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BRUNO YOSHIO TANAKA

CINTIA YURI MATSUGUMA


GUILHERME FRENHI AGUIAR
LUIZ FERNANDO BATISTA DA SILVA
RAPHAEL BALDUSCO DA SILVA
RICARDO JOSÉ DA SILVA
RODRIGO NISHI
THIAGO MOREIRA DE OLIVEIRA

GESTÃO DE ÁGUAS URBANAS – SÃO


BERNARDO DO CAMPO

SÃO PAULO
2

2012

BRUNO YOSHIO TANAKA


CINTIA YURI MATSUGUMA
GUILHERME FRENHI AGUIAR
LUIZ FERNANDO BATISTA DA SILVA
RAPHAEL BALDUSCO DA SILVA
RICARDO JOSÉ DA SILVA
RODRIGO NISHI

GESTÃO DE ÁGUAS URBANAS – SÃO


BERNARDO DO CAMPO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado como exigência parcial
para a obtenção do título de Graduação
do Curso de Engenharia Civil da
Universidade Anhembi Morumbi

THIAGO MOREIRA DE OLIVEIRA


3

Orientador: Prof Msc. José Carlos de Melo Bernardino

SÃO PAULO
2012

BRUNO YOSHIO TANAKA


CINTIA YURI MATSUGUMA
GUILHERME FRENHI AGUIAR
LUIZ FERNANDO BATISTA DA SILVA
RAPHAEL BALDUSCO DA SILVA
RICARDO JOSÉ DA SILVA
RODRIGO NISHI
THIAGO MOREIRA DE OLIVEIRA

GESTÃO DE ÁGUAS URBANAS – SÃO BERNARDO


DO CAMPO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado como exigência parcial
para a obtenção do título de Graduação
do Curso de Engenharia Civil da
Universidade Anhembi Morumbi
4

Trabalho____________ em: ____ de_______________de 2012.

______________________________________________
Prof Msc. José Carlos de Melo Bernardino
______________________________________________
Nome do professor da banca
Comentários:_________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

RESUMO

Este texto deve ser redigido na forma de um parágrafo único, espaço simples, e
conter a descrição completa do trabalho. Não deve ultrapassar esta página. Devem
ser acrescentadas duas palavras chave, no mínimo, na linha abaixo.

SUGESTÃO: MÁXIMO DE 200 PALAVRAS

Palavras Chave: INSERIR NO MÍNIMO TRÊS PALAVRAS


5

ABSTRACT

This part of text must contain a short but complete description of the monograph in a
single paragraph, single line spacing. It cannot overcome this page. At least two
key-worlds must be supplied in the line below.

Key Worlds:
6

LISTA DE FIGURAS

Figura 5.1 – Medidas Estruturais (Simons et al. Apud Tucci,2005)...........................18


Figura 6.2 - Localização de São Bernardo do Campo na Região Metropolitana de
São Paulo.............................................................................................................20
Figura 6.3 - Crescimento Populacional do Município (Censo IBGE 2010).................21
Figura 6.4 - Divisão Geográfica dos Bairros e dos Manaciais de São Bernardo do
Campo (Prefeitura de São Bernardo do Campo)................................................25
Figura 6.5 - Uso do solo por bairro e bacia hidrográfica (Prefeitura de São Bernardo
do Campo)...........................................................................................................30
Figura 6.6 - Contribuições nos Mananciais (Prefeitura de São Bernardo do Campo)
.............................................................................................................................32
Figura 6.7 - Represa Billings.......................................................................................33
7

LISTA DE TABELAS

Tabela 6.1 - Crescimento Populacional e Taxa de Crescimento Geométrico do


Município de São Bernardo do Campo................................................................22
Tabela 6.2 - População nas áreas de proteção aos mananciais por bairro...............24
Tabela 6.3 – Evolução da extensão de rede de abastecimento de água...................26
Tabela 6.4 - Índice de atendimento de água pela Sabesp - São Bernardo do Campo
.............................................................................................................................26
Tabela 6.5 – Evolução do número de ligações de água por classe de consumidor. .26
Tabela 6.6 - Consumo de água tratada por classe de consumidor............................27
Tabela 6.7 - Evolução da extensão de rede coletora de esgoto................................27
Tabela 6.8 - Índice de atendimento e tratamento de esgoto......................................28
Tabela 6.9 – Evolução do número de ligações de esgoto por classe de consumidor
.............................................................................................................................28
Tabela 6.10 - Distribuição de empregos formais por setor.........................................29
Tabela 6.11 - Registro de ocorrências de desastres naturais....................................37
Tabela 12 – Intervenções Propostas no Ribeirão dos Meninos – Proposta B – TR =
100 anos.................................................................................................................1
8

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

DAEE Departamento de Águas e Energia Elétrica

ETE Estação de Tratamento de Esgoto

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

PDMAT Plano Diretor de Macrodrenagem da Bacia Alto Tietê

RMSP Região Metropolitana de São Paulo

SABESP Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo

SAISP Sistema de Alerta a Inundações de São Paulo

SBC São Bernardo do Campo

SEADE Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados

SIGNOS Sistema de Informações Geográficas no Saneamento

UGRHI Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos


9

sumário

1 Introdução............................................................................................................11

2 OBJETIVOS.........................................................................................................12

3 MÉTODO DE TRABALHO..................................................................................13

4 JUSTIFICATIVA..................................................................................................14

5 CONCEITOS GERAIS.........................................................................................15

5.1 CONCEITO DE INUNDAÇÃO.............................................................................15

5.1.1 MICRODRENAGEM.....................................................................................16

5.1.2 MACRODRENAGEM...................................................................................16

5.2 MEDIDAS DE CONTROLE PARA INUNDAÇÕES............................................17

5.2.1 MEDIDAS ESTRUTURAIS...........................................................................17

5.2.2 MEDIDAS NÃO ESTRUTURAIS.................................................................18

6 ESTUDO DE CASO: SÃO BERNARDO DO CAMPO........................................20

6.1 CARACTERIZAÇÃO DA REGIÃO......................................................................20

6.1.1 LOCALIZAÇÃO E ACESSOS......................................................................20

6.1.2 POPULAÇÃO...............................................................................................21

6.1.3 OCUPAÇÃO URBANA E HABITAÇÃO......................................................22

6.1.4 SERVIÇOS E CONDIÇÕES DE VIDA.........................................................25

6.1.5 ATIVIDADES ECONOMICAS......................................................................28

6.1.6 TOPOLOGIA E HIDROGRAFIA..................................................................29

6.2 PLANO MUNICIPAL DE DRENAGEM URBANA...............................................33


10

6.2.1 RIBEIRÃO DOS MENINOS..........................................................................34

6.2.2 RIBEIRÃO DOS COUROS...........................................................................35

6.3 HISTÓRICO DAS INUNDAÇÕES.......................................................................36

6.4 MEDIDAS IMPLANTADAS E RESULTADOS OBTIDOS..................................37

6.5 AÇÕES FUTURAS..............................................................................................41

7 CONCLUSÕES....................................................................................................42

8 REFERÊNCIAS...................................................................................................43

Anexo A.........................................................................................................................1
11

1 INTRODUÇÃO

No início do século XX, a população urbana representava aproximadamente apenas


15% da população mundial, prevendo-se para o final do século um aumento para
50%. Nos países em desenvolvimento, como o Brasil, esse processo acontece mais
rápido.

