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MEDICINA LEGAL

Lesões e Mortes. Asfixias

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
MEDICINA LEGAL
Lesões e Mortes. Asfixias

Sumário
Fernando Terra

Lesões e Mortes............................................................................................................................... 3
1. Lesões e Mortes por Ação Contundente, por Armas Brancas e por Projéteis de
Arma de Fogo Comuns e de Alta Energia.................................................................................... 3
1.1. Aspectos Gerais.. ........................................................................................................................ 3
1.2. Lesões e Mortes Produzidas por Ação Contundente........................................................ 4
1.3. Lesões e Mortes por Armas Brancas................................................................................... 11
1.4. Lesões e Mortes por Projéteis de Arma de Fogo Comuns e de Alta Energia.. ............. 17
2. Lesões e Mortes por Ação Térmica, por Ação Elétrica, por Baropatia e por Ação
Química............................................................................................................................................. 30
2.1. Lesões e Mortes por Ação Térmica.. .................................................................................... 30
2.2. Lesões e Mortes por Ação Elétrica......................................................................................31
2.3. Lesões e Mortes por Baropatias......................................................................................... 32
2.4. Lesões e Mortes por Ação Química.................................................................................... 33
2.5. Lesões e Mortes por Explosivos......................................................................................... 34
3. Asfixiologia Forense.. ................................................................................................................ 35
3.1. Aspectos Gerais....................................................................................................................... 35
3.2. Asfixias Puras.. ........................................................................................................................ 36
3.3. Asfixias Completas................................................................................................................ 38
Resumo.............................................................................................................................................42
Questões de Concurso.................................................................................................................. 45
Gabarito............................................................................................................................................ 72
Referências Bibliográricas. . ......................................................................................................... 73
Anexo................................................................................................................................................ 74

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Lesões e Mortes. Asfixias
Fernando Terra

LESÕES E MORTES
1. Lesões e Mortes por Ação Contundente, por Armas Brancas e por
Projéteis de Arma de Fogo Comuns e de Alta Energia
1.1. Aspectos Gerais
Caro(a) aluno(a): começaremos, agora, a abordagem e o estudo de um dos temas mais
abrangentes e relevantes da Medicina Legal, e que certamente é muito comum no dia a dia de
quem ocupa alguma das posições nas carreiras policiais: a Traumatologia Forense, que estu-
da, basicamente, os traumas, lesões, instrumentos e ações vulnerantes a fim de esclarecer, o
mais próximo possível, como se deu a dinâmica dos fatos.
Em conjunto com a Tanatologia Forense, que, sinteticamente, refere-se ao estudo da morte
das consequências a ela inerentes, formam os principais temas em Medicina Legal no estudo
para concursos.
Assim, como o próprio título principal propõe, estudaremos as lesões corporais do ponto
de vista jurídico, as energias causadoras do dano e os aspectos do diagnóstico, prognóstico e
suas implicações médico-legais.

TRAUMATOLOGIA FORENSE
estuda...

Diagnóstico
Lesões Corporais Energias Causadoras Prognóstico e
(no contexto jurídico) Consequências Médico-legais

No contexto do estudo da Traumatologia (também denominada Lesonologia Médico-Le-


gal), entende-se por trauma a incidência de uma energia externa sobre o indivíduo capaz de
causar uma alteração da normalidade (física ou mental), com ou sem alteração da morfologia
corporal; já a lesão é entendida como sendo a alteração estrutural decorrente da agressão
ao organismo, macrocospica ou microscopicamente visualizável (HERCULES citado por FER-
REIRA, 2020).

TRAUMA LESÃO

Energia externa que atua sobre


o indivíduo capaz alternando a Alteração estrutural decorrente da
normalidade física ou mental, com agressão ao organismo, macrocospica
ou sem alteração da morfologia ou microscopicamente observável.
corporal.

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Por sua vez, o que causa as lesões ou os danos são as chamadas energias vulnerantes,
variando conforme sua origem. Conforme classificação de Borri (e também de Genival França):
a) mecânicas – perfurante, cortante, contundente, perfurocontundente, perfurocortante e cor-
tocontundente; b) física; c) química; d) físico-química; e) bioquímica; f) biodinâmica; g) mista
(FERREIRA, 2020).
Nesta aula, o estudo se concentrará nas lesões e mortes causadas por energias mecâni-
cas. Conforme Deltan Croce e Deltan Croce Júnior (2009), são aquelas que, “atuando mecani-
camente sobre o corpo, modificam, completa ou parcialmente, o seu estado de repouso ou de
movimento [e atuam] por pressão, percussão, tração, compressão, torção, sucção, explosão,
contrachoque, deslizamento e distensão” (p. 919). Podem ser por:
• armas naturais: mãos, pés, cotovelos, dentes, unhas;
• armas propriamente ditas: punhal, soco inglês, peixeira, arma de fogo;
• armas eventuais: navalhas, lâminas, facas, barra de ferro, bengala;
• maquinismos e peças de máquinas;
• animais: cães, gatos, onças;
• meios diversos: quedas, explosões, entre outros.

Começaremos, então, pelo estudo das ações contundentes. Vamos lá?

1.2. Lesões e Mortes Produzidas por Ação Contundente


Ação contundente é aquela causadora de dano de forma ativa (instrumento se choca com
o corpo), passiva (corpo choca-se com o instrumento) ou mista (biativa ou bioconvergente), re-
sultante em lesões superficiais e profundas denominadas contusão e ferida contusa (CROCE;
CROCE JR., 2009).

CONTUSÃO FERIDA CONTUSA

Derramamento de sangue nos


interstícios tissulares, sem qualquer
efração nos tegumentos, consequente a É a contusão aberta decorrente de
uma ação traumática no organismo. o organismo ter sofrido solução de
É lesão fechada com comprometimento continuidade pela ação traumática do
do tecido celular subcutâneo e instrumento vulnerante.
integridade real ou aparente da pele e
das mucosas.

Dentre as espécies de contusão, temos:


• escoriação;
• hematoma;
• rubefação;
• bossa sanguínea e linfática;
• equimose.

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Vejamos detalhadamente cada uma.


Escoriação:
Resultante da ação tangencial do agente vulnerante, consiste no arrancamento parcial ou
total da epiderme com a exposição da derme (Douglas; Greco, 2019). Há autores que denomi-
nem de abrasão (Dalla Volta) ou de erosão epidérmica (Simonin), conforme Ferreira, 2020.
Sua importância médico-legal tem relação com a forma, localização, tonalidade e evolução
da crosta, que se forma em cerca de 24 horas, levando de 20 a 30 dias para se regenerar total-
mente (não é cicatrização); pode, ainda, interessar para entender qual o tipo de lesão pretendia
o autor causar (Douglas; Greco, 2019).

Fonte: https://br.depositphotos.com/stock-photos/escoriações.html

Hematoma:
São coleções sanguíneas resultantes de sangue derramado. Isso é, como a pele possui
alguma resistência elástica, os hematomas ocorrem pelo rompimento dos vasos mais cali-
brosos (artérias e veias) localizados mais abaixo dela, causando o extravasamento de sangue
para o tecido subcutâneo que, por não conseguir se espalhar para os demais, permanece agru-
pado (Douglas; Greco, 2019).
Diferencia-se da equimose porque nestas o sangue está infiltrado, espalhado nas malhas
dos tecidos, enquanto nos hematomas os tecidos próximos se deslocam e são comprimidos
(Ferreira, 2020).

Fonte: https://www.radiocidadejundiai.com.br/2020/09/18/cronica-
manchas-roxas-na-pele-jose-carlos-brito/

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Rubefação:
Cuida-se da congestão de pouca intensidade (por exemplo, um tapa com a mão aberta)
que pode desaparecer em pouco tempo (minutos ou horas), por isso a necessidade de logo ser
examinado pericialmente a fim de caracterizar ou não infração (como vias de fato ou lesão, a
depender da intensidade), conforme registra Douglas e Greco (2019).
Não se confunde com o eritema de menor grau (vermelhidão) ou o eritema traumático, este
uma forma mais leve ou insignificante de lesão. Normalmente, nesses casos, não implica em
violação à integridade física.
A rubefação, porém, assemelha-se ao eritema traumático, porém em grau maior, pois desa-
parece em cerca de seis a 24 horas, dependendo da região atingida, da irrigação sanguínea e
da intensidade da ação contundente (idem).
Bossas (sanguínea e linfática):
A bossa sanguínea consiste no hematoma em que o derrame sanguíneo, inviabilizado de
se espalhar nos tecidos moles em geral e por planos ósseos subjacentes (como na cabeça),
coleciona e forma bolsas pronunciadamente salientes na superfície cutânea (Croce; Croce Jr.,
2009). No couro cabeludo, é conhecido popularmente como “galos”.
Por sua vez, a bossa linfática (derrame subcutâneos de serosidade de Morell-Lavellée) cons-
titui-se em coleções de linfa decorrentes de trauma em linfáticos por contusões tangenciais.
Equimose:
É o extravasamento, superficial ou profundo, de sangue que se infiltra e coagula em malhas
do tecido do corpo. A presença de equimoses permite não só a determinação da ação con-
tundente, como também se, no momento de sua ocorrência, havia vida ou não. Auxilia, ainda,
na verificação do tipo de agressão empregada, a cronologia da lesão (através de sua cor) e o
agente causador (objeto).
As equimoses podem ser classificadas em:
• Imediatas ou tardias;
• Superficiais ou profundas (nos órgãos internos);
• Intra vitam ou post mortem (que, em regra, não seriam equimoses verdadeiras, mas “fal-
sas equimoses”; no caso, a diferença será determinada pelo Índice de Verderau, isso é,
se houve reação inflamatória, é intra vitam, caso não, é post mortem);
• No local ou a distância; e
• Por rotura dos vasos sanguíneos ou por diapedese (quando ocorre a violação das pare-
des dos vasos sanguíneos pelas células sanguíneas).

Informação relevante diz respeito à evolução cromática das equimoses, ou espectro


equimótico de Legrand du Saulle, Tourdes e Devergie (Ferreira, 2020), que, embora tenha va-
lor relativo, consiste na evolução da tonalidade das equimoses ao longo do tempo. Veja-se
graficamente:

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LEGRAND DU
TOURDES DEVERGIE
SAULLE

Cor da
SUBSTÂNCIA Tempo Tempo Tempo
Equimose

Vermelho-
Hemoglobina 1º ao 3º dia Recente 1º - 2º dia
violáceo

Violáceo- 2º ao 3º - 4º
Hemossiderina 3º - 6º dia 3º dia
azulado ao 6º dia

Hematoidina e Azul- 4º a 6º - 7º ao
7º ao 12º dia 5º - 6º dia
biliverdina esverdeado 10º dia

Hematina e Amarelado 12º dia 12º ao 17º dia 7º dia


bilirrunina
OBS.: as equimoses tendem a desaparecer em
torno do 15º ao 20º dia.

A literatura médica apresenta os seguintes tipos de equimoses (conforme Ferreira, 2020; e


Douglas; Greco, 2019):

TIPO DESCRIÇÃO

Equimoses pequenas do tipo pontilhado hemorrágico. Comum


em mortes rápidas.
Resulta do aumento da permeabilidade capilar por hipóxia
1. Petéquias e hipercapnia (gás carbônico em excesso no sangue) e/ou
hipertensão capilar. Exemplo: petéquias no globo ocular no
caso de asfixia mecânica.

Forma de estria, como típicas de estrias de pneus de


2. Víbices automóveis (estrias pneumáticas de Simonin).

Equimose em forma de pequenos grãos resultantes da


3. Sugilação confluência destes em área bem delimitada. Ex.: o “chupão”,
dos atos libidinosos.

4. Equimona Equimose de grandes proporções.

5. Manchas Equimoses de ordem físico-química. Pequenas e violáceas, do


equimóticas tamanho de uma lentilha, patognômicas de asfixias mecânicas
lenticulares de do tipo sufocação direta.
Tardieu

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TIPO DESCRIÇÃO

Equimoses de origem físico-química sugestivas de afogamento


6. Manchas ou insuficiência respiratória aguda, mais extensas que as de
supleurais de Paltauf Tardieu e de contornos irregulares.

7. Cianose cérvico- Ocorre nos casos de compressão do tórax por sufocação


facial (ou máscara indireta, que mantém os vasos cervicais e faciais cheios de
equimótica de sangue. É intra vitam.
Morestin)
Não se confunde com as causadas por atos libidinosos.
8. Equimoses Decorrem de parasitoses locais e de alterações
perianais ou dermatológicas provenientes da coceira ou prurido nas
vulvovaginais regiões anal e vaginal. Outros autores, no entanto, indicam se
tratar de equimoses decorrentes de lesões na região.

Consideram-se equimoses espontâneas (ou manchas


9. Equimoses de emotivas), chamadas de púrpuras e decorrem de entidades
etiologia não mórbidas que evoluem deixando marcas roxas (equimoses)
mecânica pelo corpo.

10. Equimose
retrofaringeana de Indica constrição do pescoço.
Brouardel
11. Equimoses Indica agressão por enforcamento, esganadura, contusão local
resultantes de ou estrangulamento. Ocorrem nos tecidos moles subjacentes
enforcamentos à pele do pescoço.

São as equimoses que surgem em pontos totalmente


12. Equimose a diferentes do local da lesão. Podem decorrer de efeitos
distância sistêmicos. Hipóteses: a) sinal do zorro (ou do guaxinim); b)
sinal de Batte; c) sinal de Cullen.

Equimoses que se deslocam do ponto de contusão para


13. Mobilidade regiões mais afastadas e as equimoses mais profundas, visíveis
equimótica com quatro a cinco dias.

001. (FAPEMS/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-MS/2017) Leia o seguinte excerto: a traumatolo-


gia forense estuda aspectos médico-jurídicos das lesões, dentre as quais a lesão ou espectro
equimótico. Segundo CROCE (2012), “a equimose é definida como a infiltração e coagulação
do sangue extravasado nas malhas dos tecidos, sem efração deles. O sangue hemorrágico
infiltra-se nos interstícios íntegros, sem alinhamento, originando a equimose” CROCE, Delton.
CROCE JR. Manual de medicina Legal. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 306.

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A respeito dessas lesões, assinale a alternativa correta.


a) As formas de equimose são variadas, por isso as chamadas víbices são aquelas ocorrentes
em ampla área de efusão sanguínea.
b) Sugilação é o termo que define um aglomerado de petéquias.
c) O estudo das equimoses não é considerado para análise das contusões.
d) Em medicina legal, pode-se afirmar que hematoma é sinônimo de equimose.
e) Com base no espectro equimótico de Legrand du Saulle, uma lesão ocorrida há 8 dias apre-
senta coloração vermelha.

a) Errado. As víbices consistem em uma equimose que se apresenta pela forma de estrias, em
formato alongado.
b) Certo. Sugilação consiste em uma equimose que se apresenta na forma de pequenos grãos,
ex.: chupão; na verdade é um aglomerado de petéquias.
c) Errado. Seu estudo é considerado na análise das contusões.
d) Errado. Hematoma e equimose não são sinônimos. Hematoma advém de uma lesão con-
tusa, que consiste na dispersão de sangue nos tecidos superficiais ou profundos. Equimose
advém de uma lesão contusa, e consiste no extravasamento do sangue de vaso calibroso, não
havendo difusão pelos tecidos.
e) Errado. Aspecto Equimótico de Legrand du Saulle- evolução da tonalidade das equimoses
varia com o passar do tempo: a) vermelho-violáceo, 1º ao 3º dia; b) violáceo-azulado, 2º ao 6º
dia; c) azul-esverdeado: 4º ao 10º dia; d) amarelado, 12º dia. As equimoses tendem a desapa-
recer a partir do 15º dia ao 20º dia.
Letra b.

Feridas Contusas:
As chamadas feridas contusas consistem nas lesões abertas cuja ação contundente foi
capaz de superar a elasticidade dos tecidos moles (soluções de continuidade que extrava-
sam a pele).
Possuem várias graduações, desde lesões mais leves até lesões lacero-contundente (ca-
paz de comprometer tendões, músculos ou articulações), variando conforme a profundida-
de atingida.
Conforme Douglas e Greco (2019), as feridas contusas apresentam bordos de ângulos irre-
gulares, feridas escoriadas ou equimosadas; fundo da lesão “sujo” (desigual, irregular), e a pele
próxima ao ferimento se descola. Diferencia-se da ferida incisa, que é feita com instrumento
cortante e fica com cicatrização certa.

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Por fim, como o processo de regeneração envolve processo de cicatrização difícil, podem
gerar prejuízos funcionais e estéticos, algo que, eventualmente, possui implicações penais
(art. 129, do Código Penal).
Fraturas:
Representam soluções de continuidade, parcial ou total, dos ossos submetidos à ação de
instrumentos contundentes, seja por compressão, flexão ou torção. Podem ser:

FRATURAS

1. Patológicas Osteoporose, dentre outras.

A solução de continuidade é nos planos superficiais. Recebe o


2. Abertas mesmo tratamento das fraturas expostas.

Completa ou incompleta, com ou sem desvio. Os fragmentos


3. Fechadas ósseos não extrapolam os limites do corpo.

4. Expostas Os fragmentos ósseos são exteriorizados através da ferida.

5. Completas O osso é dividido em mais de um fragmento.

6. Incompletas Não há divisão do osso.

7. Cominutivas Implicam múltiplos fragmentos ósseos.

8. Diretas No próprio local do traumatismo.

9. Indiretas Observadas em local afastado de onde ocorreu o traumatismo.

Luxação:
Dá-se pela perda definitiva, não irreversível, de contato entre superfícies articulares e, via de
regra, rotura de ligamentos. Pode ser completa (quando há efetiva separação das articulações)
ou incompletas (subluxação; quando o contato entre as peças envolvidas na lesão é mantido).

002. (ACAFE/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-SC/2014) O deslocamento de dois ossos, cuja su-


perfície de articulação deixa de manter sua relação de contato, é denominado:
a) escoriação.
b) entorse.
c) luxação.
d) rubefação.
e) fratura.

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a) Errada. Escoriação é o arrancamento parcial da epiderme, expondo a derme. Resultante de


lesão produzida por ação contundente.
b) Errada. Entorse é o estiramento da capsula de uma articulação. Resultante de lesão produ-
zida por ação contundente.
c) Certa. Luxação é o deslocamento permanente de suas superfícies articulares. Resultante de
lesão produzida por ação contundente.
d) Errada. Rubefação é a vasodilatação que ocorre em vivos causadora do eritema (mancha
avermelhada e fugaz). Resultante de lesão produzida por ação contundente.
e) Errada. Fratura é a solução de continuidade dos ossos decorrente de compressão, flexão ou
torção. Resultante de lesão produzida por ação contundente.
Letra c.

Rotura (Ruptura) Visceral:


Ocorre quando o traumatismo atinge as vísceras, rompendo os órgãos internos (ainda que
sem repercussão na pele). Pode acarretar hemorragia levando a choque hipovolêmico (pelo
baixo volume de sangue) com o consequente óbito.
Pode ser resultante de sucção em razão de explosão, por exemplo. Possível, ainda, ser par-
cial, de forma que as alterações decorrentes surgem momentos depois do trauma.
Esmagamento, Defenestração, Encravamento e Empalamento:
O esmagamento se dá com a compressão completa e destrutiva do corpo, podendo ser
parcial (de um dedo, por exemplo), ou total (do corpo inteiro). Já a defenestração ocorre quan-
do há lesões por precipitação, como, por exemplo, em lesões decorrentes de paraquedismo.
Por sua vez, o encravamento se dá pela penetração de objeto consistente e afiado em qual-
quer parte do corpo, quase sempre acidental. O empalamento, por outro lado, é a penetração
de objeto de grande eixo longitudinal no ânus ou na região perianal.

1.3. Lesões e Mortes por Armas Brancas


1.3.1. Lesões e Mortes por Ação Cortante
1.3.1.1. Aspectos Gerais

Nas palavras de Croce e Croce Jr. (2009), instrumentos cortantes “são os que, agindo por
um gume afiado, por pressão e deslizamento, linear ou obliquamente sobre a pele os órgãos,
produzem soluções de continuidade chamadas feridas incisas” (p. 920, grifo nosso). É o caso
da navalha, do bisturi, da faca, lâminas de barbear, vidro, papel etc. Possuem como carac-
terísticas:

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LESÕES INCISAS
Características

1. Por causa da ação em arco empregada pelo agressor, o centro da lesão


incisa é mais profundo do que nas extremidades;
2. Ausência de traumatismos ao redor da ferida;
3. Sangram mais do que as feridas contusas;
4. Bordas da ferida são nítidas, lisas e regulares;
5. Regularidade do fundo da lesão, sem a apresentação de pontes de
tecido ou regiões mortificadas;
6. São mais extensas do que profundas;
7. Hemorragia, geralmente abundante; e
8. Secção perfeita dos tecidos moles subcutâneos.

