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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

FACULDADE DE ENGENHARIA ELÉTRICA

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE FLUXO DE CARGA EM SISTEMAS


ELÉTRICOS

DISCIPLINA: SISTEMAS DE ENERGIA ELÉTRICA 1

PROFESSOR: JOSÉ WILSON RESENDE

UBERLÂNDIA, ABRIL DE 2005

1
CAPÍTULO I

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE FLUXO DE CARGA

1.1. CAPACIDADE DE TRANSMISSÃO

Na condução de energia elétrica por linhas de transmissão, há um valor máximo


de energia, acima do qual a linha não consegue aumentar a energia transferida.
Quando isso ocorre, diz-se que a linha atingiu sua capacidade estática de
transmissão ou seu limite de estabilidade estática.

Para iniciarmos nossa análise, vejamos o trecho de linha:

Figura 1.1 – Representação por fase de um sistema trifásico de transmissão.

Pode-se determinar uma expressão para as potências ATIVA e REATIVA da


linha da figura 1.,1 a partir das seguintes condições:

a) Conhecem-se as tensões V1 e Vj nas barras e a impedância Z da linha.


b) As potências aparentes Sij e Sji serão diferentes entre si, devido às perdas
(essas duas potências são consideradas positivas quando saem das barras).
c) A corrente de linha “I” é a mesma em qualquer ponto da linha e pode ser
obtida através de:
Vi − V j
I=
Z
OBS.: As tensões Vi e Vj acima indicadas, possuem ângulos de fase αi e αj
respectivamente.

A potência aparente, que flui da barra i para a barra j é dada por:


Vi* − V j*
Sij = Pij + jQ ij = Vi .I* = Vi.
Z*

2
(
-j α i −α j )
Vi − Vi . V j . e
2

Ou ainda: Sij = (1.1)


R − jX
Enquanto que a potência que flui no sentido inverso é dada por:

Sji = Pji + jQji = Vj . (-I)*


2 (
- j α j −α i )
V j − Vi . Vj . e
S ji = (1.2)
R − jX

Nos desenvolvimentos das próximas equações, a diferença (αi-αj) será


considerada como sendo “δ”.
Separando-se as partes real e imaginária das equações (1.1) e (1.2) tem-se:
Pij =
1
R + X2
2
R Vi ( 2
− R Vi . V j cos δ + X Vi . V j sen δ )
Q ij =
1
R + X2
2
X Vi ( 2
− X Vi . V j cos δ + R Vi . V j sen δ )
Pji =
1 ⎛ R V 2 − R V . V cos δ − X V . V sen δ ⎞⎟
2 ⎜
R +X ⎝ ⎠
2 j i j i j

Q ji =
1 ⎛ X V 2 − X V . V cos δ + R V . V sen δ ⎞⎟
2 ⎜
(1.3)
R +X ⎝ ⎠
2 j i j i j

Em condições ideais, onde R = 0, As equações relativas às potências ativas


ficariam assim:
Vi V j
Pij = − Pji = . sen δ (1.4)
X

Esta expressão, com tensões e reatância constantes, será máxima para δ = 90o.
Vi V j
Ou seja: Pmax = (1.5)
X

Assim, a equação (1.4) pode ser então reescrita:


Pij = Pmax . sen δ (1.6)

Da equação (1.6) pode-se observar que:

1. A maneira mais eficiente de alterarmos a potência ativa que transita pela


linha é pela variação do ângulo de fase δ.
2. A um aumento de carga ter-se-á o crescimento da potência transmitida, a qual
só ocorrerá com o aumento de δ.

3
3. Para Pij = Pmax, δ = 90o. Este será o limite de estabilidade estática: qualquer
tentativa de aumento na potência Pij levará à perda de sincronismo entre as
barra i e j.

A figura abaixo ilustra esta curva:

Figura 1.2 – Potência de linha em função do ângulo de potência.

4. Voltando à equação (1.5) pode-se observar ainda que:


Pmax cresce com o produto das tensões.
Pmax é inversamente proporcional à reatância da linha.

Veja o seguinte exemplo:


Comparemos duas LT’s de 160 Km de extensão: uma LT com as tensões
Vi = Vj = 140 kV e X = 80 Ω, com um condutor por fase e a outra LT com Vi
= Vj = 765 kV e X = 55 Ω, com quatro condutores por fase:
As potências máximas, possíveis de serem transmitidas por estas linhas
serão:
Pmax (140 kV) = 1402 / 80 = 245 MW
Pmax (765 kV) = 7652 / 55 = 10.600 MW

Observa-se que a LT de 765 kV conduz a mesma potência de 43 linhas de 140


kV!

4
1.2. ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DAS CARGAS

Existem diversos modos de se classificar uma carga:

a) Quanto ao tipo de carga:


• motores, equipamentos de aquecimento, equipamentos eletrônicos e de
iluminação.

b) Quando às diferenças elétricas principais entre os equipamentos:


• Tamanho, mono ou trifásico, constância de carga, ciclo de funcionamento
(uso regular ou aleatório).

Embora as cargas, individualmente, sejam aleatórias, as cargas vistas por um


sistema de transmissão serão concentradas. Estas cargas concentradas variam
com o tempo, de maneira previsível:
• Com as horas do dia,
• Com os dias da semana,
• E com as estações do ano.

As cargas variam, com o tempo, lentamente: de minuto a minuto as cargas são


quase constantes, um minuto é um tempo longo em Sistemas de Energia Elétrica
(SEE).
As cargas típicas, em geral, consomem potência reativa. Os motores são os mais
importantes componentes da carga total.

Figura 1.3 – Variação típica da carga com o tempo.

5
RESULTADOS DE MEDIÇÕES TENSÃO, POTÊNCIAS ATIVA E
REATIVA E FATOR DE POTÊNCIA, DURANTE UMA SEMANA, NO
LADO DE 220V DE UM TRANSFORMADOR DE DISTRIBUIÇÃO DE
RUA:

a) Tensão:
P e r ío d o : d e 1 7 / 1 0 / 2 0 0 2 a 2 4 / 1 0 / 2 0 0 2
Fas e A

Fas e B

132 Fas e C

130

128

126

124

122

120

118

Dia

b) Potência ativa:
P e r ío d o d e 1 7 / 1 0 / 2 0 0 2 a 2 4 / 1 0 / 2 0 0 2

Pot ê n cia Fase A

Pot ê n cia Fase B


30
Pot ê n cia Fase C

Pot ê n cia T ot al

25

20

15

10

D a t a e H or a

6
Fator de Potência

0,70
0,75
0,80
0,85
0,90
0,95
1,00
17/10/02 - 09:40

-2
0
2
4
6
8
10
12
17/10/02 - 13:10
17/10/02 - 16:40
17/10/02 - 20:10
17/10/02 - 23:40
18/10/02 - 03:10
18/10/02 - 06:40
18/10/02 - 10:10
18/10/02 - 13:40
18/10/02 - 17:10

d) Fator de potência
c) Potência Reativa:

18/10/02 - 20:40
19/10/02 - 00:10
19/10/02 - 03:40
19/10/02 - 07:10
19/10/02 - 10:40
19/10/02 - 14:10
19/10/02 - 17:40
19/10/02 - 21:10
20/10/02 - 00:40
20/10/02 - 04:10
20/10/02 - 07:40
20/10/02 - 11:10
20/10/02 - 14:40
20/10/02 - 18:10
20/10/02 - 21:40
21/10/02 - 01:10
21/10/02 - 04:40
21/10/02 - 08:10

Data e Hora
21/10/02 - 11:40
21/10/02 - 15:10
21/10/02 - 18:40
21/10/02 - 22:10

Período: de 17/10/2002 a 24/10/2002


22/10/02 - 01:40
Dia

22/10/02 - 05:10
22/10/02 - 08:40
22/10/02 - 12:10
22/10/02 - 15:40
22/10/02 - 19:10
P e r ío d o d e 1 7 / 1 0 / 2 0 0 2 a 2 4 / 1 0 / 2 0 0 2

22/10/02 - 22:40
23/10/02 - 02:10
23/10/02 - 05:40
23/10/02 - 09:10
23/10/02 - 12:40
23/10/02 - 16:10
23/10/02 - 19:40
23/10/02 - 23:10
24/10/02 - 02:40
24/10/02 - 06:10
24/10/02 - 09:40
24/10/02 - 13:10
24/10/02 - 16:40
24/10/02 - 20:10
24/10/02 - 23:40
25/10/02 - 03:10
25/10/02 - 06:40

7
P ot ênci a T ot al
P ot ênci a Fas e B
P ot ênci a Fas e A

P ot ênci a Fas e C
1.2.1. Dependência da Carga com Tensão e Freqüência

a) Carga simples, tipo impedância:


2
2 V
P + jQ = V .Y* =
Z*

A potência ativa será dada por:


⎡V 2 ⎤ ⎡ V2 R + j ωL ⎤ R. V
2

P = Re ⎢ ⎥ = Re ⎢ x ⎥ =P = 2
⎢⎣ Z * ⎥⎦ ⎢⎣ R − jωL R + jωL ⎥⎦ R + (2πfL )
2

⎡V2⎤ 2πfL V
2

Enquanto que a potência reativa será: Q = Im ⎢ ⎥ =


⎢⎣ Z * ⎥⎦ R 2 + (2πfL) 2

Pode-se observar assim que:


• P e Q crescem com o quadrado do acréscimo da tensão,
• P e Q decrescem com o quadrado do acréscimo da freqüência.

De maneira geral:

P = f1(f, V)

Q = f2(f, V) (1.6)

b) Cargas compostas:

Também variam com V e f. Entretanto não há uma relação simples como


para a impedância. Na prática, a dependência da carga composta com V e f é
obtida por MÉTODOS EMPÍRICOS.

Em geral, nos sistemas de energia elétrica, o interesse maior está nas variações
∆P e ∆Q provocadas por pequenas variações ∆f e ∆V.

Partindo das equações (1.6) o problema acima seria assim descrito:

∂P ∂P
∆P = ∆f + ∆V
∂f ∂V

∂Q ∂Q
∆Q = ∆f + ∆V (1.7)
∂f ∂V

8
Para as cargas compostas, as 4 derivadas parciais não podem ser obtidas
analiticamente, mas sim empiricamente.

Por que isso acontece ?


Estas derivadas variam muito com o tipo físico da carga. Por exemplo, os
motores de indução e fornos de aquecimento terão comportamentos bem
diferentes no que se refere à tensão ou potência.

c) A carga média ou típica:

Tomando uma média de vários estudos a respeito de como é uma carga típica,
tem-se que a mesma apresenta uma composição onde 60% são motores de
indução, 20% são motores síncronos e 20% são outros “ingredientes”
(equipamentos de aquecimento e iluminação, fornos de indução, etc...), tal carga
teria os seguintes parâmetros:

∂P ∂Q ∂P
=1 = 1,3 =1
∂V ∂V ∂f

∂Q/∂f é indeterminado e não é importante neste caso porque, as potências reativas


são muito pouco sensíveis à variação da frequência.

c.1) As cargas tipo impedância variam P e Q com o quadrado da tensão. As


cargas compostas variam P linearmente com V (∂P∂V = 1) e variam Q
entre linear e quadrado com V (∂Q/∂V = 1,3). Logo conclui-se que cargas
compostas dependem menos da tensão.

c.2) As cargas tipo impedância decrescem com o aumento de f.


As cargas compostas aumentam com o aumento da freqüência: a
predominância de motores explica isso (suas cargas sempre aumentam com
o aumento da freqüência (velocidade)).

9
1.3. A POTÊNCIA ATIVA E SEUS EFEITOS SOBRE FREQÜÊNCIA DO
SISTEMA

Existem diversas razões para se manter “f” dentro de limites rigorosos.


Abaixo estão listadas algumas razões para isso:
• Os acionamentos e os controles (CLP’s) são projetados para operarem
alimentados por uma onda senoidal em 60 Hz,
• os medidores de energia,
• os relés de proteção.

De uma maneira geral pode-se afirmar que os frequencímetros são os


termômetros clínicos de um SEE.

1.3.1. O Mecanismo Carga-Freqüência

Os valores de freqüências normalmente aceitos são:

Figura 1.4 – Componentes básicos do mecanismo carga-freqüência.

a) Caso ideal

Na figura acima, se G está sincronizado com a rede, ele girará na mesma


velocidade da rede. Logo, a geração de Potência Ativa será agora controlada pelo
conjugado da máquina primária (turbina hidráulica ou a vapor).
Em conseqüência disso, a velocidade não pode variar. O que de fato ocorre em
resposta às eventuais variações de potência ativa, é um avanço ou um atraso do
ângulo de rotação do rotor do gerador.

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b) Caso real

No mesmo instante, em que ocorre a variação da carga, dentro da máquina ocorre


que, ao aumento ou decréscimo de I, surgirá um conjugado de desaceleração,
oposto ao conjugado de aceleração.

Desta forma, a freqüência se alterará, para se ajustar à nova situação. Em um caso


ideal, a freqüência não variaria pois a turbina receberia exatamente a quantidade
de água (ou vapor) requerida pela demanda da carga.

c) Esquematizando um caso próximo do real(*)

Figura 1.5 – O caso próximo do real no mecanismo carga-freqüência.

(*) O esquema só não é real em um aspecto:


As turbinas, normalmente, recebem informação sobre a variação de carga,
através do Regulador de Velocidade, portanto as variações de “f” serão menores
do que o que se prevê no diagrama da figura 1.5.

Análogo mecânico

Figura 1.6 – O análogo mecânico do controle carga-freqüência.

11
1.4. A POTÊNCIA REATIVA E SEU EFEITO SOBRE A TENSÃO DO
SISTEMA

Pelo exposto na seção anterior tem-se que o balanço da Potência Ativa estará
mantido desde que a freqüência seja mantida constante.

Na presente seção será mostrado que, se a tensão for mantida constante, então
haverá equilíbrio entre Reativo gerado e consumido. Verifiquemos isso no
seguinte exemplo:

Vejamos como V2 depende do reativo Q:

Figura 1.7 – Sistema de energia elétrica simples com duas barras.

V2 = V1 – I . Z
N = V1 x I* ≅ P + jQ
P − jQ P − jQ
Explicitando I em V1 . I* = P + jQ: I = =
V1* V1

substituindo o valor da corrente “I“ em V2 = V1 – I . Z (e relembrando que, nesta


análise, Z contém apenas a parte imaginária):

⎛ P − jQ ⎞ X X
V2 = V1 − ⎜⎜ ⎟⎟. jX = V1 − Q − j P
⎝ V1 ⎠ V1 V1

Representando esta equação no diagrama vetorial abaixo:

12
Figura 1.8 – Mudança no perfil de tensão como função do fluxo de potência reativa na linha.

Da figura acima pode ser observado que:


a) variações de potência ativa P afetam muito pouco a tensão V2,
b) variações da potência reativa Q afetam bastante a tensão V2.