No decorrer das últimas décadas, o Brasil tem apresentado um aumento expressivo


da população urbana, gerando assim as conhecidas regiões metropolitanas. Após a
década de 60, teve-se início um processo de urbanização mais acelerado, gerando
uma população urbana com infraestrutura precária devido a redução dos
investimentos, principalmente na década de 80.

Atualmente um dos problemas mais crônicos no Brasil consiste nas enchentes


urbanas, sendo que estas são resultantes de um planejamento de drenagem
inadequado, tendo importantes impactos para a sociedade. A deficiência desse
gerenciamento ocorre devido a falta de mecanismos que controlem o aumento das
cheias por causa da urbanização,

O melhor conceito que se pode ter de drenagem é aquela que consegue drenar o
escoamento sem resultar nenhum impacto no local, nem a jusante. Porém, alguns
engenheiros têm uma ideia errada de que o mais apropriado seria uma drenagem
que permitisse um rápido escoamento da água da chuva para a área de estudo.

A maneira errada de se planejar estes projetos de engenharia tem como grande


consequência custos muito altos para toda a sociedade, além de um extremo
desconforto para a população como um todo.
12

2 OBJETIVOS

O objetivo principal do trabalho visa identificar os problemas mais graves em relação


às inundações numa região ocupada devido à urbanização, mostrando suas
possíveis soluções.

O trabalho tem como objetivo específico avaliar como estudo de caso o município de
São Bernardo do Campo, situado na Grande São Paulo, analisando os tipos de
inundações do local e quais procedimentos estão sendo tomados para a tentativa de
solucionar esses problemas.
13

3 MÉTODO DE TRABALHO

De forma a subsidiar a elaboração do estudo realizado consultaram-se livros,


normas, leis, decretos, além de informações extraídas de sites.

Levantou-se o histórico de inundações, enchentes e alagamentos junto à Secretaria


de Serviços Urbanos do município de São Bernardo do Campo.

Em seguida foram analisadas as ações implantadas, como programas de


prevenções, seus os resultados obtidos com essas medidas, concomitante a essa
etapa do trabalho foram levantadas as ações futuras consideradas no planejamento
da Prefeitura de São Bernardo do Campo.
14

4 JUSTIFICATIVA

Atualmente um dos problemas mais agravantes que o município de São Bernardo


enfrenta consiste na má qualidade de drenagem urbana. Problema este ocorrido
principalmente nas épocas de chuvas mais intensas.

O problema da rede de drenagem urbana se torna mais grave sem o planejamento


adequado e com a aceleração do crescimento da urbanização ocorrendo
desordenadamente, tendo como ocupação áreas com riscos de inundação e
escorregamento.

O aumento exponencial da população das cidades nas últimas décadas viabilizou a


ampliação da infraestrutura da região, com o objetivo de garantir recursos aos novos
empreendimentos.

Os itens supracitados apontam para a necessidade da realização de estudos e


pesquisas pertinentes aos sistemas de drenagem urbana, visto a sobrecarga nas
redes existentes com a implantação de novos empreendimentos.

Esta pesquisa traz uma contribuição ao propor critérios e parâmetros avaliativos


sobre o impacto do aumento da taxa utilização das redes de drenagem urbana,
viabilizado pelo estudo de caso de São Bernardo do Campo.
15

5 CONCEITOS GERAIS

Intervenções estruturais são caracterizadas por construção de obras hidráulicas de


grande porte a fim de escoar, desviar, confinar ou reter rapidamente e com menores
cotas, o volume das enchentes.

Estruturas podem ser classificadas como medidas extensivas ou intensivas. As


medidas intensivas são ações diretamente na calha dos rios e podem agir no
aumento da capacidade de vazão dos rios, através do retardamento do escoamento,
como por exemplo, a construção de reservatórios de retenção ou até mesmo o
desvio do escoamento para outros rios ou mar. As medidas extensivas agem na
bacia de drenagem, como a avaliação da cobertura do solo na modificação de
relação entre chuva e deflúvio.

5.1 CONCEITO DE INUNDAÇÃO

Drenagem é um termo que se utiliza para definir as instalações destinadas do


excesso de água, podendo ser em rodovias, na zona rural ou na malha urbana
(CARDOSO NETO apud SILVA, 2004).

Deste modo, pode-se definir drenagem urbana como um conjunto de sistemas


hidráulicos urbanos destinados a necessidade de se direcionar às águas
provenientes de precipitações, visando o controle de possíveis inundações que o
meio urbano está sujeito a sofrer.

No Brasil há muitas irregularidades ligadas aos sistemas hidráulicos urbanos, tais


como, tubulações de esgoto ligadas em bocas-de-lobo de águas pluviais,
lançamentos diretos de esgoto em outros sistemas de drenagem como travessias,
produção de resíduos sólidos em locais incoerentes. Estes problemas causam
prejuízos socioeconômicos à população local e vão degradando as águas das
bacias hidrográficas pouco a pouco.

Deve-se lembrar de que também a falta de sistemas de drenagem como sarjetas,


bocas-de-lobo, travessias, entre outras, bem dimensionadas podem acarretar as
16

inundações devido ao solo chegar ao seu limite de infiltração e não poder mais
enviar suas águas para os lençóis subterrâneos.

Assim a drenagem urbana pode ser subdivida em basicamente dois ramos, sendo a
microdrenagem, que são sistema de condutos pluviais ou canais de drenagem de
diversos lotes, ou seja, rede primária urbana, e a macrodrenagem que são obras
hidráulicas de maiores portes como canais e reservatórios de retenções (piscinões).

5.1.1 MICRODRENAGEM

No sistema de microdrenagem, podem-se passar vazões e volumes provenientes de


áreas urbanizadas, ou sub-bacias com até 1 ha. Os sistemas de drenagem que
compõe o sistema de microdrenagem são as vias, sarjetas, bocas de lobo, tubos e
conexões e os poços de visita (GUSTAVO FERREIRA SIMÕES, 2008).

Recentemente algumas soluções começaram a ser tomadas quando se trata de


sustentabilidade e reaproveitamento de águas, como os reservatórios domiciliares
de águas pluviais, as trincheiras de infiltração, as valas de armazenamento, telhados
e coberturas armazenadores, o armazenamento e a infiltração em áreas de
estacionamento, entre outras, que são também parte do sistema de microdrenagem.

