escolhem livremente e se amam. Apesar disso, se o amor se reduzir a
mera atração ou a uma vaga afetividade, isto faz com que os cônjuges
sofram duma extraordinária fragilidade quando a afetividade entra em
#27
A vocação da família
crise ou a atração física diminui. Uma vez que estas confusões são
frequentes, torna-se indispensável o acompanhamento dos esposos nos
primeiros anos de vida matrimonial, para enriquecer e aprofundar a
decisão consciente e livre de se pertencerem e amarem até ao fim.
Muitas vezes o tempo de noivado não é suficiente, a decisão de casar-se
apressa-se por várias razões e, como se não bastasse, atrasou a
maturação dos jovens. Assim os recém-casados têm de completar
aquele percurso que deveria ter sido feito durante o noivado.
Papa Francisco, A Alegria do Amor, 217
#03.
"Quem se casa na Igreja, afirma diante da comunidade que:
a) Quer fazer da vida a dois um sinal de que tudo o que "na alegria e na
tristeza, na saúde e na doença" é fruto do amor e possível em Jesus
Cristo;
b) Quer testemunhar com a sua vida de casal (projetos, atitudes,
filhos…) que o amor de Deus por cada pessoa e pela humanidade é
uma realidade eficaz, que transforma o mundo, e que Cristo nunca
abandona a sua Igreja;
c) Procura, no seu compromisso, encontrar uma vida feliz, porque sinal
do amor de Cristo, que, na sua expressão máxima de total oferta da
vida, venceu a morte para sempre e deu o maior contributo para a
construção do Reino de Deus;
d) Acredita que Deus, através deste sacramento, dá a força eficaz (a
graça) para cumprir esse compromisso e essa missão, a força
manifestada principalmente na morte e ressurreição do Seu Filho
Jesus Cristo, de que vive a Igreja;
e) Acredita que vale realmente a pena contrair um matrimónio cristão,
pelo bem que só nele se pode obter e transmitir."
#28
Encontro #03 | Amadurecer para casar, celebrar para viver, acompanhar para crescer
#04.
Uma apropriada preparação para o matrimónio deverá conduzir os
noivos a:
a) Saber avaliar a maturidade afetiva, psicológica e espiritual, própria e
do outro;
b) Saber avaliar a própria relação, nos seus pontos fortes e fracos, bem
como prever possíveis consequências decorrentes desses pontos;
c) Delinear um projeto de vida familiar: princípios orientadores,
valores "inegociáveis" e metas a alcançar enquanto família;
d) Uma metodologia para uma maior maturidade familiar: momentos
de paragem para avaliar e lançar para o futuro. Só assim é possível
"detetar os sinais de perigo que poderá apresentar a relação, para se
encontrar os meios que permitam enfrentá-los com bom êxito" (AL
210);
e) Elaborar "estratégias" de gestão e superação de conflitos;
f) Descobrir a comunidade cristã como lugar onde a família se pode pôr
ao serviço dos outros, pode procurar ajuda para as suas necessidades
e crises e ganha profundo sentido a celebração de diferentes
situações familiares e comunitárias;
g) Aprofundar o conhecimento da doutrina da Igreja sobre o
sacramento: as propriedades e os fins próprios do matrimónio,
nomeadamente o vínculo de unidade indissolúvel, bem como as
condições sine qua non para a validade do sacramento, isto é,
liberdade, fidelidade e fecundidade. Tudo na perspetiva da
construção de uma verdadeira felicidade.
#05.
O caminho implica passar por diferentes etapas, que convidam a doar-
se com generosidade: do impacto inicial caracterizado por uma atração
decididamente sensível, passa-se à necessidade do outro sentido como
parte da vida própria. Daqui passa-se ao gosto da pertença mútua,
seguido pela compreensão da vida inteira como um projeto de ambos,
pela capacidade de colocar a felicidade do outro acima das necessidades
próprias, e pela alegria de ver o próprio matrimónio como um bem para
#29
A vocação da família
#06.
Então Almitra falou novamente e disse:
- E quanto ao casamento, Mestre?
E ele respondeu, dizendo:
- Nascestes juntos, e juntos ficareis para sempre.
Estareis juntos quando as asas brancas da morte acabarem com os
vossos dias.
Ah, estareis juntos mesmo na memória silenciosa de Deus.