Dobrando Q, V2 decresce muito. Observe ainda que, se Q fosse capacitivo na


figura 1.8, V2 ficaria maior que V1.

1.5. UMA AMOSTRA DE UM ESTUDO DE FLUXO DE CARGA:

Para o sistema de duas barras abaixo e, sabendo-se que:


• V1 | = | V2 | = 1,0; X = 0,03
• SD1 = 10 + j3 (carga na barra 1)
• SD2 = 20 + j10 (carga na barra 2)
• PG2 = 10 pu (geração de ativo na barra 2)
• PG1 = 20 pu (geração de ativo na barra 1)

Pede-se: δ12, QG1, QG2 e as perdas.

13
Figura 1.9 – Sistema de duas barras.

Solução:
Sendo PD2 = 20 pu e PG2 = 10 pu, conclui-se que deverá vir da barra 1 a potência
V1 . V2
P12 = 10 pu. Assim, nas equações (1.3), fazendo R = 0: P12 = −P21 = sen δ
X
P12 . X 10 . 0,03
Explicitando-se “senδ” nesta equação: sen δ = = = 0,3
V1 . V2 1 .1
Logo, tem-se para o ângulo de potência, δ = arc sen 0,3 = 17,5o
Conhecendo-se δ, podemos obter o fluxo de Potência Reativa na linha:
Q12 =
1
X
( 2
V1 − V1 . V2 . cosδ )
Q 21 =
1
X
(
V2
2
− V1 . V2 . cosδ )
Q12 =
1
0,03
( )
1 − cos 17,5 o = 1,87 pu

Q 21 =
1
0,03
( )
1 − cos 17,5 o = 1,87 pu

Logo as potências reativas saem das barras em ambos os extremos, isto é, as


perdas reativas são ∆Q = 1,87 + 1,87 = 3,74 pu.

As Potências Reativas geradas nas duas barras são:


QG1 = QD1 + Q12 = 3 + 1,87 = 4,87 pu

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QG2 = QD2 + Q21 = 10 + 1,87 = 11,87 pu

QG1 e QG2 são reativos a serem produzidos pelos geradores e/ou por capacitores,
se quisermos manter V1 = V2 = 1,0.

Observações
1. As equações (1.3) contém seis variáveis |V1|, |V2|, δ, P12, Q12 e Q21. Para
resolvê-las, deveremos especificar três das variáveis. As outras três serão
incógnitas: no exemplo, foram especificadas: |V1| = |V2| = 1 pu, P12 = 10 pu.

2. Caso se especifique δ = 30o, |V1| = |V2| = 1,0:

V1 . V2 1.1
P12 = − P21 = . sen δ = . 0,5 = 16,67 pu
X 0,03
Q12 =
1
X
(
V1
2
− V1 . V2 . cosδ = )1
0,03
(1 − 1 − 0,866) = 4,47 pu
Q21 = 4,47 pu

3. Especificando P12 = 10 pu, Q12 = Q21 = 0: - as variáveis que precisam ser


determinadas são δ, | V1 | e | V2 |. As três equações para se obter as três
incógnitas são:
V1 . V2
10 = . senδ
X

0=
1
0,03
(2
V1 − V1 . V2 . cosδ )

0=
1
0,03
(
V2
2
− V1 . V2 . cosδ )
As duas últimas equações são redundantes (pelo fato de V1 e V2 terem
praticamente os mesmos valores), ou seja, são linearmente independentes. Estas
equações não nos darão condição de resolver o sistema de 3 incógnitas pois, na
prática, tem-se somente 2 equações.

Outro exemplo numérico:


Os dados iniciais para o sistema de transmissão abaixo são:
Vn = 345 kV; L=80 km; z = 5 + j40 [Ω].

Para Vi = 345 kV∠10o e Vj = 360 kV∠0o . Pede-se:


a) Calcular as potências ativa e reativa em cada extremo.
b) Calcular as perdas ativa e reativa.

15
Para este exemplo, as seguintes suposições serão assumidas:
1. A linha tem uma impedância série Z = R + jX por fase.
2. A corrente de linha I é a mesma ao longo da linha. Para linhas longas isto
não é verdadeiro.

Devido às perdas na linha, as potências transmitidas medidas em cada terminal da


linha não serão iguais. Nós nomeamos as potências na linha Sij e Sji como
medidas nos pontos i e j,

a1)

1
Pij = (5 x 3452 – 5 x 345 x 360 x cos 10o + 40 x 345 x 360 x sen 10o)
5 + 40
2 2

Pij = 520,77 MW

1
Pji = (5 x 3602 – 5 x 345 x 360 x cos 10o – 40 x 345 x 360 x sen 10o)
5 + 40
2 2

Pji = 508,46 MW

b1)

∆P = Pij – Pji = 12,31 MW

a2)

b2)

1
Q ij = (40 x 3452 – 40 x 345 x 360 x cos 10o – 5 x 345 x 360 x sen 10o)
5 + 40
2 2

Qij = 147,30 MW

1
Q ji = (40 x 3602 – 40 x 345 x 360 x cos 10o + 5 x 345 x 360 x sen 10o)
5 + 40
2 2

16
Qji = 245,73 MVAr

∆Q = Qij + Qji = 98,43 MVAr

c) para Vi = 345∠10o e Vj = 345∠0o recalcule os ítens a e b:

1
Pij = (5 x 3452 – 5 x 3452 x cos 10o + 40 x 3452 x sen 10o) = 514,33 MW
1625

1
Pji = (5 x 3452 – 5 x 3452 x cos 10o – 40 x 3452 x sen 10o) = -503,2 MW
1625

∆P = 11,13 MW

1
Q ij = (40 x 3452 – 40 x 3452 x cos 10o – 5 x 3452 x sen 10o)
1625

Qij = -321,72 MVAr

1
Q ji = (40 x 3452 – 40 x 3452 x cos 10o + 5 x 3452 x sen 10o)
1625

Qji = -410,74 MVAr

∆Q = 89,02 MVAr

d) para Vi = 345∠15o e Vj = 360∠0o recalcule os ítens a e b:

1
Pij = (5 x 3452 – 5 x 345 x 360 x cos 15o + 40 x 345 x 360 x sen 15o)
1625

Pij = 788,37 MW

1
Pji = (5 x 3602 – 5 x 345 x 360 x cos 15o – 40 x 345 x 360 x sen 15o)
1625

Pji = -761,63 MW

∆P = 26,74 MW

1
Q ij = (40x3452-40x345x360xcos 15o-5x345x360xsen 15o) = -122,12 MW
1625

17
1
Q ji = (40 x 3452 – 40 x 3452 x cos 15o + 5 x 3452 x sen 15o)
1625

Qji = -410,74 MVAr

∆Q = 213,88 MVAr

Resumo:

*************** Vi = 345∠10o Vi = 345∠10o Vi = 345∠15o


*************** Vi = 360∠0o Vi = 360∠0o Vj = 360∠0o
Pij 520,77 514,33 788,33
Pji -508,46 503,20 -761,63
∆P 12,31 11,13 26,74
Qij -147,30 -321,72 -122,12
Qji 245,73 410,74 336,00
∆Q 98,43 89,02 213,88

CONCLUSÕES:

1. Dependendo do ângulo de fase das tensões das barras i e j, ainda que | V1 | < |
Vj |, a potência flui de i para j.
2. As perdas ativas são baixas (≅ 97%).
3. Uma variação no nível de tensão de uma barra afeta o fluxo de reativo,
porém, praticamente não afeta o fluxo de ativo.
4. Uma variação do ângulo de fase δ afeta bastante o fluxo de potência ativa na
linha.

18
1.6. CARACTERÍSTICAS DE FUNCIONAMENTO DE UM SISTEMA

Toma-se como exemplo inicial o caso da figura 1.10 abaixo, que é bem simples.

Figura 1.10 – Sistema de transmissão simples com duas barras.

Define-se a potência de barra como sendo a potência gerada menos a potência


consumida:

Sv = SGv - SDv

Assim:
Potência de barra 1 = P1 + jQ1 = (PG1 – PD1) + j(QG1 – QD1)
Potência de barra 2 = P2 + jQ2 = (PG2 – PD2) + j(QG2 – QD2)

De forma genérica junta-se as potências do gerador e da carga, de uma barra,


em uma só potência: a potência de barra, S = SG – SD.

19
Figura 1.11 – Exemplo do sistema com duas barras – seu circuito
equivalente.

Equilíbrios a serem mantidos:

a) Equilíbrio entre a potência ativa gerada e a potência ativa consumida


(demanda) + perdas ativas.

É conseguido agindo sobre as turbinas (por meio dos reguladores de


velocidade). A freqüência pode (e deve) ficar constante, durante todo o período.

b) Equilíbrio entre a potência reativa gerada e a reativa consumida


(demanda de reativo) + perdas reativas.

É conseguido agindo sobre a corrente de campo dos geradores síncronos. A


tensão pode (e deve) ficar constante, durante todo o período.

1.5.1. As Equações Estáticas do Fluxo de Carga (EEFC)

1. Balanços de corrente:

Barra 1 Barra 2
J1 = IS1 + IL1 J2 = IS2 + IL2 (1.8.a)
S*1/V*1 = V1 . Y + (V1 – V2)/Z S*2/V*2 = V2 . Y + (V2 – V1)/Z (1.8.b)

2. Parâmetros da linha:

j
Y= (1.9)
Xc

⎛π ⎞
j⎜ −α ⎟
⎝2 ⎠
Z = R + jX L ≈ X L e (1.10)

3. Tensões de barra:

20
V1 = V1∠δ1

V2 = V2 ∠δ 2 (1.11)

Retomando S = SG – SD:

S1 = SG1 – SD1 = PG1 + jQG1 – (PD1 + jQD1) = PG1 – PD1 + j(QG1 – QD1)

S2 = PG2 – PD2 + j(QG2 – QD2) (1.12)

Finalmente, desenvolve-se as 2 equações (1.8.a) e (1.8.b), substituindo nas


mesmas as equações (1.9), (1.10) e (1.11).
Em seguida, desenvolvendo-se (1.8b) como foram desenvolvidas as
equações (1.12), as equações (1.8b) poderão ser ampliadas para quatro equações:

2
V1 V1 . V2
PG1 − PD1 − . sen α + . sen[α - (δ1 − δ 2 )] = 0 (1.13a)
XL XL

2
V2 V1 . V2
PG 2 − PD 2 − . sen α + . sen[α - (δ1 − δ 2 )] = 0 (1.13b)
XL XL

2 2
V1 V1 V1 . V2
Q G1 − Q D1 + - . cos α + . cos[α − (δ1 − δ 2 )] = 0 (1.13c)
XC XL XL

2 2
V2 V2 V1 . V2
Q G 2 − Q D2 + - . cos α + . cos[α + (δ1 − δ 2 )] = 0 (1.13d)
XC XL XL

Estas são as equações estáticas do fluxo de carga (EEFC).

1.5.2. Características Importantes das EEFC

As equações apresentadas são algébricas mas não lineares, relacionam tensões e


potência: as correntes estão portanto implícitas, da mesma forma a freqüência
(que neste caso deve ser suposta constante pois o regime é permanente). O
balanço da potência ativa pode ser obtido somando-se as equações (1.13a) e
(1.13b):
PG1 + PG 2 = PD1 + PD 2 +
sen α
XL
[2
. V1 + V2
2
]
− 2 . V1 . V2 . cos(δ1 − δ 2 ) (1.14)
onde PG1 + PG2 é a potência gerada, PD1 + PD2 é potência consumida e o restante
da equação (1.14) são as perdas ativas (PL)1.1

1
Se R = 0, neste caso α ≅ R/X = 0 o então sen α = 0 e as perdas ativas são nulas.

21
De maneira análoga, o balanço da potência reativa será dado pela soma das
equações (1.13c) e (1.13d):
[ ]
2 2
cos α V1 + V2
− 2 V1 . V2 cos(δ1 − δ 2 ) −
2 2
Q G1 + Q G 2 = Q D1 + Q D 2 + V1 + V2 (1.15)
XL XC

onde QG1 + QG2 é a potência reativa gerada nos geradores, QD1 + QD2 é potência
reativa consumida o segundo termo do lado direito da equação (1.15) são as
perdas reativas (QL). O terceiro termo do lado direito da equação (1.15) é a
potência reativa gerada na linha de interligação.

As perdas PL e QL têm como variáveis gerenciáveis no dia-a-dia, apenas V1, V2,


δ1 e δ2:
PL = PL(|V1|, |V2|, δ1, δ2); QL = QL(|V1|, |V2|, δ1, δ2 (1.16)

As EEFC possuem 3 parâmetros fixos (α XL e XC) e 12 variáveis:


PG1, PD1, |V1|, δ1, QG1, QD1, PG2, PD2, |V2|, δ2, QG2 e QD2.

São 4 equações não lineares e 12 incógnitas ! Portanto para resolver as EEFC,


deve-se fixar 8 valores, para que se tenha apenas 4 incógnitas, e, assim possa-se
tentar uma solução.

1.5.3. Classificação das Variáveis do Sistema

a) Variáveis não controláveis (ou de perturbação).

São dadas pelo vetor de perturbação p:


⎡ p1 ⎤ ⎡ PD1 ⎤
⎢p ⎥ ⎢ Q ⎥
p = ⎢ 2 ⎥ = ⎢ D1 ⎥ (1.17)
⎢ p 3 ⎥ ⎢ PD 2 ⎥
⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎣ p 4 ⎦ ⎣Q D 2 ⎦
Estas variáveis são determinadas pelo consumidor. Suas imprevisíveis
variações podem desviar o Sistema de Energia Elétrica de suas condições
nominais.

b) Variáveis de estado e de controle

b.1) de estado = são aquelas utilizadas para controlar as variáveis de controle:

⎡ x 1 ⎤ ⎡ δ1 ⎤
⎢x ⎥ ⎢ V ⎥
x = ⎢ 2⎥ = ⎢ ⎥
1
(1.18)
⎢x 3 ⎥ ⎢ δ 2 ⎥
⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎣ x 4 ⎦ ⎣⎢ V2 ⎦⎥

22
b.2) de controle = são as saídas dos geradores:

⎡ u 1 ⎤ ⎡ PG1 ⎤
⎢u ⎥ ⎢ Q ⎥
u = ⎢ 2⎥ = ⎢
G1 ⎥
(1.19)
⎢ u 3 ⎥ ⎢ PG 2 ⎥
⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎣ u 4 ⎦ ⎣Q G 2 ⎦

1.5.4. Solução das EEFC (para as duas Barras)

a) Método ideal:

Etapa 1: Admite-se conhecida a demanda do consumidor, isto é, os 4


parâmetros p.
Etapa 2: Especifica-se as 4 potências geradas nas barras, isto é, as 4 variáveis de
controle u.
Etapa 3: As variáveis x podem ser determinadas: 4 equações, 4 incógnitas.

