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Testes Diagnosticos 10
Testes Diagnosticos 10
1 Teste de diagnóstico
69
GRUPO I
- Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto 1
- enorme, enquanto nós todas ainda éramos achatadas 2. Como se não bastasse, enchia os dois bolsos da
- blusa, por cima do busto, com balas3. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria
- de ter: um pai dono de livraria.
5 Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um livrinho barato,
- ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do Recife 4
- mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás escrevia com letra bordadíssima 5
- palavras como «data natalícia» e «saudade».
- Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Como
10 essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos
- livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as
- humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia.
- Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa. Como
- casualmente, informou-me que possuía As reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato.
15 Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E,
- completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela
- o emprestaria.
- Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança de alegria: eu não vivia, nadava devagar num
- mar suave, as ondas me levavam e me traziam.
20 No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado 6 como eu, e sim
- numa casa.
- Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra
- menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a
- esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho
25 de andar pelas ruas de Recife.
- Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais
- tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não
- caí nenhuma vez.
- Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono da livraria era tranquilo e
30 diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir
- a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu
- como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do «dia seguinte» com ela ia se repetir com meu coração
- batendo.
Clarice Lispector, «Felicidade clandestina», in Contos de Clarice Lispector, Lisboa, Relógio d’Água, 2006.
Vocabulário
1
seios; 2 os seios não se notavam ainda; 3 rebuçados; 4 cidade do nordeste brasileiro; 5 muito bem desenhada; 6 edifício com vários andares
Apresenta, de forma clara e bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem.
3. Para sugerir a sua felicidade perante a perspetiva de poder ter acesso a um livro que muito desejava ler,
a narradora serve-se de uma sucessão do mesmo recurso expressivo. Identifica-o apresentando pelo
menos um exemplo.
4. Explica por que razão a narradora ficou «Boquiaberta», l. 23, quando percebeu que não iria receber o
livro emprestado.
Escreve um texto que tenha entre 80 e 130 palavras no qual apresentes um livro que tenhas lido e
aconselhes outros jovens da tua idade a lê-lo.
GRUPO II
- A figura de Inês de Castro, na aventura amorosa que viveu com D. Pedro, herdeiro do reino de
- Portugal, bem como a sua morte trágica, quase sempre é evocada em termos romanceados, tendo servido
- de mote a uma gama variada de expressões artísticas. Mas certo é que esse acontecimento deve ser
- explicado pela investigação histórica inserido no conhecimento genérico do tempo em que ocorreu. De
5 facto, Inês de Castro não era uma dama de família desconhecida. Antes pertencia a um núcleo que, no
- reino vizinho1, engrossava as fileiras de uma oposição senhorial 2 com que o respetivo rei
- permanentemente se confrontava. Por isso, a sua ligação ao reino de Portugal, nomeadamente ao
- herdeiro do trono, não estava isenta de consequências políticas. Importa, pois, analisá-las para que
- possamos perceber as circunstâncias concretas que poderão explicar a atitude de Afonso IV de Portugal
10 ao consentir no assassínio da jovem apaixonada de seu filho e herdeiro.
- Essas explicações não poderão cingir-se à política interna portuguesa, às rivalidades sociais, ou aos
- problemas económicos, mas deverão enquadrar-se no todo peninsular, onde importa confrontar
- sobretudo a política luso-castelhana, nas relações de proximidade entre os reinos no período que
- decorreu entre 1325 e 1369. Quer isso dizer que importa entender, por parte de Portugal, os reinados de
15 D. Afonso IV (1325-1357) e de D. Pedro I (1357-1367) e, em Castela, a parte final do reinado de Afonso
- XI (1312-1350) e o de Pedro, o Cruel (1350-1369).
- Mas impõe-se ainda ter presente que toda esta ação decorre no século XIV, século marcado por um
- cortejo de calamidades que tiveram amplas repercussões a nível social, económico e, obviamente,
- político, nos reinos do ocidente europeu. Tradicionalmente, caracteriza-se esse século como o do outono
20 da Idade Média3, mas também como o século «das fomes, das pestes e das guerras», desastres capazes de
- alterar o processo dos reinos que, depois do século XI, tinham iniciado um caminho de reorganização de
- instituições e reconhecimento do poder régio. Precisamente esse caminho visava a recuperação da
- autoridade dos monarcas, o que exigia o domínio dos grandes poderes senhoriais-feudais, que haviam
- caracterizado o tempo anterior.
25 Ora, de entre os desastres que marcaram o novo século, devemos distinguir dois que tiveram uma
- extraordinária dimensão e de algum modo foram pano de fundo em muitas das situações calamitosas
- vividas na Europa de Trezentos: a Guerra dos Cem Anos que, iniciada em 1337, se estenderia, ainda que
- com algumas interrupções, até 1453, e a Peste Negra, com um período de ação fortíssima, que decorreu
- entre 1347 e 1350. (…) Estas calamidades seriam responsáveis por graves crises sociais.
Manuela Mendonça, «Inês de Castro – uma vítima da política ibérica do século XIV?», in Inês de Castro 1355-2005 – Exposição
bibliográfica, Lisboa,
Biblioteca Nacional, 2005, pp. 21-22. (Texto adaptado)
Vocabulário
1
em Espanha; 2 oposição ao rei por partes de senhores, de nobres; 3 fase da Idade Média em que esta se aproxima do seu fim
Teste de diagnóstico
1. Para responder a cada um dos itens de 1.1 a 1.5, seleciona a opção que permite obter uma afirmação correta.
1.3 Para se perceber porque é que D. Afonso IV consentiu o assassínio de Inês de Castro, é preciso conhecer bem
(A) a realidade política europeia da época.
