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A notícia triste, porem verdadeira: o cada espôsa.

Quem entre nós não como­


Presidente Howells e sua familia vão veu ao ouvir a Irmã Mary cantando, com
nos deixar. Êle chegou ao fim de uma sua voz impregnada de fé, as maravilho­
jornada de inestimáveis serviços presta­ sas canções que nos trouxe de Sião, cau­
dos à Missão Brasileira e volta para sua ções que traduziam o sentimento de
pátria, para vida normal de cidadão amor e a dedicação à causa de Cristo,
americano, advogado emérito e pai de inspiradores de suas ações?
família exemplar. Volta, mas seu espí­ Querido Presidente e Irmã Howells,
rito permanecerá em nossos corações e nossos queridos irmãos; quando parti­
sempre nos lembraremos dessa figura rem de volta à sua terra natal; quando
simples, amiga, alegre e simpática que é não mais gozarmos do privilégio de tê-
o Presidente Howells. Dedicou cinco los entre nós, de ouvir seus sábios e ins­
preciosos anos de sua vida ao serviço do pirados conselhos; quando não mais pu­
Senhor, dando um magnífico testemunho dermos ouvir a linda voz da querida
de verdadeiro cristão e de membro da irmã, porque a distância já nos separa,
nossa querida Igreja. Cinco anos de tra­ em nossos corações ecoarão aquelas pa­
balho profícuo, de compreensão e amor. lavras e aquelas canções e neles ficarão
Aquêles que tiveram o privilégio de con­ gravadas eternamente as suas lembran­
viver com o querido Presidente, jamais ças. Partirão sim, mas ficarão os seus
o viram abatido e desalentado. Nunca o exemplos.
Espírito de Deus o abandonou e por Não tentaremos externar aqui o sen­
isso, todos que o procuraram em mo­ timento de gratidão da Missão Brasilei­
mentos de dificuldades ou abatimento, ra, pois está muito além do nosso pobre
sempre encontraram no Presidente Ho­ poder de expressão. Limitar-nos-emos a
wells, um conselheiro sábio, um amigo inclinar nossas cabeças em oração e, em
firme, leal e forte. Com energia e jus­ nome de Cristo, nosso redentor, agrade­
tiça, soube dirigir a Missão, às vezes cer ao Pai Celeste pelo bem que nos
açoitada por grandes tormentas, como concedeu, em ter entre nós, por todos
nau em mares revoltos e encapelados, êsses anos, o amor, a dedicação, a fé e,
conduzindo-a sempre a bom porto. Fo­ principalmente, o inspirador exemplo da
ram cinco anos de maravilhoso e fecun­ família Howells e rogar a Êle que re­
do trabalho, através do qual pudemos tribua essa dádiva que recebemos, com
ver o Espírito de Deus atuando cons­ o que de melhor tem reservado para fi­
tante e firmemente. lhos fiéis, humildes e sinceros como são
E, sempre que pensarmos no Presi­ a Irmã e o Irmão Howells.
dente Howells, veremos ao seu lado a Adeus, Presidente amigo; adeus Irmã
sua amiga e heróica companheira de lu­ querida. Levem o nosso sentimento de
tas, a Irmã Mary! Em todos os passos eterna gratidão que condensamos nas
da jornada, o Presidente contou com a humildes palavras: M UITO O B R IG A ­
admirável cooperação dessa fiel e dedi­ DO, IRMÃOS!

218 A LIAHONA
São Paulo O U T U BRO — 1953
Rua Itapeva, 378
Tel.: 33-6761 ANO VI — N.« 10

“ Um g u ia nas t r e v a s 0Livro~ de M o rm c n - A lm a 3 7 :2 8 - 3 0

Õ R G A O O F IC IA L D A M IS S Ã O B R A S IL E IR A D A IG R E J A D E JE S U S C R IS T O D O S
S A N T O S D O S Ü L T IM O S D IA S

“A L IA H O N A ” é publi­ SUMARIO
cada mensalmente no Bra­
sil pela Igreja de Jesus E D I T O R I A L ............................................................................... 220
Cristo dos Santos dos Ú lti­ A R T IG O S E S P E C IA IS
mos Dias. Preços das assi­ Nossa C a p a ............................................................................... 218
naturas : cada exemplar, O Lar a Família e a Felicidade................................................... 222
Cr$ 4,00; por ano, Cr$ (Conselhos do Profeta David O. McKay)
40,00; exterior, Cr$ 50,00. O Lado da Linha, do S e n h o r ................................................... 224
(Por Presidente George Albert Smith)
Tôda correspondência deve Os Doze Apóstolos A t u a is ........................................................ 228
ser enviada à Caixa Pos­ Nosso Refúgio na A d v e r s id a d e ............................................. 230
tal 862, São Paulo, S. P. (Por Margaret Blair Johnstone)
Êle é Grande H o m e m .............................................................. 232
Dipstor-Redator (Por Omar L. Gondin)
CLÁUDlvJ M ARTIN S DOS O M o r m o n .................................................................................... 234
(Por Marcus Bach)
jA N T O S
VA R I O S
Regis./ado sob N.° 93 do Miracle of the G u lls ...........................................................................221
Livro “B ” n.° 1, de M a­ (Para nossos leitores de Inglês)
A Igreja no M u n d o ...........................................................................225
trícula de Oficinas Im ­ A Única Religião que Pode Exaltar H o m e m ..............................226
pressoras, Jornais e Pe­ C u rio s id a d e s ......................................................................................238
Missionários Desobrigados........................................................ .......239
riódicos, conforme Decre­
Intentos da Educação dos Santos dos Últimos Dias . . . 240
to N * 4857, de 9-11-1939. Auxílio Técnico por Geraldo Tressoldi

Endereços dos Ramos da lg reja no Brasil


SAO P A U L O Niterói: (Informações) — Estácio de Sá 520
Santo Amaro : Rua Barão do Rio Branco 1391
São P aulo: Rua Seminário, 165 - 1.° and. R IO G R A N D E D O SU L
Campinas: Rua Cesar Bierrenbach, 133 Porto Alegre: Rua Andradas, 945
Sorocaba: Rua Cesário Mota, 567 Novo Hamburgo; R . David Canabarro, 77
Ribeirão P reto: Rua Alvares Cabral, 93
PARANÁ
Santos: Rua Paraíba, 94
Rio Claro: Avenida I, 301 Curitiba: Rua Dr. Ermelino de Leão, 451
Bauru: Rua l.ç de Agosto, 1-70 Ponta Grossa : Rua 15 de Noveaibro, 354 —
M arilia: Rua 9 de Julho 1511 3.° andar
Araraquara: Avenida Bandeirantes, 364
S A N T A C A T A R IN A
Piracicaba: (Informações) Vila Boyce, Rua
Alfredo, 5 Joinvile: Rua M ax Colin 426 (anciga rua

R IO D E J A N E IR O Frederico Hubner).
Tijuca: Rua Camaragibe, 16 Ipoméia: Estrada para Videira

M IN A S G E R A IS
Belo Horizonte: R. Rio Grande do Sul, 1194
E D IT O R IA L
Eu gostaria de lembrá-los de duas
grandes promessas que o Senhor fêz:
1. aquêle que paga o seu
dízimo não será queimado na ocasião
de Sua vinda.”
2. “ E todos os santos (mem­
bros) . . .receberão saúde para seu um­
bigo e medulas para os seus ossos; e
acharão sabedoria e grandes tesouros
de conhecimento, até mesmo tesouros
ocultos; e correrão e não se cansarão;
caminharão e não desfalecerão. E Eu, o
Senhor, lhes faço a promessa de que o
anjo destruidor os passará como aos fi­
lhos de Israel e não os matará.”
Não adie o pagamento de seu dízi­
mo. Pague-o ao receber. É muito difícii
pagar uma soma grande ao fim de vários meses. Facilite a você mes­
mo o pagamento de seu dízimo. Pergunte a alguem, que paga um dízi­
mo honesto, se êle sente sua falta. Pergunte a alguém que paga um dízimo
honesto, se é abençoado. Depois que você paga um décimo ao Senhor,
os nove décimos restantes rendem mais do que se você não tivesse pago
seu dízimo. Prove-o a você mesmo. Pense então na grande benção men­
cionada na primeira acima citada — Ésta é uma era atômica, uma única
bomba pode destruir uma cidade inteira. O número de farmácias aumenta
dia a dia. O povo sofre cada vez mais de doenças de todas as espécies. . .
porque não estão se alimentando convenientemente.
Você o faz? Leia e releia a secção 89 de Doutrinas e Convênios e
pense então da grande promessa mencionada em segunda lugar acima.
Quem não quer gozar saúde e mais barato estar bem e com saúde do que
doente e gastando com remédios e médicos.