Há, ainda, a tipologia das lesões incidas, que podem ser (Douglas; Greco, 2019):

1. Incisas simples: maior comprimento do que profundidade, bordas regulares e fundo liso e brilhan-
te, tegumentares (superficiais);
2. Em bisel: ou “bico de flauta”, também chamada de ferida “com retalho”, pois a ação é realizada de
modo oblíquo para destacar uma porção do tecido lesado; e
3. Mutilante: é a que “tira pedaço” (narizes, orelhas, genitálias etc.), uma vez que gera a perda de
substância pela ação de modo tangencial em relação ao ponto atingido.

Doutro giro, outros aspectos bastante relevantes acerca das lesões incisas dizem respeito
à sua ordem (primeira, segunda etc.) e sentido (esquerda/direita; cima/abaixo etc.), auxilian-
do em informações descritivas e determinativas. Nesse contexto, os referidos aspectos são
nomeados como sinais de Romanese e de Lacassagne, Gilvaz e Chavigny, com as seguintes
características:

SINAIS

O sinal de Romanese é conhecido como “cauda de


escoriação” e o de Lacassagne como “cauda de rato” ou
1. Sinal de Romanese e lesão em acordão/sanfona.
de Lacassagne Ambos representam o ponto de saída ou o último ponto de
contato do instrumento cortante com a pele da vítima.

Por Gilvaz, tem-se expressão representativa de uma cicatriz


2. Sinal de Gilvaz no rosto da vítima em função da ação cortante.

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SINAIS

Dá-se quando a ordem das lesões se cruza, de modo que


a segunda lesão é produzida sobre a primeira, formando
lesões incisas sobrepostas.
3. Sinal de Chavigny Dada a elasticidade da pele, com a primeira lesão, as bordas
do ferimento já estarão abertas quando da lesão seguinte,
que, portanto, não seguirá um trajeto linear.

Ainda com relação à identificação das circunstâncias da ação cortante (ou mesmo con-
tundente), a divisão das lesões em lesões de defesa e lesões de hesitação se destaca para a
descoberta da causa jurídica do evento, pois pode auxiliar a indicar, com outros elementos
eventualmente encontrados, se os traumas foram causados porque a pessoa se defendia de
um agressor, ou se foram em razão de alguma hesitação em uma hipótese de suicídio.
As lesões de defesa são geralmente situadas em regiões do corpo como o antebraço e as
palmas da mão (até na parte externa das mãos). Já as lesões de hesitação se apresentam,
geralmente, múltiplas e nem sempre profundas.

003. (FUNCAB/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL/PC-PA/2016) A ordem das lesões que se cru-


zam e são produzidas por ação cortante decorrente de armas brancas pode ser observada
através do sinal de:
a) Richter.
b) Chavigny.
c) Knight.
d) Simonin.
e) Legrand Du Saulle.

a) Errado. O método de Richter consiste na injeção de vaselina líquida na base dos dedos, ob-
jetivando dar maior consistência e elasticidade.
b) Certo. Segundo o sinal de Chavigny, quando duas feridas se cruzam, a segunda lesão não
apresentará uma trajetória em linha reta.
c) Errado. Não há correspondência desse sinal no campo da medicina legal. A única corres-
pondência com “KNIGHT” seria a do estudioso Bernard Knight.
d) Errado. O sinal de Simonin ocorre nos disparos de arma curta e com cano encostado sobre
a roupa. Consiste em duas zonas concêntricas escuras separadas por uma clara, que circunda
o orifício produzido pela lesão.

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e) Errado. O espectro equimótico de Legrand Du Saulle avalia as gradações de cores da equi-


mose superficial. Possui grande importância para avaliar a data provável da lesão.
Letra b.

1.3.1.2. Esgorjamento e Decapitação

O esgorjamento se caracteriza como lesão incisa longitudinal na parte anterior do pescoço


e normalmente envolve longo corte que fere os planos superficiais da pele, músculo e até do
esôfago; por isso, pode ser suicida e homicida. Já a decapitação (ou degola) se dá na porção
posterior do pescoço em decorrência de ferida incisa ou cortocontusa, e não pode ser suicida,
pois inclui o corte da coluna vertebral.

004. (VUNESP/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-SP/2018) Com relação à traumatologia médico-


-legal, a diferença conceitual entre degola (decapitação) e esgorjamento reside
a) na separação total da cabeça do restante do corpo na degola, sendo a lesão sempre profunda.
b) no instrumento utilizado, sendo cortante na degola e cortante e contundente no esgorjamento.
c) no instrumento utilizado. Cortante na decapitação e contundente no esgorjamento.
d) na localização da lesão, sendo a degola posterior ao pescoço e o esgorjamento anterior
ou lateral.
e) na localização da lesão, sendo a degola lateral e o esgorjamento anterior.

a) Errado. A alternativa caracterizou a decapitação.


b) Errado. O esgorjamento e degolamento são produzidos, usualmente, por instrumento cor-
tante ou até cortocontundente.
c) Errado. O esgorjamento é produzido, usualmente, por instrumento cortante até cortocontun-
dente. A decapitação é produzida, usualmente, por instrumento cortante, mas pode ter outras
formas de ação.
d) Certo. O degolamento é uma ferida incisa ou cortoconsusa na porção posterior do pescoço.
Não pode ser suicida, pois necessita de corte na coluna vertebral. O esgorjamento é caracteri-
zado por uma ferida congitudinal na porção anterior do pescoço e geralmente é representada
por um longo corte, que pode lesar, além dos planos superficiais da pele, músculos e até mes-
mo esôfago.
e) Errado. Vide letra D.
Letra d.

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1.3.2. Lesões e Mortes por Ação Perfurante

Em relação às lesões incisas, a de ação perfurante agem afastando os tecidos e, excep-


cionalmente, seccionando-os. São, por isso, chamadas de punctórias, tendo em vista que os
instrumentos correspondentes são dotados de ponta (hase cilíndrico-cônica). São suas carac-
terísticas:

LESÕES PERFURANTES
Características

1. Raro sangramento;
2. Pouca nocividade na superfície e, por vezes, grande gravidade na
profundidade quando algum órgão é atingido;
3. Abertura estreita (e, quando há ferimento de saída, é geralmente mais
irregular e de menor diâmetro); e
4. Seu diâmetro é menor que o agente vulnerante em razão da
elasticidade e capacidade de retração dos tecidos cutâneos.

Podem ser classificados em instrumentos perfurantes de pequeno, médio ou grande calibre:


• Pequeno calibre: são punctórias ou puntiformes, com formato circular e diâmetro muito
pequeno e raramente mortais, como se dá com alfinete, agulha, pregos, espinhos etc.;
• Médio calibre: também se denominam “fusiformes”, “em casa de botão” ou “em boto-
eira”. Podem ser mortais e seguem, usualmente, a direção das linhas do corpo, como
espeto de churrasco e furador de gelo;
• Grande calibre: é o caso de floretes ou estacas, estas utilizadas no empalamento.

No contexto do estudo das lesões perfurantes, tema que merece cautela diz respeito às Leis
de Filhos e de Langer. As leis de Filhos se referem a Edouard Filhos (1833) e a de Langer a Karl
Ritter Von Langer (1861), autores responsáveis por estudos sobre lesões perfurantes provoca-
das por instrumentos de médio calibre.

LEIS
Lesões Perfurantes de Médio Calibre

Primeira lei (ou lei da semelhança): feridas dessa natureza se


assemelham às produzidas por instrumentos de dois gumes.
Segunda lei (ou lei do paralelismo): feridas na mesma região em que
1. Leis de Filhos as linhas de força tenham apenas um sentido, de modo que seu maior
eixo sempre tem a mês a direção, no caso, o mesmo sentido das
linhas de força das fibras elásticas da pele.

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LEIS
Lesões Perfurantes de Médio Calibre

Ou lei da elasticidade. Em regiões de fibras elásticas aglomeradas


(muitas fibras), podem apresentar formas anômalas (bico, estrelar ou
quadrada).
2. Lei de Langer Isso é, na confluência das regiões das linhas de forças diferentes,
a extremidade da lesão pode ter aspecto de seta, triângulo ou
quadrilátero.

005. (FUNCAB/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL/PC-PA/2016) As leis de Edouard Filhos e Karl


Ritter Von Langer, são estudadas no campo das lesões produzidas por instrumentos:
a) perfurantes de médio calibre.
b) cortocontundentes.
c) perfurocontundentes.
d) perfurantes de pequeno calibre.
e) contundentes.

As Leis de Edouard Filhos e Karl Ritter Von Langer estão sempre associadas à instrumentos
perfurantes de médio calibre.
Letra a.

1.3.3. Lesões e Mortes por Ação Perfurocortante

O instrumento perfurocortante é o que possui uma ponta (que permite a ação perfurante)
na extremidade de uma lâmina de um ou mais gumes (ação cortante; Douglas e Greco, 2019).
A ação vulnerante se dá pela ponta e pelo gume, respectivamente por pressão e por sec-
ção, de modo que, em razão desse formato, é comum as lesões serem profundas em exten-
são. Assim:
• Instrumento de um gume: as lesões serão mais profundas que extensas, com bordas
lisas e um ângulo agudo e outro arredondado. Tipo de instrumentos: faca de cozinha,
espada.
• Instrumento de dois gumes: os ferimentos produzem uma fenda de bordas iguais e ân-
gulos agudos. É o caso, por exemplo, dos punhais. Aqui se deve comparar adotando as
Leis de Filhos e de Langer.

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• Instrumento de três ou mais gumes: as feridas tendem à forma estrelar ou triangular,


obedecendo às Leis de Filho e Langer. Por essas características, são comparadas a ins-
trumentos perfurantes de médio calibre.

São hipóteses de feridas especiais produzidas por instrumentos perfurocortantes a ferida


em escalpe (couro cabeludo), ferida mutilante e ferida em sedenho (atravessa planos superfi-
ciais da região, mas não se aprofunda).

1.3.4. Lesões e Mortes por Ação Cortocontundente

Basicamente, lesões e mortes do tipo cortocontundente envolvem, como o nome já adian-


ta, corte e contusão. O instrumento correspondente é o que o possui peso e superfície de corte,
além do emprego da força do agente.
É o que se dá com os machados, facão, enxada etc., em situações como a de decapitação
(como na guilhotina, embora possa ser exclusivamente cortante), espostejamento (vem de
“postas”, isso é, multiplicidade de fragmentos do corpo de forma irregular, como em acidentes
ferroviários) e o esquartejamento (amputação, desarticulação em fragmentos com maior regu-
laridade que no espostejamento; Ferreira, 2020).
Conforme anota Douglas e Greco (2019), apresentam ferida bizarra e seguida de escoria-
ções e equimoses; caso envolva superfície óssea, em regra também haverá fratura. Assim,
embora haja a contusão, suas feridas se assemelham mais às do tipo contusas.
Genival França (2017) e Flamíneo Fávero (citado por Douglas e Greco, 2019) consideram
que os dentes causam lesões cortocontundentes, pois não possuem gume vivo. Por fim, é
comum que em lesões do tipo estudado um só golpe produza mais de uma lesão, o que pode
levar a confusões na conclusão.

1.4. Lesões e Mortes por Projéteis de Arma de Fogo Comuns e de Alta


Energia

Prezado(a) aluno(a), cabe uma explicação preliminar sobre o tópico em questão. Como o edital
do concurso dispôs no conteúdo como matéria a ser abordada “lesões por projéteis de arma
de fogo comuns e de alta energia”, optei por classificar dessa maneira neste material. Ocorre
que o tema se refere às chamadas lesões causadas por instrumentos perfurocontundentes,
motivo pelo qual é preciso sempre ter em mente que, quando se tratar de lesões ou mortes por
arma de fogo está-se dos instrumentos de ação perfurocontundente.

Esclarecido isso, sigamos com o assunto!


Em primeiro lugar, é muito comum que os instrumentos de ação perfurocontudente sejam
associados exclusivamente aos projéteis de arma de fogo. Contudo, o próprio Genival França

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(2017) esclarece que, embora a esmagadora maioria os casos envolvam as armas de fogo,
essas espécies de lesões a elas não se restringem, podendo decorrer, excepcionalmente, de
ações com o emprego de um mero guarda-chuva ou de uma picareta, por exemplo.
Com efeito, os instrumentos perfurocontundentes são os que perfuram e contundem o alvo
com uma ação, como os projetis de arma de fogo, também indicados pela sigla PAF. Além do
PAF como instrumento vulnerante, a literatura médico-legal aponta que os grãos de chumbo
podem também se constituir como instrumento perfurocontundente nas armas de fogo (Dou-
glas e Greco, 2019).

INSTRUMENTO PERFUROCONTUNDENTE
Armas de Fogo

Projetil de Arma de Fogo (PAF) Grãos de Chumbo


Ou de disparo único Ou de disparo múltiplo

A efetiva importância do estudo sobre o emprego dos instrumentos perfurocontundentes


por armas de fogo constitui ramo específico da criminalística, o da Balística, que tem por ob-
jeto as armas de fogo, munições e os efeitos dos tiros por ela causados, definindo, ainda, a
relação entre esses aspectos e as infrações penais deles resultantes.
Diferencia-se em balística Interior ou Interna, relativa aos problemas de deflagração do tiro,
no interior da arma; e balística Exterior ou Externa, compreendendo o estudo dos movimentos
do projetil no espaço, de propulsão, rotação, vibração, como também em relação com a gra-
vidade e a resistência do ar, isso é, até o alvo (Douglas e Greco, 2019). Há, ainda, a balística
terminal, pela qual se estudam os efeitos do projétil e o alvo após o impacto.

006. (CESPE/CEBRASPE/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-SE/2020) Uma pessoa foi atingida


por um projétil de 7,62 mm × 51 mm, disparado por fuzil, que transpassou das costas para o
peito, percorrendo uma trajetória de mais de 200 metros, entre a saída do cano e o alvo.
A respeito dessa situação hipotética e de aspectos a ela relacionados, julgue o item a seguir.
O estudo da trajetória do projétil especificado na situação em tela, desde o momento em que
saiu do cano da arma até o repouso final, bem como a determinação de parâmetros como ve-
locidade, alcance útil e velocidade inicial, são atribuições da balística terminal.

A balística é a ciência que estuda o movimento dos projéteis e os fenômenos conexos, divi-
dindo-se em: a) balística interna: estuda os fenômenos físicos e químicos e os elementos que
caracterizam o movimento do projétil desde a iniciação da carga de lançamento até a saída

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do cano da arma; b) balística externa: estuda a trajetória do projétil fora do cano da arma até
o alvo; e c) balística terminal: estuda os efeitos sobre o projétil e sobre o alvo após o impacto.
Logo, a assertiva está incorreta, uma vez que o correto seria a balística externa, a qual analisa
a trajetória do projétil desde o momento que saiu do cano da arma até atingir o alvo.
Errado.

A título de conhecimento, a relevância da perícia é tamanha que o Superior Tribunal de Justiça


(STJ) já entendeu que, em regra, a ausência de juntada de perícia balística requerida e defe-
rida judicialmente por ocasião da prolação de decisão de pronúncia é causa de nulidade (HC
46.143/PE).

Por conseguinte, conforme o glossário do Decreto n. 10.030/2019 (anexo), considera-se


arma de fogo:

(...)artefato que, acoplado a uma arma, possibilita a melhoria do desempenho do atirador, a modifi-
cação de um efeito secundário do tiro ou a modificação do aspecto visual da arma.

Por sua vez, Ferreira (2020) traz como definição de arma de fogo

(...)o dispositivo construído a base de material resistente, geralmente metal, que tem finalidade de
disparar projéteis em direção a uma pessoa, objeto etc. Além disso, tal dispositivo deve conter um
mecanismo que tenha capacidade de iniciar o acionamento da espoleta da munição; uma câmara
de combustão (local em que ficará a munição, aguardando ser acionada), bem como um cano (que
será responsável por dar direção ao projétil) (p. 176; grifo nosso).

Por conseguinte, as armas e munições podem ser classificadas e apresentadas suas ca-
racterísticas da seguinte maneira (conforme Ferreira, 2020):

ARMAS E MUNIÇÕES

1. REVÓLVERES

Fonte: https://www.azdeespadas.com.br/revolver/revolver-taurus-86-ta-
oxidado
Instrumento com tambor giratório, número variado de câmaras
(compartimento para o armazenamento da munição de tiro), de cinco a seis.

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ARMAS E MUNIÇÕES

2. PISTOLAS

Fonte: https://www.1911brasil.com.br/armas-de-fogo/pistolas/pistola-taurus-
9mm-9217-5-info
Não possui tambor (difere do revólver), utilizando o chamado “carregador”,
em que são armazenadas as munições para tiro. Podem ser automáticas ou
semiautomáticas.
3. SUBMETRALHADORAS

Fonte: https://taurusarmas.com.br/pt/produtos/armas-longas/smt-40
Arma portátil de cano longo e internamente raiada, automáticas que
disparam projéteis do mesmo tipo que o das pistolas.
4. ESPINGARDAS

Fonte: https://www.tubaraocenter.com.br/fotos/pequena/26987fp1/
espingarda-pump-military-3-0-calibre-12-cbc.jpg
Com cano longo, alma lisa, de repetição (o atirador deve recarregar,
manualmente, a cada tiro), automática ou semiautomática.
5. CARABINA

Fonte: https://www.mundodacarabina.com.br/gerenciador/ídia/imagens/
produtos/arquivos_12412/IMG_3632-936x770.JPG
Portátil de cano longo e de alma raiada, dispara projéteis do mesmo tipo que
revólveres ou pistolas.

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ARMAS E MUNIÇÕES

6. FUZIL

Fonte: https://www.forte.jor.br/wp-content/uploads/2017/07/FUZIL-IA2-
850x274.jpg
Arma de fogo portátil, de cano longo e alma raiada. Deflagra cartuchos de uso
militar e formato específico.

Dentre as características dos armamentos mencionados, o cano de uma arma de fogo


pode possuir, internamente, elementos chamados cristas ou sulcos em formato helicoidal, va-
riando em número e sentido (direita/destrógiras ou esquerda/sinistrógiras).

007. (CESPE/CEBRASPE/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-SE/2020) Uma pessoa foi atingida


por um projétil de 7,62 mm × 51 mm, disparado por fuzil, que transpassou das costas para o
peito, percorrendo uma trajetória de mais de 200 metros, entre a saída do cano e o alvo.
A respeito dessa situação hipotética e de aspectos a ela relacionados, julgue o item a seguir.
Se o raiamento, que é uma sequência de sulcos em formato helicoidal localizado no interior do
cano de algumas armas de fogo, imprimir ao projétil uma rotação em sentido horário, do ponto
de vista do atirador, seu giro será dextrogiro, ou seja, para a direita.

Os sulcos paralelos e helicoidais imprimem no projétil um movimento giratório em torno do


seu eixo, estabilizando a sua trajetória. O passo é a distância necessária para que o projétil re-
alize uma volta completa em torno de seu eixo, dividindo-se em passo simples (a distância de
todos os passos são iguais) e passo misto (há variação na distância de um passo qualquer).
Quanto à orientação, esta pode ser destrogira (sentido para direita) ou sinistrogira (sentido
para a esquerda). O número de raias pode ser par ou ímpar.
Certo.

Assim, se uma arma possui raiamento, diz-se que o cano possui “alma raiada”, cujas raias
representam sulcos, responsáveis por imprimir ressaltos no projétil de arma de fogo ressaltos.
Se o cano não possui raiamento, diz-se que o armamento apresenta cano de “alma lisa”. Por
sua vez, as cristas (também entendidas como “cheios”) imprimem nos projeteis os chamados
“cavados”.

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Fonte: https://www.casadotiro.com.br/sh-admin/editor/ckfinder/userfiles/images/Alma-Raiada-e-Lisa.png

As raias se destinam a aumentar a precisão e o alcance do projétil, que, por consequência,


deixam marcas de identidade do cano no projetil, permitindo a identificação da arma que efe-
tuou o disparo (exame de comparação ou comparação balística).
Nesse contexto da balística, ganha relativa importância o tema das estriações. Compre-
endidas como as ranhuras causadas pelo atrito do projétil com as cristas e as raias do cano
(e que, por sua vez, viabiliza a análise de microcomparação balística), foi objeto de previsão
pelo Pacote Anticrime (Lei n. 13.964/19), que alterou o Estatuto do Desarmamento (Lei n.
10.826/03), a criação do chamado Banco Nacional de Perfis Balísticos, no intuito de favorecer
a coleta de dados relativos a perícias em armas de fogo, projéteis e munições (item 2, anexo).

