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SENTENÇA
PROCESSO: 00001658.989.16-5
ÓRGÃO: CONSORCIO INTERMUNICIPAL DA REGIAO
SUDOESTE DA GRANDE SAO PAULO - CONISUD
(CNPJ 05.031.043/0001-58)
ADVOGADO: FRANCISCO ROBERTO DE
SOUZA (OAB/SP 137.780)
INTERESSADO(A): ROBERTO ROCHA
ADVOGADO: ROBERTO ROCHA (OAB/SP
119.118) / RENATO ROBERTO MORAES ROCHA
(OAB/SP 315.116)
AMARILDO GONCALVES
ASSUNTO: Balanço Geral - Contas do Exercício de 2016
EXERCÍCIO: 2016
INSTRUÇÃO POR: DF-7.1 - 7ª DIRETORIA DE FISCALIZAÇÃO
Passo à decisão.
Em preliminar, afasto o apontamento da fiscalização de reincidência
às contas de 2014 (TC-1147/026/14) e de 2015 (TC- 4722.989.15) quanto aos itens
4.1.2 - Dívida Ativa (Balanço Patrimonial não reflete o valor real da dívida ativa apurada), e 12.1 –
Transparência do Consórcio, respectivamente, na medida em que a decisão das
contas de 2014 transitou em julgado em 14.08.2018, e as de 2015 em 18.07.2019,
extemporâneo, portanto, ao exercício em análise.
Em que pesem os apontamentos trazidos pela diligente
Fiscalização, as contas em exame estão em condições de receber juízo favorável com
ressalvas, eis que os recorrentes procuraram afastar, item a item, as falhas apontadas
pela Equipe da DF-7.
Decerto que obteve um déficit orçamentário de R$ 15.564,35,
equivalente a 5,33% da receita realizada que foi de R$ 291.981,65, aumentando o
déficit financeiro retificado de 2015 em 1279,43%, o qual passou de R$ 2.300,69
positivos, em 2015 para R$ 27.135,10 negativos em 2016. Todavia o déficit da
execução orçamentária pode ser justificado pela ausência de repasses de 4 (quatro)
municípios (Cotia R$ 24.000,00, Embu Guaçu R$ 36.000,00, Juquitiba R$ 18.000,00 e
São Lourenço da Serra R$ 18.000,00).
Mesmo com a deficiência orçamentária, a equipe de fiscalização
destacou que as atividades desenvolvidas pelo Consórcio se coadunam com os
objetivos para os quais foi legalmente criado pelos partícipes.
A ausência de Contrato de Rateio entre os municípios participantes
é ocorrência a ser conduzida ao campo das ressalvas. Ainda que a fixação das
contribuições mensais tenha constado no Protocolo de Intenção, o qual foi ratificado
por lei de todos os municípios integrantes, deve o responsável pelo Consórcio
formalizar o instrumento contratual em cada exercício financeiro conforme disposto no
art. 8º da lei nº 11.107/2005. Sobre o assunto, a Origem noticiou providências visando
à adequação nos termos da lei vigente, circunstância que deverá ser acompanhada
pelas futuras inspeções desta Corte de Contas.
Ficam acolhidas as razões quanto à ausência do Conselho de
Regulação, por não ser aplicável às finalidades do CONISUD.
Quanto ao Regimento do Conselho Fiscal, cuja criação está a cargo
dos integrantes do referido Conselho, cabendo ao Consórcio somente a sua aprovação
por meio da Assembleia Geral, deve o responsável envidar esforços viabilizando o seu
aperfeiçoamento.
No tocante à falta de repasses dos municípios consorciados, a qual
atingiu R$ 96.000,00 no exercício inspecionado, deve o responsável imprimir maior
rigor na cobrança de tais débitos, ainda que medidas têm sido tomadas, inclusive
judicial para os casos em que se esgotaram todas as formas de cobrança amigável, a
exemplo dos municípios de Juquitiba e São Lourenço da Serra, cujas ações de
cobrança, até 2015, foram julgadas procedentes pelo Tribunal de Justiça do Estado
(Eventos 47.8 e 47.9),.
