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UNIVERSIDADE DE FORTALEZA - UNIFOR

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS


CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

SAULO MACIEL MENESES

O IMPACTO DA TECNOLOGIA BIM SOBRE A ASSERTIVIDADE DO


ORÇAMENTO DE UMA OBRA DE EDIFICAÇÃO

FORTALEZA
2017
SAULO MACIEL MENESES

O IMPACTO DA TECNOLOGIA BIM SOBRE A ASSERTIVIDADE DO


ORÇAMENTO DE UMA OBRA DE EDIFICAÇÃO

Trabalho de conclusão de curso apresentado à


banca examinadora como requisito parcial à
obtenção do título de graduado em Engenharia
Civil.
Área de concentração: BIM na Construção
Civil.

Orientador: Prof. Tiago Alves Morais, M.Sc


Co-orientador: Prof. Alex. A. da Silva, M.Sc

FORTALEZA
2017
O IMPACTO DA TECNOLOGIA BIM SOBRE A ASSERTIVIDADE DO
ORÇAMENTO DE UMA OBRA DE EDIFICAÇÃO

SAULO MACIEL MENESES

PARECER: ________________________

DATA: ______/______/______

BANCA EXAMINADORA:

_______________________________________________
Prof. Tiago Alves Morais, M.Sc.
(Orientador)

_______________________________________________
Prof. Elton Rebouças Pereira, Esp.
(Examinador interno)

________________________________________________
Prof. Raphael Pires de Souza, Dr.
(Examinador interno)
“Se algum dia vocês forem surpreendidos pela injustiça ou
pela ingratidão, não deixem de crer na vida, de
engrandecê-la pela decência, de construí-la pelo
trabalho.”
Edson Queiroz
AGRADECIMENTOS

Agradeço à Deus por me guiar durante minha vida e por me encher de


alegria em estar com quem amo e querendo fazer o que eu gosto de forma diferente
e corajosa.
Aos meus pais, Alberto Jorge e Haydeé Moreira, pois sem eles não seria
possível que esse começo de estrada tortuosa da vida fosse traçado. Por meio do
exemplo deles, pude perceber que a vida é uma bênção sobre a qual derramamos
nossa essência e extraímos nossas conquistas. Sempre acreditando no meu potencial
e investindo no meu futuro, convergindo para esse ponto crucial na vida de um
profissional. Ao meu irmão, Alberto Jorge Filho, que mesmo com divergências
corriqueiras, me transmitiu conselhos pertinentes ao profissionalismo. À minha
namorada, Larissa Amauri, pelo carinho, amor, força, cumplicidade e compreensão,
acreditando em mim em todos os momentos. À minha sogra, Fátima Lucia, pelo
carinho e oração para a minha caminhada e na luta dos meus objetivos.
A alguns familiares que me fortificaram a adentrar e a persistir no trajeto
desta magnífica profissão, como meus primos, Stênio e Bruno Angelim, e ao meu Tio
Evaldo Angelim.
À amizade que conquistei ao longo desses 5 anos de caminhada e a todos
os meus amigos, em especial àqueles que participavam do meu círculo diário, como
Roberto Ricarte, Hugo Diógenes, Lara Costa, Sarah Lobo, Lucas Moura, Paulo
Mateus, Fernando Rodrigues, João Ribeiro, Dennys, Fernando Façanha, Harley
Sampaio.
Aos profissionais envolvidos da empresa, a qual estagiei, principalmente
ao Engenheiro Sérgio Gomes e a técnica Milena Fernandes, em que puderam me
transmitir importantes conhecimentos práticos e teóricos relacionados à construção
civil.
Ao meu orientador, Tiago Alves, e ao meu co-orientador, Alex Amarante,
pelos ensinamentos e dedicação que tiveram diante do meu trabalho.
Aos professores, Elton e Raphael Pires, que aceitaram o convite para
compor a banca examinadora.
A todos os professores do curso de Engenharia Civil da Universidade de
Fortaleza pelos conhecimentos e contribuição para minha formação acadêmica.
RESUMO

O mercado da construção civil é considerado como o “termômetro” da


economia brasileira, pois viabiliza uma significativa empregabilidade, além de
proporcionar diversos recursos para o desenvolvimento do País. Sendo assim, com a
atual crise econômica neste segmento da indústria, elevou-se o grau de
competitividade entre as empresas construtoras e o nível de qualidade exigido pelos
clientes, em que a utilização de novas técnicas construtivas e de gerenciamento de
obra tem o intuito de reduzir as falhas e aprimorar os serviços. A implantação cada
vez maior da tecnologia Building Information Modeling (BIM) nas empresas do ramo
da construção possibilita uma mudança radical da forma de se projetar e construir um
empreendimento, trazendo, dessa maneira, variados ferramentas para controlar a
qualidade de execução, como o uso da modelagem tridimensional dos projetos, a
extração precisa e automática de todos os elementos que compõem a edificação, a
realização das etapas de orçamentação e planejamento, entre outros recursos. Tendo
isto em vista, esta monografia aborda a temática do uso da plataforma BIM na
assertividade dos dados e informações contidas no orçamento de um
empreendimento residencial multifamiliar localizado na cidade de Fortaleza – Ce. O
uso deste novo conceito difundido na área da Arquitetura, Engenharia e Construção
(AEC) proporciona a prevenção de erros no canteiro de obra, redução nos atrasos dos
cronogramas e, consequentemente, os elevados prejuízos financeiros. A pesquisa
analisou, por meio de um estudo de caso, as inconsistências encontradas na
compatibilização dos projetos e elaborou estimativas de custos para a verificação das
vantagens da tecnologia BIM sobre a precisão do orçamento em questão. Dessa
maneira, foi observado a extrema importância desta metodologia e os diversos
impactos positivos em torno da construtora pesquisada.

Palavras – chave: Orçamento. Compatibilização de Projetos. Interoperabilidade. BIM.


ABSTRACT

The construction market is considered as the "thermometer" of the Brazilian


economy, since it makes possible a significant employability, besides providing several
resources for the country's development. Thus, with the current economic crisis in this
segment of industry, the degree of competitiveness between the construction
companies and the level of quality required by customers, where the use of new
construction techniques and construction management is intended to reduce failures
and improve services. The increasing deployment of Building Information Modeling
(BIM) technology in construction companies enables a radical change in the way we
design and build an enterprise, bringing various tools to control execution quality, such
as the use the three-dimensional modeling of projects, the accurate and automatic
extraction of all the elements that make up the building, the accomplishment of the
budgeting and planning stages, among other resources. With this in view, this
monograph discusses the theme of the use of the BIM platform in the assertiveness of
data and information contained in the budget of a multifamily residential development
located in the city of Fortaleza - Ce. The use of this new concept spread in the area of
Architecture, Engineering and Construction (AEC) provides the prevention of errors in
the construction site, reduction in the delays of the schedules and, consequently, the
high financial losses. The research analyzed, through a case study, the inconsistencies
found in the compatibilization of the projects and elaborated cost estimates for the
verification of the advantages of BIM technology on the accuracy of the budget in
question. In this way, it was observed the extreme importance of this methodology and
the several positive impacts around the construction company surveyed.

Keywords: Estimate. Project Compatibility. Interoperability. BIM.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Metodologia do trabalho. ........................................................................... 20


Figura 2 - Análise de Custos. ................................................................................... 23
Figura 3 - Estimativa de Custos e Orçamento. ......................................................... 28
Figura 4 - Fluxograma da Estimativa de Custos ....................................................... 29
Figura 5 - Fluxograma do Orçamento Preliminar...................................................... 30
Figura 6 - Fluxograma do Orçamento Analítico. ....................................................... 32
Figura 7 - Precisão do orçamento em relação aos tipos de projetos. ....................... 33
Figura 8 - Diferenças básicas entre Custo Direto e Indireto. .................................... 34
Figura 9 - Representação de Custo Direto. .............................................................. 35
Figura 10 - BIM no ciclo de vida de um produto. ...................................................... 37
Figura 11 - Níveis de maturidade do BIM. ................................................................ 39
Figura 12 - Principais usos do BIM. .......................................................................... 41
Figura 13 - Interoperabilidade da Plataforma BIM. ................................................... 47
Figura 14 - Interligação entre os elementos envolvidos em CAD e BIM. .................. 49
Figura 15 - Os 5 tipos diferentes de LOD. ................................................................ 50
Figura 16 - Construção "virtual" em BIM................................................................... 51
Figura 17 - Modelo BIM servindo para simular a construção e como base para o
planejamento 4D. ...................................................................................................... 52
Figura 18 - BIM 5D. .................................................................................................. 53
Figura 19 - Planta de situação da edificação. ........................................................... 57
Figura 20 - Vista da implantação do empreendimento pelo modelo virtual BIM. ...... 58
Figura 21 – Vista da implantação do empreendimento construído. .......................... 58
Figura 22 - Edificação construída virtualmente com ferramentas BIM. .................... 59
Figura 23 - Empreendimento construído. ................................................................. 59
Figura 24 - Fluxograma da coordenação de trabalho BIM. ...................................... 62
Figura 25 - Identificação de interferência entre disciplinas de Estrutura e Arquitetura.
.................................................................................................................................. 62
Figura 26 - Relação de incompatibilidades. .............................................................. 63
Figura 27 - Relação de interferências encontradas durante modelagem. ................ 64
Figura 28 - Relação de inconformidades e pendências pelo BIMcollab. .................. 64
Figura 29 - Exemplo de problema (issue) identificado durante modelagem das
fundações da edificação. ........................................................................................... 65
Figura 30 - Incompatibilidade na execução dos shaft's dos WC's em balanço......... 70
Figura 31 - Solução encontrada para o problema detectado. ................................... 71
Figura 32 - Incompatibilidade com a devida solução adotada. ................................. 71
Figura 33 - Execução precisa devido a assertividade proporcionada pela modelagem
BIM. ........................................................................................................................... 72
Figura 34 - Estimativa de custo da incompatibilidade das vigas de bordo. .............. 73
Figura 35 - Caixa para plataforma vertical. ............................................................... 74
Figura 36- Modificação na planta baixa de arquitetura. ............................................ 75
Figura 37 - Modificação da planta baixa de estrutura. .............................................. 75
Figura 38 - Estimativa de custo da interferência da estrutura da guarita. ................. 76
Figura 39 - Identificação de incompatibilidade do sistema sanitário do
empreendimento. ...................................................................................................... 77
Figura 40 - Construção da Estação de Tratamento de Esgoto não planejada
inicialmente pela modelagem BIM............................................................................. 78
Figura 41 - Estimativa de custos diretos da execução da ETE................................. 79
Figura 42 - Estimativa das despesas indiretas devido ao atraso ocasionado pela ETE.
.................................................................................................................................. 80
Figura 43 - Incompatibilidade detectada e solucionada na Área Comum do
empreendimento. ...................................................................................................... 81
Figura 44 - Estimativa de custo da interferência na Área Comum............................ 82
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Percentual de incompatibilidade entre as disciplinas de projeto. ............ 67


Gráfico 2 - Percentual de incompatibilidade por local. ............................................. 68
Gráfico 3 - Custo das incompatibilidades. ................................................................ 83
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Resumo das interferências por disciplina de projeto. ............................. 66


Quadro 2 - Resumo das interferências por local. ..................................................... 67
Quadro 3 - Resumo dos custos das interferências analisadas. ................................ 83
Quadro 4 - Resumo dos dados obtidos e gerados. .................................................. 85
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AEC – Arquitetura, Engenharia e Construção


AIA - American Institute of Architects
BIM – Building Information Modeling
CAD – Computer Aided Design
LOD – Level of Development
NBIMS - National Building Information Modeling Standards
RDI - Requisição de Informação
Seinfra – Secretaria de Infraestrutura
VDC – Virtual Design and Construction
SUMÁRIO

1.1 Justificativa ............................................................................................... 17


1.2 Objetivos ................................................................................................... 18
1.2.1 Objetivo Geral .................................................................................. 18
1.2.2 Objetivos Específicos ...................................................................... 19
1.3 Metodologia .............................................................................................. 19
1.4 Estrutura do Trabalho ............................................................................... 20

2.1 Considerações Iniciais .............................................................................. 22


2.2 Engenharia de Custos .............................................................................. 22
2.3 Orçamento ................................................................................................ 24
2.3.1 Definição, Importância e Vantagens e Desvantagens ..................... 24
2.3.2 Propriedades e Aplicações diversas do Orçamento ........................ 26
2.3.3 Graus de Detalhamento do Orçamento ........................................... 27
2.3.3.1 Estimativa de Custos ................................................................ 27
2.3.3.2 Orçamento Preliminar............................................................... 29
2.3.3.3 Orçamento Analítico ou Detalhado ........................................... 30
2.3.3.4 Orçamento Sintético ou Resumido ........................................... 33
2.3.4 Custos ............................................................................................. 33
2.3.4.1 Custo Direto ............................................................................. 34
2.3.4.2 Custo Indireto ........................................................................... 35
2.4 BIM – Building Information Modeling ........................................................ 36
2.4.1 Definição.......................................................................................... 36
2.4.2 Benefícios ........................................................................................ 40
2.4.3 Dificuldades de implantação ............................................................ 44
2.4.4 Características e funcionalidades .................................................... 46
2.4.4.1 Modelagem 3D aplicada à compatibilização de projetos .......... 48
2.4.4.2 Modelagem 4D aplicada ao cronograma .................................. 51
2.4.4.3 Modelagem 5D aplicada ao custo ............................................ 52
2.5 Considerações Finais ............................................................................... 54

3.1 Considerações Iniciais .............................................................................. 56


3.2 A Empresa ................................................................................................ 56
3.3 A Obra ...................................................................................................... 57
3.4 Apresentação dos dados .......................................................................... 60
3.5 Determinação e análise das estimativas de custos das interferências
selecionadas ............................................................................................................. 69
3.5.1 Análise da interferência no método executivo dos shaft’s nos WC’s da
fachada do edifício. ................................................................................................... 69
3.5.2 Análise da incompatibilidade entre projeto de estrutura e projeto de
elevador da guarita principal. .................................................................................... 74
3.5.3 Análise da interferência no sistema sanitário da edificação. ........... 77
3.5.4 Análise de conflitos entre o projeto de arquitetura e o projeto de
estrutura da área de lazer do empreendimento......................................................... 80
3.6 Considerações Finais ............................................................................... 82

4.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ........................................ 87