CARACTERÍSTICAS DOS ARMAMENTOS


(Ferreira, 2020)

De porte, portátil (ou individual) e não portátil. Definição


1. Portabilidade constante do Decreto n.º 9.847/19 (art. 2º, item 3, Anexo).

Retrocarga: carregamento da munição pela parte de trás do


cano (pistolas, revólveres).
2. Modo de Antecarga: carregamento realizado pela frente, a parte anterior.
carregamento Nestas, a deflagração inicial é feita pela percussão da espoleta
pelo “cão”.

3. Tipo de cano Alma lisa e alma raiada.

Calibre real: medido no cano da arma.


4. Calibre Calibre nominal: medido no cartucho ao nível do estojo.

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CARACTERÍSTICAS DOS ARMAMENTOS


(Ferreira, 2020)

Consideram-se automáticos os armamentos em que o


carregamento, o disparo e todas as demais operações de
funcionamento acontecem de modo continuado e enquanto o
gatilho estiver sendo acionado.
5. Automaticidade Já serão semiautomáticas aquelas que realizam,
automaticamente, todas as operações de funcionamento, salvo a
do disparo que, para ocorrer, precisa de um novo acionamento
do gatilho para cada disparo.

CARACTERÍSTICAS DAS MUNIÇÕES


(Croce; Croce Jr., 2012)

É a carga. Material propelente que sofre ignição por meio da


1. Pólvora combustão da espoleta, gerando gases que impulsionam o projétil.

Ou escorva. É composto químico, normalmente tetrazeno, nitrato de


bário, chumbo, estifnato de chumbo e tissulfato de antimônio.
2. Espoleta É a partir desta que o precursor da arma atua, acionando o gatilho,
produzindo a centelha que inflama a pólvora e deflagra a explosão.

Ou bucha. Confeccionado geralmente de latão ou da combinação de


3. Estojo metais, papel ou plástico.

Pode ter formato que admite expansão ao atingir o alvo (hollow point),
4. Projétil jaquetado, semijaquetado, teflon ou com marcadores luminosos.

1.4.1. Estudo das Lesões por Projétil de Arma de Fogo


1.4.1.1. Lesões de Entrada

Disparos de longa distância:


É sinônimo de que o alvo se encontra além do alcance do chamado “cone de dispersão”,
entendida como o espaço de abrangência dos efeitos secundários do disparo. Assim, somente
o projétil produz efeitos, de modo que a lesão característica terá:
• diâmetro menor que o do projétil;
• orla de escoriação, enxugo e de equimose;
• bordas viradas para o interior (invertidas);
• forma arredondada ou elíptica.

Vale saber:

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Revela-se como a lesão de escoriação causada


pela passagem do projétil. Causa o arrancamento
da epiderme.
1. Orla de escoriação
Conhecida também como “anel de Fisch”, “orla de
contusão”, “orla desepitelizada”, “orla erosiva” e de
“zona inflamatória”.

Deve-se à ação contundente decorrente da entrada do


projétil. Também é indicada pelo nome “aréola equimótica”.
Constitui-se em uma zona superficial e relativamente
2. Orla de equimose difusa, decorrente da sufusão hemorrágica da ruptura
de pequenos vasos localizados no entorno do ferimento,
geralmente de tonalidade violácea.

Representa as impurezas e detritos que acabam retidos na


pele quando o projétil passa. É concêntrico e decorre do
atrito e contusão do projétil.
3. Orla de enxugo Possui como sinônimos “orla de Chavigny”, “Orla de Canuto
e Tovo” e “orla de alimpadura”. É concêntrico em tiros
perpendiculares, ou em meia-lua nos oblíquos.

008. (CESPE/CEBRASPE/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-SE/2020) Uma pessoa foi atingida


por um projétil de 7,62 mm × 51 mm, disparado por fuzil, que transpassou das costas para o
peito, percorrendo uma trajetória de mais de 200 metros, entre a saída do cano e o alvo.
A respeito dessa situação hipotética e de aspectos a ela relacionados, julgue o item a seguir.
As lesões de entrada produzidas por arma de fogo geralmente têm dimensões maiores que
as do projétil e apresentam as seguintes características gerais: bordas invertidas, ausência de
orla de enxugo e orla equimótica.

Pelo contrário, a lesões de entrada produzidas pelos projéteis de arma de fogo possuem as
seguintes características (gerais): diâmetro menor que o do projétil; apresenta orla de enxugo,
equimótica e de escoriação; e bordas invertidas (viradas para dentro). Vale ressaltar, todavia,
que, a depender da distância dos disparos, as características das lesões podem variar.
Errado.

Por fim, vale ressaltar que o formato de ferimentos em tiros a distância varia de acordo
com a inclinação do disparo. Se as orlas são concêntricas, estarão em sentido perpendicular
ao do disparo, possuindo a mesma espessura em todos os quadrantes. Se as orlas são excên-
tricas, estarão dispostas em sentido oblíquo, em que a ferida é arredondada ou ligeiramente
oblíqua, sendo mais escoriado do lado de maior atrito.

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Disparos de curta distância (queima roupa):


Nos disparos desse tipo, o alvo se encontra dentro dos limites do alcance do cone de
dispersão ou cone de explosão, isso é, de 10 a 50cm (em revólveres e pistolas). Usualmente,
se for de até 10cm é considerado tiro à queima roupa (França, 2017). Também implicam na
ocorrência de zonas de enxugo, equimose e escoriação, mas possuem os seguintes efeitos
secundários:

É área em que a fuligem se deposita


e circunscreve a ferida de entrada;
1. Orla ou zona de esfumaçamento/ pode ser removida com a lavagem do
tisnado local (não há impregnação tecidual).
Também é denominada de “zona de
falsa tatuagem”.

Ocorre uma impregnação na pele por


grânulos de pólvora ou resíduos sólidos da
queima e de maior alcance que a fumaça.
Atravessam a epiderme e se incrustam na
2. Orla ou zona de tatuagem derme, e na maioria dos casos só se removem
com cirurgia plástica.
É mais ou menos arredondado nos tiros
perpendiculares, ou em forma crescente nos
oblíquos.

Ou zona de chama. Surge nos tiros à queima


roupa, além das demais orlas apresentadas.
Caracteriza-se pela queimadura da pele ou
3. Orla ou zona de queimadura/ dos pelos.
chamuscamento A pele se apresenta apergaminhada,
tonalidade vermelho-escura, em geral, ou de
acordo com a cor da pólvora.

009. (VUNESP/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-SP/2014) Leia atentamente as definições a se-


guir, acerca de lesões por agentes perfurocontundentes, e relacione-as por letras e números
aos seus nomes.
a) Ferimento por projétil de arma de fogo que se deve ao arrancamento da epiderme devido ao
movimento rotatório do projétil que entra na superfície corporal.
b) Sinal deixado pela passagem do projétil nos tecidos corporais, concêntrico, decorrente do
atrito e contusão do projétil, que também deixa nos tecidos por onde passa suas impurezas de
superfície.

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c) Área de impregnação por grãos de pólvora incombustos que se fixam ao redor do ferimento
de entrada de projétil, em tiros de curta distância.
d) Área de depósito de fuligem que circunscreve a ferida de entrada, removível com a lavagem
do local, portanto, sem impregnação tecidual.
e) Área ao redor do orifício de entrada, caracterizada pela queimadura da pele ou pelos, decor-
rente da alta energia térmica dos projéteis de arma de fogo, característica de disparos a curta
distância ou à queima-roupa.
1. Orla de esfumaçamento.
2. Halo de enxugo.
3. Zona de chamuscamento.
4. Orla de escoriação ou contusão.
5. Halo de tatuagem.
A associação correta entre a definição e o elemento de uma ferida de entrada de projétil de
arma de fogo é vista, em ordem alfabética e corretamente, na alternativa:
a) A – 5; B – 1; C – 4; D – 2; E – 3.
b) A – 3; B – 4; C – 1; D – 5; E – 2.
c) A – 4; B – 2; C – 5; D – 1; E – 3.
d) A – 2; B – 5; C – 3; D – 1; E – 4.
e) A – 4; B – 3; C – 2; D – 5; E – 1.

A alternativa “c” relaciona corretamente as espécies de lesões produzidas por agentes perfuro-
contundentes com seus respectivos conceitos.
Letra c.

Disparos com tiro encostado/apoiado:


Em caso de tiro encostado, tanto os efeitos primários como os secundários dos compo-
nentes da munição irão penetrar nos tecidos. Se atingir estruturas ósseas, a lesão correspon-
dente terá forma irregular, denteada ou com entralhes (estrelada). Pode apresentar os sinais a
seguir (Ferreira, 2020):

SINAIS
Disparo Encostado

“Boca de mina” ou “câmara/cratera de


mina”. Localiza-se entre a pele e o osso,
causado pela forte expansão dos gases
Sinal de Hoffman da queima da pólvora que, por atingir o
osso e retornar bruscamente, causa a
ruptura do epitélio.

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SINAIS
Disparo Encostado

Em tiros no crânio ou escápulas, pode-


se identificar halo fuliginoso na lâmina
Sinal de Benassi/Benassi-Cueli externa do osso relativo ao orifício de
entrada.

Caracteriza-se pelo desenho da boca


Sinal de Puppe-Werkgaertner e da massa da mira do cano por ação
contundente ou pelo seu aquecimento.

Ocorre nos disparos múltiplos e o


diâmetro possui relação com a distância
Rosa de tiro de Cevidalli do tiro e a entrada dos balins (em grupo
mais ou menos circular).

Caracteriza-se pelo esfumaçamento


das paredes do conduto causado pelo
Sinal de Schusskanol projetil entre as lâmina internas e
externas de um osso chato.

Presença de fragmentos próximos ao


Sinal de Richter orifício de passagem.

Sinal de Tovo e Lattes Presença de pele no interior do corpo.

Impressão do relevo ou desenho das


vestes nos disparos à queima roupa
Sinal de calcado (funil) de Bonnet (tiros encostados/apoiados. Identifica-
se, ainda, pela incidência do projétil,
apresentando a formatação de um cone.

Sinal do rasgão crucial de Nerio As roupas se rasgam nos tiros a curta


Rojas distância em formato de cruz.

No local onde houve o tiro à queima


roupa, produz-se dois anéis concêntricos
Sinal de escarapela de esfumaçamento intercalados por um
halo claro.

O PULO DO GATO
Os sinais listados anteriormente sempre caem em provas de concursos. O mais recorrente é o
sinal de Puppe-Werkgaertner (ou só Werkgaertner). Por isso, recomenda-se o aprendizado ou
mesmo memorização desse sinal.

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010. (CESPE/CEBRASPE/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-SE/2018) Um homem de cinquenta


anos de idade assassinou a tiros a esposa de trinta e oito anos de idade, na manhã de uma
quarta-feira. De acordo com a polícia, o homem chegou à casa do casal em uma motocicleta,
chamou a mulher ao portão e, quando ela saiu de casa, atirou nela com uma arma de fogo, ma-
tando-a imediatamente. Em seguida, ele se matou no mesmo local, com um disparo da arma
encostada na própria têmpora.
Considerando a situação hipotética apresentada e os diversos aspectos a ela relacionados,
julgue o item a seguir.
Ao realizar a necropsia no cadáver masculino, espera-se que sejam verificados sinal de Benas-
si, sinal do funil de Bonnet e câmara de mina de Hoffmann.

Entende-se por “sinal de Benassi (Benassi-Cueli)” o que ocorre nos tiros encostados/apoiados,
como os dados no crânio ou nas escápulas, nos quais geralmente é encontrado um halo fu-
liginoso na lâmina externa do osso referente ao orifício de entrada. O sinal de Bonnet ocorre
também nos tiros encostados/apoiados, nos ossos díploe (normalmente encontrado no crânio
– trata-se de uma camada esponjosa) em que a incidência do projétil apresenta uma formata-
ção de um cone. Por fim, o sinal de câmara ou boca de mina de Hoffman em tiros encostados/
apoiados localiza-se entre a pele e o osso e decorre da expansão dos gases oriundos da quei-
ma da pólvora, gerando ruptura do tecido, sendo normalmente de forma estrelada.
Certo.

1.4.1.2. Lesões de Saída

Com projétil único:


Normalmente, possuem bordas reviradas para fora, maior sangramento e forma irregular.
Não apresentam: orla de escoriação ou halo de enxugo, presença de elementos químicos de-
correntes da decomposição da pólvora.
Com projétil desfragmentado/múltiplo:
Nessa hipótese, pode ocorrer variação a depender da repercussão ou não em anteparos
ósseos, causando desfragmentação do projétil e, consequentemente, causar múltiplas saídas.

1.4.2. Lesões e Mortes Produzidas por Armas de Fogo de Alta Energia

São projéteis de alta energia os que alcançam velocidade inicial de deslocamento acima de
600m/s (metros por segundo), sendo, portanto, supersônicos – acima da velocidade do som,
que é de 340m/s. É o caso, em geral, dos fuzis. Essa informação é importante porque quanto
maior a velocidade, maiores serão os danos (além de, é claro, outros aspectos, como a massa,
calibre e tipo de projétil utilizado, se expansível ou não).

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Os principais aspectos que diferenciam as lesões de projéteis de arma de fogo comuns


para as de alta energia são:
• a cavitação – nos projéteis de baixa energia, seus efeitos serão percebidos mais sutil-
mente;
• as lesões de entrada e de saída – nos projéteis de alta energia, as lesões serão mais
pronunciadas, especialmente nas de saída; isso é, formarão grandes cavidades perma-
nentes.

Segundo Ferreira (2020), a principal diferença entre os dois tipos de munição (comum e de
alta energia) se dá, além do calibre, pela energia cinética que podem transmitir (e, consequen-
temente, na capacidade do dano). A partir dessa informação e dos danos causados, pode-se
verificar o tipo de armamento, direção do disparo, identidade do atirador, número de disparos,
distância do tiro, reação vital e tempo de sobrevivência e causa jurídica da morte.
As lesões de entrada quando não houver anteparo ósseo ou rígido (colete balísticos, por
exemplo) serão ovalares, conforme o ângulo de penetração do projétil; bordas talhadas a pi-
que, com ou sem orla de escoriação, apresentando comumente microlacerações em torno
de 1mm. Tendem, ainda, a ter orifício de entrada de diâmetro menor que o do PAF, algo que,
a depender do aumento da velocidade do projétil, pode implicar aumento também do orifício.
Já no caso de existir anteparo ósseo ou rígido, por gerar uma instabilidade no projétil, pro-
duz a ampliação da ferida de entrada, causando, inclusive, dificuldade na diferenciação entre
as lesões de entrada e de saída.
Nesse contexto, tem-se o fenômeno da cavitação, em que, devido às ondas de pressão
causados pela energia cinética do projétil, podem gerar um deslocamento, temporário ou per-
manente, de uma cavidade ao atingir os tecidos, produzindo ou não lesões de saída. Por isso,
diz-se que a cavitação pode ser: a) temporária – a cavidade gerada é ampla e fugaz, pois dura
por um curto período de tempo; b) permanente – ocorrerá quando os resultados da cavidade
temporária cessarem e permanecerem os danos produzidos (França, 2017).

Fonte: https://cbc.org.br/wp-content/uploads/2019/10/WhatsApp-Image-2019-10-05-at-12.12.08.jpeg

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As lesões de saída em projéteis de arma de fogo de alta energia serão determinadas: a) com
base no tamanho trajeto; b) na velocidade; e c) na estabilidade do projétil. No caso, os projéteis
tendem a transfixar o segmento do corpo atingido, percorrendo todos os tecidos disponíveis.
Diferente se dá quando há fragmentação ou deformação do projétil, seja porque ele pró-
prio se partiu ou porque se chocou com algum anteparo rígido (como um osso), caso em
que a lesão de saída será maior e múltipla (até pela fragmentação, que gera maior cavidade
temporária).

2. Lesões e Mortes por Ação Térmica, por Ação Elétrica, por Baropatia
e por Ação Química

Consideram-se energias de ordem física aquelas que modificam o estado físico do corpo
ou parte de, consequentemente, causam lesões orgânicas ou a morte da vítima (Douglas; Gre-
co, 2019). Podem se constituir em:
• temperatura;
• pressão atmosférica;
• eletricidade;
• radioatividade;
• luz e som.

2.1. Lesões e Mortes por Ação Térmica


Ocorrem quando têm por causa o calor ou o frio, de modo difuso ou direto. Quando pelo
calor, classificam-se em:
• Termonose: o calor atua de maneira difusa (indireta), como nos casos de insolação e de
intermação. Pode ser:
− Insolação: decorre do excesso de calor ambiental em local aberto, contribuindo para
sua ocorrência os raios solares, ausência de renovação do ar e a fadiga;
− Intermação: forma de exaustão térmica ou prostração térmica, ocorre pelo excesso
de calor ambiental em lugares confinados, pouco abertos e sem ventilação;
− Câimbras: contrações espasmódicas e muito dolorosas da musculatura esquelética
das pernas (Ferreira, 2020);
− Miliária:
◦ cristalina ou sudâmina – dá-se pela obstrução superficial da epiderme, sem infla-
mações;
◦ rubra ou brotoeja – afeta a camada intermediária da epiderme, em que o suor fica
retido e infiltra o espaço intracelular, causando inflamação pela irritação.
• Queimaduras: forma em que o calor atua de modo direto (não se incluindo as decorren-
tes de ação elétrica). Normalmente, a morte de queimados se dá pela perda hidroele-

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trolítica nas primeiras horas, com possível choque hipovolêmico ou neurogênico. Em


seguida, insuficiência respiratória pela inalação de gases tóxicos. Nos primeiros dias,
pode se suceder a insuficiência renal (o chamado “pulmão de choque”) e, por fim, infec-
ção generalizada;
− Queimaduras podem ser de:
◦ primeiro grau – ou eritema/sinal de Christinson, em que a epiderme é lesionada,
mas pode se regenerar. Envolve vermelhidão, pele quente, seca e ardida;
◦ segundo grau – flictenas ou sinal de Chambert, atinge-se a derme superficial e pro-
funda, podendo formar bolhas;
◦ terceiro grau – escaras, em que os planos subcutâneos são atingidos, bem como
músculos, ossos, deixando sequelas. Decorrem da circulação deficiente no local;
◦ quarto grau – carbonização, que podem ser local ou generalizadas e ainda propor-
cionar proteção elétrica e térmica. No contexto das queimaduras de quarto grau,
fala-se nos sinais de Devergie (ou sinal do saltimbanco/posição do boxeador, que
é post mortem e se dá pela retração dos tecidos em razão da carbonização) e de
Montalti (intra vitam, representado pela fuligem na mucosa da árvore respiratória,
embora seja possível a carbonização posterior da vítima).

Com relação às lesões provocadas pelo frio na forma difusa, tem-se a hipotermia, em que
se dá a diminuição da temperatura corporal abaixo de 35ºC (nesse caso, será leve se baixar até
32º; se até 28º, moderada; e grave se abaixo de 28ºC).
Pode apresentar sinais como (Ferreira, 2020):

a) úlcera de Wischnewski, consistente em infiltrações hemorrágicas na mucosa gástrica;


b) sangue em tonalidade menos escura e baixo índice de coagulação;
c) rigidez cadavérica precoce, intensa e demorada;
d) espuma sanguinolenta nas vias respiratórias.

Chama-se geladura as lesões provocadas pelo frio de forma direta. Podem ser causadas
por gelo seco (gás carbônico sólido) ou objetos metálicos em condições de baixa temperatura.
Da mesma forma que com as lesões por queimaduras, as geladuras se dividem em graus:
• primeiro grau, ou eritema/vasoconstricção periférica;
• segundo grau, ou flictenas;
• terceiro grau, ou necrose/grangrena.

