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1. Criminologia – Conceito
Ciência baseada no uso dos métodos empírico e interdisciplinar, que tem por objeto o estudo do
delito, do delinquente, da vítima e do controle social, com a finalidade de explicar e prevenir o crime,
intervir na pessoa do infrator e avaliar os diferentes modelos de resposta ao crime.
Decomposição analítica:
Ciência autônoma: a criminologia não se trata de mera disciplina, mas ciência autônoma,
com objeto de conhecimento e métodos próprios. O termo ciência é compreendido aqui
como conjunto de conhecimentos sobre determinado objeto, fundado em determinados
princípios.
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2. Objetos da Criminologia
1. Delito: é visto em uma concepção mais ampla que a do Direito Penal, não se limitando à conduta
prevista em lei como crime (fato típico, ilícito e culpável), mas sim ao descumprimento das regras de
convívio social em todos os seus âmbitos. A moderna Criminologia, notadamente nas vertentes de cunho
sociológico, trabalha com o conceito de conduta desviada ou desvio, que é a conduta que infringe o padrão
de comportamento esperado da sociedade. A infração é tratada como um problema social.
2. Delinquente: foi o objeto principal de estudo da Escola Positiva, mas passou a um segundo
plano na Criminologia moderna, embora não abandonado. A psicologia criminal, por ex., ainda fornece
importantes informações acerca da personalidade do delinquente e sua influência para a ocorrência do
desvio. O delinquente ou infrator é visto hoje como unidade biopsicossocial, alguém inserido em um
contexto social, e não sob o aspecto puramente patológico.
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3. Vítima: a vítima teve papel de destaque durante a época da justiça privada, mas perdeu
protagonismo quando o Estado assumiu a responsabilidade pela resolução dos conflitos. A Criminologia
moderna volta a colocá-la em posição de destaque, principalmente a partir da segunda metade do século
XX, gerando o surgimento de uma nova disciplina, a Vitimologia. O resgate do papel da vítima no Direito
Penal Brasileiro é evidenciado em diplomas normativo como a Lei nº 9.099/95 e a Lei Maria da Penha.
Modalidades de vitimização (processo que leva uma pessoa a se vitimar ou a se tornar vítima):
Cifras negras: termo muito empregado nos estudos de Criminologia, refere-se ao quantitativo de
crime que deixa de chegar ao conhecimento do Sistema de Justiça Criminal, pelos mais variados motivos.
São mais elevadas nas infrações menores e diminuem à medida que aumenta a gravidade do crime.
4. Controle Social: é exercido por diversas instâncias, formais e informais, e age no indivíduo
desde a infância (família, escola, igreja, Sistema de Justiça Criminal, etc.). Tem por objetivo transformar o
padrão de comportamento do indivíduo, adequando-o ao comportamento social dominante. O controle
social formal é exercido pelo Sistema de Justiça Criminal, composto por Polícia, Ministério Público,
Judiciário e Sistema Penitenciário. O controle social informal é exercido pela família, igreja, amigos, etc.
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A criminologia tem por função primordial reunir informações válidas e confiáveis sobre o crime, o
delinquente, a vítima e o controle social, a fim de explicar e prevenir o crime, intervir na pessoa do
infrator e avaliar os diferentes modelos de reposta ao crime.
A Criminologia, o Direito Penal e a Política Criminal ocupam-se do estudo do delito, mas com
enfoques, métodos e objetivos diversos. São considerados os três pilares do sistema das ciências criminais.
A Criminologia é ciência empírica (ser), que se vale do método indutivo para a percepção do
fenômeno delitivo em todas as suas nuances.
O Direito Penal é ciência normativa (dever-ser), que se vale do método lógico, abstrato e dedutivo.
A Política Criminal é a disciplina que oferece aos Poderes Públicos as opções concretas e mais
adequadas para o eficaz controle do crime – serve de “ponte” entre o Direito Penal e a Criminologia.
4. Escolas da Criminologia
Escolas da Criminologia:
o Escola Clássica
o Escola Positiva
o Escola Sociológica
o Criminologia Crítica
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Situa-se na chamada fase pré-científica da Criminologia, pois vale-se do método abstrato,
dedutivo e formal.
Tem como tração marcante a ideia de livre arbítrio. O homem é visto como um ser racional
e livre, e a teoria do pacto social é tida como fundamento da sociedade e do poder.
Não pesquisa os motivos que levam à criminalidade, não se preocupando com a etiologia
do fenômeno criminoso.
Tem por expoentes nomes como Cesare Beccaria (“Dos delitos e das penas”), Carrara,
Romagnosci, etc.
Surgida por volta da década de setenta do século XIX, traz para o estudo da criminologia
a metodologia de trabalho das ciências naturais, baseado no saber empírico-indutivo,
fundado na observação e análise dos fenômenos naturais. Por esta razão, afirma-se que ela
inaugura a fase científica da criminologia
Tem por objeto principal de estudo o delinquente, que age em função das regras do
determinismo biológico. Nega-se o conceito de livre arbítrio. O criminoso é considerado
diferente dos demais, um anormal, dotado de caraterísticas que o predispõe à prática do
crime e que o tornam insusceptível de adaptação à vida social.
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A função do Direito Penal seria intervir sobre o delinquente, de forma a recuperá-lo e
possibilitar o seu retorno à sociedade.