5.1.2 MACRODRENAGEM

No sistema de macrodrenagem, podem-se passar vazões e volumes provenientes


de áreas urbanizadas, ou sub-bacias com vários hectares até alguns km². As
principais medidas do sistema de macrodrenagem são o armazenamento e o
aumento da capacidade de condução (TUCCI, 2002), como num canal, onde teria
uma maior área para armazenar a água a montante, não extravasando para jusante.

Os sistemas de macrodrenagem constituem-se de canais, tubulações de grande


porte, bacias de retenção e detenção (piscinões), entre outros.
17

5.2 MEDIDAS DE CONTROLE PARA INUNDAÇÕES

As medidas de controle quando se trata de enchentes urbanas tem que ser


permanentes pelas comunidades, visando à redução do custo social e econômico
dos impactos. Essas ações de controle tem que ser vista pela comunidade como um
todo para que a melhoria seja continua (TUCCI e GENZ, 1995).
Essas medidas de prevenção são classificadas de acordo com sua natureza, em
medidas estruturais e medidas não estruturais.

5.2.1 MEDIDAS ESTRUTURAIS

Segundo CANHOLI 2005, as medidas estruturais são obras de engenharia que


modificam o sistema fluvial, cujas características se dividem em medidas intensivas
e extensivas. As medidas estruturais tendem a ser mais adequadas nas áreas já
urbanizadas, agindo de forma calma e requerendo manutenção frequente além de
uma grande alocação de verbas (MARTINS, 2006). No quadro abaixo Simons et al.
apud Tucci (2005) mostra as características das medidas extensivas e intensivas
como as vantagens, desvantagens e aplicações. Ele também mostra medidas para
melhorias de canais e reservatórios e mudança de canais, sempre com foco em
reduzir as inundações.
18

Medida Principal Vantagem Principal Desvantagem Aplicação

Medidas extensivas

Alteração da cobertura Impráticavel para grandes


Redução do pico de cheia Pequenas bacias
vegetal áreas
Impráticavel para grandes
Controle de perda do solo Reduz assoreamento Pequenas bacias
áreas

Medidas intensivas

Alto grau de proteção de uma Danos significativos caso


Diques e polders Grandes rios e na planície
área falhe

Melhoria do canal

Redução da rugosidade por Aumento da vazão com


Efeito localizado Pequenos rios
desobistrução pouco investimento
Amplia a área protegida e Impacto negativo em rio com
Corte de meandro Área de inundação estreita
acelera o escoamento fundo aluvionar

Reservatório

Localização difícil devido a


Todos os reservatórios Controle a jusante Bacias intermediárias
desapropriação
Mas eficiente com o mesmo
Reservatórios com comportas Vulnerável a erros humanos Projetos de usos múltiplos
volume
Operação com mínimo de Restrito ao controle de
Reservatórios para cheias Custo não partilhado
pedras enchentes

Mudança de canal

Caminho da cheia Amortecimento de volume Depende da topografia Grandes bacias

Reduz vazão do canal


Desvios Depende da topografia Bacias médias e grandes
principal

Figura 5.1 – Medidas Estruturais (Simons et al. Apud Tucci,2005)

5.2.2 MEDIDAS NÃO ESTRUTURAIS

As medidas não estruturais visão o melhor convívio da população com as


inundações e são caracterizados como medidas preventivas.

Conforme Canholi 2005, Andrade Filho, Széliga, Enomoto 2000, essas medidas
podem ser divididas em:

 Ações de regulamentação do uso e ocupação do solo;


 Construções à prova de enchentes;
 Educação ambiental voltada ao controle da poluição difusa;
 Sistemas de alerta e previsão de inundações;
 Erosão e lixo;
19

 Seguro-enchente;

Ações de regulamentação do uso e ocupação do solo visam precaver contra fatores


de alargamento do escoamento superficial direto, representados pela intensiva
impermeabilização da bacia de drenagem pela ocupação das áreas ribeirinhas
inundáveis.

Por meio do estabelecimento de áreas sujeitas a inundações, é possível estabelecer


um zoneamento para construção de proteções individuais, como a instalação de
comportas, portas-estanques, muros, entre outros. Podem-se desapropriar áreas de
risco, destinando-as a praças, parques, estacionamentos, etc. Por outro lado, pode
se implantar o sistema de alerta que visa evitar o fator surpresa, que muitas vezes
gera vítimas fatais e grande prejuízo pelo alagamento das vias, danos aos veículos.
Esse sistema de alerta auxilia nas ações preventivas de isolamento, retirada de
pessoas e seus bens nas áreas de inundações. Também tem o seguro-enchentes
que podem ser calculados a partir determinação dos riscos associados às enchentes
(CANHOLI, 2005).
20

6 ESTUDO DE CASO: SÃO BERNARDO DO CAMPO

6.1 CARACTERIZAÇÃO DA REGIÃO

A Região Metropolitana do Estado de São Paulo é equivalente à cerca de 3% do


território paulista, totalizando 8.051 km² e nos dias atuais a sua área urbanizada
representa 2.209 km², quase três vezes mais em relação a 1962, que representava
874 km².

Sendo o maior pólo de riqueza nacional, correspondendo a 15% do PIB total, a


região controla as atividades financeiras do país, sendo sede brasileira dos mais
importantes complexos industriais, comerciais e financeiros.

A Grande São Paulo esta listada entre os cinco maiores aglomerados urbanos do
mundo, totalizando 19.616.060 habitantes.

Por definição do decreto nº 6441 de março de 1980, o marco zero do município foi
ser fixado em um ponto central, compreendido pela interseção do alinhamento
direito da Rua dos Vianas e lateral esquerda da Rua Domingos João Ballotin na
Praça Samuel Sabatini.

A vegetação da região é subdividida em três regiões distintas:

1. Cercanias da Serra do Mar constituída por vegetação de alta densidade,


ainda original.

2. Vegetação de média densidade, predominantemente nas vertentes da Bacia


do Sistema Billings, constituída por capoeiras baixas e ralas.

3. Região que responde pelo restante do Município apresenta ausência de mata.

O Município é situado na porção Sul da Bacia Sedimentar de São Paulo, mais


conhecido como Planalto Paulista, com dimensões de 5.000 km² e altitudes médias
variando entre 715 e 900 m. A caracterização do terreno é basicamente um planalto
21

amenizado por morros e espigões de pouca altura e águas drenadas para o Rio
Tamanduateí, um afluente do Rio Tietê.

A Represa Billings corresponde a 75,82 m² da Região do Município, constituída


pelas águas do Rio Grande e afluentes da região do planalto da Bacia do Rio das
Pedras.