2.2. Lesões e Mortes por Ação Elétrica


De ordem física, e com possibilidade de origem natural ou industrial, verificam-se lesões e
mortes por ações elétricas quando há a exposição a uma corrente elétrica em que, pelo fator
Joule, a energia elétrica é convertida em calor. Na hipótese natural (ou cósmica/atmosférica),

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as vítimas sofrem pela eletricidade propriamente dita, como pela onda de choque do ar e da
luminosidade intensa, além das contusões por terem sido arremessadas.
Conforme Genival França (2017), quando atinge lentamente o ser humano, denomina-se
fulminação (eletrofulminação). Se provoca lesões corporais, chama-se fulguração (ou eletro-
fulguração). Há, ainda, o sinal de Lichtemberg que, especificamente causado pela eletricidade,
apresenta aspecto arboriforme ou de samambaia na pele, precisamente nos vasos sanguíneos.
As decorrentes de eletricidade industrial (ou eletroplessão) normalmente envolvem aciden-
tes, cuja intensidade das lesões dependerá da voltagem, do tempo de exposição e da proximi-
dade dos órgãos nobres, como o cérebro, coração, fígado, pulmão e rins. Denomina-se sinal de
Jellinek a lesão de entrada produzida por alguns tipos de correntes elétricas

011. (CESPE/CEBRASPE/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-SE/2018) A respeito de identificação


médico-legal, de aspectos médico-legais das toxicomanias e lesões por ação elétrica, de mo-
dificadores da capacidade civil e de imputabilidade penal, julgue o item que se segue.
O termo eletroplessão é utilizado para se referir a lesões produzidas por eletricidade industrial,
enquanto o termo fulguração é empregado para se referir a lesões produzidas por eletricida-
de natural.

No tocante às lesões e morte por ação elétrica, temos eletricidade natural (cósmica) e ele-
tricidade industrial (eletroplessão). A eletricidade industrial ou eletroplessão se destaca pela
apresentação da marca elétrica de Jellinek, sinal específico de uma lesão provocada por eletri-
cidade industrial. Trata-se de uma marca elétrica, no caso, uma forma especial de queimadura,
de aspecto circular, elíptica ou em roseta, que pode ou não existir.
Certo.

2.3. Lesões e Mortes por Baropatias


Envolve, basicamente, a ação pela diferença de pressão atmosférica, seja por diminuição
ou por aumento. Três leis explicam o fenômeno:

BAROPATIAS
Leis

Sob temperatura constante, o volume


ocupado por uma massa de gás é
1. Lei de Boyle-Mariotte inversamente proporcional à pressão
suportada.

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BAROPATIAS
Leis

A concentração de um gás dissolvido


em uma massa líquida é diretamente
2. Lei de Henry proporcional à pressão exercida pela
fase gasosa da mistura líquido-gás.

A pressão exercida por uma mistura


3. Lei de Dalton gasosa é igual à soma das pressões
parciais de cada componente da mistura.

Nos casos de diminuição da pressão atmosférica, utiliza-se as nomenclaturas como “mal


da montanha”, “doença das montanhas” ou “mal dos aviadores”, que, em sua forma crônica,
chama-se “doença de Monge”.
Pelas leis mencionadas anteriormente, o aumento da pressão atmosférica provoca satu-
ração de fases no organismo, causando patologia de compressão (por oxigênio, nitrogênio
ou gás carbônico). Podem ocorrer, ainda, patologias de descompressão (doença de descom-
pressão ou “DD”), especialmente entre mergulhadores, como hipótese de incidência da Lei de
Henry. Para esses casos de aumento da pressão, denomina-se “mal dos mergulhadores” ou
“mal dos caixões”.
Ferreira (2020), ao citar Hygino Hercules, apresenta a hipótese do mergulhador que sobe
rápido à superfície e não elimina o ar em excesso, causando uma hiperdistensão alveolar e
rompendo de suas paredes, sendo também denominado “barotrauma”.
Em verdade, o barotrauma pode ocorrer em várias partes do corpo, como ouvidos, pul-
mões, seios da face, e surge normalmente em descidas, mas efetivamente quando o corpo é
submetido a ambientes com diferentes pressões.

2.4. Lesões e Mortes por Ação Química


Trata-se de ações que, em contato interno ou externo com o organismo, são capazes de
causar danos à vida ou à saúde, como as substâncias cáusticas (que produzem lesões visce-
rais ou cutâneas denominadas vitriolagem) e os venenos (Croce; Croce Jr., 2012).
De atuação externa, as substâncias cáusticas provocam lesões tegumentares mais ou me-
nos graves. São os casos dos ácidos (ácido sulfúrico ou óleo de vitríolo, que empresta o nome
à vitriolagem; ácido azótico ou nítrico; ácido clorídrico, crômico, água de cobre, entre tantos
outros), que podem resultar em efeitos coagulantes ou efeito liquefaciente. A gravidade da
lesão varia conforme a quantidade, a concentração e a natureza do cáustico (França, 2017).
De atuação interna, os venenos são de difícil definição porque até alimentos e medicamen-
tos são capazes, em determinadas situações, ser prejudiciais, especialmente a depender da

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dosagem, da resistência individual, da maneira de ministração e do veículo utilizado. Venenos


são definidos como qualquer substância que, administrada e introduzida pelas mais diversas
vias no organismo, ainda que homeopaticamente, danifica a vida ou a saúde (França, 2017).

CLASSIFICAÇÃO DOS VENENOS

1. Quanto ao estado físico Líquidos, sólidos e gasosos.

2. Quanto à origem Animal, vegetal, mineral e sintético.

Funções orgânicas: óxidos, ácidos, bases e sais;


3. Quanto às funções Funções inorgânicas: hidrocarbonetos, álcoois, acetonas e
químicas aldeídos, ácidos orgânicos, ésteres, aminas, aminoácidos,
carboidratos e alcaloides.

Doméstico, agrícola, industrial, medicinal, cosmético e


4. Quanto ao uso venenos propriamente ditos.

Entende-se por envenenamento o conjunto de elementos caracterizadores da morte vio-


lenta ou do dano à saúde decorrentes da ação de substâncias específicas de forma acidental,
criminosa ou voluntária.
Aspecto interessante no tema do envenenamento diz respeito à síndrome do body packer,
também chamada de “mula” ou “correio”, e consiste no transporte, por pessoas, drogas ilícitas
no interior do organismo (estômago e intestino) com a finalidade de contrabando. Caracteriza-
-se por graves efeitos à vida e à saúde ocasionados pelo rompimento das bolsas ou capsulas
contendo a droga no interior do organismo e, consequentemente, há uma invasão maciça da
droga na corrente sanguínea.
Difere da síndrome do body pusher, pela qual o indivíduo transporta pequenas quantidade
de drogas nos orifícios naturais (ânus e vagina).

2.5. Lesões e Mortes por Explosivos


França (2017) classifica essas espécies de lesões e mortes, também denominadas blast
injury, como o conjunto de manifestações violentas decorrentes da expansão gasosa de uma
explosão potente, seguida de uma onda de pressão ou de choque. A explosão é decorrente da
passagem de um estado para outro de determinado composto químico.
Dentre as consequências, as mais simples são a comoção labiríntica (surdez passageira),
rotura linear da metade anterior do tímpano (bilateral, em geral). Com relação às mais graves,
o denominado blast pode ser:
• Primário: dada a proximidade das vítimas da explosão, pode ocorrer desaparecimento
do corpo, despedaçamento, mutilações e queimaduras externas;

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• Secundário: são os relativos aos efeitos dos fragmentos que se movem pela onda de
choque;
• Terciário: refere-se ao efeito do impacto do corpo quando este é projetado. Nesse caso,
pode acarretar lesões contusas ou cortocontusa.

3. Asfixiologia Forense
3.1. Aspectos Gerais
Compreende-se por asfixia a supressão da respiração, decorrente de energia físico-quí-
mica, e inviabilização da passagem do ar para as vias respiratórias, alterando a composição
bioquímica do sangue.
Denomina-se tríade asfíxica os sinais comuns às modalidades de asfixia, além de outros
elementos (conforme Douglas; Greco, 2019):

1. Sangue fluido escuro: dá-se pelo aumento do CO2, salvo no afogamento (em que o sangue é cla-
ro). Implica a redução da viscosidade do sangue;
2. Congestão polivisceral;
3. Equimose de Tardieu ou Macha de Tardieu, que surgem na região subpleural, subepicardia e sub-
conjutival.

Saliente-se, oportunamente, que autores como Ferreira (2020) indicam como terceiro ele-
mento da tríade asfíxica o escuro, que ocorre também pelo excesso de CO2. De qualquer sorte,
além dos que compõe a sobredita tríade, é possível indicar, com relação aos sinais em geral, a
classificação a seguir, dividindo-a em elementos externos e internos (França, 2017):

SINAIS GERAIS

Externos
Variam conforme a tonalidade por causa de monóxido
1. Manchas de hipóstase/ de carbono, podendo ser precoces, abundantes e
livores de hipóstase escuras. São comuns de estarem presentes.

Frequente no estrangulamento e na esganadura, e


2. Cianose facial menos presente nos casos de enforcamento e de asfixia
por gases.

Ocorrem nas asfixias mecânicas. Entende-se por


3. Projeção ou protusão da exftalmia a projeção do globo ocular para fora
língua e exoftalmia (proptose).

Comum em afogados, cobrem a boca e as narinas e


4. Cogumelo de espuma continua pelas vias aéreas inferiores.

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SINAIS GERAIS

5. Equimoses da pele e Dá-se nas mucosas, como na conjutiva palpebral e


mucosas (petéquias) ocular, nos lábios e raramente no nariz.

Internos
Ou manchas de Tardieu, com formato arredondado e
6. Equimoses viscerais tamanho variável (cabeça de alfinete ou lentilha).

Cor geralmente escura, salvo se a morte for por


7. Sangue fluído monóxido de carbono (quando terá cor de cereja).

Identificado pelo sinal de Étienne-Martin, que se


refere ao pouco sangue no baço pelo processo de
8. Congestão polivisceral contração durante o processo asfíxico. Pode se dar,
principalmente, no fígado e no mesentério.

Com intuito didático, será adotada a divisão das espécies de asfixias a apresentada por
Genival França (2017), que, por sua vez, utiliza-se da elaborada por Afrânio Peixoto, isso é, em
termos gerais, asfixias se dividem em puras, complexas ou mistas.

3.2. Asfixias Puras


Ocorrem quando se verificam quadros de hipóxia (baixo teor da concentração de oxigênio)
e de hipercapnia (dores excessivas decorrentes do aumento de dióxido de carbono no sangue).
Podem ser:
• asfixia em ambientes por gases irrespiráveis;
• asfixia por obstaculização da penetração do ar nas vias respiratórias;
• asfixiar por transformação do meio gasoso em líquido, ou afogamento;
• asfixia por transformação do meio gasoso em sólido, ou pulverulento/soterramento.

Vejamos as principais características de cada uma.

A) ASFIXIA EM AMBIENTES POR GASES IRRESPIRÁVEIS

Confinamento
Caracteriza-se pela permanência de um ou mais indivíduos em ambiente
restrito ou fechado e sem condições de renovação do ar, condições
em que o oxigênio é gradativamente consumido e substituído por gás
carbônico, que se acumula.
Por Monóxido de Carbono (CO)

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A) ASFIXIA EM AMBIENTES POR GASES IRRESPIRÁVEIS

O CO se fixa na hemoglobina e impede o transporte do oxigênio. Tem


como sinais característicos: rigidez cadavérica mais tardia, baixa
intensidade e menor duração.
Por outros vícios de ambientes
Refere-se a outros gases, como os de fossas, poços artesianos, pântanos,
ou por agentes irritantes, como gás de pimenta e lacrimogênico.

B) ASFIXIA POR OBSTACULIZAÇÃO À PENETRAÇÃO DO AR NAS VIAS


RESPIRATÓRIAS

Sufocação Direta
Pode ser:
a) por obstrução da boca e das narinas – acidental ou criminosa, comum
em crimes como o de infanticídio; apresenta sinais como equimoses e
escoriações;
b) por obstrução das vias respiratórias inferiores – corpos estranhos
obstruem a laringe ou a faringe, normalmente ocorrendo em casos
acidentais; acontece também quando da broncoaspiração de sangue ou
vômito.
Sufocação Indireta
Dá-se pela compressão do tórax, e é também chamada de Congestão
Compressiva de Perthes. Pode ser homicida (muito incomum) ou
acidental. Apresenta como sinal mais comum a máscara equimótica de
Morestin (equimose cérvico-facial), produzida pelo refluxo sanguíneo da
veia cava superior (forma de hemorragia).
Denomina-se, ainda, Sinal de Valentin a congestão dos pulmões, que
foram distendidos, e com sufusões hemorrágicas subpleurais.

012. (FGV/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-MA/2012) Na sufocação indireta por compressão to-


rácica, a vítima asfixia-se pela restrição aos movimentos de inspiração e expiração. O achado
de necropsia típico desta modalidade de asfixia caracteriza-se por:
a) rotura das camadas interna e externa das artérias carótidas.
b) fratura do osso hioide.
c) petéquias subpleurais e subepicárdicas.
d) máscara equimótica ou equimose cérvico-facial.
e) cogumelo de espuma eliminado pelos orifícios da face.

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A sufocação indireta ou compressão do tórax ou congestão compressiva de Perthes pode ter


origem homicida (processo em que o criminoso senta sobre o tórax da vítima) ou acidental
(em casos de pisoteamento, deslizamentos, etc). No caso, é comum a presença do da más-
cara equimótica da face, conhecida como máscara equimótica de Morestin, proveniente da
estase mecânica da veia cava superior. Deve-se fazer a diferença entre congestão da face e
manchas de hipóstase por posições especiais do cadáver, como nos afogados que, submer-
sos, ficam de cabeça para baixo.
Letra d.

C) ASFIXIA POR TRANSFORMAÇÃO DO MEIO GASOSO EM LÍQUIDO


Afogamento (Ferreira, 2020)

Ocorre quando há a penetração de um líquido ou semilíquido nas vias


respiratórias, impedindo a passagem do ar até os pulmões.
Sinais Característicos
Externos: 1. Baixa temperatura da pele (exceto se a vítima for rapidamente
retirada do meio, da água; 2. Cogumelo de espuma (indicativo de edema nos
pulmões; característica não é exclusiva dos afogamentos); 3. Sinal de Bernt
(pele anserina, pele de galinha); 4. Retração do mamilo, saco escrotal e do
pênis; 5. Maceração da derme; 6. Mancha verde da putrefação; 7. Cabeça
de negro de Lecha-Marzo; 8. Lesões causadas por animais aquáticos ou por
embarcações; 9. Dentes rosados.
Internos: 1. Líquido e corpos estranhos nas vias respiratórias; 2. Diluição do
sangue; 3. Machas de Paltauf; 4. Hemorragias cranianas (temporal/sinal
de Niles – extravasamento de sangue no ouvido médio; etmoidal/Vargas-
Alvarado – extravasamento de sangue no osso etmoide, atrás do nariz); 5.
Líquido no sistema digestivo; 6. Alterações e lesões nos pulmões.

C) ASFIXIA POR TRANSFORMAÇÃO DO MEIO GASOSO EM MEIO SÓLIDO


Pulverulento, Soterramento

Soterramento em sentido estrito se dá pela penetração de substância sólida ou


semissólida, pulverulenta ou granular, na árvore respiratória. Normalmente, é
acidental.

3.3. Asfixias Completas


Conforme Ferreira (2020), as asfixias completas resultam da constrição das vias aéreas
com simultâneo quadro de hipóxia e aumento de gás carbônico, além de interrupção da circu-
lação do cérebro e inibição provocada pela compressão dos elementos nervosos do pescoço.

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Lesões e Mortes. Asfixias
Fernando Terra

É usual que sejam divididas em asfixias por constrição passiva (enforcamento) ou ativa do
pescoço (esganadura).

3.3.1. Enforcamento

Ocorre pela constrição do pescoço exercida por um laço, cuja extremidade se acha fixa em
um determinado ponto dado, tendo por força atuante o próprio peso do corpo da vítima (por
isso, é passivo); o ar é interrompido pela constrição externa (Douglas; Greco, 2019).
Denomina-se típico o enforcamento no qual o nó se localiza na parte de trás do cor-
po da vítima; atípico quando o nó está na parte frontal ou lateral do corpo, sendo hipótese
mais incomum.
Doutro digo, diz-se completo quando o corpo está totalmente suspenso, de modo que o
corpo não toca o solo; já o incompleto ocorre quando a vítima toca, de alguma forma, o solo
com qualquer parte do corpo (mais comum os pés e os joelhos).
Como lesões típicas, tem-se um sulco oblíquo, ascendentes, mais acentuado no nível da
alça e interrompido no nível do nó; não é contínuo e, em geral, único. A rigidez cadavérica é
mais tardia.

Sinais Gerais do Sulco

1. Infiltrações hemorrágicas puntiformes no fundo do sulco (Neldying);


2. Decalques produtores de relevos do laço (Bonnet);
3. Zona violácea ao nível das bordas (Thoinot); e
4. Placas violáceas de livores nas porções superiores e inferiores do sulco
(Ponsold).
Sinais característicos da constrição do pescoço com laço

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Fernando Terra

Sinais Gerais do Sulco

1. Sinal de Lesser: lesão da íntima das carótidas interna e externa;


2. Sinal de Zienke: lesão da íntima das jugulares;
3. Sinal de Amussat: lesão da íntima da carótida primitiva;
4. Sinal de Etienne-Martin: lesão da adventícia da carótida primitiva;
5. Sinal de Brouardel-Vibert-Descourt: equimose retrofaringeana;
6. Sinal de Bonnet: ruptura das cordas vocais;
7. Sinal de Dotto: ruptura da bainha de mielina do nervo vago;
8. Sinal de Orso`s: gota de gordura no tecido subcutâneo;
9. Sinal de Ambroise-Paré: luxação da 2ª vértebra cervical;
10. Sinal de Hoffman-Haberd: infiltração hemorrágica na derme e no tecido
subcutâneo;
11. Sinal Morgagni-Valsalva-Orfila-Roemmer: fratura do corpo do osso hioide;
12. Sinal de Helwiz: fratura do corpo da cartilagem cricoide;
13. Sinal de Friedberg: infiltração sanguínea na adventícia;
14. Sinal de Hoffmann: fraturas das apófises superiores da cartilagem tieroide;
15. Sinal de Amussat-Devergie-Hoffman: seção transversal da túnica íntima da
carótida comum;
16. Sinal de Schulz: borda superior do sulco saliente e violácea.

3.3.2. Estrangulamento e Esganadura

É a forma de asfixia mecânica pela constrição do pescoço por um laço, tendo como agente
atuante a mão humana, que o traciona, ou qualquer outro elemento que não o peso da vítima
(por exemplo, um garrote). O laço obstaculiza a passagem de ar para os pulmões, interrompe a
passagem de sangue pelo pescoço e comprime os nervos da região. É mais comum em casos
de homicídios.
Possui como sinais característicos externos: face das pessoas estranguladas é sempre
tumefeita, vultuosa e violácea; lábios e orelhas arroxeados; e o sulco é na direção do enforca-
mento e profundidade uniforme por não haver descontinuidade.
Uma diferença do enforcamento para o estrangulamento consiste em que, no primeiro, o
sulco é único, alto (acima da laringe). No estrangulamento, o sulco é costumeiramente múltiplo
e sobre a laringe (baixo), fundo escoriado por causa do atrito entre o laço e a pele.
Já na esganadura, a constrição do pescoço é feita pelas mãos e obstrui a passagem do ar.
É sempre homicida. Por isso, pode vir acompanhada de outras lesões, como a de defesa nas
mãos e antebraços.
Identifica-se pela presença de estigmas ungueais (lesões semilunares, causadas pelas
unhas) ao redor do pescoço, bem como equimoses e escoriações. Pode-se, ainda, encontrar
petéquias pela face e pescoço, infiltrações hemorrágicas nos tecidos lesionados etc.