(B) a realidade política portuguesa da época.
(C) a realidade política da Península Ibérica da época.
(D) os reinados de D. Afonso IV e de seu filho D. Pedro I.
1.4 O texto refere o conjunto de desgraças que caracterizam o século XIV através de uma
(A) hipérbole.
(B) anáfora.
(C)comparação.
(D) metáfora.
1.5 A relação que a autora estabelece, no terceiro parágrafo, entre as «calamidades», l. 16, nele referidas e
determinados acontecimentos políticos é de
(A) possibilidade.
(B) causalidade.
(C) consequência.
(D) oposição.
2.1 Indica, justificando, o processo de formação presente na palavra «luso-castelhana», l. 13, (texto do Grupo
II).
2.2 Indica a função sintática da expressão destacada em «que haviam caracterizado o tempo anterior.», ll.
23-24, (texto do Grupo II).
2.3 Classifica a oração subordinada presente em «disse-me que havia emprestado o livro a outra menina»,
ll.24-25, (texto do Grupo I).
GRUPO III
Ler por prazer é uma atividade a que se dedicam jovens e pessoas de todas as idades.
Escreve um texto de opinião, que pudesse ser publicado num jornal escolar, no qual demonstres a importância
da leitura.
2 Teste de diagnóstico
GRUPO I
Lê o texto seguinte.
2. Refere os vários assuntos presentes nas duas primeiras estâncias que vão ser alvo do canto do Poeta.
3. Na terceira estância, está implícita a expressão do sentimento de orgulho. Refere as causas que estão
na origem desse sentimento.
4. Identifica, justificando, o recurso expressivo presente em «Por mares nunca dantes navegados», v. 3,
da primeira estância.
Teste de diagnóstico
Escreve um texto no qual, recorrendo à tua experiência de leitura, exponhas os motivos de crítica apresentados por Gil
Vicente no Auto da Barca do Inferno ou no Auto da Índia em relação ao Fidalgo ou a Constança, respetivamente.
GRUPO II
- frio e vento, ou com calor abrasador. Na realidade, o fator físico é aqui secundário. O principal é o fator
- psicológico, é a determinação mental em prosseguir, aconteça o que acontecer, o caminho é para a
35 frente. Ninguém fica no meio de uma montanha ou de um deserto. Se ficar, por motivo de uma avaria
- ou intempérie, há que manter a calma, analisar a situação e decidir em conformidade. Mas tudo tem
- solução e há que ser forte, flexível e ter espírito de sacrifício. Ninguém se perde, pois os preciosos GPS
- Garmin indicam o caminho a seguir, bem como as estradas/vias alternativas existentes por perto. (…)
- Manter o espírito aberto, ser otimista, permeável ao que nos rodeia e bom observador, são estas as
40 chaves para qualquer viagem em bicicleta. Uma certa dose de audácia, boa disposição e pronto!
-
http://eupedalo.blogs.sapo.pt/62203.html
(Texto adaptado, com supressões, consultado em 24-10-2014)
Vocabulário
1
pequena bolsa para colocar objetos de toilette; 2 tipo de saco
1. Para responder a cada um dos itens de 1.1 a 1.5, seleciona a única opção que permite obter uma
afirmação correta.
1.1 Na opinião da autora, as qualidades que permitem o sucesso no tipo de atividade desportiva que
refere são de natureza
(A) exclusivamente física.
(B) física e psicológica.
(C) mais física do que psicológica.
(D) principalmente psicológica.
1.2 A referência ao livro de Gonçalo Cadilhe O mundo é simples, l. 19, serve para
(A) apresentar um livro que aconselha solidariamente sobre como viajar de bicicleta.
(B) indicar um livro que comprova a solidariedade recebida por quem viaja de bicicleta.
(C) indicar um livro que comprova a solidariedade oferecida por quem viaja de bicicleta.
(D) apresentar um livro que aconselha sobre como ser solidário para quem viaja de bicicleta.
1.3 De acordo com o quarto parágrafo, ll. 28-34, a simplicidade em viagem deve incidir sobre
(A) toda a bagagem.
(B) a maior parte da bagagem.
(C) a bagagem mais importante.
(D) a bagagem menos útil.
1.5 O recurso expressivo presente na frase «são estas as chaves para qualquer viagem em bicicleta.», ll.
39-40, é a
(A) comparação.
(B) hipérbole.
(C) sinédoque.
(D) metáfora.
Teste de diagnóstico
2.1 Indica qual o processo fonológico que se verifica na passagem da «alevanta», v. 8, estância 3, para
levanta (texto do Grupo I).
2.2 Identifica a função sintática da expressão «empenhado e esforçado», l. 7, (texto do Grupo II).
2.3 Classifica a oração subordinada presente na frase «Sabemos que estamos fisicamente preparados», ll. 31,
(texto do Grupo II).
GRUPO III
Escreve um texto de opinião, que pudesse ser publicado num jornal escolar, no qual demonstres a
importância da atividade física para um harmonioso desenvolvimento pessoal dos jovens – física e
psicologicamente.