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Introdução

Propomos como núcleo primordial da nossa reflexão o tema: O Processo Burocrático nas
Instituições Públicas: Um estudo do caso no Município do Lubango. Âmbito da licenciatura em
Direito na área de ciências jurídicas e propriamente na disciplina de Direito administrativo.
A escolha do tema radica na pretensão de desenvolver um trabalho aplicado, que integra as
competências e os conhecimentos adquiridos ao longo do curso, tendo em vista as presentes
soluções de cariz práticos orientadas para resoluções de problemas concretos inerentes as
temáticas abordadas, tendo porém, sempre presentes preocupações de enquadramentos teóricos e
justificação metodológicas. As alterações das concepções sociais vigentes faz impedir sobre o
direito um dever de modificações de paradigmas e de adaptações as novas realidades, não
podendo o ordenamento jurídico desconsiderar os problemas que dai resultem. Ora, consciente
de que a normatividade jurídico processual não pode alhear – se a social e as novas concepções
das Instituições Públicas da cidade do Lubango, consideramos fundamental, neste particular,
equacionar qual o tratamento que a realidade das Instituições da cidade do Lubango merece, em
específico, no contexto actual.
Assim sendo, vamos aqui verificar o que espelhamos no nosso trabalho quanto ao I capitulo que
trataremos numa primeira fase da Burocracia, Conceitualização e Caracterização, fazendo
referência a origem e caracterização da burocracia; Causas da burocratização; princípios da
burocracia; Características da burocratização; Vantagens e Desvantagens da burocracia e a
necessidade de reforma administrativa.
já no II capítulo vamos nos cingir sobre o cerne do tema em causa, especificamente do Processo
Burocrático nas Instituições Públicas na cidade do Lubango, e não se esquecendo dos autores da
nossa praça local, que deram uma atenção particular a este fenómeno social que não afecta só a
população do município do Lubango, mais como também do país no seu todo.
No III capítulo para a sua realização foi feito um trabalho de recolha de dados para que tenhamos
certeza do problema que nos propomos, não seria possível a sua concretização sem antes
fazermos o levantamento ou recolha para sabermos do que pensa a população em causa, assim
como os seus tutores administrativos (administração local do Lubango).
Importância e actualidade do tema
Na verdade como sabemos, o homem é um ser eminentemente social na medida em que não
consegue viver só ou isolado dos outros homens, pois, só em sociedade lhe é possível
desenvolver todas as suas capacidades, viver em sociedade corresponde ao homem uma
necessidade inata e representa a mais natural e elementar forma de convivência do ser humano.
Por esta razão o estudo em causa é muito importante uma vez que trata de assuntos actuais e
actuantes, isto porque afecta directamente uma boa parte da população angolana, em especial da
cidade do Lubango, quanto aos problemas inerentes ao tratamento e tramitação de documentos
surgirem muitas implicações (burocracia), nas Instituições Públicas devido as formalidades no
tratamento e aquisição dos mesmos.
O tema ora apresentado poderá criar novos caminhos para a sociedade angolana, no sentido de
que as instituições públicas poderão levar ao conhecimento da população de que há valorização
da população, quando estes necessitarem dos seus serviços;
Também trará vantagens as instituições públicas, porque estas terão maior credibilidades por
partes da população;
O assunto em abordagem tem grande impacto, na população da cidade do Lubango, uma vez
permitir a proximidade entre as instituições e a população; Haverá maior unificação em ambos os
lados no sentido de que terão uma relação muito próxima;
A sua necessidade reside também no facto de que não haverá mais enchentes nem marcações de
lugares nas filas com um dia de antecedencia nas instituições públicas;
Demos maior atenção a este tema pelo facto de nos ajudar a dinamizar os processos em causa, e
fazer com que os agentes publicos colocados nestas instituições se empenhem mais no sentido de
que haja poucos problemas no tratamento e tramitação de documentos, podendo servir de
exemplo para muitas outras instituições da província e do país no geral.
Contextualização do estudo
Na cidade do Lubango, é notórios as grandes divergências entre a população e as Instituições
Públicas, principalmente no que se refere aos documentos e não só. Assim sendo, temos
verificado que tem havido muitas enchentes até na busca de simples informações de
procedimentos legais para um determinado assunto, e face a esta situação, levou-nos a estudar o
tema em análise, uma vez que tem existido divergências entre a população e as Instituições
Públicas, e á não observancia dos procedimentos legais por parte de alguns servidores públicos,
tem causado muitos transtornos e ate problemas de saude no seio da população que recorrem em
busca de serviços. No entanto, é nos aspectos relacionados as enchentes e a morosidade do
serviços nas Instituições Públicas, que o trabalho se incidirá, de modo a evitar situações que
ponham em causa os interesses das duas partes, tal como a lei orienta.O estudo será
contextualizado naqueles casos em que motivam ou levam a população a esperar por muito
tempo para adquirir um simples documento, ou seja, em pleno século XXI, fazer entender as
Instituições de forma particular da cidade do Lubango, de que não há necessidade de tantas
formalidades para a aquisição de um documento.
Problema de investigação
O que leva tanta aglomeração populacional nas Instituições Públicas na cidade do Lubango no
tratamento de certos documentos?
Objectivos:
Objectivo geral
Descrever os procedimentos que devem ser seguidos nas Instituições Públicas da cidade do
Lubango para evitar tantas enchentes, quando a população precisa dos seus serviços nos termos
estabelecidos por lei.
Objectivos específicos
-Analizar os princípios e características da burocracia;
-Derterminar as vantanges e desvantagens da burocracia;
-Analisar os procedimentos actuais nas Instituições Públicas em conformidade com a lei;
-Identificar os motivos que levam a população local a esperar por muito tempo para a aquisição
de certos documentos;
-Analisar o nível de preocupação dos servidores públicos no que tange as grandes enchentes
naquelas instituições.
Justificação de estudo
É necessário que a população tenha conhecimento sobre as Instituições Públicas, não só
existentes na cidade do Lubango, mais em todo pais, pela razão de que não tenhamos muitas
divergências entre os cidadãos e as instituições públicas, uma vez que o Estado tem como tarefas
fundamental promover o bem-estar, a solidariedade social e a elevação da qualidade de vida das
populações, designadamente dos grupos populacionais mais desfavorecidos, nos termos do artigo
21º alínea d) da Constituição da República de Angola.
O estudo ora realizado, tem grande relevância pois permite alertar as populações residentes na
cidade do Lubango onde a influência cultural tem um pendor relevante bem como a sociedade
em geral, descrever, a forma correcta de como a população deve proceder face as Instituições
Públicas, fazer com que as Instituições esclareçam as divergências e até incompreensões
constatadas no interior e exterior de muitas delas, com anímos alterados entre funcionarios e
utentes, obrigando em certa medida a intervenção das forças da ordem.
A opção pela escolha do tema é consequência de uma reflexão sobre as enchentes nas
Instituições Públicas localizadas na cidade do Lubango.
Fruto de algumas pesquisas, achamos melhor trabalhar neste tema sobre o Processo Burocrático
nas Instituições Públicas, especificamente na cidade do Lubango, e para que a população saiba
sobre o assunto em análise. que muito tem afectado á todos nós.
Delimitação do estudo
O estudo em causa foi realizado na cidade do Lubango, isto é, na Administração Municipal,
Serviços de Registo Civil e Serviços de Identificação. Quanto ao conteúdo, o tema abarca
variedades de livros do curso de Direito e textos de Direito Administrativo de varios e ilustres
pensadores e escitores, sendo os mais destacados a legislação administrativa angolana. Usamos o
método descritivo. As técnicas aplicadas para a pesquisa foi o de inquérito por questionário, sendo
o tipo de pesquisa de campo e tipo de estudo quantitativo.