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013. (UEG/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-GO/2018) As asfixias mecânicas se enquadram na


categoria dos traumas de natureza fisicoquímica. Nos casos das constrições cervicais – en-
forcamento, estrangulamento e esganadura – as asfixias demonstram sinais característicos
que as diferenciam entre si. Nesse sentido, verifica-se o seguinte:
a) num enforcamento, diferentemente de um estrangulamento, é possível reconhecer o mate-
rial empregado no laço, a partir da marca deixada na pele.
b) a esganadura só ocorre na forma dolosa, uma vez que as formas acidental e culposa são
afastadas pelo mecanismo de ação empregado.
c) nos estrangulamentos, os sinais são constituídos de equimose facial associada a marcas
ungueais, os quais permitem a identificação do agressor.
d) uma suspensão incompleta, num caso de enforcamento, aponta, direta e inquestionavel-
mente, para um homicídio por execução da vítima.
e) dentre as asfixias por constrição cervical, a mais rápida delas em termos de ocorrência da
morte é representada pelo estrangulamento.

a) Errado. Na esganadura utilizam-se as mãos, ou seja, não se utiliza um laço para a prática
do ato material para a prática do ato. No enforcamento é possível saber se o laço utilizado era
mole, mais firme, se foi utilizado mais de um laço, por exemplo.
b) Certo. Esganadura é um tipo de asfixia mecânica que se verifica pela constrição do pescoço
pelas mãos, ao obstruir a passagem do ar atmosférico pelas vias respiratórias até os pulmões.
É sempre homicida, sendo impossível a forma suicida ou acidental.
c) Errado. Trata-se da esganadura, que consiste em escoriações produzidas pelas unhas do
agressor, teoricamente de forma semilunar, apergaminhadas, de tonalidade pardo-amarelada,
conhecidas como estigmas ou marcas ungueais. Podem também ter a forma de rastros esco-
riativos. Se o criminoso usou a mão direita, aparecem essas marcas em maior quantidade no
lado esquerdo do pescoço da vítima.
d) Errado. Considera-se suspensão típica (ou completa) aquela em que o corpo fica totalmente
sem tocar em qualquer ponto de apoio; e suspensão atípica ou incompleta, se é apoiado pelos
pés, joelhos ou outra parte qualquer do corpo (abdômen, por exemplo).
e) Errado. Não é possível ser feita essa informação. Há inúmeros fatores que interferem na
prática do crime, tais como circunstanciais, pessoais, dentre outros.
Letra b.

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RESUMO
• A Traumatologia Forense estuda os traumas, lesões, instrumentos e ações vulnerantes a
fim de esclarecer, o mais próximo possível, como se deu a dinâmica dos fatos.
• Trauma a incidência de uma energia externa sobre o indivíduo capaz de causar uma
alteração da normalidade (física ou mental), com ou sem alteração da morfologia cor-
poral; já a lesão é entendida como sendo a alteração estrutural decorrente da agressão
ao organismo, macrocospica ou microscopicamente visualizável.
• Conforme Deltan Croce e Deltan Croce Júnior (2009), energias mecânicas são as que,
“atuando mecanicamente sobre o corpo, modificam, completa ou parcialmente, o seu
estado de repouso ou de movimento [e atuam] por pressão, percussão, tração, compres-
são, torção, sucção, explosão, contrachoque, deslizamento e distensão” (p. 919).
• Ação contundente é aquela causadora de dano de forma ativa (instrumento se choca
com o corpo), passiva (corpo choca-se com o instrumento) ou mista (biativa ou biocon-
vergente), resultante em lesões superficiais e profundas denominadas contusão e ferida
contusa.
• Contusão: é lesão fechada com comprometimento do tecido celular subcutâneo e inte-
gridade real ou aparente da pele e das mucosas. Ferida contusa: é a contusão aberta
decorrente de o organismo ter sofrido solução de continuidade pela ação traumática do
instrumento vulnerante.
• Escoriação: resultante da ação tangencial do agente vulnerante, consiste no arranca-
mento parcial ou total da epiderme com a exposição da derme.
• Hematomas: são coleções sanguíneas resultantes de sangue derramado. Diferencia-se
da equimose porque nestas o sangue está infiltrado, espalhado nas malhas dos tecidos,
enquanto nos hematomas os tecidos próximos se deslocam e são comprimidos.
• Rubefação: congestão de pouca intensidade (um tapa com a mão aberta) que pode de-
saparecer em pouco tempo (minutos ou horas.
• Bossas: sanguínea e linfática. A bossa sanguínea consiste no hematoma em que o der-
rame sanguíneo, inviabilizado de se espalhar nos tecidos moles em geral e por planos
ósseos subjacentes, coleciona e forma bolsas pronunciadamente salientes na superfí-
cie cutânea (“galos”). A bossa linfática constitui-se em coleções de linfa decorrentes de
trauma em linfáticos por contusões tangenciais.
• Equimose: é o extravasamento, superficial ou profundo, de sangue que se infiltra e coa-
gula em malhas do tecido do corpo.
• Fraturas: representam soluções de continuidade, parcial ou total, dos ossos submetidos
à ação de instrumentos contundentes, seja por compressão, flexão ou torção.
• Luxação: dá-se pela perda definitiva, não irreversível, de contato entre superfícies articu-
lares e, via de regra, rotura de ligamentos.

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• Esgorjamento: caracteriza-se como lesão incisa longitudinal na parte anterior do pes-


coço e envolve longo corte que fere os planos superficiais da pele, músculo e até do
esôfago; pode ser suicida e homicida.
• Decapitação (ou degola): ocorre na porção posterior do pescoço em decorrência de feri-
da incisa ou cortocontusa, e não pode ser suicida, pois inclui o corte da coluna vertebral.
• Ação perfurante: agem afastando os tecidos e, excepcionalmente, seccionando-os. Po-
dem ser de pequeno, médio ou grande calibre. Às de médio calibre, aplicam-se as Leis
de Filhos e de Langer.
• Ação perfurocortante: ocorre pela ponta e pelo gume, respectivamente por pressão e
por secção, de modo que, em razão desse formato, é comum as lesões serem profundas
em extensão.
• Ação cortocontundente: envolve corte e contusão. O instrumento correspondente é o
que o possui peso e superfície de corte, além do emprego da força do agente.
• Ação perfurocontudente: não se restringem apenas aos projéteis de arma de fogo (PAF).
São os que perfuram e contundem o alvo com uma ação.
• A balística tem por objeto as armas de fogo, munições e os efeitos dos tiros por ela
causados. Divide-se em: a) balística interior ou interna – relativa aos problemas de de-
flagração do tiro, no interior da arma; b) balística exterior ou externa – trata do estudo
dos movimentos do projetil no espaço, de propulsão, rotação, vibração, como também
em relação com a gravidade e a resistência do ar, isso é, até o alvo; c) balística terminal
– estuda os efeitos do projétil e o alvo após o impacto.
• Arma de fogo: artefato que, acoplado a uma arma, possibilita a melhoria do desem-
penho do atirador, a modificação de um efeito secundário do tiro ou a modificação do
aspecto visual da arma.
• Raias: sulcos responsáveis por imprimir ressaltos no projétil de arma de fogo ressaltos.
Destinam-se a aumentar a precisão e o alcance do projétil, que, por consequência, dei-
xam marcas de identidade do cano no projetil, permitindo a identificação da arma que
efetuou o disparo.
• Disparos de longa distância: o alvo se encontra além do alcance do cone de dispersão.
A lesão característica terá:
− diâmetro menor que o do projétil;
− orla de escoriação, enxugo e de equimose;
− bordas viradas para o interior (invertidas);
− forma arredondada ou elíptica.
• Disparos de curta distância (queima roupa): o alvo se encontra dentro dos limites do
alcance do cone de dispersão ou cone de explosão (de 10 a 50cm em revólveres e pis-
tolas); em até 10cm é considerado tiro à queima roupa.

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• Disparos com tiro encostado/apoiado: os efeitos primários como os secundários dos


componentes da munição irão penetrar nos tecidos. Se atingir estruturas ósseas, a le-
são correspondente terá forma irregular, denteada ou com entralhes (estrelada).
• Armas de fogo de alta energia: são os que alcançam velocidade inicial de deslocamento
acima de 600m/s (metros por segundo), sendo, portanto, supersônicos.
• Quando não houver anteparo rígido ou ósseo, as lesões de entrada serão ovalares, com
bordas talhadas a pique, com ou sem orla de escoriação, apresentando comumente mi-
crolacerações em torno de 1mm; e orifício de entrada de diâmetro menor que o do PAF.
Se houver anteparo, por gerar uma instabilidade no projétil, produz a ampliação da ferida
de entrada, caso em que ocorrerá o fenômeno da cavitação.
• Lesão e morte por ação térmica: se pelo calor, pode ser termonose (insolação, interma-
ção, câimbra, miliária) ou queimadura. Se pelo frio, pode ser hipotermia e geladura.
• Lesão e morte por ação elétrica: pode ser eletricidade natural, ou cósmica, chamada
fulminação (se atinge lentamente o ser humano) e fulguração, se há lesão. Se for eletri-
cidade industrial, chama-se eletroplessão.
• Lesão e morte por baropatia: ocorre a ação pela diferença de pressão atmosférica, seja
por diminuição ou por aumento.
• Lesão e morte por ação química: ações que, em contato interno ou externo com o orga-
nismo, são capazes de causar danos à vida ou à saúde, como as substâncias cáusticas
e os venenos.
• Asfixiolofia: é a supressão da respiração, decorrente de energia físico-química, e invia-
bilização da passagem do ar para as vias respiratórias, alterando a composição bioquí-
mica do sangue.
• Enforcamento: constrição do pescoço exercida por um laço, cuja extremidade se acha
fixa em um determinado ponto dado, tendo por força atuante o próprio peso do corpo da
vítima (por isso, é passivo); o ar é interrompido pela constrição externa.
• Estrangulamento: forma de asfixia mecânica pela constrição do pescoço por um laço,
tendo como agente atuante a mão humana, que o traciona, ou qualquer outro elemento
que não o peso da vítima. O laço obstaculiza a passagem de ar para os pulmões, inter-
rompe a passagem de sangue pelo pescoço e comprime os nervos da região.
• Esganadura: é a constrição do pescoço é feita pelas mãos e obstrui a passagem do ar.
É sempre homicida.

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QUESTÕES DE CONCURSO
014. (CESPE/CEBRASPE/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-SE/2020) Uma pessoa foi atingida por
um projétil de 7,62 mm × 51 mm, disparado por fuzil, que transpassou das costas para o peito,
percorrendo uma trajetória de mais de 200 metros, entre a saída do cano e o alvo. A respeito
dessa situação hipotética e de aspectos a ela relacionados, julgue o item a seguir.
Pela classificação das armas de fogo, a arma empregada nessa situação é portátil e longa, e a
estimativa de tiro é de um disparo distante.

De acordo com o Decreto 9.847/2019:

Art. 2º Para fins do disposto neste Decreto, considera-se: (...) VIII - arma de fogo portátil - as armas
de fogo que, devido às suas dimensões ou ao seu peso, podem ser transportada por uma pessoa,
tais como fuzil, carabina e espingarda;
Certo.

015. (UEG/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-GO/2018) Tendo em vista a relevância da determina-


ção da distância de um disparo com arma de fogo, bem como a necessidade de conhecimento
acerca dos elementos do disparo na saída da arma, para a verificação de um tiro a curta distân-
cia (queima-roupa), quando observados os sinais na pele da vítima, também deverá ser levado
em consideração o seguinte aspecto:
a) a zona de chamuscamento é um sinal indispensável nesse caso.
b) o orifício de entrada do PAF apresentará bordas nitidamente chamuscadas.
c) a zona de tatuagem será o marcador do limite dessa distância.
d) a orla de escoriação será simétrica em relação ao orifício de entrada do PAF.
e) o sinal de Werkgartner é um parâmetro a ser levado em conta.

a) Errado. No caso, trata-se de um sinal dispensável.


b) Errado. O aparecimento de bordas chamuscadas no orifício de entrada do projétil vai depen-
der da distância.
c) Certo. A zona ou orla de tatuagem é formada pelos grãos de pólvora no momento do dispa-
ro, os quais são de maior alcance e podem constituir-se na única prova de que o disparo foi à
curta distância – atravessam a epiderme e se incrustam na derme, formando uma tatuagem
que só pode ser removida por meio de cirurgia plástica.
d) Errado. A afirmação da assertiva não pode ser feita, uma vez que o enunciado da questão
não menciona o ângulo do disparo ou a região do corpo atingida.

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e) Errado. O sinal de Werkgartner (ou Puppe-Werkgaertner) ocorre nos tiros encostados e


apoiados. Como a questão fala em “tiro a curta distância”, não é sinal que se adéqua à hipóte-
se suscitada.
Letra c.

016. (FUMARC/DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO/PC-MG/2018) Um indivíduo foi vítima


da explosão de uma bomba ao implantá-la num caixa eletrônico, tendo evoluído para óbito ime-
diatamente. Qual das feridas tem mais probabilidade de tê-lo acometido?
a) Contusodilacerantes.
b) Cortocontusas.
c) Cortodilacerantes.
d) Dilacerantes.

Ao se saber que as lesões e mortes decorrentes de explosões podem acarretar lesões contu-
sas ou cortocontusa, entende-se a razão pela qual a questão indicou a maior probabilidade de
qual tipo ocorreu. Assim, pelas opções dadas, só poderiam ser cortocontusas. É interessante
abordar o que diz França (2017, p. 347), para o qual não são aceitas as:

(...)denominações feridas dilacerantes, cortodilacerantes, perfurodilacerantes e contusodilaceran-


tes pelo fato de não existirem instrumentos dilacerantes, cortodilacerantes, perfurodilacerantes
nem, tampouco, contusodilacerantes. As feridas, por exemplo, produzidas por fragmentos de vidro,
lança, dentes ou explosão, ainda que venham a apresentar perdas vultosas de tecidos, não deixam
de ser cortantes, perfurocortantes, cortocontusas e contusas, correspondentemente.
Letra b.

017. (NUCEPE/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL/PC-PI/2018) Em relação aos mecanismos de


ação, é INCORRETO afirmar que:
a) Os agentes perfurocontudentes onde a lesão acontece mais pelo peso e força com que eles
são usados do que pelo deslizamento do gume.
b) Os agentes perfurantes atuam por pressão em um ponto de contato, rompendo as fibras e
causando danos internos bem maiores do que o pequeno orifício de entrada.
c) Os agentes cortantes atuam em contato com o corpo, que se dá por uma linha do gume,
cortam por deslizamento e pressão, geralmente sem maior profundidade.
d) Os agentes contundentes atuam por choque, pressão ou deslizamento no contato com a
superfície plana, como regra.
e) Os agentes perfurocortantes onde além da perfuração, por pressão, ocorre ação lateral, re-
sultando corte.

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a) Errado. As feridas perfurocontusas são produzidas por um mecanismo de ação que perfura
e contunde ao mesmo tempo. Na maioria das vezes, esses instrumentos são mais perfurantes
que contundentes.
As demais alternativas estão corretas.
Letra a.

018. (NUCEPE/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL/PC-PI/2018) A balística “é a ciência que es-


tuda o movimento dos projéteis, particularmente os disparos por armas leves e canhões”. Em
relação à balística forense, marque a alternativa INCORRETA:
a) As armas portáteis também conhecidas por individuais, são aquelas que podem ser trans-
portadas e acionadas por uma só pessoa.
b) Em relação às armas automáticas tanto o funcionamento como o disparo são automáticos.
c) A percussão é o choque de dois corpos; no cão o percurssor atinge a espoleta para transmi-
tir fogo à pólvora.
d) Projétil é a parte da munição destinada a atingir o alvo.
e) Quanto ao municiamento, na arma de retrocarga a munição é colocada pela parte ante-
rior do cano.

a) Certa. As armas portáteis são também conhecidas por sua individualidade (porte individual).
b) Certa. São automáticas quando disparam todos os projéteis sem que tenha que deixar de
ser acionado o gatilho.
c) Certa. A percussão consiste no golpe entre dois corpos. O percurso é a peça que atinge a
espoleta e a deflagra.
d) Certa. Consiste no verdeiro instrumento perfurocontundente, quase sempre é de chumbo,
níquel nu ou outra liga metálica.
e) Errada. Nas armas de antecarga o municiamento é feito na parte anterior do cano, local ou
sai o projétil, como nos mosquetes e bacamartes. Nas de retrocarga, o carregamento é feito na
parte posterior, próximo ao atirados, por exemplo: pistola, revólveres.
Letra e.

019. (VUNESP/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-BA/2018) Com relação aos ferimentos de entra-


da em lesões produzidas por projéteis de arma de fogo, é correto afirmar:
a) a aréola equimótica é representada por uma zona superficial e relativamente difusa, decor-
rente da sufusão hemorrágica oriunda da ruptura de pequenos vasos localizados nas vizinhan-
ças do ferimento, geralmente de tonalidade violácea.

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b) o formato de ferimentos em tiros a distância varia de acordo com a inclinação do disparo,


assim, quando o tiro é oblíquo, a ferida é arredondada ou ligeiramente oblíqua, além de eviden-
ciar uma orla de escoriação concêntrica.
c) diz-se que uma lesão tem as características das produzidas por tiro a distância quando ela
não apresenta os efeitos secundários do tiro, com diâmetro maior que o do projétil, aréola equi-
mótica e bordas reviradas para dentro.
d) ferimentos em tiros encostados podem ter forma arredondada ou elíptica, com zona de
compressão de gases, evidenciada pela depressão da pele em virtude do efeito gerado pelo
projétil com a ação mecânica de gases que descolam e dilaceram os tecidos.
e) tiros a curta distância causam ferimentos arredondados, com entalhes, zona de tatuagem e
de esfumaçamento, devido à ação resultante dos gases que descolam e dilaceram os tecidos,
com vertentes enegrecidas e desgarradas, tendo aspecto de cratera de mina.

a) Certa. Na aréola ou orla equimótica, o projétil rompe vasos de calibres médio e pequeno, o
que provoca infiltração hemorrágica que se traduz externamente por uma orla equimótica ao
redor do orifício. Caracteriza a reação vital na ferida.
b) Errada. As orlas apresentadas pelo tiro oblíquo são excêntricas, e não concêntricas como
dito na alternativa.
c) Errada. A assertiva está errada porque as características apresentadas não correspondem
aos efeitos secundários dos disparos a distância, e sim os primários. Além disso, nos tiros à
distância, o diâmetro do ferimento de entrada é menor que o projétil.
d) Errada. Nos tiros encostados, o ferimento possui forma estrelada, irregular.
e) Errada. O aspecto “cratera de mina” diz respeito aos tiros encostados (sinal de Hoffman).
Letra a.

020. (IBADE/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL/PC-AC/2017) A perícia médico-legal em um ca-


dáver indica uma lesão na cabeça, com característica estrelada na pele, forte impregnação de
fumaça e detritos granulares provenientes da incombustão da pólvora no conduto produzido
através da massa encefálica. Nesta, foi encontrado um objeto metálico, totalmente feito de
chumbo, em forma ogival. Na lateral deste objeto foi identificada a presença de estriações.
Com base nesses dados, pode-se dizer:
a) Tal lesão é conhecida como sinal do rasgão crucial de Nerio Rojas.
b) Apontam-se características de lesão provocada por projétil de arma de fogo de alta energia,
cujo disparo foi feito a longa distância.
c) O disparo foi efetuado a curta distância, o que impossibilita a formação do cone de dispersão.
d) Tal lesão é cortocontusa.
e) O cadáver possui lesão provocada por projétil de arma de fogo comum, tendo havido disparo
com o cano da arma encostado na cabeça.

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Lesões e Mortes. Asfixias
Fernando Terra

a) Errado. O sinal do rasgão de Nerio Rojas se verifica nos tiros a curta distância, em que a
roupa é rasgada apresentando um aspecto cruciforme.
b) Errado. O caso demonstra um caso de tiro encostado/apoiado.
c) Errado. Um tiro a curta distância não impediria a formação do cone de dispersão.
d) Errado. A lesão é perfurocontusa.
e) Certo. A questão descreve uma hipótese de boca ou câmara de mina de Hoffman, ocorrida
em tiros encostados/apoiados; localiza-se entre a pele e o osso e decorre da expansão dos
gases oriundos da queima da pólvora, gerando ruptura do tecido, sendo normalmente de forma
estrelada.
Letra e.

