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Concepção e Estudo de História em Três Ângulos.

Alex Carvalho Bonardi∗

Quanto mais o homem encontra meios diferentes para interagir com


o meio em que sobrevive, mais desenvolve seu intelecto e transforma seu modo de
pensar. Ao fazer História e ao passá-la a seus sucessores recorre a meios que, com
o passar do tempo, foram modificados.
Na Europa, uma forte corrente de historiadores, adotou uma maneira
de estudar e lecionar a História, o positivismo. Tinha por preocupação tornar a
história algo mais comprovado e científico, pela busca incessante de fatos e pelo
estabelecimento de relações preciosas entre o documento e a narração – ciência
aplicada. O positivismo, com a influência do Idealismo originou a História Tradicional
apresentando o processo do conhecimento, no qual o aluno se mostra em sua
passividade. Visava a obtenção de resultados claros, objetivos e completamente
corretos. Seguidores desse movimento acreditavam num ideal de neutralidade, isto
é, na separação entre pesquisador / autor e sua obra: esta, em vez de mostrar as
opiniões e julgamentos de seu criador, retrataria de forma neutra e clara uma dada
realidade a partir de seus fatos, mas em os analisar. Pode-se dizer que reduz o
papel do homem enquanto ser pensante, crítico, para um mero coletor de
informações e fatos presentes nos documentos. Segundo Fustel de Coulanges,
historiador francês, "Os fatos falam por si mesmos"; acreditavam ainda que os fatos
possuem uma verdade implícita que aparece quando postos à tona. A História
assume o caráter de ciência pura e exata, formada pelos fatos cronológicos e o que
realmente significam em si. A objetividade, a minuciosidade, o detalhe e a dedicação
impessoal, são grandes lições da escola positivista para o estudo de História.
Em contrapartida, surgiram duas novas correntes, que se opunham
e criticavam o positivismo e, ora se confluenciavam em alguns pontos, ora
divergiam, em outros, o marxismo e o grupo Annales. As duas correntes têm como
ponto comum a crítica e rejeição de uma história ditam positivista e propõem uma
renovação dos métodos históricos. O marxismo fundamenta-se em dois elementos
principais, o materialismo dialético e para o qual a natureza, a vida e a consciência
se constituem de matéria em movimento e evolução permanente, e o materialismo


Prof. Do Colégio Dom Bosco de Siqueira Campos e da Rede Publica de Ensino.
histórico, para o qual o modo de produção é a base determinante dos fenômenos
históricos e sociais, inclusive as instituições jurídicas e políticas, a moralidade, a
religião e as artes. Segundo Karl Marx, a história é um processo de criação,
satisfação, e recriação contínuas das necessidades são fixas e imutáveis. Quando
pretendemos estudar a evolução da sociedade humana, temos que partir de exame
empírico dos processos concretos da vida passa a ser descrito, a história deixa de
ser uma coleção de fatos mortos ou uma atividade inventada de sujeitos inventados.
Fundamental, portanto para o marxismo, é a análise das condições materiais da
existência numa dada sociedade. A corrente inovadora, os Annales, tinha como
objetivo eliminar o espírito de especialidade, promover a pluridisciplinaridade,
favorecer a união das ciências humanas, passar da fase dos debates teóricos para a
fase das realizações concretas, nomeadamente os inquéritos coletivos no terreno da
História Contemporânea. Condenam a falta de ambição dos historiadores
"positivistas". Propunham uma história não automática, mas sim problemática;
ressaltam a importância e a necessidade de uma história engajada, uma ciência
humana constituída por fatos e textos, capazes de questionar e problematizar a
existência humana. O historiador deve desenvolver seu trabalho, observando pelo
menos três fronteiras de tempo: de curta, média e longa duração, pela
impossibilidade de captar a multiplicidade do tempo social.
São etapas por que o estudo de História se desenvolveu, e passa
por modificações continuamente, conforme a evolução do pensamento e as
necessidades humanas; o homem é o ser mais imprevisível e mutável
psicologicamente, podendo revolucionar a História toda, em um futuro bem próximo.
REFÊRENCIAS

BORGES, Vary P. O que é história. SP. Brasiliense, 1987.

BURKE, Perter (org.). A Escrita da História – Novas Perspectivas. São Paulo:


Editora Unesp, 1992.

FEBVRE, Lucien. Combates pela História. 3ª edição, Lisboa: Editorial Presença.


1989.

REIS, José Carlos. Tempo, História e Evasão. Campinas: Papirus Editora, 1994.

http://www.klepsidra.net/klepsidra7/annales.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/marxismo

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