6.1.1 LOCALIZAÇÃO E ACESSOS

O município de São Bernardo do Campo localiza-se no Estado de São Paulo, sendo


sua posição geográfica 23° 41’ 38” de latitude sul e 46° 33’ 54” de longitude oeste do
Meridiano de Greenwich.
22

Figura 6.2 - Localização de São Bernardo do Campo na Região Metropolitana de São Paulo

O município faz parte da microrregião de São Paulo, fazendo limite com os


municípios de Diadema e São Caetano do Sul a norte, Santo André a leste,
Cubatão, São Vicente e Praia Grande a sul.

Segundo o último censo do IBGE (Censo 2010 – IBGE) o município possui uma área
territorial que abrange 409 km², tendo como principais vias de acesso a Rodovia
Anchieta (SP-150), Rodovia dos Imigrantes (SP-160), Rodoanel (SP-21) e a Rodovia
Índio Tibiriçá (SP-31).

A sua área de abrangência é composta por aproximadamente 28% de área urbana,


52% de área rural e 20% de área da Represa Billings, de forma geral, 54% da sua
área, ou seja, cerca de 220 km², está inserida em área de proteção aos mananciais.

6.1.2 POPULAÇÃO

Com base no último censo realizado pelo IBGE (Censo 2010 – IBGE), a cidade
possui 764.922 habitantes. A seguir é apresentada a evolução da população do
município, com base o IBGE:
23

CRESCIMENTO POPULACIONAL - MUNICÍPIO DE SÃO


BERNARDO DO CAMPO
780.000

760.000
HABITANTES

740.000

720.000

700.000

680.000

660.000
2000 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
ANO

POPULAÇÃO

Figura 6.3 - Crescimento Populacional do Município (Censo IBGE 2010)

Com base nas informações fornecidas pelo Censo IBGE de 2010, é possível projetar
as taxas de crescimento geométrico anual da população de São Bernardo do
Campo, conforme apresentado abaixo:

Tabela 6.1 - Crescimento Populacional e Taxa de Crescimento Geométrico do Município de São


Bernardo do Campo

TAXA DE CRESC.
ANO POPULAÇÃO
GEOMÉTRICO
2000 701.756 -
2002 715.764 2,00
2003 722.153 0,89
2004 728.366 0,86
2005 734.596 0,86
2006 740.845 0,85
2007 747.011 0,83
2008 753.108 0,82
2009 759.065 0,79
2010 764.922 0,77
2011 771.543 0,87

6.1.3 OCUPAÇÃO URBANA E HABITAÇÃO


24

Ainda com base no IBGE, o município de São Bernardo do Campo apresenta um


grau de urbanização de ordem 98%, e uma densidade demográfica de 1.873,4
habitantes/km².

A ocupação urbana num primeiro momento se concentrou na parte mais ao norte,


aos arredores do ribeirão dos meninos localizado na Bacia do Tamanduateí onde
estão localizadas a Avenida Caminho do Mar e o Centro. Com o processo de
urbanização as áreas mais ao sul começaram a ser ocupadas chegando a Bacia do
Rio Pinheiros e atingindo a Represa Billings onde já se caracteriza uma área de
manancial.

Indo mais ao sul após a área da represa encontra-se o Riacho Grande que é um
distrito com certa característica urbana desde antes da década de 70. Passando
este ponto até o limite sul do município encontra-se o Parque estadual da Serra do
Mar com uma área de aproximadamente 110 km².

Ao analisar a forma com que a expansão vem ocorrendo nota-se que a mesma esta
fortemente ligada com o desenvolvimento da Região Metropolitana de São Paulo,
que tende a levar a população cada vez mais para os extremos se distanciando
cada vez mais do centro aonde ocorrem a ocupação de morros, vales e várzeas
adensando ainda mais as áreas já ocupadas.

Esta forma de crescimento acabou gerando uma forte segregação da área urbana e
grandes contrastes sociais.

Em vias gerais, o município apresenta suas zonas, rural e urbana, divididas pela
represa Billings, onde na região sul da cidade, coberta pela Serra do Mar, encontra-
se a zona rural, e na região norte do município, a zona urbana.

O município tem se desenvolvido basicamente ao longo da rodovia Anchieta que é o


principal acesso ao centro da cidade e conecta SBC com a capital do estado e
outras cidades do Grande ABC. Os bairros mais nobres se encontram localizados a
beira da rodovia na parte mais ao norte já na divisa com a Capital que possui muitas
rotas de acesso. Outra ligação importante é feita pela rodovia dos Imigrantes que
25

concentra grande parte das indústrias pela sua facilidade em escoar a produção do
município. Vale lembrar que SBC já foi considerado um grande polo industrial pela
presença de grandes montadoras e empresas de siderurgia.

O comércio na cidade esta localizado basicamente ao longo de duas avenidas


principais paralelas entre si: Avenida Faria Lima e Rua Marechal Deodoro localizada
no centro da cidade e ao longo da Avenida Caminho do Mar.

A população de renda mais baixa no geral tem suas casas em bairros localizados ao
redor da represa Billings, dentre os quais se podem citar o bairro dos Alvarengas,
Batistini, Montanhão e Butujuru, ainda dentro da zona urbana da região. Grande
parte dessas residências eram sítios e fazendas que foram desmembradas e
negociadas como lotes de forma irregular, vale lembrar que a grande maioria dos
lotes não tem sequer escritura, apenas contratos de compra e venda. Por ser uma
região de alta densidade demográfica e com todos os requisitos básicos
provenientes da urbanização (saneamento, energia, escolas e postos de saúde) é
praticamente inviável qualquer tipo medida corretiva a fim de se migrar toda esta
população para outras áreas.

Em regiões mais criticas estão o bairro do Montanhão, Alto da Serra e Capivari que
se encontram na parte mais elevada em áreas de risco por serem terrenos muito
íngremes.

Abaixo a tabela com a população por bairro, em áreas de proteção aos mananciais.
26

Tabela 6.2 - População nas áreas de proteção aos mananciais por bairro
BAIRRO 1980 1991 1996 2000 2008 2009
Alves Dias (parte) 872 2.631 3.372 3.908 4.226 4.151
Balneária 441 451 623 606 647 643
Batistini 6.742 12.089 24.581 27.655 31.893 31.117
Boutujuru(parte) 1.500 2.278 3.022 2.970 3.610 3.790
Cooperativa(parte) - 763 8.114 9.024 12.331 12.969
Demarchi(parte) - 2.807 4.636 4.711 5.203 5.295
Dos Alvarenga 7.781 27.974 43.569 54.585 69.025 71.391
Dos Casa(parte) 22.802 24.910 36.159 38.559 44.174 45.150
Dos Finco 2.229 5.738 7.988 9.435 11.504 11.841
Montanhão(parte) 257 3.934 7.351 9.504 13.008 14.228
Rio Grande 4.210 4.894 5.379 6.429 7.914 8.138
TOTAL ZONA URBANA 46.834 88.469 144.794 167.386 203.535 208.713
Zona Rural 3.290 5.604 10.900 12.169 13.863 13.980
TOTAL GERAL 50.124 94.073 155.694 179.555 217.398 222.693