CAPÍTULO I: ANTECEDENTES TEÓRICOS


1. Burocracia, Conceitualização e Caracterização
1.1.Origem e Caracterização da burocracia
É importantes antes de mais falarmos da evolução histórica do tema em análise, para que o
estudo tenham raiz de se estudar, uma vez que o estudo é feito de antecedentes, no contexto
internacional de forma geral.
Na base etimológica o termo grego ttupoc ou purrus (cor de fogo) deu origem a palavra latina
burrus (marrom avermelhado), do latim buram, significa um pano grosso de lã marrom
avermelhado, que em francês era conhecido como burrel. Este tecido era utilizadodo para
confeccionar as ropas dos monges e penitentes, era usado também para forrar a superficie sobre a
qual eram feitas as contas e passou a chamar-se a própria mesa de trabalho. E o termo estendeu-
se também as escrivaninhas das repartições públicas. Daí deriva a palavra berreuau, que primeiro
se referia as mesas de trabalho coberta com este tecido, e depois por sinedoc, passou a designar
todo o escritório. A um negociante e comerciante do governo francês Jean Claude Marie Vicent,
Segneur de Gournair (1712-1759 economista) atribui-se a criação do termo bureaucratie por
volta de 1940, para se referir a todas as repartições públicas.
Segundo Queirroz (2014), a burocracia é um termo hibrido, composto pelo francês bereau
(escritório) e pelo grego kratós (poder ou regra), significando uma forma de dominação exercida
por funcionários de escritório.
A teoria da Burocracia desenvolveu-se na Administração nos anos de 1940, em função de alguns
aspectos como:
- O fracasso e parcialidade da teoria clássica e da teoria das relações humanas, que não
possibilitam uma abordagem global e integrada dos problemas organizacionais;
- A procura de um modelo organizacional racional, capaz de identificar todas as variáveis
envolvidas, bem como o comportamento dos seus membros, é aplicável a todas as formas de
organização humana;
- O crescimento e a complexidade das empresas passam a exigir modelos de organização e
administração bem definidos;
- O reconhecimento da sociologia da burocracia com os trabalhos de Max Weber (Queirroz
2014).
Segundo Prates (2014):
Através da teoria da burocracia um homem pode agir e se comportar de uma
forma estabelecida, sobre a qual lhe deve ser explicada da melhor forma e em
hipótese alguma deixando que suas emoções interfiram no seu desempenho.
O modelo burucrático surgiu como respeito ao nepotismo, crueldade,
julgamentos tendenciosos e parcialistas, próprios das práticas administrativas
desumanas e injustas, a sua fidelidade é de organizar ao promenor e dirigir
cuidadosamente as actividades das empresas com maior eficácia possível.
Hoje é lícito afirmar que as sociedades se caracterizam pelas organizações (Motta & Perreira,
2005).
As organizações quer públicas ou privadas, da sociedade civil, filantrópicas ou religiozas, têm o
Estado como parceiro, e o seu objecto social está direccionado para a melhoria da qualidade de
vida da população nos mais diversos sectores e serviços, contribuindo assim para o
melhoramento e desenvolvimento da organização administrativa do Estado.
Com o império romano e a igreja católica aperfeiçoou -se a estrutura administrativa, assim criou
-se um corpo profissionalizado de funcionários para a organização da mesma administração,
mais que havia um imperador que detinha o poder legislativo, executivo e judicial.
O estudo da burucracia feito por Max Weber (1991) observou três tipos de sociedade:
1-Sociedade tradicional
Aquela onde vigoram características patriarcais e patrimonialistas, como a família, o clã, a
sociedade medieval;
2-Sociedade carismática
Predominam características místicas, arbitrais e personalistas, como nos grupos revolucionários,
como nos partidos políticos nas nações em revolução;
3-Sociedade legal racional ou burocrática
Predominam as normas impessoais e racionalidade na escolha dos meios aos fins, como as
grandes empresas; os exércitos nos Estados modernos.
Prates (2014), a burucracia surgiu com o objectivo de melhorar a eficiência das organizações,
hoje o termo burocracia é utilizado como sinónimo de muitos papéis, formulários, normas
excessivas e exaustivas.
Karl Max (1996) olha para o Estado como um instrumento da classe dominante um produto da
vida económica da sociedade e essencialmente das relações de produção, Karl Max chega assim
a conclusão de que o Estado é um instrumento de opressão.
As bases da teoria da burocracia tiveram como fonte de inspiração o modo de estruturação da
igreja e do exército, surgindo a burocracia que conhecemos na actualidade, como consequência
das mudanças religiosas ocorridas após o renascimento, com particularidade a ética protestante,
cuja a ligação com a emergência e desenvolvimento do capitalismo.
A burocracia no Brasil está relacionado com importantes transformações na
estrutura e a forma como a sociedade está organizada, assim sendo, originou a
criação de novas funções e órgãos da administração, e dessa forma o mecanismo
público sofreu uma transformação muito rápida, tornando -se em um organismo
de elevada complexidade, isto faz com que muitas das vezes muitos dos
processos não sejam concluídos (Mello, 2017).
De acordo com a sociologia das organizações, a burocracia é uma organização ou
estrutura organizativa caracterizada por regras e procedimentos explícitos e
regularizados, divisão de responsabilidades e especialização do trabalho,
hierarquia e relações impessoais. Assim sendo, podemos definir a burocracia
como sendo um procedimento administrativo que consiste na organização de um
grande número de pessoas que precisam actuar em conjunto. Este modelo
distingui -se pela clara hierarquia de autoridades, a rígida divisão do trabalho,
bem como regras, regulamentos e procedimentos inflexíveis (Mello, 2017).
1.2.Causas da burocratização
A moderna estrutura burocrática está relacionada ao desenvolvimento económico e social das
sociedades; assim, a evolução da economia monetária é um caso da burocracia, já que há que
compreender pecuniariamente os trabalhadores. Este aspecto é importante para o própria
conjunto da burocracia, ainda que esta não dependa totalmente dela (Mello, 2011)
[.....] Os seguintes são exemplos históricos de burocracia quantitativamente
importante e totalmente desenvolvidos: a) Egipto, durante o período do novo
Império ainda que com poderosos elementos patrimoniais; b) o Princípio romano
da ultima época, e principalmente a monarquia diocleciana e o governo bizatino,
desenvolvido a partir desta, conservando, no entanto, fortes elementos feudais e
patrimoniais; c) a Igreja Católica Romana, cada vez mais acentuadamente desde
o final do século XIII; d) China, desde a época de Shi Huangti até aos nossos
dias, mas com fortes elementos patrimoniais e prebendários; e) em modalidades
ainda nítidas, os Estados europeus modernos e cada vez mais todas as
corporações públicas desde os períodos das monarquias absolutas; f) a grande
empresa capitalista moderna, tanto mais burocrática quanto maior e complicada
se torna [.....] (Mello, 2011)
A burocracia desde muito sedo esteve próxima a vida do homem, desde as sociedades mais
antigas e sob diversas formas de organização e regimes, com funcionários e uma hierarquia, com
leis próprias e modelos de organização administrativa.
1.3.Princípios da burocratização
Uma organização rege-se por princípios e métodos próprios. Assim, uma organização burocrática
é orientada por sete princípios:
- O negócio é conduzido em uma base contínua de conhecimento empírico;
- O negócio oficial é dirigido em conformidade com as seguintes regras:
O dever de cada funcuionário fazer certo tipo de trabalho é delimitado em termos de critérios
impessoais.
O funcionário tem autorização necessária para desempenhar as suas funções tal como definidas.
Os meios de coerção a sua disposição são limitados e o seu uso definido.
- A responsabilidade e autoridade de cada funcionário são partes de uma hierarquia de autoridade
vertical, com os respectivos direitos de supervisão e apelação;
- Os funcionários não são proprietários dos recursos necessários para o desempenho das funções,
mas são responsáveis pelo uso destes recursos;
-A renda e os negócios privados são rigorosamente separados da renda e negócios oficiais;
- O escritório não é propriedade do seu encarregado;
- O negócio oficial é conduzido na base de documentos escritos.
1.4.Características da burocratização
Para Weber (1991), burocracia significa o tipo de organização onde a racionalidade e eficiência
atinge o seu grau mais elevado. Assim as características da burocracia são as seguintes:
1.4.1.Carácter legal das normas e regulamento
É uma organização ligada por normas e regulamento previamente estabelecidos por escrito,
baseada em legislação no funcionamento da organização, estas normas são escritas, procuram
cobrir todas as áreas da organização; é uma estrutura social racional organizada; conferem as
pessoas investidas de autoridade, um poder de coerção sobre os subordinados e meios coercitivos
e de disciplina.
1.4.2.Carácter formal das comunicações
Todas as acções e procedimentos, são feitas por escrito para comprovação e documentação
adequada.
1.4.3.Carácter racional e divisão do trabalho
A divisão do trabalho atende a uma racionalidade que é adequada ao objectivo a ser atingido, ou
seja, a eficiência da organização através de:
-Aspecto funcional da burocracia;
-Divisão sistemática do trabalho;
-Estabelecimento das atribuições de cada participante;
-Cada participante passa a ter o seu cargo ou função específica sua área de competência e de
responsabilidade;
- Cada participante sabe a sua área de comando sobre os outros e o limite de sua tarefa.
1.4.4.Impessoalidade nas relações
A distribuição de actividade é feita impessoalmente ou em termos de cargos e de funções e não
de pessoas:
-As pessoas são ocupantes de cargos e de funções;
-O poder, é pessoal e deriva do cargo que se ocupa;
-Obediência ao superior não em relação a pessoa, mas ao cargo que ocupa;
-Carácter não permanente dos cargos;
-Cada cargo abrange uma área ou sector de competência e de responsabilidade;
1.4.5.Hierarquia de autoridade
A burocracia estabelece os cargos segundo o princípio da hierarquia:
-Cada inferior deve estar sobre a supervisão de um superior;
-Não há cargo sem controlo ou supervisão;
-A hierarquia é a ordem e subordinação, a graduação de autoridade corresponde as diversas
categorias de participantes, funcionários e classes;
-Os cargos estão definidos por meio de regras limitadas e específicas.
1.4.6.Rotinas e procedimentos
A burocracia fíxa as regras e normas para o desempenho de cada cargo:
-O ocupante do cargo não pode fazer o que quizer mas o que a burocracia impõe que ele faça;
-A disciplina no trabalho e o desempenho no cargo são assegurados por regras e normas, que
tentam ajustar o funcionário as exigências do cargo e das organizações;
-As actividades são desempenhadas segundo padrões.
1.4.7.Competência técnica e meritocracia
Na burocracia a escolha das pesoas é basseada no mérito e na competência técnica:
-A admissão, transferência e promoções são baseadas em critérios de validade para toda a
organização;
-Necessidade de exames, concursos, testes para admissão e promoção do funcionário.
1.4.8.Profissionalização dos participantes
Cada funcionário é profissional pelas seguintes razões:
-É um especialista nas actividades do seu cargo;
-É assalariado, recebe o salário corespondente ao cargo que ocupa;
-É nomeado por superior hierarquico;
-Seu mandato é por tempo indeterminado;
-Segue carreira dentro da organização;
-Não possui a propriedade dos meios de produção;
-É fiel ao cargo e identifica-se com os objectivos da empresa.
1.4.9.Completa previsibilidade do funcionamento
O modelo burocrático de Weber parte da pressuposição de que o comportamento dos membros
da organização é perfeitamente previsível:
-Os funcionários devem comportar-se de acordo com as normas e regulamentos da organização;
-Na burocracia tudo é estabelecido no sentido de prever toda a concorrência e transformar em
rotina sua execução (Queiroz, 2014).
Segundo Chiavenato (2003), Weber identificou três factores que contribuem para o
desenvolvimento da burocracia moderna:
-Desenvolvimento de uma economia monetária: na burocracia moderna assume o lugar para o
pagamento em espécie dos funcionários, permitindo a concentração da autoridade e a melhoria
da administração burocrática;
-Crescimento qualitativo e das tarefas administrativas do Estado moderno:
-A superioridade técnica em termos de eficiência do tipo burocrático de administração, serviu
como uma força autónoma para impedir sua prevalência.
Tendo em conta os seus traços característicos a burocracia moderna opera do seguinte modo
específico:
[....] Existe o princípio de sectores jurisdicionais estáveis e oficiais organizados,
em geral, normativamente, ou seja, mediante leis ou ordenamentos
administrativos.
1.As actividades normais exigidas pelos objectivos da estrutura governada
burocraticamente dividem-se de forma estável como deveres oficiais.
2.A autoridade que dá as ordens necessárias para a alternância desses deveres e
distribuída de forma estável e rigorosamente delimitada por normas referentes
aos meios coativos físicos, sacerdotais ou de outra espécie, do qual podem dispor
os funcionários.
3.O cumprimento normal e continuado desses deveres, bem como o exercício dos
direitos correspondentes, é assegurado por um sistema de normas; somente
podem prestar serviço aquelas pessoas que, segundo as regras gerais, estão
qualificadas para tanto.
Estes três elementos constituem no governo público e legal a “autoridade
burocratica [....]” (Mello, 2011, p.9)

