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A Ciência Jurídica e a Filosofia Jurídica estudam o problema do conceito de Direito no
decorrer da história, com auge no século XIX e seguintes, causando diversas
interpretações acerca do mencionado conceito, resultando na criação de várias
correntes de pensamento jurídicos, todavia, este trabalho estudará apenas as de
maior repercussão. Mesmo um magistrado atual vê-se em dificuldade em interpretar
e aplicar a norma ao caso concreto, devendo partir de algumas das correntes jurídicas
que serão apresentadas, a saber, o jusnaturalismo, o juspositivismo e suas
ramificações (escola exegética, normativismo, sociologismo), o historicismo e o
tridimensionalismo jurídicos.
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Nas Universidades, os professores liam os textos romanos e faziam comentários
sobre eles, além de expor as diversas opiniões dos doutores renomados; por vezes,
o comentário de um trecho do Digesto durava o ano letivo inteiro, tamanha a
complexidade e a minúcia que envolvia o ensino na época.
A Escola dos Comentadores (pós-glosadores, bartolistas, consultores, conciliadores)
surge depois de um período de decréscimo do método da glosa devido ao seu
esgotamento
O âmbito da letra do Corpus Iuris Civilis tornou-se insuficiente para abarcar a realidade
emergente, latente, devido às novas exigências socio político-econômicas e ao próprio
Direito, insatisfeito, nesse momento, com o método já muito restrito da glosa. Em
decorrência disso, o lapso temporal dos pós-glosadores incentivou e tornou viável o
surgimento de uma nova metodologia.
Simplesmente comentadores, que defendiam uma nova forma de interpretação do
Direito Romano. A escola do Comentadores que defendiam uma nova interpretação
do Direito Romano tinha como meios de estudo não mais por glosas, mas por longos
comentários comparativos entre o direito Romano clássico e o direito de cada região.
Assim eram retirados princípios gerais que deveriam ser aplicados na solução dos
conflitos.
A denominação de pós-glosadores é mais adequada aos glosadores que escreveram
após a Magna Glosa, mas cabe ressaltar que nenhuma das denominações (até
mesmo a de pós-glosador) é indiscutível. As simples estruturas da glosa foram
substituídas por comentários mais aprofundados, elaborados e envoltos numa
dialética-escolástica fornecedora dos alicerces de um edifício doutrinal construído com
o labor dos juristas e suas análises, não só do sentido do texto, mas de toda
possibilidade oferecida pelas conjunções textual-dialéticas.
No entanto, foi no território italiano que esses juristas alcançaram notoriedade, e suas
formas de estudar (mos italicus – atividade de estudo essencialmente prática –) os
textos romanos ganharam a autorias. A influência da escola de Bolonha se dá como
cultural, seus alunos influirão na cultura jurídica das sociedades, criando sua própria
maneira de estudar o direito (mos italicus). Autoridade se estendeu até as
contraposições da escola humanista, além de influenciar as ordenações portuguesas,
quando convocam a opinio bartolista em ocasiões necessitadas de meios subsidiários
no preenchimento das lacunas dos textos das ordenações.
Ao exemplo da escola dos Glosadores, ainda com maior difusão do ensino do Direito
na Itália, desta feita, o território Europeu também acabou sendo influenciado, durante
séculos, por essa Escola, que proporcionou uma nova visão ao Direito (tratando-se
de: Ius Commune eius proprium), como teoria e, também, como prática.
Os comentários banhados na dialética escolástica alçaram a ciência jurídica a
patamares do conhecimento até então não vistos no Ocidente, principalmente após a
vulgarização do Direito.
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E ainda nesta mesma escola dos Comentadores tenho a destacar, o nome de Bártolo
de Sassoferrato (1314-1357), Jurista de grande cabedal e, por consequência, fama,
ensinou em Pisa e Perusa.
Os Comentadores reinaram com seu método (mos italicus) até o surgimento dos
humanistas. Este método foi influenciado pela doutrina aristotélica-tomista de uma
dialética impulsionadora de verdades consistentes em argumentos de autoridades,
isto é, metodologia que buscava ligar a doutrina do direito romano com a prática
jurídica. Com isto quero dizer que esta metodologia deu força pra levantar azas às
diversas críticas dos juristas do mos gallicus que, em momento de esgotamento do
método comentador, basearam-se na forma com que estes juristas encontravam “a
verdade”: por meio do conhecimento autoritariamente estabelecido pela dialética
escolástica.
FUNDAMENTOS JURÍDICOS
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Entende-se por fundamentos ou conteúdos jurídicos, segundo GAMA:
Partir-se-á, na sequência, para o estudo das correntes jurídicas, seus corifeus, seus
pressupostos, suas explicações acerca do direito, etc.
JUSNATURALISMO
Para os jusnaturalistas:
A lei natural é imutável em seus primeiros princípios. O direito natural, imanente à
natureza humana, independe do legislador humano. As demais normas, construídas
pelos legisladores, são aplicações dos primeiros princípios naturais às contingências
da vida, mas não são naturais, embora derivem do direito natural.