Fonte: IBGE (2009)


27

Figura 6.4 - Divisão Geográfica dos Bairros e dos Manaciais de São Bernardo do Campo
(Prefeitura de São Bernardo do Campo)

6.1.4 SERVIÇOS E CONDIÇÕES DE VIDA

De acordo com SIGNOS (Sistema de Informações Geográficas no Saneamento) da


Sabesp (2009), com aproximadamente 1.560 km de extensão de rede de água o
município possui 89% da população atendida com ligações de água, sendo a classe
residencial responsável por cerca 90% do consumo total da região.
28

Tabela 6.3 – Evolução da extensão de rede de abastecimento de água


ANO EXTENSÃO DE REDE (m)
2007 1.513.169,87
2008 1.536.889,89
2009 1.556.096,57

Fonte: SIGNOS – Sabesp (2009)

Com a expansão da malha de rede de abastecimento de água, juntamente com


ações visando melhora no atendimento da Companhia à população, em cinco anos
houve uma grande redução de intermitências no abastecimento de água, bem como
no índice de perdas de água.

Tabela 6.4 - Índice de atendimento de água pela Sabesp - São Bernardo do Campo
SISTEMA DE ÁGUA 2004 2009
Índice de atendimento de água-% 85 89
População com intermitência no abasticimento 380.000 45.000
Índice de perdas de água-% 63 35

Fonte: Sabesp (2009)

Nos últimos dez anos a classe consumidora industrial apresentou um maior aumento
de ligações de água em relação às outras classes, já a classe comercial/outros
apresentou uma redução de aproximadamente 45% em relação ao ano de 2000.

Tabela 6.5 – Evolução do número de ligações de água por classe de consumidor


CLASSE DE CONSUMIDOR (LIGAÇÕES)
ANO COMERCIAL/ TOTAL
RESIDENCIAL INDUSTRIAL
OUTROS
2000 117.710 988 25.519 144.217
2001 119.475 987 25.508 145.970
2002 121.640 988 26.277 148.905
2003 123.699 944 26.297 150.940
2004 133.881 1.133 12.000 147.014
2005 134.840 1.149 12.575 148.564
2006 135.059 1.288 13.334 149.681
2007 136.547 1.415 13.616 151.578
2008 138.488 1.355 13.949 153.792
2009 141.170 1.393 14.343 156.906

Fonte: PMSBC – Secretaria de Obra / Departamento de Água e Esgoto (2003) e Sabesp (2009)

Der forma geral o número de ligações de água na região cresceu em torno de 10%
ao longo dos dez anos.
29

O consumo da classe residencial apresentou crescimento nesse mesmo período,


sendo a única entre as classes, alcançando 13% de aumento no consumo, já as
outras duas classes consumidoras apresentaram redução de até 17%, muito se
deve ao fato de estar sendo desenvolvidos mecanismos de reutilização de água,
principalmente na classe industrial, onde se tem consumos elevados de água, por
muitas vezes para lavagem/resfriamento de máquinas e irrigação de áreas verdes.

Tabela 6.6 - Consumo de água tratada por classe de consumidor


CONSUMO POR CLASSE DE CONSUMIDOR (m³)
ANO COMERCIAL/ TOTAL
RESIDENCIAL INDUSTRIAL
OUTROS
2000 33.390.225 2.744.684 5.912.056 42.046.995
2001 32.570.709 1.496.941 5.727.731 39.795.381
2002 32.946.795 1.099.276 5.894.384 39.940.455
2003 36.748.829 1.272.420 8.008.432 46.029.681
2004 33.996.713 1.748.516 4.163.920 39.909.149
2005 34.403.944 2.098.541 4.160.680 40.663.165
2006 36.751.197 2.251.132 4.527.189 43.529.518
2007 36.805.968 2.342.654 4.795.364 43.943.986
2008 37.346.461 2.389.521 4.952.025 44.688.007
2009 37.779.857 2.277.719 4.955.275 45.012.851

Fonte: PMSBC – Secretaria de Obra / Departamento de Água e Esgoto (2003) e Sabesp (2009)

SIGNOS também apontou que São Bernardo do Campo em 2009 possuía


aproximadamente 1,015 km de extensão de rede coletora de esgoto, atendendo
cerca de 134.000 ligações de esgoto, o que representa o atendimento de 77% da
população.

Tabela 6.7 - Evolução da extensão de rede coletora de esgoto


ANO EXTENSÃO DE REDE (m)
2007 961.589,00
2008 995.929,31
2009 1.015.531,75

Fonte: SIGNOS – Sabesp (2009)

De todo o esgoto coletado no município de São Bernardo do Campo, em 2009,


apenas 26% recebia tratamento.
30

Tabela 6.8 - Índice de atendimento e tratamento de esgoto


SISTEMA DE ESGOTO 2004 2009
Índice de atendimento de coleta de esgoto-% 73 77
Índice de atendimento de tratamento de esgoto-% 9 26

Fonte: Sabesp (2009)

Assim como no número de ligações de água, a classe industrial apresentou o maior


aumento em ligações de esgoto, em 2009 resultou em 45% de crescimento em
relação a 2000, e a classe comercial/outros apresentou uma redução de cerca de
15% em relação ao mesmo ano.

Tabela 6.9 – Evolução do número de ligações de esgoto por classe de consumidor


CLASSE DE CONSUMIDOR (LIGAÇÕES)
ANO COMERCIAL/ TOTAL
RESIDENCIAL INDUSTRIAL
OUTROS
2000 94.543 997 15.550 111.090
2001 97.465 1.020 17.567 116.052
2002 101.312 1,034 18.054 120.400
2003 102.342 905 17.702 120.949
2004 108.494 1.118 11.540 121.152
2005 108.421 1.129 11.870 121.420
2006 107.442 1.302 12.323 121.087
2007 108.025 1.441 12.413 121.879
2008 115.097 1.402 12.879 129.378
2009 119.047 1.443 13.412 133.902

Fonte: PMSBC – Secretaria de Obra / Departamento de Água e Esgoto (2003) e Sabesp (2009)

De forma geral o número de ligações de esgoto no município cresceu em torno de


20% de 2000 para 2009.

6.1.5 ATIVIDADES ECONOMICAS

De acordo com o levantamento feito pelo SEADE no ano de 2010, o setor de


serviços é o responsável pela maior parcela de empregos formais gerados na
região, o qual representa cerca de 45% dos empregos formais existentes na região,
conforme apresentado abaixo:
31

Tabela 6.10 - Distribuição de empregos formais por setor


ANO 2010 EMPREGOS FORMAIS
SETOR QTD. %
Indústria 102.143 36
Serviço 127.855 45
Comércio 42.247 15
Construção Civil 10.326 4
TOTAL 282.571 100
Fonte: SEADE 2010

A pesquisa realizada pelo SEADE no ano de 2009 aponta que a participação do


município no PIB do estado de São Paulo alcança 2,6%.