1.5.Vantagens e Desvantagens da burocracia


1.5.1.Vantangens
A superioridade puramente técnica da organização burocrática foi sempre a razão decisiva do seu
propgresso com relação a toda outra forma de organização. Assim a burocracia apresenta as
senguntes vantangens:
1-Racionalidade
Em relação ao alcance dos objectivos da organização;
2-Precisão na identificação do cargo e na operação;
3-Rapidez nas decisões
Cada um conhece o que deve ser feito, por quem, e as ordens e papéis tramitam através de canais
pré-estabelecidos;
4-Uniformidade de interpretação
Garantidas pela regulamentação específica e escrita, a informação é discreta já que é passada
apenas por quem deve recebe-la;
5-Uniformidade de rotinas e de procedimentos
Que favorece a padronização, redução de custos e de erros, pois os procedimentos são definidos
por escrito;
6-Continuidade da organização
Através da substituição do pessoal que é afastado;
7-Redução do nível de atrito entre as pessoas
Pois cada fuincionário conhece aquilo que é exigido dele, e quais os limites entre suas
responsabilidades e dos outros;
8-Constância
Pois os mesmos tipos de decisões devem ser tomadas nas mesmas circunstâncias;
9-Subordinação dos mais novos aos mais antigos
Dentro de uma forma escrita e bem conhecida, de modo que o superior possa tomar decisões que
afectem o nível mais baixo;
10-Confiabilidade
Pois o negócio é conduzido de acordo com regras conhecidas. As decisões são previsíveis e o
processo decisório elimina a descriminação pessoal;
11-Benefícios sob o prisma das pessoas na organização
Pois a hierarquia é formalidade, o trabalho é devido pelas pessoas de maneira ordenada, as
pessoas são treinadas para se tornarem especialistas em seus campos, as pessoas podem fazer
carreira na organização em função do seu mérito pessoal e competência técnica.
A burocracia apresenta algumas vantagens técnicas comparativamente a outras
formas de organização devido a sua superioridade técnica de organização; tais
como: a precisão, a velocidade, certeza, conhecimento dos arquivos,
continuidade, direccção, subordinação estrita, redução de desacordos e de custos
materiais e pessoais são qualificadas que, na administração burocrática pura, e
fundamentalmente na sua forma monocrática, atingem o seu nível óptimo
(Mello, 2011)
1.5.2.Disvantangens
As disvantagens da burocracia na Administração Pública, constituem as irregularidades ou
anomalias no exercício de funções Administrativas.
Segundo Prates (2014): hoje quando falamos da lentidão presente em alguns procedimentos
observados na Administração Pública, referimo-nos as desvantagens geradas pelo modelo
burocrático, seguem alguns exemplos de desvantagens burocráticas: excesso de formalismo,
perda de noção básica de servir a sociedade, o controle transforma-se na razão de ser da
Administração Pública, ineficiência e auto-referência, clientelismo e fisiologismo.
De acordo com Mota (1999,p. 11), o apego á formalidades exageradas (barreiras) acaba por
frustrar a celeridade dos processos:
[....] O apego a formalidades exageradas e injustificadas é uma manifestação
perniciosa da burocracia que, além de não resolver apropriadamente problemas
quotidianos, ainda causa dano ao erário, sob o mando da legalidade estrita.
Esquece o interesse público e passa a conferir os pontos e virgulas como se isso
fosse o mais importante a fazer. Os princípios da proporcionalidade e da
razoabilidade acarretam a impossibilidade de impor consequências de severidade
incompatível com a irrelevância de defeitos [....].
Neste sentido, seja pela morosidade, seja por falta de contestação, a burocracia está a deixar a
Administração Pública cada vez mais distante de selecionar seus impasses.
Para Maritain (1952), o poder tende a aumentar o poder, a máquina do poder tende a expandir-se
incessantemente, a máquina suprema legal e administrativa tende a uma auto-suficiência
burocrática, e torna-se um fim em si mesmo e não um meio.
Para Merton ( apud Queiroz, 2014), as desvantagens da burocracia são as seguintes:
1-Internacionalização das regras e apego aos regulamentos
As normas e regulamentos passam a se transformar de meios em objectivos, passam a ser
absolutas e prioritárias. Os regulamentos de meios passam a ser os principais objectivos da
burocracia;
2-Excesso de formalismo
A necessidade de documentar e de formalizar todas as comunicações dentro da burocracia, afim
de que possa ser devidamente testemunhada por escrito, pode conduzir a tendência ao excesso de
formalismo, documentação e de papelório;
3-Registência a mudança
Como tudo dentro da burocracia é notinizado, padronizado, previsto com antecedência o
funcionário geralmente se acostuma a uma completa estabilidade e repetição daquilo que faz;
4-Despersonalização no relacionamento
A burocracia enfatiza os cargos e não as pessoas que os ocupam, isto leva a uma diminuição das
relações personalizadas entre os membros da oerganização;
5-Categoria como base do processo decisório
A burocracia assenta em uma rígida hierarquização da autoridade, porquem toma decisões em
qualquer situação será aquele que possui a mais elevada categoria hierarquica
independentemente do seu conhecimento sobre o assunto;
6-Conformidades as rotinas e aos procedimentos
Com o tempo as regras e rotinas tornam-se sagradas para o funcionário. O impacto destas
exigências burocráticas sobre a pessoa provoca limitação em sua liberdade e espontaniedade
pessoal;
7-Tendência de utilização intensa para símbolos de status
Para demostrar a posição hierarquica aos funcionários como uniforme;
8-Dificuldade no atendimento a clentes e conflitos com o público
O funcionário leva para dentro da organização essa situação de interiorização para organização e
lhe leva a criar conflitos com o cliente.
A burocracia pode apresentar algumas consequências económicas e sociais, tendo em conta, a
distribuição do poder económico e social e a realidade do aparelho estatal, bem como o modelo
de governação, estas consequências dependem do sentido dado ao aparelho de Estado pelos
poderes que usam (Mello, 2011).
1.6. Necessidade de uma reforma administrativa
Compreende-se, até agora, que o aparelho burocrático, por mais útil e frutuoso que seja para as
sociedades organizadas, também apresenta disfunções. Essas disfunções, por sua vez, devem ser
combatidas com vistas ao aperfeiçoamento da administração pública como um todo, e os temas
da desburocratização e da simplificação administrativa se evidenciam irremediavelmente
associados a esse processo de potencialização administrativa. Na prática, esse dilema foi
assumido e enfrentado por uma quantidade relevante de países, principalmente ao final do século
XX, uma vez que o surgimento de uma nova conjuntura social, política e econômica obrigou à
flexibilização da burocracia rígida, procedimentalista e hierárquica que havia prevalecido
durante grande parte daquele século. (Massey Butcher, 2004)
A globalização econômica e social introduziu um intercâmbio cultural e tecnológico que
impactou a maneira como a qual a sociedade respondia aos actos da Administração. Nesse novo
paradigma, tornou-se imprescindível o aperfeiçoamento da gestão pública, uma vez que a
tradicional estrutura burocrática não era mais capaz de fornecer serviços em conformidade com
os desejos de uma clientela cada vez mais exigente. A insuficiência na prestação dos serviços
públicos, ocasionada, muitas vezes, pelo procedimentalismo excessivo, gerou o
descontentamento geral entre usuários, que reivindicavam a prestação de serviços públicos
idealizados para a ponta. (Massey Butcher, 2004).
Assim, a demanda por melhores serviços, a limitação orçamentária e o fortalecimento do
controle público sobre a utilização de recursos, fez surgir um movimento global de alteração do
paradigma burocrático. (Massey Butcher, 2004). Essa “era da modernização” ficou marcada de
tal forma, que Christopher Hood qualificou as mudanças no serviço público como um
“paradigma global” e uma série de especialistas classificaram a ocorrência como uma “revolução
global da gestão pública”, conduzida através de um conjunto de reformas (Pal, 2009).
Rezende (2004) também discorre a respeito do movimento reformista verificado no século
passado:
Sem exageros, pode-se considerar os anos 1990 como a década das reformas da
administração pública. Uma combinação de fatores como a crise fiscal do
Estado, a escala e a magnitude dos processos de democratização política e de
globalização econômica, bem como o declínio de desempenho e accountability
nas relações Estado sociedade, aliados à urgente necessidade de rever padrões de
intervenção do Estado na economia e nas políticas sociais, contribuíram
decisivamente para a difusão em escala jamais vista das políticas de reforma do
aparato burocrático do Estado. (Rezende, 2004, p. 112).
Para Hood (1991), a mudança na gestão pública pode ser considerada um fenômeno universal
por dois motivos específicos. O primeiro é devido à sua portabilidade e difusão: a necessidade de
resolver problemas de gestão foi verificada nas mais diferentes conjunturas, seja em países
desenvolvidos, seja em países em desenvolvimento. Assim, apesar das contextualizações
necessárias, a reforma administrativa mantém seu framework básico.
O segundo aspecto das reformas administrativas que as torna universal é o seu caráter
politicamente neutro. O aperfeiçoamento da gestão pública pode se amoldar em uma variedade
de conjunturas políticas.
É, na verdade, um instrumento eficiente para cumprir os objetivos fixadas por representantes
políticos, seja qual for o viés ideológico. (Hood, 1991).
As reformas administrativas aqui empreendidas buscaram superar problemas endêmicos na
conformação administrativa, que vão muito além da questão organizacional e procedimental da
máquina pública, apesar de estarem fortemente vinculadas a estas. (Rezende, 2004).
CAPÍTULO II: ANTECEDENTES EMPÍRICOS
2. Burocracia nas Instituições Públicas: conceitualização e caracterização
2.1. Administração Pública: Noção.
O homem como ser social, não pode viver fora de uma comunidade, em razão da sua natureza
não se basta a si mesmo. Assim podemos afirmar que a sociabilidade é uma característica
intrínseca a própria condição humana. Isto mostra-nos que o homem desde sempre teve a
necessidades económicas, de segurança, bem-estar social, cultural, etc. por isso, necessita de
satisfaze –las para a sua sobrevivência. Isto quer dizer que alguns são intrínsecas a condição da
natureza humana e outras são resultados do factor sociabilidade, aportadas em instituições