15

1. INTRODUÇÃO

Segundo Balem (2015), durante longas décadas, o setor da construção civil


enfrentou e ainda permanece com as diversas dificuldades oriundas dos processos
antigos empregados pelas construtoras e empresas associadas, como os escritórios
de Arquitetura, Estrutura e Instalações, tanto no gerenciamento, quanto no método
construtivo utilizado no canteiro de obra, resultando, dessa maneira, em atrasos, em
gastos maiores e, possivelmente, em um produto final com baixa qualidade.
Para Knolseisen (2003), diante desse cenário e devido, principalmente, à
situação econômica do país e a própria estrutura do atual mercado desse segmento
da indústria, que se encontra bastante competitivo, inclusive com um consumidor
muito seletivo e cada vez mais exigente, o setor da construção civil passa por
reformulações e transformações em torno dos processos envolvidos.
Com isso, Fabrício (2002) afirma que as mudanças estão ocorrendo por
meio da elaboração e implantação de novos métodos construtivos que sejam
eficientes, econômicos e sustentáveis, e de investimentos em gestão, os quais
buscam crescentemente melhorias no nível de desempenho, uma significativa
redução nos custos e garantir que o empreendimento seja construído com qualidade
e no prazo planejado.
Balem (2015) complementa que na construção civil, assim como em outros
campos da indústria, os projetos, o planejamento e um orçamento bem desenvolvidos
apresentam uma importância significativa no desenvolvimento do produto final, no
prazo de execução da obra, no aumento da produtividade, na racionalização dos
recursos e, também, no gerenciamento dos custos da edificação.
Para Coelho (2001) e Mattos (2014), uma etapa fundamental em qualquer
obra, levando-se em consideração o mercado competitivo atual, é a etapa de
orçamento, em que envolve a identificação, descrição, quantificação, análise e
valorização de uma série de itens, que, consequentemente, irá estabelecer o preço
de venda do produto. O levantamento das quantidades é historicamente efetuado a
partir da análise do projeto executivo, das especificações técnicas e das plantas
construtivas, em que erros e distorções nessa fase poderão gerar graves prejuízos na
execução da obra.
Em virtude da evolução tecnológica e de conceitos que estão sendo
implantados na construção civil, tentando-se quebrar os diversos paradigmas do
16

ramo, as construtoras e incorporadoras estão gradualmente usufruindo de tecnologias


com o objetivo de identificar os problemas e as interferências na fase de
desdobramento dos projetos, podendo, assim, promover uma visualização prévia da
edificação e discussão das melhores soluções a serem implantadas e, principalmente,
permitir uma orçamento mais detalhado e preciso, gerando uma diminuição nos custos
com as revisões, normalmente, desnecessárias, pois não caracterizam-se como
falhas de projeto, tanto na fase de concepção do empreendimento e planejamento,
quanto na fase de execução da obra (CATELANI, 2016).
Dessa forma, com o intuito de almejar obras com orçamentos mais precisos
e enxutos e um planejamento mais detalhado, as empresas do ramo da construção
estão integrando de forma lenta e gradual ao sistema o Building Information Modeling
(BIM) ou Modelagem da Informação da Construção, em português, pois, de acordo
com Santos et al. (2014), esta metodologia se destaca, no mercado atual, pelo grande
potencial de otimizar as diversas atividades relacionadas à construção. Este novo
conceito, que alia processos de desenvolvimento de projetos e métodos construtivos,
tecnologia de informação e colaboração entre os envolvidos, permite que o
empreendimento seja “construído virtualmente”, ou seja, antes de sua execução
propriamente dita, promovendo, assim, a realização de diversas análises e
simulações. O modelo BIM criado serve, também, como um banco de dados unificado
e integrado, em que quaisquer informações relacionadas ao projeto e ao
empreendimento podem ser criadas ou extraídas.
Estudos com foco na compatibilização de projetos na construção civil estão
cada vez mais sendo propagados, com o intuito de reduzir a quantidade de erros nos
projetos e possibilitar um levantamento das quantidades mais detalhado e correto da
edificação. Apesar disso, devido aos vícios e tradicionalismo das construtoras, no
Brasil, em relação aos seus processos construtivos e dos diversos colaboradores para
a execução da obra, como os projetistas, a tecnologia BIM ainda não está sendo
aplicada da forma certa e em larga escala (BALEM, 2015).
Desse modo, no contexto de redução de custos e cada vez mais buscando
uma maior assertividade dos orçamentos em obras de edificações, o presente
trabalho analisou os benefícios da implementação da metodologia BIM nos gastos de
uma obra, realizando, assim, uma identificação dos erros mais onerosos nos projetos
modelados e, posteriormente, verificando o real impacto do custo direto no orçamento
que ocorreria caso os erros ou omissões de projeto não fossem sinalizados com
17

antecedência pela construção virtual, sendo permitida a partir da utilização de


softwares mais modernos com a tecnologia BIM.

1.1 Justificativa

Para Teixeira (2016), o setor da indústria da construção civil, principalmente


no Brasil, não apresenta investimentos significativos no uso de novas tecnologias
comparando-se a outros segmentos, como o automobilístico, pois limita-se ao
tradicionalismo das técnicas construtivas, gerando, dessa forma, maiores
desperdícios e, possivelmente, baixa qualidade e custos maiores nas obras.
Segundo Capiotti (2015), o aumento da complexidade de detalhamento das
obras, devido a modernização dos sistemas envolvidos, tem gerado de forma bastante
significativa os atrasos na construção dos empreendimentos e, também, os
retrabalhos, em que, com a presente situação crítica da economia brasileira, um
projeto, um planejamento e um orçamento realizado com eficiência se tornam
atividades elementares e importantes para as empresas atuantes no mercado
obterem excelentes estimativas de redução de custos em todos os aspectos da
edificação.
De acordo com Pereira (2014), com as mudanças que estão ocorrendo na
construção civil, mesmo evoluindo de forma gradual na direção de um cenário mais
industrializado, a utilização de obras com a modelagem BIM, pelas construtoras e pelo
governo brasileiro, está ganhando notoriedade, pois os mesmos estão revisando seus
procedimentos de gestão e os métodos construtivos, podendo possibilitar melhorias
aos segmentos da indústria e a todos os envolvidos, que irão obter empreendimentos
com uma diminuição significativa na perda de material, uma maior eficiência
energética dos sistemas e, entre outros benefícios, um controle mais preciso de
manutenção no pós-obra.
Tendo em vista tal realidade no mercado da construção civil, faz-se
necessário um estudo do impacto do uso do Building Information Modeling (BIM) sobre
os custos de um empreendimento, em que terá uma importância significativa na
redução de erros e desperdícios nas obras causados pelas incompatibilidades
construtivas, pois as interferências são detectadas com antecedência primordial no
modelo virtual gerado, elaborando, assim, projetos mais detalhados, orçamentos mais
precisos, com uma maior exatidão, e um planejamento bem elaborado.
18

Por meio do presente trabalho, será possível analisar uma maior


assertividade sobre as estimativas de custo direto e indireto de uma obra com a
utilização da metodologia BIM, mas que não pode ser generalizado para todas os
empreendimentos de empresas diferentes, pois cada construtora apresenta suas
peculiaridades construtivas e de gestão.
As conclusões deste trabalho irão implicar diretamente no uso cada vez
mais de projetos com a modelagem BIM, pois este novo conceito da engenharia
permite não somente uma maior organização, colaboração e integração de todos os
envolvidos na concepção, operação e no funcionamento do empreendimento, como,
também, na redução de tempo, de retrabalhos e, principalmente, na economia de
custos proporcionada pela obtenção de informações mais precisas.
Dessa maneira, a referida monografia apresenta mais uma tentativa na
quebra de paradigmas na construção civil do Brasil em relação ao enrijecimento dos
antigos processos construtivos, mostrando de forma clara e evidente como a utilização
dessa plataforma inovadora pode ajudar a poupar tempo e recursos nas obras
públicas e de iniciativa privada. Além disso, proporcionará muitos benefícios para o
Governo e para as empresas privadas, pois a utilização do BIM desenvolverá
transparência, agilidade, qualidade, pontualidade e segurança na construção dos
empreendimentos imobiliários e públicos e irá oferecer valor agregado e créditos aos
responsáveis pela elaboração do projeto (COLLABO, 2017).
Com isso, um questionamento vem à tona, será que, com todos os
benefícios e vantagens da Modelagem (BIM), os escritórios de projeto, as construtoras
e os órgãos do Governo responsáveis por este segmento da indústria irão continuar a
impor barreiras às transformações tecnológicas dos métodos construtivos e de
procedimentos de gestão na Construção Civil?

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral

Analisar quantitativamente e qualitativamente a assertividade do


orçamento de uma obra com o uso da tecnologia BIM;
19

1.2.2 Objetivos Específicos

- Identificar as interferências de projeto elaborados de forma convencional a


partir da modelagem BIM;
- Classificar os diferentes tipos de interferências;
- Descrever os conflitos selecionados para o estudo de caso;
- Verificar a estimativa de custo das incompatibilidades elencadas;

1.3 Metodologia

A metodologia deste trabalho, de forma objetiva, iniciou-se com a definição


do assunto a ser abordado, utilizando-se de uma pesquisa bibliográfica para
complementar, conceituar e explanar a fundamentação teórica elaborada. De acordo
com Fonseca (2002), o embasamento neste tipo de pesquisa ocorre com estudos já
realizados, sendo formado por artigos acadêmicos, livros e materiais publicados que
apresentam fontes confiáveis.
Dessa forma, a partir de um vasto levantamento de referências teóricas, foi
realizada uma pesquisa documental com o fito de aumentar as discussões e, assim,
permitir uma melhor qualificação dos resultados obtidos na pesquisa. Além disso,
iniciou-se, também, uma pesquisa descritiva, a fim de buscar informações contidas
nos documentos estudados. Gil (2008) afirma que a pesquisa documental é
semelhante a bibliográfica, diferindo apenas na natureza das fontes analisadas,
enquanto que a pesquisa descritiva, para o autor, apresenta o objetivo de descrever
as características de uma população, fenômenos e de uma experiência.
Este trabalho também caracteriza-se com uma pesquisa exploratória, pois
tem o intuito de possibilitar a construção de hipóteses e o aprimoramento de sugestões
a respeito de dúvidas sobre o problema elencado (YIN, 2001).
Após a delimitação do tema, de um extenso e exaustivo estudo bibliográfico
e documental, no intuito de obter um forte conhecimento teórico para o referente
trabalho de conclusão de curso, de exemplificar o objeto de estudo desta pesquisa e,
assim, colocar em prática os resultados e questionamentos encontrados, foi aplicado
o método de procedimento conhecido como estudo de caso, em que, de acordo com
Yin (2001), caracteriza-se como um excelente método para ser utilizado em
acontecimentos contemporâneos. Além disso, o autor afirma que o estudo de caso
20

tem o objetivo de coletar dados para a devida análise, sendo possível, assim, verificar
vários temas com abordagens diversificadas e canalizar os resultados aos
questionamentos iniciais.
A partir do fluxograma, representado na Figura 1, é possível identificar de
forma intuitiva todas as etapas necessárias para o desenvolvimento deste trabalho. A
partir da seleção e especificação do tema a ser pesquisado, ocorre um ampla
fundamentação teórica sobre o assunto, utilizando-se de estudos e pesquisas
associadas a livros, artigos científicos, teses de doutorado, normas técnicas e sites
disponíveis na internet. Com o aprofundamento do tema em questão, possibilita-se
uma maior qualidade na apresentação dos dados coletados e dos resultados gerados,
prosseguindo-se com a discussão e conclusões do estudo realizado. Além disso,
promove-se a verificação do impacto da implantação do BIM sobre a precisão e
confiabilidade dos dados atrelados ao orçamento de uma obra de edificação.

Figura 1- Metodologia do trabalho.

Delimitção Estudo
Escolha do Tema
doTema Bibliográfico

Análise das
Análise dos Dados
Incompatibilidades Coleta de Dados
Coletados
mais Onerosas

Comparação entre
Discussão dos Conclusões do
os Custos
Resultados Estudo
Analisados

Fonte: Autor (2017).

1.4 Estrutura do Trabalho

O presente trabalho foi estruturado em 4 capítulos, iniciando-se, no primeiro


capítulo, a introdução, a qual contém as delimitações do assunto a ser abordado, os
objetivos que irão nortear o trabalho, a justificativa que mostra a importância do tema,
21

a metodologia para explicar de forma objetiva como foi feito a pesquisa e, também, a
estrutura do trabalho.
O segundo capítulo apresenta o referencial teórico contendo todo a teoria
necessária para a compreensão do assunto, explicitando conceitos de BIM e
Orçamento, vantagens e desafios do uso do BIM, importância do orçamento de obra
integrado com a modelagem e alguns tipos de orçamento.
O terceiro capitulo contém o estudo de caso realizado sobre as
incompatibilidades entre as disciplinas de projetos em uma obra na cidade de
Fortaleza - Ce, da construtora pesquisada, evidenciando os problemas mais onerosos
à obra, caso não fossem identificados na compatibilização com o uso de ferramentas
BIM, e os custos referentes a essas interferências identificadas. Além disso, envolve
a metodologia detalhada, apresentando como foi resolvido a problemática em
questão, e a análise dos resultados, em que explana os valores encontrados e a
assertividade do orçamento devido a utilização da modelagem da informação da
construção na fase de desenvolvimento do projeto.
O quarto capítulo é a conclusão, apresentando uma verificação do que foi
obtido pelo estudo de caso, com as discussões dos resultados obtidos e da
possibilidade de realização de futuros estudos relacionados, e, por último, tem-se as
referências bibliográficas, com todas as fontes pesquisadas, e os anexos.
22

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Considerações Iniciais

Com o intuito de embasar de forma plena e significativa a abordagem do


assunto em destaque, faz-se necessário uma revisão bibliográfica de todos os tópicos
que serão analisados neste trabalho.
Dessa forma, de maneira inicial e sucinta, será exposto a engenharia de
custos, a fim de caracterizá-la, evidenciando a sua importância na elaboração do
orçamento de uma obra, como, também, na estimativa de custos durante e após a
construção do empreendimento, sendo, assim, um auxílio no acompanhamento e
planejamento da obra.
Em seguida à explanação sobre engenharia de custos, será detalhado uma
parte importante da mesma e deste trabalho, que é o orçamento, definindo-o,
mostrando as suas particularidades, os tipos de orçamentos e, também, a
diferenciação sobre orçamento direto e indireto.
Após introduzir e detalhar sobre orçamento, será analisado e exposto de
forma bastante minuciosa o Building Information Modeling (BIM), tema central deste
trabalho, mostrando, dessa forma, as suas diferentes definições, que, normalmente,
dependem do objetivo do seu uso, as suas vantagens e desvantagens para a sua
inteira e concreta implantação nas empresas do ramo da construção civil e os
demasiados tipos de modelagem.
Além disso, será discutido sobre as propriedades da modelagem BIM, com
o finco de verificar a sua crescente importância na indústria da construção e, cada vez
mais, permitir que as construtoras, os escritórios de projetos envolvidos e o governo
brasileiro possam estar quebrando os paradigmas da evolução tecnológica,
possibilitando a sua efetiva adesão e, consequentemente, um maior controle dos
custos, dos prazos e dos desperdícios nos empreendimentos.