220 A LIAHONA
"MIRACLE OF THE GULLS"
(Um artigo em inglcs para os nossos crickets. The settlers were helpless be-
leitores que entendam esse idioma). fore them.
When ali seemed lost, and the Saints
were giving up in despair, the heavens
became clouded with gulls, which hove-
red over the fields, uttering their plaintiff
scream. Was this a new evil come upon
them? Such were the thoughts of some
who expected that what the crickets left
The season was so far advanced the gulls would destroy, but not so, the
when the pioneers arrived in the sum- gulls in countless battalions descended
mer of 1847 that little resulted from and began to devour the crickets, waging
planting, except to obtain some seed a battle for the preservation of the crops.
potatoes. Their salvation depended on They ate, they gorged upon the pest,
the success of their crops in 1848. They and then flying to the streams would
had built three sawmills in the mountains drink and vomit and again return to the
and one grist mil 1. Their planted fields battle front. This took place day by day
consisted of five thousand one hundred until the crickets were destroyed. The
and thirtythree acres, of which nearly people gave thanks, for this to them was
nine hundred acres were planted in a miracle. Surely the Lord was merciful
winter wheat. With the aid of irrigation and had sent the gulls as angels of mer-
ali things looked favorable, and it cy for their salvation. Since that time the
appeared that there would be a fruitful gull has been looked upon by the Latter-
harvest. The Saints were happy an their day Saints almost as a sacred delivever.
prospects were bright. They gave thanks Laws have been passed for the protec-
to the Lord and in humility desired to tion of these birds, and the wanton
serve Him. In the months of May and killing of one would be considered a
June they were menaced by a danger as crime of great magnitude.
bad as the persecution of mobs. Myriads On September 13, 1913, a monument
of crickets came down the rnountainsides cornmemorating this event was unveiled
into the vally, like a vast army marshal- on the Temple Block, Salt Lake City,
led for battle, and began to destroy the Utah.
fields. From one they would pass on
to another, and in a few moments Ieave
a field as barren as a desert waste. So-
mething had to be done, or the inhabi-
tants must perish. The community was
aroused and every soul entered the une-
qual conflict. Trenches were dug around
the fields and filled with water, in the
hope of stopping the ravages of the
pests, but without result. Fire was equal-
ly unavailing. The attempt was made to
beat them back with clubs, brooms and
oíher improvised weapons, but nothing
that man could do was able to stop the
steady onward march of the voracious

Outubro de 1953 221


O LAR
A FAMÍLIA E
A FELICIDADE
Conselhos do Profeta David 0 . Mc. Kay

Extraído de "m a palestra pronuncia­ mente que a castidade durante a adoles­


da pelo Presidente David O. McKay, na cência é o maior ideal que podem nutrir.
Conferência Trimestral da Estaca de O auto-domínio nessa época é um fator
North Idaho Falls, no dia 7 de Dezem­ que muito contribui para a masculinida­
bro de 1952. 0 Presidente McKay apre­ de. Não é fraqueza no homem. É a má­
senta algumas sugestões especificas pa­ xima glória do sexo feminino. É o ali­
ra o enriquecimento de nossas vidas e de cerce de um lar feliz. Não me importa
nossos lares. O lar de um Santo dos o que os sociólogos possam dizer quanto
Últimos Dias, como já mencionámos, é à necessidade de indulgência. Sei a ver­
um reino de Deus. H á em sua palestra dade da qual falo quando exorto os jo­
algumas sugestões práticas para enri­ vens, que procuram a maior fonte de
quecimento de nossos lares. A mensa­ felicidade na vida a manterem-se fieis e
gem do Presidente McKay, pelo seu al­ verdadeiros aos seus futuros maridos e
cance, deve interessar aos moços e tam­ esposas.
bém à maturidade da Igreja. Seu alto Segundo: Escolha seu companheiro
idealismo, expresso em linguagem e ou companheira, por raciocínio e inspi­
exemplos práticos e francos, deverá en­ ração, tanto quanto por emoção!. . . É
riquecer os Santos dos Últimos Dias nas importante para os jovens a compreen­
mais fundamentais alegrias da vida. são de que a construção de um lar inte­
“Acredito em ser feliz. A felicidade é ligente começa durante a sua dolescên-
um privilégio do homem, se êle escolher cia e que na ocasião do namôro êles de­
o caminho que conduz a ela. . . Assim vem estudar a ascendência e o lar do
sendo, nessa manhã, vos falarei sôbre o rapaz com quem vai se casar e da moça
casamento e namôro. Quer concordem com quem vai se casar o rapaz.
com isto, quer não, a mais verdadeira Terceiro-. Pense no casamento como
fonte de felicidade é encontrada no lar. algo de sublime. Foi ordenado por Deus.
Primeiro: Tenha sempre em mente Não deve ser considerado displicente­
que você começa a deitar os alicerces mente, terminado em prazeres ou dissol­
de um lar feliz durante a sua vida de vido à primeira dificuldade. Em nossa
solteiro. É durante a sua adolescência e Igreja temos a mais alta idéia de casa­
nos tempos do namôro que você deve mento que jamais foi dada aos homens.
lembrar-se de ser fiel à sua futura es­ Admoestamos aos jovens a viverem de
posa ou espôso. A lealdade consiste em forma tal que mereçam entrar na Casa
manter-se limpo de corpo e espírito. To­ do Senhor. Isto quer dizer que durante
dos os jovens devem ter sempre em sua adolescência e namôro, foram fieis

222 A LIAHONA
aos ideais de sua futura esposa ou fu­ Santo dos Últimos Dias, que nem siquer
turo marido. Ao jurarem-se fidelidade, deve vir à mente. Não falem coisas que
assim o farão com a certeza, da parte firam, nem mesmo por brincadeira.
do jovem marido, que aquela que lhe Sétimo: Aprenda o valôr do auto­
entrega a sua vida, é tão merecedora da domínio. Você jamais se arrependerá de
maternidade como a mais pura das vir­ uma palavra não pronunciada. Acredito
gens e que aquele a quem ela dá sua que a falta de auto-controle é um dos
vida em casamento, é também merece­ fatores que mais contribuem para a infe­
dor da paternidade; que a fonte da vida licidade e discórdia. Vemos algo em nos­
é pura e não poluída e que se os filhos so companheiro ou companheira, que
abençoarem a união, terão um nascimen­ nos desagrada. É fácil condenar e a ati­
to régio. tude condenatória provoca desagrado.
Quarto: O mais nobre propósito do Se nós o notamos e deixamos de criticar
casamento é a procreação. Um lar é um àsperamente, em alguns momentos, tudo
abrigo natural de crianças. . . Vocês co­ é concórdia e a paz ocupa o lugar da
nhecem a crescente tendência que há na animosidade.
Igreja para limitar as famílias. Entre­ Auto-domínio dos filhos — Penso que
tanto, a felicidade no lar é proporciona­ as crianças devem ser dirigidas de uma
da pelas crianças ao pé do fôgo, subin­ maneira própria, não se permitindo que
do nos joelhos do pai, recebendo cari­ procedam sem limites em suas ações,
nhos da mãe. afetando outros membros da casa. Acre­
dito que a uma criança deve ser ensi­
Q uinto: O quinto elemento que con­
nado auto-controle e obediência desde
tribui para a felicidade, é êste: Deixe
a idade de três anos e particularmente
que o espírito de reverência prevaleça
entre as idades de três e cinco anos. Os
em seu lar, de maneira que, se o Salva­
psicólogos e psiquiatras modernos ensi­
dor surgisse inesperadamente, poderia
nam de outra forma mas eu sei que uma
ser convidado a entrar e ficar, sem que
criança pode aprender a obedecer na­
se sentisse fora do Seu elemento. Há
quela tenra idade e que, se você falhar,
uma história que ilustra êste ponto: Um
terá dificuldades nos anos futuros. . .
jovem recém-casado convidou seu pai
Oitavo: Os lares de criação unem-se
para ver seu novo lar. Mostrou-lhe a
pelo constante companheirismo. Não
sala de estar, a sala de jantar, os quar­ creio no dito “A ausência faz com que
tos com amplos armários, a cosinha com
o coração mais ame”. É o companheiris­
equipamento moderno, etc. Ao termina­
mo que nutre o amor e quando vocês ti­
rem, o pai disse: Muito bem, muito bem,
verem prometido fidelidade e feito um
mas eu não ví sinais do Senhor em seu
convênio de serem verdadeiros mutua­
lar. O jovem voltou a examinar a casa mente, façam tudo para nutrir aquele
e disse: Papai tem razão. Não há ne­ amôr e cimentá-lo para a eternidade.
nhum sinal de religião verdadeira. Não Nono: Torne acessíveis às crianças,
havia nenhuma figura do Salvador. Êle músicas, livros e figuras adequadas. Em
então alterou algumas das decorações. quase todos os lares mormons, esforça-
Um lar deve ser um lugar onde uma pes­ se para se conseguir um instrumento
soa possa orar e orar sempre. musical e você poderá cantar as canções
Sexto: Que o marido ou espôsa ja­ de Sião. Ensine cânticos às crianças.
mais falem em altas vozes. A reverência Faça com que elas vejam figuras do
no lar, desde o início, é um elemento fun­ Salvador e dos que merecem deferência
damental para a felicidade. Ao nomear por parte das crianças:
êste elemento fundamental, nem siquer Décimo: Finalmente, pelo exemplo,
mencionarei imprecações, um vício que estimule a participação nas atividades
deve ser tão extranho num lar de um (■
Continua na pág. 238)