humanas colectivas. São necessidades colectivas e não individuais, que o Estado enquanto
administração, em nome da colectividade, assume prosseguir e considera a satisfação dessas
necessidades como sua principal tarefa.
Caberá o Estado na vestes de instituição suprema politicamente organizada de uma determinada
sociedade, satisfaze –las, se considerarmos que elas se traduzem em necessidades que a
colectividade carece, mas também nas diversas formas de resolução. São os casos de necessidade
de segurança e protecção dos cidadãos que é assegurada por serviços de polícia, a remoção do
lixo e detrito que é exercida por serviços de limpeza, a necessidade de distribuição de água, etc.
Com tudo o Estado analisado do ponto de vista jurídico e administrativo, cria órgãos, especializa
serviços, afecta recursos humanos e materiais para satisfazer as mais variadas necessidades
colectivas. A criação desses órgãos e serviços consubstancia-se naquilo a que se chama de
administração pública ou então organização administrativa pública, que tem a finalidade de
prosseguir ou satisfazer o interesse público ou fins da colectividade.
A sua actividade consiste em administrar, gerir, tomar decisões para a satisfação de um
determinado interesse de uma comunidade, definido pela lei enquanto produto de manifestação
da vontade geral.
Como escreveu Afonso Queiróz (2017), o termo administração remonta as suas origens as
expressões latinas ad ministrare (servir) e ad manus trahere (manejar). Administrar seria agir ao
serviço de determinados fins, e com vista a realizar certos resultados. Luther Gulick (1969),
escreveu que administrar tem a ver com fazer coisas, com a prossecução de obectivos definidos.
A Administração Pública é constituida por distintos órgãos, por isso a sua actividade não é
uniforme; apesar disto a Administração Pública deve perosseguir o interesse público, mediante o
poder ou por via de regulamento, acto administrativo, contratos administrativos em especial de
autoridade que lhe está vinculado, mediante esta situação a Administração Pública pode impor
aos outros a sua conduta ou traçar a conduta alheia, de forma unilateral, manifestando assim a
sua autoridade, são exemplos desta: a execução prévia, (Feijó & Paca, 2000).
2.2. Procedimento administrativo
A actividade administrativa, não se limita em tomar decisões mais antes, averiguar os actos a
praticar, efectuar estudos, exames, vistorias e averiguações, e depois disto a que percorrer novos
trámites depois a tomada de decisões tais como notificações aos interessados, registos, controles,
vistos (Amaral, 2011)
[....] Quer isto dizer que “a actividade da Administração Pública é, em larga
medida, uma actividade processual” , ou seja, actividade administrativa, sobre
cada assunto, começa num determinado ponto e depois caminha por fazes,
desenrola-se de acordo com certo modelo, avança pela prática de actos que se
encandeiam uns nos outros, e pela observância de certos tramites, de certas
formalidades e de certos, prazos que se sucedem numa determinada sequência
[....] (Amaral, 2011).
2.3. Espécies de procedimentos administrativos
Segundo Feijó &Paca (2000), os procedimentos administrativos, quanto a sua tipologia podem
classificar-se em:
a)Procedimento de iniciativa pública, ou oficioso, (artigo 29º, DL 16-A/95), neste caso a
iniciativa de desencadear é da Administração; como por exemplo; o procedimento de
expropriação pública. Ao passo que, quando está dependente de requerimento do administrado,
por exemplo, emissão de licença, o procedimento é de iniciativa particular.;
b)Procedimentos decisórios (artigos 1º, 92º e 99º, DL 16-A/95), estes visam preparar a prática de
um acto, a tomada de uma decisão;
c)Procedimentos do 1º grau, estes incidem pela primeira vez sobre uma situação, visam preparar
a prática de um acto primário. Ao passo que aqueles que incidem sobre uma decisão
administrativa tomada anteriormente, versão sobre um acto secundário; casos de reclamação e
recurso hierarquico (artigo 100º, DL 16-A/95);
d)Procedimento comum, é aquele que regulado por legislação especial, mas por normas de
procedimento e actividaxde administrativa. Ao passo que os procedimentos especiais são
regulados por leis especiais.
De modo geral, as normas do procedimento e actividade administrativa são reguladas nos
seguintes diplomas legais: Lei nº 17/90, de 20 de Outubro, sobre os Princípios a Observar pela
Administração Pública, Lei nº 2/92, de 14 de Janeiro sobre a Impugnação dos Actos
Administrativos, DL 16-A/ 95, de 15 de Dezembro, que aprova as normas sobre o Procedimento
e Actividade Administrativa, DL 4-A/96, de 16 Abril que aprova o Regulamento do Processo
Contencioso Administrativo, Lei nº 8/96, de 19 de Abril sobre a Suspensão do Acto
Administrativo (Feijó &Paca 2000).
As actividades da Administração Pública, tendo em vista o interesse público, devem sempre
observar os princípios gerais do procedimento e da actividade administrativa, tais como; o
princípio da legalidade (artigo 3º, DL 16-A/ 95), o princípio da prossecução do interesse público
(artigo 4º, DL 16-A/ 95), o princípio da proporcianalidade (artigo 5º, DL 16-A/ 95), o princípio
da imparcialidade (artigo 6º, DL 16-A/ 95), o princípio da colaboração da administração com os
particulares (artigo 7º, DL 16-A/ 95), princípio da participação ou do participativo (artigo 8º, DL
16-A/ 95), princípio da decisão (artigo 9º, DL 16-A/ 95), princípio do acesso a justiça (artigo 10º,
DL 16-A/ 95), princípio do dever de boa administração e o princípio da desburocratização ou do
não formalismo (artigo 31º, DL 16-A/ 95). Para além destes princípios existem outros princípios
de natureza processual que são de grande importância (Feijó &Paca 2000).
2.4. Burocracia Estatal e a Administração Pública
A grande maioria dos funcionários que fazem parte desse tipo de sistema burocrático, onde a
ordem burocrática é muito grande, possuem as mesmas características, o cansaço desses
processos. Ao repararmos os sistemas de atendimentos onde esse conceito de burocracia se
aplica, sempre são os mais ultrapassados, onde a tecnologia é uma coisa totalmente nova e fora
do alcance dos funcionários, o sistema está fora da realidade. A burocracia existe em muitas
instituições públicas, assim como na parte administrativa dos hospitais, igrejas, tribunais,
exércitos, escolas e empresas tanto públicas e privadas.
A hierarquia é também um ponto muito importante como por exemplo, nos registos civis cabe ao
supervisor e principalmente ao delegado tomarem as devidas decisões sobre como farão a
distribuição dos recursos em cada departamento.
A burocracia estatal não há apreço pela realidade, de um ponto de vista burocrático, um Estado
grande e poderoso representa uma vantagem inquestionável. Contudo, segurança e confiabilidade
na acção do Estado não necessariamente significam burocracia, que muitas das vezes é sinónimo
de falta de uniformidade nos procedimentos, lentidão no atendimento e exigências não previstas
nos textos regulatórios. Podemos também considerar que uma das características distintivas da
administração pública burocrática é que há uma clara diferenciação entre o público e o privado,
havendo separação entre o político e o administrador público.
2.4.1. Administração Pública e a Burocracia
O Professor Benvindo Luciano (2012) define administração pública como sendo, o conjunto das
actividades directamente destinadas a execução das tarefas ou incumbências consideradas de
interesse público ou comum, numa colectividade ou numa organização estatal.
Já a burocracia segundo o autor já citado acima, diz que é o tipo de administração caracterizada
por uma hierarquia formal de autoridade, na qual existem regras definidas para a classificação e
solução de problemas, que devem ser estendidos aos organismos colectivos de decisão e formas
escritas de comunicação. A burocracia é assim uma dominação baseada na legalidade, em que os
funcionários obedecem a regras impessoais, ligados a funções devidamente hierarquizadas, com
competências definidas para cujo exercício são seleccionados mediante contrato celebrado de
acordo com a sua qualificação profissional.
A burocracia está presente nas instituições estatais mas também nas grandes organizações
privadas.
2.5. Conceito legal de burocrácia
A Constituição da República de Angola não consagra de forma directa este princípio, por ser nos
dias de hoje um princípio que de certa forma cria embaraços ao funcionamento eficaz da
Administração Pública, mas o mesmo vem estipulado no artigo 1º do Decreto Lei nº 16-A/95,
ao estabelecer “ É considerado procedimento administrativo a sucessão ordenada de actos e
formalidades com vista a formação e manifestação da vontade dos órgãos de Administração
Pública”.
2.6. A Desburocratização como processo de transição para a Democracia em Angola
Para Piquet Carneiro (2004, Pag. 56), desburocratização significa não só eliminação ou redução
de exigências legais e administrativas cujos custos se revelem desproporcionais a capacidade dos
cidadãos e das empresas de atende-las, mais também o combate sistemático a centralização
administrativa que está na génese de todo os outros males. Ao contrario da burocracia, cujo o
termo se associa a ideia de excesso de papel, de exigências e de formalidades.
Já em Angola, a desburocratização é uma via para aprofundar o processo de democratização, o
processo que já passou pelas eleições legislativas e presidenciais de 1992 e as eleições
legislativas de 2008 ganhas pelo MPLA. A consolidação na pratica do processo democrático
pressupõe o empenho dos partidos políticos em tal sentido. Segundo o nº 1 do artigo 17º, da
Constituição da República de Angola, os partidos políticos nesta constituição concorrem, em
torno de um projecto de sociedade e de um programa político, para a organização e para a
expressão da vontade dos cidadãos, participando na vida política e na expressão do sufrágio
universal, por meios democráticos e pacíficos, com respeito pelos princípios da independência
nacional, da unidade nacional e da democracia política. O nº4 do mesmo artigo refere que os
partidos políticos têm o direito a igualdade de tratamento por parte das entidades que exercem o
poder público, direito a um tratamento imparcial da imprensa pública e direito a oposição
democrática, nos termos da constituição e da lei.
Por sua vez o nº1, do artigo 2º estabelece que a republica de Angola é um Estado democrático de
direito que tem como fundamentos a soberania popular, o primado da constituição e da lei, a