Por que não se pode proceder desta forma ?


I) As potências geradas não podem ser especificadas:
Potência gerada = Demanda + Perdas

As perdas não são conhecidas, pois são funções das variáveis x (de
estado) ainda desconhecidas. Desta forma, (PG1 + PG2) e (QG1 + QG2) não podem
ser determinadas simultaneamente.
A solução portanto é especificar duas destas quatro incógnitas. Por
exemplo, PG2 e QG2 são especificadas com PG1 e QG1 sendo deixadas como
incógnitas.

II) Há que se ter, sempre, uma tensão com referência:

Desta forma, δ1 ou δ2 deverão ser especificados em 0o, ou seja δ1 = 0o ou δ2 =


0o.

23
Assim a etapa 3 do método ideal de solução não poderá ser cumprida da
maneira como se pretendia (determinação das 4 variáveis), pois uma delas,
normalmente, é especificada (δ1 = 0o ou δ2 = 0o).

b) Método real:

Etapa 1: Repete-se a Etapa 1 anterior: os 4 parâmetros p são conhecidos (PD1,


QD1, PD2, QD2).

Etapa 2: Especifica-se duas das quatro potências geradas. Por exemplo: PG2 e
QG2 são especificadas e PG1 e QG1 deixadas como incógnitas.

Etapa 3: Especifica-se duas das quatro variáveis de estado x. Normalmente |V1| é


especificada, δ1 especificada em 0o com |V2| e δ2 sendo incógnitas.

Etapa 4: As 4 EEFC devem ser resolvidas para as 4 incógnitas: |V2|, δ2, PG1 e QG1.

A desvantagem deste procedimento é que |V2| é uma incógnita. Quando for


obtido, pode-se verificar que seu valor está muito acima ou muito abaixo do valor
nominal, o que pode ser indesejável.

1.5.5. Um Sistema com n Barras

As quatro equações (1.12) podem ser expressas, simplificadamente, como:

fi(x, u, p) = 0 para i = 1, 2, 3, 4 → equações

Estas quatro equações podem ser reescritas, também, como uma única equação
vetorial:

fi(x, u, p) = 0 → forma vetorial das EEFC (1.20)

Esta equação teria como componentes:

⎡ f1 ⎤ ⎡ x1 ⎤ ⎡ u1 ⎤ ⎡ p1 ⎤
⎢f ⎥ ⎢x ⎥ ⎢u ⎥ ⎢p ⎥
f = ⎢ 2⎥ x = ⎢ 2⎥ u = ⎢ 2⎥ p = ⎢ 2⎥ (1.21)
⎢f 3 ⎥ ⎢x 3 ⎥ ⎢u 3 ⎥ ⎢p 3 ⎥
⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎣f 4 ⎦ ⎣x 4 ⎦ ⎣u 4 ⎦ ⎣p 4 ⎦

Resumindo: até este ponto o estudo envolveu 2 barras. Foram 4 equações (2 x


2 barras), 12 variáveis (6 x 2 barras).

24
Para n barras tem-se portanto 2 x n equações e 6 x n variáveis. As 6 x n
variáveis são:

n módulos de tensões |V1|,


n fases de tensão de barra δ1,
n potências ativas geradas PGi,
n potências reativas geradas QGi,
n demandas de potência ativa PDi,
n demandas de potência reativa QDi.

A forma vetorial da equação (1.22) será de 2n.

⎡1⎤ ⎡ PG1 ⎤ ⎡ PD1 ⎤


⎢V ⎥ ⎢Q ⎥ ⎢Q ⎥
⎡ x1 ⎤ ⎢ ⎥
1 ⎢ G1 ⎥ ⎢ D1 ⎥
⎢x ⎥ ⎢ 2 ⎥ ⎢ PG 2 ⎥ ⎢ PD 2 ⎥
⎢ ⎥ 2 ⎢ ⎥ ⎡ u1 ⎤ ⎢ ⎥ ⎡ p1 ⎤ ⎢ ⎥
⎢•⎥ ⎢ V2 ⎥ ⎢ u ⎥ ⎢Q G 2 ⎥ ⎢ p ⎥ ⎢Q D 2 ⎥
x=⎢ ⎥=⎢ • ⎥ u = ⎢ 2⎥ = ⎢ • ⎥ p = ⎢ 2⎥ = ⎢ • ⎥ (1.22)
⎢•⎥ ⎢• ⎥ ⎢u 3 ⎥ ⎢ ⎥ ⎢p 3 ⎥ ⎢ ⎥
⎢•⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ • ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ • ⎥
⎣u 4 ⎦ ⎢ • ⎥ ⎣p 4 ⎦ ⎢ • ⎥
⎢ ⎥ ⎢• ⎥
⎢⎣ x n ⎥⎦ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎢n⎥ ⎢ PGn ⎥ ⎢ PDn ⎥
⎢V ⎥ ⎢Q ⎥ ⎢Q ⎥
⎣ n⎦ ⎣ Gn ⎦ ⎣ Dn ⎦

1.5.6. Restrições Práticas das Variáveis de Estado e de Controle

a) Variáveis de Estado
1. |Vi min| < |Vi| < |Vi max| (i = 1, 2, ..., n). Isto significa que o módulo de qualquer
tensão deve estar dentro de uma faixa Em geral, admite-se Vi + 5 ou
10%.
2. O ângulo de potência máximo para uma linha ij é especificado: |δi - δj| < |δi -
δj max|.

b) Variáveis de Controle

As fontes de P e Q possuem limitações de projeto, que podem levar às seguintes


restrições:
PGi,min < PGi < PGi,Max; QGi,min < QGi < QGi,max

Como exemplo, em algumas barras do sistema pode-se ter restrições do tipo:


PGi = 0 e/ou QGi = 0

25
1.5.7. Classificação das Barras

Barra tipo 1:

Na barra tipo 1 conhece-se PDi e QDi e especifica-se PGi e QGi. Assim pode-se
dizer que as Potências de Barra, Pi e Qi foram especificadas, esta é denominada
uma Barra de Carga.
Solução das EEFC: |Vi| e δ.

Barra tipo 2:

Na barra tipo 2 conhece-se PDi e QDi e especifica-se |Vi| e PGi. Assim pode-se
dizer que a Potência de Barra, foi especificada, esta é denominada uma Barra
de Tensão Controlada, pois a tensão pode ser especificada.
Solução das EEFC: QGi e δi.

Barra tipo 3:

Na barra tipo 3 conhece-se PDi e QDi e especifica-se |Vi| e δi ≈ 0. Assim pode-se


dizer que a Tensão de Barra, Vi foi especificada, esta é denominada uma Barra
de Referência (ou Barra Oscilante), pois as potências ativa e reativa mudam
para cada modo de carregamento do sistema.
Solução das EEFC: PGi e QGi.

1.6. O FLUXO DE CARGA E SUAS DEFINIÇÕES

1. Considerações gerais

Um sistema de potência, para atender a um conjunto finito de demandas em suas


várias barras, pode funcionar em infinitas condições.

26
É tarefa do engenheiro selecionar a(s) melhor(es) condição(ões). Esta escolha é
feita após o estudo do fluxo de carga.

a) Em cada instante, a potência gerada deve ser igual à potência consumida


(incluindo perdas).

No tempo t1
PG1 + PG2 + ... + PGn = D

Figura 1.12 – Sistema com 3 barras e seu circuito equivalente.

No tempo t1 + ∆t:
PG1 P + ∆PG1 PG1 PG1 + ∆PG1
= G1 = =
PG 2 PG 2 + ∆PG 2 PGn PGn + ∆PGn

b) As linhas de transmissão não devem operar próximas de seus limites de


estabilidade.

c) As tensões nas barras devem estar dentro de limites estreitos:


Vi + ∆Vi ≥ Vi ≥ Vi - ∆Vi ⇒ ∆Vi ≈ 5%

27
d) No sistema em estudo, Si deve atender à exigências contratuais e técnicas do
sistema interligado.

e) Deve prever as faltas, uma tentativa de minimizar seus efeitos no sistema.

Figura 1.13 – Reconfiguração do sistema de 3 barras para 3 nós.

1.6.1. As EEFC na Forma Genérica

Como visto anteriormente, um conjunto de 4 equações representa as


EEFC para um sistema com apenas duas barras. Procura-se agora mostrar
como são as EEFC para n barras. Inicialmente seja n = 3, como no sistema da
figura 1.12.

De acordo com a figura 1.12, na barra 1 existe geração e carga, se


constituindo portanto em uma barra mista. A barra 2 possui somente geração,
ou seja, é uma barra de geração. A barra 3 contém somente carga. Não há
geração de ativo (mas há de reativo), Portanto é uma barra de carga.

O sistema pode ser redesenhado da forma apresentada na figura 1.13. Na


figura 1.13, as admitâncias foram reduzidas ao mínimo. As barras são
denominadas de nós.

J1, J2 e J3 são correntes que chegam aos nós enquanto V1, V2 e V3 são tensões de
nós.

J1 = V1 Y1 + (V1 – V2) Y5 + (V1 – V3) Y4

J2 = V2 Y2 + (V2 – V1) Y5 + (V2 – V3) Y6 (1.21)

J3 = V3 Y3 + (V3 – V1) Y4 + (V3 – V2) Y6

Introduzindo as seguintes impedâncias:

Y11 = Y1 + Y4 + Y5

28
Y22 = Y2 + Y5 + Y6
Y33 = Y3 + Y4 + Y6
Y23 = Y32 = -Y6
Y13 = Y31 = -Y4
Y12 = Y21 = -Y5

As equações (1.21) ficam:


J1 = Y11 V1 + Y12 V2 + Y13 V3
J2 = Y21 V1 + Y22 V2 + Y23 V3 (1.22)
J3 = Y31 V1 + Y32 V2 + Y33 V3

Reescrevendo-as sob a forma matricial, estendendo o raciocínio para o caso geral


de n barras:
⎡ J 1 ⎤ ⎡ Y11 Y12 L Y1n ⎤ ⎡ V1 ⎤
⎢ J ⎥ ⎢Y Y22 L Y2 n ⎥⎥ ⎢⎢ V2 ⎥⎥
⎢ 2 ⎥ ⎢ 21
⎢ ⋅ ⎥=⎢ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⎥ ⋅ ⎢ ⋅ ⎥
⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎢⋅⎥ ⎢ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⎥ ⎢ ⋅ ⎥
⎢⎣J n ⎥⎦ ⎢⎣Yn1 Yn 2 L Ynn ⎥⎦ ⎢⎣Vn ⎥⎦
Jbus = Ybus . Vbus (1.23)

Onde Jbus é o vetor das correntes de barra Ybus é a matriz das admitâncias
nodais de barra e Vbus é o vetor das tensões de barra. Na prática, as potências de
barra Si é que são usadas, ao invés das correntes de barra. Reescrevendo a
equação (1.23) com Ji = S*/V*i.

Pi − jQ i
Ji = = y i1 . V1 + y i 2 . V2 + L + y in . Vn
Vi*
para i = 1, 2, ... , n.

Pi – jQi = yi1 . V1 . V*i + yi2 . V2 . V*i + ... + yn . Vn . V*i = 0 (1.24)

para i = 1, 2, ... , n.

Esta última é a equação geral das EEFC. É uma equação complexa, que
representa duas equações reais. Mais precisamente: as n equações complexas
representam 2n equações reais.

NOTAS:
I) As equações (1.24) para n = 2 são idênticas às 4 equações (1.13).
II) A matriz Ybus(Z-1bus) constitui a representação das partes passivas do sistema,
em forma sistemática.

yii = soma algébrica de todas admitâncias incidentes no nó i.


yij = admitâncias que ligam os nós i e j com sinal negativo.
29
1.7. EXEMPLOS DE FLUXO DE CARGA

Exemplo no 1:

a) Simplificações: (visam dispensar o uso de computador)

a.1) R = 0
a.2) sen δ ≈ δ (os ângulos de potência são pequenos, já que as linhas
transportarão pouca carga). Assim, as EEFC ficarão lineares e uma solução
analítica será possível de ser efetuada (não havendo, portanto a necessidade de se
adotar nenhum método numérico de solução).

b) Dados da rede: UB = 120 kV; MB = 50 MVA

Figura 1.14 – Sistema de três barras, sem perdas.

⎡− j20 j10 j10 ⎤


Ybus = ⎢ j10 − j20 j10 ⎥⎥

⎢⎣ j10 j10 − j20⎥⎦

c) Especificações das tensões de barra: |V1| = |V2| = |V3| = 1,0.

d) Especificações das potências de barra:

BARRA DEMANDA DEMANDA GERAÇÃO GERAÇÃO


ATIVA REATIVA ATIVA REATIVA
1 PD1 = 1 QD1 = 0,5 PG1 = 0,5 QG1 = não esp.
2 PD2 = 0 QD2 = 0 PG2 = 1,5 QG2 = não esp.
3 PD3 = 1 QD3 = 1 PG3 = 0 QG3 = não esp.

30
NOTAS:

1. Como se pode observar, todas as tensões de barra foram especificadas.


Portanto, deverá haver então, em cada barra, fontes de reativo. No presente
caso, pode-se afirmar que as barras 1 e 2 receberão reativo dos geradores ali
presentes enquanto que a barra 3 será servida por capacitores (ou
compensadores estáticos de reativos).
2. Sendo 3 barras, serão 2 n = 2 . 3 = 6 incógnitas. Elas serão reduzidas para 5,
pois δ1 = 0o. As incógnitas serão δ2, δ3, Q1, Q2 e Q3.
3. As 3 variáveis de geração ativa puderem ser especificadas neste exercício,
pois as perdas ativas são nulas (R = 0). O mesmo não ocorre com a geração
reativa.
4. Finalmente, as potências de barra na sua forma usual, são:

S1 = P1 + jQ1 = PG1 – PD1 + j(QG1 – QD1) = 0,5 – 1,0 + j(QG1 – 0,5)

S1 = -0,5 + jQG1 – 0,5)

S2 = P2 + jQ2 = PG2 – PD2 + j(QG2 – QD2) = 1,5 – 0 + j(QG2 – 0)

S2 = 1,5 + jQG2

S3 = P3 + jQ3 = PG3 – PD3 + j(QG3 – QD3) = 0 – 1,0 + j(QG3 – 1,0)

S3 = - 1,0 + j(QG3 – 1,0)

e) Montagem das equações de fluxo de carga:


Será utilizada a equação (1.24), genérica das EEFC:
Pi – jQi – yi1 . V1 . V*i – yi2 . V2 . V*i - ... – yin . Vn . V*i = 0
para i = 1, 2, ... , n.