Outubro de 1953 223


O L ad o da Linha, do S en h o r
por Presidente George Albert Smith

Um bom homem, que era conselheiro da Igreja, vivendo neste dia e época do
do Presidente Brigham Young, disse mundo, entendamos isso. Nenhum ho­
certa ocasião: “ Ha uma linha divisória mem pode fazer o que é errado e ficar
nas nossas vidas, bem definida. Num no lado da linha, pertencente ao Senhor.
lado dessa linha é o território do Senhor, Nós escolhemos o que seremos. Deus
e no outro lado, o território do diabo. Se deu-nos nosso arbítrio; se fizermos o
ficardes no lado do Senhor, estareis sal­ que é errado e penetrarmos no território
vos. Mas, se penetrardes uma única po­ do diabo, nós o fazemos porque temos
legada, no lado pertencente ao diabo, vontade e poder para faze-lo. Não po­
estareis em seu território, estareis em seu demos culpar a outrem pelo que esco­
poder; ele esforçar-se-á para arrastar- lhemos. Si decidirmos guardar os man­
vos o mais longe possivel da linha divi­ damentos de Deus, viver como devemos
sória, sabendo que se ele puder conser­ viver e ficarmos no território do Senhor,
var-vos em seu território, ele vos terá receberemos as nossa bênçãos por isso.
para sempre em seu poder.” Não nos deveria ser difícil guardar
Em tudo que fazemos na vida, nunca os mandamentos do Senhor porque que­
deveríamos esquecer que o único lugar remos ser felizes. Não deveria ser d ifí­
seguro é no lado do Senhor. Honrando cil paar os esposos e esposas se amarem
nossos pais e nossas mães, estaremos no mutuamente e serem fieis uns aos outros,
lado da linha pertencente ao Senhor. porque isso é estar no lado do Senhor.
Sendo sempre verdadeiros, e honestos Não nos deveria ser difícil obedecer a
para com o nosso próximo, estaremos Palavra de Sabedoria. Não deveria ser
no lado do Senhor. Obedecendo à Pala­ difícil para moços e moças amarem seus
vra de Sabedoria estaremos no Seu ter­ pais e honrá-los, porque tudo isso signi­
ritório. Pagando os nosso dízimos e as fica estar no território do Senhor.
nossas ofertas, estaremos em terras Eu poderia prosseguir e enumerar
d'Eie. muitas outras coisas, mas posso resumir
Honrando nosso bispo e seus conse­ tudo, dizendo: Todas as boas coisas são
lheiros, honrando aqueles que são cha­ do lado do Senhor, e toda a felicidade
mados a presidir nos demais cargos da digna do nome, felicidade que se goza
paróquia, honrando aqueles que presi­ neste mundo e na eternidade, se encon­
dem sobre nós em nossos ramos e dis­ tra no território a Ele pertencente.
tritos, apoiando-os e ajudando-os esta­ Porisso, sugiro não só aos nossos me-
remos no lado do Senhor. Honrando e ninose meninas, não só aos nossos mo­
apoiando os líderes da Igreja, — não ços e moças, mas a todos, que o que de­
a minha Igreja, ou a vossa Igreja, mas vemos fazer si quizermos ser felizes é
a Igreja de Jesus de Jesus Cristo dos viver em retidão; si isso fizermos, esta­
Santos dos Últimos Dias, da qual temos remos no lado do Senhor e o adversário
a ventura de ser membros — estaremos não será capaz de levar-nos à tentação
no território do Senhor. que nos viria destruir. Deus proteger-
Aqueles que desobedecem os manda­ nos-á si seguirmos sua admoestação e
mento de nosso Pai Celestial, não im­ conselho, e haverá de providenciar tudo,
porta quão pequena seja essa desobe­ paraque sejamos felizes.
diência, penetram no território do dia­
bo, e é tempo que nós, como membros Traduzido por Alfredo L. Vaz.

224 A LIAHONA
A IGREJA NO MUNDO
V isita a uma velha Catedral
Por ELDO N RICKS

Nápoles, ltalia — Em maio, o autor, Mais tarde, êle nos explicou, apontan­
em companhia de vários outros membros do para uma inscrição na parede, para
do grupo de turistas da Universidade de provar o que dissera, que tanto a Ca­
Brigham Young, visitaram uma das mais tedral como a fonte foram construídas
antigas fontes batismais da Itália, onde no reinado de Constantino, no ano de
o batismo por imersão era praticado na 343 D. C.
primitiva Igreja Católica. Essa fonte é a Essa visita ao batistério de Sã<a Ja­
Catedral de São Januário, em Nápoles* nuário, não foi a primeira do autor. Era,
Os componentes do pequeno grupo de fato, a continuação de muitas outras
de visitantes eram: Norma Barnes e feitas quando da segunda Guçrra Mun­
Exie Soelberg, de Idaho Falls, La Von dial. O lugar foi visitado por nós, pelo
Eyring, de Barkeley, Califórnia, e Lucy menos sete vezes, geralmente em compa­
Gerrsch, da cidade do Lago Salgado. nhia de outros Mormons, e todas as vê-
O visitante comum da Catedral não zes ouvíamos do guia explicações do
nota uma capela mais velha que se situa uso dessa interessante ruína arqueoló­
junto a uma mais moderna. A antiga gica. Nossa última visita, em novembro
estrutura, é separada do outro edifício de 1945, foi mais elucidativa. Naquela
mais espaçoso que a sucedeu, por uma ocasião tivemos oportunidade de entre­
porta fechada. vistar o sacerdote, cuja conversação foi
Fomos admitidos no velho santuário. a seguinte:
A fonte está situada num compartimen­ — Quando foi construída a fonte ba­
to dos fundos da velha Catedral. tismal?
Comparada com os padrões dos San­ — No ano de 343 A. D., como parte
tos dos Últimos Dias, pode-se dizer que da velha Catedral.
ela é pequena, mas suficiente para imer­
são, pois mede 1,15 m de profundidade CON STRU ÇÃO DATADA DE
e pouco menos de 2 m de largura. A 343 A. D.
fonte, que faz nível com o assoalho, é — Como o Sr. sabe que foi construída
protegida por uma grade de ferro, para no ano de 343 A. D.?
evitar alguma queda acidental. — A antiga inscrição nesta parede,
diz que ela foi erguida durante o reinado
ANTIGA RELÍQU IA de Constantino, no ano de 343 A. D.
O zelador da Catedral procurou ex- — Como era feito o batismo na fon­
plicar-nos, em mau inglês, que aquela te batismal?
relíquia originara-se nos dias em que o — Por imersão, respondeu o sacer­
batismo por imersão era usado peia dote.
Igreja Católica Romana. Quando, com Quando pedimos-lhe que definisse o
auxílio de gestos, perguntamos a êle se têrmo “imersão” , êle deveria ter-nos jul­
o termo imersão significava simplesmen­ gado bem simples, mas pacientemente,
te aspersão ou derramamento, respon­ explicou que queria dizer “ser imergido
deu energicamente e com mais gestos, na água e retirado da água”. Contudo,
que queria dizer ser coberto pela água. ( Continua à pág. seguinte)