2.2 Engenharia de Custos

A construção civil, no Brasil, apresenta uma significativa importância no


Produto Interno Bruto (PIB), possibilitando uma certa estabilidade na economia
nacional, mas comparando-se ao desenvolvimento e a eficiência do segmento da
23

indústria da construção em outros países mais desenvolvidos, o Brasil necessita de


uma maior aplicação dos conhecimentos de uma ramificação da engenharia,
denominada Engenharia de Custos, a qual, segundo Carvalho (2012), é a única área
que permite dar suporte à Formação do Preço e Controle de Custos de obras, sendo
capaz de promover a correta assertividade na estimativa de custos durante todo
processo produtivo e das etapas posteriores do empreendimento.
Baeta (2012) define a Engenharia de Custos como uma parte da
engenharia responsável pela análise e detalhamento dos métodos de projeção,
apropriação e controle dos recursos financeiros pertinentes à execução dos serviços
constituintes de um projeto ou de uma obra. Além disso, afirma que é uma ciência
destinada a desenvolver soluções primordiais para estimativa de custos,
orçamentação, avaliação econômica, planejamento, controle e gerenciamento de
obras de edificações.
Para Vilela Dias (2011), esta área da engenharia é responsável por reunir
normas, princípios, critérios e experiência para a identificação e melhoria de situações
problemáticas relacionadas a estimativa de custos, avaliação econômica, de
planejamento físico-financeiro e coordenação dos empreendimentos, de acordo com
a figura 2.

Figura 2 - Análise de Custos.

Fonte: CREA–ES (2008).

Além disso, o mesmo autor explana que a Engenharia de Custos não


finaliza os estudos e as análises apenas com a previsão de gastos nos investimentos,
sendo, assim, dado continuidade na etapa de realização da obra por meio de todo o
24

controle e acompanhamento do planejamento, permite às empresas de construção


um maior acervo de informações com as composições de custo unitário de cada
serviço, permitido pela obtenção de resultados das obras construídas, e,
posteriormente, possibilitar um orçamento cada vez mais real e preciso com a
diminuição do percentual de erros na fase de orçamentação.
Dessa maneira, por meio desse detalhamento, verifica-se a importância do
estudo e uso da Engenharia de Custos para as empresas de construção civil e,
consequentemente, para a economia nacional, em que alinhado com outros
processos de orçamentação, como a utilização da metodologia BIM, pode-se melhorar
a assertividade dos orçamentos e, também, a viabilidade técnica-financeira dos
empreendimentos. Com isso, será estudado, analisado e explicado a seguir um
significativo ramo da Engenharia de Custos, o Orçamento.

2.3 Orçamento

2.3.1 Definição, Importância e Vantagens e Desvantagens

Como parte integrante e com elevada importância na Engenharia de


Custos, o orçamento, segundo Mattos (2014), é uma etapa primordial para viabilizar
o sucesso e o lucro de um construtor, em que, para a sua efetiva elaboração, a fase
de orçamentação deve-se iniciar com um prazo considerável antes da execução da
obra, determinando os prováveis gastos com a construção da edificação.
Ainda de acordo com o mesmo autor, o orçamento é considerado como
uma estimativa ou previsão de custos para estabelecer o preço de venda do projeto,
possibilitando, dessa forma, a remuneração ou lucratividade da empresa responsável,
em que para alcançar esse preço de venda soma-se os custos diretos, indiretos,
impostos e lucros.
Um dos especialistas sobre o assunto de orçamentação, Baeta (2012)
preconiza que orçamento é a descrição, quantificação, análise e valorização dos
custos diretos e indiretos para a efetiva realização das tarefas planejadas da obra, em
que, assim como Mattos (2014), somado com o percentual de lucro do responsável
pelo serviço, resultará na estimativa real do preço final do empreendimento ou do
projeto.
25

Para Limmer (1997), o produto gerado pela orçamentação é compreendido


como a determinação dos gastos relacionados à quantificação dos serviços e que são
indispensáveis para um correto e excelente planejamento e, consequentemente, para
o sucesso de um determinado empreendimento de construção predial, sendo, assim,
necessário a criação e o estabelecimento prévio de um plano de execução para se
obter um orçamento cada vez mais assertivo.
A partir das diferentes definições e análises sobre orçamento no âmbito de
diferentes autores, a CAIXA (2015) elenca o termo orçamento como sendo “a
identificação, descrição, análise e valoração de mão de obra, equipamentos,
materiais, custos financeiros, custos administrativos, impostos, riscos e margem de
lucro desejada para a adequada previsão do preço final de um empreendimento.”
Na execução e no gerenciamento de uma obra, necessita-se uma atenção
especial dos profissionais, principalmente com as fases de planejamento e
orçamentação, pois, de acordo com Xavier (2008), um orçamento elaborado de forma
errada pode acarretar imperfeiçoes na logística da construção, incertezas, atrasos e
prejuízos, e, acima de tudo, pode, também, fomentar o sucesso ou o fracasso da
empresa construtora ou do construtor.
Mattos (2014) também contextualiza que a ação de orçar não é um puro
jogo de adivinhação, em que partindo de um serviço bem realizado, utilizando-se de
técnicas eficientes e de dados concretos e reais, refletindo-se, assim, como as
premissas da empresa construtora, além da experiência de um excelente julgamento
do orçamentista, que necessita ter conhecimento e vivência de obra, pode-se obter
orçamentos cada vez mais precisos, de acordo com a realidade da economia
brasileira, e, por consequência, um bom planejamento das etapas físicas e de custos
da obra.
Dessa forma, para Coelho (2006) e Knolseisen (2003), verifica-se a suma
importância na realização de um bom orçamento independentemente do projeto ou
obra, pois, devido a condição do mercado estar cada vez mais acirrado
economicamente e o cliente estar bastante criterioso e exigente, necessita-se da
determinação de um estudo de viabilidade técnico-econômica do negócio, os
cronogramas físico-financeiro e detalhado do empreendimento e, também, relatórios
rigorosos de gerenciamento e acompanhamento físico-financeiro.
Portanto, com a análise das considerações dos autores elencados,
percebe-se a significativa demanda do orçamento como peça chave de um bom
26

planejamento e de uma excelente execução da obra, possibilitando, com isso, evitar


atrasos na entrega dos empreendimentos, menores desperdícios e retrabalhos e,
também, mais qualidade do produto final para o consumidor.

2.3.2 Propriedades e Aplicações diversas do Orçamento

De acordo com Mattos (2014), a elaboração de um orçamento de uma obra,


mas especificamente da sua composição de custos, não pode ser tratado como uma
simples planilha orçamentária com números, listas e fórmulas, pois, mesmo que não
pareça, deve ser embasado por conceitos mínimos e essenciais de orçamentação
para retratar da melhor maneira possível a realidade do projeto, demonstrando o custo
real e efetivo da futura obra.
O mesmo autor afirma ainda que os principais atributos, as propriedades
ou a qualidade do orçamento são a aproximação, a especificidade e a temporalidade.

- Aproximação: Xavier (2008) complementa o autor supracitado que o


orçamento não baseia-se na exatidão, mas, sim, na assertividade ou
precisão de quanto este irá custar, em que havendo uma criteriosa e
apurada orçamentação, com um alto nível de detalhamento do processo
construtivo, ocorrerá uma maior aproximação da estimativa associada e,
assim, uma diminuição da margem de erro.
- Especificidade: Cada orçamento apresenta suas particularidades e,
consequentemente, não pode ser generalizado para outras obras com
características semelhantes, pois verifica-se a importância das
adaptações e que todo orçamento está inteiramente relacionado as
políticas da empresa e as condições locais da execução do
empreendimento.
- Temporalidade: Esta propriedade, tanto para Baeta (2012), quanto para
Mattos (2014), evidencia que quanto maior o espaço de tempo entre a
fase de orçamentação e a fase de execução da edificação, maior será,
também, o percentual de erro da estimativa real do custo da obra,
necessitando-se, assim, de atualizações e ajustes fundamentais, devido,
por exemplo, a evolução das técnicas e metodologias construtivas.
27

Os autores mencionados anteriormente ainda explanam que o intuito do


orçamento não fica restrito apenas na determinação do custo e do preço final de venda
da obra, possibilitando uma amplitude maior de informações e subsídios para outras
utilidades, como:

- Levantamento dos materiais e serviços.


- Obtenção de índices para acompanhamento.
- Dimensionamento de equipes.
- Capacidade de revisão de valores e índices.
- Realização de simulações.
- Geração de cronogramas físico-financeiro.
- Análise da viabilidade econômico-financeira.

2.3.3 Graus de Detalhamento do Orçamento

Com o desenvolvimento da indústria da construção civil e o mercado estar


bastante exigente e criterioso com a qualidade do empreendimento, os gestores e
acionistas das empresas construtoras, segundo Mattos (2014), estão cada vez mais
preocupados com estudos de viabilidade técnico-financeira, a fim de se ter uma real
ideia do custo da edificação e, por meio disso, permitir a utilização de métodos de
construção que mais se adaptam ao estilo de cada obra, podendo trazer inovação em
relação ao controle, planejamento e acompanhamento e, também, meios sustentáveis
para a realização da obra.
Para o Instituto de Engenharia (2011), na Norma Técnica nº 01/2011 para
elaboração de orçamento de obras de construção civil, os tipos de orçamentos,
dependendo do grau de desenvolvimento do projeto, podem ser detalhados por
estimativa de custos, orçamento preliminar, orçamento estimativo, orçamento analítico
ou detalhado e orçamento sintético ou orçamento resumindo.

2.3.3.1 Estimativa de Custos

Vilela Dias (2011) afirma que a estimativa de custos de um


empreendimento não pode ser assimilada como um orçamento, pois essa estimativa
é obtida para determinar a análise de um tipo de serviço a ser executado, podendo
28

ser usada na fase inicial de uma construção, como nos processos de viabilidade
econômica ou de desenvolvimento do projeto básico, e acaba inviabilizando o seu uso
em fechamentos de contratos, por possuir uma margem de incerteza bastante
elevada.
De acordo com o Instituto de Engenharia (2011), a estimativa de custos é
um estudo superficial dos possíveis valores que serão gastos na futura obra, sendo
gerado por meio da análise de informações iniciais e consagradas pelo uso de um
projeto em relação a área a ser construída.
Mattos (2014) complementa que esse tipo de orçamentação é realizado
com um embasamento de gastos de outras obras e de projetos semelhantes,
permitindo ao construtor ter uma ideia inicial do custo da construção, em que a
concepção da ordem de grandeza do custo é permitida pelo uso de indicadores
genéricos, como é o caso do Custo Unitário Básico (CUB), que relaciona nas obras
de edificações o custo do metro quadrado construído, variando pela especificidade do
projeto e o padrão de cada obra.
Na figura 3, pode ser contextualizado de forma simples sobre a diferença
do processo de orçamentação realizado com a estimativa de custo e de um orçamento
mais detalhado.

Figura 3 - Estimativa de Custos e Orçamento.

Fonte: CREA-MG (2007).

Na figura 4, Limmer (1997) apresenta um fluxograma para detalhar


esquematicamente o funcionamento de uma estimativa de custos, partindo-se como
29

base, o uso de dados históricos, obras semelhantes e a quantificação da obra,


podendo, assim, obter o custo estimado da edificação ou instalação.

Figura 4 - Fluxograma da Estimativa de Custos

Fonte: Limmer (1997).

2.3.3.2 Orçamento Preliminar

Com a necessidade de se obter orçamentos mais precisos e detalhados,


Mattos (2014) também classifica o grau de detalhamento do orçamento em orçamento
preliminar, o qual é realizado após o aval do estudo de viabilidade técnico-econômica
obtido no tipo de orçamento anterior, apresentando, assim, uma riqueza maior de
informações em comparação a estimativa de custos para a elaboração do orçamento
e pressupõe de algumas das utilidades da orçamentação, como o levantamento de
quantidades e a associação de custos aos serviços delimitados.
O mesmo autor complementa que a margem de erro para esse tipo de
orçamento é reduzida em relação ao gerado pela estimativa de custos.
Na figura 5, comprova-se a existência de um detalhamento mais elaborado
em relação ao gerado pela estimativa de custos, pois com o uso dos dados históricos
de obras semelhantes e o levantamento das quantidades, pode-se obter uma maior
discriminação das tarefas pertinentes à edificação.
30

Figura 5 - Fluxograma do Orçamento Preliminar.

Fonte: Limmer (1997).

O Instituto de Engenharia (2011) e Baeta (2012) afirmam que esse grau do


orçamento é mais utilizado no desenvolvimento da fase de anteprojeto da obra,
promovendo uma maior caracterização do custo atrelado aos quantitativos de
materiais, serviços e equipamentos e, também, a pesquisa referente aos preços
unitários das tarefas envolvidas.
Para Xavier (2008), esse orçamento possibilita aos construtores e
empresas construtoras uma maior confiabilidade e um aumento na obtenção de
indicadores que servirão de auxílio no estudo de elaboração do orçamento.

2.3.3.3 Orçamento Analítico ou Detalhado

O orçamento analítico ou detalhado, conhecido, também, como orçamento


convencional, é o mais utilizado na indústria da construção civil, pois, de acordo com
Mattos (2014), esse grau do orçamento visa gerar valores bem aproximados ao custo
real, fundamentando-se por meio de composições e de uma criteriosa busca por
preços dos insumos no mercado, tanto os valores de serviços, que são os custos
diretos, quanto os gastos envolvidos com a administração e gerenciamento do
canteiro de obra, os custos indiretos.
31

Baeta (2012) ainda complementa que, por meio de pesquisas essenciais


dos preços das tarefas e a determinação das respectivas composições de custos
unitários, há a possibilidade de gerar orçamentos mais assertivos, econômicos e
próximos a realidade da obra.
Para Cabral (1988) e Mattos (2014), o orçamento analítico permite um
maior detalhamento, assertividade para se obter o custo da obra, definição e é
constituído da elaboração dos custos para obtenção dos preços unitários de cada
tarefa do empreendimento, os quais serão multiplicados pelas quantidades obtidas
pelo levantamento do projeto.
No intuito de se obter uma maior confiabilidade nesse tipo de orçamento,
Santos (2015) explana a necessidade de elencar todos os serviços possíveis para
execução de uma obra, promovendo, dessa maneira, um roteiro para auxiliar na
elaboração do devido orçamento.
A Figura 6, apresentada na próxima página, especifica as características
gerais de um orçamento detalhado ou analítico por meio de um fluxograma. Para
chegar ao preço final da edificação, é gerado uma planilha orçamentária com a
quantificação de todos os serviços e insumos, utilizando, como base, o projeto, as
premissas construtivas e as normas técnicas, em que, dessa forma, considera-se os
principais encargos sociais, os custos da obra, diretos e indiretos, e, também, a
inclusão do BDI.
32

Figura 6 - Fluxograma do Orçamento Analítico.

