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Vigilância em Saúde do Trabalhador: um estudo à luz da Portaria nº 3.

120/98 1

Vigilância em Saúde do Trabalhador: um


estudo à luz da Portaria nº 3.120/98
Occupational Health Surveillance: a study in the light of Ministerial
Directive nº 3.120/98

Lorena Cristina Ramos Vianna1, Aldo Pacheco Ferreira2, Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos3,
Renato José Bonfatti4, Maria Helena Barros de Oliveira5

1 Fundação Oswaldo Cruz


(Fiocruz), Escola Nacional
de Saúde Pública Sergio
Arouca (Ensp), Programa
de Pós-graduação em
Saúde Pública – Rio de RESUMO A saú de do trabalhador é um campo de práticas e conhecimentos de enfoque teó -
Janeiro (RJ), Brasil.
frascariramos@yahoo.com.br
rico-metodoló gico da saú de pú blica, cujo objeto é o processo saú de-doença do homem em
sua relaçã o com o trabalho. Analisaram-se as principais açõ es na Vigilâ ncia em Saú de do
2 Fundação Oswaldo
Cruz (Fiocruz), Escola
Trabalhador e na prevençã o de acidentes de trabalho. O referencial teó rico baseou-se na cor-
Nacional de Saúde rente filosó fica do materialismo histó rico e dialético da saú de do trabalhador. Nas
Pública Sergio Arouca
(Ensp), Departamento de
entrevistas, obtiveram-se reflexõ es e depoimentos de profissionais do Centro de
Direitos Humanos, Saúde Referência em Saú de do Trabalhador (Cerest/RJ) para aná lise de conteú do. Os resultados
e Diversidade Cultural
(DIHS) – Rio de Janeiro
revelam importantes lacunas que afetam as açõ es atuais nessa á rea, quanto à distâ ncia entre
(RJ), Brasil. conhecimento teó rico, sua apreensã o e sua aplicaçã o.
aldopachecoferreira@gmail.
com
PALAVRAS-CHAVE Saú de do trabalhador. Vigilâ ncia em Saú de do Trabalhador. Política de
3 Fundação Oswaldo
Cruz (Fiocruz), Escola saú de. Serviços de saú de do trabalhador.
Nacional de Saúde
Pública Sergio Arouca
(Ensp), Departamento de ABSTRACT The worker’s health is a field of practices and knowledge of theoretical-methodolog-
Direitos Humanos, Saúde ical approach in public health, whose object is the health-disease process of man in his relation
e Diversidade Cultural
(DIHS) – Rio de Janeiro with work. The main actions on occupational health surveillance and prevention of accidents
(RJ), Brasil. were analyzed. The theoretical reference was based on the philosophical current of dialectical
elfadel@globo.com
and historical materialism of worker’s health. From the interviews, reflections and testimonies
of Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest/RJ) professionals were obtained for
4
Fundação Oswaldo Cruz
(Fiocruz), Escola Nacional
de Saúde Pública Sergio content analysis. The results reveal important gaps that affect the current actions in this area,
Arouca (Ensp), Centro regarding the distance between theoretical knowledge, its apprehension and its application.
de Estudos da Saúde do
Trabalhador e Ecologia
Humana (Cesteh) – Rio de KEYWORDS Occupational health. Surveillance of the Workers Health. Health policy.
Janeiro (RJ), Brasil.
renato.bonfatti@gmail.com Occupational health services.
5 Fundação Oswaldo
Cruz (Fiocruz), Escola
Nacional de Saúde
Pública Sergio Arouca
(Ensp), Departamento de
Direitos Humanos, Saúde
e Diversidade Cultural
(DIHS) – Rio de Janeiro
(RJ), Brasil.
mhelen@ensp.fiocruz.br

SAÚDE DEBATE | RIO DE JANEIRO, V. 41, N. 114, P. 786-800, JUL-SET 2017


786 ARTIGO ORIGINAL | ORIGINAL ARTICLE

1. Introdução Acidentes do Trabalho da Previdência Social, em 2014, foram


contabilizados 704.136
A necessidade de implementar açõ es de
Vigilâ ncia em Saú de do Trabalhador (Visat)
é uma questã o que surge desde que essa
açã o pú blica foi consignada na Constituiçã o
Federal de 1988 e, particularmente, ao
longo da trajetó ria de construçã o da á rea da
saú de do trabalhador no Brasil (BRASIL,
1988). A Visat é um componente do Sistema
Nacional de Vigilâ ncia em Saú de que visa à
promoçã o da saú de e à reduçã o da
morbimortalida- de da populaçã o
trabalhadora, por meio da integraçã o de
açõ es que intervenham nos agravos e seus
determinantes decorrentes dos modelos de
desenvolvimento e dos pro- cessos
produtivos. Conforme Vasconcellos, Gomez
e Machado (2014, P. 4618),

[...] esta dimensão prevencionista de


atenção à saúde cabe, principalmente, à
Rede Nacio- nal de Atenção Integral à
Saúde do Trabalha- dor – Renast, por meio
dos Cerest, os seus núcleos executivos de
ação efetiva.

Estes têm como objetivo:

[...] fornecer subsídio técnico para o Sistema


Único de Saúde (SUS), nas ações de promo-
ção, prevenção, vigilância, diagnóstico,
trata- mento e reabilitação em saúde dos
trabalha- dores urbanos e rurais. (BRASIL, 2009,
P. 3).

Ao se considerar a atual conjuntura so-


cietá ria, marcada pela crise do capital e pela
agudização dos seus efeitos sobre a vida
social dos sujeitos, consegue-se perceber, de
forma cada vez mais clara, a
incompatibilidade esta- belecida entre o
modo de produção capitalista e a garantia de
saú de no trabalho (VASCONCELLOS; GOMEZ;
MACHADO, 2014), haja vista os diferentes
agravos à saú de que vêm sofrendo os traba-
lhadores, tais como os acidentes de trabalho
(OLIVEIRA; SANT’ANNA; FERREIRA, 2015).
Conforme o Anuá rio Estatístico de
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um caminho necessá rio e funda- mental para


acidentes de trabalho, a reversã o dessa dura realida- de (DALDON;
sendo a regiã o Sudeste LANCMAN, 2013; VASCONCELLOS; GOMEZ;