Mas que haja espaços na vossa união e que os ventos celestiais
possam dançar entre vós.
Amai-vos um ao outro, mas não façais do amor uma prisão;
Deixai antes que seja um mar ondulante entre as margens das
vossas almas.
Enchei a taça um do outro mas não bebais de uma só taça.
Parti o vosso pão ao meio mas não comais do mesmo pão.
Cantai e dançai juntos, mas deixai que cada um de vós fique sozinho.
Como as cordas de uma lira estão sozinhas embora vibrem ao som da
mesma música.
Entregai os vossos corações mas não ao cuidado um do outro.
Pois só a mão da Vida pode conter os vossos corações.
E ficai juntos mas não demasiado juntos:
Pois os pilares do templo estão afastados, e o carvalho e o cipreste
não crescem à sombra um do outro.
K. Gibran, O Profeta
#30
Encontro #04
A família,
escola para uma cultura da vida
A família é a escola por excelência para promovermos uma sociedade
que ama e protege a vida. O papa Francisco recorda-nos: "para
compreender a realidade da vida, é preciso baixar-se, como nos
baixamos para beijar uma criança" e comparou os idosos a "um coral
permanente de um grande santuário espiritual, no qual a oração de
súplica e o canto de louvor alicerçam a comunidade que trabalha e luta
no campo da vida". Vivemos numa sociedade de consumo exacerbado,
onde se consome e se deita fora: uma sociedade do descarte, onde se
corre o risco de descartarmos as próprias pessoas. O desafio é
promover, a partir da família, uma cultura da vida, pois a vida é o
grande dom de Deus.
Objetivos
a) Acentuar que a vida humana é um dom sagrado e inviolável de
Deus.
#31
A vocação da família
1º Passo
Tempo de oração
Salmo 8
#32
Encontro #04 | A família, escola para uma cultura da vida
2º Passo
Olhar o chão que pisamos
O animador do grupo, após o tempo de oração, convida os presentes a
partilharem o que o título deste encontro lhes sugere: "A família,
escola para uma cultura da vida." O diálogo pode orientar-se na
procura da resposta a algumas perguntas:
3º Passo
Olhar mais longe
#34
Encontro #04 | A família, escola para uma cultura da vida
4º Passo
Para concluir
O encontro pode terminar com uma síntese sobre o que será promover
em família uma cultura da vida. A partir do texto de apoio número 5,
partilhar em que medida já vivemos ou não o que o papa Francisco nos
desafia a viver. E nesta grande família, que é a Igreja, vivemos assim?
5º Passo
Respostas a enviar
a) O vínculo natural e inseparável entre o amor e a vida está
hoje a tornar-se cada vez mais fraco. O que é aconselhável
fazer para evidenciar que aquele vínculo é necessário e
fundamental?
6º Passo
Oração de conclusão
O animador convida os presentes a fazerem uma partilha sobre o que mais os
tocou no encontro. Não é preciso que todos partilhem, são suficientes dois ou
três sublinhados. No fim reza-se o Pai Nosso.
#35
A vocação da família
Textos de apoio
#01.
O ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus, também possui
altíssima dignidade que não podemos calcar e que somos convocados a
respeitar e promover. A vida é presente gratuito de Deus, dom e tarefa
que devemos cuidar desde a conceção, em todas as suas etapas, até à
morte natural, sem relativismos. (Aparecida 464)
#02.
A mãe, que traz [o filho] no ventre, precisa de pedir luz a Deus para
poder conhecer em profundidade o seu próprio filho e saber esperá-lo
como ele é. Alguns pais sentem que o seu filho não chega no melhor
momento; faz-lhes falta pedir ao Senhor que os cure e fortaleça para
aceitarem plenamente aquele filho, para o esperarem com todo o
coração. É importante que aquela criança se sinta esperada. Não é um
complemento ou uma solução para uma aspiração pessoal, mas um ser
humano, com um valor imenso, e não pode ser usado para benefício
próprio. Por conseguinte, não é importante se esta nova vida te será útil
ou não, se possui características que te agradam ou não, se corresponde
ou não aos teus projetos e sonhos. Porque «os filhos são uma dádiva!
Cada um é único e irrepetível (...). Um filho é amado porque é filho: não,
porque é bonito ou porque é deste modo ou daquele, mas porque é filho!