São Bernardo do Campo é conhecido pela forte indústria automobilística instalada


na região, onde desde a década de 1950 sua economia é baseada nesse setor, pelo
fato de ser sede das primeiras montadoras de veículos do Brasil, como Volkswagen,
Ford, Scania, Toyota, além das indústrias de autopeças, de tintas, entre outras.

6.1.6 TOPOLOGIA E HIDROGRAFIA

O município de São Bernardo do Campo esta situado no chamado planalto paulista


que se encontra na porção sul da bacia sedimentar que tem aproximadamente 5.000
km² e altitudes de 715 a 900 metros, basicamente com um relevo suave e com
espigões moderados que tendem a drenar para o rio Tamanduateí que e um
afluente do Rio Tiete. O ponto mais alto a aproximadamente 900 metros se encontra
no bairro Montanhão e o ponto mais baixo a 60 metros no pé da Serra do Mar.

A serra do Mar é o relevo que faz a transição entre o Planalto Atlântico e a Planície
Costeira da Baixada Santista.

Tem três tipos de vegetação características: Mata fechada com alta densidade de
vegetação e original da Serra do Mar, vegetação rasteira nos arredores da represa
Billings e ausência de mata no restante do município.
32

Figura 6.5 - Uso do solo por bairro e bacia hidrográfica (Prefeitura de São Bernardo do Campo)

A área em estudo encontra-se na Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos


n° 6 – Alto Tietê (UGRHI-06), a qual abrande a maior parte da RMSP, segundo
delimitação estabelecida pela Lei Estadual n° 9.034 de 27 de Dezembro de 1994.

A parte norte do Município encontra-se inserida na Sub-Bacia do Tamanduateí


formada por rios que desembocam no rio Tamanduateí. Esta é uma área
densamente ocupada com alto nível de impermeabilização. Por esta área passam o
33

Ribeirão dos Meninos e o Ribeirão dos Couros, sendo o primeiro responsável pelos
maiores eventos de inundações do município.

A porção mais ao sul esta inserida na Sub-Bacia de Pinheiros que é constituída pelo
represamento do Rio Grande e seus afluentes aonde todos integram as represas do
Sistema Billings.

Para completar conta também com a Bacia da Baixada Santista, que se forma pelos
rios que nascem nas cabeceiras da Serra do Mar em direção ao oceano.
34

Figura 6.6 - Contribuições nos Mananciais (Prefeitura de São Bernardo do Campo)


35

A presença da Represa Billings se faz importante para a região tanto em termos


energéticos como para abastecimento por ser o maior reservatório de água da
região metropolitana de São Paulo. Sua área de drenagem abrange de forma
integral o município de Rio Grande da Serra, e parcialmente os municípios de
Diadema, Ribeirão Pires, Santo André, São Bernardo do Campo e São Paulo.

Figura 6.7 - Represa Billings

A partir de 1998 densenvolveu-se o Plano Diretor da Bacia do Alto Tietê, o qual


viabilizou o funcionamento de 20 piscinões na bacia do rio Tamanduateí, dentre eles
7 estão localizados na bacia do ribeirão dos Meninos e 8 na bacia do ribeirão dos
Couros. Os piscinões localizados no município de São Bernardo do Campo são, RC-
1, RM-6, RM-7, RM-4, RM2-3, RC-2A e RC-9.

O município de São Bernardo do Campo possui um Plano Municipal de Drenagem


Urbana (dezembro/2010), o qual apresenta proposições para canalizações dos
Ribeirões dos Meninos e Couros.

6.2 PLANO MUNICIPAL DE DRENAGEM URBANA

Em dezembro de 2010 foi desenvolvido o Plano Municipal de Drenagem Urbana do


Município de São Bernardo do Campo, apresenta proposições de canalização de
trechos dos ribeirões dos Meninos e Couros, localizados no município.
36

O Plano avaliou as obras de controle e inundações existentes, e apontou que


diversas seções analisadas em ambos os ribeirões não atendem as vazões de
tempo de retorno de 25, 50 e 100 anos.

Com base nessas informações o plano apresenta alternativas de melhorias para


ambos os Ribeirões.

6.2.1 RIBEIRÃO DOS MENINOS

Dentre as alternativas de melhorias que o plano apresenta, a alternativa escolhida


contempla trechos de canalização em estruturas de concreto com seção retangular
aberta considerando o atendimento das vazões para o período de retorno de 100
anos.

A tabela do Anexo A, apresenta os trechos apontados nessa proposta.

O trecho que compreende essa proposta segue desde a bifurcação com o Ribeirão
dos Couros até o trecho canalizado sob a Avenida implantada a jusante do Paço
Municipal.

A proposta contempla:

 Um canal de seção retangular em concreto aberto, com 20,00 m de base, altura


variando de 5,50 a 6,00 m, a ser implantado no leito atual, com a Avenida Guido
Aliberte na margem direita e a Avenida Lauro Gomes na margem esquerda,
apontando uma extensão de aproximadamente 6.700 m;

 Um canal de seção retangular em concreto aberto, de 5,00 a 7,00 m de base e


3,50 m de altura, a ser implantado no leito atual a montante da via Anchieta,
seções ME-01 a ME-06, com uma extensão aproximada de 1.300 m;

 Ao longo da Avenida Faria Lima, na região central, obras de reforço de galerias,


resultando em um investimento estimado;
37

 Melhorias das travessias da Estrada das Lagrimas, Avenida São João Batista,
Rua Afonsina, Avenida Lions e na Avenida Winston Churchul, sobre o Ribeirão
dos Meninos;

Tais obras geram um montante de aproximadamente R$ 400.000.000 de


investimento em melhorias no sistema de drenagem da bacia Ribeirão dos Meninos.

6.2.2 RIBEIRÃO DOS COUROS

Para o Ribeirão dos Couros foi proposto apenas uma alternativa, onde as obras de
canalização do Ribeirão tem se trecho de jusante desde a sua foz no Ribeirão dos
Meninos até a proximidade do reservatório de detenção RC-9 localizado na
bifurcação com o córrego Taboão.