Fonte: Limmer (1997).

Na figura 7, de acordo com Baeta (2012), tem-se um gráfico que ilustra o


panorama da precisão dos tipos de orçamento especificados anteriormente com a
evolução do desenvolvimento de projetos de um determinado empreendimento,
demostrando, assim, que quanto menor a quantidade de detalhes e informações
presentes nos projetos de arquitetura, estrutura, instalações e complementares, maior
será a caracterização de erros na elaboração dos orçamentos de obras de construção
civil. Além disso, pode-se analisar a relação de dependência entre os orçamentos e o
gerenciamento de projetos, necessitando-se cada vez mais do uso de tecnologias
para aprimorar a concepção de edificações e, consequentemente, uma maior
assertividade na análise de custos da obra.
33

Figura 7 - Precisão do orçamento em relação aos tipos de projetos.

Fonte: Baeta (2012).

2.3.3.4 Orçamento Sintético ou Resumido

Conforme o Instituto de Engenharia (2011), esse grau de detalhamento


verifica-se apenas como um resumo geral do orçamento analítico ou detalhado,
discriminado por meio das fases ou pacotes de serviços, com suas quantidades totais
geradas pelo levantamento criterioso do projeto e seus preços unitários
correspondentes, evidenciando, no final da planilha orçamentaria, o preço total do
orçamento do futuro empreendimento.

2.3.4 Custos

Para finalizar o embasamento teórico sobre orçamento na construção civil,


vale ressaltar a importância do emprego da palavra “custo”, a qual é tratada algumas
vezes como sinônimo de gastos ou despesas.
Para Ávila (2015), os gastos em obra representam os valores que não
foram previstos no orçamento, como será posteriormente analisado com as
interferências obtidas pela modelagem BIM, mas precisam ser arcados pela empresa
construtora para dar continuidade a construção.
O mesmo autor afirma que as despesas de um empreendimento elencam
todas as atividades que são necessárias para viabilizar a construção da edificação,
mas que diretamente não afetará a produção da obra.
34

Dessa forma, de acordo com Mutti (2012), a palavra custo relacionada à


construção civil é definida como sendo o somatório dos valores de mão de obra,
materiais e equipamentos essenciais à realização de uma determinada obra, em que
caracteriza-se pelo gasto relacionado a uma tarefa para o processamento de outros
bens ou serviços.
Para Vilela Dias (2011), o orçamento de um empreendimento ou de um
serviço relacionado a construção, como uma reforma, é obtido pela soma de alguns
tipos de custos, como custo direto e indireto, e do lucro previsto, sendo caracterizados
separadamente a seguir.
Dessa maneira, é necessária principalmente uma caracterização sobre os
dois tipos de custos inseridos no processo de orçamentação, em que, na Figura 8
abaixo, pode-se analisar brevemente algumas dessas diferenças essenciais entre os
dois, na qual pode ser observado a relação intrínseca do custo direto com a execução
da obra e, no custo indireto, está voltado para os itens que não se encontram na
construção propriamente dita, como a administração central.

Figura 8 - Diferenças básicas entre Custo Direto e Indireto.

Fonte: Baeta (2012).

2.3.4.1 Custo Direto

Vilela Dias (2011) diz que o custo direto é determinado pelo somatório dos
insumos pertinentes ao produto de uma obra, como um serviço de escavação ou de
instalações, e, também, pela consideração de todos os itens presentes na planilha
orçamentária .
35

Para Tisaka (2006), os custos diretos estão relacionados aos insumos de


produção da obra, como materiais, equipamentos e mão de obra, sendo acrescentado
os serviços de apoio a produção para a correta execução da obra.
Limmer (1997) ratifica as definições de custos diretos dos autores
mencionados anteriormente como sendo os gastos decorridos com alguns tipos de
bens que estão apropriados ou não à obra, possibilitando, assim, uma perfeita
caracterização e quantificação em um determinado serviço a ser executado.
Mattos (2014) também completa a definição desse tipo de custo como
aquele que representa o custo orçado dos itens levantados quantitativamente,
estando diretamente envolvido aos serviços de campo da obra.
A Figura 9 a seguir apresenta as caraterísticas do custo direto em relação
ao as despesas indiretas e ao lucro previsto no empreendimento.

Figura 9 - Representação de Custo Direto.

Fonte: CREA-MG (2017).

2.3.4.2 Custo Indireto

Outro tipo de custo fundamental para a elaboração de um orçamento


preciso de um empreendimento e para atuar de forma eficiente no mercado da
construção civil é o custo indireto, em que, para Mattos (2014), é todo custo que não
está atrelado ou integrado as tarefas orçadas da construção, como o uso do concreto,
sendo independente da quantidade realizada na execução.
36

De acordo com Baeta (2012), as despesas indiretas (DI) só podem ser


alocadas a planilha orçamentária por meio de alguma estimativa ou de algum critério
para a sua mensuração, pois diferentemente do custo direto, não são passíveis na
sua identificação e quantificação, sendo associado normalmente a administração
central da obra, como mestres e engenheiros.
Segundo Limmer (1997), custo indireto é definido como a soma de todos
os gastos com atividades paralelas e coadjuvantes, mas que são fundamentais para
a elaboração dos serviços da obra, de custos que são difíceis de medir e alocar a uma
certa tarefa, gerando, assim, uma diluição dessas despesas pelo projeto todo ou em
forma de pacotes de serviços.
Mattos (2014) ainda complementa que os custos indiretos ou despesas
indiretas (DI) são influenciados por alguns tipos de fatores, como a localização
geográfica, a política interna da empresa construtora, ao prazo da obra e, também, a
complexidade da construção do empreendimento.

2.4 BIM – Building Information Modeling

2.4.1 Definição

Para Coelho e Novaes (2008), a metodologia BIM é tratada como uma


significativa evolução do sistema para desenvolvimento de produto, denominado de
Computer Aided Design (CAD), a qual permite um controle de toda informação
inerente ao ciclo de vida de uma edificação, utilizando-se, para esta finalidade, de um
banco de dados relacionados a um determinado projeto e integrado a uma modelagem
em três dimensões.
Eastman et al. (2014), um dos pioneiros a conceituar essa nova
metodologia da engenharia em meados da década de 70, afirma que o BIM funciona
como um modelo digital ou uma construção virtual para detalhar de forma completa
os dados e informações da concepção do projeto de um edifício.
Catelani (2016) contextualiza que as ferramentas com conceitos BIM eram
usadas, primariamente, em segmentos altamente desenvolvidos da indústria, como o
setor automobilístico, mas, com as transformações políticas e econômicas ao decorrer
do tempo no mundo, em que surgia um mercado cada vez mais competitivo e
exigente, as empresas construtoras começaram a incorporar e a utilizar dessa
37

importante inovação tecnológica, com o intuito de viabilizar aos seus clientes obras
com maior qualidade, um menor tempo de execução e, primordialmente, um menor
custo.
O mesmo autor define BIM como sendo um conjunto integrado de políticas,
processos, premissas construtivas e tecnologias que possibilita o desenvolvimento
dos projetos das diferentes disciplinas, como Arquitetura, Estrutura e Instalações,
envolvidas na concepção de um empreendimento, e, também, por meio da utilização
de softwares rebuscados, como o Revit® e o Navisworks®, permite verificar e analisar
o desempenho da edificação, realizar diversas simulações, processos de
orçamentação, planejamento, gerenciamento da obra, estudar a fabricação dos
elementos para execução, visualização, colaboração entre os gestores e projetistas
diretos e indiretos, representação e registro da construção perante os órgãos
responsáveis e, além disso, promover a manutenção e operação da instalação e,
porventura, até a sua demolição, abordando, dessa forma, todo o ciclo de vida da
edificação, como pode ser constatado na Figura 10.

Figura 10 - BIM no ciclo de vida de um produto.

Fonte: Campos (2011).

O termo BIM é definido sob diversas visões, dependendo, principalmente,


da sua necessidade de implantação, pois abrange completamente o ciclo de vida de
38

um produto ligado a construção civil, em que, dessa forma, o National Building


Information Modeling Standards (NBIMS, 2007) conceitua essa metodologia como
sendo um modelo único que contém informações fundamentais para a concepção,
construção e operação da edificação, apresentando particularidades geométricas e
não geométricas, a coordenação e compartilhamento de dados confiáveis e concisos
para permitir tomadas de decisão em todas as fases do empreendimento e, também,
a integração entre os diversos responsáveis pela elaboração e funcionamento da
benfeitoria.
Ainda para Eastman et al. (2014), esse novo conceito da engenharia
contemporânea está proporcionando as mudanças de paradigmas nos processos de
desenvolvimento de produtos da construção civil, de técnicas construtivas e
colaboração entre todos os setores de escritórios e empresas construtoras, em que,
cada vez mais, esta transição lenta e gradual dos sistemas tradicionais,
fundamentados principalmente em documentos 2D, para a os modelos virtuais em 3D
parametrizados, promove a geração de um importante repositório padrão de dados
conectados a um modelo virtual, podendo promover, assim, a extração de
informações representativas pelos diversos usuários para a melhor análise possível
do empreendimento.
A Figura 11 especifica os níveis de maturidade de um projeto e suas
perspectivas de mudanças neste segmento da indústria, identificando que a
modelagem da informação da construção representa mais que um modelo 3D
parametrizado, sendo, portando, uma maneira de coordenar e compartilhar
informações por meio de um banco de dados.
39

Figura 11 - Níveis de maturidade do BIM.

Fonte: Margotti et al. (2014).

Portanto, Margotti et al. (2014) explana que a conceituação de BIM é


embasada, fundamentalmente, em serviços de troca de informações nas etapas do
ciclo de vida da benfeitoria, passando pelas fases de projeto, construção,
manutenção, demolição e reciclagem, em que possibilitam a análise de soluções
viáveis e alternativas mais automatizadas de execução de obra.
Devido a evolução, importância e relevância desta metodologia no mercado
da construção civil no mundo, é necessário haver um certo discernimento do real
conceito de BIM, pois de acordo com Catelani (2016), existem ferramentas com o
intuito de burlar as soluções realizadas em BIM, como softwares que apenas modelam
tridimensionalmente sem a devida inclusão de todas informações e propriedades
possíveis, sem a utilização de objetos paramétricos e inteligentes, sem a realização
de soluções automáticas e que não funcionam como gestores integrados de banco de
dados, comprovando-se, assim, de tecnologias que não atuam com as
funcionalidades e benefícios da modelagem da informação da construção.
40

Dessa maneira, Costa (2013) avalia o uso do BIM junto à evolução


tecnológica e dos novos processos de gerenciamento de obra como uma nova forma
de representar o empreendimento a ser construído, pois permite o compartilhamento
de informações confiáveis entre os envolvidos, e, também, de acordo com Ferreira
(2007), essa inovação é considerada mais que uma simples modelagem de um
produto, por promover a integração de todos os elementos pertinentes a uma
construção, possibilitando a detecção de interferências que irão alterar
automaticamente as caraterísticas do planejamento físico e financeiro do projeto e,
consequentemente, da obra.

2.4.2 Benefícios

Como já descrito anteriormente, uma das vantagens básicas do uso do BIM


é a sua utilização durante todas as etapas de um empreendimento, em que pode
permitir o aprimoramento de várias atividades relacionadas à indústria da Arquitetura,
Engenharia e Construção (AEC), possibilitando, também, o suprimento das demandas
e necessidades atuais dos setores da construção civil, como a contribuição para
reduções de prazos e custos, melhoria de desempenho e sustentabilidade das
edificações e uma busca por uma maior produtividade neste segmento.
Desse modo, Catelani (2016) reúne, na Figura 12, as principais vantagens
e benefícios da utilização da modelagem da informação da construção interligados as
diversas macro fases do ciclo de vida da benfeitoria a ser construída, evidenciando,
por exemplo, que as ferramentas BIM utilizam-se os recursos do Lean Construction,
como o processo just-in-time, para a elaboração dos modelos “virtuais”. Além disso,
esta iteração prioriza atingir a melhor qualidade do produto, um menor custo final e
tempo possíveis (ARANTES, 2008).
41

Figura 12 - Principais usos do BIM.

Fonte: Catelani (2016).