a que apresentou o MACHADO, 2014).Ao partir deste pressuposto


maior nú mero de casos, e, reconhecendo a importâ ncia de discutir
com 379.425 acidentes, as particularidades da populaçã o trabalha-
tendo o estado do Rio de dora do município do Rio de Janeiro, este
Janeiro/RJ ocupado a estudo analisa os avanços e os atuais desa-
terceira posiçã o no País, fios nas açõ es de prevençã o e vigilâ ncia em
com 51.778; e seu saú de do trabalhador no â mbito do Centro
município, 26.982 aci- de Referência em Saú de do Trabalhador
dentes notificados (Cerest) municipal, que, como instituiçã o
(BRASIL, 2014). Tal pú blica de referência no trato da relaçã o
realidade se torna ainda saú de-trabalho, assume um papel de desta-
mais problemá tica ao que na concretizaçã o dessas açõ es.
consi- derar que esses
dados apenas se
restringem aos 2. Métodos
trabalhadores
‘celetistas’, excluindo-se Em relaçã o à fundamentaçã o do estudo, uti-
dessa contagem lizou-se como abordagem teó rico-metodo-
funcioná rios pú blicos ló gica a corrente filosó fica do materialismo
civis e militares, histó rico-dialético, pois entende-se que o
estatutá rios, método dialético contribui para uma visã o
autô nomos, emprega- de
dos domésticos e,
principalmente,
trabalha- dores
informais (IBGE, 2013).
O campo da saú de do
trabalhador tem em si,
como base efetiva, a
epistemologia política,
econô mica e social
marxista, desen- volvida
a partir do
materialismo histó rico-
-dialético e do processo
de trabalho (MARX, 1983). O
modo de ser dessa
concepçã o e das
transformaçõ es
ocorridas a partir de suas
metodologias e
pressupostos foram
motiva- çõ es de
investigaçã o no decurso
deste artigo. Cabe
destacar a importâ ncia
das açõ es da Visat como
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totalidade das relaçõ es sociais de produçã o RJ, exercendo funçõ es relacionadas dire-
e reproduçã o, ao introduzir “[...] o princípio tamente com as açõ es de Visat, atendendo
do conflito e da contradiçã o como aos critérios de inclusã o e exclusã o dos su-
constitutivos da realidade e, portanto, jeitos da pesquisa, com dois anos ou mais de
essenciais para sua compreensã o” (AZEVEDO, experiência mediante adesã o ao Termo de
2004, P. 132). Somada a essa corrente, esta
Consentimento Livre e Esclarecido pelos su-
pesquisa também está sintonizada ao jeitos da pesquisa (GASKEL, 2002); e as informa-
referencial teó rico do campo da saú de do çõ es coletadas foram submetidas à aná lise
trabalhador, que traz uma pers- pectiva de conteú do de recorte temá tico com base
inovadora de compreensão da relação em Bardin (2011). A aná lise de conteú do
saú de-trabalho ao romper política e ideolo- contou com as fases de pré-aná lise, de
gicamente com os campos da medicina do exploraçã o do material e de tratamento dos
trabalho e da saú de ocupacional, conferindo dados. Ao fim, realizaram-se a inferência e a
um olhar mais amplo e crítico sobre a tríade interpretaçã o do material.
acidente de trabalho, vigilâ ncia e prevençã o. Sobre a elaboraçã o do roteiro de entre-
Além disso, privilegia os interesses da classe vista, é importante explicitar que ele foi
trabalhadora, destacando-a como pensado e construído com base na Portaria
protagonis- ta do processo de luta pela nº 3.120/1998, que aprova a Instruçã o
garantia da saú de. Assim, o processo de Normativa de Vigilâ ncia em Saú de do
desenvolvimento do método científico Trabalhador para o Sistema Ú nico de Saú de
iniciou-se pela fase de ob- servaçã o geral (SUS), com a finalidade de definir procedi-
do tema. Em seguida, foram traçadas mentos bá sicos para o desenvolvimento das
suposiçõ es sobre a intervençã o e atençã o açõ es. Apesar de se tratar de uma Portaria
em saú de do trabalhador, e de explo- raçã o nã o tã o recente, se comparada a outras mais
teó rico-dialética pela compreensã o do atuais que sinalizam a questã o da vigilâ n-
processo histó rico das mudanças, conflitos e cia, porém de forma nã o tã o aprofundada,
transformaçõ es no campo e em sua prá tica. entende-se que ela traz em seu bojo ele-
O estudo foi desenvolvido por meio de mentos importantes para pensar o proces-
um delineamento misto e contou com a so de vigilâ ncia, tais como: conceituaçã o,
trian- gulaçã o dos dados como recurso princípios, objetivos, metodologia e infor-
metodoló - gico (MINAYO, 2010). A pesquisa, maçõ es bá sicas. A leitura e compreensã o
aprovada pelo Comitê de É tica em Pesquisa desses elementos contribuíram para a
da Fiocruz (Parecer nº 1.543.986) e pelo construçã o prévia de um quadro de cate-
Comitê de É tica em Pesquisa da Secretaria gorias e subcategorias (quadro 1) sobre o
Municipal de Saú de do Rio de Janeiro tema da Visat que, por sua vez, subsidiou
(Parecer nº 1.589.274), foi desenvolvida no a formulaçã o das questõ es do roteiro, bem
Cerest/RJ, no período de maio a setembro como serviu para a aná lise de conteú do
de 2016. As ca- tegorias analíticas da dos dados das entrevistas. As seis catego-
pesquisa e seus respec- tivos eixos de rias de aná lise do estudo foram: Vigilâ ncia
investigaçã o foram: trabalho e perfil dos em Saú de do Trabalhador; Metodologia
trabalhadores, processo saú de- da Visat; Princípios norteadores da Visat;
-doença dos trabalhadores, saú de do traba- Objetivos da Visat; Cerest do município do
lhador na atençã o bá sica, atençã o em saú de Rio de Janeiro; e Temas extras.
do trabalhador e proteçã o social.
As entrevistas foram realizadas com
cinco profissionais que compõ em o Cerest/

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Quadro 1. Categorias e su bcategorias construídas com base na Portaria nº 3.120/1998

Categorias Subcategorias Questões


Vigilância em Saúde Significado da Visat Questão 1
do Trabalhador (Vi- Papel da Visat para o campo da ST Questão 1
sat)
Metodologia da Visat Dispositivos normativos Questão 4
Metodologia das ações de Visat Questão 5
Metodologia das ações de prevenção de acidentes de trabalho Questão 6
Princípios norteadores Integralidade Questão 9
da Visat
Pluri-institucionalidade Questão 10
Interdisciplinaridade Questão 12
Controle social Questão 11
Objetivos da Visat Conhecimento da realidade de saúde da população trabalhadora Questão 2
A intervenção sobre os fatores determinantes de agravo à saúde Questão 3
do trabalhador
Avaliação do impacto das medidas adotadas Questão 7
Criação de bases de dados a partir do processo de vigilância Questão 8
Cerest do município Capacitação e educação permanente dos técnicos da Instituição Questão 13
do Rio de Janeiro
Avanços e desafios nas ações de Visat Questão 14
Avanços e desafios na Instituição Questão 15

