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Marcel Duchamp foi um importante artista francês que rompeu as fronteiras entre a arte
convencional e objetos do cotidiano. Sua particularidade pelos padrões estéticos
clássicos o levou a conceber suas criações irreverentes e anunciar uma revolução
artística. Duchamp é considerado um dos principais artistas que junto a Pablo Picasso e
Henri Matisse inovaram a arte no início do século XX.
A partir de 1911 começou a pintar telas com influência cubista. É desta fase a obra
"Sonata". Ainda neste ano cria sua primeira obra inovadora, com influência cubista,
"Retrato de jogadores de xadrez".
Mas antes disso, no ano de 1915, Duchamp muda-se para Nova Iorque e inicia aquela
que é considerada sua obra prima, concluída em 1923: “O grande vidro”, composto em
duas partes: “A Noiva Despida Pelos Seus Celibatários”, um diagrama fantástico e
irônico, uma espécie de síntese entre a pintura e a escultura, e o “Moinho de chocolate”.
Em 1916, Marcel se liga aos dadaístas estadunidenses. No ano de 1919, Duchamp cria a
obra “L.H.O.O.Q.”, uma pintura provocativa da “Monalisa” com bigodes e barbicha.
Gabi - Marcel Duchamp também experimentou o cinema, como ator ao lado de Man
Ray em Entr’acte, de 1924 (abrindo a janela), que podem ser vistos jogando xadrez entre si em
um telhado parisiense. Dirigido por René Clair, o curta metragem serve como um retrato de
classe da cena vanguardista parisiense do início dos anos 20.
Em 1927 casa-se com Lydie Sarrazin-Levassor, mas se separa no ano seguinte. A partir
de 1934 estabeleceu fortes laços com o movimento Surrealista que uniu vários artistas
do Dadaísmo. Em 1955 casa-se com Teeny Sattler. Em 1955 recebeu a cidadania
Americana. Pouco a pouco passa a viver recluso junto com sua mulher.
Em seus últimos anos, ele evitou os olhos do público, preferindo jogar xadrez com
convidados selecionados até sua morte. Duchamp era um jogador obsessivo: nos muitos
momentos de reclusão, jogava por correspondência com pessoas desconhecidas –
“Saiba que o xadrez é minha droga”, disse, certa vez, em carta enviada de Buenos Aires
para uma amiga em Nova York: “Sinto que estou pronto para transformar-me num
desses maníacos que não fazem outra coisa a não ser jogar xadrez. Tudo ao meu redor
toma a forma de cavalo ou rainha, e o meu exterior só tem interesse para mim se suas
transformações levam a perder ou ganhar posições”. Duchamp, que chegava a ficar
cinco horas resolvendo problemas de posição, também traduziu livros e até escreveu
sobre xadrez – livro que hoje se transformou numa obra rara duchampiana.
A crítica radical de Duchamp às instituições de arte fez dele uma figura ímpar para
gerações de artistas que, como ele, se recusaram a seguir o caminho de uma carreira
artística convencional e comercial. Embora seu trabalho tenha sido admirado por seu
amplo uso de materiais e meios artísticos, é o impulso teórico da produção eclética, mas
relativamente limitada de Duchamp, que explica seu impacto crescente em ondas
sucessivas dos movimentos de vanguarda do Século XX e artistas individuais que
reconheceram abertamente sua influência.
Marcel Duchamp faleceu em Neuilly-sur-Seine, França, no dia 2 de outubro de 1968,
aos 81 anos.
Mas o que será que Duchamp pretendia ao colocar um mictório no museu e ainda dar a
ele o nome de “Fonte”? Por que ele converteu um objeto que era visto de uma forma
lírica e até idealizada, em outro, cujo destino era receber dejetos? Para entender seus
motivos, precisamos voltar ao contexto em que o artista estava inserido: o das
vanguardas europeias, conjunto de movimentos artísticos que sacudiu a Europa nas
primeiras décadas do século XX. Todos esses movimentos questionavam a arte como
era feita até então, predominantemente acadêmica. Diante disso, Marcel, então, começa
a difundir o “Dadaísmo”, movimento que tinha como objetivo romper o tradicionalismo
artístico, como tentativa para a desconstrução do conceito de arte da época (assunto
muito abordado em nossas aulas).
A importância das obras de Duchamp para a arte contemporânea foi imensa. Por
exemplo, elas possibilitaram a introdução de objetos da vida cotidiana no lugar dos
materiais tradicionais, algo que é muito comum nas práticas artísticas da segunda
metade do século XX. Outro aspecto fundamental é que, ao tirar o fazer artístico da
esfera do artesanal, Duchamp transforma o artista num propositor de ideias e práticas.