Para Eastman et al. (2014) e Catelani (2016), a metodologia BIM apresenta


diversos benefícios ao segmento da construção civil, mas independentemente de
estar nos primórdios da sua implantação, é necessário destacar todas as
possibilidades de uso, com o intuito de verificar as mudanças proporcionadas com a
utilização de ferramentas com conceitos da modelagem da informação da construção,
sendo, assim, destacados de forma objetiva e concisa a seguir:

- Conceito, viabilidade e benefícios no projeto: Com o desenvolvimento de


um modelo de construção integrado a um banco de dados e informações
pode se apresentar de suma importância as empresas construtoras ou
ao proprietário da edificação, pois irá satisfazer suas necessidades
funcionais e financeiras.
- Aumento da qualidade e do desempenho da construção: A geração de
um modelo virtual de construção proporciona análises detalhadas e
criteriosas de todas as etapas do projeto e execução da obra,
42

promovendo, assim, a entrega de produtos com maior qualidade e o


cumprimento dos custos e prazos planejados.
- Visualização antecipada e mais precisa de um projeto: A modelagem em
3D, comparando-se aos projetos desenvolvidos em documentos CAD,
permite o fácil compartilhamento e entendimento das informações entre
todos os envolvidos na realização do empreendimento, traduzindo-se
em uma menor quantidade de erros nas fases de execução.
- Correções automáticas de baixo nível quando mudanças são feitas no
projeto: A modelagem BIM é regida pelo uso de objetos paramétricos,
em que uma determinada alteração ou revisão em qualquer local do
modelo digital implicará automaticamente em mudanças nas diversas
maneiras de representação da massa de dados integrada, como em
tabelas, relatórios e até desenhos.
- Geração de desenhos 2D precisos e consistentes em qualquer etapa do
projeto: Diferentemente dos desenhos CAD, em que a assertividade da
documentação depende quase exclusivamente da atenção humana, a
extração destes documentos em BIM, os quais são bastante
organizados e confiáveis, proporciona um menor tempo na fase de
projeto e um menor número de erros na elaboração.
- Colaboração antecipada entre múltiplas disciplinas de projeto: o BIM
permite a antecipação e a solução de conflitos antes da obra
propriamente dita, pois a capacidade de visualização, compreensão e
integração antecipada viabiliza o trabalho simultâneo de várias
disciplinas de projeto, apresentando oportunidades de melhoria e
eficiência contínua.
- Verificação facilitada das intenções de projeto: Com a modelagem BIM,
possibilita-se analisar e apresentar todas as premissas para a devida
construção de um empreendimento, oferecendo opções para a detecção
de incompatibilidades, quantificação de áreas e materiais, permitindo
planejamentos e orçamentos mais assertivos, detalhados e precisos.
- Extração de estimativas de custo durante a etapa de projeto: É uma das
funcionalidades mais importantes e utilizadas com a plataforma BIM,
pois, por meio da consistência, precisão e agilidade na extração de
43

quantidades, promove uma real estimativa de custo de cada fase do


projeto e da execução da edificação.
- Incrementação da eficiência energética e a sustentabilidade: Com o uso
de métodos envolvendo apenas documentos CAD, não era viável as
verificações de desempenho de um prédio, mas a geração de modelos
virtuais associados a softwares de análises permitem diversas
simulações de energia, estrutural e de sustentabilidade.
- Sincronização de projeto e planejamento da construção: Por meio da
plataforma BIM, mais precisamente do planejamento 4D, ocorre a
modelagem, não apenas da edificação com todos os seus componentes
e sistemas, mas, também, do processo propriamente dito de construção,
permitindo a definição do sequenciamento dos serviços com um elevado
nível de informação e caracterização.
- Descoberta de erros de projeto e omissões antes da construção
(detecção de interferência): Alguns softwares BIM, como o Navisworks®,
são responsáveis por localizar incompatibilidades entre as disciplinas
correspondentes ao modelo virtual, possibilitando uma eliminação ou
diminuição dos erros de projetos.
- Reação rápida a problemas de projeto ou do canteiro: Como todos os
objetos paramétricos estão integrados em um único modelo, uma
determinada modificação poderá ser solucionada com mais agilidade e
competência, pois estas alterações em um sistema BIM podem ser
compartilhadas e resolvidas sem a burocracia das transações com
documentos CAD.
- Uso do modelo de projeto como base para componentes fabricados: Os
modelos virtuais de construção são ferramentas altamente importantes
e fundamentais para difundir e aumentar a industrialização no setor da
construção civil no Brasil, em que, com a precisão dos projetos
compatibilizados em BIM, evitará os erros na pré-fabricação dos objetos
e, consequentemente, os retrabalhos e gastos adicionais.
- Melhor implementação e técnicas de construção enxuta: Para garantir
um melhor planejamento, a modelagem da informação da construção
proporciona um modelo digital confiável e preciso de uma benfeitoria,
auxiliando no uso de processos construtivos embasados no Lean
44

Construction e possibilitando uma melhoria do fluxo de trabalho no


canteiro de obras.
- Sincronização da aquisição de materiais como projeto e a construção: A
partir da modelagem de todos os elementos da edificação, pode-se
promover a compra e a logística dos materiais com os diversos
fornecedores, sendo um benefício bastante relevante, pois viabiliza a
diminuição dos atrasos referentes com a aquisição de produtos para a
execução da obra e, também, os erros relacionados as propriedades e
referências dos mesmos.
- Melhor gerenciamento e operação das edificações: Os modelos BIM
servem, também, como um conjunto de informações para possibilitar o
melhor manuseio possível do empreendimento após a obra, verificando
o funcionamento de todos os sistemas envolvidos.
- Integração com sistemas de operação e gerenciamento de facilidades:
Uma modelagem BIM funciona como um modelo As-Built após a entrega
do empreendimento aos proprietários, em que fornece dados e
informações de forma confiável e precisa sobre como foi executada a
obra, sendo de real importância para a operação da edificação.

2.4.3 Dificuldades de implantação

Desse modo, independentemente das inúmeras vantagens e benefícios do


uso da tecnologia BIM citados anteriormente, ocorre, principalmente no Brasil, uma
elevada restrição a sua íntegra e correta utilização, por meio dos escritórios de
projetos e das empresas construtoras, em que, devido ao tradicionalismo dos métodos
construtivos, do alto valor inicial para aquisição da metodologia, a falta de informação
sobre esta plataforma e, também, da escassez de padronização e normas para
regulamentar a modelagem 3D e paramétrica, os envolvidos na concepção e
execução não demonstram o real interesse pela mudança de paradigmas.
Diante deste cenário no setor da construção civil brasileira, Catelani (2016)
elenca as principais dificuldades de implementação da metodologia BIM, podendo
destacá-las e detalhar de forma sucinta a seguir:
45

- Inércia e resistências às mudanças: É uma das principais causas no


impedimento do concreto uso do BIM, pois as empresas e
organizações apresentam uma certa resistência ao novo e ao
desconhecido, sendo necessário alguns elementos para reverter estes
paradigmas, como a visão, capacitação, incentivos, recursos e o
desenvolvimento de um plano estratégico.
- Dificuldade de entendimento e compreensão: Este fator contribui
bastante para emperrar a utilização desta profunda e complexa
inovação tecnológica da engenharia, pois a modelagem da informação
da construção, como já foi mencionado, apresenta uma
plurissignificação, sendo complicado a sua inteira interpretação, e,
também, as organizações, o governo e as construtoras ainda não
entenderam precisamente os benefícios oferecidos por esta
significativa implantação.
- Barreiras culturais e particularidades do ambiente brasileiro: O mercado
brasileiro da construção civil é bastante tradicionalista, adotando
técnicas contrárias frente as inovações vigentes, e, de forma
circunstancial, alguns os envolvidos neste segmento da indústria não
se interessam verdadeiramente por projetos e processos mais
eficientes e transparentes, pois a indefinição gerada por sistemas CAD
proporciona, por exemplo, lucros ilícitos.
- Especificidades e aspectos intrínsecos ao BIM: Em relação a
plataforma BIM, existem alguns entraves para a sua ampla
implementação, pois necessita de bastante esforço da equipe,
aprendizado e investimento, é muito complexo a mensuração de alguns
benefícios da metodologia, como o aumento da precisão dos projetos
e melhorias significativas no planejamento e orçamento, sendo mais
simples determinar o custo de um erro ou omissão de projeto,
comparando-se a avaliação dos acertos proporcionados pelo uso da
modelagem.

Para Faria (2007), o maior empecilho para a utilização da tecnologia BIM é


o tempo decorrido para a aprendizagem e capacitação dos profissionais envolvidos,
46

em que as construtoras e os escritórios de projetos terão um baixo índice de


produtividade durante esse período.
Portanto, Tse e Wong (2005) complementa a respeito dos desafios de
implantação dos processos BIM, elencando como fatores os problemas de adaptação
dos objetos paramétricos e inteligentes ao projeto, as limitações dos treinamentos e
capacitação, alto tempo gasto com a modelagem devido à complexidade das
ferramentas e dos projetos e indisponibilidade gratuita de aquisição de softwares
específicos.

2.4.4 Características e funcionalidades

Os processos baseados em BIM apresentam como principal caraterística e


finalidade a interoperabilidade entre os projetistas e colaboradores para o
desenvolvimento de um projeto, em que Catelani (2016) define que, no contexto da
modelagem da informação da construção, esta funcionalidade é uma forma de
compartilhamento de informações entre todos envolvidos, por meio do uso de
softwares distintos, na concepção de um determinado empreendimento durante o seu
ciclo de vida.
Eastman et al. (2014) contextualiza a interoperabilidade como sendo uma
capacidade de transmitir dados com formatos diferentes entre programas
computacionais, como uma análise estrutural e energética, estimativa de custos e
planejamentos de obra, proporcionando a contribuição de vários especialistas e
aplicações para a elaboração da edificação.
Costa (2016) ainda salienta que esta característica do BIM possibilita aos
projetistas das diferentes disciplinas em questão o acesso as informações e dados
dos projetos, promovendo uma detecção e verificação das incompatibilidades
inerentes e, também, uma maior eficiência na resolução dos problemas relacionados.
Na Figura 13, pode-se analisar uma importante ferramenta da
interoperabilidade na elaboração dos empreendimentos, denominada de Industry
Foundation Classes (IFC), a qual, para Rosso (2011), consiste na possibilidade de
abertura de comunicação e interação das tecnologias em BIM, sendo, também,
definida e contextualizada por Prates (2010) e Catelani (2016) como a divulgação,
compartilhamento e padronização das informações geradas pelos projetistas e
fabricantes do segmento da indústria da construção civil. Este processo inicia-se nos
47

primeiros levantamentos do protótipo em 3D, evoluindo para as fases de simulações


do comportamento da edificação, etapas de planejamento e orçamentação,
acompanhamento da obra e o gerenciamento do ciclo de vida útil da benfeitoria,
consistindo, assim, em uma base de dados extremamente fundamental e fiel para as
empresas construtoras e escritórios de projetos.

Figura 13 - Interoperabilidade da Plataforma BIM.

Fonte: Rosso (2011).

Atualmente, de acordo com Reis (2016), a metodologia BIM está sendo


utilizada para vários tipos de acompanhamento e aplicações, pois apresenta, também,
como característica as suas dimensões de modelo, as quais variam de acordo com a
sua aplicabilidade.
Catelani (2016) afirma que a dimensão mais reconhecida no mercado da
construção civil é da tridimensionalidade, mais conhecido como BIM 3D, a qual está
voltada, principalmente, para a compatibilização dos projetos, porém é comum a
utilização nesta plataforma da nomenclatura BIM 4D, que está atrelada ao
planejamento da obra, e, também, o BIM 5D, o qual possibilita o acréscimo da variável
custo e, consequentemente, gera um orçamento mais preciso e assertivo do
empreendimento, sendo descritos de forma mais detalhada a seguir.
48

2.4.4.1 Modelagem 3D aplicada à compatibilização de projetos

Um dos recursos mais utilizados com a plataforma BIM é a modelagem 3D


das diferentes disciplinas envolvidas na concepção de um empreendimento, em que,
para Santos (2015), esta ferramenta é ocasionada pelo desenvolvimento de um
processo de modelação orientada a objetos inteligentes, os quais, além da estrutura
de dados e representação física, apresentam as propriedades e peculiaridades do
elemento, como parâmetros e especificações, semelhantes aos objetos reais e que
são atrelados ou incorporados ao modelo BIM, podendo ser manipulado ou atualizado
de uma forma acessível e legível.
Reis (2016) afirma que a realização da construção “virtual” da benfeitoria
em um único modelo ou protótipo integrado possibilita a elaboração automática dos
desenhos técnicos necessários para o entendimento do projeto, como plantas baixas,
cortes, elevações, fachadas, perspectivas e detalhamentos, demonstrando, assim,
agilidade, organização, colaboração e precisão nos processos envolvidos e,
consequentemente, promovendo a identificação de erros e omissões de projetos, por
meio do método de compatibilização, em que permite alterações automáticas a partir
de modificações no modelo digital, e o ganho de tempo na etapa de desenvolvimento
do produto.
O mesmo autor salienta que todos modelos em BIM são trabalhados com
relações paramétricas, pois as mudanças são executadas de maneira instantânea em
todo o protótipo, diferindo do processo altamente manual e lento dos sistemas em
CAD. Além disso, a modelagem 3D paramétrica promove uma redução dos
retrabalhos provenientes aos processos de alteração humana dos desenhos.
Na figura 14, resume-se de forma ilustrativa a conexão entre todos os
envolvidos, desde arquiteto, engenheiros, projetistas, clientes até construtores, no
desenvolvimento do empreendimento e da execução, em que verifica-se, na
plataforma BIM, a centralização dos serviços de cada profissional, gerando auxílio nas
fases de concepção dos projetos e acompanhamento da obra. Enquanto nos
processos CAD, ocorre uma individualização de cada etapa e pouca colaboração
mútua, ocasionando maior tempo e trabalho na realização das edificações.
49

Figura 14 - Interligação entre os elementos envolvidos em CAD e BIM.

Fonte: Oliveira (2015).

Portanto, para viabilizar um maior grau de detalhamento e confiabilidade


necessário, dependendo da fase de projeto, o modelo BIM em três dimensões,
segundo Catelani (2016), apresenta uma importante funcionalidade denominada, em
inglês, de Level of Development (LOD), a qual constitui-se em um nível de
desenvolvimento de um determinado produto ou construção, possibilitando alterações
e especificações, por meio dos responsáveis técnicos legais, com clareza, precisão e
organização.
Catelani (2016), embasado em pesquisas realizadas pelo American
Institute of Architects (AIA), complementa que cada nível funciona como uma
referência aos agentes envolvidos para verificar e analisar a inclusão correta dos
elementos em cada tipo de projeto. A Figura 15 permite visualizar detalhadamente os
tipos de LODs encontrados nos modelos “virtuais” BIM.
50

Figura 15 - Os 5 tipos diferentes de LOD.

Fonte: Catelani (2016).

Dessa forma, a modelagem 3D aplicada aos processos, conceitos e


softwares, como o Revit® e o ArchiCAD®, da tecnologia BIM permite o aprimoramento
e a eficácia da compatibilização de projetos, conforme consta na Figura 16,
identificando possíveis interferências e, consequentemente, soluções para os
problemas encontrados, o levantamento preciso das quantidades de materiais e mão
de obra e a possibilidade de simular as diversas situações relacionadas ao canteiro
de obra. O modelo tridimensional será o foco de estudo no terceiro capítulo desta
monografia.
51

Figura 16 - Construção "virtual" em BIM.

Fonte: Adaptado de empresa terceirizada (2017).