A proposta contempla:

 Um canal de seção retangular em concreto aberto, com 15,00 m de base e


altura de 5,00 m, desde a foz no Ribeirão dos Meninos até a Avenida do
Taboão, com uma extensão de aproximadamente 580 m;

 Um canal de seção retangular em concreto aberto, com 15,00 m de base e 5,00


m, desde a foz do córrego Taboão até a proximidade da fábrica da Mercedes
Benz, onde já existe um trecho canalizado em concreto;

 Melhorias das travessias da Rua Tocantinia, Avenida Marginal Esquerda


(Rodovia Anchieta), Rodovia Anchieta, Avenida Marginal Direita (Rodovia
Anchieta), Avenida do Taboão, Rua Fernão Dias Paes Leme, Anel Viário
Metropolitano e Rua Guaricica sobre o Ribeirão dos Couros;

 Um canal de seção retangular em concreto aberto, com 14,00 m de base e 4,00


m de altura, o trecho inicia-se no reservatório de detenção RC-2a próximo a
bifurcação com o córrego Curral Grande para montante, até a foz do córrego
Piraporinha, com uma extensão aproximada de 1.900 m;
38

 Um canal de seção retangular em concreto aberto, de 5,00 a 10,00 m de base e


4,00 m de altura, desde a Avenida Castelo Branco até a Avenida Fundabem,
com uma extensão aproximada de 2.700 m;

Tais obras geram um montante de aproximadamente R$ 100 milhões de


investimento em melhorias no sistema de drenagem da bacia Ribeirão dos Couros.

6.3 HISTÓRICO DAS INUNDAÇÕES

O problema das inundações se agravaram a partir da década de 70 devido as


ocupações irregulares como visto anteriormente. Junto ao processo de urbanização,
somam se as medidas estruturais adotadas na época, que focaram na canalização
dos córregos da região. As inundações passaram a se concentrar na bacia do
Ribeirão dos Meninos que corre canalizado por debaixo da Avenida Faria Lima. Este
trecho canalizado vai até as imediações do Paco Municipal e do shopping Metrópole
e é um dos principais pontos de inundação da cidade, frequentemente noticiados.

O processo de inundação se intensificou com a diminuição dos tempos de


concentração e aumento da impermeabilização da região, estas passaram a ser
freqüentes e com periodicidade anual, causadas principalmente por chuvas de curta
duração e grande intensidade.

As inundações estão por várias regiões da cidade, e ocorrem tanto por drenagem
inadequada como por estarem localizadas em regiões mais baixas como é o caso do
bairro Paulicéia que segundo moradores da região ocorrem a pelo menos 50 anos. A
situação melhorou com a construção do piscinão que atende a região, porem
mesmo este não é capaz de conter eventos chuvosos que ocorrem principalmente
no inicio do ano.

Com base em informações da Secretaria de Serviços Urbanos, em 2009 foram


registradas 71 ocorrências entre enchentes, inundações e alagamentos no município
de São Bernardo do Campo.
39

Tabela 6.11 - Registro de ocorrências de desastres naturais


OCORRÊNCIAS POR NATUREZA 2008 2009
Queda de árvores 26 32
Incêndio 24 22
Infiltração / vazamento de água 37 74
Infiltração / vazamento de esgoto 3 12
Destelhamento 4 20
Deslizamento 72 297
Desabamento 220 625
Erosão fluvial 5 4
Erosão pluvial 2 5
Enchente / Inundição / Alagamento 42 71
Outros 80 68
TOTAL GERAL 515 1.230
Interdições - 699

Fonte: PMSBC – Secretaria de Serviços Urbanos

6.4 MEDIDAS IMPLANTADAS E RESULTADOS OBTIDOS

O ribeirão dos Meninos é compreendido como a maior porção de contribuição das


inundações do município e hoje conta com seis piscinões executados para aumentar
o tempo de escoamento das águas.

Em 2010 foi elaborado, após a constatação de deficiências nas estruturas de


drenagem do ribeirão dos Meninos e ribeirão dos Couros, um pré-dimensionamento
hidráulico das seções, de modo que estas tiveram seus cálculos atualizados para
períodos de retorno de 100 anos, em atendimento às premissas do DAEE
(Departamento de Águas e Energia Elétrica), permitindo assim propor seções típicas
para implantação.

Medidas não estruturais adotadas (até 1998), apenas 12% da bacia estudada até
setembro de 1998 esta preservada, significando que restam 3,5m² de áreas verdes
na região.

Estudos desenvolvidos pelo PDMAT permitiram notar que nos últimos anos, até
1998, 30% da área originalmente coberta por vegetação foi invadida pela mancha
urbana. Portanto destacam-se as medidas não estruturais tomadas na tentativa de
coibir e evitar esta evolução.
40

 Programa de Educação Ambiental

Ao programa de educação ambiental foi proposto, inicialmente, contatos com a


Coordenadoria de Educação Ambiental de São Paulo, no intuito de estabelecerem
diretrizes a serem observadas para os programas educacionais que envolvam o
problema ambiental.

 Participação Pública na gestão dos recursos hídricos da bacia

O DAEE já atua na bacia desde a década de 80 e iniciou a comunicação com


algumas representações da comunidade mais afetada pelas inundações.

Desde então ficou claro para a comunidade que a simples ampliação do canal
apenas faria a transferência das vazões para o rio Tamanduateí, o qual não
suportaria tal aumento. O DAEE passou a discutir em reuniões com os
representantes, formas alternativas de controle das cheias.

Surgiu o conceito de reversão de bacia, que abrange parte dos ribeirões dos
Meninos e dos Couros, onde pretendia-se reverter e aliviar os afluentes do
Tamanduateí direcionando a vazão para a represa Billings, entretanto a proposta foi
inviabilizada.

Mais recentemente foi criado o Comitê da Bacia Alto Tietê, este fórum foi ampliado
ainda com a criação do Sub Comitê Tamanduateí/Billings, que responde atualmente
pela instância técnica e política de apreciação dos problemas de inundação e
questões voltadas para o uso da água.

 Programa de prevenção hidrometereológica

A área da bacia do ribeirão dos Meninos esta contida na cobertura do radar de São
Paulo (Sistema de Alerta a Inundações de São Paulo – SAISP), o qual emite alertas
e informações de atenção considerando dois métodos para o enquadramento das
vazões prevista em observação, quando a capacidade do canal na seção prevista é
atingido ou através de equações empíricas.
41

 Plano de contingência para episódios críticos de inundações

A grande cheia de 1991 teve como resultado a criação de um grupo composto pelo
Governo do Estado e Município de São Paulo, com o intuito de estabelecer um plano
de ações reativas, emergenciais e de curto prazo.

 O Plano de Contingência gerou os seguintes Planos Emergenciais

 Programa alternativo de transporte, circulação e acessos;

 Programa de salvamento e de assistência à população atingida por


inundações ou escorregamentos;

 Programa de desinterdição e limpeza de áreas afetadas;

 Programa de controle sanitário e epidemiológico nas áreas afetadas;

 Programa de comunicação preventiva e de orientação.

 Intensificação de medidas de controle na bacia – Impermeabilização de


grandes áreas

Há grande necessidade de medidas que possibilitem controlar a urbanização


observada na bacia. É comum observar muitas ações de impacto significativo na
impermeabilização do solo, as quais realizam-se sem o devido cuidado e os efeitos
deste processo sequer são estudados.