Temas extras Questão 16

Cabe destacar que as questõ es presentes Vigilância em Saúde do


no quadro 1 nã o seguem uma ordem Trabalhador (Visat)
numéri- ca sequencial devido ao desejo de
abordar as subcategorias de forma mais Nessa subcategoria, a maioria dos entrevis-
ló gica durante as entrevistas. A ú ltima tados refere-se à Visat enquanto um
categoria, ‘Temas extras’, foi inserida no conceito amplo, englobando acolhimento,
intuito de dar mais vi- sibilidade a outros atendimen- to, inspeçã o, qualificaçã o,
temas nã o contemplados na Portaria nº investigaçã o, epi- demiologia, ramo
3.120/1998. produtivo, investigaçã o de ramo produtivo,
pesquisa, qualificaçã o de alunos e
apresentaçã o de palestras, que pertence ao
3. Resultados â mbito da vigilâ ncia em saú de e que
representa um instrumento de melhoria das
Para melhor compreensã o dos resultados, condiçõ es de trabalho. Caracteriza-se
optou-se por dividir em subtó picos as seis principalmente pela identificaçã o, preven-
categorias e 16 subcategorias predefinidas çã o e intervençã o sobre os determinantes
no estudo, visando destacar os principais do adoecimento e os agravos à saú de do tra-
nú cleos de sentido obtidos com as entrevis- balhador, sendo necessá ria a realizaçã o de
tas e facilitar a discussã o destes. um processo de acompanhamento contínuo

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do impacto do processo produtivo em um Cerest, realize as devidas mudanças dentro


determinado territó rio, considerando um do prazo estipulado. Caso ocorra o descum-
grupo específico de populaçã o. Fica clara, primento dessas medidas, emprega-se o
ainda, a forte associaçã o entre a açã o de Auto de Infraçã o, que, quando necessá rio,
Visat com a noçã o de prevençã o, o que resulta na aplicaçã o de multa. No entanto,
confirma os pressupostos iniciais da verificada a existência de um determinado
pesquisa, que in- troduzem a ideia da Visat setor ou máquina que possa representar um
como importante instrumento de risco má ximo para a vida dos trabalhadores,
prevençã o. aplica-se de imediato o Termo de Interdiçã o,
Em relaçã o à aná lise temática da subcate- na tentativa de interromper seu funciona-
goria ‘Papel da Visat para o campo da Saú de mento. Como fica claro nas entrevistas, nã o
do Trabalhador’, é possível inferir que ela há uma lei específica da saú de do trabalha-
assume um papel proativo, servindo de base dor que possa subsidiar as açõ es de Visat,
para que o campo da saú de do trabalhador por isso, todos esses instrumentos foram
possa lançar mã o de estratégias necessá - construídos com base em outras legislaçõ es
rias ao alcance de seus objetivos. Assume, que de alguma forma se referem à saú de do
também, um papel preventivo e educativo trabalhador, como as Normas regulamenta-
no â mbito do SUS, incluindo-se aí o trabalho doras vinculadas à Consolidaçã o das Leis do
de capacitaçã o com os Agentes Trabalho (CLT).
Comunitá rios de Saú de (ACS) da atençã o Quando perguntados sobre a capacidade
bá sica, que exercem um trabalho de intervençã o desses dispositivos norma-
importante para o mapeamento da área tivos, os entrevistados revelam que devido
produtiva da regiã o. Ressalta-se ainda que, à incorporaçã o do Cerest na Subsecretaria
apesar de contribuir como estratégia de de Vigilâ ncia, Fiscalizaçã o Sanitá ria e
acompanhamento do impacto do processo Controle de Zoonoses (Subvisa) em 2010,
produtivo na saú de da populaçã o em vá rias fortaleceu-se o poder de atuaçã o desses
instâ ncias, a Visat ainda carece de um plane- dispositivos. No entanto, de maneira geral,
jamento institucional maior, principalmente concordam que eles dã o subsídio para ques-
pelo fato de os profissionais da saú de tõ es pontuais, porém sã o limitados para a
exerce- rem uma sobrecarga de funçõ es, açã o de vigilâ ncia, nã o conseguindo solu-
dificultan- do a realizaçã o do encadeamento cionar questõ es de maior abrangência, o que
das açõ es em saú de do trabalhador. denota a necessidade de seu
aprimoramento. Ressalta-se, também, a falta
4. Metodologia da Visat de tecnologia na formataçã o da
documentaçã o. Diante dos limites
O Cerest se utiliza de quatro principais apontados, os temas referentes a essa
instrumentos legais, sendo eles: Termo de subcategoria convergem para a ideia de que
Visita, Termo de Intimaçã o, Auto de Infraçã o a lei nem sempre consegue dar conta de
e Termo de Interdiçã o. É importante escla- seus objetivos, pois sempre vai demandar
recer que o primeiro instrumento se refere novas respostas legais ao problema advindo
ao momento da visita do Cerest na empresa de novas tecnologias. Por outro lado,
a ser fiscalizada, em que sã o expostos os acredita-se que a questã o principal nã o está
motivos e argumentos legais para a realiza- na ausência de lei, mas, sim, no
çã o da açã o. Verificada alguma discordâ ncia conhecimento que os empregadores têm
em relaçã o à s normas, incluindo-se aí as sobre ela, colocando-se como medida
condiçõ es para a garantia da saú de e da se- necessá ria a realizaçã o de um trabalho
gurança dos seus trabalhadores, aplica-se o prévio, que envolva promoçã o e orientaçã o
Termo de Intimaçã o para que o responsá vel aos empregadores.
legal, a partir das orientaçõ es dadas pelo
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Em relaçã o à subcategoria ‘Metodologia