Quanto a não inscrição em dívida ativa dos valores em atraso no
exercício inspecionado, ainda que noticie que os Municípios que não formalizaram
acordos estão sendo acionados judicialmente para pagamento do débito com os
devidos acréscimos legais, tais providências não desobrigam o CONISUD de
providenciar a inscrição de tais débitos em momento oportuno na dívida ativa.
No tocante à divergência do valor da Dívida Ativa no Balanço
Patrimonial e o apurado pela fiscalização, assim como nas 3 (três) versões dos
demonstrativos apresentados, as justificativas podem ser aceitas, com as devidas
ressalvas, eis que, embora utilize do Sistema de orçamento e contabilidade pública –
SIOP cedido gratuitamente pela Prefeitura do município de Embu das Artes, existindo
certa dificuldade de acesso ao sistema, bem como de esclarecimentos e soluções de
problemas, o CONUSUD, também, assinou contrato de prestação de serviços de
assistência contábil com a empresa Sueli Aparecida Matias Contabilidade EPP
(contrato nº 01/2016, com prazo de vigência até 31.12.2016, no valor de R$
10.380,00).
Sobre as divergências, prontificou-se a corrigi-las nos próximos
demonstrativos contábeis, contabilizando corretamente os valores a receber de dívida
ativa e eliminar as inconsistências entre os resultados orçamentários e financeiros nas
peças contábeis, providência a ser acompanhada pelas fiscalizações desta Corte de
Contas e tratada em item específico no relatório.
Quanto ao não recolhimento do IRRF dos funcionários aos cofres
dos municípios integrantes do Consórcio, as justificativas apresentadas, a meu ver,
podem ser aceitas. Como o processo de conversão do CONISUD de Consórcio
Administrativo em Consórcio Público está por concluir, sempre existiu a dúvida quanto
ao entendimento da União quanto à retenção, optando-se, por segurança jurídica, em
fazer o recolhimento a favor da UNIÃO através da competente guia DARF.
Afasto o apontamento da fiscalização quanto ao pagamento
antecipado da parcela mensal da locação do imóvel sede do Consórcio, em afronta à
Lei 4.320/64, bem como à Lei 8.666/93, vez que se tratou de garantia locatícia, de
acordo com o art. 37 da Lei nº 8245/91 (Lei do Inquilinato), cujo valor será devolvido ou
abatido do último mês de locação para o caso de devolução do imóvel.
As razões quanto ao pagamento do aluguel em conta do
Administrador do imóvel, o qual não era parte da contratação, podem ser acolhidas, eis
que foi a pedido do locador, e ocorreu em um único mês.
Indicou a fiscalização ausência das atribuições e da definição das
qualificações exigidas para a ocupação de cada cargo em comissão, impedindo a
verificação do cumprimento do artigo 37, II e V, da Constituição Federal.
Sobre a questão, a Origem noticiou que a estruturação dos cargos
com o devido regimento foi contemplada no novo estatuto, visando assim corrigir e
adequar à atual realidade. Neste contexto, devem as futuras inspeções desta Corte de
Contas verificar as medidas corretivas anunciadas, com as devidas anotações em
relatório de contas.
Com relação ao não adequado tratamento às informações de
interesse público no portal eletrônico (art. 48 da LRF, art. 15 da Portaria 71/12 da STN,
e Lei da Transparência), noticiou a Origem que o novo site criado para esse fim
encontra-se em reformulação para constar mais informações. Desta forma, devem,
também, as futuras inspeções acompanhar o noticiado, fazendo constar anotações a
respeito no respectivo item do relatório.
A não apreciação das contas do exercício de 2016 pelo Conselho
Fiscal e pela Assembleia Geral, até o momento da fiscalização, foi devidamente
justificada, e decorreu do atraso dos lançamentos contábeis que dificultaram o
fechamento da contabilidade.
A definição e posse dos novos membros do Conselho Fiscal para
atuar no biênio 2017-2018, é matéria afeta à gestão seguinte, ainda que aqueles
eleitos para o biênio 2015-2016 tenham tido seu mandato extinto em 31.12.2016.