Outubro de 1953 225


A unica Religião que pode exaltar o homem
Extratos da preleção pronunciada pelo Desejo que vocês compreendam que o
Pres. Brigham Young na Conferência pecado não é um atributo da natureza
Geral de Outubro do ano de 1863. humana, mas sim uma inversão dos atri­
butos que Deus lhe deu. A retidão tende
Frequentemente tecemos comentários
a uma eterna duração da inteligência
a respeito de nossa religião. Não é mi­
realizada, enquanto o pecado traz a sua
nha intenção falar sôbre êsse assunto,
destruição. Fôsse êsse o nosso propósi­
enumerando fatos e mostrando evidên­
to, neste tempo, e precisaríamos produ­
cias que não possam ser respondidas.
zir argumentos extensivos, instrutivos e
Vou somente dar-lhes um texto e fazer interessantes, de carater literário e filo­
uma declaração: nossa religião resume- sófico para sustentar essas observações.
se na verdade.
Esta expressão encerra: ela contém O HOM EM É SUJEITO AO PECADO
tôda a verdade, onde que se encontre, Eu simplesmente direi que Deus pos­
em todo o trabalho de Deus e do ho­ sui em perfeição, todos os atributos de
mem, tanto visíveis como invisíveis ao sua natureza física e mental, enquanto
ôlho mortal. que nós só os possuimos em nossa fra­
O Mormonismo é a única religião co­ queza e imperfeição, tentados pelo peca­
nhecida no céu ou na terra, que pode do e por tôdas as conseqüências da
exaltar o homem à divindade e esta po­ transgressão de Adão. Deus tem perfei­
derá ser alcançada por todos aqueles to controle sôbre o pecado e a morte;
que, com fé, observarem seus preceitos. nós estamos sujeitos a ambos, os quais
Êste pensamento traz alegria e gôzo à passaram sôbre tôdas as coisas que per­
mente, pois, como foi observado, o ho­ tencem a esta terra.
mem possui o germen de todos os atri­ Deus tem controle sôbre tôdas essas
butos e poderes que Deus, seu Pai Ce­ coisas; Êle é glorificado e vive em obe­
lestial, possui. diência às leis da verdade.

( Continuação da pág. anterior) TRAN SFORM AÇÃO GRADUAL


Estávamos a ponto de contestar
com o fim de evitar possíveis malenten­ que a introdução do primeiro êrro do ba­
didos, prosseguimos com o nosso inter­ tismo de crianças, não era nenhuma des­
rogatório. culpa para a introdução do segundo, que
— Completamente sob a água? era o do batismo por derramamento.
— Sim, completamente sob a água, Ambos são doutrinas que 'não constam
disse êle. das escrituras, e isso desejavamos dizer-
— Existia qualquer outra espécie de lhe, mas nos contivemos. Nossa intenção
batismo sem ser por imersão empregado era procurar informações, não discuti-
ou aceito pela Igreja nos tempos passa­ las .
dos? — foi a nossa pergunta. — Quando foi alterada a forma de
— Primeiramente só se fazia batismo batismo? — perguntamos novamente.
por imersão, respondeu êle. A resposta do sacerdote foi esclarece­
— Por que, prosseguimos, foi muda­ dora.
do o batismo de imersão para derrama­ — A mudança se fez gradualmente.
mento? Algumas Igrejas abandonaram-no mais
— Porque, explicou êle cortesmente, cedo que outras. As especiais dispensa-
era difícil batisar crianças por imersão. çõesdo Papa admitiam essas exceções.

226 A LIAHONA
Finalmente, o Conselho de Trento, rea­ de quatro metros e meio de largura por
lizado no Século dezesseis, resolveu um metro e trinta de profundidade — é
abolir o batismo por imersão, vindo a próprio para permitir dois atos batis­
substitui-lo pela aspersão ou derrama­ mais simultaneamente na mesma fonte,
mento. oficiando cada sacerdote em cada um
— Aqui em Nápoles, acrescentou êle dos compartimentos. A literatura obtida
com certo orgulho cívico, o método de no batistério de Pisa, relata que o ba­
imersão foi conservado até o seu próprio tismo por imersão foi alí efetuado até o
fim. século doze.
Presumimos por isso, que êle queria Os pesquisadores confirmam que a
dizer que o batismo por imersão, em história do batismo na França, corres­
Nápoles, continuou até a sua extinção ponde à da Itália. Um dos livros auto­
pelo aludido Conselho. rizados pela Igreja Católica, usado nas
Interrompemos nossa série de interro­ escolas paroquiais da Igreja naquele
gações para perguntar como Jesus foi país, cita-o claramente: “Até o século
batisado. Com respeito a isso, disse que oito, o batismo foi sempre administrado
Jesus foi batisado por imersão no Rio por imersão, mas lógo os batistérios fo­
Jordão. Então perguntamos onde pode­ ram substituídos por pias batismais a
ríamos encontrar provas de que Jesus entrada das igrejas e o batismo era con­
foi batisado por imersão no Rio Jordão. ferido por derramamento”.
Nesse ponto o sacerdote deu sinal de NAS ANTIGAS RUÍNAS
seu primeiro gesto de impaciência.
Por certo não seria muito seguro di­
— Se alguém deseja saber, disse êle
enfàticamente, se Jesus foi batisado por zer que as antigas ruínas provam que o
imersão no Rio Jordão, basta ler o ter­ batismo por imersão foi a prática do
ceiro capítulo de São Mateus. Nêsse ca­ Novo Testamento, não obstante o fato
pítulo pode-se ver que Jesus foi batisa­ dos entendidos católicos o admitirem.
do por imersão no Rio Jordão. Era bem melhor dizer que essas ruínas,
Estávamos de acôrdo com a citação que datam de um período precoce da
da passagem em questão, mas achavá- era cristã, constituem evidências sufici­
tnos um tanto surpreendente vindo de entes para provar que a imersão era
um sacerdote católico Romano. Soava usada. O fato mais convincente para
mais como a afirmação de um missio­ muitos Santos dos Últimos Dias, é que a
nário Mormon, pensamos. Agradece­ moderna revelação declara que ela foi
mos-lhe e partimos. e ainda é a verdadeira forma de ba­
tismo.
NEM SÓ EM NÁPOLES
As Igrejas Protestantes que empre­
As ruínas das antigas pias batismais gam outros métodos que não o da imer­
não estavam só limitadas a Nápoles. As são, o que fazem quase universalmente,
fontesde imersão em Siena, Verona, Ra- estão usando uma forma corrupta de
venna, Lucca e Pisa, tôdas contavam a batismo, uma ordenança substituída pe­
mesma história de uma forma de batis­ la Igreja Católica pela verdadeira dou­
mo qüe descendeu de Cristo, mas que trina que era usada na época da refor­
foi, mais tarde, abandonada. A fonte de ma Protestante.
Pisa, que fica no batistério próximo à
Um fato que aumenta a fé dos San­
tôrre inclinada, é particularmente inte­
tos dos Últimos Dias, é que Joseph
ressante. Pequenos compartimentos, em
dois dos quatro cantos, são feitos para Smith, cuja fonte de informação era a
o sacerdote oficiante a fim de batisar divina revelação, não caiu no êrro dos
sem se molhar. Realmente, o tamanho reformadores Protestantes nesse respei-
relativamente grande da fonte — cêrca ( Continua na pag. 238)

Outubro de 1953 227


OS D O Z E AP O

IO S E P H F IE L D IN G A L B E R T E. B O W E N H A R O L D B. L E E
S M IT H

M ATTHEW COW LEY H E N R Y D. M O Y L E DELBERT LEON


STAPLEY

Na Igreja que Jesus Cristo estabele­ res para construir e organizar os ramos
ceu na terra, mais ou menos há dois mil da Igreja, e podem oficiar qualquer das
anos atraz, haviam os 12 apóstolos. Ho­ sagradas ordenanças. Devem êles viajar
je em dia, como no tempo de Cristo, os entre os membros, regularizando os tra­
Doze Apóstolos são uma parte essencial balhos da Igreja onde quer que se diri­
da verdadeira Igreja. jam, mas particularmente onde não haja
Os apóstolos são chamados para se­ organização local completa. Estão auto­
rem testemunhas especiais do nome de rizados ordenar patriarcas e outros ofi­
Cristo em todo o mundo; recebem pode­ ciais do Sacerdócio, pois podem ser di-

228 A LIAHONA
TOLOS ATUAIS

SPENCER W. E Z R A T A FT B E N S O N M A R K E. P E T E R S E N
K IM B A L L

M A R IO N G. R O M N E Y . LE GRAND A D A M S. B E N N IO N
R fC H A R D S

rigidos pelo Espírito de Deus. Em todo mundo. Constituem um quorum, cuja de­
seu ministério, agem sob a direção da cisão unânime tem o mesmo poder e au­
Primeira Presidência da Igreja. toridade da Primeira Presidência da
Doze homens possuindo o apostola- Igreja. Quando a Primeira Presidência
do, devidamente organizados constituem está desorganizada, pela morte ou impe­
o Quorum dos Doze Apóstolos, tambem dimento do Presidente, a autoridade di­
designado o Conselho dos Doze. Êstes retora do govêrno reverte imediatamente
conselheiros oficiam sob direção da Pri­ sôbre o Quorum dos Doze Apóstolos,
meira Presidência em todas as partes do pelo qual é designado a Presidência.