separação de poderes e independência de funções, unidade nacional, o pluralismo de expressão e
de organização politica e a democracia representativa e participativa, o nº2, da Constituição da
República de Angola promove e defende os direitos e liberdades fundamentais do homem, quer
como individuo quer como membro de grupos sociais organizados, e assegura o respeito e a
garantia da sua efectivação pelos poderes legislativo, executivo e judicial, seus órgãos e
instituições, bem como por todas as pessoas singulares e colectivas.
Assim sendo a desburocratização surge para desenvolver não apenas a economia do país como
também garantir o aprofundamento e a solidificação do sistema democrático. A liberdade de
escolha, de expressão, de religião, o direito de escuta, a livre circulação de pessoas e bens, a
expansão dos serviços públicos em muitos os sectores são condições de base para a
desburocratização.
O nº1, do artigo 198º da Constituição da República de Angola, refere que a administração
publica prossegue, nos termos da constituição e da lei, o interesse publico, devendo, no exercício
da sua actividade, reger -se pelos princípios da igualdade, legalidade, justiça, proporcionalidade,
imparcialidade, responsabilização, probidade administrativa e respeito pelo património publico,
com a finalidade de dar solução aos problemas sociais dos cidadãos e aproxima –los cada vez
mais os serviços públicos.
2.6.1. Democracia
Os princípios democráticos são muito exigentes na sua aplicação prática. Todas as democracias,
embora respeitem a vontade da maioria, protegem escrupulosamente os direito fundamentais dos
indivíduos e das minorias. Quanto aos governos a nível regional e local, supõe -se que sejam tão
acessíveis e respectivas as pessoas quanto possível. Para Pasquino (2005, Pag. 154) diz que a
democracia, entre outras coisas, é a forma politica que, ao longo dos tempos, revelou maior
capacidade de adaptação e condições diversas e de aprendizagem, assim como maiores
potencialidades de transformação.
2.6.2. Repensar o processo burocrático na administração municipal do Lubango
Ainda no pensamento de Piquet Carneiro (2004, Pag 58), diz que a verdade é que, mal ouvem a
palavra burocracia, as pessoas começa a sentir -se desconfortáveis: as pessoas pensa logo em,
certidões, filas, processos e exigências que não parecem fazer sentido, muita das vezes demora
para solucionar até um simples problema, sentem -se desamparadas com a falta de informações
ou, informações confusas e desencontradas, antecipam a necessidade de inúmeras idas e vindas
ao mesmo lugar, peregrinações pelas repartições etc. a burocracia torna -se sinonimo de muitos
gastos em tempo e dinheiro.
Para Webber (1990), quando se referia a burocracia, teceu algumas vantagens desta figura,
segundo a burocracia não é um modelo eficiente, isto porque, os resultados deste modelo
constituem ameaça a liberdade individual.
2.6.3. Descentralização na Administração Pública de Angola
Existe descentralização, segundo Amaral (1994, Pag. 37), quando os órgãos das autarquias locais
são livremente eleitos pelas respectivas populações, exercendo com plena autonomia as suas
competências e estando sujeitos a formas atenuadas de tutela administrativa, em regra restritas ao
controle da legalidade. O que quer dizer que a descentralização é o processo pelo qual a lei
transfere poderes de decisão até aí pertencentes a órgãos do Estado para órgãos próprios de
entidades distintas do Estado, designadamente autarquias locais, este princípio da
descentralização administrativa determina que o interesse público que a actividade administrativa
pública visa satisfazer num determinado país não estejam somente a cargo do Estado, mas
também de outras pessoas colectivas.
Ainda segundo Amaral (1994, Pag. 37), afirma que a desconcentração administrativa é o sistema
em que o poder decisório se reparte entre o superior e um ou vários órgãos subalternos, os quais,
todavia, permanecem, em regra, sujeitos à direcção e supervisão daquele. Este princípio da
desconcentração administrativa recomenda que em cada pessoa colectiva pública as
competências necessárias à prossecução das respectivas atribuições não sejam todas confiadas
aos órgãos de todo da hierarquia, mas distribuídas pelos diversos níveis de subordinados.
2.6.3.1. Organização administrativa em Angola
A administração pública em Angola no geral tem uma dimensão e diversidade pública nos dias
de hoje devido a sua organização colectiva, entidades públicas e relações jurídicas que
asseguram o exercício da actividade dos órgãos do Estado.
Amaral (1994, Pag. 45), parte da divisão da administração estatal directa ou local e da
administração estatal indirecta. Em que a administração central é composta por um conjunto de
órgãos e serviços com competência extensiva a todo território nacional, e a administração local é
integrado por órgãos e serviços cuja competência se circunscreve a certas áreas ou circunscrições
administrativas do território nacional. Já na administração estadual indirecta compete ao
governo, no exercício de funções administrativas, superintender na administração indirecta,
partido do pressuposto de que, para além da administração central desconcentrada, temos
serviços ou estabelecimentos com um grau ainda maior de autonomia administrativa e financeira
e, de per si, dotados de personalidade jurídica.
2.6.3.2. Administração autónoma
É aquela que prossegue interesses públicos próprios das pessoas que constituem e por isso se
dirige a si mesma, definindo com independência a orientação das suas actividades, sem sujeição
à hierarquia ou a superintendência do governo. Nestas administrações autónomas são integradas:
as associações públicas, autarquias locais, autoridades tradicionais e outras formas de
organização e participação dos cidadãos, nos termos do artigo 213º nº2 da Constituição da
República de Angola.
2.6.3.3. Efeitos das políticas de descentralização administrativa no município do Lubango
Para o Professor Benvindo Luciano (2012, Pag. 60), refere que o processo de descentralização
revela -se importante no sentido em que cria condições necessárias institucionalizar a
participação dos cidadãos na planificação, gestão e aplicação dos projectos do desenvolvimento a
nível local, promovendo assim uma maior aproximação entre as autoridades do governo e
sociedades, fazendo com que o governo local se torne mais responsável perante as populações e
que estas, conscientes dos problemas que as afectam, possam de algum modo contribuir para a
redução da pobreza e para a promoção da igualdade e do equilíbrio social.
O êxito dos processos de descentralização implica a capacidade por parte do poder local de gerir
as receitas próprias que lhes são atribuídas, a descentralização em Angola está prescrita na
Constituição da República de Angola mais não foi concretizada. Caso ocorresse a
descentralização administrativa em Angola, as vantagens para o município do Lubango poderiam
ser: a separação e controlo do poder, participação activa dos cidadãos, desde logo as eleições
para os órgãos das autarquias locais, proximidade entre as funções e as acções administrativas
por meios de debates, conferências e troca de experiencias com as outras administrações,
estabilidade, incentivo da diversidade política, cultural e económica, maior resposta aos
cidadãos, através da formação e informação dos municípes (inclusão nos serviços públicos na
cidade do Lubango).
Feijó e Paca (2005, Pag. 167), dizem que o sistema descentralizado é de longe o que melhor,
satisfaz os imperativos do Estado de direito e democrático, isto porque a historia recente indica
que o poder da iniciativa local será condição sine qua non para uma democracia satisfatória e
estável.
2.6.4. Desconcentração na Administração Pública de Angola
Em relação a desconcentração administrativa, é importante distinguir dois tipos de
desconcentração, uma é desconcentração horizontal e a outra é a desconcentração vertical.
2.6.4.1. Tutela administrativa
Para Feijó e Paca (2008, Pag. 168), A tutela administrativa é o conjunto dos poderes de
intervenção de uma pessoa colectiva Pública na gestão de outra pessoa colectiva, a fim de
assegurar a legalidade ou o mérito da sua actuação. Há sempre uma relação entre dois órgãos,
dos quais um é a entidade tutelar e a outra a entidade tutelada, todos eles são entidades públicas.
Quanto a finalidade a tutela pode ser: tutela de legalidade que visa controlar a legalidade das
decisões da entidade tutelada em conformidade com a lei e a tutela de mérito que visa controlar o
mérito das decisões administrativas da entidade tutelada, isto é, ver se é conveniente ou
inconveniente, oportuno ou inoportuno, correcto ou não, independentemente da sua legalidade.
2.6.4.1.1. Regime Jurídico da Tutela
Para Feijó e Paca (2008), a tutela administrativa como sendo um mecanismo de intervenção
noutra pessoa jurídica pública, deve resultar em termos expressivo da lei, não sendo por isso
presumível e, em regra, é de legalidade e não de mérito, a Constituição da República de Angola
consagra este princípio tão importantes nos termos do artigo 221º, onde fala que as autarquias
locais estão sujeitas à tutela administrativa, já o nº2, diz que a tutela administrativa sobre as
autarquias locais, consiste na verificação do cumprimento da lei por parte dos órgãos autárquicos
e é exercida nos termos da lei, nos termos do decreto lei nº16 –A/95, artigo 119º, nº3.
2.6.1.2. A superintendência
Para Feijó e Paca (2013, Pag. 173), dizem que a superintendência é muito mais intensa que a
tutela porque se destina a orientar a acção das entidades a ela submetidas, os fins
descentralizados são exercidos no interesse da pessoa colectiva que os descentralizou e sob
orientação dos respectivos órgãos.
Já quanto ao seu conteúdo material ou jurídico normativo, a superintendência corresponde a um
poder de orientação e controlo que o Estado ou a autarquia local exerce as pessoas jurídicas sob
sua dependência.
2.6.1.3. Instituições Públicas: Noção legal
Os institutos públicos são conhecidos como sendo o conjunto de pessoas colectivas assentes num
substrato institucional, criadas para prosseguir funções administrativas específicas,
primariamente, confiadas no Estado ou a outra pessoa colectiva pública.
A noção legal de instituições públicas vem expresso no decreto-lei -9/03, de 28 de Outubro, no
seu art. 3º, que estabelece que os institutos públicos são uma pessoa colectiva de fins singulares,
criado para assegurar o desempenho de funções administravas específicas confiadas à
administração pública.