Na maioria de suas obras, Marcel propõe o diálogo sobre o que é a arte e qual posição a
arte, como forma de automatização dos consumidores, pode criar reflexões sobre o
mundo. A arte foi tornando-se, assim, cada vez mais conceitual. E a obra de arte perdeu
seu aspecto quase sagrado e único, para converter-se em um jogo entre artista e público.
Um desafio, muitas vezes cheio de ironia, que nos leva a pensar no que a arte de ontem
e a de hoje podem vir a significar.
Em 1911, Duchamp deixa claro, em seu trabalho, uma inovação radical e suas buscas
oscilam entre uma pintura de traços simbolistas e uma versão do cubismo 54
absolutamente pessoal. Diz ele “[...] o cubismo só me interessou por alguns meses; no
final de 1912, eu já pensava em outra coisa” (FILIPOVIC, 2008, p.29).
Processo de criação da obra La Mariée mise à nu par sés Célibataires même (A noiva
despida por seus celibatários, mesmo)
Inicia logo depois, quando fez uma viagem a Munique, o quadro La Mariée (A noiva),
uma justaposição de elementos de aparência mecânica ao mesmo tempo sensual em tom
rosado pêssego e castanho esverdeado. Começa assim o processo de criação para uma
de suas obras mais insólitas, La Mariée mise à nu par sés Célibataires même (A noiva
despida por seus celibatários, mesmo), conhecida como O Grande Vidro. Declara o
artista: “Pensei que, como pintor, era melhor ser influenciado por um escritor que por
outro pintor. E Roussel me mostrou o caminho” (FILIPOVIC, 2008, p. 33).
Ou seja, seu processo de criação, colocando como principal o ready-made (até porque é
sua principal estratégia de fazer artístico), consiste em um tipo de objeto feito com um
ou mais elementos do dia a dia, que ao serem produzidos em massa são selecionados
sem considerar nenhum critério estético e depois expostos como obras de arte em
museus e galerias. Ducham também diz que o que importa, não é a criação, mas a ideia
de seleção.
Dani – Obras
Duchamp acreditava que a habilidade técnica não deveria ser o único críterio
para se avaliar um trabalho artístico, mas que a ideia e a proposta do artista
também deveriam ser consideradas. Para ele, a definição do que é ou não arte
não deveria obedecer somente a opnião de profisissionais e estudiosos ou
apenas o gosto do público. Ele enxergava o artista como um pesquisador que
ampliava seus horizontes e apresentava inovações que poderiam causar
diferentes reações no público e na sociedade. Seus pensamentos são vistos
até hoje como a semente da arte conceitual que já vimos em aula como a
vertente artística que é uma tendencia na arte contemporânea e enxerga uma
obra muito além dos materiais e técnicas usadas para produzí-la, mas como a
apresentação ou manifestação de uma ideia ou conceito. Separamos, então,
algumas obras dele para apresentarmos e vocês conhecerem um pouco mais
sobre esse grande artista.
1. Paisagem em Blainville – Essa é uma de suas primeiras pinturas e retrata sua cidade
natal. Foi pintada em 1902 e refletia o amor de sua família por Claude Monet. Hoje está
localizada no Museu de Arte da Filadélfia.
2. Jogo de Xadrez – Obra produzida em 1910. Declarou o artista: “Ainda sou uma
vítima do xadrez. Ele tem toda a beleza da arte e muito mais. Não pode ser
comercializado. O xadrez é muito mais puro do que a arte em sua posição social” Hoje
se encontra no Museu de Arte da Filadélfia.
Anne – Obras
8. A Fonte 1917 – A maior explosão da sua carreira está sem dúvida nessa obra, onde
transformou um mictório à categoria de obra de arte. É aí que o ready-made encontra a
sua essência e domina radicalmente a arte do século XX. Essas peças “já feitas”, estão
prontas e são uma dádiva de Deus para o artista que entrega um conceito por conta
própria, explicou Duchamp.
10. A Noiva despojada de seus solteiros – A obra faz parte do projeto “O Grande
Vidro” já mencionado. Essa instalação de maquinário encaixado entre painéis de vidro
foi o primeiro “manifesto estético” de Duchamp, marcando sua rejeição às obsessões
pictóricas antiquadas com agradar aos olhos, em uma teoria que ele chamou
de “Estremecimento retiniano”. A noiva despojada de seus solteiros, investigou
tematicamente o erotismo e o desejo, o que era típico em sua obra. Hoje ela se encontra
no Museu de Arte da Filadélfia.