2.4.4.2 Modelagem 4D aplicada ao cronograma

Santos (2010) contextualiza a associação dos modelos geométricos


tridimensionais com a etapa de planejamento da obra, afirmando sobre a importância
desta característica da modelagem da informação da construção, a qual permite um
fundamental auxílio na elaboração e execução do empreendimento. Com isso, para
Barbosa (2014), por meio da integração da variável tempo ao protótipo 3D em BIM,
tem-se o surgimento da modelagem em quatro dimensões, conhecido como BIM 4D
ou planejamento 4D.
Segundo Kymmel (2008) e Catelani (2016), os modelos de construção
associados ao cronograma da obra são usados pelas equipes envolvidas, como
projetistas, construtores, arquitetos e engenheiros, para o complexo estudo dos
processos e etapas construtivas, o acompanhamento das sequências dos serviços
realizados no canteiro de obra, apoiar no dimensionamento das equipes de trabalho
e, também, com o uso de softwares, como o Navisworks®, possibilitar, de forma
intuitiva, o encadeamento das tarefas planejadas, analisando, assim, toda a rede de
precedência e dependência entre as atividades, conforme ilustra-se na Figura 17.
52

Figura 17 - Modelo BIM servindo para simular a construção e como base para o planejamento 4D.

Fonte: Catelani (2016).

Mattos (2014) afirma que a 4º dimensão da modelagem BIM proporciona


ao gerente de obra e ao gestor de projetos o controle e gerenciamento do avanço
físico do empreendimento, pois os elementos modelados virtualmente estão atrelados
ao cronograma físico da obra, possibilitando, dessa maneira, reduzir os erros durante
a execução das atividades, melhorar a qualidade do produto final pela diminuição dos
retrabalhos, apresentar cada vez mais uma maior precisão na etapa de orçamentação
e facilitar os processos construtivos, com uma redução dos atrasos das tarefas
planejadas e dos gastos decorridos.

2.4.4.3 Modelagem 5D aplicada ao custo

Costa (2016) contextualiza a metodologia BIM como uma nova tecnologia


na indústria da construção civil brasileira, apresentando, como já discutido
anteriormente neste trabalho, a importância da geração automática, organizada e
confiável de quantitativos dos elementos modelados e das especificações detalhadas
dos objetos para a fase de orçamentação da benfeitoria.
Segundo Sakamori (2015), a utilização dos métodos tradicionais para
elaboração de projeto prejudica bastante as etapas de planejamento e orçamento da
edificação, pois há a elevada interferência humana na coordenação das informações
necessárias, possibilitando, assim, resultar em falhas que geram desperdícios em
todos os gêneros para as empresas construtoras.
Com isso, necessita-se cada vez mais da divulgação e utilização da
modelagem BIM nos processos de orçamentação das construtoras e incorporadoras,
como o uso do BIM 5D, em que, de acordo com Masotti (2014), caracteriza-se pela
53

adição da variável custo ao modelo 4D e, consequentemente, da análise de previsão


e gerenciamento dos custos em todas as fases de projeto e construção.
A figura 18 apresenta a planilha orçamentária realizada com o auxílio de
um programa computacional, denominado de VICO Software®, o qual é vinculado
com informações e dados do modelo tridimensional em BIM, gerado pelo software
Revit®, evidenciando, dessa forma, um levantamento de quantidades detalhado e de
acordo com as necessidades, um orçamento sempre atualizado à qualquer alteração
na construção virtual e, também, um planejamento físico-financeiro enriquecido de
elementos importantes para as diversas verificações de cenários das etapas
construtivas.

Figura 18 - BIM 5D.

Fonte: Adaptado de VICO Software® (2017).

Dessa maneira, Florio (2007) acrescenta a significativa importância no uso


desse recurso do processo BIM, em que destaca a maior precisão e confiabilidade
dos dados encaminhados para o controle da obra, destacando o aumento da
assertividade do planejamento e orçamento do empreendimento, gerando menos
desperdício de tempo na elaboração do produto, redução das perdas de materiais de
construção e diminuição nos índices de retrabalhos. Além disso, constata-se a
possibilidade de um maior gerenciamento de todas as atividades e serviços, inclusive
54

os críticos, que se impactam durante a execução, obtendo vantagens essenciais para


a realização da edificação.

2.5 Considerações Finais

Dessa forma, no capitulo, foi explanado, inicialmente, a importância da


Engenharia de Custos na concepção de projetos e gerenciamento de obras. Além
disso, foram contempladas algumas definições, no intuito de possibilitar uma maior
compreensão e, também, a aplicabilidade em determinadas situações.
Com isso, foi abordado um ramo da Engenharia de Custos essencial para
a precisa execução de um empreendimento, o Orçamento, em que foi exposto
diversos conceitos de autores renomados no assunto, verificou-se a relevância do
processo de orçamentação para a eficácia na realização de uma obra e, também, as
vantagens e desvantagens do método tradicional de elaborar os custos de uma
edificação.
Além disso, foi exposto os diferentes graus de detalhamento do orçamento,
analisando a importância da estimativa de custo na fase inicial de viabilidade
econômico-financeira do futuro empreendimento, o orçamento preliminar, em que
conta com diretrizes e dados para a discriminação do orçamento, e, ainda, o
orçamento analítico, caracterizado pela elaboração da completa planilha
orçamentária, sendo tratado de forma sucinta no orçamento sintético.
Por meio do objetivo do presente trabalho, foi necessário abordar os
conceitos de custos e, também, caracterizar e diferenciar os dois mais importantes
tipos de custos na construção civil, como o custo direto e indireto.
Ainda na fundamentação teórica desta monografia, foi descrito de forma
detalhada, atendendo aos objetivos do estudo, sobre a Modelagem da Informação da
Construção (BIM), analisando os seus diferentes conceitos, a sua real importância
para o setor da construção civil brasileira, tanto para os escritórios de projetos, como
para as empresas construtoras e o Governo, os seus principais benefícios para sua a
íntegra implementação, as dificuldades impostas pelas próprias características da
plataforma e, também, das particularidades do mercado tradicionalista vigente no País
e, além disso, a discriminação das diversas características e funcionalidades que a
modelagem BIM apresenta.
55

Portanto, por meio deste capítulo, pôde-se ter um elevado embasamento


teórico para compreender da melhor maneira o impacto da utilização do BIM na
assertividade dos orçamentos e planejamento, possibilitando um maior controle do
ciclo de vida de um empreendimento e um entendimento de forma ampla para o
capítulo seguinte.
56

3. ESTUDO DE CASO

3.1 Considerações Iniciais

O setor da construção civil impulsiona diretamente a economia do Brasil,


comprovando-se, por meio de estudo realizados, que a má elaboração de um
orçamento, gera uma baixa produtividade no segmento, pois aponta-se uma lacuna
de tempo entre as devidas condições de trabalho, como disponibilidade de material, e
execução do serviço propriamente dita (AMORIM, 1995; MELLO, 2007; ISATTO et al.,
2000). Dessa forma, este capítulo, importante para a análise de uma maior
assertividade e confiabilidade dos orçamentos, tem a finalidade de estudar e verificar
qualitativa e quantitativamente, por meio de dados e informações fornecidos pela
empresa, os custos envolvidos nas incompatibilidades de projeto detectadas com as
ferramentas BIM.
O capítulo é dividido em 5 seções: a primeira é a caracterização da
empresa, especificando, por exemplo, o porte, o tempo de atuação no mercado,
número de projetos realizados, número de funcionários e o número de metros
quadrados entregues, seguido sobre a abordagem da obra analisada, em que os
dados e informações foram extraídos, a terceira etapa apresenta os elementos
necessários e fundamentais para a obtenção dos resultados, a quarta seção envolve
a determinação e análise das estimativas de custos geradas e a quinta etapa
descrimina as considerações finais sobre o estudo de caso.

3.2 A Empresa

A empresa estudada apresenta um grande porte no mercado da construção


civil brasileira, situa-se na cidade de Fortaleza – CE, com cerca de 50 anos atuando
neste segmento da indústria, desenvolvendo e realizando mais de 200 projetos
espalhados por alguns estados do Brasil, como São Paulo, Maranhão, Piauí e Ceará.
Além disso, com mais de três milhões de metros quadrados construídos e entregues
durante a sua existência, a construtora emprega atualmente cerca de 1200
funcionários, sendo estes, diretos e indiretos, construindo obras com alto padrão de
acabamento, as quais são voltadas, atualmente, para a classe média e alta.
57

Vale ressaltar que utiliza-se de modernos sistemas de gerenciamento e,


também, de tecnologias, como o uso de softwares com metodologia BIM, para
possibilitar a construção de edificações dentro do prazo planejado, orçamentos cada
vez mais reduzidos e detalhados e a diminuição de retrabalhos durante a execução
da obra.

3.3 A Obra

O empreendimento, objeto do presente estudo de caso e caracterizado


como uma edificação residencial multifamiliar, está situado no bairro Guararapes,
possuindo 3.102 m² de área do terreno, 16.610,37 m2 de área construída, 02
pavimentos subsolos, 01 pavimentos térreo, 01 pavimento pilotis, 01 pavimento
coberta e uma torre com dois apartamentos por andar, com um total de 38 unidades,
sendo cada unidade com uma média de 245,46 m² de área privativa, 4 a 5 vagas de
garagem, dependendo do pavimento habitado. A obra teve início em dezembro de
2014 e previsão de entrega para janeiro de 2017, contabilizando um atraso de 5 meses
do prazo inicial planejado, devido a ocorrência de alguns problemas que serão
detalhados neste capítulo. Atualmente encontra-se no 36º mês, com uma média de
funcionários em torno de 90 trabalhadores, entre próprios e terceirizados.
A Figura 19 e 20 apresenta uma representação ilustrativa do
empreendimento analisado, tanto em documentos CAD, como em BIM, enquanto que
a Figura 21 evidencia a edificação executada, fazendo-se um comparativo entre o
projetado e o propriamente construído.

Figura 19 - Planta de situação da edificação.

Fonte: Adaptado da empresa terceirizada (2017).


58

Figura 20 - Vista da implantação do empreendimento pelo modelo virtual BIM.

Fonte: Adaptado da empresa pesquisada (2017).

Figura 21 – Vista da implantação do empreendimento construído.

Fonte: Autor (2017).

Com o intuito de caracterizar mais ainda a obra estudada, tem-se as Figura


22 e 23, as quais apresentam uma visão da fachada frontal da edificação, tanto pelo
modelo BIM, quanto ao que realmente foi construído, podendo, assim, verificar a
semelhança dos elementos virtuais com os reais, em que comprova a importância
desta plataforma em resoluções dos diversos problemas envolvidos em uma obra de
construção civil, como será abordado nas próximas seções deste trabalho, além das
59

variadas possibilidades de simulações para otimizar a concepção e a melhor forma de


se construir um determinado empreendimento.

Figura 22 - Edificação construída virtualmente com ferramentas BIM.

Fonte: Autor (2017).

Figura 23 - Empreendimento construído.

Fonte: Autor (2017).


60

3.4 Apresentação dos dados

Neste tópico, será abordado e evidenciado detalhadamente todas as


informações obtidas pela empresa analisada, fomentando o procedimento de
implementação da metodologia e ferramentas BIM em conjunto com os métodos
tradicionais de gerenciamento de obra e a verificação das diversas incompatibilidades
detectadas das diferentes disciplinas de Arquitetura, Engenharia e Construção (AEC),
com o intuito principal de promover a seleção de algumas interferências consideradas
prejudiciais ao andamento físico-financeiro da obra propriamente dita.
A diretoria da empresa estudada, visando a construção de
empreendimentos com uma maior eficiência, planejamentos mais detalhados e
orçamentos mais precisos, confiáveis e enxutos, identificou a necessidade de
melhorar cada vez mais os seus processos construtivos, utilizando-se da implantação
da modelagem da informação da construção (BIM) em seus projetos, desde meados
de 2012, pois verificou-se a importância dos benefícios e vantagens que esta
tecnologia inovadora proporciona, os quais foram elencados anteriormente no
embasamento da fundamentação teórica deste trabalho.
Na análise da edificação utilizada como amostra neste estudo de caso, o
recurso da plataforma BIM, fundamental para a elaboração dos projetos e da
construção do empreendimento, foi a modelagem tridimensional, em que permitiu
coordenar e auxiliar a compatibilização de todos os projetos envolvidos, como de
arquitetura, estrutura e dos sistemas de instalações, e, além disso, a extração
automática das quantidades, podendo, assim, tornar as atividades executadas no
canteiro de obra mais eficientes e potencializar, por exemplo, os acertos nos
processos de orçamentação.
Devido à ausência de um setor destinado, na construtora, a esta tecnologia,
a falta de profissionais capacitados para a realização da modelagem e ao custo
bastante elevado para sua íntegra concepção e instalação, os responsáveis técnicos
da empresa resolveram terceirizar os serviços de BIM, por meio da contratação de
uma empresa altamente especializada em execução de modelos “virtuais”,
envolvendo as diversas disciplinas de projetos, a qual utiliza a plataforma BIM
alinhada com a ferramenta virtual design and construction (VDC), desenvolvendo,
dessa maneira, protótipos digitais semelhantes as condicionantes ocorridas na
construção real de empreendimentos.
61

Portanto, o processo de compatibilização iniciou-se necessariamente antes


dos serviços preliminares da obra, como limpeza e movimentação de terra, sendo,
assim, ideal para permitir a maximização do entendimento dos métodos construtivos
da construtora em questão, descobrir os erros e omissões dos projetos
disponibilizados primariamente e planejar o melhor fluxo de trabalho em BIM para
possibilitar um tempo hábil nas tomadas de decisões e nas soluções dos problemas
encontrados.
A empresa contratada utilizou, para modelar tridimensionalmente as
disciplinas de projeto, o software Revit® da Autodesk®, o qual tem a capacidade,
segundo a Autodesk® (2017), de elaborar protótipos inteligentes e colaborativos com
a função de planejar, projetar, construir e gerenciar edifícios. Além disso, elaborou os
modelos com um nível de detalhamento LOD 300, em que, como citado na
fundamentação teórica deste trabalho, esta classificação de modelagem permite a
caracterização de todos os elementos constituintes nos projetos do empreendimento.
Para a verificação e estudo das incompatibilidades, de acordo com
informações obtidas da construtora e da empresa de modelagem, foi necessário a
utilização de outro software da empresa Autodesk®, denominado Navisworks®, o qual
permitiu, principalmente, a visualização do modelo 3D gerado na compatibilização dos
projetos, a navegação em todos os ambientes do empreendimento, buscando a
detecção das diversos graus de interferências. Além disso, com o uso de um dos seus
principais recursos, possibilitando a coordenação e integração entre os participantes,
foi possível a notificação aos devidos responsáveis a partir da identificação de algum
problema ou dúvida entre os projetos.
Vale ressaltar que, neste avançado programa computacional, era utilizado
um recurso extremamente importante, conhecido com Requisição de Informação
(RDI), pois todas as omissões e incompatibilidades encontradas eram armazenadas
neste local, sendo retirada após as alterações corrigidas nos projetos em CAD dos
projetistas responsáveis e, também, a partir da atualização do modelo 3D pela
empresa especializada.
A Figura 24 promove um resumo, por meio da apresentação de um
fluxograma, em que caracteriza todo o fluxo de trabalho elaborado pela empresa
terceirizada em conjunto com a construtora para obter-se um resultado ideal e preciso
das etapas de compatibilização dos projetos.
62

Figura 24 - Fluxograma da coordenação de trabalho BIM.

