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Igualdade de género é "uma luta contínua,

inacabada e que nunca chega ao fim"


Carla Tavares defende a qualificação profissional para acelerar a integração fem
cargos de topo. O DN juntou sete personalidades da academia, ciência e dos ne
para debater soluções de futuro.

Francisco de Almeida O Dia Internacional da Mulher celebrou-se ontem, segunda-fe


Fernandes
09 Março 2021 — 14:26 a discussão não ficou por aí. Analisar as disparidades entre g
na sociedade como um todo e no mundo do trabalho em part
uma tarefa, diz Ana Paula Rafael, "que devia estar sempre na
TÓPICOS
do dia". Para assinalar a data simbólica, o DN organizou, em
Dia Internacional da Mulher com a Vodafone Portugal, um debate que juntou cinco mulhe
Vídeo
sucesso em áreas tão diversas quanto a indústria, ciência, ac
Debate
Sociedade e telecomunicações em torno da igualdade de género.
DN TV
Além do género, estas cinco mulheres têm em comum o facto de se
exceção à regra em cada uma das suas profissões. Apesar de sere
quem mais ocupa as cadeiras das universidades portuguesas, são e
quem mais manda nas empresas, na política e na economia. "[A
qualificação] tem sido um dos fatores mais apontados para esta cres
significativa representação das mulheres no mercado de trabalho", r
Carla Tavares, presidente da Comissão para a Igualdade no Trabalh
Emprego (CITE). Contudo, lamenta que continue a existir aquilo a q
chama "segregação profissional em função do género", que empurra
maioritariamente as raparigas para os cursos cientifico-humanísticos
e as deixa sub-representadas na engenharia, matemática ou inform
exemplo.

Esta diferença - intrinsecamente cultural, associada ao estereótipo d


mulher cuidadora - tem efeitos negativos em aspetos como a remun
cujo gap tem vindo a diminuir, mas ainda é uma realidade. "Passou
18,4% em 2012 para 14,4% em 2019, ainda se mantém com valore
bastante elevados para os dias de hoje", afirma a responsável da C
Paula Rafael, CEO da Dielmar, é líder industrial e diz que não existe
diferença salarial em ambiente fabril, embora reconheça outras
manifestações da desigualdade nos cargos de topo e no campo fam
"Nestes meios [interior do país] o conceito de vida da mulher e do ho
está completamente estereotipado e não houve mudanças", diz. Pa
gestora, é importante que as mulheres tenham "ambição e energia"
lutar pelos seus direitos, algo que considera essencial "numa socied
patriarcal em que o poder é entregue aos homens de forma natural"

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Educação é a chave
Mais ou menos consensual, o problema no que à paridade diz respe
identificado. O que falta solucionar, no entanto, é o caminho a segui
que homens e mulheres possam estar em pé de igualdade em toda
vertentes da vida social, económica e política. Para Isabel Capeloa
reitora da Universidade Católica Portuguesa, o contributo da academ
essencial, nomeadamente no exemplo que é dado aos alunos. "É m
importante a presença de cientistas e professoras que inspirem as m
mais novas", defende, sugerindo ainda um reforço da importância d
investigação desta problemática e a criação de políticas que garanta
equilíbrio entre todos.

"É muito importante a presença de cientistas e


professoras que inspirem as mulheres mais novas",
sublinha Isabel Capeloa Gil, reitora da Universidad
Católica.

Com uma perspetiva mais centrada no ensino superior público, Elvir


Fortunato exemplifica com o trabalho que tem vindo a fazer enquant
reitora da Universidade Nova de Lisboa. "Temos 27% de professora
catedráticas, o que não é mau comparado com outros países. O núm
mulheres catedráticas na Alemanha anda na casa dos 8%", refere. J
Fátima Carioca, dean da AESE Business School, acredita ser funda
"potenciar a formação em competências profissionais" que aumente
empregabilidade feminina, mas também de "gestão que incorpore
competências sociais e emocionais" dirigidas a todos. Desta forma,
será mais fácil às organizações mudar através do exemplo. "A inclus
se decreta, exige o compromisso de todos e sobretudo tempo", gara
Para Fátima Carioca, as empresas devem mudar a cultura interna,
estabelecer processos de inclusão e apostar em formação.

Com responsabilidade nos recursos humanos da Vodafone Portuga


Pestana concorda que deve ser através do compromisso e exemplo
equipas de gestão que se opera a mudança. "Cerca de 30% ou mai
funções de gestão [na Vodafone] são lideradas por mulheres nos últ
anos. Hoje esse valor ultrapassa os 40% e um terço da administraçã
composta por mulheres", partilha. De forma transversal, as oradoras
concordam que as quotas são necessárias, embora não considerem
medida como ideal, e apontam exemplos da sua eficácia. "Os paíse
legislaram há mais tempo [sobre as quotas] são os que têm melhor
desempenho a nível da paridade", concretiza Fátima Carioca.

Por todos os vestígios de desigualdade que ainda se encontram na


sociedade portuguesa, mas também europeia, Carla Tavares acredi
esta deve ser "uma luta contínua, inacabada e que nunca chega ao
encerrar o evento, Sandra Ribeiro, presidente da Comissão para a
Igualdade de Género, lembrou ainda que "o processo da igualdade
conquistado com muita dificuldade, mas pode ser facilmente perdido
especial em período de crise económica e social.

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