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Direito administrativo

Aula 03: Atos administrativos – Classificações

1. Atos vinculados e discricionários (classificação quanto à liberdade)


 Atos vinculados: são aqueles que a Administração pratica sem margem de liberdade
decisória. Só existe um único comportamento possível. No ato vinculado, todos os
elementos são vinculados.
 Atos discricionários: são aqueles que a Administração pode praticar com certa liberdade
de escolha, nos limites da Lei. Acontece quando a lei prevê expressamente a
possibilidade de decisão do administrador ou a lei utiliza conceitos jurídicos
indeterminados. Nos atos discricionários os elementos motivo e objeto são
discricionários.

2. Atos gerais e individuais (classificação quanto aos destinatários)


2.1. Atos gerais
 Atos administrativos gerais, normativos ou regulares: são aqueles que atingem número
de destinatários indeterminado.
 Apesar de parecer com as leis, os atos gerais não são capazes de inovar o ordenamento
jurídico e não são gerados pelo Poder Legislativo.
 Os atos gerais são sempre discricionários, quando ao seu conteúdo, e são revogáveis a
qualquer tempo.
 Para que possam produzir efeitos externos, os atos gerais devem ser objeto de
publicação em meio oficial.
 Os atos gerais prevalecem sobre os individuais.
 Os atos gerais não podem ser impugnados administrativamente. A impugnação por via
judicial deve ser feito o pedido que verse sobre um ato individual e que, como
fundamentação daquele pedido (ou seja, como “causa de pedir”), seja mencionado o
ato geral.
2.2. Atos individuais
 Também são chamados de concretos ou especiais.
 São aqueles que possuem destinatários determinados, podendo ser um único
destinatário (ato singular) ou múltiplos destinatários (ato plúrimo), desde que sejam
determinados.
 Os atos individuais podem ser discricionários ou vinculados.
 Os atos individuais demandam publicação oficial apenas quando produzirem efeitos
externos ou quando onerarem o patrimônio público, devendo ser publicados para
viabilizar o controle.
 A revogação do ato individual somente é possível quando não houver gerado direito
adquirido ao(s) seu(s) destinatário(s).
 Os atos individuais podem ser impugnados diretamente, quer seja por meio de recursos
administrativos ou de ações judiciais.

3. Atos internos e externos (classificação quanto ao âmbito de aplicação)


 Atos administrativos internos: são aqueles que atingem diretamente apenas os entes
públicos (órgãos, entidades e agentes), produzindo efeitos dentro da própria
administração pública. Não requerem publicação oficial, mas se o ato onerar o
patrimônio público, o mesmo deve ser publicado. Esses atos podem ser revogados a
qualquer tempo.
 Atos administrativos externos: são aqueles que geram efeitos fora da administração
pública. Devem ser publicados em meio oficial, mas se não for necessário o
conhecimento do público em geral, excepcionalmente pode-se dispensar a publicação
oficial, socorrendo-se de outras formas de divulgação

4. Atos simples, complexo e composto (classificação quanto à formação de vontade)


4.1. Ato simples
 É aquele que resulta da declaração de vontade de um único órgão. Este ato independe
da manifestação de outro órgão para produzir efeitos ou para ser considerado
completo.
 Caos o ato expresse a declaração de um órgão simples, temos um ato simples singular.
Caso a declaração seja de um órgão colegiado, o ato é simples colegiado.
4.2. Ato complexo
 Resulta da manifestação de dois ou mais órgãos, ou seja, duas vontades são conjugadas,
formando um só ato.
 Exemplos: atos que concedem aposentadoria, portarias conjuntas.
4.3. Ato composto
 Surge da manifestação de um único órgão, mas depende da verificação por outro órgão
para se aperfeiçoar. Neste caso, tem-se a manifestação de dois ou mais órgãos, mas será
a vontade de um deles será apenas instrumental em relação à do outro.
 Exemplos: atos que dependem de homologação, autorização, aprovação ou visto.
 Enquanto no ato complexo duas vontades se unem para formar um único ato, o ato
composto resulta de dois atos: um ato principal e outro acessório (ou instrumental ou
complementar).

5. Atos de império, de gestão e de expediente (classificação quanto às prerrogativas)


 Ato administrativo de império ou ato de autoridade: é aquele praticado pela
administração pública no uso de todas as suas prerrogativas, imposto coercitivamente
aos administrados, de forma unilateral. Ex.: imposição de multas administrativas,
desapropriação de um bem particular.
 Ato administrativo de gestão: praticado pela Administração em situação de igualdade
com os particulares, sem se valer da sua supremacia. Ex.: alienação de bens, celebração
de um contrato de seguro.
 Ato de expediente: são aqueles sem conteúdo decisório, relacionados às rotinas internas
da Administração. Ex.: envio de um processo para outro setor daquele órgão, juntada de
documentos a um processo.

6. Atos constitutivo, declaratório, extintivo e modificativo (classificação quanto ao efeito


provocado)
 Ato constitutivo: cria nova situação jurídica individual para os destinatários do ato, em
relação à administração. Exemplos: nomeação de um servidor público, expedição de
autorização.
 Ato declaratório: reconhece e declara uma situação jurídica preexistente ou de um fato.
Exemplo: certidão de tempo de serviço.
 Ato modificativo: altera situações preexistentes, sem extingui-las. Exemplo: altos que
alteram horários ou locais de reunião.
 Ato extintivo ou desconstitutivos: põe fim a situações jurídicas individuais. Exemplo:
cassação de autorização e encampação de serviço de utilidade pública.
7. Atos válido, nulo, anulável e inexistente
 Ato válido: aquele que foi praticado de acordo com os requisitos legais aplicáveis, logo,
não possui vícios ou irregularidades.
 Ato nulo: apresenta vício insanável, por ausência ou defeito substancial em seus
elementos. O ato apresenta defeito que não pode ser corrigido (convalidado). Os efeitos
produzidos por esses atos devem ser desfeitos (eficácia retroativa), salvo os produzidos
em relação aos terceiros de boa-fé.
 Ato anulável: ato que apresenta vício sanável, que pode ser convalidado pela própria
administração.
 Ato inexistente: é aquele que tem apenas aparência de manifestação da vontade da
administração, mas não advém de um agente público. Exemplo: ato praticado pelo
usurpador da função pública. O ato inexistente não deve gerar nenhum efeito, nem
mesmo em relação aos terceiros de boa-fé.

8. Ato perfeito, eficaz, pendente e consumado (classificação quanto à exequibilidade)


 Ato perfeito: é aquele que está pronto, já completou todo seu ciclo de formação.
 Ato imperfeito: é aquele que não completou seu ciclo de formação. Exemplo: ato não
publicado.
 Ato eficaz: é aquele que está disponível para a produção de efeitos. não está sujeito a
condição ou termo.
 Ato pendente: está sujeito a condição ou termo para começar a produzir efeitos.
Exemplo: ato normativo que tem data fixada para começar os efeitos.
 Ato consumado: já exauriu seus efeitos.

9. Ato-regra, ato subjetivo e ato-condição (classificação quanto à situação jurídica)


 Atos-regra: criam situações gerais, impessoais e abstratas. São revogáveis a qualquer
tempo. Exemplo: decretos regulamentares.
 Atos subjetivos: criam situações particulares, concretas e pessoais, produzidas pela
vontade das partes. São imodificáveis pela vontade de apenas uma das partes.
Exemplo: contratos.
 Atos-condição: são os que alguém pratica incluindo-se debaixo de situações criadas
pelos atos-regra. Estão sujeitos às alterações unilaterais dos atos-regra. Exemplo: ato de
aceitação de cargo público.

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