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das açõ es de Visat’, é possível inferir que Apesar de nã o haver um documento que
essas açõ es ocorrem a partir de uma defina as açõ es preventivas, pode aconte-
demanda, emitida por algum ó rgã o pú blico cer de os profissionais realizarem algumas
ou por denú ncia anô nima, por meio da orientaçõ es preventivas.
Central de Atendimento ao Cidadã o ‘1746’.
Até chegar ao Cerest, essa demanda passa
primeiro pelo Centro de Saú de do 5. Princípios norteadores da
Trabalhador (Cesat), e que, mediante a
emissã o de uma ‘Ordem de Serviço’, repassa
Visat
para o Cerest executá -la por meio da açã o Ao fazer uma aná lise da subcategoria
de vigilâ ncia. Relata-se que apesar da sua ‘Integralidade’, é possível inferir que nã o
metodologia ser independente e variar houve consenso quanto à presença da inte-
conforme os projetos executados, existe um gralidade nas açõ es de Visat. Relata-se que
modus operandi, que seria: rece- bimento da quando o trabalhador chega ao Cerest, ele
Ordem de Serviço do Cesat, ela- boraçã o de consegue ser acolhido pela equipe, havendo
relató rio sobre a açã o e criaçã o de um o encaminhamento dele para o SUS por
processo sobre ela. Nele, inclui-se a meio da Estratégia Saú de da Família (ESF)
aplicaçã o dos dispositivos normativos, men- ou via Sistema Nacional de Regulaçã o
cionados anteriormente. Entre os projetos (Sisreg), caso ele precise de um médico
específicos realizados atualmente, estã o: os especialista. Para aqueles que nã o acreditam
eventos de massa, a questã o do amianto, o na integralida- de, defende-se que há certa
pé-direito dos imó veis nas á reas de comér- dificuldade em reconhecê-la, pois quando o
cio, a questã o do material perfurocortante. É trabalhador é encaminhado para a rede de
vá lido destacar que, no caso dos eventos de saú de via Sisreg, nã o há garantia de que ele
massa, existe um roteiro pró prio. vá ser atendido nos outros níveis de atençã o
No que diz respeito à aná lise temá tica da à saú de. Nesse sentido, fica nítido entre os
subcategoria ‘Metodologia das açõ es de pre- entrevistados que, na prá tica, nã o há
vençã o de acidentes de trabalho’, é possível realmente a integrali- dade, mas, sim, um
inferir que essa metodologia inclui a capaci- esforço para sua concre- tizaçã o, tendo em
taçã o dos sindicatos e do conselho distrital vista que ela é prejudicada principalmente
de saú de, por meio de palestras, e dos ACS pela fragilidade das articula- çõ es entre os
por intermédio dos cursos regulares que sã o diferentes setores da atençã o à saú de do
oferecidos. Apesar das açõ es preventivas trabalhador. A falta de recursos humanos
ocorrerem, em grande parte, em eventos de também prejudica a garantia da
massa, tais como Rock in Rio, carnaval, integralidade, assim como gera a perda do
entre outros, existem outras açõ es vínculo com o trabalhador. É vá lido frisar
específicas como a questã o do agrotó xico e a que tais desafios também sã o encontrados
do benzeno. Percebe-se também que essas nas açõ es de prevençã o, conforme aná lise
açõ es ocorrem no momento da açã o de de um dos entrevistados. No entanto, relata-
vigilâ ncia, sem haver um trabalho anterior se que o Cerest, de certa forma, realiza um
com o empresá rio em relaçã o à discussã o bom acolhimento quando comparado a
dos riscos aos quais os trabalhadores outros setores, visto que nã o possui, por
podem estar submetidos, exceto na atuaçã o exemplo, a necessidade de produçã o de
em eventos de massa. Tal situaçã o faz com volume de con- sulta. Além disso, existe uma
que a compreensã o que se tenha em relaçã o forte articula- çã o com a Fundaçã o Oswaldo
ao trabalho preventivo no Cerest seja na Cruz (Fiocruz) no referenciamento de
verdade entendido enquan- to um trabalho trabalhadores.
corretivo, já que a atuaçã o ocorre apó s a Ao abordar a subcategoria ‘Pluri-
existência de uma denú ncia.
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Vigilância em Saúde do Trabalhador: um estudo à luz da Portaria nº 3.120/98 793

institucionalidade’, é
possível inferir

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que grande parte das relaçõ es interseto- algumas ressalvas para essa efetiva
riais ocorrem com: Ministério Pú blico do participa- çã o. Atribui-se essa dificuldade
Trabalho, articulaçã o mais forte atualmente; aos embates que existem entre o Cerest e
Delegacia Regional do Trabalho; Ministério os sindicatos e também pela compreensã o
do Trabalho e da Previdência Social; que se tem deles enquanto instâ ncia
sindica- tos; Instituto Estadual do Ambiente; tendenciosa. Outro motivo se deve ao uso de
outros Cerests; outras Secretarias; Defesa legislaçã o específi- ca por parte do Cerest,
Civil; setor de Engenharia e Arquitetura; fato este que, segundo eles, os trabalhadores
setor de Alimentos e Delegacia de Crimes têm pouco ou nenhum domínio. É
contra o Consumidor. Apesar disso, ressalta- importante destacar ainda a com- preensã o
se o in- teresse em fortalecer relaçõ es que se tem em relaçã o à Comissã o
também com: Juizado da Infâ ncia e Intersetorial de Saú de do Trabalhador
Juventude; Secretaria de ambiente; (Cist). Segundo um dos entrevistados, o
Secretaria de Trabalho e Emprego; á rea de Cerest já participou de muitos trabalhos
financiamento; univer- sidades e a Fiocruz. com a Cist, mas atualmente nã o, devido à s
Para um dos entrevis- tados, nã o se divergên- cias quanto a sua prá tica e
verifica intrassetorialidade na instituiçã o, funcionamento. Evidencia-se uma forte
considerando que dentro da pró pria comparaçã o e certo ceticismo quanto ao
subsecretaria existem vá rias supe- controle social de hoje e ao da década de
rintendências que nã o se comunicam. 1980, sob o argumento de que a sociedade
Em relaçã o à aná lise temática da subca- está mais individualizada e pouco
tegoria ‘Interdisciplinaridade’, percebe-se mobilizada para defesa dos interesses
que há um consenso com relaçã o a sua coletivos. Tal percepçã o reforça a grande
existência, e que pode ser percebido, por descrença pelo controle social nos dias de
exemplo, no fato de que os técnicos da ins- hoje, ao mesmo tempo que evoca a séria ne-
tituiçã o nã o sã o divididos por categoria, e, cessidade do seu resgate.
por isso, sã o capacitados para exercerem as
mesmas funçõ es. Apesar disso, ressalta-se o
interesse pela incorporaçã o de mais profis- 6. Objetivos da Visat
sionais de outras á reas, como é o caso dos
engenheiros, pois agregaria positivamente Ao analisar os temas extraídos da
no processo de intervençã o. Manifesta-se, subcatego- ria ‘Conhecimento da realidade
ainda, a necessidade do desenvolvimento de de saú de da populaçã o trabalhadora’, é
um trabalho mais interdisciplinar nas possível inferir que esse conhecimento é
outras superintendências. obtido principal- mente pela coleta,
Ao tratar do ú ltimo princípio norteador detecçã o e encaminha- mento de
da Visat, expresso pela subcategoria informaçõ es advindas da prá tica de Visat e
‘Controle social’, é possível inferir que há pelo contato direto com o traba- lhador no
uma fraca articulaçã o do Cerest com o seu local de trabalho. Para além do setor de
controle social. Nota-se que há a acolhimento, existem vá rias frentes de
participaçã o do trabalhador e do sindicato trabalho, bem como os subgrupos de tra-
em açõ es educativas promovi- das pela balho que auxiliam no acú mulo dessas infor-
instituiçã o e em eventos comemora- tivos. maçõ es, que estã o divididos em:
Com relaçã o aos sindicatos, ressalta-se a capacitaçã o, vigilâ ncia, atençã o integral,
articulaçã o mais pró xima com o Sindicato preceptoria e informaçã o. Apesar de nã o
dos Trabalhadores em Telecomunicaçõ es haver um sistema de informaçã o
(Sinttel), o sindicato do comércio, e o estruturado, o Cerest busca obter esse
Sindicato dos Trabalhadores em Indú strias conhecimento de vá rias formas, inclusive
de Frios (Sintrafrio); entretanto, revelam-se
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por meio de veículos já existentes, como Sistema de Informaçã o