2.6.1.4. Empresas Públicas


Para Feijó e Paca, (2008,pag. 224), dizem que empresas públicas são unidades económicas
criadas pelo Estado, com capitais próprios ou fornecidos por outras entidades públicas e
destinadas à produção e distribuição de bens e à prestação de serviços, tendo em vista a
prossecução dos interesses públicos e o desenvolvimento da economia.
Ali encontramos duas figuras distintas e ao mesmo tempo juntas, uma que é empresa e outra
pública, trata -se de estrutura de natureza económica de tipo empresarial, e por conseguinte,
entes jurídicos de carácter público. Podemos afirmar que as empresas públicas são estruturas
económicas de natureza lucrativa criadas com capitais públicos e sob a direcção e
superintendência de órgãos da administração públicas.
2.6.1.4.1. Regime Jurídico das Empresas Públicas
As empresas públicas podem ser classificadas de pequena, média e grande dimensão, de acordo
com o número de trabalhadores, importância estratégica para a economia nacional e o volume de
negócios, tal como preceituam os artigos, 3º e 4º do decreto 8/02, de 12 de Abril, sobre o
regulamento das empresas públicas, já aquelas que são de grande dimensão são criadas por
decreto do conselho de Ministros e as pequenas e medias dimensão por decreto executivo
conjunto do ministro das finanças e do ministro que tutela o ramo de actividade respectivo, nos
termos do artigo 37º do decreto acima referenciado.
As mesmas empresas quanto a sua classificação podemos encontrar em varias classificações das
quais é importante destacar as empresas públicas, quanto a sua titularidade, onde vamos
encontrar as empresas estatais ou então as empresas autárquicas; quanto a forma pode haver
empresas públicas sob a forma pública e empresas públicas sob a forma privada; quanto ao
objecto tem a ver com o seu objecto a exploração de um serviço público, a produção e
distribuição de bens ou se encarreguem da actividade financeira, como é o caso do Banco
Nacional de Angola; e por fim as empresas quanto ao interesse da sua actividade, ali as empresas
podem ser de interesse político ou de interesse económico.
2.6.1.5. Serviços Públicos
Para Feijó e Paca consideram os serviços públicos como sendo estruturas administrativas criadas
com a finalidade de preparar e executar as decisões dos órgãos da pessoa colectiva pública a que
pertencem. Esses serviços Públicos são estruturas administrativas integradas na pessoa colectiva
Pública para realizar ou prosseguir as funções da pessoa colectiva sob a direcção dos respectivos
órgãos Públicos.