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Segundo a escola jusracionalista, o método para conhecer a ordenação natural é
a Razão. “É através da razão que, voltando-se para si mesma, investiga, para
descobrir na própria consciência, os princípios e as leis naturais, válidas desde
sempre”.
Como se pode concluir, o Direito Natural fundamenta-se nos ideais de Justiça. São
princípios atemporais e imutáveis, sem os quais, o direito torna-se injusto. São
descobertos pela Razão e sistematizados por ela. Além disso, como se verá adiante,
o jusnaturalismo se opõe ao juspositivismo, porquanto esta corrente enxerga o
direito somente como as normas emanadas do Estado, sendo que tudo fora dele
não é direito, principalmente o direito natural, que é congênito e anterior ao Estado.
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Diferentemente do juspositivismo, o único método de interpretação e aplicação da
norma, no jusnaturalismo, é o dedutivo, uma vez que as leis naturais são gerais e
universais e, portanto, devem ser tomadas como paradigmas absolutos na
interpretação do caso concreto.
A teoria jusnaturalista, que está relacionada com o Direito Natural, possuía, na Idade
Média, sentido teológico. A partir da doutrina escolástica, a qual identificava aquele
com as normas morais, o conhecimento jurídico passa a ter caráter científico. Nesse
diapasão, em que o jusnaturalismo parte de uma concepção fideísta para uma
ideologia racionalizada, antropocêntrica, surge alguns filósofos a fim de explicar a
natureza humana, como Thomas Hobbes e Rousseau, por exemplo. O Direito
Natural é um precedente primígeno dos princípios gerais de direito. Possui os
mesmos elementos do “aspecto estático da normatividade” de Hans Kelsen,
como Direito Natural “transcendente” ou “transcendental”.
No primeiro caso seria um aglomerado de pressupostos éticos, divinamente
instituídos, que extrapolam a inteligência humana. No segundo, seria reconhecido
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em razão do conhecimento empírico que institui certas “invariantes axiológicas”,
sendo o valor fundamental o da pessoa humana. O jusnaturalismo hodierno
compreende o Direito Natural enquanto uma reunião de princípios que orientam a
atividade legislativa. A sua incumbência moderna reside em delinear os recursos de
proteção ao homem, para que este esteja apto à realização do bem comum.
A partir do século XIII este cenário começa a mudar, especialmente pela redescoberta
do Direito Romano através do Corpus Juris Civilis e de seu estudo nas novas
Universidades (como a Universidade de Bolonha), e a organização feudal começa a
dar espaço aos Estados com a centralização do poder nas mãos do monarca. Esta
centralização do poder cria a necessidade de um Direito que dê conta do problema de
governar grandes territórios com populações heterogêneas e o Direito Romano
aparece como o Direito ideal capaz de unificar as diversas comunidades em Estados,
já que ele era o Direito de um Império com vasto domínio territorial. Assim, há um
renascimento dos estudos romanísticos com a Escola dos glosadores [nota 1] que
considerava o texto romano quase que como "sagrado", limitando-se a realizar
pequenas explicações à margem do texto, chamadas de "glosas". Portanto, começou
a ser formada uma nova classe de juristas a partir do estudo do Direito Romano o que
mudou o pensamento jurídico de um modo local e particular de pensar para um
pensamento de matriz universalizante, isto é, um pensamento que buscava retirar do
Direito Romano padrões aplicáveis de maneira universal.
O Direito Romano passa a ser visto como superior porque sua validade não derivava
dos costumes, mas de uma pretensa correção desse Direito. Isto ocorria porque o
Direito Romano tinha um grau de sofisticação muito maior do que os direitos
consuetudinários da Europa Ocidental. Então, o Direito Romano era utilizado de forma
subsidiária em relação aos direitos consuetudinários locais, existindo, assim, um
equilíbrio, uma harmonização entre os dois Direitos. Entretanto, a partir do século XV,
os juristas passaram a mudar de atitude em relação ao Direito Romano. As glosas
eram explicações fragmentárias e assistemáticas e passaram a ser vistas como
insuficientes. O jurista deveria realizar uma adaptação do texto romano às novas
situações que surgiam. Tratava-se de passar do comentário ao texto (glosa) para o
entendimento dos conceitos abstratos que eram delineados por aquele texto, isto é, o
entendimento dos institutos jurídicos romanos criando um conhecimento cada vez
mais sistematizado e abstrato (Escola dos comentadores [nota 2]).
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Este trabalho buscou apresentar os fundamentos jurídicos, sob o enfoque das
principais correntes jurídicas.
Concluindo, baseado em princípios da natureza humana, o Jusnaturalismo
Racionalista criou uma filosofia que parte de uma leitura empírica antropológica e que
desencadeou na possibilidade de se pensar o ser humano como um ser dotado de
direitos inatos, intrínsecos à sua própria condição. A escola dos comentadores registra
um marco importante na história do direito e seu conhecimento, mas não ficaram
somente na história as suas conquistas, determinados institutos e preconceito estão
ainda vigentes na contemporaneidade ou pelo menos lançaram as bases para os
atuais.