de Agravos de Notificaçã o (Sinan), Programas de Saú de

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do Trabalhador (PST) e dados da Fiocruz. das empresas, elemento este já refor- çado nas subcategorias
Evidencia-se, ainda, a tentativa de traçar um anteriores.
mapeamento do territó rio e dos processos
produtivos. No entanto, ressalta-se a dificul-
dade de realizar tal mapeamento, que
implica um trabalho de inteligência e de
mediçã o de indicadores, devido ao acú mulo
de tarefas, à carga horá ria de trabalho e à
dificuldade em obter o pleno acesso as
informaçõ es. Com relaçã o à populaçã o
trabalhadora informal, relata-se que a forma
de abordagem é dife- rente, já que essa
relaçã o necessita de um trabalho de
educaçã o maior e que depende dela para
mudar. Esse conhecimento sobre os
trabalhadores informais advém das de-
mandas dos PST locais, das clínicas da
família ou dos acidentes envolvendo essas
pessoas. Entretanto, nã o há atualmente
nenhum projeto para acompanhar esse
grupo parti- cular, exceto o trabalho sobre
agrotó xico na Serrinha do Mendanha com a
Fiocruz.
No que diz respeito à subcategoria
‘Intervenção sobre os fatores determinantes
de agravo à saú de do trabalhador’, é possível
inferir que a intervenção ocorre principalmen-
te mediante o uso dos seus dispositivos
norma- tivos. Há também o chamado
Procedimento Operacional Padrã o (POP),
que é um instru- mento criado pela
instituição, porém ainda não publicado, para
subsidiar a açã o de inspeçã o. Ressalta-se
ainda o apoio das diversas articu- laçõ es
intersetoriais e intrainstitucionais. Fica claro
que, a depender do grau de risco pre- sente
em uma empresa, a intervençã o ocorre com
a sua interdição total ou só de alguns dos
seus setores ou atividades. Em contraparti-
da, quando nã o há um risco mais explícito,
mas que imponha a necessidade de alguma
mudança, exige-se que ela seja feita em 30
dias. Com relaçã o à negociaçã o coletiva em
saú de do trabalhador, é possível notar que,
diante dos desafios na relaçã o com os
empregadores, os profissionais do Cerest
buscam sempre a negociação. Entretanto,
não se identifica nessa negociação a
participação conjunta dos traba- lhadores
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No que diz respeito à Segundo um dos entrevistados, apesar de


aná lise dos temas existir uma agenda de encontros perió dicos
extraídos da entre ambos para avaliaçã o geral das açõ es,
subcategoria ‘Avaliaçã o verifica-se que essa relaçã o ainda é meio
do impacto das medidas ‘truncada’, nã o havendo um espaço
adotadas’, pode-se dizer destinado para discussõ es de caso entre as
que o Cerest avalia os equipes. Além disso, destaca-se a fragilidade
impactos de suas açõ es em avaliar alguns aspectos particulares,
ainda de forma como é o caso de detectar o processo saú de-
embrioná ria. Nesse doença de um adoecimento específico em
sentido, a avaliaçã o um de- terminado territó rio. Apesar dos
ocorre sobretudo por impasses, relata-se, como ponto positivo, a
meio do avaliaçã o do impacto nos eventos de massa,
acompanhamento em que se per- cebem avanços na reduçã o
contínuo das mudanças dos agravos.
promovidas nas Com relaçã o à ú ltima subcategoria, que
empresas, que resulta trata da ‘Criaçã o de bases de dados a partir
na resoluçã o do caso do processo de vigilâ ncia’, é possível inferir
com a melhoria das que os dados oriundos da Visat nã o sã o
condiçõ es de trabalho. publicizados efetivamente, ocorrendo de
Um dos entrevis- tados forma rara por intermédio das açõ es coleti-
relata que é possível vas promovidas pela Subvisa e por meio da
realizar essa men- publicaçã o em Diá rio Oficial quando ocorre
suraçã o, porém falta uma interdiçã o. No entanto, ressalta-se a
tempo para executá -la.
Ressalta-se, como um
dos instrumentos de
avaliaçã o, a emissã o de
relató rios sobre as
açõ es de fiscalizaçã o e o
seu envio quanti- tativo
para o Ministério da
Saú de, ambos de cará ter
obrigató rio para a
instituiçã o. Em
contrapartida, sã o
sinalizados alguns pro-
blemas que impedem a
realizaçã o efetiva dessa
avaliaçã o, como a
ausência de uma pla-
nilha qualitativa sobre
as açõ es. Outro ponto
apresentado é que
dentro do Cerest há a
divisã o entre dois
nú cleos de atuaçã o,
sendo o segundo o
responsá vel direto
pelas açõ es de Visat.
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disponibilidade para o acesso dos sindicatos entrevistados, que a


aos dados oriundos das açõ es de Visat me- capacitaçã o está muito
diante pedido oficial, já que as informaçõ es
sobre cada empresa sã o sigilosas. Ao
admitir a importâ ncia da publicizaçã o
dessas in- formaçõ es, fica nítida, em uma
das falas, a necessidade de divulgarem
seus dados de forma institucionalizada,
colocando-se como sugestã o a elaboraçã o
de um boletim pró prio do Cerest em sua
pá gina virtual, para que assim seja possível
o acompanha- mento transparente das
açõ es de Visat pela sociedade.