Para i = 1 e n = 3:
P1 – jQ1 = y11 . V1 . V*1 + y12 . V2 . V*1 + y13 . V3 . V*1

Para i = 2 e n = 3:
P2 – jQ2 = y21 . V1 . V*2 + y22 . V2 . V*2 + y23 . V3 . V*2

Para i = 3 e n = 3:
P3 – jQ3 = y31 . V1 . V*3 + y32 . V2 . V*3 + y33 . V3 . V*3

Introduzindo os valores numéricos, as equações precedentes ficam:


-0,5 – jQ1 = -j20 . V1 . V*1 + j10 . V2 . V*1 + j10 . V3 . V*1
1,5 – jQ2 = j10 . V1 . V*2 – j20 . V2 . V*2 + j10 . V3 . V*2
-1,0 – jQ3 = j10 . V1 . V*3 – j20 . V2 . V*3 + j10 . V3 . V*3
31
fazendo V1 = 1∠0o ; V2 = 1∠δ2 e V3 = 1∠δ3:
-0,5 – jQ1 = -j20 + j10 (cosδ2 + jsenδ2) + j10(cosδ3 + jsenδ3)
1,5 – jQ2 = j10 (cosδ2 - jsenδ2) – j20 + j10[cos(δ3 - δ2) + jsen(δ3 - δ2)]
-1,0 – jQ3 = j10 (cosδ3 - jsenδ3) + j10 [cos(δ2 - δ3) + jsen(δ2 - δ3)] – j20

separando as partes real e imaginária:


-0,5 = -10senδ2 – 10senδ3
1,5 = 10 senδ2 – 10sen(δ3 - δ2)
-1,0 = 10senδ3 – 10sem(δ2 - δ3)
-Q1 = -20 + 10cosδ2 + 10cosδ3
-Q2 = 10cosδ2 – 20 + 10cos(δ3 - δ2)
-Q3 = 10cosδ3 + 10cos(δ2 - δ3) – 20

Tem-se 6 equações e 5 incógnitas (δ2, δ1, Q1, Q2, Q3). Somando a 1a com a 3a
tem-se a 2a equação – só existem portanto 5 equações independentes.

f) Solução das equações de fluxo de carga:

Tomando as duas primeiras equações e linearizando-as (sen δ2 ≈ δ2 e sen δ3 ≈ δ3)


pois δ2 e δ3 são pequenos:

-0,5 = -10δ2 - 10δ3


1,5 = 10δ2 – 10(δ3 - δ2)

resolvendo-as δ2 = 0,0667 rad


δ3 = -0,0167 rad

substituindo os valores de δ2 e δ3 nas demais equações:


Q1 = 0,023 pu; Q2 = 0,057 pu; Q3 = 0,036 pu

g) Obtenção dos reativos gerados QG1, QG2 e QG3:

Q1 = QG1 – QD1 → QG1 = Q1 + QD1 = 0,023 + 0,5 = 0,523 pu

De maneira análoga:
QG2 = Q2 + QD2 = 0,057 + 0 = 0,057 pu
QG3 = Q3 + QD3 = 0,036 + 1,0 = 1,036 pu

h) Perdas:

Ativas: são nulas (não há resistência)


32
Reativas:
(QG1 + QG2 + QG3) – (QD1 + QD2 + QD3) = 1,616 – 1,5 = 0,116 pu

i) Potências fluindo nas linhas:


Tomando as equações (1.3) e fazendo R = 0:
Vi . V j
Pij = −Pji = sen δ
X

sen (δ1 − δ 3 ) = 10(δ1 − δ 3 ) = 0,167 pu


1 .1
P13 = −P31 =
0,1

sen (δ1 − δ 2 ) = 10(δ1 − δ 2 ) = 0,667 pu


1 .1
P12 = −P21 =
0,1

sen (δ 2 − δ 3 ) = 10(δ 2 − δ 3 ) = 0,833 pu


1.1
P23 = − P23 =
0,1

As equações reativas ficam:

Q ij =
X
(
1 2
Vi − Vi . V j cosδ )

Q ji =
X
(
1 2
V j − Vi . V j cosδ )
onde as potências reativas em trânsito nas linhas são:

1 2 2
Q13 = Q 31 = (1 − 1 cos(δ1 − δ 3 )) = 0,001 pu
0,1

1 2 2
Q12 = Q 21 = (1 − 1 cos(δ 2 − δ1 )) = 0,022 pu
0,1

Q23 = Q32 = 0,035 pu

NOTA: As perdas reativas em cada uma das linhas podem agora ser
determinadas de acordo com a tabela abaixo.
Linha Pot. Reativa Pot. Reat. X 2 Total
1-2 Q12 + Q21 0,022 pu x 2 0,044 pu
2–3 Q23 + Q32 0,035 pu x 2 0,070 pu
1–3 Q13 + Q31 0,001 pu x 2 0,002 pu
Perdas Reativas totais 0,116 pu

33
Portanto as Perdas Reativas Totais como soma das Perdas Reativas em cada
uma das linhas confirmam resultado já obtido anteriormente.

Figura 1.15 – Resumo do fluxo de carga obtido.

Exemplo no 2:

Resolver o fluxo de carga anterior, alterando-se as tensões para:


|V1| = 1,0 pu; |V2| = 1,05 pu; |V3| = 0,95 pu.

Solução:

a) Simplificações: idênticas às do Exemplo no 1


b) Dados da rede: ídem
c) Especificações das tensões de barra: |V1| = 1,0 pu; |V2| = 1,05 pu; |V3| = 0,95
pu.
d) Especificações das potências de barra: ídem
e) Montagem das equações de fluxo de carga:

Pi – jQi – yi1 . V1 . V*i – yi2 . V2 . V*i - ... – yin . Vn . V*i = 0


que fornecerá 6 equações (na verdade, 5):

-0,5 = - 10δ2 - 10δ3


1,5 = 10δ2 – 10(δ3 - δ2)
resolvendo-as: δ2 = 0,0667 rad = 3,82o
δ3 = -0,0167 rad = -0,96o

Com os valores obtidos para δ2 e δ3 pode-se calcular as 3 equações a seguir:

34
-0,5 – jQ1 = -j20 . V1 . V*1 + j10 . V2 . V*1 + j10 . V3 . V*1
1,5 – jQ2 = j10 . V1 . V*2 – j20 . V2 . V*2 + j10 . V3 . V*2
-1,0 – jQ3 = j10 . V1 . V*3 – j20 . V2 . V*3 + j10 . V3 . V*3

Q1 = 20.1,0.1,0 – 10.1,0.1,05. cosδ2 – 10.0,95.1,0. cosδ3


Q1 = 20 – 10,5 cos(3,82o) – 9,5 cos(-0,96o) = 0,0239 pu

Q2 = -10.1,0.1,05. cosδ2 + 20 – 10.1,05.0,95. cos(δ3 - δ2)


Q2 = - 10,5.cos(3,82o) + 20.1,0.1,0. – 9,975. cos(-0,96o – 3,86o) = 1,6303 pu

Q3 = -10.1,0.0,95.cosδ3 – 10.1,05.0,95. cos(δ2 - δ3) + 20


Q3 = -9,5.cos(-0,96o) – 9,975.cos(-0,96o – 3,86o) + 20 = 1,3893 pu

f) Obtenção das Potências Reativas Geradas (QG):

Q1 = QG1 – QD1 → QG1 = Q1 + QD1 = 0,0239 + 0,5 = 0,5239 pu

De maneira análoga:

QG2 = Q2 + QD2 = 1,6303 + 0 = 1,6303 pu

QG3 = Q3 + QD3 = -1,3893 + 1,0 = -0,3893 pu

O sinal negativo para QG3 significa que em vez de um capacitor tem-se um reator
naquela barra.

g) Potência fluindo nas linhas

V3 . V1
P13 = − P31 = sen(δ1 − δ 3 )
X

0,95 .1
P13 = −P31 = sen(0 o + 0,96 o ) = 0,1592 pu
0,1

V2 . V1
P12 = −P21 = sen(δ1 − δ 2 )
X

1,05 .1
P12 = −P21 = sen(0 o − 3,82 o ) = −0,6995 pu
0,1

V2 . V3
P23 = − P23 = sen(δ 2 − δ 3 )
X

35
1,05 . 0,95
P23 = − P23 = sen(3,82 o + 0,96 o ) = 0,8312 pu
0,1

Resolvendo as potências reativas para todas as linhas de acordo com as duas


equações abaixo tem-se:

Q ij = (
1 2
X
(
Vi − Vi . V j cos δ i − δ j ))

Q ji =
1 2
X
( (
V j − Vi . V j cos δ j − δ i ))

Q12 = -0,4767 Pu; Q21 = 0,5483 pu

Q13 = 0,5013 pu; Q31 = -0,4736 pu

Q23 = 1,0847 pu; Q32 = -0,9153 pu

ou seja:

S12 = -0,6995 – j 0,4767; S21 = 0,6995 + j 0,5483

S13 = 0,1592 + j 0,5013; S31 = -0,1592 – j 0,4736

S23 = 0,8312 + j 1,0847; S32 = -0,8312 – j 0,9153

h) Tensões nos barramentos:

V1 = 1,0 + j 0,0

V2 = 1,05∠3,82o = 1,04767 + j 0,06995

V3 = 0,95∠-0,96o = 0,99986 – j 0,01675

Uma comparação com os resultados obtidos para o caso anterior (V1 = V2 = V3 =


1,0 pu) mostra que o fluxo reativo se modificou bastante e que o fluxo de ativo
se modificou pouco.

Exemplo no 3:
Resolva o problema do fluxo de carga anterior, mas suponha que:
PG1 = 1,0 pu PG2 = 1,0 pu e PG3 = 0,0 pu
V1 = V2 = V3 = 1,0 pu

36
37
CAPÍTULO 2

APLICAÇÃO DOS MÉTODOS DE SOLUÇÃO DAS EQUAÇÕES


ALGÉBRICAS EM FLUXO DE CARGA

2.1. INTRODUÇÃO:

As equações de fluxo de carga podem ser expressas de várias formas.


Neste capítulo serão mostradas aquelas mais adotadas na prática.

2.2. MÉTODOS DE GAUSS:

Seja a equação não linear:


f(x) = x2 – 5x + 4 = 0

cujas raízes são x1 = 1 e x2 = 4.

Esta equação pode ser reescrita na forma:


1 2 4
x= x +
5 5

ou ainda:
5x − 4
x=
x

onde ambas são do tipo x = F(x)2.

2
É sempre possível achar uma ou mais funções F(x) para qualquer f(x).

38
Figura 2.1 – O gráfico de f(x) e de F(x).

- Algorítmo do Método de Gauss:

Para uma equação x = F(x) o algorítmo será: x(v+1) = F(x)v

Exemplificando:
1 2 4
Tomando-se x= x +
5 5

Iteração 0: Faz-se uma estimativa inicial arbitrária para a raiz procurada x(0) =
3.

Iteração 1: x1 = F(x0) = F(3) = (1/5) . 32 + (4/5) = 2,60


Iteração 2: x2 = F(x1) = F(2,6) = (1/5) . (2,6)2 + (4/5) = 2,15

Prosseguindo as iterações, o processo terminará quando


|x(v+1)| - |x(v)| < ε
o valor de ε deve ser estipulado com antecedência.

39
2.2.1. Desvantagens do Método

A convergência deste método é lenta, podendo ser dispendidas até cerca de 100
iterações para se conseguir convergência. Dependendo da estimativa inicial,
poderá até não ocorrer a convergência.

Exemplo:

Resolver o sistema de equações não lineares3:

2x1 + x1 x2 – 1 = 0

2x2 – x1 x2 + 1 = 0

Reescrevendo-as na forma c = F(x) tem-se:

x1 . x 2
x 1 = 0,5 −
2

x1 . x 2
x 2 = −0,5 +
2

Iteração 0: x1(0) = 0; x2(0) = 0


Iteração 1: x1(1) = 0,5 – (x1(0) . x2(0))/2 = 0,5
x1(1) = -0,5 + (x1(0) . x2(0)/2 = -0,5
Iteração 2: x1(2) = 0,5 – (x1(1) . x2(1)/2 = 0,5 –[(0,5) . (-0,5)]/2 = 0,625
x2(2) = -0,5 + (x1(1) . x2(1))/2 = -0,5 + [(0,5) . (-0,5)]/2 = - 0,625
Iteração 3: x1(3) = 0,5 – (x1(2) . x2(2))/2 = 0,5 –[(0,625) . (-0,625)]/2 = 0,695
x2(3) = -0,5 + (x1(2) . x2(2))/2 = -0,5 + [(0,625) . (-0,625)]/2 = -0,695



Iteração n: x1(n) = 0,5 – (x1(n-1) . x2(n-1))/2 = 1,0
x2(n) = -0,5 + (x1(n-1) . x2(n-1))/2 = -1,0

3
As respostas serão x1 = 1 e x2 = -1.

40
2.3. MÉTODOS DE GAUSS-SEIDEL:

Este método possui convergência mais rápida do que no Método de Gauss e


se constitui em um aperfeiçoamento do mesmo.

Exemplo:

Resolver o sistema de equações não lineares anterior pelo Método de Gauss-


Seidel:

x1 . x 2
x 1 = 0,5 −
2

x1 . x 2
x 2 = −0,5 +
2

Iteração 0: x1(0) = 0; x2(0) = 0


Iteração 1: x1(1) = 0,5 – (x1(0) . x2(0))/2 = 0,5
x2(1) = -0,5 + (x1(0) . x2(0)/2 = -0,5
Iteração 2: x1(2) = 0,5 – (x1(1) . x2(1)/2 = 0,5 – [(0,5) . (-0,5)]/2 = 0,625
x2(2) = -0,5 + (x1(2) . x2(1))/2 = -0,5 + [(0,625) . (-0,5)]/2 = - 0,656
Iteração 3: x1(3) = 0,5 – (x1(2) . x2(2))/2 = 0,5 –[(0,625) . (-0,656)]/2 = 0,705
x2(3) = -0,5 + (x1(3) . x2(2))/2 = -0,5 + [(0,705) . (-0,625)]/2 = -0,732



Iteração n: x1(n) = 0,5 – (x1(n-1) . x2(n-1))/2 = 1,0
x2(n) = -0,5 + (x1(n) . x2(n-1))/2 = -1,0

Comparando-se os dois métodos nota-se que a velocidade de convergência


aumentou.