2.6.1.5.1. Criação e extinção dos Serviços Públicos


Quanto a sua criação e extinção decorrem de diplomas legais e estão sujeitos à livre modificação
do seu regime de organização e escopo, no âmbito da definição do interesse geral pelo poder
Público. Estes serviços quanto ao seu funcionamento se regem pelas normas de direito Público,
podendo nalguns casos adoptar o regime jurídico privado, nos casos determinados e permitidos
por lei.
Em regra, a gestão de tais serviços é feita de forma directa através dos próprios órgãos e serviços
respectivos do Estado, por vezes, é também feita de forma indirecta mediante órgãos e serviços
que fazem parte da administração indirecta, e por outra é igualmente efectuada sob a forma
indirecta através de entidades privadas, naqueles casos em que o Estado põe a cargo de gestão
dos serviços públicos um particular, nos moldes de delegação ou de concessão.
Os serviços públicos são classificados e organizados em termos funcionais, estruturais, em
serviços de apoio, serviços financeiros, serviços executivos, serviços de controlo, serviços
operacionais e serviços auxiliares.
2.7. O Princípio da Desburocratização e Eficiência
O administrsdor público no exercício e execução dos actos administrativos deve pautar, pelo
princípio da eficiência e pelo respeito da Constituição e da Lei. A luz de algumas legislações
mais avançadas como é o caso de Portugal, que já possui um Código de Procedimento
Administrativo, segundo este princípio a Administração Pública deve organizar-se de modo
possibilitar uma utilização racional dos meios a sua disposição, reduzindo o possível as suas
operações, bem como o seu relacionamento com os particulares. Este princípio não é fácil de se
alcançar, visto que obriga a Administração Pública á uma renovação permanente das estruturas e
dos métodos de funcionamento (Amaral, 2011). A luz do direito angolano, este princípio assenta
no conceito de interesse público ou bem público, assim, toda a actividade administrativa deve
visar a satisfação do interesse público, que se deve ter em conta a justa compsição dos conflitos,
mediante a repartição, segundo critérios variáveis dos bens materiais e imateriais da sociedade,
este deve ser o fim público (Feijó & Paca, 2000).
O artigo (7º DL 16-A/95), vem consagrar que, no desempenho das suas funções os órgãos da
Administração Pública, devem actuar em estreita colaboração com os particulares, cabendo-lhes
nomeadamente:
a) prestar informações e esclarecimentos;
b) receber sugestões e informações.
Este princípio traduz-se no estreito relacionamento da Administração com os particulares
trocando informações, esclarecimentos e sugestões. Hoje impõe-se cada vez mais a participação
dos particulares sobretudo em matéria de direitos difusos (Feijó & Paca, 2000).
Vem ainda o artigo (8º, 27º, 52º, DL 16-A/95) sobre o princípio da participação ou do
participativo, reforçar que; aos órgãos da Administração Pública cabe assegurar participação dos
particulares.
Na perspectiva do professor Freitas do Amaral (2011), a eficácia e a eficiência, da Administração
Pública requerem, no mínimo, uma concretização adequada em todas as formas e aspectos de
actividade administrativa, explícitos na Constituição e na Lei, tais como:
a)Garantir a eficácia da acção administrativa;
b)Evitar a burocratização, isto é simplificar ao máximo os métodos e formalidades inúteis;
c)Aproximar os serviços públicos as populações, isto é, localiza-los perto da residência e do local
do trabalho de cada cidadão, de modo a evitar-lhe longas deslocações para obter uma
informação, um documento ou uma prestação de um serviço público, bem como ouvir as suas
aspirações, queixas, atende-las na medida do possível, ou dizer porque não podem ser atendidas,
explicar as razões das decisões tomadas, ou da impossibilidade de às tomar;
d)Assegurar a celeridade das decisões administrativas, o que implica no mínimo duas obrigações
diferentes: que as decisões sejam tomadas rapidamente ou pelo menos dentro dos prazos
legalmente fixados, por outra; uma vez tomadas as decisões da administração sejam rapidamente
executadas, pelo menos dentro dos prazos legais;
e)Garantir a economia das decisões administrativas, o que implica uma decisão poupada que
gasta menos possível em despesa pública, a administração deve ponderar os gastos com a
despesa pública e tomar a decisão mais viável.
Para Freita do Amaral (2011); todos estes aspectos e muitos outros, têm sido fortemente
descurados pela doutrina, pelos legisladores, pelos tribunais, partidos políticos e cominicação
social, assim sendo aos juristas e especialistas em Direito Administrativo, cabe três tarefas que se
mostram de capital importância para colmatar tais dificuldades:
1-No plano conceitual, elaborar os conceitos-chaves constantes da Constituição e das Leis
administrativas, e de finanças públicas para deles extrair todo o conteúdo, alcance e
consequências que comportam;
2-No plano da política legislativa, encontrar soluções extraídas da prática, bem como do direito
comparado, soluções capazes de impor a administração deveres, exigências, prazos, relatórios,
avaliações de desempenho, inquéritos sobre o grau de satisfação ou insatisfação dos utentes;
3-No plano sancionatório, os juristas devem tomar mais intensa a obrigatoriedade das normas
jurídicas aplicáveis. Nesse sentido, a maioria das regras impostas pela Constituição ou pela Lei
ao Estado e aos entes públicos menores, quando violadas por órgãos administrativos não são
sancionadas ou não o são de forma eficaz, por exemplo: nos artigos (57º, 58º DL 16-A/95) refere
que; nenhum procedimento administrativo comum pode demorar 90 dias, prorrogáveis por 90
dias, se necessário, ou seja no máximo 6 meses, sabemos todos pela prática que, uma
autorização, uma licença, insenção, podem levar 2, 3 ou 5 anos a obter. Por outro lado nos
tribunais por exemplo: quando um juiz não cumpre os prazos legais, nada acontece, a não ser, às
vezes não ser promovido. Outro caso, a lei diz que os concursos públicos de pessoal têm de ser
decididas com isenção e imparcialidade: na maior parte dos casos não o são; escolhem-se os
amigos, os familiares, os camaradas de partido. Outro exemplo, quando o Estado viola á lei e
com isso causa prejuízos avultados a uma média empresa exportadora; esta propõe contra aquele,
uma acção de indemnização; o processo pode levar muitos anos a decidir em última instância, e a
empresa poder vir a falir por ter estado tanto tempo sem receber a indemnização que lhe era
devida.

CAPÍTULO III. DESENHO METODOLÓGICO


3.Introdução
A metodologia indica o caminho do pensamento a seguir pelo investigador e responde a pergunta,
como se vai investigar? Constitui assim, um conjunto detalhado e sequencial de passos a serem
executados ao longo da investigação para atingir os objectivos propostos pelo investigador.
Usamos como método de estudo, o método híbrido, resultante do método explicativo e descritivo.
Assim o método em causa supõe o uso combinado, complementar e integrado porque o estudo em
si, precisou de complementação de ambos os métodos para ser os factos in locus.
3.1. Tipo de investigação
De acordo com a abordagem do problema, optou-se por uma investigação quantitativa, na
elaboração da presente investigação, foi optado pelo método misto (qualitativo e quantitativo).
Quanto aos objectivos de investigação, o tipo de investigação é descritivo e exploratório. A
pesquisa descritiva e exploratória exige do investigador uma série de informações sobre o que
deseja pesquisar. Este tipo de estudo pretende descrever os factos e fenómenos de determinada
realidade.
Quanto aos métodos ou procedimentos empregues para a recolha de dados, esta investigação é
bibliográfica e participante. A pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de
referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e electrónicos, como livros,
artigos científicos e páginas Web ou sites.
3.2. Métodos
Método: é a ordenação de um conjunto de etapas a serem cumpridas no estudo de uma ciência,
na busca de uma verdade ou para se chegar a um determinado fim, (Marconi; Lakatos, 2003,pag.
88).
3.2.1. Método de Nível Teórico
Método dedutivo: parte do geral para o particular. É método proposto pelos racionalistas
Descartes (1596-1650), Spinoza (1632-1677) e Leibniz (1646-1716).
Método hipotético dedutivo: este método é proposto por Popper (1902-1994). É adoptado
quando os conhecimentos disponíveis sobre determinado assunto são insuficientes para a
explicação de um fenómeno.
Método dialético: fundamenta-se na dialética proposta por Hegel (1770-1831), parte da premissa
de que na natureza tudo se relaciona e se transforma, existindo sempre contradição inerente a
cada fenómeno.
3.3.Técnicas e procedimentos de recolha de dados
A pesquisa conclui com a obtenção de dados concretos, isto é, sem a colecta de dados não existe
pesquisa científica (GIL,2000).
Assim utilizou-se o inquérito por questionário, que consiste na recolha de informações sobre
determinado fenómeno (Ghiglione e Matalon, 1992), uma vez que o objecto do presente estudo
consiste na recolha de informações sobre a percepção dos funcionários das instituições públicas
relativamente a burocracia. Na sua perspectiva (ibidem, 1992, p. 8) o questionário é (...) uma
interrogação particular acerca de uma situação, englobando indivíduos, com o objectivo de
generalizar.
Os dados foram recolhidos por meio de um inquérito por questionário dirigido aos funcionários
públicos de instituições do Município do Lubango
Foi utilizado para o tratamento e processamento de informações obtidas através dos inquéritos
por questionários, o procedimento estatístico utilizando gráficos.
3.4. Demostração da população e amostra
Para Gil (2002), população é entendida como universo ou conjunto de elementos que possuem
determinadas características. Para a realização do trabalho que nos propusemos a apresentar,
contamos com a população da cidade do Lubango e a população no geral. Assim sendo a
população é constituída por cinquenta e seis (56) funcionários das instituições públicas da cidade
do Lubango.
A amostra é definida como um subconjunto do universo ou da população, por meio do qual se
estabelecem as características desse universo ou população. A nossa amostra foi constituída por
quarenta e três (43) elementos das instituições públicas da cidade do Lubango.
3.5. Apresentação análise e interpretação de dados
Após a colecta dos dados, é realizada a análise e a interpretação dos mesmos, com o objectivo de
organizar e sumariar de forma que possibilitem o fornecimento de respostas ao problema para a
investigação GIL (2000). A recolha de dados foi feita por meio de um inquérito por questionário
aplicado a quarenta e três (43) elementos da amostra seleccionada, visando obter as opiniões
sobre o tema em causa.
Aos elementos da amostra foram aplicados inquéritos com o objectivo de conhecer as
informações prévias que têm, com vista a facilitar a compreensão sobre a burocracia.
3.5.1. Caracterização da amostra
Grafico1 - Distribuição dos funcionários por género