7. Cerest do município do Rio de


Janeiro

Ao analisar os temas extraídos da


subcatego- ria ‘Capacitaçã o e educaçã o
permanente dos técnicos da instituiçã o’, é
possível inferir que existe a capacitaçã o in
loco, ou seja, durante as açõ es de Visat, e
existe também a capacita- çã o obtida por
meio dos cursos dos quais os profissionais
participam. Sobre os cursos de capacitaçã o,
relata-se que existe um projeto em
andamento no Cerest, com proposta de ser
executado em um ano. A proposta era que
ele fosse implementado no ano de 2016,
porém acabou sendo impedido devido ao
amplo trabalho destinado para o evento das
Olimpíadas no município do Rio de Janeiro.
Ressalta-se que a Subvisa tem hoje a
caracte- rística muito forte de atuaçã o na
á rea da edu- caçã o, entretanto percebe-se
que isso chega com pouca frequência no
campo da saú de do trabalhador, o que
explica em grande parte a pouca oferta de
cursos de Visat. Somam-se a isso a falta de
tempo e a grande demanda de vigilâ ncia na
instituiçã o, o que dificulta a concretizaçã o
de um trabalho de capacita- çã o. Apesar da
recente participaçã o em um curso de
capacitaçã o, fica nítida a necessi- dade de
maior regularidade na oferta desses cursos,
principalmente naqueles voltados para
atualizaçã o sanitá ria, revisã o legal, noçõ es
de administraçã o e direito adminis- trativo.
Defende-se, em uma das falas dos
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relacionada com a discussã o de casos reais de trabalho pela


equipe interna. Ao mesmo tempo, evidencia-se um certo
desconfor- to e desinteresse quanto à participaçã o em cursos
oferecidos pelo meio acadêmico, sob o argumento de que esse
é um espaço que muitas vezes possui um conhecimento pouco
atrelado à realidade e que apresenta um discurso velado.
Com relaçã o à aná lise dos temas da sub- categoria ‘Avanços e
desafios nas açõ es de Visat’, é possível inferir como avanços o
tra- balho que vem sendo feito nos eventos de massa, e que,
segundo um dos entrevistados, no Brasil apenas o Cerest/RJ é
quem partici- pa de todos eles, com destaque para o evento do
Rock in Rio. Associa-se a isso o avanço obtido com a elaboração
de um roteiro pró prio para a operacionalização dessas açõ es. É
dado destaque também para inserçã o do Cerest na Subvisa,
mudança esta que, embora suscite ainda muitas discussõ es,
prevalece de forma consensual entre os profissionais o reconhe-
cimento positivo sobre o poder de atuaçã o do Cerest, bem como
para as açõ es de Visat. Ressalta-se ainda a capacidade de essas
açõ es promoverem a visibilidade para problemas de saú de em
diferentes segmentos.
Quanto aos muitos desafios, há destaque para a necessidade
de: adequaçã o da legis- laçã o existente; melhoria da intervençã o
pú blica nas açõ es de Visat; mais tempo para o cumprimento das
etapas da vigilâ ncia; remuneraçã o adequada; plano de cargos e
salá rios; ampliaçã o do nú mero de técnicos; incorporaçã o de
engenheiro de segurança do trabalho; mais recursos materiais;
desen- volvimento de um sistema de informaçã o de saú de
pró prio; transparência à s açõ es do Cerest; fiscalizaçã o de
fornecedores de equipamento de proteçã o individual e de-
senvolvimento de indicadores de impacto. Apresenta-se ainda a
dificuldade de manter a cara da Visat dentro da vigilâ ncia
sanitá - ria devido à s diferentes atuaçõ es; e a exis- tência de uma
relaçã o conflituosa entre o Cerest e a Subvisa devido ao
cumprimento

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de metas da Agência Nacional de Vigilâ ncia aos


Sanitá ria. Cientes dos desafios, os profissio-
nais sinalizam algumas sugestõ es. Uma
delas seria com relaçã o à compreensã o da
relaçã o saú de-trabalho na sociedade.
Segundo o en- trevistado, as pessoas
precisam ter respeito umas com as outras,
compreendendo que cada uma delas tem
direitos e deveres, e que, portanto, a saú de
não deve ser tratada enquan- to mercadoria,
tampouco fazer parte de uma cultura em se
que acredite nisso. Outra suges- tão é feita
com relação a atual carga horá ria de trabalho
no Cerest, que deveria ser exercida em 40
horas semanais para a garantia da de-
dicaçã o exclusiva. Sugere-se, ainda, a fixaçã o
de um tempo destinado para reavaliação das
açõ es de Visat na equipe, visando a sua
maior efetividade. Evidencia-se, também, a
possibili- dade de realizar cursos específicos
para traba- lhadores de cada segmento
produtivo, visando à discussã o de temas
variados. Por ú ltimo, sugere-se a criaçã o de
um selo de garantia da ‘empresa legal’, já
discutida entre a equipe, porém sem
resolução, como forma de estímulo ao
empresário para a realização das mudanças
necessárias à garantia da saú de no trabalho e
de manutenção do funcionário na empresa.
Ao analisar os temas extraídos da ú ltima
subcategoria, denominada ‘Avanços e de-
safios na instituiçã o’, é possível notar como
avanços o reconhecimento dos Cerests na
estrutura da Subvisa e a sua incorporaçã o
no novo sistema de informaçã o da vigilâ ncia
sanitá ria, chamado Sistema de Informaçã o
da Vigilâ ncia Sanitá ria (Sisvisa), que pos-
sibilitou a introduçã o de questõ es especí-
ficas da saú de do trabalhador. Além disso,
atribui-se como avanço o desenvolvimento
da estrutura institucional do Cerest, que
obteve um pouco mais de força e de status,
principalmente com as açõ es no Ministério
Pú blico; e a grande mudança da atual gestã o
em relaçã o à anterior, que promoveu maior
capacidade de intervençã o do Cerest. Outro
avanço se refere ao marco regulató rio cons-
truído na instituiçã o, que forneceu subsídios
fundamentais para a sua atuaçã o. Quanto
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desafios, pode-se dizer ter uma postura pró pria de atuaçã o,