Seus principais expoentes foram Cesare Lombroso (fatores antropológicos), Raffaele
Garófalo (fatores psicológicos) e Enrique Ferri (fatores sociológicos).
Veem o delito como um fato social (nem individual nem patológico). O objeto de estudo é
deslocado para as instâncias de controle social.
O crime é abordado como fenômeno social, coletivo, cujas causas residem em fatores
diversos (fatores econômicos, mecanismos de aprendizagem, desigualdade de
oportunidades, etc.).
A sociologia criminal ganhou bastante impulso a partir da década de vinte do século XX,
nos Estados Unidos, com os estudos da chamada Escola de Chicago.
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Não se trata de uma escola própria, mas uma vertente da criminologia sociológica, com
enfoque nas instâncias de controle social, que surge a partir dos anos setenta, nos EUA.
Partem dos seguintes pressupostos: a) crítica à criminologia tradicional, considerada
conservadora e legitimadora de um sistema punitivo muitas vezes injusto; b) os
delinquentes não são pessoas que diferem, na essência, das pessoas que respeitam as leis;
c) a essência do delito está nos conflitos sociais, políticos e econômicos e nas normas legais
que definem a delinquência; d) chamam a atenção para as distorções no processo de
tipificação das leis penais e na persecução criminal (seletividade).
o Apesar do nome usualmente empregado, não pretende ser uma nova teoria, mas
apenas trazer para o estudo da criminologia novas variáveis. Tem como alguns de
seus expoentes Howard Becker e Edwin Lemert.
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identidade (“profecia que se cumpre por si mesma”). Guarda relação com o
conceito de estigmatização criminal.
Criminologia Radical
o Influenciada pelos estudos de Marx e Engels, abrange um conjunto de enfoques que tem
as seguintes características comuns: a) visão conflitual da sociedade e do Direito, que vêm
sendo marcados pela prevalência dos interesses e valores de determinados grupos (classes
sociais mais altas, por ex., cujos crimes costumam ficar impunes). O delinquente é visto
muitas vezes como alguém que busca o caminho do delito em razão da opressão e limitação
de oportunidades. b) Atitude crítica diante da criminologia tradicional, a quem se imputa a
ocultação de graves desigualdades sociais mediante o estudo meramente etiológico do
delito (estudo das causas), desviando a atenção dos problemas mais relevantes. c) Visão do
capitalismo como base do problema da delinquência, pois tolera desigualdades e promove
o delito pela exploração das classes menos favorecidas. d) Proposta de reformas profundas
nas estruturas da sociedade, pois a redução das desigualdades levará a diminuição dos
delitos.
Teoria da Anomia: desenvolvida por Robert Merton, influenciado por Durkeim, as causas
das condutas desaviadas estão relacionadas ao estado de anomia, fruto de um processo de
desintegração social derivado do abandono das regras, em geral ocasionado pela falta de
valores e princípios. Em essência, pretende descobrir as razões pelas quais, em alguns
casos, nas normas não são eficazes para orientar o comportamento das pessoas.
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Teoria da Associação Diferencial: criada por Sutherland, parte da premissa de que o
delito é uma conduta que, como qualquer outra, se aprende, e esse aprendizado ocorre
mediante processos de interação social e comunicação entre as pessoas, em especial dentro
dos grupos a que ela pertence. A teoria buscava explicar não apenas os delitos “comuns”,
mas também os chamados “crimes de colarinho branco”.
Teorias das Subculturas Criminais: trata-se de um conjunto de teorias, que afirmam não
ser possível se falar em um sistema único de valores, pois existem grupos de pessoas com
valores próprios, não compartilhados pelo restante da sociedade. Ou seja, as condutas
desviantes não representam, necessariamente, uma contrariedade a valores e interesses
gerais. A teoria foi consagrada na literatura criminológica pela obra de Albert Cohen,
denominada Delinquent Boys.
A prevenção do delito é uma das funções primordiais da Criminologia moderna, pois para a
satisfação das exigências de um Estado Democrático de Direito é necessária uma resposta estatal mais
ampla, que não se resuma a punir o infrator.
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7. Modelos de Reação ao Crime
Modelo Clássico ou Dissuasório: confere destaque à pretensão punitiva do Estado por meio de
uma reação implacável ao delito, através de pena rápida e rigorosa, demonstrando a seriedade do
sistema penal. Busca um efeito dissuasório e preventivo na comunidade. Clara tendência
intimidatória. A reparação da vítima e a ressocialização do infrator ficam em um segundo plano.
Modelo ressocializador: de orientação humanista, tem por objetivo principal do sistema penal a
reintegração social do infrator, por meio de uma intervenção positiva sobre ele. Assume a natureza
social do problema criminal. O castigo deve ser útil também para o próprio infrator.
8. Criminologia Ambiental
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Vertente da criminologia que estuda o crime, a criminalidade e a vitimização na forma como estes
elementos se relacionam com os espaços físicos.
Analisa os modos como o ambiente gera oportunidades para a prática criminosa, permitindo a
definição de medidas de prevenção que interfiram nos espaços físicos a fim de reduzir as oportunidades
para a ocorrência dos delitos.
Teoria das atividades rotineiras: o crime só ocorre mediante a convergência no espaço e no tempo
de: vítima, agressor em potencial e ausência de segurança.
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