A ausência de relatórios elaborados pelo Sistema de Controle
Interno é falha formal a ser conduzida ao campo das ressalvas. Mesmo que a origem
tenha noticiado que o CONSELHO FISCAL recebe todas as peças contábeis e
orçamentárias do CONISUD bem como exerce todos os atos de fiscalização constante
do Estatuto, ainda assim, deve providenciar os relatórios e pareceres exarados no
cumprimento das funções constitucionais e legais atribuídas ao controle interno,
conforme mando dos artigos 31, 70 e 74 da Constituição Federal, bem assim do art. 35
da Constituição Estadual, do artigo 54, parágrafo único, e artigo 59, ambos da Lei de
Responsabilidade Fiscal e também do artigo 38, parágrafo único, da Lei Orgânica
desta Corte.
Corroboram para a aprovação das contas a regularidade dos
lançamentos, classificação e apropriação das despesas mais representativas (Pessoal,
Encargos Sociais, Compras e contratação de serviços), a observância da ordem
cronológica de pagamentos, a correta adequação dos setores de tesouraria,
almoxarifado e bens patrimoniais, e a boa ordem formal dos livros e registros.
Ante ao exposto, à vista dos elementos que instruem os autos, nos
termos da Resolução n° 03/2012, JULGO REGULAR, com ressalvas o Balanço
Geral de 2016, do CONSÓRCIO INTERMUNICIPAL DA REGIÃO SUDOESTE DA
GRANDE SÃO PAULO – CONISUD, com fulcro no art. 33, inciso II, da Lei
Complementar Estadual n° 709/1993.
Sem embargo, de modo a prevenir a ocorrência de falhas
semelhantes, determino ao responsável ou a quem lhe haja sucedido que: (a)
formalize o Contrato de Rateio em cada exercício financeiro conforme disposto no art.
8º da lei nº 11.107/2005, (b) contabilize corretamente os valores a receber de dívida
ativa e elimine as inconsistências entre os resultados orçamentários e financeiros nas
peças contábeis; (c) atue com maior rigidez na cobrança dos créditos inadimplidos
pelos municípios consorciados, (d) envide esforços para viabilizar o aperfeiçoamento
do Regimento do Conselho Fiscal (e) dê adequado tratamento às informações de
interesse público no portal eletrônico do CONISUD, de maneira a facilitar o controle
social da Administração Pública; e (f) providencie os relatórios e pareceres exarados
no cumprimento das funções constitucionais e legais atribuídas ao controle interno.
Quito os responsáveis, Srs. Amarildo Gonçalves e Roberto Rocha,
com fulcro no artigo 35 da suprarreferida lei complementar paulista.
Esta sentença não alcança eventuais atos pendentes de apreciação
e julgamento por este Tribunal de Contas.
Frise-se que, em se tratando de procedimento eletrônico, e em
conformidade com a Resolução n° 1/2011 deste Tribunal de Contas, a íntegra desta
decisão e dos demais documentos integrantes dos autos poderão ser obtidos mediante
obrigatório e regular cadastramento no Sistema de Processo Eletrônico - e.TCESP, na
página www.tce.sp.gov.br.
Publique-se, por extrato.
1. Ao Cartório para que certifique o trânsito em
julgado:
2. Após, ao arquivo.
SAMY WURMAN
Auditor
SW-07
PROCESSO: 00001658.989.16-5
ÓRGÃO: CONSORCIO INTERMUNICIPAL DA REGIAO
SUDOESTE DA GRANDE SAO PAULO - CONISUD
(CNPJ 05.031.043/0001-58)
ADVOGADO: FRANCISCO ROBERTO DE
SOUZA (OAB/SP 137.780)
INTERESSADO(A): ROBERTO ROCHA
ADVOGADO: ROBERTO ROCHA (OAB/SP
119.118) / RENATO ROBERTO MORAES ROCHA
(OAB/SP 315.116)
AMARILDO GONCALVES
ASSUNTO: Balanço Geral - Contas do Exercício de 2016
EXERCÍCIO: 2016
INSTRUÇÃO POR: DF-7.1 - 7ª DIRETORIA DE FISCALIZAÇÃO
SAMY WURMAN
Auditor
SW - 07
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