que ainda é preciso evitando-se possíveis impasses durante as
haver um maior açõ es de Visat, como, por exemplo, as
reconhecimento do tentativas de intimi- daçã o. Da mesma forma,
traba- lho realizado ressalta-se a ne- cessidade de mais
pelo Cerest/RJ, assim profissionais nã o só com perfil técnico, mas
como a incorporaçã o também que sejam com- prometidos com a
dos PSTs na estrutura política de saú de pú blica. Na subcategoria
da se- cretaria. Além ‘Percepçã o acerca do seu trabalho’, nota-se
disso, expõ e-se a que, para um dos entrevista- dos, há um
necessidade da sentimento de angú stia e de desres- peito para
ampliaçã o nã o só da com empresá rios e trabalhadores por não
equipe, mas também do conseguir acompanhar de forma frequente as
nú mero de Cerests no empresas após as açõ es de Visat, cujo retorno
município, o que requer deveria ser feito em 30 dias ou no má ximo até
o desafio simultâ neo da 90. Atribui-se essa dificuldade a questõ es
realizaçã o de mais logís- ticas, principalmente pela equipe ser
concursos pú blicos. pequena. Em contrapartida, para outros
Outro ponto entrevistados, essa percepçã o é positiva, na
apresentado se deve à medida em que contribui para salvaguardar
necessidade de maior a integridade dos trabalhadores e possui forte
articulaçã o com a cunho educativo.
atençã o bá sica e com as Quanto à terceira subcategoria, nomeada
demais equipes da
Subvisa. Soma-se a isso
o desafio da
consolidaçã o do setor
de epi- demiologia, de
notificaçã o e das
unidades-
-sentinela, bem como a
necessá ria revisã o da
legislaçã o utilizada, que,
segundo um dos en-
trevistados, é atrasada e
muito burocrá tica.

8. Temas extras
Com a realizaçã o das
entrevistas, foi possí- vel
identificar o surgimento
de quatro novas
subcategorias. Com
relaçã o à subcategoria
‘Perfil profissional no
Cerest’, relata-se a
importâ ncia do
profissional do Cerest
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‘Denú ncias feitas ao Cerest’, pode-se dizer os eventos de grande


que, para um dos entrevistados, as porte. No entanto,
denú ncias apresentam aspectos relacionados
com as con- diçõ es de trabalho, porém quase
sempre estão atreladas à dimensão
financeira, fato este que foge da alçada do
Cerest. Para o entrevistado, a chegada de
denú ncias dessa natureza pode ser atribuída
ao fato de que muitos trabalhadores não
confiam nos sindicatos para a resolução de
suas questõ es financeiras e, por isso, acabam
recorrendo ao Cerest.
Por fim, na ú ltima subcategoria, deno-
minada ‘Atual configuraçã o do campo da
saú de’, relata-se o desconforto em relaçã o à
forma como a saú de do trabalhador e a
saú de de forma geral vem sendo gerida
atualmen- te. Emergiu dos entrevistados a
percepçã o de que nã o é que falte recurso
para a saú de, mas falta um melhor
gerenciamento dessas açõ es. Para isso,
defende-se a melhoria na gestã o da saú de
em â mbito local e federal principalmente, a
partir da execuçã o de açõ es pautadas em
um novo olhar para a saú de do trabalhador.

9.Discuss
ão
Verifica-se que os profissionais da institui-
çã o compartilham dos mesmos valores e
pressupostos inerentes ao campo da Saú de
do Trabalhador, assim como seus posiciona-
mentos se assemelham quanto ao conceito
e ao papel da Visat. Quanto ao trabalho de
prevençã o, pode-se afirmar que, apesar de
ocorrer de forma pontual na esfera indivi-
dual, ele é mais perceptível em eventos de
massa (DIAS; HOEFEL, 2005). Sobre esse assunto,
Minayo-Gomez; Lacaz (2005); Lacaz (2007);
Castro et al. (2014) afirmam que o País tem
desenvolvido diversas iniciativas, como a
estruturaçã o de grupos de trabalho, regula-
mentaçõ es nacionais e locais, e articulaçõ es
inter e intrassetoriais, visando à avaliaçã o
dos riscos, preparaçã o e eventual resposta
aos acidentes que possam ocorrer durante

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Vigilância em Saúde do Trabalhador: um estudo à luz da Portaria nº 3.120/98 803

entende-se que, ao penalizar o empresá rio no momento da


fiscalizaçã o, esta articulaçã o com o Cerest já nasce sob o cunho
punitivo e nã o preventivo. Acredita-se que a puniçã o é
necessá ria e faz parte do processo, entre- tanto ela deve fazer
parte também de um tra- balho conjunto com as açõ es de
prevençã o, e nã o como prá tica ú nica e isolada. Em relaçã o aos
avanços e desafios nas açõ es de Visat e na instituiçã o, é possível
fazer um balanço sobre esses resultados, traçando um panora-
ma pró prio acerca deles.
Quanto à metodologia das açõ es de Visat, percebe-se que o
Cerest cumpre o papel de fiscalizar as empresas, porém esse
trabalho é realizado basicamente mediante denú n- cias, o que
demonstra a sua fragilidade em mapear de forma sistemá tica e
contínua o processo produtivo no territó rio do municí- pio do
Rio de Janeiro. Além disso, nã o con- segue realizar a fase
preparató ria da açã o, prevista pela Portaria nº 3.120/98, o que
impossibilita um aprofundamento prévio quanto ao processo de
trabalho investigado. Outro ponto grave e que se mostra
presente também nas demais categorias é a nã o par- ticipaçã o
dos trabalhadores antes, durante e apó s as açõ es de vigilâ ncia,
elemento refor- çado na Portaria, e que, segundo Machado;
Porto (2003), garante a qualidade técnica e política das açõ es em
saú de do trabalhador. Da mesma forma, ocorre na metodologia
das açõ es de prevençã o de acidentes, apesar do interessante
trabalho que vem sendo feito na á rea dos eventos de massa
(SANTANA; SILVA, 2009). Ressalta-se ainda a dificuldade de ga- rantir
o acompanhamento das empresas apó s a fiscalizaçã o, o que é
preocupante, considerando que a ausência do retorno impede a
processualidade necessá ria das açõ es de Visat (MACHADO, 2011) e
abre margem para a manutençã o de condiçõ es de trabalho
inaceitá veis, na certeza de que nã o haverá de fato uma puniçã o
(CORREA; ASSUNÇÃO, 2003; LOBO; ANDRADE, 2007). Nesse sentido,
percebe-se que a metodologia das açõ es de Visat nã o é apre-
endida da forma como deveria pelo Cerest,