Aplicação do fator de aceleração (α):

• introduzindo as variáveis

∆x 1( v ) = x 1( v ) − x 1( v −1)

∆x (2v ) = x (2v ) − x (2v −1)

Estas variáveis mostram a variação nos valores de x1 e x2 entre as iterações v-1 e


v.

41
• multiplicando ∆x 1( v ) e ∆x (v)
2 por α (α > 1) os valores de x1 e x2 a serem
utilizados nas iterações serão:

x 1( v ) = x 1( v −1) + α . ∆x 1(v)

x (2v ) = x (2v −1) + α . ∆x (v)


2

Observe que anteriormente α = 1

Figura 2.2 – Efeito do fator de aceleração na convergência.

Exemplo: Repetindo o exercício modelo para um valor de α = 1,5.

As 1a e 2a iterações são iguais ao Método de Gauss-Seidel sem fator de


aceleração:

x1 . x 2
x 1 = 0,5 −
2

x1 . x 2
x 2 = −0,5 +
2

x 1(1) = 0,5; 2 = −0,5


x (1)

Cálculo dos valores de x1 e x2 para serem usados na iteração seguinte:

∆x 1(1) = x 1( v ) − x 1( v −1) = 0,5 − 0 = 0,5

∆x (21) = x (2v ) − x (2v −1) = −0,5 − 0 = 0,5

x 1(1,ac
)
= x 1( v −1) + α . ∆x 1(v) = 0 + 1,5 . 0,5 = 0,750

42
x (21,)ac = x (2v −1) + α . ∆x (v)
2 = 0 + 1,5 . (-0,5) = - 0,750

3a Iteração:

x 1( 2) = 0,5 − [0,75 . (- 0,75)] / 2 = 0,781

x (22) = 0,5 + [0,75 . (- 0,75)] / 2 = −0,781

∆x 1( 2) = x 1( v ) − x 1( v −1) = 0,781 − 0,750 = 0,031

∆x (22) = x (2v ) − x (2v −1) = −0,781 − (−0,750) = −0,031

x 1(1,ac
)
= x 1(,vac−1) + α . ∆x 1(v) = 0,75 + 1,5 . (0,031) = 0,7965

x (21,)ac = x (2v,ac−1) + α . ∆x (v)


2 = −0,75 + 1,5 . (-0,031) = - 0,7965

valor usuais de α ficam geralmente entre 1,5 e 1,7.

2.4. APLICAÇÃO DOS MÉTODOS DE GAUSS NO ESTUDO DE FLUXO


DE CARGA

Na aplicação dos métodos de Gauss o ponto de partida é a equação (2.1)


baixo:

∑nk =1 Yik E k =
(S G
i − SiC ) (2.1)
E *i

onde: i = 1, 2, ... , n e SiG − SiC = Pi + jQ i potência injetada no nó i do sistema dada


por (PiG − PiC ) + j(Q iG − Q iC ) .

Assim a equação (2.1) pode ser reescrita como:

A equação (2.2) será resolvida para todas as tensões de barra exceto aquela da
barra oscilante (ou barra flutuante) onde especifica-se uma voltagem que
permanece fixa durante os cálculos. Não existe nenhum problema no fato desta
voltagem permanecer fixa pois o nó escolhido para barra oscilante é sempre um
nó de geração e é tecnicamente possível manter-se a voltagem constante

43
controlando-se a voltagem através do controle da excitação dos geradores
conectados nesta barra.

Pi − jQ i
∑nk =1 Yik E k = (2.2)
E *i

Para se calcular a tensão na barra genérica i, a equação (2.2) poderá ser arranjada
da seguinte forma:

Pi − jQ i
∑kn =1;k ≠i Yik E k + Yii E i = (2.3)
E *i

i = 1, 2, ..., n. Ei na equação (2.3) é a tensão a ser calculada, explicitando então Ei


tem-se a seguinte expressão:

1 ⎡ Pi − jQ i ⎤
E i( v +1) = ⎢ ( v )* − ∑k =1;k ≠i Yik E k ⎥
n (v)
(2.4)
Yii ⎣⎢ E i ⎦⎥

para i = 1, 2, ..., n

2.4.1. A Solução Iterativa

A iteração inicial necessita de valores pré-especificados para as tensões Ek e Ei


no lado direito da igualdade da equação (2.4), permitindo assim o cálculo de
novos valores para Ei no lado esquerdo da igualdade desta mesma equação.
Repete-se o processo para todas as barras do sistema, exceto para a barra
oscilante onde a tensão é controlada.

Nas demais iterações uma vez obtidos todos os valores para as tensões de barra a
rotina inicial é repetida, apenas atualizando-se as tensões de barra. O processo
repete-se até que seja obtida convergência.

NOTAS:

1. Em geral a barra oscilante, também conhecida como barra de referência, é


assumida como aquela de número 1.
2. Nas barras em que a carga é especificada, comumente chamada barra de
carga, barra tipo 1 ou barra P-Q, a equação (2.4) será dada por:

1 ⎡ Piesp − jQ iesp ⎤
E i( v +1) = ⎢ − ∑ n
k =1; k ≠ i Yik E (v)
k ⎥ (2.5)
Yii ⎢⎣ E i( v )* ⎥⎦

44
3. Para as barras tipo 2 ou barras P-V, onde o módulo da tensão de barra
( Viesp ) e a potência ativa gerada são conhecidas, as incógnitas serão: ângulo
de fase e a potência reativa gerada. Neste caso a equação (2.5) não serve e a
equação adequada deve ser obtida da seguinte forma:

[ ] [
Q i = I m E i . I *i = −I m E *i . I i ]
sendo ainda que:

I i = ∑nk =1 Yik E k

[
Q i = Q icalc = − I m E *i . ∑nk =1 Yik E k ] (2.6)

Q icalc é uma notação adotada para diferenciar do valor Q iesp da equação (2.5) para
as barras de carga. Substituindo a equação (2.6) na equação (2.4) tem-se:

1 ⎡ Piesp − jQ icalc ⎤
E i( v +1) = ⎢ − ∑ n
k =1; k ≠ i Yik E (v)
k ⎥ (2.7)
Yii ⎣⎢ E i( v )* ⎦⎥

O valor de E i( v+1) calculado na equação (2.7) não satisfará necessariamente à


restrição E i = Viesp . Nestes casos, faz-se a racionalização do valor de E i( v+1) :

E irac = Viesp ∠θ i (2.8)

onde θi é o ângulo de fase de E i( v+1) .

Para que o tempo de computação seja reduzido, as operações aritméticas devem


ser executadas antes do processo iterativo. Fazendo 1/Yii = Li e a equação (2.4)
pode ser reescrita como:

E i( v +1) =
(Pi − jQ i )L i − ∑nk =1;k ≠i Yik L i E (v) (2.4b)
k
E i( v )*

K Li
E i( v +1) = − ∑nk =1;k ≠i Y L ik E (v)
k (2.4c)
E i( v )*

45
Exemplo de equacionamento:

Neste caso vamos supor que a barra flutuante seja a barra 2 do tipo P-Q e não
existem barras tipo 2 (P-V). As equações de tensão de acordo com a expressão
(2.4c) serão:

K L1
E1( v +1) = − Y L12 E (v)
2 − Y L13 E 3 - Y L14 E 4
(v) (v)
E1(v)*

E (2v +1) = valor fixo especificado

K L3
E 3( v +1) = − Y L 31 E1(v) − Y L 35 E 5(v)
E 3(v)*

K L4
E (4v +1) = − Y L 41 E (v)
4 − Y L 46 E 6
(v)
E (v)
4
*

K L5
E 5( v +1) = − Y L 52 E (v)
2 − Y L 53 E 3
(v)
E 5(v)*

K L6
E (6v +1) = − Y L 62 E (v)
2 − Y L 64 E 4
(v)
E (v)
6
*

Algorítmo para solução genérica do fluxo de carga:

1. Estima-se valores iniciais para o vetor das tensões de nó EN. Normalmente


para os nós do tipo P-Q tem-se que E i0 = 1,0 + j0 , para os nós do tipo P-V tem-
se que E i0 = Viesp + j0 .
2. Monta-se a matriz Y (admitância de barras).

46
3. Para todos os nós (com exceção do nó de referência) testa-se o nó é do tipo P-
V. Se for salta-se para o item 5. Se for do tipo P-Q continua-se.
4. Calcula-se Ei usando a equação (2.5), onde as tensões do segundo membro são
aquelas obtidas da iteração anterior (ou de acordo com o item 1 para a
primeira iteração). Segue-se, agora, diretamente para o item 6.
5. Este item aplica-se somente às barras do tipo P-V.

a) Calcula-se Q icalc usando-se a equação(2.6). os valores das tensões são obtidos


da iteração anterior (ou conforme item 1 para v = 0).
b) A seguir calcula-se Ei usando-se a equação 2.7.
c) Calcula-se o valor de E irac adotando-se o valor do ângulo de fase de Ei no sub-
item 5b.
6. Neste ponto todos os nós já foram processados (exceção para o nó de
referência) chegando-se ao final desta iteração. Testa-se então se houve
convergência, se houve convergência o processo é terminado. Os valores de
tensão obtidos nesta iteração constituem a solução. Se não houve
convergência retorna-se ao item 3.

No método de Gauss, todos os valores de tensão de uma iteração são


introduzidos na próxima iteração, é a chamada Substituição Simultânea.

No Método de Gauss-Seidel, apenas os valores de tensão ainda não calculados


na presente iteração são os da iteração interior, ou seja assim, que um valor de
tensão de uma barra é calculado ele substitui o da iteração anterior, é a
chamada Substituição Sucessiva.

Vantagens do Método de Gauss-Seidel

1. Maior rapidez de convergência


2. Economia de memória, não é necessário armazenar todos os valores de tensão
da iteração anterior.

Critério para se detectar a convergência:

O processo iterativo termina quando as variações das tensões de barra, ∆(iv+1) ,


entre duas iterações consecutivas são menores que um certo nível de tolerância ε
para todas as tensões de barra. Pode-se expressar isto de forma matemática como
se segue:

∆Vi( v +1) = Vi( v +1) − Vi( v ) < ε (2.9)

para i = 1, 2, 3, ..., n.

47
Aspectos computacionais

1. Para maior eficiência computacional, a equação (2.4) que é complexa, poderá


ser separada nas suas componentes cartesianas.

Parte Real:

1 ⎡ Pi e i + Q *i f i ⎤
ei = ⎢ − ∑ n
k =1; k ≠ i G ik e k + ∑ n
k =1 B ik f k ⎥ (2.9a)
⎣ ei + fi
2 2
G ii ⎦

Parte Imaginária:

1 ⎡ Pi f i + Q *i e i ⎤
fi = ⎢ − ∑ n
k =1; k ≠ i G ik f k + ∑ n
k =1 B ik e k ⎥ (2.9b)
⎣ ei + fi
2 2
G ii ⎦

onde:

ei, fi - partes real e imaginária de Ei


ek, fk - partes e imaginária de Ek
Gik, Bik - partes real e imaginária do elemento ik da matriz complexa de
admitância.
Qi* - para os nós do tipo P-Q → Qiesp.
- para os nós do tipo P-Q → Qicalc (através da equação 2.6).

O teste de convergência também pode ser dividido em duas partes, uma real e
outra imaginária a saber:
e iv +1 − e iv ≤ ε re f iv +1 − f iv ≤ ε im

Com o fator de aceleração o método sofre algumas oscilações de ordem de


grandeza apreciável nas primeiras iterações, a partir daí o processo caminha para
a solução de maneira uniforme e suave. Para agilizar a convergência têm-se
então:

( )
E iv−+ac1 = α E iv +1 − E iv−ac + E iv

( )
e iv−+ac1 = α re e iv +1 − e iv−ac + e iv

( )
f iv−+ac1 = α im f iv +1 − f iv−ac + f iv

em geral nas três equações α = 1,6; αre = 1,6 e αim = 1,7.

48
2.5. O MÉTODO DE NEWTON RAPHSON:

Este método constitui-se num algorítmo genérico para a determinação de


raízes reais de equações não lineares.

2.5.1. O Método:

Se uma aproximação xj é conhecida para uma das raízes da equação f(x) = 0


então uma melhor aproximação pode ser obtida calculando-se:

xj+1 = xj + ∆xj

f (x j )
tan α =
∆x j

f xj
∆x = 1 j
j ( )
f x ( )

Figura

Para um conjunto de n equações com n variáveis, usualmente encontradas nos


problemas de fluxo de carga tem-se:

f1(x1, x2, ... , xn) = 0

f2(x1, x2, ... , xn) = 0 (2.10)



49

fn(x1, x2, ... , xn) = 0

Uma vez que seja conhecido o vetor xj das variáveis (x 1j , x 2j , L, x nj ) que


constituem uma aproximação para a solução das equações (2.10), então uma
melhor aproximação poderá ser obtida por:

x j+1 = x j + ∆x j

onde

∆x j = −[J ] . F x j
−1
( )
F( x j ) : é o vetor constituído pelas equações (2.10)
[J ] : é a matriz das derivadas parciais de primeira ordem das equações (2.10),
chamada Matriz Jacobiana, cujos elementos são: Jik = ∂fi / ∂xk e Jii =
∂fi / ∂xi.

2.5.2. Exemplo de Aplicação do Método de Newton-Raphson

Suponha que as equações não lineares sejam:

⎡ f1 (x 1 , x 2 ) = x 12 + x 22 − 5 = 0

⎣ f 2 (x 1 , x 2 ) = x 12 + x 22 + 3 = 0 As raízes serão x1 = + 1 e x2 = + 2

Suponha que sejam conhecidas as aproximações x 11 = 0,5 e x 12 = 1,5.