Faz-se necessário então, antes que qualquer projeto ou obra interfira na


permeabilidade da bacia, que o empreendedor consulte obrigatoriamente as
instancias de Planejamento Urbano, DAEE e Secretaria de Estado do Meio
Ambiente, antes de implantar quaisquer empreendimentos que impactem no sistema
de drenagem urbana existente.
42

 Disposição de resíduos sólidos

É estimado que cada habitante da RMSP produza por dia 1kg de resíduos sólidos
por dia, o que resulta em 16.000 toneladas/dia que necessitam de processamento
adequado.

Sabe-se também que uma grande quantidade de resíduos sólidos vindos da periferia
acaba por atingir a área de drenagem, fluindo até os rios da bacia.

Os efeitos deletérios são a contaminação das águas pluviais por esgoto doméstico e
industriais. A bacia do Tamanduateí serve de veículo de transporte para toneladas
de objetos lançados pelos habitantes. Considerando-se ainda os efeitos da poluição
difusa na bacia, pode-se facilmente concluir que não basta ter áreas de drenagem
ou dispor te aterros sanitários, é necessário conscientizar a população e estimular a
redução drástica do mal uso dos cursos d’água.

 Coleta e tratamento de efluentes domésticos e industriais

A bacia dispõe de rede coletora de esgotos domésticos e esta foi ampliada na 1ª


Fase do Projeto Tietê, iniciado em 1992 e concluído em 1998. A segunda fase do
projeto teve como previsão de início meados do ano 2000.

Os efluentes coletados são conduzidos para a ETE do ABC, onde recebem


tratamento.

 Controle do reuso da água

Na região da bacia do ribeirão dos Meninos, assim como no rio Tamanduateí, existe
grande concentração de industrias que captam águas superficiais e subterrâneas,
tratando-se então de uma bacia em que a vazão é o produto de águas residuárias.

Desta forma, é importante que o reuso seja devidamente controlado a fim de evitar
que as bacias citadas venham a se tornar rios urbanos.
43

6.5 AÇÕES FUTURAS

Segundo a prefeitura de São Bernardo do Campo 2010, para o ribeirão dos


Meninos, foram propostas duas alternativas de ampliação e/ou reforço de sua calha
para os períodos de retorno de 25, 50 e 100 anos.

Foi previsto a inclusão de reservatórios de detenção na bacia do ribeirão dos


meninos para a redução dos picos de cheias que assim acarretariam menores
dimensões necessárias nas calhas dos rios, porém não foi viabilizada devido a
ocupação de uma área superficial muito grande,causando desapropriações de
terrenos e casas existentes.

Dos reservatórios propostos pela prefeitura, conforme o DAEE, apenas um tem


projeto executivo elaborado com uma capacidade de apenas 14% do necessário.

Alternativas foram propostas para aprevenção de inundações, segue abaixo:

 Canalizações em estruturas de concreto – Ribeirão dosMeninos;

 Obras de reforço de galerias – Região Central, ao longo daAv. Faria Lima;

 Melhorias das travessias - Ribeirão dos Meninos;

 Canal em concreto aberto – Montante da via Anchieta;

 Canalizações em concreto aberto – Ribeirão dos Couros;

 Melhorias das travessias - Ribeirão dos Couros;

Foi verificado também pela prefeitura de São Bernardo do Campo 2010 que há


disponibilidade para a inserção de novos piscinões, tal como na bacia do córrego
dos Lima.
44

7 CONCLUSÕES

De forma geral a Prefeitura de São Bernardo do Campo tem mostrado preocupação


com os problemas de enchentes e inundações que o município enfrenta
periodicamente, através de estudos e análises do sistema existente, chegou-se a
proposições de intervenções necessárias a fim de se minimizar os impactos desses
fenômenos.

Conclui-se com o trabalho apresentado que existem muitas medidas a serem


estudadas e avaliadas, visando a melhora no sistema de drenagem de águas
pluviais existentes em São Bernardo do Campo, sendo considerados estudos
e  medidas estruturais.
45

8 REFERÊNCIAS

ANDRADE FILHO, Alceu Gomes de; SZÉLIGA, Marcos Rogério; ENOMOTO,


Carolina Ferreira. Estudo de medidas não estruturais para controle de
inundações urbanas. Ponta Grossa: Publicatio Uepg, 2000.

BARCELOS, M. F. P. Ensaio tecnológico, bioquímico e sensorial de soja.


1998. 160 f. Tese (Doutorado em Nutrição) – Faculdade de Engenharia de
Alimentos, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1988.

CANHOLI, Aluísio Pardo. DRENAGEM URBANA: Controle de Enchentes. São


Paulo: Oficina De Textos, 2005. 25 e 26 p.

DEPARTAMENTO NACIONAL DE TRÂNSITO - DENATRAN. Evolução da


frota de veículos, segundo as Grandes Regiões, Unidades da Federação e
Municípios das Capitais - 1990 a 2003. Disponível em:
<http://www.denatran.gov.br/frota.htm>. Acesso em: 15 jan. 2006.

GOMES, L. G. Novela e sociedade no Brasil. Niterói: EduFF, 1998. 137 p.


(Coleção Antropologia e Ciência Política, 15).

GUSTAVO FERREIRA SIMÕES (Org.). Projeto de Infraestrutura e


Equipamentos Urbanos. Minas Gerais: Equipe Operacional Tim-ii, 2008. 25 p.

KOBIYAMA, Masato et al. PREVENÇÃO DE DESASTRES NATURAIS


CONCEITOS BÁSICO. São Paulo: Organic Trading, 2006. 107 p.

PICARELLI, M. Sistrut Software e Tecnologia SADP: Sistema de


Armazenamento de Dados e Projetos. Disponível em:
<http://www.sistrut.com.br/sadp/>. Acesso em: 04 maio 2006.

SÃO PAULO (Estado). Secretaria do Meio Ambiente. Estudo de Impacto


Ambiental EIA – RIMA: manual de orientação. São Paulo: SMA, 1989. 48 p.
46

SILVA, Luciano Castro da. Sistemas de Drenagem Urbana Não-


Convencionais. 2004. 70 f. Monografia (Graduação) - Curso de Eng. Civil,
Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo, 2004.

TUCCI, Carlos E. M.; GENZ, F.. Controle do impacto da


urbanização. Drenagem Urbana. Porto Alegre: Editora da Universidade
UFRGS, 1995.

TUCCI, Carlos E. M., 2005. Disponível em:


<http://pt.scribd.com/doc/59066035/Manual-Gestion-de-Inundaciones-
Urbanas#download>. Acesso em: 22 abr. 2012.

TUCCI, Carlos E. M.. Controle de Vazões. Porto Alegre: Editora da


Universidade UFRGS, 2002.
ANEXO A

Tabela 12 – Intervenções Propostas no Ribeirão dos Meninos – Proposta B – TR = 100 anos

Fonte: Plano Municipal de Drenagem Urbana do Município de São Bernardo do Campo (dez/2010)

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