Outubro de 1953 229


Nosso refugio na adversidade
Margaret Blair Johnstone Condensado de “Guideposts”

Que é uni Asilo? O dicionário o defi­ torrentes de montanha, onde dia sim,
ne como lugar de abrigo, de proteção. dia não, o pastor tinha que levar o seu
Por iáso, muita gente supõe que pro­ rebanho. Mas, aqui e além, êle conseguia
curar asilo em tempos agitados é fugir, descobrir “águas de remanso”, alguma
covardemente, à realidade. Mas não é poça formada nas margens e alimentada
assim. É antes fugir para a realidade. pela turbulenta corrente principal. E
Pois quando a violência da vida nos nós, também, podemos encontrar, à mar­
ameaça e não procuramos asilo, é aí que gem das torrentes da vida, as águas se­
estamos sendo “escapistas”, estamos renas que nos hão de retemperar o es­
nos desviando das inquietações e fugin­ pírito.
do às cegas no meio da confusão. Como O asilo talvez não esteja mais além
pardais que tentassem atravessar aos do nosso quintal. Desde o Éden que al­
pulinhos uma rodovia movimentada, não guns homens têm chegado “mais perto
compreendemos que temos asas para do coração de Deus, num jardim, do que
nos elevar acima do perigo que nos emqual quer outro lugar da terra”. Um
ameaça de todos os lados. estudante assinalou que o elemento de­
O asilo é então mais do que um lugar cisivo na descoberta da lei da gravita-
especial, é uma fôrça especial. E nos ção não foi tanto a queda da maçã, mas
proporciona mais do que refugio e alí­ o jardim. Newton estava sozinho, na cal­
vio; oferece-nos recuperação também. ma do pomar, quando enxergou a sua
Essencialmente, o asilo é um meio de grande verdade.
encontrar fôrças para enfrentar a vida As montanhas e o mar são lugares
com as asas abertas. É aquêle poder de perenes de asilo. “Quando as dificulda­
que nos fala a Bíblia quando diz, na pa­ des são muitas eu dou as costas à minha
lavra de Isaías: “renovarão as suas fôr­ cosinha e ponho os olhos no cenário de
ças. . . subirão com asas como águias. .. montanhas emoldurado pela minha ja­
correrão e não se cansarão. . . Caminha­ nela”, dizia uma dona de casa que tinha
rão e não se fatigarão.” a felicidade de poder erguer os olhos
Todos nós temos acesso a essa fôrça. para montanhas reais. Mas um profes­
Cedo ou tarde o nosso lado fraco brada sor meu conhecido, não dispondo dessa
por entregar o fardo a alguém mais for­ paisagem, pendurou uma marinha trans­
te. E quando êsse Alguém nos dá fôrças parente na janela do seu apartamento
para que carreguemos nós mesmos o para poder olhar para o mar tôdas as
nosso fardo, triunfalmente, é sinal de manhãs.
que encontramos asilo. Há ocasiões em que podemos encon­
Não precisamos procurar alguma ilha trar asilo simplesmente entrando em
encantada, distante da vida cotidiana, nosso quarto e fechando a porta. Tenho
para encontrarmos o nosso lugar de re­ uma amiga, assistente social, que vive
fúgio. Um dos versículos da Bíblia mais numa instituição onde a sua única jane­
conhecidos e mais mal interpretados é o la dá para uma área entulhada. Essa
que diz: “Guia-me mansamente a água criatura passa a vida andando pelas
tranqüila; refrigera a minha alma”. Mui­ ruas, subindo escadas de casas de cô­
ta gente pensa que “águas tranqüilas” modos, ouvindo histórias de miséria e
são plácidos lagos ou mansos regatos no registrando tudo, monotonamente. Uma
bosque. Mas não é assim. Trata-se de noite, parei à sua porta para lhe dar

230 A LIAHONA
um recado. Minha amiga convidou-me
para entrar. O quarto pequeno estava
todo iluminado por velas.
— É assim que eu conservo o juizo —
explicou-me ela — Tôdas as noites, du­
rante 15 minutos, acendo estas velas.
Para mim não há nada mais sereno no
mundo do que uma vela acesa.
Outros se retemperam servindo. Da
primeira vez que se sentir perseguido
pelo mêdo ou paralisado pelo desespêro,
experimente ir ao hospital de seu bair­
ro. Se não puder falar com os doentes na
enfermaria deixe um buquê de flôres. Ou
pare na casa daquele velho inválido, do
outro lado da rua, e deixe-lhe um pe­
queno presente que lhe dê prazer.
Pode-se encontrar asilo até na hora
do almôço. A música pode nos reconfor-
tar quando temos a mente esgotada ou Cada um de nós pode criar o
os nervos exaustos. “Gasto- 20 minutos seu refúgio contra os choques,
com o almoço e o resto do tempo delicio- os atritos e a mesquinha mo­
notonia da vida.
me com Brahms”, diz uma atarefadíssi-
ma jornalista. O seu asilo musical de- igreja antes de enfrentar o borborinho
volve-a aos seus compromissos “com as de um dia de trabalho.
asas levantadas”. Mas a todos nós sobrevêm tempos em
Pode-se encontrar asilo numa banhei­ que, na nossa desesperada angústia, ne­
ra de água tépida. A ablução é um dos nhum lugar na natureza, nenhum local
ritos mais antigos: a lavagem cerimo­ de solidão, nenhum santuário humano
nial para limpar a sujidade e as man­ parece capaz de nos dar asilo.
chas da vida. A hidroterapia é uma das Que fazer então?
técnicas modernas para nos aliviar do Quando o desastre ameaça um navio
cansaço e da dor. da Marinha Britânica, imediatamente se
Há ainda outras maneiras. A uma se­ escuta o toque de “Calma” , que signifi­
nhora, que criava grande família e ainda ca: “Prepare-se para agir da melhor
dirigia uma pensão, perguntaram como maneira”.
é que se mantinha tão calma e sosse­ Quando o sinal toca, poucos homens
gada. E ela respondeu: sabem qual será a melhor maneira. Mas
nos momentos de calma imposta pelo
— Está vendo aquela cadeira de ba­
lanço no meu quarto? Todas as tardes, toque, êles a descobrem. Cada homem
calcula a sua posição e avalia os seus
por mais ocupada que eu esteja, sento-
recursos. Observando o sinal de “Cal­
me nela e me embalo e esvazio a cabeça.
ma”, afastam a confusão e, frequente­
Às vêzes, porém, precisamos de es­ mente, evitam a catástrofe.
vaziar outra coisa além da cabeça; pre­
cisamos esvaziar a alma. É então o mo­ O mesmo se passa com as nossas
mento de redescobrir o fato de que “ Fôr­ emergências pessoais. Poucos entre nós
ça e formosura estão no Seu santuário”, descobrem imediatamente a melhor ma­
segundo ainda a Bíblia. Pode-se encon­ neira. “Se ao menos eu soubesse o que
trar uma e outra fazendo uma parada na ( Continua à pág. 239)