O 1o passo é a montagem do vetor x1:

O 2o passo é a montagem do vetor F(x1):

⎡0,5⎤
x1 = ⎢ ⎥
⎣1,5 ⎦

⎡ f1 (x 11 , x 12 ) = 0,5 2 + 1,5 2 − 5 = −2,5

⎡ f 2 (x 11 , x 12 ) = 0,5 2 − 1,5 2 + 3 = 1,0

( ) ⎡− 2,5⎤
F x1 = ⎢ ⎥
⎣ 1,0 ⎦

50
O 3o passo é a montagem da Matriz Jacobiana [J]:

∂f1 / ∂x 1 = 2x 1 → x 11 = 2 . 0,5 = 1,0

∂f 2 / ∂x 1 = 2x 1 → 2x 11 = 2 . 0,5 = 1,0

∂f1 / ∂x 2 = 2x 2 → 2x 12 = 2 .1,5 = 3,0

∂f 2 / ∂x 2 = −2x 2 → −2x 12 = −2 .1,5 = −3,0

Portanto a Matriz Jacobiana é dada por:

⎡1 3 ⎤
J=⎢ ⎥
⎣1 − 3⎦

O 4o passo é a inversão da Matriz Jacobiana [J]-1:

J1 = [1 / det] . matriz dos cofatores

1 ⎡− 3 − 3⎤ ⎡1 / 2 1 / 2 ⎤
J −1 = − ⎢ =
6 ⎣ − 1 1 ⎥⎦ ⎢⎣1 / 6 − 1 / 6⎥⎦

O 5o passo é a determinação de ∆x1:

∆xj = -J1 . F(xj)

⎡1 / 2 1 / 2 ⎤ ⎡− 2,5⎤ ⎡0,75⎤
∆x 1 = − ⎢ ⎥x⎢ ⎥=⎢ ⎥
⎣1 / 6 − 1 / 6⎦ ⎣ 1,0 ⎦ ⎣0,58⎦

O 6o passo é a determinação de x2:

xj+1 = xj + ∆xj

⎡0,5⎤ ⎡0,75⎤ ⎡1,25 ⎤


x 2 = −⎢ ⎥ + ⎢ ⎥=⎢ ⎥
⎣1,5 ⎦ ⎣0,58⎦ ⎣2,08⎦

Observa-se claramente que estas aproximações são melhores que as anteriores.

Visualização gráfica:

51
Figura

• O Método de Newton-Raphson possui convergência quadrática, quanto mais


se aproxima da solução mais rápido o método tende a convergir para ela. O
algorítmo é ainda bastante influenciado pela forma da função f(x) e pela
escolha da aproximação inicial x1. De acordo com a figura anterior se o
processo tivesse começado no ponto x1’ teria divergido.

2.5.3. Aplicação do Método de Newton-Raphson ao Fluxo de Carga:

Retomando-se a equação (2.2)

Pi − jQ i
∑nk =1 Yik E k =
E *i

pode-se deduzir que:

Pi − jQ i = ∑nk = Yik E k E *i

ou ainda:

Pi + jQ i = ∑nk =1 Yik* E i E *k = ∑nk =1 Yik* Vi Vk e (θi −θk ) (2.11)

assumindo-se que e j(θi −θk ) = cos(θ i − θ k ) + j sen(θ i − θ k ) e fazendo θi - θk = θik então


e jθ ik = cos θ ik + j sen θ ik e ainda Yik = Gik + j Bik. Ainda é possível, nesta linha
desenvolver-se a equação (2.11) nas suas partes real e imaginária:

Pi = ∑nk =1 Vi Vk (G ik . cosθ ik + B ik . senθ ik ) (2.12)

Q i = ∑nk =1 Vi Vk (G ik . senθ ik − B ik . cosθ ik )

52
As equações (2.12) podem ser ainda reescritas na seguinte forma:

[ ]
G iP + PiG − PiC − Vi ∑nkni Vk (G ik . cosθ ik + B ik . senθ ik ) = ∆Q = 0 (2.13)

[ ]
G iq + Q iG − Q iC − Vi ∑nkni Vk (G ik . senθ ik − B ik . cosθ ik ) = ∆Q = 0

O símbolo kn indica o conjunto de todos os nós k diretamente conectados ao nó


i, inclusive k=i.

Notas importantes:

a) Para no nó de referência do sistema (barra oscilante) as variáveis Vi e θi


são conhecidas e, portanto não é necessária nenhuma equação para esse nó.
b) Para os nós P-Q do sistema as variáveis Vi e θi são incógnitas e, portanto,
serão necessárias as duas equações (2.13) para cada nó.
c) Para s nós P-V do sistema a variável Vi é conhecida e θi é incógnita.
Portanto, só há necessidade de uma equação (2.13).
d) De acordo com os ítens acima o número total de equações (e de incógnitas) é:
npv + 2 npq.
e) O vetor x das incógnitas será:

⎡θ⎤
x=⎢ ⎥
⎣V ⎦

onde θ é o vetor dos ângulos das tensões para todos os nós (exceto aquele de
referência) e V é o vetor dos módulos das tensões para as barras P-Q.
f) As equações (2.13) também podem ser expressas vetorialmente:

⎡ gp ⎤
⎢ ⎥
g = ⎢− − −⎥
⎢ gq ⎥
⎣ ⎦

• g p são equações de potência ativa (uma para cada nó, exceto o de


referência),
• g q são equações de potência reativa (uma para cada nó P-Q).

O vetores g p e g q são também denotados como ∆P e ∆Q são diferentes de zero e,


quanto mais próximos estiverem de zero, mais próxima estará a solução.

53
2.5.4. Equacionamento Matricial do Método de Newton-Raphson:

Já foi visto que: xj+1 = xj + ∆xj, onde ∆xj = -J1 . gj. Desta forma a Matriz
Jacobiana [J] deverá possuir quatro submatrizes:

⎡H N ′⎤
J=⎢ ⎥
⎣J L′ ⎦

onde:

H ik = ∂g ip / ∂θ k ; H ii = ∂g ip / ∂θ i

N ′ik = ∂g ip / ∂Vk ; N ′ii = ∂g ip / ∂Vi

J ik = ∂g iq / ∂θ k ; J ii = ∂g iq / ∂θ i

L′ik = ∂g iq / ∂Vk ; L′ii = ∂g iq / ∂Vi

Finalmente:

⎡ θ j+1 ⎤ ⎡ θ j ⎤ ⎡ ∆ θ j ⎤
⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎢ ...... ⎥ = ⎢......⎥ + ⎢ ...... ⎥
⎢ V j+1 ⎥ ⎢ V j ⎥ ⎢ ∆ V j ⎥
⎣ ⎦ ⎣ ⎦ ⎣ ⎦

x j+1 = x j + ∆x j

onde:

−1
⎡ ∆θ j ⎤ ⎡ H N′ ⎤ ⎡ ∆P j ⎤
⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎢ ...... ⎥ = − ⎢...... ......⎥ . ⎢ ...... ⎥ (2.14)
⎢ ∆V j ⎥ ⎢ J L ′ ⎥⎦ ⎢⎣ ∆ Q j ⎥⎦
⎣ ⎦ ⎣

∆x j = −(J ) . g j
−1

O rearranjo da Matriz Jacobiana é necessário pois a matriz J até aqui


apresentada não é simétrica em relação à diagonal principal. Para que isto
aconteça, bastará alterar as submatrizes N’ e L’, partindo de ∆xj = -(J)-1 . gj, pode-
se afirmar que gj = - J . ∆xj, ou seja:

54
⎡ ∆P j ⎤ ⎡ H N ′ ⎤ ⎡ ∆ θ j ⎤ ⎡ H N ′.V ⎤ ⎡ ∆ θ j ⎤
⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎢ ...... ⎥ = − ⎢...... ......⎥ . ⎢ ...... ⎥ = ⎢...... ...... ⎥ . ⎢ ...... ⎥
⎢∆Q j ⎥ ⎢ J L ′ ⎥⎦ ⎢⎣ ∆V ′⎥⎦ ⎢⎣ J L ′.V ⎥⎦ ⎢⎣(∆V / V ) ⎥⎦
j
⎣ ⎦ ⎣

Desta forma, as submatrizes N’ e L’ passam a ser denotadas por N = N’. V e L =


L’ . V com seus respectivos elementos dados por:

( ) (
N ik = Vk ∂g ip / ∂Vk ; N ii = Vi ∂g ip / ∂Vi )
( ) (
L ik = Vk ∂g iq / ∂Vk ; L ii = Vi ∂g iq / ∂Vi )
Com estas modificações, as equações (2.14) ficarão da seguinte forma:

⎡ θ j+1 ⎤ ⎡ θ j ⎤ ⎡ ∆ θ j ⎤
⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎢ ...... ⎥ = ⎢......⎥ + ⎢ ...... ⎥ (2.15a)
⎢ V j+1 ⎥ ⎢ V j ⎥ ⎢(∆ V / V )j ⎥
⎣ ⎦ ⎣ ⎦ ⎣ ⎦

onde:

⎡ ∆θ j ⎤ ⎡ H N′ ⎤ ⎡ ∆P j ⎤
⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎢ ...... ⎥ = − ⎢...... ......⎥ . ⎢ ...... ⎥ (2.15b)
⎢(∆V / V )j ⎥ ⎢ J L ′ ⎥⎦ ⎢⎣ ∆ Q j ⎥⎦
⎣ ⎦ ⎣

2.5.5. Algorítmo de Solução:

1. Estima-se os valores iniciais para Vj e θj (em geral: V = 1,0 ou V = Vesp e θ =


0o).
2. Monta-se a matriz Y (a mesma do Método de Gauss).
3. Forma-se os vetores ∆Pj e ∆Qj usando-se as equações (2.13).
4. Forma-se e inverte-se a matriz Jacobiana.
5. Calcula-se as submatrizes ∆θj e (∆V/V)j através da equação (2.15b).
6. Calcula-se as submatrizes θj+1 e Vj+1 usando-se a equação (2.15a).
7. Faz-se j = j+1 e volta-se ao ítem 3.
O processo é repetido até obter-se convergência
Onde se deve verificar a convergência.
Haverá convergência quando:

|∆Pi| < εp

|∆Qi| < εq

55
Para todos os elementos de ∆P e ∆Q. Valores típicos para os ε’s são entre 0,01 e
0,0001.

2.5.6. Detalhamento da Matriz Jacobiana

Os elementos da submatriz H são dados por:

H ik =
∂g ip
=

∂θ k ∂θ k
[
PiG − PiC − Vi ∑kni Vk (G ik cos θ ik + B ik sen θ ik ) ]

onde

Hik = - Vi Vk (Giksenθik - Bikcosθik


(2.16a)
H ii = − Vi2 . B ii + Q iT

Elementos da submatriz N:

N ik =
∂g ip
∂θ k
= Vk

∂Vk
[
PiG − PiC − Vi ∑kni Vk (G ik cos θ ik + B ik sen θ ik ) ]

desta forma:

Nik = - Vi Vk (Gikcosθik + Biksenθik)


(2.16b)
N ii = −Vi2 . G ii + PiT

Elementos da submatriz J:

J ik =
∂g iq
=

∂θ k ∂θ k
[
Q iG − Q iC − Vi ∑kni Vk (G ik sen θ ik − B ik cos θ ik ) ]

então:

Jik = - Nik = Vi Vk (Gikcosθik + Biksenθik)

J ii = −Vi2 . G ii + PiT (2.16c)

Elementos da submatriz L:

L ik = Vk =
∂g iq
∂Vk
= Vk

∂Vk
[ ]
G iG − Q iC − Vi ∑kni Vk (G ik sen θ ik + B ik cos θ ik )

56
desta forma:

Lik = Hik = - Vi Vk (Giksenθik - Bikcosθik)


(2.16d)
L ii = −Vi2 . B ii + Q iT

onde:
kni – indica o conjunto de todos os nós k diretamente conectados a i, incluindo-
se k=i.
PiT e Q iT - potências transmitidas do nó i para o resto do sistema, respectivamente
∆P e ∆Q na equação (2.13).

2.5.7. Aspectos Computacionais do Método de Newton-Raphson

Desvantagens:

1. Necessidade de formar e inverter a Matriz Jacobiana a cada iteração. Para


ganhar tempo, existem programas em que o mesmo Jacobiano é utilizado em
duas iterações sucessivas.
2. A convergência é muito sensível às condições iniciais: uma má escolha pode
levar rapidamente à divergência.
3. Os fastos com memória são bem maiores do que no Método de Gauss.
4. Requer uma programação mais complexa.

Vantagem:

1. Possui convergência rápida: em geral, de 3 a 5 iterações. Detalhe: uma


iteração Newton-Raphson leva um tempo aproximado a 7 iterações Gauss-
Seidel (para o mesmo sistema).

2.5.8. Exemplos Numéricos

Exemplo 1: Na figura a barra 1 é de referência e a barra 2 é uma barra PV


(módulo de tensão e a potência ativa são conhecidos).

57
Figura sem número pag. 64

De acordo com a nota (c) sobre a aplicação do método de Newton-Raphson ao


Fluxo de Carga será necessária apenas a equação (2.13) ⇒ θ2 será determinado
através desta equação.

Nota: para teste de convergência adotar ε = 0,003.

DADOS DA LINHA

z12 = 0,2 + j0,1 = 1,02∠78,69o

y12 = 0,981∠-78,69o = 0,1923 – j0,9615

ysh = jbsh = j0,02

Solução:

Matriz de admitância:

⎡0,1923 − j0,9415 - 0,1923 + j0,9615⎤


Y = G + jB = ⎢ ⎥
⎣- 0,1923 + j0,9615 0,1923 - j0,9415 ⎦

Esta matriz poderá ser separada nas matrizes G e B:

⎡0,1923 - 0,1923⎤
G=⎢
⎣- 0,193 0,1923 ⎥⎦

⎡− 0,9415 0,9615⎤
B=⎢
⎣0,9615 - 0,9415⎥⎦

Equações:

58
O número de equações do tipo das equações (2.13) é dado por: nPV + 2 nPQ.
Portanto nPV = 1 e nPQ = 0, haverá apenas uma equação (2.13), aquela da
potência ativa:

∆Pi = PiG − PiC − Vi [∑kni Vk (G ik cos θ ik + B ik sen θ ik )]

que aplicada à barra 2 fica:

∆P2 = P2G − P2C − V2 [V1 (G 21 cos θ 21 + B 21 sen θ 21 ) + V2 (G 22 cos θ 22 + B 22 sen θ 22 )]

Os valores numéricos serão:

P2 = P2esp + −0,40; V1 = V1esp = 1,0; V2 = V2esp = 1,0;

θ21 = θ2 - θ1 = θ2 – 0o = θ2; θ22 = θ2 - θ2 = 0o;

G21 = -0,1923; G22 = 0,1923; B21 = 0,9615; B22 = - 0,9415

A equação (2.13) fica então da seguinte forma:

∆P2 = -0,40 – 1[1(-0,1923 cosθ2 + 0,9315 senθ2 + 1(0,1923 cos0o – 0,9415sen0o)

∆P2 = -0,40 – 0,1923 (1 - cosθ2) – 0,9615 senθ2

o problema agora consiste em se determinar o valor de θ2 tal que o valor de ∆P2


seja nulo.