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principalmente por nã o incorporar efetiva- preocupaçã o quanto à


mente o trabalhador.
Em relaçã o aos princípios que norteiam
as açõ es de Visat, pode-se dizer que há um
esforço para a garantia da integralidade,
pluri-institucionalidade e interdisciplinari-
dade, e que se expressa pela forte
articulaçã o com alguns setores e ó rgã os
pú blicos, como o Ministério Pú blico do
Trabalho. Daldon e Lancman (2013) também
apontam experi- ências exitosas entre
Cerests e Ministério Pú blico do Trabalho.
Entretanto, ressalta-se como desafio, que
também é reflexo da re- alidade de hoje no
SUS, a dificuldade em garantir a
integralidade desse cuidado. Isso porque,
apó s serem atendidas demandas pontuais
durante as açõ es de Visat, nã o há um
acompanhamento posterior desse traba-
lhador por parte do Cerest, o que faz com
que esse primeiro contato nã o resulte na
cons- truçã o de um vínculo com o
trabalhador, so- bretudo os informais.
Quanto ao princípio do controle social, que,
segundo Vasconcellos (2011), é fundamental
para a eficá cia das açõ es de intervençã o,
nota-se que representa ainda um grande
desafio, visto que a relaçã o entre a
instituiçã o e os sindicatos é bastante con-
flituosa, nã o havendo espaço para
discussõ es conjuntas. Além disso, nã o há
articulaçã o com a Cist.
Quanto aos objetivos da Visat, pode-se
afirmar que o conhecimento da realidade de
saú de da populaçã o trabalhadora é pouco
desenvolvido, na medida em que grande
parte das informaçõ es que subsidiam o tra-
balho advém de sistemas de informaçã o já
existentes, e nã o de dados produzidos pelo
mapeamento dos processos produtivos no
territó rio. Apesar disso, a instituiçã o possui
um conhecimento empírico interessante,
que permite identificar determinados ramos
produtivos nas principais regiõ es do
municí- pio do Rio de Janeiro, o que facilita
seu pro- cesso interventivo. Apesar da
intervençã o ser uma das etapas mais
valorizadas durante todo o processo de
vigilâ ncia, percebe-se que nã o há a mesma
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Vigilância em Saúde do Trabalhador: um estudo à luz da Portaria nº 3.120/98 805

avaliçã o do seu impacto, propó sito de tornar a aná lise reduzida a


fato este também si- essa normativa, tam- pouco enquadrá -la à
nalizado por Lacaz, realidade do Cerest, no entanto se
Machado, Porto (2003). reconhece a importâ ncia que ela assume na
Em relaçã o à discussã o da Visat ao forne- cer aspectos
conformaçã o do Cerest, interessantes para pensar a sua prá tica nos
o fato de estar inserido dias de hoje. Faz-se necessá rio compreender
atualmente na Subvisa que a realidade nã o se encerra a partir do
confere maior que foi exposto pelos entrevista- dos, mas
visibilidade enquanto apenas indica um pequeno retrato do que a
insti- tuiçã o, o que instituiçã o representa e onde ela se
reflete também na encontra no momento; e, por isso, deve
execuçã o de suas açõ es. abrir margem nã o para uma visã o fatalista
No entanto, percebe-se diante de suas possibilidades, mas para a
que sua inserçã o nã o foi valoriza- çã o de novas perspectivas.
acompanhada de uma Foram muitos os avanços, mas ainda há
boa articulaçã o com os de- safios a serem vencidos, como, por
demais setores e vi- exemplo, favorecer a real participaçã o do
gilâ ncias em saú de, fato trabalhador no seu processo de saú de e
este preocupante na trabalho e des- tacar o compromisso da
medida em que a saú de classe empresarial ao assumir essa
do trabalhador impõ e a responsabilidade. Ao se
necessidade de um
olhar integral. Sobre o
processo de
capacitaçã o, nota-se a
carência na oferta de
cursos em Visat.

10. Conclusões
A partir das
entrevistas com os
técnicos do Cerest, é
possível dizer que a
institui- çã o exerce um
papel fundamental para
a garantia da saú de do
trabalhador no mu-
nicípio do Rio de
Janeiro, sendo marcada
por avanços
importantes, porém
ainda per- meada por
muitos desafios. O
interesse em
aprofundá -los sob a
ó tica da Portaria nº
3.120/1998 nã o teve o
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pensar a construçã o/reconstruçã o de açõ es outro aspecto a ser considerado é a humani-


e, consequentemente, de alteraçõ es políticas zaçã o da assistência, que preconiza o
e sociais para a á rea da saú de do trabalha- resgate da subjetividade do trabalhador da
dor, a participaçã o dos trabalhadores deve saú de para que ele encontre satisfaçã o
ser o princípio norteador, pois sem ela dar- pessoal no trabalho e, dessa maneira, possa
-se-á continuidade a escrever a histó ria das cuidar dos trabalhadores de forma
doenças e a se desviar da histó ria da saú de completa.
como parte de um processo real de É preciso reconhecer que os avanços e
conquista da democracia no Brasil. desafios obtidos nas açõ es de prevençã o e
O que está definido nos â mbitos do SUS, vi- gilâ ncia em saú de do trabalhador sã o
do PST, para as açõ es dos Cerests auxiliará, frutos de um processo, e que tentar
significativamente, a saú de do trabalhador ultrapassá -los requer nã o só sugestõ es para
quando efetivamente colocado em prá tica. o futuro; mas, antes de tudo, a defesa por
Certamente, haverá trabalhadores mais sau- um novo projeto de sociedade, no qual os
dá veis e, consequentemente, mais empregos interesses da classe trabalhadora sejam
para os profissionais da saú de. Ademais, fortalecidos e a relaçã o saú de-trabalho
valorizada. ■

Referências

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EM PROMOÇÃ O E VIGILÂ NCIA EM SAÚ DE DO Conflito de interesses: inexistente
Suporte financeiro: não houve
TRABALHADOR PARA A
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