Outubro de 1953 231


ÊLE, O GRANDE HOMEM
Por OMAR L. G O N D IN

Aquêle que possui é possuido?........ tôdas as angústias da natureza. O gran­


Da verdadeira conquista nasce a sabe­ de homem não cessa de lutar, nunca se
doria do bom viver. curva, nunca deixa de estabelecer, não
O universo sem luz é ciência apaga­ vacila e não permite enganos. Vive em
da; o universo sem o homem é a idéia perene labor. Desanimar — afirma — é
sem fôrça, sem tino, sem atrativo e sem crime, quando o mundo inteiro pede a
movimento. cooperação de todos. Rompendo as tre­
Aquele que ama é feliz? Sim, apenas vas, atravessando penhascos, galgando
o amor pacifica, enobrece. montes, guiando rebanhos, ordenando
Amar é viver? Amar é Ser. Unica­ leis, dispondo, amando e sofrendo —
mente os que amam brilham. Do esplen­ Êle, o grande homem, é imensamente
dor desponta a felicidade. Apenas o venturoso.
eterno pode gerar beleza. O pensador Porque? porque compreende; porque
eleva, o pensador fixa. Nada vive fora quer, porque ama.
de cogitação. Quem ousaria negar que Êle, o grande homem, se interessa por
se multiplicando o número de pensado­ tudo, concebe a todos, fala por todos —
res, o mundo se transformaria em pou­ e a todos assimila.
cas horas? Q U E M ?. . . . A vantagem de Êle, o grande homem, não tem tempo
quem pensa — notem — é viver plena para nada, não se diverte, de vez em
e satisfatoriamente. Dos que pensam quando aconselha: — O trabalho é a
surgem as bases intrínsecas da virtude. meta dos prudentes.
O relativo é mortal. . . . Sabiam? A mi­ Vive sempre lutando, refazendo,
séria consiste em não procurar aquilo agindo.
que oferece substância. Devemos com­ Êle, o grande homem, habita em toda
bater não com armas, mas com o sa­ a parte, pensando em descanço. Êle, o
ber. A sabedoria atenua o medo da mor­ grande homem, procura construir o infi­
te. Os homens que aprenderam a con­ nitamente agradável.
servar a si próprios, os homens que des­ Esforça-se, adquire, transforma — e
cobriram que só o bem imortaliza, que prega: — Todo impulso nos abre Saa-
só a verdade reluz, move dignamente, ras gigantescos, CORAGEM . A vida é
que só Deus conhece; jamais suporta­ um experimento!. . .
ram a disputa pelas a r m a s .... Ê mil
Dedica-se a tôdos os ramos científi­
vezes preferível a quietude às pelejas
cos, a tôdas as artes, explora tôdos os
inúteis. O grande homem cria sempre,
o grande homem é. O espaço é ilusório. cumes, tôdas as regras, satisfaz a tôdos
A missão daquele que pensa, é sobre- os apetites, a tôdas as audácias.
umanizar o homem, ressaltar a vida, for­ Desconhece horizontes, feitios, pa­
jar o espírito inventivo, despertar a sim­ redes.
patia pelo estudo, fazer com que todos Comunga com as estréias, com os
se apercebam da responsabilidade para astros, com a imensidão, com os vários
consigo mesmo. O grande homem do­ sistemas planetários, abraça-se com a
mina, alarga, avança para o criador de terra, com os rios, com as florestas, co-
todas as coisas. Não se afasta das som­ munica-se com os pássaros, com os ani­
bras da terra, levando nos reconditos do mais, com os pequeninos sêres: nada
coração tôdas as mágoas, tôdos os con­ lhe é extranho. Nada lhe causa espanto,
flitos, tôdas as dores da humanidade e nada consegue abalar a sí mesmo. Êle,

232 A L1AHONA
o grande homem, ama a tôdos os sêres Eu chamo de grande homem aquele
vivos, ama o universo, a Deus. que é artista, aquele que já dormiu ao
Nos aspectos mínimos — declara — relento, aquele que já passou fome,
reside a grandeza máxima. aquele que já sofreu muito, muito, muito.
Preencher, eis o seu lema. Atingir, eis Eu chamo de grande homem aquele
a sua razão de existir, eis onde mora que ilumina, que é bom, que é amigo,
sua inteligência. e que é sincero.
Êle, o grande homem, toma parte em Eu chamo de grande homem aquele
todos os debates, faz representar em to­ que possui senso de exata responsabi­
das as reuniões, facilita a todos os par­ lidade — que sabe perdoar, aquele que
tidos, a tôdas as emprêsas, ajuda aos assimila as tétricas e infindas necessida­
menos aptos, compartilha da dor dos des de seus semelhantes, aquele que fala
infelizes, distribui idéias, dá palpites, sério, que nada ignora. Eu chamo de
empreende, colabora com a humanidade grande homem aquele que compreende
inteira. as terríveis conseqüências da má ação,
Nunca diz: — Não! Nunca declara: que evita a injustiça, que não pratica o
mal, que defende a verdade, que estimu­
— Talvez. . . Nunca revela: — Quem la — quando a maioria prega o fra­
sabe?. . . Vive continuamente atarefado. casso.
Desperta, chama, ordena e ilumina, rege
Eu chamo de grande homem aquele
aos “menos assistidos” . Da inépcia apa­
que fala diretamente com Deus. O gran­
recem os flagelos, vejam bem. Êle, o
de homem pouco discute, pouco argu­
grande homem, não pertence a nenhuma
menta: o grande homem sente, estuda,
seita. O seu reino é a explicação correta
enfrenta e executa bondosamente.
do tôdo. Êle, o grande homem, ampara
e faz evoluir aqueles que o procuram, Quando todos caem, Êle, o grande
aqueles que desconhecem o caminho da homem, levanta.
paz perpétua. Quando os outros brincam, êle traba­
lha. Enquanto os demais tramam, êle
Para êle, o grande homem, tudo tem
valor, tudo merece ser estudado, tudo medita.
é vibração contínua, tudo vive. Enquanto a humanidade busca no
passado o ensino do presente, êle, o
Vale a pena viver — diz ■ — quando
grande homem, sabe que tudo reside no
se percebe as insígnas riquezas do mun­
simples e eterno AGORA.
do e as imorredouras maravilhas do uni­
verso. Quando tudo tende à penúria, Êle pro­
clama: O céu ama aquele que nobre­
Vale a pena existir — quando alcan­
mente coopera. Da instabilidade nasce
çamos o pináculo da vertiginosa monta­
a mentira. Nada resiste à vontade da­
nha do conhecimento.
quele que consegue equilibrar-se a sí
Vale a pena sorrir — quando assisti­ mesmo. Nada pode contra a verdadeira
mos à batalha das formas — notem — essência do tôdo.
e sabemos quais os resultados das prá­ A felicidade depende da alegria, de­
ticas injustas.
pende do amor, depende do conhecimen­
Vale a pena educar — quando senti­ to, depende da liberdade!
mos a aproximação daquele que profere, Vamos! sejamos todos am ig o s!...
que diz baixinho: — “No reino de meu atrás de cada um de nós. . . que deve
Pai somos todos irmãos”. dizer?. . . S IM !. . .

Outubro de 1953 233


O MORMON herdeiros da nova Israel, esperavam a
palavra de seu Profeta. Êles deram-lhe
um título, “Vidente e Revelador”. Êle
( Tirado do Livro “Fé e Meus Ami­ os conduziu a uma vila abandonada e
gos” de Marcus Bach, que não era pantanosa, ao lado do Mississippi, onde
membro da Igreja). seis cabanas sôbre estacas, se erguiam
em meio ao pântano e a capoeira. A ter­
( Continuação do n." anterior) ra era barata. As casas estavam deser­
tas. De pé, sôbre a irregular superfície
A multidão hostil continuava sua irosa de uma pequena colina circundada por
e impaciente vigília fora da cadeia de um pântano, Joseph Smith proclamou a
Liberty. Espalhou-se a notícia de que seu povo, “É do desejo de Deus, que
fôrças Mormons, chefiadas por Brigham construamos nossa cidade aqui”.
Young, estavam sendo mobilizadas pa­ Êle falou e uma vila começou a se er­
ra salvar seu lider. A milícia estadual foi guer como produto da capacidade Mor-
novamente alertada. Passaram-se dias. mon e do ardor Mormon. Primeiramen­
Os Condados de Clay e Davies foram te, ao lugar foi dado o nome de Venus,
inundados com histórias contraditórias. depois, Comércio, mas quando a primei­
Houve um boato de que o executor ti­ ra casa bem construída de tijolos ver­
nha-se recusado a matar o Profeta, em­ melhos foi inaugurada no dia 11 de Ju­
bora êle próprio tivesse sido ameaçado
nho de 1839, o Profeta declarou: “É da
de prisão. Alguns diziam que o juiz, à
vontade de Deus, que chamemos a êste
guisa de um moderno Pilatos, arrepen­
lugar Nauvoo, que significa Belo”.
deu-se da injustiça de uma sentença tão
severa. Aqui nesta outrora soberana cidade
Outros espalhavam a notícia de que a do reino Mormon, marquei encontro com
fuga do Profeta estava sendo planejada meu amigo Ted Logan. Não nos tínha­
por um grupo de cidadãos da cidade de mos vistos durante alguns anos. Nesse
Liberty. tempo, suas cartas me mantinham a par
Decorreram-se semanas. Então, quan­ de sua sempre crescente atividade na
do a vida das vilas tinha-se acalmado, causa Mormon. Eu, por minha vez, man­
o relato de uma fuga da cadeia, trouxe tinha-o ciente de minhas explorações re­
de volta às armas, os inimigos do Mor- ligiosas. Quando êle me cumprimentou
monismo. Falava-se de um milagre. Os à entrada do Hotel Nauvoo, eu sabia que
Santos contavam isso com regosijo, êle havia mudado. Quase que instanta­
comparando-o a libertação de Pedro de neamente descobri que êle estava, cons­
sua cela em Philippi. Libertados em cir­ cienciosamente, pondo em prática os en­
cunstâncias que ninguém poderia ex­ sinamentos Mormons. Não que Ted Lo­
plicar, Joseph e Hyrum Smith, retorna­ gan se tivesse tornado um fanático, ape­
ram aos desolados acampamentos Mor­ nas êle estava tomando a sério, a Pala­
mons, espalhados ao longo da margem vra de Sabedoria. Duma coisa êle tinha
Oeste do Mississippi, em Iowa, e pelas deixado; de fumar. Por outro lado êle
práias a Este de Illinois. Brigham Young não tomava café nem chá. Mas a coisa
saiu para encontrar o Profeta. Com hu­ que mais me impressionou, era o novo
mildade e submissão voluntária, êle de­ senso de confiança e evidência de res­
volveu a liderança a Joseph Smith. “Aqui peito próprios.
estão aqueles a quem me confiastes. Ne­ “Deixei tudo nas mãos do Senhor”,
nhum foi perdido”. Aquilo era verdadei­ disse-me êle ardentemente. “A vida cos­
ro. A perseguição tinha somente aumen­ tumava ser uma luta, mas agora é um
tado as fileiras dos Santos e fortalecido prazer. Nunca tomei a sério as palavras
sua fé. Dez mil modestos mas corajosos das Escrituras. Nunca tirei qualquer