1a Iteração:

a)

∆P2( 0) = −0,40 − 0,1923(1 − cos θ (20) ) − 0,9615 sen θ (20)

∆P2( 0) = −0,40 − 0,1923(1 − 1) − 0 = −0,40

b) Teste de convergência: | ∆Pi | < εp ⇒ | -0,4| > 0,003 desta forma o processo
iterativo continua.

c) Cálculo do Jacobiano:

⎡ ∆θ j ⎤ ⎡ H N′ ⎤ ⎡ ∆P j ⎤
⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎢ ...... ⎥ = − ⎢...... ......⎥ . ⎢ ...... ⎥
⎢(∆V / V )j ⎥ ⎢ J L ′ ⎥⎦ ⎢⎣ ∆ Q j ⎥⎦
⎣ ⎦ ⎣

59
Da equação (2.15b) observa-se que o Jacobiano possui apenas o termo em H
(obtido da equação (2.16a):

H ii = − Vi2 . B ii + Q iT = − Vi2 . B ii + Vi ∑kni Vk (G ik sen θ ik − B ik cos θ ik )

( ) 2
H 22 = V2( 0) B 22 + V2( 0) (G 21 sen θ 21 − B 21 cos θ 21 ) + V2( 0) (G 22 sen θ 22 − B 22 cos θ 22 )

H (220) = −0,1923 senθ (0)


2 − 0,9615 cosθ 2 = −0,9615
(0)

d) A equação (2.15b) ficará ∆θj = -H-1 . ∆Pj, que aplicada para a 1a Iteração será:

∆θ(0) = - (1 / -0,9615) x (-0,4) = - 0,4160

e) A equação (2.15a) fornecerá o valor atualizado para:

θ (21) = θ (20) + ∆θ ( 0) = 0,00 − 0,4160 = −0,4160

2a Iteração:

a) ∆P2(1) = −0,4 − 0,1923 . (1 - cosθ (1)


2 ) − 0,9615 . senθ 2 = −0,0279
(1)

b) Teste de convergência: Como | -0,003 | > 0,003 o processo iterativo continua.


c) Jacobiano:

H (221) = −0,1923 . senθ (1)


2 − 0,9615 . cosθ 2 = −0,8002
(1)

d) Variação de ∆θ:

( )
∆θ (1) = − 1 / H (221) . ∆P2(1) = −(1 / − 0,8002) . (-0,0279) = -0,0349

e) Valor atualizado para θ:

θ (21) = θ (21) + ∆θ (1) = −0,4160 + (−0,0349) = −0,4509

3a Iteração:

a) ∆P2( 2) = −0,4 − 0,1923 . (1 - cosθ (2)


2 ) − 0,9615 . senθ 2 = −0,0002
(2)

b) Teste de convergência: como | - 0,0002 | < 0,003 o processo iterativo termina,


foi atingida a convergência e θ2 = -0,4509 radianos = 25,84o.

60
Exemplo 2: Trocando-se a barra 2 de PV para PQ, então haverá duas incógnitas
para a barra 2: V2 e θ2. Resolver este sistema (os dados da linha foram mantidos
iguais ao do exemplo anterior).

Solução: Para este caso, sendo nPV = 0 e nPQ = 1 o no de equações (2.13) = nPV +
2. NPQ = 2, serão utilizadas as duas equações (2.13):

Potência Ativa:

∆P2 = P2 – V2 [V1(G21cosθ21+B21senθ21) + V2(G22cosθ22+B22senθ22)]

Potência Reativa:

∆Q2 = Q2 – V2 [V1(G21senθ21+B21cosθ21) + V2(G22senθ22 - B22cosθ22)]

Introduzindo-se os valores numéricos a serem mantidos fixos:

∆P2 = -0,3 – V2[1(-0,1923 cosθ2 + 0,9615 senθ2) + V2(0,1923 cos0o + 0,9415


sen0o)]

∆P2 = -0,3 – 0,1923 V2(V2 - cosθ2) – 0,9615 V2 senθ2

∆Q2 = -0,07 – V2[1(-0,1923 senθ2 - 0,9615 cosθ2) + V2(0,1923 sen0o + 0,9415


cos0o)]

∆Q2 = -0,07 + V22 0,9415 –0,1923 V2 senθ2 + 0,9615 V2 cosθ2

O problema consistirá em determinar θ2 e V2 tal que | ∆P2 | e | ∆Q2 | sejam


menores que ε (0,003).

61
1a Iteração:

As estimativas iniciais são: V2(0) = 1,0 e θ (0)


2 = 0,0

a) ∆P2(0) = −0,3 − 0,1923V2(0) (V2( 0) − cos θ (20) ) − 0,9615V2(0) sen θ (20) = −0,2

∆Q (20) = −0,07 − (V2( 0) ) 2 . 0,9415 + 0,9615V2(0) . cosθ (0)


2 = 0,09

b) Teste de convergência:

∆P2( 0) = 0,3 > 0,003

∆Q (20) = 0,09 > 0,003

como o processo não convergiu prossegue-se com os cálculos.

c) Matriz Jacobiana:

Para montar esta matriz, serão usadas as equações (2.16).


Da equação (2.16a):

H (220) = (V2( 0) ) 2 B 22 + V2( 0) [V1( 0) (G 21 sen θ (210) − B 21 cos θ (210) ) + V2( 0) (G 22 sen θ (220) − B 22 cos θ (220) )]
como θ (210) = 0 o e θ (0)
22 = 0
o
tem-se que:

[
H (220) = (V2( 0) ) 2 0,9415 + V2(0) V1( 0) (−0,9615) + V2( 0) (0,9415) = −0,9615 ]
Da equação (2.16b):

J (220) = (V2( 0) ) 2 G 22 − V2( 0) [V1( 0) (G 21 cos θ (210) + B 21 sen θ (210) ) + V2( 0) (G 22 cos θ (220) + B 22 sen θ (220) )] =
( ) 2
[
= V2( 0) G 22 − V2( 0) V1( 0) (−0,1923) cos θ (20) . (0,1923) = 0,1923 ]
Da equação (2.16c):

N (220) = −(V2( 0) ) 2 G 22 − V2( 0) [V1( 0) (G 21 cos θ (210) + B 21 sen θ (210) ) + V2( 0) (G 22 cos θ (220) + B 22 sen θ (220) )] =
= −0,1923
Da equação (2.16d)

N (220) = (V2( 0) ) 2 B 22 − V2( 0) [V1( 0) (G 21 sen θ (210) − B 21 cos θ (210) ) + V2( 0) (G 22 sen θ (220) − B 22 cos θ (220) )] =
= −0,9215

d) Os valores de θ (20) e V2(0) serão dados pela equação (2.15b):

62
−1
⎡ θ (20) ⎤ ⎡H (220) N (220) ⎤ ⎡∆P2(0) ⎤ ⎡0,9615 − 0,1923 ⎤ ⎡- 0,3⎤ ⎡− 0,3183⎤
⎢ (0) ⎥ = ⎢ (0) ⎥ . ⎢ ⎥ = − ⎢ 0,1923 − 0,9215⎥ . ⎢0,09⎥ = ⎢ 0,0312 ⎥
⎣V2 / V ⎦ ⎣ J 22 L(22
0) (0)
⎦ ⎣ Q2 ⎦ ⎣ ⎦ ⎣ ⎦ ⎣ ⎦

e) A equação (2.15a) fornecerá os valores atualizados para θ e V:

⎡ θ (21) ⎤ ⎡ θ (20) ⎤ ⎡ ∆θ (20) ⎤ ⎡ 0 ⎤ ⎡− 0,3183⎤ ⎡− 0,3183⎤


⎢ (1) ⎥ = ⎢ ( 0) ⎥ + ⎢ ( 0) ⎥=⎢ ⎥+⎢ ⎥=⎢ ⎥
⎣V2 ⎦ ⎣V2 ⎦ ⎣∆V2 / V ⎦ ⎣1,0⎦ ⎣ 0,0312 ⎦ ⎣ 1,0312 ⎦

2a Iteração

As estimativas iniciais são: V2(1) = 1,032 e θ (1)


2 = −0,3183

∆P2(1) = −0,3 − 0,1923V2(1) (V2(1) − cos θ (21) ) − 0,9615V2(1) sen θ (21) =


a) = −0,3 − 0,1923.1,0312(1,0312 − cos(−0,3183rds)) − 0,9615.1,0312.
. sen(-0,3183 rds) = 0,0059
∆Q (21) = 0,07 − (V2(1) ) 2 .0,9415 + 0,1923V2(1) sen θ (21) + 0,9615V2(1) . cos θ (21) =
= 0,07 - (1,0312) 2 .09415 + 1,1923.1,0312 sen(−0,3183rds) + 0,9615.
.1,0312 . cos(-0,3183) = 0,0515

b) Teste de convergência:

∆P2(1) = 0,0059 > 0,003

∆Q (21) = 0,0515 > 0,003

Como processo ainda não convergiu prossegue-se com os cálculos.

c) Matriz jacobiana:

Da equação (2.16a):

[ ( ) (
H (221) = (V2(1) ) 2 B 22 + V2(1) V1(1) G 21 sen θ (211) − B 21 cos θ (211) + V2(1) G 22 sen θ (221) − B 22 cos θ (221) )]
como θ (211) = −0,3183 rds e θ (0)
22 = 0 tem-se que:

( ) [
H (221) = V2(1) (−0,9415) + V2(1) V1(1) (− 0,1923 se(-0,3183rds ) − 0,9615 cos(−0,3183rds)
2
]
+ V2(1) (0,9415)] = −0,8796

Da equação (2.16b):

63
[ ( ) (
N (221) = −(V2(1) ) 2 G 22 − V2(1) V1(1) G 21 cos θ (211) + B 21 sen θ (211) + V2(1) G 22 cos θ (221) − B 22 sen θ (221) = )]
= 0,0802

Da equação (2.16c):

[ ( ) ( )]
J (221) = (V2(1) ) 2 G 22 − V2(1) V1(1) G 21 cos θ (211) + B 21 sen θ (211) + V2(1) G 22 cos θ (221) − B 22 sen θ (221) =
= 0,4986

Da equação (2.16d):

L(22
1)
[ ( ) ( )]
= (V2(1) ) 2 B 22 − V2(1) V1(1) G 21 sen θ (211) − B 21 cos θ (211) + V2(1) G 22 sen θ (221) − B 22 cos θ (221) =
= 0,0888

d) Os valores de θ (21) e ∆V2(0) serão dados, novamente, plea equação (2.15b):

−1 −1
⎡ θ (21) ⎤ ⎡H (221) N (221) ⎤ ⎡ ∆P2(1) ⎤ ⎡− 0,8796 0,0802 ⎤ ⎡- 0,0059⎤ ⎡− 0,0119⎤
⎢ (1) ⎥ = − ⎢ (1) 1) ⎥
. .⎢ (1) ⎥ = − ⎢ ⎥ . ⎢ ⎥=⎢ ⎥
⎣V2 / V ⎦ ⎣ J 22 L(22 ⎦ ⎣∆Q 2 ⎦ ⎣ 0,4986 − 1,0888⎦ ⎣- 0,0515⎦ ⎣ − 0,0528⎦

e) A equação (2.15a) fornecerá os valores atualizados para θ e V:

⎡ θ (22) ⎤ ⎡ θ (21) ⎤ ⎡ ∆θ (21) ⎤ ⎡− 0,3183⎤ ⎡− 0,0119⎤ ⎡− 0,3302⎤


⎢ ( 2) ⎥ = ⎢ (1) ⎥ + ⎢ (1) ⎥=⎢ ⎥+⎢ ⎥=⎢ ⎥
⎣V2 ⎦ ⎣V2 ⎦ ⎣∆V2 / V ⎦ ⎣ 1,0312 ⎦ ⎣ − 0,0528⎦ ⎣ 0,9784 ⎦

3a Iteração:

∆P2( 2) = −0,3 − 0,1923V2( 2) (V2( 2) − cos θ (22) ) − 0,9615V2( 2) sen θ (22) = −0,0011
a)
∆Q (22) = 0,07 − (V2( 2) ) 2 .0,9415 + 0,1923V2( 2) sen θ (22) + 0,9615V2( 2) . cos θ (22) = −0,0024

b) Teste de convergência:

∆P2( 2) = 0,0011 < 0,003

∆Q (22) = 0,0024 < 0,003

como o processo convergiu os cálculos são interrompidos neste ponto e imprime-


se os resultados, sendo que: V2 = 0,9784∠-0,3302 rds (-18,94o) pu.

64
2.3. O MÉTODO DESACOPLADO RÁPIDO:

É o método derivado do Newton-Raphson. Ao invés do Jacobiano, são usadas


duas matrizes constantes.

Exemplo ilustrativo simples:

Encontrar uma raiz de equação y = x2 – 4 usando N-R normal e, em seguida,


fixando y’ = 4 e y’ = 1.

Tomar x(1) = 1 e | y | < 0,25 como critério de convergência.

Solução:

⎧⎪x ( j+1) = x ( j) + ∆x ( j)
⎨ ( j)
[ ] −1
⎪⎩∆x = y ′ ( j) .y ( j)

a) Newton-Raphson tradicional:

Para j = 1: y’(j) = 2x(j) ⇒ y’(1) = 2x(1) = 2x 1 = 2

y(j) = [x(j)]2 – 4 ⇒ y(1) = [x(1)]2 – 4 = 1 – 4 = -3

Assim:

[ ]
∆x (1) = − y ′ (1)
−1
.y (1) =
1
2
(−3) =
3
2
e
x(2) = x(1) + ∆x(1) = 1 + 3/2 = 2,5

Para j = 2: y’(2) = 2x(2) = 2x 2,5 = 5;


y(2) = [x(2)]2 – 4 = 2,5 – 4 = 2,25
[ ]
∆x ( 2) = − y ′ ( 2)
−1 1
.y ( 2) = − x 2,25 = - 0,45
5
x(3) = x(2) + ∆x(2) = 2,5 + (-0,45) = 2,05 → Esta é a raiz procurada porque:

y(3) = [x(3)]2 – 4 = 2,052 – 4 = 0,2025, que é menor que a tolerância (ou erro): 0,25
→ 0,2025 < 0,25

b) Derivada constantes:

65
b.1)
⎧ (1) ⎛ − 1 ⎞ (1) 1
⎪∆x = ⎜⎜ ⎟⎟.y = − .(−3) = 0,75
y ′ = 4 ⇒ para j = 1⎨ ⎝ + y' ⎠ 4
⎪ ( 2)
⎩x = x + ∆x = 1 + 0,75 = 1,75 ⇒ y = x
(1) (1) ( 2) ( 2)
[ ]2
− 4 = 1,75 2 − 4 = −0,94
⎛ −1⎞ 1
para j = 2: ∆x ( 2) = ⎜⎜ ⎟⎟ y ( 2) = − x (−0,94) = 0,235
⎝ y′ ⎠ 4

x(3) = x(2) + ∆x(2) = 1,75 + 0,235 = 1,985 → Raiz procurada (y(3) = [x(3)]2 – 4 = -
0,06

⎛1⎞ 1
b.2) y’ = 1: para j = 1: ∆x (1) = −⎜⎜ ⎟⎟ y ( 2) = − x − 3 = 3
⎝ y′ ⎠ 1

x(2) = x(1) + ∆x(1) = 1 + 3 = 4

y(2) = [x(2)]2 – 4 = 16 – 4 = 12

Para j = 2: ∆x(2) = -1/y . y(2) = - 1/1 . 12 = - 12


x(3) = x(2) + ∆x(2) = 4 + (-12) = - 8
y(3) = (x(3))2 – 4 = 64 – 4 = 60

Para j = 3: ∆x(3) = - 1/y . y(3) = - 1/1 . 60 = - 60


x(4) = x(3) + ∆x(3) = - 8 + (-60) = - 68
y(4) = (x(4))2 – 4 = 4620 ⇒ o processo iterativo divergiu.