Verificar e
Sinalizar aos
analisar os
projetistas
projetos
resposáveis
recebidos

Armazenar no Aplicar a
software as Modelagem
incompatibilidades 3D em BIM

Identificar as
Interferências

Fonte: Autor (2017).

Sendo assim, na Figura 25, tem-se uma ilustração proveniente do software


Navisworks®, em que pode-se verificar a interface do programa, evidenciando, por
meio do recurso interno Clash Detection, a detecção de uma inconformidade entre os
projetos de estrutura e arquitetura, a qual permanece gravada no diretório de RDI do
modelo até a sua devida solução e modificação.

Figura 25 - Identificação de interferência entre disciplinas de Estrutura e Arquitetura.

Fonte: Autor (2017).

Para a identificação e resolução das interferências encontradas entre as


disciplinas de projetos modelados, foi criado alguns relatórios que elencavam todas
63

as incompatibilidades detectadas, o responsável pela solução do problema, o prazo


necessário, a ação a ser tomada e, também, o local de atuação da omissão ou erro
verificado, em que, no decorrer do processo de compatibilização, também, foi-se
evoluindo a implementação de algumas formas de coordenação e compartilhamento,
como será abordado e discutido a seguir.
Dessa maneira, na Figura 26 e 27, tem-se uma amostra inicial do relatório,
em formato de planilha do software Excel®, que relaciona as incompatibilidades
encontradas na primeira remessa de projetos a serem modelados e,
consequentemente, compatibilizados. Além disso, aborda, como descrito
anteriormente, a integração e o gerenciamento do protótipo entre as empresas e
escritórios responsáveis.

Figura 26 - Relação de incompatibilidades.

Fonte: Adaptado da Empresa (2017).


64

Figura 27 - Relação de interferências encontradas durante modelagem.

Fonte: Adaptado da Empresa (2017).

A empresa intermediadora da aplicação da metodologia BIM neste


empreendimento observou a necessidade de melhoria do processo de
compartilhamento das informações e, também, da devida colaboração de todos os
participantes, como projetistas e engenheiros da construtora, em que começou a
implantar um serviço de BIM carregado na nuvem, denominado de BIMcollab, com o
qual, de acordo com Gaspar (2014), é possível realizar o acompanhamento e o
controle dos documentos e projetos de forma simples, integrada e simultânea, como
pode ser verificado na Figura 28.

Figura 28 - Relação de inconformidades e pendências pelo BIMcollab.

Fonte: Adaptado da Empresa (2017).


65

Portanto, a Figura 29, também, exemplifica a forma de interação entre o


responsável da empresa de BIM, conhecido como BIM Manager, e o engenheiro de
gestão de projetos da construtora, no intuito de discutir e resolver com as melhores
soluções para os problemas encontrados. Nesta ilustração, tem-se uma interferência,
na qual foi detectada uma falta de informação referente à cota das sapatas de
fundação, necessitando-se, dessa maneira, da alteração do protótipo virtual e da
inclusão deste dado nos documentos em CAD.

Figura 29 - Exemplo de problema (issue) identificado durante modelagem das fundações da


edificação.

Fonte: Adaptado da Empresa (2017).

Dessa forma, com o desenvolvimento e andamento da compatibilização


dos projetos das diversas disciplinas, verifica-se a importância do uso de ferramentas
para maximizar e garantir a interoperabilidade dos dados, de maneira confiável e
prática, entre todas as equipes pertinentes à concepção da edificação, em que, assim,
consegue-se centralizar e unificar as tomadas de decisões e as análises da
construção virtual em uma única plataforma de trabalho, promovendo uma gama de
benefícios e melhorias de tempo e custo no processo.
A partir dos dados obtidos nestes relatórios supracitados anteriormente foi
possível elaborar o Quadro 1 com o levantamento das interferências encontradas, a
qual segmenta, resume e classifica todas as inconformidades pelas disciplinas de
projeto associadas as quantidades e percentuais de conflitos identificados.
66

Quadro 1 - Resumo das interferências por disciplina de projeto.

Fonte: Autor (2017).

Portanto, o Gráfico 1 foi gerado para apresentar, de forma mais ilustrativa,


o percentual de problemas detectados de acordo com a classificação dos projetos, em
que, com a análise deste gráfico, pode-se verificar que a maior quantidade de
interferências está localizada nos documentos em CAD 2D de instalações, incluindo
todos os sistemas, como instalações hidro sanitárias, elétricas, de incêndio, gás e
água mineral, com um valor de 45,93% do total de divergências identificadas. A
disciplina que relaciona as incompatibilidades entre arquitetura e instalações ficou em
segundo lugar, com um percentual de 22,01%, seguido das divergências ou falta de
informações dos projetos de estrutura com 11,00%.
67

Gráfico 1 - Percentual de incompatibilidade entre as disciplinas de projeto.

Fonte: Autor (2017).

Para complementar e caracterizar ainda mais o levantamento das


incompatibilidades encontradas e analisadas nos relatórios, foi feita o Quadro 2,
agrupando estas divergências pelo local de ocorrência da mesma, em que, também,
foi apontado o percentual de cada grupo.

Quadro 2 - Resumo das interferências por local.

Fonte: Autor (2017).


68

Assim, além dos dados obtidos no Gráfico 1, foi possível descriminar, no


Gráfico 2, as porcentagens de incompatibilidades detectadas pela área de modelagem
do prédio, elencando, por exemplo, a Área Comum de Lazer da edificação, os
pavimentos garagem e tipos. Com isso, com uma verificação deste gráfico, o local
com maior incidência de inconformidades é o Térreo, apresentando 28,71%, pois
associado com o Pilotis, que ficou em segundo lugar com 26,32%, apresenta uma
maior complexidade de informações nos respectivos projetos.

Gráfico 2 - Percentual de incompatibilidade por local.

Fonte: Autor (2017).

Dessa forma, com o objetivo de determinar a importância e a mudança de


paradigmas da plataforma BIM na assertividade, precisão e confiabilidade dos
serviços contidos no orçamento da edificação em estudo, foi selecionado, como
amostra, a partir da verificação minuciosa dos relatórios, 4 incompatibilidades que
poderiam gerar ou geraram diversos impactos negativos à execução, caso estas
fossem identificadas apenas na obra propriamente dita ou que não tenham sido
solucionadas previamente pela compatibilização em BIM. Além disso, os conflitos a
seguir serão caracterizados e detalhados na próxima etapa.

- Interferência no método executivo dos shaft’s nos WC’s da fachada;


- Interferência na estrutura do elevador da guarita principal;
- Interferência no sistema sanitário da edificação;
69

- Interferência na estrutura e vedação de áreas de lazer do


empreendimento;
Com a apresentação de todos os dados e informações fundamentais à
realização das estimativas de custos dos conflitos elencados anteriormente, é possível
demonstrar os procedimentos pertinentes para este estudo dos gastos de cada tarefa,
assim como analisar e explanar a importância da modelagem BIM, principalmente, na
fase de orçamentação integrada as etapas de planejamento, concepção e operação
da edificação.

3.5 Determinação e análise das estimativas de custos das interferências


selecionadas

Como amplamente abordado na revisão bibliográfica desta monografia,


uma das grandes e mais importantes vantagens da tecnologia BIM refere-se à
diminuição dos retrabalhos no canteiro de obras, em que, por meio deste benefício e
de acordo com algumas pesquisas citadas anteriormente, tem-se uma necessidade
crucial de verificar os gastos reais envolvidos com a previsibilidade na identificação
das interferências de projetos e que possam ser mensurados.
Portanto, com o intuito de alcançar o objetivo geral deste trabalho, esta
etapa mostrará e evidenciará todas as características das incompatibilidades
utilizadas para o estudo de caso e, também, será elaborado planilhas, com o auxílio
do software Excel®, para possibilitar as estimativas dos custos diretos e indiretos
associados as soluções dos conflitos identificados, em que, também, observações
intrínsecas à magnitude dos acertos que esta metodologia pode acarretar no
orçamento da referida edificação e, consequentemente, nos prazos de entregas e na
qualidade do produto final.

3.5.1 Análise da interferência no método executivo dos shaft’s nos WC’s da


fachada do edifício.

De acordo com o Gráfico 1 mencionado anteriormente, as


incompatibilidades identificadas entre as disciplinas de estrutura e instalações não
representam uma parcela significativa na listagem dos conflitos e, na maioria das
vezes, abordam uma baixa complexidade no desenvolvimento das soluções mais
70

viáveis, mas, na Figura 30, tem-se um exemplo de interferência entre estes dois tipos
de projetos, em que foi encontrado divergências técnicas para a execução de
aberturas nas lajes em balanço de todos os pavimentos tipos e coberta, as quais
permitem passagens de tubulações verticais sem interrupção. Esta problemática
poderia trazer sérios malefícios para a estabilidade estrutural da edificação.

Figura 30 - Incompatibilidade na execução dos shaft's dos WC's em balanço.

Fonte: Adaptado da Empresa Terceirizada (2017).

Com isso, a compatibilização, por meio do auxílio do modelo “virtual”


gerado, possibilitou a identificação antecipada desta divergência, a qual foi
encaminhada aos projetistas responsáveis e ao gerente de projetos da Empresa
estudada para a devida análise e, consequentemente, elaboração de vigas de bordo,
como mostra a Figura 31, que viabilizassem a construção dos shaft’s sem o
comprometimento do sistema estrutural dos pavimentos.
71

Figura 31 - Solução encontrada para o problema detectado.

Fonte: Adaptado da Empresa Terceirizada (2017).

Sendo assim, caso esta interferência não fosse visualizada e solucionada


previamente, haveria a necessidade de mudanças, tanto no projeto, quanto no
processo executivo, durante a execução do empreendimento, as quais poderiam gerar
um grande atraso nos serviços subsequentes e, sem nenhuma dúvida, um aumento
do custo previsto no orçamento inicial.
As Figuras 32 e 33 comparam a incompatibilidade identificada no modelo
“virtual” BIM com o executado na obra, evidenciando a assertividade na resolução do
problema e, consequentemente, a maior acurácia no orçamento.

Figura 32 - Incompatibilidade com a devida solução adotada.

Fonte: Adaptado da empresa terceirizada (2017).


72

Figura 33 - Execução precisa devido a assertividade proporcionada pela modelagem BIM.

Fonte: Autor (2016).

Dessa forma, a Figura 34 evidencia a elaboração de uma planilha sobre a


estimativa de custo para caracterizar as despesas dos itens deste possível retrabalho
que poderiam ser mensurados. Devido a solução prévia desta inconsistência, o
modelo 3D da edificação contabilizou ao orçamento informações precisas em relação
as quantidades necessárias de concreto usinado, das variadas bitolas de aço das
vigas e, também, do controle tecnológico do concreto. Além disso, foram extraídos do
orçamento da obra pesquisada os preços de cada serviço, em que, de acordo com as
informações da empresa, os valores unitários referentes a mão de obra especializada
em estrutura de concreto foram obtidos por meio de uma proposta de contrato
repassada à construtora, os relacionados ao concreto e ao aço foram gerados a partir
do custo unitário do metro cúbico e quilograma, respectivamente, na época de
realização do orçamento pela empresa.
Com isso, ainda foram utilizados dados de preços da Seinfra associados a
demolição de concreto e o engastamento das vigas, a fim de se obter uma estimativa
de custo mais detalhada com os possíveis serviços que seriam ocasionados pela
identificação tardia desta incompatibilidade. Em relação aos custos atrelados a
possíveis atrasos, não pôde-se ser considerados, pois necessitaria de mais
73

informações, as quais não foram repassadas pela empresa estudada, e de uma


análise mais elaborada, não sendo apropriada a este estudo de caso.

Figura 34 - Estimativa de custo da incompatibilidade das vigas de bordo.

Fonte: Autor (2017).

Assim, caso este conflito fosse observado apenas na etapa de construção


do empreendimento, o valor total aproximado para este retrabalho seria de
R$ 56.753,04, demonstrando, financeiramente, o impacto positivo da modelagem BIM
na melhoria de informações nos projetos e, consequentemente, de maiores níveis de
precisão na composição do orçamento.
74

3.5.2 Análise da incompatibilidade entre projeto de estrutura e projeto de


elevador da guarita principal.

No processo de compatibilização, foi a realizada a modelagem de todos os


projetos atrelados a guarita social da edificação, para a qual estava planejado,
previamente, a construção de uma estrutura para suportar um elevador apenas do
tipo plataforma vertical, como mostra a Figura 35, o qual é destinado, principalmente,
ao transporte de pessoas com deficiência e não necessita de um poço para receber o
maquinário responsável pelo funcionamento do equipamento.

Figura 35 - Caixa para plataforma vertical.

Fonte: Adaptado da Empresa Terceirizada (2017).

Contudo, os diretores operacionais da empresa pesquisada não se


envolveram diretamente no processo e nas reuniões de compatibilização, em que,
dessa forma, se abstiveram do devido conhecimento técnico da concepção dos
projetos do empreendimento. Sendo assim, durante o decorrer da obra, mas,
precisamente, nas etapas preliminares à execução da guarita, os mesmos, seguindo
uma premissa da empresa, foram responsáveis pela mudança do elevador tipo
plataforma para um modelo de cabina, gerando custos adicionais e um atraso no
planejamento de curto e médio prazo nas atividades relacionadas a guarita, não
influenciando no cronograma de longo prazo da obra.
Dessa maneira, o problema foi repassado aos projetistas de arquitetura e
estrutura, com o intuito de aproveitar o melhor local para a realização das
75

modificações, sem a necessidade de prejudicar alguma funcionalidade da edificação,


conforme consta na Figura 36 e Figura 37.

Figura 36- Modificação na planta baixa de arquitetura.

Fonte: Adaptado da empresa pesquisada (2017).

Figura 37 - Modificação da planta baixa de estrutura.

Fonte: Adaptado da empresa pesquisada (2017).