234 A LIAHONA
proveito das promessas que elas conti­ também, tinha encontrado seus óculos
nham. Mas desde o momento em que as mágicos.
aceitei e as adotei na vida diária, elas Dum promontório onde estávamos,
deram resultado”. nas proximidades da Rua Mulholland,
Palavras familiares. Eu as tinha ou­ eu divisava uma cidade de alguns mi­
vido muitas vêzes. Eu as tinha visto de­ lhares de habitantes, com uma Igreja
monstradas. Eu as encontrava em tôda Católica Romana dominando um extenso
a parte pelo caminho. e fértil vale. Mas Ted imaginava uma
“Tudo agora me parece diferente”, cidade com mais de vinte mil habitantes,
dizia Ted. “ Lembra-se de como eu cos- com os Santos trabalhando laboriosa-

Nauvoo a Cidade Bela

tumava invejar as pessoas? Lembra-se mente num templo, quase terminado, de


como eu desejava esta ou aquela coisa? um milhão de dólares. Êle via Nauvoo
Lembra-se de como eu sofria por causa em sua era dourada durante os anos
do descontrole em minha vida, tendo que de 1839 a 1846.
trabalhar num armazém, quando real­ “Aqui era o local do templo” — indi­
mente tinha minha vocação nas leis? cou êle enquanto caminhávamos para
Calculava tudo com vantagens materiais. dra com que êle foi construído, foram
Agora me vejo como parte de um plano cortados a mão. Acolá, você poderá ver
que teve seu começo muito antes desta alguns dêsses blocos, nas paredes da­
existência e que irá muito além, depois quela velha escola. Nos dias da real
que passar êsse pequeno período da v i­ Nauvoo êles estavam aqui, uns sôbre os
da. No Livro de Mormon há um ditado outros, elevando-se a uma altura de 20
maravilhoso: “Os homens existem para metros e quase 66 metros até sua enor­
que tenham gôzo”. Isto quer dizer gôzo me cúpula da tôrre, cúpula essa, que era
em tôdas as fases da vida, e é realmente coberta com fôlhas de ouro. Havia trin­
um dos maiores segredos que aprendi na ta contrafortes talhados a mão. Seu cus­
fé Mormon”. to subiu acima de um milhão de dólares
Ted Logan tinha mudado. Em algum e sua construção era maior que qualquer
lugar em sua Colina de Cumorah, êle, ( Continua à pág. seguinte)

Outubro de 1953 235


0 Mormon Ted respondeu, dizendo: “A única
( Continuação da página anterior) coisa que os Icarianos fizeram foi ini­
ciar a indústria do vinho. Os Mormons
outra em todo o Oeste Médio dos Esta­ já tinham um plano cooperativista, mui­
dos Unidos”. to antes da vinda dos Icarianos. Com
Caminhamos através das ruas até o êste plano não havia nem pobres nem
sopé da colina, onde velhas casas se ricos. Os dias começavam e terminavam
misturavam com as modernas constru­ com preces e cantos. Todos trabalha­
ções, e, para Ted, o encontro com uma vam para o bem comum, todos pagavam
época passada, estava sempre se tor­ o dízimo, todos tinham bastante tra­
nando em realidade. balho e suficiente horas de descanso.”
“Nos dias de Joseph Smith”, disse “Creio que você gostaria de ter vivido
êle, “Nauvoo era a maior cidade de Illi­ naqueles dias”, sugeri.
nois, maior mesmo que Chicago. Suas “Talvez”, respondeu êle. “Mas não
casas eram de tijolos vermelhos, estilo vivi. No entanto, vivo os princípios da
Nova Inglaterra, como aquelas que você igreja de hoje”.
está vendo lá embaixo na várzea. Cada “Mas se tudo era tão perfeito”, per­
casa era circunda por jardim. Aqui está guntei, “por que não durou? Por que
a estrada que leva às docas, onde velhos são as casas somente peças de museu
vapores, com rodas de pás, traziam os e por que Nauvoo não é mais que uni
Mórmons e imigrantes aos milhares. altar quebrado ao longo da trilha Mor­
Em tôda a parte, Ted encontrava si­ mon?”
nais de recordação da perseverança dos “ Preconceito e ódio!”, respondeu êle
Santos e evidências de sua visão e cará­ com decisão. “ De dentro, pelos traido­
ter. Numa atitude possessiva, êle perma­ res que desejavam ver a queda de Joseph
neceu diante da vivenda situada à mar­ Smith. De fora, pelos não Mormons que
gem do Mississipi. Naquela casa, feita o invejavam”,
metade de toros, metade de tábuas, vi­ “Tão simples assim?”, perguntei.
veram o Profeta e sua espôsa Emma”. “Não, não foi simples. Os maus Mor­
Caminhamos reverentemente até a Man­ mons e os não Mormons se juntaram
são Residencial que tinha sido reparada. para criticar o Profeta e suas táticas”.
“Aqui a família Smith viveu posterior­ “Quais eram os motivos?”
mente. Êles tiveram dois filhos”. “Sua pretensão às revelações. Sua
Mostrou-me, também, a Casa de Nau­ idéia de união da igreja com o estado
voo, que tinha servido como hotel, e le­ ou da igreja com a cidade. Seu progres­
vou-me ao local onde ficava o enorme so sempre contínuo”.
prédio da imprensa. Quando eu chama­ “ E também, de suas idéias a respeito
va sua atenção para lugares de interêsse da poligamia?”
presente, tais como a Escola Católica, a “Sim, também isso”, concordou Ted.
Academia e o grande Convento das Ir­ “ E a respeito disso?”, perguntei, “vo­
mãs Beneditinas, seu pensamento esta­ cê pensa realmente que Joseph Smith
va sempre há uma centena de anos teve uma revelação sôbre a pluralidade
atrás. do casamento?”
“Os Mormons tinham começado a “Certamente”, disse Ted prontamen­
construir uma universidade municipal” , te. “Mas isto foi mal interpretado. E ti­
explicou êle, “a primeira do Oeste Mé­ nha que ser. Pois os homens imorais,
dio”. imediatamente interpretavam isto em
Perguntei sôbre uni grupo conhecido têrmos imorais. E, além do mais, atra­
como Icarianos, que viveram em Nau­ vés de tôda a igreja, somente cêrca de
voo após a época Mormon, e que tinham
tentado uma experiência em comum.