CONCLUSÃO: Pode-se obter convergência usando-se valores constantes para


as derivadas, porém esses valores devem ser escolhidos de forma adequada.

2.3.1. Desenvolvimento do Método Desacoplado Rápido

Inicia-se a análise a partir das equações (2.15) do Método Newton-Raphson (N-


R):

⎡ θ j+1 ⎤ ⎡ θ j ⎤ ⎡ ∆ θ j ⎤
⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎢ ...... ⎥ = ⎢......⎥ + ⎢ ...... ⎥
⎢ V j+1 ⎥ ⎢ V j ⎥ ⎢(∆ V / V )j ⎥
⎣ ⎦ ⎣ ⎦ ⎣ ⎦

onde:

66
⎡ ∆θ j ⎤ ⎡ H N′ ⎤ ⎡ ∆P j ⎤
⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎢ ...... ⎥ = − ⎢...... ......⎥ . ⎢ ...... ⎥
⎢(∆V / V )j ⎥ ⎢ J L ′ ⎥⎦ ⎢⎣ ∆ Q j ⎥⎦
⎣ ⎦ ⎣

esta última equação pode ser reescrita da seguinte forma:

⎡ ∆P j ⎤ ⎡ H N′ ⎤ ⎡ ∆θ j ⎤
⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎢ ...... ⎥ = − ⎢...... ......⎥ . ⎢ ...... ⎥ (2.17)
⎢∆Q j ⎥ ⎢ J L ′ ⎥⎦ ⎢⎣(∆V / V ) ⎥⎦
j
⎣ ⎦ ⎣

O método desacoplado rápido se vale das conhecidas propriedades de que:

• Os fluxos de potência ativa são fortemente influenciados pelos ângulos de


fase das tensões e praticamente independentes dos módulos das tensões.
• Os fluxos de potência reativa são fortemente dependentes dos módulos das
tensões e praticamente não influenciados pelos ângulos de fase das
tensões.

Em termos das equações de iteração do N-R, equação (2.17), estas propriedades


são representadas através dos pequenos valores numéricos dos elementos J e N da
Matriz Jacobiana. Para se chegar a esta conclusão basta verificar as equações
(2.16), considerando que em sistemas elétricos bem projetados, Gik << Bik e θik ≈
0o.

Assim, a equação (2.17) poderá ser reescrita:

⎡ ∆P j ⎤ ⎡ H ......⎤ ⎡ ∆ θ j ⎤ ⎡ H . ∆θ j ⎤
⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎢ ...... ⎥ = − ⎢...... ......⎥ . ⎢ ...... ⎥ = − ⎢ ............ ⎥ (2.18)
⎢∆Q j ⎥ ⎢...... L ′ ⎥ ⎢(∆V / V )j ⎥ ⎢ L ′ . (∆V/V )j ⎥
⎣ ⎦ ⎣ ⎦ ⎣ ⎦ ⎣ ⎦

Os elementos das matrizes H e L (equações (2.16a) e (2.16d)) serão:

Hik = - Vik Vk (Gik senθik - Bik cosθik) ⇒


Hik ≈ Vi Vk Bik
Hii = Vi2.Bii+QiT (2.19)
Lik = Hik
Lii = Hii
Para ilustrar as equações (2.18) considere o sistema abaixo:

67
Figura sem número pag. 74

As equações (2.18) para este sistema serão dadas por:

⎡∆P2j ⎤ ⎡V2 B 22 V2 V2 B 23 V2 V2 B 24 V2 V2 B 25 V2 ⎤ ⎡∆θ 2j ⎤


⎢ j⎥ ⎢ ⎢ ⎥
⎢∆P3 ⎥ = − ⎢ V3 B 32 V2 V3 B 33 V3 V3 B 34 V4 V3 B 35 V5 ⎥⎥ ⎢ ∆θ 3j ⎥
.
⎢∆P j ⎥ ⎢V4 B 42 V2 V4 B 43 V3 V4 B 44 V4 V4 B 45 V5 ⎥ ⎢∆θ 4j ⎥
⎢ 4j ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎣⎢∆P5 ⎦⎥ ⎣ V5 B 52 V2 V5 B 53 V3 V5 B 54 V4 V5 B 55 V5 ⎦ ⎣⎢ ∆θ 5j ⎥⎦

BI
⎡ ∆Q 3j ⎤ V3 B 35 V5 ⎤ ⎡ (∆V3 /V3 ) ⎤
j
⎡ V3 B 33 V3 V3 B 34 V4
⎢ j⎥ ⎢ ⎢ j⎥
⎢∆Q 4 ⎥ = − ⎢V4 B 43 V3 V4 B 44 V4 V4 B 45 V5 ⎥⎥ . ⎢(∆V4 / V4 ) ⎥
⎢ ∆Q j ⎥ ⎢⎣ V5 B 53 V3 V5 B 55 V5 ⎥⎦ ⎢ (∆V5 / V5 ) ⎥
j
⎣ 5⎦ V5 B 54 V4
⎣ ⎦

BII

Nas duas equações acima, as tensões à esquerda das susceptâncias podem ser
levadas para o 1o membro:

∆P / V j = −B I V x ∆ θ j

∆ Q / V j = − B II x ∆V j

para que estes termos não influenciem no fluxo de potência ativa : V = 1.

Assim, as equações do Método Desacoplado serão:

∆P / V j = −B I x ∆ θ j

∆ Q / V j = − B II x ∆V j (2.20)

68
NOTAS:

1. Observando-se as equações (2.18) e (2.20) conclui-se que as matrizes BI e BII


são idênticas às matrizes H e L e são calculadas apenas uma vez.
2. Para um sistema de n barras:
Dimensão de BI: (n-1).(n-1)
Dimensão de BII: npq . npq (npq: no de barras PQ do sistema)
3. Os elementos do BI e BII são imaginários (parte imaginária da matriz Y do
sistema).
4. As demais simplificações para desacoplar ∆P de M e ∆Q de θ são:

a) Omite-se de BI as reatâncias shunt e taps em fase de trafos controladores de |


V |.
b) Omite-se de BI taps em quadratura de trafos defasadores.

Aspectos computacionais:

a) A convergência deste método é geométrica, não tão rápida quanto a de


Newton-Raphson (N-R) que representa convergência quadrática.
Normalmente, a convergência é atingida entre 4 e 7 iterações.
b) Em compensação, o tempo de computação de uma iteração é muito pequeno.
O tempo para se executar uma iteração neste caso equivale ao tempo de 1/5 de
iteração no Newton-Raphson, compensando assim a convergência mais lenta.
c) Os gastos de memória são da ordem de 40% menores que os de N-R.
d) A convergência do método é mais confiável do que no B-R, o método é
independente da forma das funções envolvidas.
e) O método é fácil de ser implementado e programado.

Algorítmo do “Desacoplado Rápido”

69
• expressões para testes de convergência
| ∆Pi | ≤ εp
| ∆Qi | ≤ εq

Figura sem número pag. 77


Exemplo numérico do Método Desacoplado Rápido:

O sistema é o mesmo do 2o exemplo mostrado para o Newton-Raphson.

70
Figura

Solução:

Linha 1-2: z12 = 0,2 + j1,0 = 1,02∠78,69o


y12 = 1/z12 = 0,981∠-78,69o = 0,1923 – j0,9615

Admitância shunt: ysh = bsh = j0,02

Matriz de admitância: y22 = 0,1923-j0,9615+j0,02=G22 – jB22=0,1923-j0,9415

Determinação dos termos B′22 e B′22


′ :

B′kk = ∑1NB1 / x kk ⇒ B′22 = 1 / j1,0 = j1,0 ⇒ B′22 = (1,0) → aqui omitiu-se “bsh = j0,02”.

Obs.: B′km = −( x km ) −1 ⇒ usado quando houver outras barras PQ

B′kk
′ = − B kk (da matriz de admitância) ⇒ B′22
′ = + B 22 = −0,9415 → aqui inclui-se
“bsh = j0,02”.

1a Iteração

a) ∆P2 ?

Adota-se a mesma equação (2.13a) do Newton-Raphson:

∆P2 = P2esp − V2 [V1 (G 21 cos θ 21 + B 21 sen θ 21 ) + V2 (G 22 cos θ 22 + B 22 sen θ 22 )]


( )
∆P2 = −0,3 − 0,1923 V2( 0) cos θ (20) − 0,9615V2( 0) sen θ (20) = −0,3

b) Teste de convergência:

|∆P2 = 0,3 > 0,003 ⇒ deve-se então prosseguir os cálculos.

71
c) ∆θ (20) = ? Das equações (2.20): ∆P/Vj = - BI . ∆θj

( )
∆P2( 0) / V2( 0) = − B′22 .∆θ (20) ⇒ ∆θ (20) = − ∆P2( 0) / V2( 0) / B′22 = −(− 0,3 / − 1,0 ) / 1,0 = −0,3rds

d) θ (21) = θ (20) + ∆θ (20) = 0 − 0,3 = −0,3 rds

1a Iteração QV

a) ∆Q2 = ?

Da equação (2.13b) do Newton-Raphson:

2 − V2 [V1 (G 21 sen θ 21 − B 21 cos θ 21 ) + V2 (G 22 sen θ 22 − B 22 cos θ 22 )]


∆Q 2 = Q esp
∆Q 2 = 0,07 − V2( 0) .0,9415 + 0,1923V2( 0) . sen θ (21) + 0,9615V2( 0) cos θ (21) = −0,0098

b) Teste de convergência:

| ∆Q2 | = 0,0098 > 0,003 ⇒ deve-se então prosseguir os cálculos.

c) ∆V2(0) = ? Das equações (2.20): ∆Q/Vj = - BII . ∆Vj

(
∆Q (20) / V2( 0) = − B′22 ) ( ) ′ = −(0,0098 / 1,0 ) / − 0,9415 =
′ .∆V2( 0) ⇒ ∆V2( 0) = − ∆Q (20) / V2( 0) / B′22
0,0104
d) V2(1) = V2(0) + ∆V2(0) = 1,0 − 0,0104 = 0,9896 pu

2a Iteração Pθ:

a) ∆P2(1) = −0,3 − 0,1923(V2(1) cos θ (21) ) − 0,9615V2(1) sen θ (21) = −0,0253

b) Teste de convergência:

| ∆P2(1) | = 0,0253 > 0,003 ⇒ deve-se então prosseguir os cálculos.

c) ∆θ (21) = −(∆P2(1) / V2(1) )/ B′22 = −[(− 0,0253 / 0,9896) / − 1,0] = −0,0256 rds

d) θ (22) = θ (21) + ∆θ (21) = −0,3 − 0,0256 = −0,3256 rds

2a Iteração QV:

a) ∆Q (21) = 0,07 − V2(1) . 0,9415 + 0,1923V2(1) . senθ (2)


2 + 0,9615V2 cos θ 2 = −0,0114
(1) (2

72
b) Teste de convergência:

| ∆Q (21) | = 0,0114 > 0,003 ⇒ deve-se então prosseguir os cálculos.

c) ∆V2(1) − (∆Q (21) / V2(1) )/ B′22


′ = −[(− 0,0114 / 0,9896 ) / − 0,9415] = −0,0122

d) V2( 2) = V2(1) + ∆V2(1) = 0,9896 − 0,0122 = 0,9774 pu

3a Iteração Pθ:

a) ∆P2( 2) = −0,3 − 0,1923V2( 2) (V2( 2) − cos θ (22) ) − 0,9615V2( 2) sen θ (22) = −0,005

b) Teste de convergência:

| ∆P2( 2) | = 0,005 > 0,003 ⇒ deve-se então prosseguir os cálculos.

c) ∆θ (22) = (∆P2( 2) / V2( 2) )/ B′22 = −(− 0,005 / 0,9774) / − 1,0 = −0,0051 rds

d) θ (23) = θ (22) + ∆θ (22) = −0,3256 − 0,0051 = −0,3307 rds

3a Iteração QV:

a) ∆Q (22) = 0,07 − V2( 2) . 0,9415 + 0,1923V2(2) . senθ (3)


2 + 0,9615V2 cos θ 2 = −0,0016
( 2) ( 3)

b) Teste de convergência:

∆Q (22) = 0,0016 < 0,003 ⇒ O subproblema QV convergiu e esta iteração não


precisa ser efetuada.

4a Iteração Pθ:

a) ∆P2(3) = −0,3 − 0,1923V2( 2) (V2( 2) − cos θ (23) ) − 0,9615V2( 2) sen θ (23) = −0,001

b) Teste de convergência:

∆P2(3) = 0,001 < 0,003 ⇒ O subproblema Pθ também convergiu.

Então V2 = 0,9774∠-0,3307o rds = 0,9774∠-18,95o

73
NOTAS:

1. Comparando com os resultados obtidos com o Newton-Raphson:

V2 = 0,9784∠-0,3302 rds

2. Os resultados poderiam ser mais próximos ainda, bastaria que para isso se
aumentasse o número de iterações (diminuindo-se a tolerância).

BIBLIOGRAFIA:

1. ELGERD, O. I. – “Introdução à Teoria de Sistemas de Energia Elétrica” –


McGraw-Hill do Brasil Ltda., 1976.
2. MONTICELLI, A. – “Fluxo de Carga em Redes de Energia Elétrica” –
Edgard Blucher, 1983.

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