Com o gráfico acima, conseguimos perceber que a classe masculina é a que mais se fez
representar com 56,5%, ao passo que a classe feminina com 43,5%. Com isto, entende-se que o
nosso questionário foi facilitado com a maior parte da classe masculina.
Gráfico 2- Distribuição dos funcionários por idade

Como podemos ver, no Gráfico número 2, os funcionários da faixa etária de 23-27 é o que mais
se apresentou com 38,5%, seguido da faixa etária dos 28-32, com 25,5%, ainda assim, tivemos
também uma percentagem de 10,5% para a faixa etária dos 43-47, sendo o resto as percentagens
foram abaixo de 9,5%.
Tal como se conclui do Gráfico o número 2, a maior parte da amostra é de 38,5% nas faixas
etárias de 23 aos 27 anos de idade.
Gráfico 3: Quais são as principais causas das enchentes nas Instituições Públicas da cidade do
Lubango?

De acordo com o presente Gráfico, 33% dos funcionários, dizem que é falta de interesse por
parte do Estado em criar novos postos de atendimento, 38,5%, dos funcionários e a população no
geral dizem que é falta de condições de trabalho que fazem com que haja muitas enchentes nos
locais públicos. Segue o incumprimento da administração Municipal com 27,5% manifestado por
8 elementos que confirmaram o mesmo. Por fim, o interesse dos munícipes com 27,5%,
apresentado por 5 funcionários, dizem que é falta de conhecimento por parte dos funcionários no
domínio de certos aparelhos, ou seja, afirmam não terem o domínio dos equipamentos.
Podemos inferir do Gráfico que a maior parte dos funcionários afirma ser a falta de condições de
trabalho como a principal causa das enchentes nas Instituições Públicas da cidade do Lubango.
Gráfico 4: Para si, existe preocupação quanto as enchentes nas instituições públicas por parte dos
gestores públicos?

Entende-se que o Gráfico número 4, 16,5% dos elementos da nossa amostra, têm a opção que
sim, por não haver condições de equipamento para fazer face a situação que se vive das
enchentes na cidade do Lubango. Ao passo que 82,5% dos elementos, dizem que não há
preocupação por parte da administração local face a situação que se vive, uma vez que tanto as
condições de trabalho assim como a falta de recursos humanos nestas instituições, estão na base
da falta de preocupação.
Assim, pode-se inferir com base nos depoimentos apresentados pelos entrevistados que devem
criar condições de trabalho e também melhorar o nível técnico e académico dos trabalhadores
dessas Instituições.
Gráfico 5: As instituições públicas da cidade do Lubango têm colocado obstáculos a população
no tratamento de certos documentos?

Em função do Gráfico número 5, podemos entender que 72% dos entrevistados afirmam existir
obstáculos por parte das instituições públicas da cidade do Lubango, enquanto que os 28% dos
entrevistados afirmam que não têm colocado obstáculo no tratamento de certos documentos.
Conclui-se que as Instituições da cidade do Lubango têm colocado obstáculo no tratamento de
certos documentos.
Gráfico 6: Se nas instituições públicas da cidade do Lubango existem procedimentos
desnecessários?

Em função do Gráfico número 6, podemos entender que 72% dos entrevistados afirmam existir
procedimentos desnecessários nas Instituições Públicas da cidade do Lubango, enquanto que os
28% dos entrevistados afirmam que não existem.

CONCLUSÕES
No que diz respeito aos estudos que nos comprometemos apresentar, em que o cerne do tema está
relacionado a abordagem em volta do fenómeno “A Burocracia nas Instituições Públicas: Estudo
de caso no Município do Lubango”. Assim podemos dizer que o presente trabalho de investigação
permitiu-nos estar em contacto com fenómenos já aqui apresentado e que foram importantes de
modo que as suas reflexões de importantes teóricos, e consequentemente consolidar os
conhecimentos sobre o que o tema em causa nos apresenta, principalmente no que diz respeito ao
problema de estudo e tendo em conta os resultados obtidos, chegamos as seguintes conclusões:
- Que a falta de condições de trabalho é a principal causa das enchentes nas Instituições Públicas
da cidade do Lubango;
- Que não há preocupação por parte da administração local face as enchentes nas Instituições
Públicas da cidade do Lubango;
- Que as instituições da cidade do Lubango têm colocado obstáculos no tratamento de certos
documentos;
- Que existem procedimentos desnecessários nas instituições públicas da cidade do Lubango.

SUGESTÕES
Tendo em conta que o fenómeno da burocracia, se trata de uma situação que se verifica na nossa
sociedade de modo geral e em particular na cidade do Lubango e, de acordo com os resultados
obtidos e conclusões chegadas, temos as seguintes sugestões:
- Que se dote as instituições públicas sedeadas na cidade do Lubango com maiores e melhores
condições de trabalho para que possam atender a demanda, quando os cidadãos solicitam algum
serviço as mesmas instituições;
- Que se dê constantemente formação aos funcionários das instituições públicas de forma a
saberem qual o seu papel na sociedade e ganharem a consciência de que a administração pública
visa satisfazer o interesse público;
- Que se descentralize determinados serviços para instituições localizadas nos diversos bairros da
cidade do Lubango;
- Que se simplifique determinados procedimentos de forma a não colocar entraveis na satisfação
dos interesses dos cidadãos quando acorrem as instituições públicas.

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International Political Science Association, 21, 2009, Santiago;
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-Popper, Karl. All life is problem solving. 1902-1994;
-Prates, Vladimir Robeiro. Patrimonialismo, burocracia e gerencialismo. 2017;
-Queiroz, Isis. Burocracia e eficiência: O princípio do formalismo moderado como ferramenta de
eficiência na gestão pública, 2017;
-Rezende, F. C. Por que falham as reformas administrativas? Rio de Janeiro: Editora FGV, 2004;
-Weber, Max. A Ciência Política: Duas Vocações, 1990.

Legislação consultada:
Constituição da Rrpública de Angola;
Decreto Lei nº 16-A/95, de 15 de Dezembro.
ANEXOS

INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO GREGÓRIO SEMEDO


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS POLÍTICAS, JURÍDICAS E SOCIAIS
CURSO DE DIREITO

QUESTIONÁRIO SOBRE: A BUROCRACIA NAS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS DA


CIDADE DO LUBANGO
INFORMAÇÃO AOS PARTICIPANTES
Prezados, sou estudante do 4º Ano do Instituto Superior Politécnico Gregório Semedo e
estou a fazer uma pesquisa de caráter científico.
O presente questionário foi elaborado com o objectivo de conhecer a sua opinião sobre o
tema intitulado “ A burocracia nas Instituições Públucas”, o mesmo visa a realização de um
trabalho de investigação no âmbito de licenciatura em Direito. Será mantida a
confidencialidade, pelo que, os dados recolhidos só serão usados para a investigação. O seu
tratamento salvaguardará o anonimato de pessoas e agrupamento.
A sua colaboração é essencial para a prossecução deste estudo. Pedimos-lhe que o preencha
com precisão, marcando apenas com um X o espaço correspondente a resposta correcta,
agradecendo, desde já, a sua participação

Organismo:_________________________________________________________________
Sexo: Masculino:____________________ Feminono:_______________________________
Faixa etária:
18-22 Anos 23-27 Anos 28-32 Anos 33-37 Anos
38-42 Anos 43-47 Anos 48-52 Anos 53-60 Anos
Questões:
1- Quais são as principais causas das enchentes nas Instituições Públicas da cidade do Lubango?
R:____________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
2- Existe preocupação quanto as enchentes nas instituições públicas por parte dos servidores
públicos?
Sim
Não
3- As instituições públicas da cidade do Lubango têm colocado obstáculos a população no
tratamento de certos documentos?
4- Para si, existe preocupação quanto as enchentes nas instituições públicas por parte dos
gestóres públicos?
Sim
Não
5- Se nas instituições públicas da cidade do Lubango existem procedimentos desnecessários?
Sim
Não

Agradeço a colaboração

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