2S8 A LIAHONA
três por cento dos homens praticavam a namentos de uma nova moralidade. Ai
poligamia. Penso que o Profeta previu está o que é a fé Mormon. Examine os
mesmo que a poligamia era necessária seus ensinamentos e você terá que admi­
para a igreja”. ti-los. Por que você não os examina?
“O próprio Joseph Smith praticou a Êles compreendem tudo — tradição, mi­
poligamia?” lagres, código moral, nova Escritura, e
“Sabemos que êle ensinava e advo­ o plano de salvação. Investigue a igreja
gava a causa. Sabemos, também, que e você descobrirá que ela não tem egois-
êle foi criticado por isso. Mas você não mo. É honesta, Cristã, cooperativa. Sua

As ruinas do Tempo em Nauvoo.

acha que as pessoas nos tempos do Ve­ evolução é a mais surpreendente que a
lho Testamento, também criticavam de qualquer grupo religioso do país.
Abraão e outros que tiveram mais que Como ela conseguiu isso? Deus falou
uma mulher?” através de um Profeta; o povo acredi­
“Bem, Joseph não estava vivendo nos tou e viveu a nova vida”.
tempos do Velho Testamento”, disse “Mas”, perguntei, “tivesse êle sido um
prudentemente. “Êle estava vivendo na verdadeiro Profeta, Deus ter-lhe-ia aju­
América no século dezenove”. dado e teria salvo Nauvoo. Mas, Deus
“ Isto é verdade”, disse Ted com or­ não a salvou. Por que?”
gulho, “e seu pensamento estava bem “Para responder isso”, disse Ted, “te­
além de seus dias. Êle estava, mesmo, ríamos que retroceder a um outro Pro­
planejando ser presidente” . feta. Mas penso que não encontraríamos
“0 que não seria uma boa idéia”. a resposta, nem mesmo se trilhássemos
“Por que não?”, respondeu êles. “ Por todo o caminho da Galiléia”.
certo êle tinha qualificados. E sem dú­
vida êle vivia perto de Deus. Mas existe ( Continua no próximo mês)
sempre alguns que não aceitam os ensi- Trad. de Geraldo Tressoldi.. .

Outubro de 1953 237


Sobre o
LIVRO DE MORMON e
as AMÉRICAS ANTIGAS

Uma grande multidão ficou maravilhada da Êle falou a Nefi e ordenou-lhe que se aproxi­
grande transformação que se verificou quando masse, dizendo: “Eu dou-te poderes para batiza-
êles ouviram uma voz, mas êles nada entende­ res êste povo quando Eu estiver novamente 110
ram. Não era nem áspera nem alta, não a en­ céu”. E ainda o Senhor chamou a outros. Seu
tenderam. Na terceira vez êles olharam na di­
número é de doze. Jesus disse a multidão: “Ben­
reção dos céus de onde tinha vindo o som e en­
dito sois se prestais atenção às palavras dêstes
tenderam a voz que lhes disse: “Eis meu Filho
Amado no Qual Me Alegro, no Qual glorifiquei doze”, e “benditos sois se crerdes em Mim e
Meu nome; a Êle deveis ouvir”. E êles olharam fordes batizados, depois de Me terdes visto e de
e viram um homem descendo dos céus. Êle ficou saberdes que Eu Existo. E outrossim, mais
entre êles e estendendo Sua Mão disse: “Eis que benditos serão os que acreditarem em vossas
Eu sou Jesus Cristo, cuja vinda foi anunciada palavras, pois testificareis ter-Me visto e sa­
pelos Profetas”. ( I I I Nefi 11:1 a 10). ber que Eu existo”. ( I I I Nefi 11:21; Cap. 12).

O Lar . . . ( Continuaçãoda pag. 223) Igreja haver o ideal da formação de la­


da Igreja, estabelecendo assim os dois res, para o qual o mundo todo olhe com
maiores ideais da vida. Primeiro, for­ admiração. Possam êsses lares ser
mar 0 caráter; segundo, prestar servi­ cheios do Espírito de Deus e de serviço
ço: Faça com que essas crianças sin­ ao próximo. . .
tam que, se fizerem um lar feliz, se de Aprecio a amizade; aprecio a frater­
alguma forma pagarem os sacrifícios nidade. É uma glória encontrar os filhos
paternos, estarão desenvolvendo em si de Deus. Com amizade em meu coração,
mesmos um caráter nobre. deixo-lhes a minha benção, em nome de
Pais, que o Senhor os abençoe ao Jesus Cristo. Amen.”
construírem um lar. Possa em toda a Tradução de Miriam de Castro

A Igreja no Mundo .. . só a forma original de batismo restau­


( Continuação da pag. 227) rada através do Profeta dos últimos
to. Contudo, do ponto de vista dos San­ dias, como também a autoridade para
tos dos Últimos Dias, a questão da for­ efetuá-lo. Em análise final isto é o que
ma do batismo é sobrepujada pela ainda importa.
maior questão de autoridade. E, não foi Trad. de Geraldo Tressoldi.

238 A LIAHONA
Nosso refugio . ..
Missionária Desobrigada (Continuação da pág. 221)
fazer!” bradamos, esquecendo que a or­
dem é: “Calma”.
Não importa o grau de ignorância ou
de fé; da próxima vez que precisar de
asilo, pare imediatamente tôda a ativi­
dade e faça o que fazem aqueles que já
descobriram o seu lugar de asilo:
“Aquietai-vos e sabei”, dizem os salmos.
Um número sem conta de homens e
mulheres aflitos encontram na religião
o seu “lugar certo de abrigo”, quando
o coração clama por refúgio espiritual.
Estamos voltando àquela realidade bási­
E L S IE H. E C K E R S L E Y ca que tôda religião oferece: “Deus é
Payson, Utah nosso refúgio e fortaleza, socorro bem
presente na angústia”.

PARA NOSSA SAÚDE


A falta de vitamina D, na alimentação, é a mais importante causa da
cárie dentária. Essa Vitamina não só preserva os dentes contra a cárie, como
até, segundo alguns autores, auxilia a cura dos dentes cariados.

V ID A E T E R N A Porque todos devemos comparecer ante o


E vida eterna é essa; que te conheçam, a ti tribunal de Cristo, para que cada um receba
só, por único Deus verdadeiro e a Jesús Cristo, segundo o que tiver feito por meio do corpo,
a quem enviaste. (S. João 17:3). ou bem, ou mal.

PROGRAMAS DE RADIO
Está ouvindo o mundialmente famoso Coro e Órgão da Cidade de Lago
Salgado cada semana? Pode ouví-lo nas seguintes estações:
Porto Alegre — Quartas-feiras às 8 horas — PRF-9, Rádio Difusora
Curitiba — Domingo às 19,15 horas — ZYM-5, Rádio Guairaçá
Ribeirão Preto — Domingos às 19,30 horas ■ — PRA-7, Rádio Emissora
Belo Horizonte — Segunda-feira às 12,30 horas — PRI-3, Radio Inconfidência
Santos — Domingos às 19,00 horas — PRB-4, Rádio Clube de Santos
Rio Claro — Segundas-feiras às 21,13 horas — PRF-2, Rádio Clube de Rio Claro
Campinas — Segundas-feiras às 20,40 horas — ZYY-3, Rádio Brasil
Baurú — Segundas-feiras às 20 horas — PRG-8, Rádio Clube de Baurú
Belo Horizonte — Segundas-feiras às 12,50 — PRI-1, Radio Inconfidência

No número de Novembro apresentaremos o novo Presi­


dente da Missão Brasileira e sua Exma. Família.

Outubro de 1953 239


INTENTOS DA EDUCAÇÃO DOS SANTOS O
- DOS ÚLTIMOS DIAS

A aspiração geral da educação dos Santos dos Ú lti­


mos Dias, e auxiliar, no máximo, cada membro a se tor­
nar um Santo dos Últim os Dias, no sentido mais comple­
to e significativo do têrmo.

Para se tornar um Santo dos Últimos Dias, deve-se:


P rim eiro: Desenvolver a Fé e, Deus, o Pai Eterno,
em Seu Filho Jesus Cristo, no Espírito Santo, e no Plano
de Salvação revelado ao homem por Jesus Cristo e res­
taurado na terra através do Profeta Joseph Smith.

Segundo: Consagrar nosso tempo e posses para a


perfeição do reino de Deus na terra.

Terceiro: Desenvolver uma realização para que o


reino de Deus na terra signifique a prática do amor fra­
ternal Universal, eliminação do egoismo, e inceremento
das ações tanto individuais como sociais, para que os mais
elevados e duradouros benefícios sejam extensivos a toda
humanidade.

(*) Significa “Membros” da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos
Dias. Todos os membros da verdadeira Igreja de Jesus Cristo são chamados
“Santos” — como antigamente 110 Novo Testamento da Biblia todos os seguidores
de Cristo eram chamados “Santos” tambem.

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