Não, porque pensa como eu, nem porque encarna as minhas aspirações.
Um filho é um filho». O amor dos pais é instrumento do amor de Deus
Pai, que espera com ternura o nascimento de cada criança, aceita-a
incondicionalmente e acolhe-a gratuitamente.
Papa Francisco, A Alegria do Amor, 170
#36
Encontro #04 | A família, escola para uma cultura da vida
#03.
Igreja é uma canoa, na qual os idosos ajudam a manter a rota,
interpretando a posição das estrelas, e os jovens remam com força
imaginando o que os espera mais além. Não nos deixemos extraviar
nem pelos jovens que pensam que os adultos são um passado que já não
conta, que já está superado, nem pelos adultos que julgam saber sempre
como se deveriam comportar os jovens. O melhor é subirmos todos
para a mesma canoa e, juntos, procurarmos um mundo melhor, sob o
impulso sempre novo do Espírito Santo.
Papa Francisco, Cristo Vive, 201
#04.
A Igreja olha para as pessoas idosas com afeto, reconhecimento e
grande estima. Elas são parte essencial da comunidade cristã e da
sociedade. Não sei se ouvistes bem: os idosos são parte essencial da
comunidade cristã e da sociedade. Em particular representam as raízes
e a memória de um povo. Vós sois uma presença importante, porque a
vossa experiência constitui um tesouro precioso, indispensável para
olhar para o futuro com esperança e responsabilidade. A vossa
maturidade e sabedoria, acumuladas nos anos, possam ajudar os mais
jovens, apoiando-os no caminho do crescimento e da abertura ao
futuro, na busca do seu caminho. Com efeito, os idosos testemunham
que, até nas provações mais difíceis, nunca se deve perder a confiança
em Deus e num futuro melhor. São como as árvores que continuam a
dar fruto: mesmo carregados com o peso dos anos, podem dar a sua
contribuição original para uma sociedade rica de valores e para a
afirmação da cultura da vida.
Papa Francisco, Discurso à federação nacional
dos trabalhadores idosos, 15 outubro 2016
#37
A vocação da família
#05.
Esta família alargada deveria acolher, com tanto amor, as mães
solteiras, as crianças sem pais, as mulheres abandonadas que devem
continuar a educação dos seus filhos, as pessoas deficientes que
requerem muito carinho e proximidade, os jovens que lutam contra
uma dependência, as pessoas solteiras, separadas ou viúvas que sofrem
a solidão, os idosos e os doentes que não recebem o apoio dos seus
filhos, até incluir no seio dela «mesmo os mais desastrados nos
comportamentos da sua vida». E pode também ajudar a compensar as
fragilidades dos pais, ou a descobrir e denunciar a tempo possíveis
situações de violência ou mesmo de abuso sofridas pelas crianças,
dando-lhes um amor sadio e um sustentáculo familiar, quando os seus
pais não o podem assegurar.
Papa Francisco, A Alegria do Amor, 197
#06.
Depois, uma mulher que trazia uma criança ao colo disse:
- Fala-nos das Crianças.
E ele respondeu:
- Os vossos filhos não são vossos filhos. São os filhos e as filhas da Vida
que anseia por si mesma.
Eles vêm através de vós mas não de vós.
E embora estejam convosco não vos pertencem.
Podeis dar-lhes o vosso amor mas não os vossos pensamentos,
pois eles têm os seus próprios pensamentos.
Podeis abrigar os seus corpos mas não as suas almas.
Pois as suas almas vivem na casa do amanhã,
que vós não podereis visitar, nem em sonhos.
Podereis tentar ser como eles, mas não tenteis torná-los como vós.
Pois a vida não anda para trás nem se detém no ontem.
Vós sois os arcos de onde os vossos filhos,
quais flechas vivas, serão lançados.
O arqueiro vê o sinal no caminho do infinito e Ele com o Seu poder
faz com que as Suas flechas partam rápidas e cheguem longe.
K. Gibran, O profeta
#38
Referências bibliográficas:
A Alegria do Amor,
Exortação Apostólica, Papa Francisco (2016)
Caminhada em matrimónio,
CPM - Portugal (2018)
Catecumenado Matrimonial,
Padre Manuel J. Rocha (2019)