021. (CESPE/CEBRASPE/DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO/PC-GO/2017) Um cadáver


jovem, do sexo masculino, encontrado por moradores de uma região ribeirinha, estava nas se-
guintes condições: vestido com calção de banho; corpo apresentando dois orifícios, o primeiro
deles medindo cerca de 1 cm, ligeiramente elíptico, na parte posterior do tórax, na altura da
região escapular direita; o segundo, de mesmo tamanho que o primeiro, circular, no pescoço,
logo abaixo da nuca. O primeiro orifício apresentava orla de enxugo, orla de escoriação e orla
de contusão; em torno do segundo orifício, foram observadas zonas de esfumaçamento e de
tatuagem. Nessa situação hipotética, as lesões descritas:
a) foram causadas por instrumentos perfurocontundentes empregados a longa distância e a
curta distância, respectivamente.
b) decorreram de ação cortocontundente produzida a curta distância.
c) foram causadas por instrumentos perfurocortantes, e o instrumento que produziu o segun-
do orifício foi usado a curta distância.
d) foram, ambas, causadas por instrumentos perfurocontundentes empregados a curta
distância.
e) são compatíveis com a ação de projéteis de alta energia disparados a longa distância.

a) Certo. As lesões foram causadas por instrumento perfurocontundente (projétil de arma de


fogo). O primeiro orifício apresentou orla de enxugo, orla de escoriação e orla de contusão, ca-
racterísticas presentes em disparos a longas distâncias. O segundo orifício apresentou zonas
de esfumaçamento e de tatuagem, características presentes em disparos a curtas distâncias.
b) Errado. As lesões não foram causadas por instrumento cortocontundente (ex.: macha-
do, foice).
c) Errado. As lesões não implicam o uso de instrumento perfurocortante (ex.: faca, punhal,
canivete).
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d) Errado. A alternativa acerta ao dizer que as lesões foram causadas por instrumento perfuro-
contudente, mas erra ao falar que ambas são provenientes de ação a curta distância.
e) Errado. As lesões não são provenientes de projéteis de alta energia; um foi a curta distância
e o outro foi a longa distância.
Letra a.

022. (FUNCAB/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL/PC-PA/2016) Tiros encostados permitem


identificar sinais específicos na pele da vítima. O desenho impresso na pele pela boca do cano
e massa de mira do cano de uma arma de fogo refere-se ao sinal de:
a) Thoinot.
b) Bonnet.
c) Puppe-Werkgaertner Werkgaertner.
d) Benassi-Cueli Benassi.
e) Chavigny.

a) Errada. O Sinal de Thoinot ocorre nos casos de asfixia por constrição passiva do pescoço
exercida pelo peso do corpo (enforcamento). No enforcamento, há sinais gerais existentes no
sulco, sendo um deles o Sinal de Thoinot (zona violácea ao nível das bordas do sulco).
b) Errada. O Sinal de Bonnet ocorre nos tiros encostados/apoiados, nos ossos díploe (nor-
malmente encontrado no crânio- trata-se de uma camada esponjosa) em que a incidência do
projétil apresenta uma formatação de um cone. A parte mais estreita (tronco do cone) indica a
sua entrada. Já a base do tronco, a sua saída.
c) Certa. O Sinal de Puppe-Werkgaertner Werkgaertner ocorre nos tiros encostados/apoiados,
resultando no desenho da boca e da massa da mira do cano.
d) Errada. O Sinal de Benassi-Cueli Benassi ocorre nos tiros encostados/apoiados, em tiros da-
dos no crânio ou em escápulas, em que geralmente é encontrado um halo fuliginoso na lâmina
externa do osso referente ao orifício de entrada.
e) Errada. O Sinal de Chavigny ocorre nas feridas pérfurocortantes, quando duas feridas se
cruzam, a segunda lesão produzida em cima da primeira apresentará bordas desalinhadas,
enquanto a primeira apresentará bordas alinhadas.
Letra c.

023. (VUNESP/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL/PC-CE/2015) A traumatologia forense consti-


tui um campo da medicina legal que se ocupa das implicações jurídicas dos traumatismos ou
lesões em geral. Nesse aspecto, é correto afirmar:
a) os instrumentos perfurocontundentes produzem lesões por pressão intensa nos tecidos,
em geral, com perfuração e secção. As lesões apresentam fundo irregular, com integridade de
vasos e nervos no fundo da lesão.

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b) os instrumentos contundentes podem produzir uma grande diversidade de lesões: escoria-


ção, equimose, hematoma, ferida contusa, fratura, rotura de vísceras ocas, entre outras.
c) as características do orifício de saída produzidas por arma de fogo são: forma irregular, halo
de enxugo, aréola equimótica e menos sangrantes que o orifício de entrada.
d) as lesões por agentes perfurantes comumente estão relacionadas com ação suicida ou aci-
dental, raramente sendo consequência de ação homicida.
e) a equimose é a expressão final da infiltração hemorrágica nas malhas dos tecidos; apesar
disso, ela tem pouca importância médico-legal, uma vez que não é possível correlacioná-la de
forma temporal com o evento, lesão ou trauma.

a) Errada. A alternativa discorre sobre as características de uma ferida contusa. Os instrumen-


tos perfurocontundentes (ex.: guarda-chuva, projétil de arma de fogo etc.) apresentam lesões
com o orifício de entrada com bordos contundidos e mortificados, o trajeto e o orifício de saída
(que pode existir ou não).
b) Certa. Os instrumentos contundentes (ex.: barra de ferro, tijolo, solo, pavimento etc.) podem
produzir escoriações (contusão, escoriação, hematoma, bossa sanguínea, bossas linfáticas);
feridas contusas (contusão no crânio, contusões na coluna vertebral, contusões torácicas, fra-
turas); equimose, dentre outros.
c) Errada. Características do orifício de saída: os chamados “elementos de vizinhança” pre-
sentes nos orifícios de entrada aqui não estarão presentes. Normalmente, o orifício de saída é
maior e mais sangrante do que o orifício de entrada. Suas bordas apresentam aspecto evertido
(de dentro para fora), além de partes de tecidos pendurados.
d) Errada. Pode ser em decorrência de homicídio, suicídio, lesões de defesa, lesões de hesita-
ção e também em decorrência de algum acidente.
e) Errada. O estudo da equimose vinculado ao aspecto temporal da lesão é importante no
âmbito da medicina legal, especialmente com base nos estudos desenvolvidos por Legrand
du Saulle sobre o Espectro Equimótico, em que a coloração da equimose guarda relação direta
com o tempo de produção da lesão.
Letra b.

024. (FUNCAB/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL/PC-RO/2014) As lesões causadas por entra-


das de projéteis de arma de fogo têm características particulares em função de uma série de
fatores, como a velocidade do impacto, a distância do disparo, a região do corpo atingida e o
tipo de arma utilizada. Assim, é correto afirmar que:
a) a presença de microlacerações radiadas nas bordas da ferida é um achado frequente nos
tiros de fuzil.
b) as lesões múltiplas produzidas por disparos seriados de fuzil são denominadas “rosa de tiro”.

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c) uma ferida arredondada, com orlas de enxugo e escoriação, foi devida a um disparo efetua-
do a curta distância e sem anteparo.
d) nos disparos realizados na cabeça, com o cano da arma encostado à pele, a ferida apresen-
ta uma orla de tisnado.
e) nos tiros à queima-roupa, a ferida assume um aspecto estrelado, em boca de mina.

a) Certa. Nas lesões de entrada sem anteparo ósseo ou rígido verificamos nas lesões produzi-
das por projéteis de arma de fogo de alta energia, lesões circulares ou ovalares; bordas talha-
das à pique, com ou sem orla de escoriação; apresentando microlacerações radialmente em
toda a circunferência ou em parte.
b) Errada. A “rosa de tiro” de Cevidalli ocorre em disparo de projéteis múltiplos (ex.: balins); há
disposição em grupo, mais ou menos, circular das lesões produzidas pelos balins.
c) Errada. Orla de enxugo e escoriação são presentes nos tiros tanto à curta distância quanto
à longa distância.
d) Errada. Nas lesões de entrada produzidas por projéteis compreende a orla de esfumaça-
mento de tisnado (resíduos da combustão, cor cinza ou negra, sai com água e sabão).
e) Errada. Disparo curta distância/queima roupa não produzem a boca de mina. No caso, en-
contra-se a boca ou câmara de mina de Hoffman em tiros encostados/apoiados; localiza-se
entre a pele e o osso e decorre da expansão dos gases oriundos da queima da pólvora, gerando
ruptura do tecido, sendo normalmente, de forma estrelada.
Letra a.

025. (FUNDATEC/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-RS/2018) Em relação às asfixias por constri-


ção cervical, analise as afirmações abaixo, assinalando V, se verdadeiras, ou F, se falsas.

 (  ) O enforcamento, de acordo com sua definição médico-legal, quando diagnosticado in-
dica a ocorrência de suicídio.
(  ) O enforcamento, de acordo com sua definição médico-legal, necessita que o peso do
corpo da vítima acione o laço. Desta forma, os casos descritos como enforcamento,
mas nos quais a vítima não estava completamente suspensa (pés não tocando o solo)
devem ser classificados como “montagem” (tentativa de ocultação de homicídio).
(  ) O enforcamento, de acordo com sua definição médico-legal, não necessita do peso do
corpo da vítima para ocorrer.
(  ) A esganadura pode ser consequência de suicídio ou de homicídio.

A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é:


a) V – V – F – F.
b) V – F – V – V.

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c) F – V – F – F.
d) F – F – V – V.
e) F – F – F – F.

Item 1 – FALSO. O enforcamento é mais comum nos suicídios, podendo, no entanto, ter como
etiologia o acidente, o homicídio e a execução judicial.
Item 2 – FALSO. As suspensões do corpo podem ser classificadas em: a) típica ou completa:
aquela em que o corpo fica totalmente sem tocar em qualquer ponto de apoio ou b) Atípica ou
incompleta: se é apoiado pelos pés, joelhos ou outra parte qualquer do corpo.
Item 3 – FALSO. O enforcamento é uma modalidade de asfixia mecânica que se caracteriza
pela interrupção do ar atmosférico até as vias respiratórias, em decorrência da constrição do
pescoço por um laço fixo, agindo o peso do próprio corpo da vítima como força ativa.
Item 4 – FALSO. Esganadura é um tipo de asfixia mecânica que se verifica pela constrição do
pescoço pelas mãos, ao obstruir a passagem do ar atmosférico pelas vias respiratórias até os
pulmões. É sempre homicida, sendo impossível a forma suicida ou acidental.
Letra e.

026. (IBADE/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-AC/2017) Diante de notícia sobre a ocorrência de


crime de homicídio, policiais civis foram ao local para investigar o fato. Ao chegarem, foi possí-
vel observar que a vítima estava com o corpo totalmente em contato com o solo, em decúbito
ventral, com as mãos amarradas para trás. Na região do pescoço, foi possível observar que
havia um fio que circulava a região por três vezes. A perícia no material revelou que nas duas
pontas do fio havia um pedaço de madeira amarrado, o que possibilitava o tracionamento para
lados opostos. O sulco provocado pelo fio era contínuo, com profundidade uniforme e em
sentido horizontal, tendo lesionado a região inferior ao osso hioide. Diante das informações
apresentadas acima, pode-se afirmar que houve:
a) soterramento.
b) enforcamento.
c) esganadura.
d) estrangulamento.
e) afogamento

a) Errada. Soterramento é uma forma de asfixia mecânica motivada por obstrução das vias
respiratórias por terra ou substâncias pulverulentas. É, na sua maioria, acidental e, muito
raramente, homicida ou suicida, sendo a situação mais frequente o desmoronamento ou o
desabamento.

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b) Errada. Enforcamento é a constrição passiva do pescoço decorrente do peso exercido


pelo corpo.
c) Errada. Esganadura é a asfixia mecânica que provoca a constrição do pescoço com as
mãos. É sempre homicida. Apresenta equimoses puntiformes na face e pescoço, além disso,
podemos verificar escoriações produzidas pelas unhas no pescoço em formato semilunar (es-
tigmas ou marcas ungueais).
d) Certa. No estrangulamento há a ação de um laço, pela força muscular (mão em geral); o
corpo da vítima atua de forma passiva. O sulco quase sempre é múltiplo, de profundidade
uniforme, contínuo, de direção horizontal, sobre a laringe (baixo) e não se apergaminha; tem o
fundo escoriado (por causa do atrito constante do laço com a pele).
e) Errada. Constitui-se na troca do meio gasoso por meio líquido durante a respiração.
Letra d.

027. (CESPE/SEBRASP/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-GO/2017) Em relação às asfixias, assi-


nale a opção correta.
a) A projeção da língua e a exoftalmia são achados suficientes para concluir que houve morte
não natural.
b) As equimoses das conjuntivas somente são encontradas nos casos de afogamento.
c) Nas asfixias, as ocorrências de manchas de hipóstase são raras.
d) Na sufocação por compressão do tórax, observam-se pulmões congestos e com hemorragias.
e) O cogumelo de espuma é uma característica exclusiva do afogamento.

a) Errado. A projeção da língua e exoftalmia (projeção do globo ocular para fora, proptose)
são comuns nas asfixias mecânica. No entanto, cadáveres putrefeitos na fase gasosa ou en-
fisematosa também apresentam exoftalmia e projeção da língua, mesmo sem ter nenhuma
relação com a morte por asfixia.
b) Errado. As equimoses das conjuntivas podem ocorrer nos casos de asfixia mecânica e por
afogamento.
c) Errado. Manchas de hipóstase não são raras nas asfixias, muito pelo contrário, são comuns
de se observarem.
d) Certo. Quando ocorre a sufocação por compressão do tórax (sufocação indireta), muito
comum em acidentes em que um peso cai sobre a vítima, impedindo-a de respirar, verificam-se
pulmões congestos e com hemorragia.
e) Errado. O cogumelo de espuma é formado de uma bola de finas bolhas de espuma que co-
bre a boca e as narinas e se continua pelas vias respiratórias inferiores. Muito comum em afo-
gados, mas pode surgir em outras formas de asfixias mecânicas, no edema agudo do pulmão
e nos casos de morte precedida de grandes convulsões.
Letra d.

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028. (FUNCAB/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL/PC-PA/2016) De acordo com a classificação


de Afrânio Peixoto, as asfixias podem ser definidas como puras, complexas e mistas. Acerca
desta classificação, é um exemplo de asfixia pura a(o):
a) esganadura.
b) enforcamento.
c) confinamento.
d) empalamento.
e) estrangulamento.

a) Errada. Hipótese de asfixia mista.


b) Errada. Hipótese de asfixia complexa por constrição passiva do pescoço.
c) Certa. O confinamento trata-se de uma das classificações de asfixias puras em que há alte-
ração no teor de oxigênio do ambiente fechado em que o indivíduo se encontra. Haverá outros
gases no ambiente.
d) Errada. O empalamento é a inserção de objeto agudo na região perineal.
e) Errada. Hipótese de asfixia complexa por constrição ativa do pescoço.
Letra c.

029. (VUNESP/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL/PC-CE/2015) Adolescente de 15 anos é ava-


liado em uma perícia. Ele apresentava: (a) dificuldade na fala, rouquidão e relatava dor na re-
gião cervical e na face; (b) edema e equimose de coloração vermelho-violácea na região perior-
bitária direita e esquerda; (c) hemorragia conjuntival e petéquias na pálpebra inferior de ambos
os olhos; (d) escoriação linear, horizontal, uniforme, de coloração avermelhada, medindo 0,4
cm de largura, localizada abaixo da tireoide, estendendo-se pela circunferência do pescoço e
interrompendo-se em sua região lateral esquerda.
A perícia descrita mais provavelmente sugere:
a) estrangulamento por tentativa de homicídio.
b) edema e equimose observados na região periorbitária, como consequências da asfixia.
c) enforcamento por tentativa de suicídio.
d) que o evento ou dano ocorreu muito recentemente, provavelmente, em menos de 2 horas.
e) graves consequências clínicas secundárias à asfixia por inalante, por exemplo, monóxido de
carbono ou cianeto.

Diante do enunciado da questão observa-se possível hipótese de enforcamento ou estrangula-


mento, ficando entre as alternativas “a” ou “c”.
O enforcamento geralmente apresenta sulco único, acima da laringe (no alto), de profundidade
variável, apergaminhado, tendo uma interrupção na proximidade do nó, sendo mais profundo

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na parte da alça, apresentando direção oblíqua ascendente. Por sua vez, o estrangulamento
apresenta sulco quase sempre múltiplo, profundidade uniforme, contínuo, direção horizontal,
sobre a laringe, não apergaminha.
Assim, para se assegurar de qual hipótese se trata, necessário se ater à informação de que ha-
via escoriação linear, indicativo de resistência ao material empregado na asfixia (se uma corda,
ela escoriava a pele em razão da provável resistência da vítima), bem como pela profundidade
uniforme, de modo que só poderia ser hipótese de estrangulamento.
Letra a.

030. (FUNCAB/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL/PC-RO/2014) Um indivíduo civil pulou o muro


de um quartel do Exército por volta das 2h00min razão por que foi detido para averiguações.
Durante a troca matutina da guarda, às 7h00min do mesmo dia, ele foi encontrado morto, no
interior da cela, parcialmente suspenso pelo pescoço, na grade da porta, por uma tira de lona
retirada do colchão, amarrada com nó fixo em volta única. Instaurou-se, então, um inquérito
Policial Militar para apurar a causa e as circunstâncias dessa morte. A necropsia constatou
livores de hipóstase da cintura para baixo, sulco único cervical, de disposição oblíqua e as-
cendente, com fundo pergaminhado, de profundidade desigual e interrupção ao nível da nuca,
associado à ausência de lesões internas no pescoço e sinais gerais de asfixia. Com base na
prova técnica elaborada pelo perito legista, assinale a opção que apresenta a melhor hipótese
para o caso acima descrito.
a) Estrangulamento típico.
b) Enforcamento completo atípico.
c) Enforcamento incompleto típico.
d) Sufocação por esganadura.
e) Estrangulamento atípico.

O enforcamento é forma de asfixia mecânica, em que a constrição do pescoço é produzida por


um laço acionado pelo próprio peso da vítima. Divide-se nas seguintes espécies: a) típico: nó
está situado atrás do corpo da vítima; b) atípico: mais raro, se dá quando o nó está localizado
na lateral ou na parte frontal do corpo da vítima; c) completo: corpo está totalmente suspenso
não havendo contato com o solo; e d) incompleto: corpo da vítima, de algum modo, toca o solo,
seja encostando os pés, joelhos ou o abdômen.
Letra c.

031. (COPS-UEL/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-PR/2013) As asfixias são modalidades de


morte derivadas de energias físico-químicas. Entre elas são frequentes as modalidades de
constrição do pescoço. Em relação às diferenças entre enforcamento, esganadura e estrangu-
lamento, considere as afirmativas a seguir.

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Lesões e Mortes. Asfixias
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I – A esganadura ocorre por laço tracionado ou por parte do corpo que atua de forma similar a
um laço (gravata, chave de braço, golpes de jiu jitsu), desde que a força empregada não seja o
peso da vítima.
II – O estrangulamento ocorre através da interrupção da passagem do ar atmosférico pelas
vias aéreas e é causado diretamente pela mão do agente, não havendo forma homicida ou
incidental da mesma.
III – É possível do ponto de vista pericial em medicina legal a distinção entre estrangulamen-
to e enforcamento, através da análise das características dos sulcos imprimidos no pescoço
da vítima.
IV – O enforcamento ocorre por um laço cuja extremidade se acha fixa a um ponto dado, agin-
do o próprio peso do indivíduo como força viva.
Assinale a alternativa correta:
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

I – Errada. A esganadura é a constrição cervical ocasionada pelas mãos.


II – Errada. A força ativa no estrangulamento é o laço, e não as mãos.
III – Certa.
IV – Certa.
Letra c.

032. (FUNCAB/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-RJ/2012) Nas necropsias, em casos de morte


por asfixias em geral, na ausência de lesões externas específicas, o perito deverá basear o
seu diagnóstico no achado de um conjunto de sinais internos, que estarão descritos no cor-
po do laudo cadavérico. A autoridade policial, ao ler o laudo pericial, irá observar a presença
constante de:
a) edema cerebral, petéquias pulmonares e sangue coagulado.
b) fluidez do sangue, congestão e equimoses viscerais.
c) desidratação corporal e hemorragia visceral.
d) edema pulmonar, distensão intestinal e congestão vascular.
e) encontro de espuma e de corpos estranhos nas vias respiratórias.

A asfixia apresenta sinais gerais externos e internos. São sinais característicos, de valor relati-
vo, não são patognomônicos.

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Lesões e Mortes. Asfixias
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1) Sinais Internos: a) sangue fluído (não coagula) e escuro; b) equimoses viscerais ou mancha
de Tardieu, que é encontrado nas regiões subconjuntival, subpleural e subepicárdica, ou ainda
manchas de Paltauf nos pulmões de vítimas de afogamento; c) congestão polivisceral.
2) Sinais Externos: a) cianose da face (cor arroxeada ou azulada); b) cogumelo de espuma; c)
projeção da língua para fora da boca; d) equimoses externas na pele e mucosas; e) livor cada-
vérico escuro e precoce.
Letra b.

033. (FUMARC/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-MG/2011) Constitui um exemplo de asfxia me-


cânica pura de interesse médico-legal:
a) Sufocação direta.
b) Estrangulamento típico.
c) Enforcamento completo.
d) Esganadura antebraquial.