11. Mona Lisa. LHOOQ. – Mona Lisa em LHOOQ (O título remete à pronúncia
francesa das letras, “Elle a chaud au cul”, que se traduz aproximadamente como “Ela
tem uma bunda gostosa”.) A obra foi produzida em 1919 e ao dotar a Mona Lisa de
atributos masculinos, ele alude a Leonardo a suposta homossexualidade e gestos sobre a
natureza andrógina da criatividade. Duchamp está claramente preocupado aqui com as
inversões de papéis de gênero, que mais tarde vêm à tona nos retratos de Man Ray do
artista vestido como seu alter ego feminino, Rrose Selavy. Hoje a obra se encontra no
Museu de Arte da Filadélfia.
11. Sendo dado (Étant donnés) – é uma instalação desenvolvida entre 1946 e 1966 em Nova
York que foi mantida em segredo por anos. Instalada atrás de uma pesada porta de madeira que
foi encontrada na Espanha e enviada para Nova York, a peça consiste em um diorama visto
através de dois orifícios para os olhos . A cena retrata uma mulher nua, possivelmente morta,
com as pernas abertas, segurando um lampião a gás aceso. Uma paisagem montanhosa, baseada
em uma foto tirada por Duchamp na Suíça, cria o cenário de fundo. Construído em segredo por
um período de mais de vinte anos, Etant donnes é considerado a segunda grande obra de
Duchamp. À primeira vista, a obra é uma referência direta à pintura de Gustave
Courbet, Origem do Mundo, de 1866. Ainda assim, considerando mais de perto, a peça pode ser
vista como uma reflexão sobre as fronteiras entre artista e espectador, como um meio de
questionar a autoconsciência ou como uma meditação sobre o propósito espiritual através do
simbolismo de uma lâmpada acesa. Este é o último grande trabalho pronto do artista. Ela só foi
revelada um ano após sua morte! Mais surpreendente ainda é o fato de que a modelo que posou
para o quadro foi provavelmente a escultora brasileira Maria Martins, com quem o artista se
relacionou entre 1946 e 1951, acredita? Hoje a obra se encontra no Museu de Arte da Filadélfia.
Quinta-feira à noite
Apesar de tudo que você diz, eu gosto dessa solidão no ateliê, solidão que no fundo não
passa de uma revisita à minha própria individualidade, dando a sensação de liberdade
entre quatro paredes. Mas, se você quiser ser uma com essa minha liberdade, há espaço
para dois e uma liberdade ainda maior nascerá disso, já que a sua protegerá e aumentará
a minha, espero, e vice-versa. Você tem um problema de suscetibilidade a resolver
_asseguro-lhe que se em cada momento suscetível você aplicar uma pomada de
confiança absoluta, o resultado será doce e lhe curará docemente dessa herança
suscetível de seus ancestrais.
Você já me conhece o suficiente para saber que pela primeira vez na minha vida tenho
em relação a você uma aceitação completa, sem rebelião de qualquer sorte, que cheguei
a lhe amar puramente, ou seja, sem os artifícios de vaudeville que em geral
acompanham as tribulações amorosas de duas pessoas.
Tenho ânsia de ouvir as histórias do mar. Tento imaginar e construir o que posso a partir
de sua carta bastante explícita da praia, mas o principal é o som da sua voz que falam
muito mais do que qualquer explicação que você possa dar. Poderia até dizer que sua
voz mudou como a de um menino de 14 anos. E que a grande e profunda alegria que sai
dela, tenho certeza, é a expressão de uma felicidade distante recém-nascida.
É preciso também que nossos "eus" estejam sempre de acordo e que evitemos as trocas
mundanas de antagonismos conjugais (nada necessárias).
Espero que essa carta chegue no sábado pela manhã. Mando por avião na sexta-feira
pela manhã.
Referências:
https://www.todamateria.com.br/marcel-duchamp/
http://repositorio.ufes.br/bitstream/10/2258/1/tese_4062_ROSANA%20LUCIA
%20PASTE.pdf
https://arteeartistas.com.br/biografia-de-marcel-duchamp-e-suas-principais-obras/
https://m.folha.uol.com.br/ilustrada/2010/05/734599-leia-cartas-de-marcel-
duchamp-a-artista-brasileira-maria-martins.shtml