Segundo a classificação adotada por Afrânio Peixoto, as asfixias se dividem em três grupos:
1) Asfixias Puras: a) asfixias em ambientes por gases irrespiráveis por confinamento, por mo-
nóxido de carbono ou por outros vícios de ambientes; b) asfixias por obstacularização de ar
nas vias respiratórias, de forma direta (obstrução da boca e narinas ou obstrução da laringe e
traqueia) ou indireta (compressão do tórax); c) asfixia por transformação do meio gasoso em
meio líquido (afogamento); d) asfixia por transformação do meio gasoso em meio sólido ou
pulvurulento (soterramento).
2) Asfixias Complexas: a) asfixias por constrição do pescoço exercida pelo peso do corpo
(enforcamento); b) asfixia por constrição ativa do pescoço exercida pela força muscular (es-
trangulamento).
3) Asfixias Mistas: esganadura, com a constrição do pescoço com as mãos em que há impe-
dimento da passagem de ar.
Letra a.

034. (FUNCAB/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-RO/2009) Assinale a afirmativa INCORRETA


com respeito às asfixias.
a) Por constrição do pescoço pelas mãos: estrangulamento.
b) Em ambientes por gases irrespiráveis: confinamento, asfixia por monóxido de carbono e
asfixia por outros vícios de ambiente.
c) Por constrição passiva do pescoço, exercida pelo peso do corpo: enforcamento.
d) Por obstrução dos orifícios ou condutos respiratórios: sufocações diretas ou indiretas.
e) Por transformação do meio gasoso em meio líquido: afogamento.

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Lesões e Mortes. Asfixias
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a) Errada. A constrição do pescoço pelas mãos constitui esganadura.


Letra a.

035. (CESPE/SEBRASPE/DELEGADO DE POLÍCIA//PC-PB/2009) Um médico legista, ao che-


gar à sala de necropsia, deparou-se com três cadáveres cuja causa da morte foi asfixia. O
primeiro apresentava elementos sinaléticos que constavam de sulco único, com profundidade
variável e direção oblíqua ao eixo do pescoço; no segundo, os sulcos eram duplos, de profun-
didade constante e transversais ao eixo do pescoço; no terceiro, em vez de sulcos, havia equi-
moses e escoriações nos dois lados do pescoço.
Na situação acima descrita, os tipos de morte mais prováveis são, respectivamente,
a) enforcamento, estrangulamento e esganadura.
b) esganadura, enforcamento e estrangulamento.
c) estrangulamento, esganadura e enforcamento.
d) esganadura, estrangulamento e enforcamento.
e) enforcamento, esganadura e estrangulamento.

Enforcamento: geralmente apresenta sulco único, acima da laringe (no alto), de profundidade
variável, apergaminhado, tendo uma interrupção na proximidade do nó, sendo mais profundo
na parte da alça, apresentando direção oblíqua ascendente.
Estrangulamento: sulco quase sempre múltiplo, profundidade uniforme, contínuo, direção hori-
zontal, sobre a laringe, não apergaminha.
Esganadura: asfixia mecânica que provoca a constrição do pescoço com as mãos. É sempre homi-
cida. Apresenta equimoses puntiformes na face e pescoço, além disso, podemos verificar escoria-
ções produzidas pelas unhas no pescoço em formato semilunar (estigmas ou marcas ungueais).
Letra a.

036. (UEG/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-GO/2013) Em relação aos disparos de arma de fogo,


tem-se que:
a) o trajeto do projétil pode ser determinado pelo orifício de saída.
b) nos orifícios de entrada sempre encontramos orla de contusão e enxugo.
c) nos disparos à queima roupa encontramos o sinal de Werkgaertner.
d) o sinal de Romanesi está localizado no orifício de saída do projétil.

a) Errada. O trajeto do projétil depende de inúmeros fatores, tais como: anteparos, estabilidade
do projétil, se o projétil atinge um osso ou determinado ponto do corpo em que há um desvio,
posição da vítima etc.

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b) Errada. A orla de enxugo é a orla de detritos que ficam retidos na pele quando há a passa-
gem do projétil. A orla de contusão é a pequena área milimétrica que circunda o orifício de
entrada. Possui forma concêntrica ou circular quando o tiro é perpendicular. Já quando o tiro
for de incidência oblíqua será ovalada ou fusiforme. No caso da questão, nem sempre haverá
a orla de enxugo.
c) Errada. O Puppe-Werkgaertner (ou só Werkgaertner) ocorre nos tiros encostados/apoiados,
representado pelo desenho da boca e da massa da mira do cano.
d) Certo. O sinal de Romanesi ocorre quando um projétil tenta sair do corpo e encontra um
anteparo de resistência dos tegumentos.
Letra d.

037. (PC-SP/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-SP/2012) O sinal de Werkgaertner é:


a) o halo fuliginoso deixado sobre as peças ósseas nos disparos encostados.
b) a zona de tatuagem deixada pela pólvora sobre a pele nos disparos a curta distância.
c) o ângulo oblíquo do orifício de entrada nos disparos efetuados a longa distância.
d) o desenho da boca e da alça de mira da arma sobre a pele.
e) o arrancamento da epiderme causado pela rotação do projétil sobre a pele.

O sinal de Puppe-Werkgaertner (ou só Werkgaertner) ocorre nos tiros encostados/apoiados,


representado pelo desenho da boca e da massa da mira do cano.
Letra d.

038. (UEG/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-GO/2012) Quando o projétil de arma de fogo é trans-


fixante observa-se, no corpo humano, um segundo orifício, ou seja, o orifício de saída, cuja
lesão apresenta a seguinte característica:
a) orla de escoriação e halo de enxugo.
b) forma e bordas da ferida são regulares.
c) normalmente diâmetro maior do que o de entrada.
d) sangramento menor em relação ao orifício de entrada.

A questão aborda os conhecimentos do candidato sobre o sinal de Bonnet.


O Sinal de Bonnet pode ser encontrado em várias lesões, como as decorrentes de enforca-
mento ou estrangulamento, mas também possui importância médico-legal na lesão produzida
por disparos de projétil de arma de fogo, guardando a peculiaridade de que no tiro ele aparece
no osso. Normalmente no osso do crânio, no lugar de entrada do projétil, o buraco é menor, na
saída é maior, fazendo uma figura como se fosse um cone truncado. Ou seja, fica uma parte
estreita onde o projétil entra, com uma parte ampla onde o projétil sai.
Letra c.

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039. (FUNCAB/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-RO/2009) Ao ler um laudo cadavérico, um de-


legado encontra a seguinte descrição: ferida na região occipital, com sinais de Benassi e de
Werkgaertner. Esta ferida caracteriza:
a) saída de tiro.
b) entrada de tiro à distância.
c) característica de instrumento de ação corto-contundente.
d) entrada de tiro com cano encostado com plano ósseo logo abaixo.
e) entrada de tiro de arma de projéteis múltiplos.

De acordo com as alternativas dadas pela questão pode-se chegar à conclusão que a resposta
correta, por exclusão, é facilmente detectada pelo fato de ser uma ferida na região occipital
(região parte póstero-inferior do cérebro), com sinais de Benassi (a zona ou orla do esfumaça-
mento aparece ao redor do orifício de entrada, nos tiros encostados e impregnação de pólvora
na tábua óssea) e ainda os sinais de Werkgaertner (marca da boca do cano da arma de fogo
em tiro encostado).
Letra d.

040. (VUNESP/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-SP/2014) É uma característica da morfologia de


uma ferida por ação cortante, em relação à ferida contusa, a presença de:
a) fundo irregular.
b) hemorragia abundante.
c) retração das bordas da ferida.
d) vertentes irregulares.
e) integridade de vasos, nervos e tendões no fundo da lesão.

Consideram-se características da ferida cortante: a) hemorragia abundante (sangram mais


do que as feridas contusas); b) prevalece o comprimento da lesão em detrimento da profun-
didade; c) bordas lisas e regulares; d) centro da ferida é mais fundo do que a extremidade; e)
regularidade do fundo da lesão.
São características ferida contundente: a) forma, fundo e vertentes regulares; b) escoriação
das bordas; c) nervos, vasos e tendões conservados no fundo da lesão; d) retalhos em forma
de ponte unindo as margens; e) hemorragia menor do que nas feridas incisas.
Letra b.

041. (UEG/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-GO/2013) Vítima de violência doméstica comparece


ao distrito policial e narra ao delegado de polícia que foi agredida por seu marido. A vítima é
encaminhada para realização de exame pericial que descreve uma equimose azulada, ovalada
com 4 cm x 6 cm na coxa direita. Isso indica que a referida lesão foi produzida há:

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a) 5 dias.
b) 1 dia.
c) 3 dias.
d) 8 dias.

Refere-se a questão ao conhecimento sobre o espectro equimótico de Legrand Du Saulle, em


que se avalia a tonalidade da equimose com o decorrer do tempo da sua produção.
a) Certo. Uma equimose azulada, dentro do espectro equimótico, teria sido produzida de 4 a 6
dias atrás. Dentre as alternativas, esta é a que mais se encaixa nesse período.
b) Errado. Uma equimose produzida há 1 dia ainda teria uma tonalidade vermelha, e não azu-
lada, como diz o enunciado.
c) Errado. Uma equimose produzida há 3 dias teria coloração violácea, e não azulada.
d) Errado. Uma equimose produzida há 8 dias apresentaria uma coloração esverdeada, não
mais azulada.
Letra a.

042. (UEG/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-GO/2013) Com relação aos meios vulnerantes que


podem causar danos corporais, tem-se que:
a) o revólver é um instrumento perfurocontundente.
b) a lesão em acordeom é produzida por instrumentos cortantes.
c) os instrumentos são classificados pelo seu modo de ação.
d) são exemplos de armas naturais a faca, o facão e a foice.

a) Errado. O revólver, em si, é um instrumento contunde. O projétil de arma de fogo que é per-
forocontundente.
b) Errado. O ferimento em “acordeão” ou “sanfona” de Lacassagne é o ferimento causado com
arma pequena, mas que faz um longo trajeto no corpo, produzido com violência pelo homicida
e que comprime a parede abdominal. Ocorre em regiões de depressibilidade dos tecidos su-
perficiais, como o ventre.
c) Certo. Segundo o contato, o modo de ação e as características que imprimem às lesões,
classificam-se os instrumentos mecânicos em: cortantes, contundentes, cortocontundentes,
perfurantes, perfurocortantes e perfurocontundentes.
d) Errado. Veja a classificação adequada: 1) armas naturais: mãos, pés, unhas; 2) armas pro-
priamente ditas: revólver, pistola, punhal, peixeira; 3) armas eventuais: navalha, lâmina de bar-
bear, canivete, tijolo; 4) maquinismos e peças de máquinas; 5) animais: cão, gato, leão; 6) meios
diversos: quedas, explosões, precipitações.
Letra c.

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043. (UEG/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-GO/2013) Os instrumentos contundentes causam le-


sões no corpo pela ação de sua superfície de contato. Um instrumento contundente cilíndrico
produz uma lesão chamada de:
a) Sugilação.
b) Víbice.
c) Cilindruria.
d) Escoriação.

a) Errado. A sugilação é tipo de equimose que se apresenta em forma de pequenos grãos.


b) Certo. Quando a equimose é produzida por objetos cilíndricos, como bastões, cassetetes,
bengalas, deixa, em vez de uma marca, duas equimoses longas e paralelas, conhecidas por
víbices, em virtude de o extravasamento do sangue verificar-se ao lado do traumatismo e não
na sua linha de impacto.
Isso ocorre porque quando o instrumento comprime os vasos da área de contato, ele provoca
um esvaziamento brusco, com rápido fluxo do sangue para as áreas vizinhas. Quando esse
aumento de pressão nos vasos vizinhos ultrapassa o limiar de resistência das suas paredes,
ocorre a rotura desses vasos.
c) Errado. Cilindrúria é um termo médico que indica a presença de cilindros de origem re-
nal na urina.
d) Errado. A escoriação se define, de forma mais simples, como o arrancamento da epiderme
e o desnudamento da derme. Tem como origem, quase sempre, a ação tangencial dos instru-
mentos contundentes.
Letra b.

044. (UEG/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-GO/2013) O Brasil está geograficamente localizado


na zona tropical, com isso é o país com maior incidência de descargas elétricas naturais (cós-
micas). Sobre as descargas elétricas, verifica-se que:
a) as mortes causadas por descargas elétricas naturais são as fulgurações.
b) a marca de entrada do raio no corpo chama-se lesão de Jellineck.
c) as marcas produzidas pelas descargas elétricas no corpo são ocasionadas pelo efeito Joule.
d) a marca de saída do raio no corpo chama-se lesão de Lichtemberg.

a) Errado. As mortes causadas por descargas elétricas naturais são as fulminações, e não ful-
gurações. Falamos de fulguração quando a descarga elétrica natural tem êxito não letal.
b) Errado. A marca de entrada da eletricidade artificial (e não do raio) no corpo chama-se de le-
são de Jellineck. Constitui-se em uma lesão da pele, tem forma circular, elítica ou estrelada, de
consistência endurecida, bordas altas, leito deprimido, tonalidade branco-amarelada, fixa, in-
dolor, asséptica e de fácil cicatrização. Pode apresentar também a forma do condutor elétrico.

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c) Certo. O efeito Joule é um fenômeno físico no qual a passagem de corrente elétrica através
de algum meio resulta em seu aquecimento. Esse aquecimento surge em razão das diver-
sas colisões que ocorrem entre os elétrons e os átomos que constituem a estrutura cristalina
do material.
d) Errado. As lesões externas por eletricidade natural tomam aspecto arboriforme e tonali-
dade arroxeada, também denominadas de sinal de Lichtenberg. Ela não marca a saída do
raio no corpo.
Letra c.

045. (COPS-UEL/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-PR/2013) Notamos:


1. Ferimento perfuroinciso, de 4,0 cm de extensão, de bordas nítidas, penetrante na cavidade
torácica esquerda, localizado na face dorsal do hemitórax esquerdo, no nível do 6º espaço in-
tercostal esquerdo e a aproximadamente 5,0 cm à esquerda da linha mediana.
2. Ferimento perfuroinciso, de bordas nítidas, de 3,0 cm de extensão, penetrante na cavidade
torácica direita, localizado na face dorsal do hemitórax direito, no nível do 7º espaço intercostal
direito e a aproximadamente 4,0 cm à direita da linha mediana.
3. Ferimento inciso superficial, transversal ao eixo do membro, de 4,0 cm de extensão, de bor-
das nítidas, localizado na face dorsal do punho direito, com características de lesão de defesa.
4. Ferimento inciso, não penetrante, oblíquo da esquerda para a direita, de 6,0 cm de extensão,
de bordas nítidas, localizado na face anterior do abdome superior, na região epigástrica, a 1,0
cm à direita da linha mediana, precedido por uma escoriação linear de 17,0 cm de extensão,
que tem a sua mesma direção e que se localiza na face anterior no hemitórax esquerdo.
Sobre as lesões descritas nos itens 1 e 2, assinale a alternativa correta:
a) O instrumento causador dessas lesões é compatível com instrumentos perfurocontunden-
tes, pois apresentam trajeto interno torácico, característico do deslocamento de projéteis de
arma de fogo.
b) O instrumento causador dessas lesões é compatível com instrumentos perfurocortantes,
pois estão presentes na descrição médico-legal elementos como nitidez das bordas (elemento
cortante) e trajeto interno em cavidade torácica.
c) Apesar das características semelhantes entre as lesões descritas nos itens 1 e 2, essas fo-
ram causadas com intervalos de tempos diferentes entre si, devido ao tamanho e localização
das lesões.
d) O instrumento causador dessas lesões é compatível com instrumentos cortantes, pois es-
tes apresentam mecanismo de ação através de gume, agindo exclusivamente por pressão e
deslocamento paralelo ao tecido cutâneo.
e) As lesões podem ter sido causadas por ação contundente, através de deslocamento passivo
do corpo sobre a direção de veículo automotivo.

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A questão analisa os conhecimentos do candidato quanto aos instrumentos de ação (meios


mecânicos) e as lesões respectivamente produzidas.
a) Errado. Os instrumentos causadores das lesões descritas nos Itens 3 e 4 são cortantes.
b) Certo.
c) Errado. Não há como se fazer essa relação de intervalos de tempos.
d) Errado. Os instrumentos causadores das lesões descritas nos Itens 1 e 2 são perfuroincisos.
e) Errado. Não há correlação das lesões provocadas por ação contundente com as que foram
propostas na questão.
Letra b.

046. (COPS-UEL/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-PR/2013) Notamos:


1. Ferimento perfuroinciso, de 4,0 cm de extensão, de bordas nítidas, penetrante na cavidade
torácica esquerda, localizado na face dorsal do hemitórax esquerdo, no nível do 6º espaço in-
tercostal esquerdo e a aproximadamente 5,0 cm à esquerda da linha mediana.
2. Ferimento perfuroinciso, de bordas nítidas, de 3,0 cm de extensão, penetrante na cavidade
torácica direita, localizado na face dorsal do hemitórax direito, no nível do 7º espaço intercostal
direito e a aproximadamente 4,0 cm à direita da linha mediana.
3. Ferimento inciso superficial, transversal ao eixo do membro, de 4,0 cm de extensão, de bor-
das nítidas, localizado na face dorsal do punho direito, com características de lesão de defesa.
4. Ferimento inciso, não penetrante, oblíquo da esquerda para a direita, de 6,0 cm de extensão,
de bordas nítidas, localizado na face anterior do abdome superior, na região epigástrica, a 1,0
cm à direita da linha mediana, precedido por uma escoriação linear de 17,0 cm de extensão,
que tem a sua mesma direção e que se localiza na face anterior no hemitórax esquerdo.
Sobre a interpretação do excerto do laudo necroscópico, considere as afirmativas a seguir.
I – A faca de cozinha (arma branca), como objeto suspeito de ter sido utilizada como a arma
do crime, não é compatível com todas as lesões descritas.
II – A presença de escoriações lineares precedendo ou sucedendo as feridas incisas dão uma
ideia da direção e do mecanismo dinâmico da ação pela qual a arma é utilizada.
III – A nitidez das bordas de feridas incisas está diretamente relacionada ao fio ou gume da-
quele instrumento.
IV – Margens nítidas e regulares, ausência de secção de tecidos no fundo da lesão e predomí-
nio sobre a largura e a profundidade são características de instrumentos que se associam a
caudas de escoriação.
Assinale a alternativa correta:
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.

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c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.


d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

I – Errado. As armas brancas são assim denominadas por sua brancura e brilho de suas lâmi-
nas; apresentam gume afiado ou extremidade pontiaguda, necessitando do manejo da ação
humana (ex.: navalha, punhal, faca-peixeira etc.). A alternativa assevera que a faca de cozinha
não seria compatível com todas as lesões descritas, porém a faca de cozinha é um instrumen-
to perfurocortante, compatível com os ferimentos descritos nos Itens de 1 a 4 da questão.
Logo, o Item I é errado.
II – Certo. As escoriações apresentadas orientam o perito sobre a direção do meio ou instru-
mento lesivo, podem demonstrar se foram realizadas em vida ou depois da morte, a forma do
instrumento utilizado, a natureza da violência e, ainda, a sua gravidade e prognóstico.
III – Certo. A nitidez das bordas é característica da ação do fio ou gume do instrumento.
IV – Certo. A cauda de escoriação ou cauda de saída é produzida na epiderme no instante que
precede a ação final do instrumento sobre a pele. É encontrada na extremidade distal do feri-
mento inciso, onde o instrumento cortante foi afastado do corpo.
Letra e.

047. (UEG/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-GO/2013) Verificando o local de encontro de cadáver,


o delegado anota as lesões presentes no corpo descritas pelo perito como “lesão cortante na
região anterior do pescoço, retilínea, profundidade uniforme atingindo até a coluna vertebral”.
Com estas observações, o delegado infere o nome da lesão e sua natureza jurídica como:
a) degolamento – homicídio.
b) degolamento – suicídio.
c) esgorjamento – suicídio.
d) esgorjamento – homicídio.

A questão trata de um caso de esgorjamento. O esgorjamento é decorrente de ação cortante,


causando longa ferida tranversal do pescoço, profunda, lesando além dos planos cutâneos
(sem separar a cabeça do corpo). A lesão é retilínea e atingiu até a coluna vertebral, sendo,
portanto, um caso de homicídio.
Letra d.

048. (UEG/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-GO/2013) Os agentes mecânicos são responsáveis


pela maioria das lesões provocadas no corpo humano. São exemplos de lesões contusas:

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a) bossa, empalhamento.
b) equimose, esgorjamento.
c) esquartejamento, entorse.
d) luxação, degolamento.

Lesões produzidas por ação contundente: hematoma, bossas, escoriação, ferida contusa, en-
torse, luxação, fraturas, rupturas viscerais, lesões provocadas por martelo, defenestração, en-
cravamento, empalamento, lesões por acidente aéreo. Lesões produzidas por ação cortante:
ação de defesa e hesitação, esgorjamento e degolamento. Lesões produzidas por ação corto-
contundente: espostejamento, decapitação e esquartejamento.
Letra a.

049. (FGV/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-MA/2012) As feridas em sedenho resultam da:


a) ação penetrante de um instrumento cortante na região anterior do pescoço.
b) transfixação de vísceras ocas por instrumentos perfurantes.
c) ação mutilante dos instrumentos corto-contundentes nas extremidades dos membros.
d) ação subcutânea dos instrumentos pérfuro-contundentes nos tiros oblíquos.
e) escoriação da pele nos tiros tangencias.

A ferida em sedenho se caracteriza pela ferida oblíqua provocada por projétil de arma de fogo,
somente atingindo a pele, sem as demais camadas.
Letra d.

050. (IADES/PC-DF/PERITO CRIMINAL/2019) Um caso público, divulgado pela impressa,


apresenta o seguinte trecho na reportagem: “as imagens anexadas, que não serão reprodu-
zidas pela reportagem, para preservar a suposta vítima, mostram grandes áreas roxas. Essas
imagens são das nádegas e coxas e foram produzidas seis dias depois do encontro do supos-
to agressor com a suposta vítima.”
Esse tipo de observação sugere que tipo de lesão corporal?
a) Hematoma.
b) Escoriação.
c) Equimose.
d) Edema traumático.
e) Necrose.

Como lecionado, as equimoses variam de tonalidade ao longo do tempo, denominado de es-


pectro equimótico de Legrand Du Saulle. No caso, a tonalidade varia de acordo com a quanti-
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dade e profundidade do sangue extravasado, com a elasticidade do tecido etc. por isso esse
valor cronológico é relativo. Pelas informações das e com base na classificação de Du Saulle,
as lesões ocorreram entre 1 a 6 dias.
Letra c.

051. (IADES/PC-DF/PERITO CRIMINAL/2019)

Considerando a imagem apresentada, assinale a alternativa que indica o melhor termo ou ex-
pressão para definir a lesão apresentada.
a) Decapitação.
b) Esgorjamento.
c) Sinal de Pantoja.
d) Ferida contusa cervical.
e) Degola.

Lesões e mortes por esgorjamento são produzidas por instrumentos cortantes (eventualmen-
te, cortocontundentes) na região anterior ou lateral do pescoço.
Letra b.

052. (IADES/PC-DF/PERITO CRIMINAL/2019/ADAPTADA) Quanto aos efeitos e resíduos se-


cundários do tiro, assinale a alternativa correta.
a) No momento do tiro, são expelidos, além do projétil (resíduo primário), diversos resíduos
sólidos, líquidos e gasosos (resíduos secundários, terciários e quaternários, respectivamente).
b) O tipo de arma não influi na forma de distribuição e na quantidade de resíduos secundá-
rios do tiro.
c) Quando uma pessoa encontra-se atrás de uma vidraça que é atingida por um projétil ex-
pelido por arma de fogo e que a transfixou, pequenos fragmentos de vidro projetados podem

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atingir essa pessoa, causando a lesão denominada “falsa tatuagem”, deixando um aspecto
semelhante àquele verificado na zona de tatuagem causada por tiro direto.
d) A pesquisa de resíduos secundários de tiro deve ser feita nas vestes do suspeito, mas não
sobre a superfície dérmica, já que esta pode ser facilmente lavada.

a) Errada. No ato do disparo, são expelidos os resíduos primários (projétil) e os resíduos secun-
dários (resíduos sólidos), terciários (líquidos) e quaternários (gasosos).
b) Errada. Pelo contrário, o tipo de arma influi na forma de distribuição e na quantidade de re-
síduos secundários do tiro.
c) Certa. Fala-se em zona de falsa tatuagem porque, se lavada a região, os resíduos saem
(França, 2017). Na verdade, é a chamada zona de chamuscamento. Assim, os pequenos frag-
mentos de vidro projetados sobre a pessoa, embora se assemelhem a uma região em que
ficou marcada pelos efeitos secundários do disparo, por serem removíveis, apenas aparentam
coincidir com o conceito de zona de tatuagem. Portanto, é área em que a fuligem se deposita
e circunscreve a ferida de entrada.
d) Errada. A pesquisa de resíduos secundários de tiro deve ser feita nas vestes do suspeito,
mas não sobre a superfície dérmica, já que esta pode ser facilmente lavada.
Letra c.
53. Ao examinar um cadáver, o perito descobre que a lesão que ocasionou a morte foi pro-
vocada por golpe de machado, atingindo a coluna cervical, com fratura em toda extensão de
corpo. Ao elaborar seu relatório, o perito deverá informar que a ação ocorrida no cadáver foi
de natureza
a) corto-contundente.
b) cortante.
c) perfuro-contundente.
d) perfuro-cortante.
e) perfurante.

Justamente o machado é o exemplo de instrumento que tem ação corto-contundente, pois tem
um gume (parte cortante) e age pelo próprio peso ou força imprimida pelo agente (parte contun-
dente), tendo por elemento de ação tanto pelo deslizamento, pela percussão, ou pela pressão.
Letra a.

053. (INSTITUTO AOCP/PC-ES/MÉDICO LEGISTA/2019) A marca de Jellinek se refere a uma


lesão causada por uma energia de ordem
a) física.
b) mecânica.

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c) química.
d) físico-química.
e) bioquímica.

As marcas ou sinais de Jellinek são típicas das lesões ou mortes por ação elétrica, que, por
sua vez, são energias de ordem física. Constitui-se em uma lesão da pele com formato circular,
elítica ou estrelada, de consistência endurecida, bordas altas, asséptica e de fácil cicatrização,
leito deprimido, tonalidade branco-amarelada, fixa e indolor.
Letra a.

054. (INSTITUTO AOCP/ITEP-RN/MÉDICO LEGISTA/2018) A imagem a seguir mostra uma


lesão provocada por projétil de arma de fogo, a qual trata-se de

a) lesão de saída, com bordas evertidas e orlas de contusão e enxugo.


b) lesão de saída, com orlas de escoriação e enxugo.
c) lesão de entrada, com halo de esfumaçamento.
d) lesão de entrada, com orlas de escoriação e enxugo.
e) lesão de entrada, com halo de tatuagem.

Pela imagem, é possível perceber a orla de escoriação como o halo desepitelizado ao redor da
lesão de entrada (parte mais clara) e o halo de enxugo pelas impurezas deixadas no funil do
tiro (parte mais interna e escura).
Letra d.

055. (ACAFE/PC-SC/DELEGADO DE POLÍCIA/2014) Com relação aos ferimentos produzidos


por projéteis de arma de fogo, analise as afirmações a seguir e assinale a alternativa correta.:
I – O orifício de entrada é maior que o de saída, as bordas são invertidas e há abundante
sangramento.

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II – O orifício de saída não apresenta o halo de enxugo, as bordas são evertidas e, normalmen-
te, tem diâmetro maior do que o de entrada.
III – O orifício de entrada nos tiros a curta distância apresenta forma arredondada ou elíptica,
bordas invertidas, orla de escoriação, zona de tatuagem, zona de esfumaçamento zona de
queimadura, halo de enxugo, aréola equimótica e zona de compressão de gases.
IV – São componentes do orifício de saída a orla de escoriação, a orla de enxugo, a zona de
tatuagem e a zona de esfumaçamento.
a) Todas as afirmações estão corretas.
b) Apenas I, II e III estão corretas.
c) Apenas I, II e IV estão corretas.
d) Apenas I e IV estão corretas.
e) Apenas II e III estão corretas.

O erro da assertiva I se encontrada na afirmação de que o orifício de entrada é menor que o de


saída. O erro da assertiva IV se deve à afirmação de que nas lesões de saída existem orla de
escoriação, zona de tatuagem, zona de esfumaçamento zona de queimadura, halo de enxugo,
aréola equimótica e zona de compressão de gases, que, na verdade, são componentes do ori-
fício oposto (o de entrada).
Letra e.

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GABARITO
1. b 37. d
2. c 38. c
3. b 39. d
4. d 40. b
5. a 41. a
6. E 42. c
7. C 43. b
8. E 44. c
9. c 45. b
10. C 46. e
11. C 47. d
12. d 48. a
13. b 49. d
14. C 50. c
15. c 51. b
16. b 52. c
17. a 53. a
18. e 54. a
19. a 55. d
20. e 56. e
21. a
22. c
23. b
24. a
25. e
26. d
27. d
28. c
29. a
30. c
31. c
32. b
33. a
34. a
35. a
36. d

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁRICAS

BRASIL. Decreto n. 9.847, de 25 de junho de 2019. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/


ccivil_03/_ato2019-2022/2019/decreto/D9847.htm. Acesso em: 12 jan 2021.

BRASIL. Decreto n. 10.030, de 30 de setembro de 2019. Disponível em: http://www.planalto.


gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/decreto/D10030.htm. Acesso em: 12 jan 2021.

BRASIL. Lei 13.964, de 24 de dezembro de 2019. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/


ccivil_03/_ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm. Acesso em: 12 jan 2021.

CROCE, DELTON; CROCE JR., Delton. Manual de Medicina Legal. 8. ed. São Paulo: Editora Sa-
raiva, 2012.

DOUGLAS, William; GRECO, Rogerio. Medicina Legal à luz do direito penal e do processual pe-
nal. 14. ed. Niterói: Editora Impetus, 2019.

FERREIRA, Wilson Luiz Palermo. Medicina Legal. 5. ed. Salvador, BA: Editora Juspodivm, 2020.

FRANÇA, Genival Veloso de. Medicina Legal. 11. ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan,
2017.

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ANEXO
1. Glossário, Decreto n. 10.030/2019.
ANEXO III
GLOSSÁRIO
Acessório de arma de fogo: artefato que, acoplado a uma arma, possibilita a melhoria do
desempenho do atirador, a modificação de um efeito secundário do tiro ou a modificação do
aspecto visual da arma.
Acessório explosivo: engenho não muito sensível, de elevada energia de ativação, que tem
por finalidade fornecer energia suficiente à continuidade de um trem explosivo e que necessita
de um acessório iniciador para ser ativado.
Agente químico de guerra: substância em qualquer estado físico (sólido, líquido, gasoso
ou estados físicos intermediários), com propriedades físico-químicas que a torna própria para
emprego militar e que apresenta propriedades químicas causadoras de efeitos, permanentes
ou provisórios, letais ou danosos a seres humanos, animais, vegetais e materiais, bem como
provoca efeitos fumígenos ou incendiários.
Área perigosa: local de manejo de Produto Controlado pelo Exército (PCE) no qual são ne-
cessários procedimentos específicos para resguardar a segurança de pessoas e patrimônio.
Arma de fogo automática: arma em que o carregamento, o disparo e todas as operações
de funcionamento ocorrem continuamente enquanto o gatilho estiver sendo acionado.
Arma de fogo de repetição: arma em que a recarga exige a ação mecânica do atirador so-
bre um componente para a continuidade do tiro.
Arma de fogo semiautomática: arma que realiza, automaticamente, todas as operações
de funcionamento com exceção do disparo, exigindo, para isso, novo acionamento do gatilho.
Arma de fogo: arma que arremessa projéteis empregando a força expansiva dos gases,
gerados pela combustão de um propelente confinado em uma câmara, normalmente solidária
a um cano, que tem a função de dar continuidade à combustão do propelente, além de direção
e estabilidade ao projétil.
Arma de pressão: arma cujo princípio de funcionamento é o emprego de gases comprimi-
dos para impulsão de projétil, os quais podem estar previamente armazenados em uma câma-
ra ou ser produzidos por ação de um mecanismo, tal como um êmbolo solidário a uma mola.
Artifício pirotécnico: qualquer artigo, que contenha substâncias explosivas ou uma mis-
tura explosiva de substâncias, concebido para produzir um efeito calorífico, luminoso, sonoro,
gasoso ou fumígeno, ou uma combinação destes efeitos; devido a reações químicas exotérmi-
cas autossustentadas.
Bacamarteiros: grupo de pessoas que se apresentam em folguedos regionais dando salvas
de tiros com bacamartes em homenagem a santos católicos reverenciados no mês de junho.
Bélico: termo usado para referir-se a produto de emprego militar de guerra.
Blaster: elemento encarregado de organizar e conectar a distribuição e disposição dos
explosivos e acessórios empregados no desmonte de rochas.

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Calibre: medida do diâmetro interno do cano de uma arma, medido entre os fundos do
raiamento; medida do diâmetro externo de um projétil sem cinta; dimensão usada para definir
ou caracterizar um tipo de munição ou de arma.
Canhão: armamento bélico que realiza tiro de trajetória tensa e cujo calibre é maior ou igual
a vinte milímetros.
Carregador: acessório para armazenar cartuchos de munição para disparo de arma de
fogo. Pode ser integrante ou independente da arma.
Ciclo de vida do produto: série de etapas que envolvem o desenvolvimento do produto, a
obtenção de matérias-primas e insumos, o processo produtivo, o consumo e a disposição final.
Detonação: é o fenômeno no qual uma onda de choque autossustentada, de alta energia,
percorre o corpo de um explosivo causando sua transformação em produtos mais estáveis
com a liberação de grande quantidade de calor; ou prestação de serviço com utilização de
explosivos.
Designação: ato pelo qual se atribui competência nas hipóteses previstas neste regula-
mento a Organismo de Avaliação da Conformidade - OAC para coordenar o processo de avalia-
ção da conformidade e expedir certificados de conformidade.
Dignitário estrangeiro: pessoa que exerce alto cargo em representações diplomáticas de
países estrangeiros.
Equipamento de bombeamento: equipamento utilizado para injetar material explosivo em
receptáculos com fins de detonação, podendo ser móvel ou fixo.
Explosivo: tipo de matéria que, quando iniciada, sofre decomposição muito rápida, com
grande liberação de calor e desenvolvimento súbito de pressão.
Explosivos de ruptura ou altos explosivos: são destinados à produção de um trabalho
de destruição pela ação da força viva dos gases e da onda de choque produzidos em sua
transformação.
Explosivos primários ou iniciadores: são os que se destinam a provocar a transformação
(iniciação) de outros explosivos menos sensíveis. Decompõem-se, unicamente, pela detona-
ção e o impulso inicial exigido é a chama (calor) ou choque.
Fogos de artifício: é um artigo pirotécnico destinado para ser utilizado em entretenimento.
Grupo de produtos controlados: é a classificação secundária referente à distinção dos pro-
dutos vinculados a um tipo de PCE.
Homologação: ato pelo qual nas hipóteses e nas formas previstas neste regulamento reco-
nhece-se os certificados de conformidade.
Iniciação: fenômeno que consiste no desencadeamento de um processo ou série de pro-
cessos explosivos.
Iniciador explosivo: engenho sensível, de pequena energia de ativação, cuja finalidade é
proporcionar a energia necessária à iniciação de um explosivo.
Iniciador pirotécnico: engenho sensível, de pequena energia de ativação, cuja finalidade é
proporcionar a energia necessária à iniciação de um produto pirotécnico.

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Manuseio de produto controlado: trato com produto controlado por pessoa autorizada e
com finalidade específica.
Menos-letais: produtos que causam fortes incômodos em pessoas, com a finalidade de
interromper comportamentos agressivos e, em condições normais de utilização, não causam
risco de morte, incluidos os instrumentos de menor potencial ofensivo ou não-letais, nos ter-
mos da Lei n. 13.060 de 22 de dezembro de 2014.
Morteiro: armamento bélico pesado de carregamento antecarga (carregamento pela boca),
que realiza tiro de trajetória curva.
Munição de salva: munição de pólvora seca de canhões e obuseiros, usada em cerimônias
militares.
Obuseiro: armamento pesado, que realiza tanto o tiro de trajetória tensa quanto o de tra-
jetória curva e dispara granadas de calibres acima de vinte milímetros, com velocidade ini-
cial baixa.
Organismo de Avaliação da Conformidade (OAC) organismo que realiza os serviços de
avaliação da conformidade e emite o certificado de conformidade.
PCE de uso permitido: é o produto controlado cujo acesso e utilização podem ser autoriza-
dos para as pessoas em geral, na forma estabelecida pelo Comando do Exército.
PCE de uso restrito: é o produto controlado que devido as suas particularidades técnicas
e/ou táticas deve ter seu acesso e utilização restringidos na forma estabelecida pelo Comando
do Exército.
Produto de interesse militar: produto que, mesmo não tendo aplicação militar finalística,
apresenta características técnicas ou táticas que o torna passível de emprego bélico ou é utili-
zado no processo de fabricação de produto com aplicação militar.
Propelentes ou baixos explosivos: são os que têm por finalidade a produção de um efeito
balístico. Sua transformação é a deflagração e o impulso inicial que exigem a chama (calor).
Apresentam como característica importante uma velocidade de transformação que pode ser
controlada.
Proteções balísticas: produto com a finalidade de deter o impacto ou modificar a trajetória
de um projétil contra ele disparado.
Réplica ou simulacro de arma de fogo: para fins do disposto no art. 26 da Lei n. 10.826, de
22 de dezembro de 2003, é um objeto que, visualmente, pode ser confundido com uma arma
de fogo, mas que não possui aptidão para a realização de tiro de qualquer natureza.
Tipo de produtos controlados: é a classificação primária dos produtos controlados pelo
Exército que os distingue em função de características e efeitos.
Trem explosivo: nome dado ao arranjamento dos engenhos energéticos, cujas caracte-
rísticas de sensibilidade e potência determinam a sua disposição de maneira crescente com
relação à potência e decrescente com relação à sensibilidade.
Uso industrial: quando um produto controlado pelo Exército é empregado em um processo
industrial.

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2. Lei 13.964/2019, que alterou a Lei n. 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento).


Art. 9º A Lei n. 10.826, de 22 de dezembro de 2003, passa a vigorar com as seguintes
alterações:
[...]
“Art. 34-A. Os dados relacionados à coleta de registros balísticos serão armazenados no
Banco Nacional de Perfis Balísticos.
§ 1º O Banco Nacional de Perfis Balísticos tem como objetivo cadastrar armas de fogo e
armazenar características de classe e individualizadoras de projéteis e de estojos de munição
deflagrados por arma de fogo.
§ 2º O Banco Nacional de Perfis Balísticos será constituído pelos registros de elementos
de munição deflagrados por armas de fogo relacionados a crimes, para subsidiar ações desti-
nadas às apurações criminais federais, estaduais e distritais.
§ 3º O Banco Nacional de Perfis Balísticos será gerido pela unidade oficial de perícia criminal.
§ 4º Os dados constantes do Banco Nacional de Perfis Balísticos terão caráter sigiloso, e
aquele que permitir ou promover sua utilização para fins diversos dos previstos nesta Lei ou
em decisão judicial responderá civil, penal e administrativamente.
§ 5º É vedada a comercialização, total ou parcial, da base de dados do Banco Nacional de
Perfis Balísticos.
§ 6º A formação, a gestão e o acesso ao Banco Nacional de Perfis Balísticos serão regula-
mentados em ato do Poder Executivo federal.”
3. Decreto n. 9.847/19.
Art. 2º Para fins do disposto neste Decreto, considera-se:
I – arma de fogo de uso permitido - as armas de fogo semiautomáticas ou de repetição
que sejam:
a) de porte, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, não atinja, na saí-
da do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e
vinte joules;
b) portáteis de alma lisa; ou
c) portáteis de alma raiada, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, não
atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil
seiscentos e vinte joules;

Fernando Terra
Promotor de Justiça no Estado do Acre, aprovado em 4º lugar no último concurso realizado (2013).
Aprovado em 2º lugar para o cargo de Analista Ministerial também do Ministério Público do Estado do Acre
(2013). Aprovado na 2º colocação para o cargo de Analista Ministerial do Ministério Público do Estado de
Rondônia (2012). Aprovado para o cargo de Analista Processual do Tribunal de Justiça de Rondônia (2012).
Aprovado para o cargo de Oficial de Justiça do Tribunal do Estado do Acre (2011), além de aprovação em
outros concursos. Pós-graduado em Direito Constitucional e Processo Civil. Professor de Direito Penal e
Processo Penal.

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