Como esta divergência não foi solucionada durante a etapa de modelagem


BIM do empreendimento, pois estas alterações ocorreram após a entrega do modelo
76

final à obra, a Figura 38 apresenta uma planilha com os gastos associados a este
retrabalho gerado.

Figura 38 - Estimativa de custo da interferência da estrutura da guarita.

Fonte: Autor (2017).

De acordo com as modificações impostas pelas equipes de projeto, foi


necessário compor aditivos ao orçamento das mudanças do projeto estrutural, do
custo com material, contratação de mão de obra extra da empresa terceirizada de
estrutura e, também, mão de obra da empresa responsável pelo controle tecnológico
do concreto. Além disso, foi considerado a diferença de preço, obtido com o
fornecedor do maquinário, entre os dois tipos de elevadores, para viabilizar uma maior
confiabilidade nas informações atualizadas do orçamento, totalizando, assim, para a
construtora um gasto estimado em R$ 55.168,66.
77

3.5.3 Análise da interferência no sistema sanitário da edificação.

As incompatibilidades entre os projetos de instalações representam


aproximadamente 45,93% do total de interferências identificadas. Na Figura 39, tem-
se a exemplificação de uma divergência elencada nos relatórios, em que ocorre um
conflito entre a saída do sistema sanitário do edifício e o sistema de esgotamento
público da cidade.

Figura 39 - Identificação de incompatibilidade do sistema sanitário do empreendimento.

Fonte: Adaptado da empresa terceirizada (2017).

Esta incompatibilidade foi repassada aos projetistas de instalações, aos


engenheiros responsáveis pelo setor de projetos da empresa pesquisada e, também,
ao órgão competente pelos serviços de saneamento do Estado do Ceará, sendo,
assim, determinado a execução do esgoto público ou a previsão de uma estação de
tratamento de esgoto. Mas, por questões internas da empresa e pela vagarosidade
das obras de utilidade pública, esta interferência não foi solucionada no período de
compatibilização de projetos em BIM, acarretando em um problema gravíssimo para
a realização da edificação.
Portanto, a solução, a qual envolveu a construção de uma estação de
tratamento de esgoto, conforme a Figura 40, para a problemática em questão, foi
abordada tardiamente, gerando um elevado aumento ao custo do empreendimento,
um atraso significativo das atividades que tinham relação de dependência com este
serviço e, consequentemente, uma postergação prolongada do prazo na entrega do
produto final ao cliente.
78

Figura 40 - Construção da Estação de Tratamento de Esgoto não planejada inicialmente pela


modelagem BIM.

Fonte: Autor (2017).

Como este conflito não foi solucionado antecipadamente à realização da


edificação, mesmo com a identificação prévia do problema com a tecnologia BIM, as
despesas foram mensuradas em uma planilha referente aos custos diretos e em outra
planilha associada as despesas indiretas. Para verificar o valor total da construção da
estação de tratamento de esgoto, foram utilizados os dados contidos no orçamento
da obra estudada, conforme ilustra a Figura 41, em que, de acordo com informações
obtidas com o setor de planejamento e orçamento da construtora, embasaram-se em
uma proposta de serviço repassada pelas empresas responsáveis à execução, a qual
contabilizava todos os custos com o projeto da ETE, material, equipamentos e mão
de obra relacionadas a todas etapas construtivas, como a cortina de contenção,
tirantes, movimentação de terra e as instalações. O custo com esta atividade não
planejada inicialmente foi aditivada ao orçamento.
79

Figura 41 - Estimativa de custos diretos da execução da ETE.

Fonte: Autor (2017).

Além disso, devido ao atraso gerado a entrega do empreendimento, em um


total de 5 meses, foi considerado, também, na estimativa, representada na Figura 42,
os custos referentes a estas despesas indiretas, em que envolveu a verificação e
extração dos itens do orçamento para compor a planilha, como os serviços de
concessionárias, equipamentos para locação, a equipe administrativa da obra e a
equipe de apoio a produção, ocasionando um impacto negativo na assertividade do
orçamento. A planilha completa, caracterizando todos os itens considerados no
orçamento, como, além dos supracitados, a incidência dos encargos sociais próprios
da empresa, em torno de 137%, sobre o salário base, encontra-se no Apêndice A
desta monografia.
80

Figura 42 - Estimativa das despesas indiretas devido ao atraso ocasionado pela ETE.

Fonte: Autor (2017).

Dessa maneira, esta indefinição de projeto, custou a empresa um elevado


valor estimado em R$ 528.131,66, em que, devido ao não cumprimento do prazo
planejado, além dos prejuízos financeiros, promove-se um desgaste da marca da
empresa com a insatisfação dos clientes.

3.5.4 Análise de conflitos entre o projeto de arquitetura e o projeto de estrutura


da área de lazer do empreendimento.

As incompatibilidades detectadas entre os projetos de arquitetura e


estrutura representaram um percentual de 6,70% do total de interferências, com 14
conflitos identificados. A maioria destes conflitos foram solucionados com o auxílio da
modelagem BIM 3D durante o período de compatibilização, tornando-se possível,
assim, evitar ou reduzir o número de retrabalhos ocasionados por uma determinada
dúvida ou omissão de algum detalhe nos projetos.
A interferência ilustrada, na Figura 43, apresenta um conflito relacionado a
falta de uma viga de concreto no projeto de estrutura para a devida sustentação da
esquadria baixa indicada no desenho de ambientação do empreendimento. O conflito
identificado representa uma inconsistência simples de resolução, em que, com a
visualização promovida pelo modelo virtual, os projetistas envolvidos determinaram a
criação de uma viga intermediária para viabilizar a instalação desta esquadria baixa.
81

Figura 43 - Incompatibilidade detectada e solucionada na Área Comum do empreendimento.

Fonte: Adaptado de empresa terceirizada (2017).

Apesar desta divergência ter sido analisada e solucionada previamente,


gerando, assim, um asserto no orçamento em relação as estimativas dos custos
envolvidos com material e mão de obra para a execução desta atividade, este
problema foi executado de forma errônea pela má interpretação do projeto e pela falta
de capacitação dos profissionais de campo da construtora para a correta extração das
informações necessárias no protótipo BIM, ocasionando em um retrabalho
desnecessário. Com isso, mesmo não impactando diretamente o planejamento de
médio e longo prazo, acabou gerando custos adicionais pelo deslocamento de
equipes e pela aquisição de novos materiais para ser refeito o trabalho.
Dessa forma, com o intuito de determinar os gastos adicionais com o
retrabalho gerado e analisar o impacto da metodologia BIM nesta incompatibilidade,
foi elaborado uma planilha, conforme ilustrado na Figura 44, em que foi utilizado dados
da Seinfra para compor o preço do serviço de demolição da alvenaria já executada e
todo o levantamento de quantidades, como, também, os preços unitários das etapas
de construção de vigas e paredes, que foram extraídos do orçamento da obra
estudada.
82

Figura 44 - Estimativa de custo da interferência na Área Comum.

Fonte: Adaptado de empresa terceirizada (2017).

Portanto, a realização do retrabalho custou a empresa um total de


R$ 4.812,75, em que, mesmo não gerando um grande prejuízo à construtora, foi
observado a importância do uso da modelagem em BIM na tentativa de reduzir ou
eliminar os retrabalhos característicos de obras de construção civil, desde os
considerados simples, até os mais complexos.

3.6 Considerações Finais

Com o desenvolvimento deste capitulo, foi possível citar e explanar os


métodos utilizados para a detecção das interferências encontradas no modelo
tridimensional integrado à metodologia BIM do empreendimento e, além disso, toda a
determinação de alguns tipos de custos atrelados as principais incompatibilidades
identificadas no protótipo virtual da construção, como pode ser verificado no Quadro
3, o qual foi utilizado para gerar o Gráfico 3.
83

Quadro 3 - Resumo dos custos das interferências analisadas.

Fonte: Autor (2017).

Gráfico 3 - Custo das incompatibilidades.

Fonte: Autor (2017).

Para detalhar brevemente o processo de compatibilização e toda a


verificação do impacto destes conflitos na precisão dos orçamentos da obra de
edificação, analisou-se a implementação e a importância do BIM na empresa utilizada
como amostra no estudo de caso, assim como os recursos de interoperabilidade entre
os participantes, como os projetistas, diretores e engenheiros da construtora e a
empresa terceirizada especialista em execução de empreendimentos por meio da
tecnologia BIM.
Dessa forma, os resultados obtidos e as conclusões deste trabalho serão e
discutidos no capítulo a seguir.
84

4. RESULTADOS E CONCLUSÕES

A construção civil representa um importante indicador da economia


brasileira, evidenciando que este ramo da indústria, no atual momento de crise e
incertezas do mercado imobiliário, necessita cada vez mais da implantação de
tecnologias e processos inovadores para possibilitar a construção de
empreendimentos mais econômicos, eficientes e com um alto padrão de qualidade
dos serviços executados.
Diante do exposto, este trabalho teve o intuito de analisar o impacto de uma
metodologia considerada inovadora à indústria da construção civil, conhecida como
Building Information Modeling (BIM), sobre a assertividade dos dados e informações
contidas no orçamento e, consequentemente, no planejamento de uma obra de
edificação residencial na cidade de Fortaleza – Ce.
Dessa forma, a partir dos relatórios de incompatibilidades apresentados
detalhadamente no estudo de caso deste trabalho, foi possível verificar as inúmeras
divergências encontradas pelo processo de compatibilização, as quais totalizaram,
conforme indicado nos Quadros 1 e 2, 209 conflitos ou omissões neste
empreendimento, destacando-se a maior ocorrência de interferências entre os
projetos de instalações, devido, principalmente, a falta de um maior detalhamento, por
inconsistências dos métodos executivos empregados nas premissas de projetos da
construtora pesquisada e, também, pelo grande volume de informações desses
sistemas.
Além disso, conforme os dados obtidos no Gráfico 2, que relaciona as
incompatibilidades por local de manifestação, a maior parcela ocorre no pavimento
Térreo e Pilotis, caracterizando-se, principalmente, como áreas comuns da edificação,
as quais representam um maior grau de complexidade por conta dos diversos projetos
envolvidos na sua concepção, como todo sistema de esgotamento do edifício, a
centralização das instalações elétricas dos apartamentos, ao detalhado projeto
paisagístico e de ambientação das áreas de lazer do prédio.
Portando , a verificação dos conflitos proporcionados pela modelagem BIM
e a classificação dos diversos tipos de inconsistências entre os projetos possibilitou
atingir parcialmente os objetivos específicos de buscar os problemas nos relatórios
gerados na compatibilização e procurar diferenciá-los. Com isso, como maior parte
das interferências foram detectadas e solucionadas, cerca de 81%, em tempo hábil à
85

construção propriamente dita, pode-se comprovar as diversas vantagens que a


tecnologia BIM proporcionou ao empreendimento, evitando o excesso de retrabalhos
e, consequentemente, não sendo necessário gastos ainda maiores com atrasos e mão
de obra.
Para complementar o objetivo principal desta monografia, foram
selecionadas uma amostra com 4 incompatibilidades, atendendo aos critérios de
complexidade destas inconsistências para a execução da obra, em que envolveu a
escolha de uma interferência com solução simples, pois, possivelmente, tenha sido
ocasionada por alguma omissão de um maior detalhamento no projeto, e conflitos
considerados graves, caso fosse identificado o problema apenas após a sua execução
ou por divergências que ficaram pendentes para resolução durante o andamento da
obra, proporcionando, assim, falhas nos cronogramas, repetição de serviços já
executados e grandes prejuízos financeiros.
O Quadro 4 foi elaborado para apresentar resumidamente algumas
informações obtidas e geradas necessárias a discussão dos resultados encontrados
neste capítulo, como, além dos custos de cada incompatibilidade, o orçamento total
da edificação e o investimento com contratação da modelagem BIM.

Quadro 4 - Resumo dos dados obtidos e gerados.

Fonte: Autor (2017).


86

Dessa maneira, com a intenção de verificar a economia de custo, tempo e


a maior precisão das informações contidas no orçamento proporcionados pela
plataforma BIM, foram analisados as estimativas de custos de cada incompatibilidade
coletada, obtendo-se uma valor total aproximado de R$ 852.030,28, o qual representa
3,16% do custo total do empreendimento, equivalendo, financeiramente, a execução
de um mês de obra e, além disso, ultrapassando em mais de 90% o valor investido
na implantação desta metodologia.
A partir do custo total obtido pela análise das incompatibilidades, verificou-
se que o orçamento foi preciso em R$ 56.753,04, pois este valor caracteriza a
inconsistência apontada pela compatibilização dos projetos em BIM e solucionada em
tempo hábil à execução dos serviços na obra, em que, assim, o restante, somando-
se em torno de R$ 795.277,24, que foi identificado durante a modelagem, mas foi
solucionado apenas com a obra em andamento, demonstrou os impactos negativos
tanto com prejuízos financeiros, quanto com danos que são considerados
imensuráveis, causados por projetos imprecisos e pelas indefinições não
solucionadas no período de planejamento do empreendimento, ocasionando a
necessidade de aditivos ao orçamento e os consequentes problemas com a falta de
material e mão de obra.
Este expressivo valor obtido, com uma análise de apenas 1,91% do total
de incompatibilidades, possibilita a comprovação, sem dúvidas, da significativa
importância alcançada pelo uso dos recursos do BIM no processo de compatibilização
de projetos e, consequentemente, da confiabilidade gerada e que poderia ser gerada
às informações contidas no orçamento da referida obra em questão.
Vale ressaltar que o orçamento da obra estudada poderia apresentar-se
bem mais preciso em relação aos dados de custos de todos os serviços para execução
do empreendimento, mas a simples contratação de uma empresa terceirizada para a
modelagem dos projetos em BIM não caracteriza a verdadeira mudança da cultura
que este novo conceito da engenharia contemporânea necessita para a realização de
edificações com um maior grau de assertividade no orçamento e planejamento.
Com isso, para a construtora pesquisada e as diversas outras empresas
deste ramo da indústria no Brasil, embora tenha-se as inúmeras dificuldades de
implantação do BIM por conta, principalmente, do elevado investimento inicial, faz-se
necessário cada vez mais a concreta utilização dos seus benefícios na elaboração
dos variados tipos de edificações, pois, como pôde-se verificar no embasamento
87

teórico e no estudo de caso deste trabalho, esta implementação viabiliza uma maior
organização, integração, compartilhamento de informações entre os envolvidos e um
fluxo de trabalho mais colaborativo, fomentando, assim, a redução de erros e falhas
em todo o processo de orçamentação, dúvidas nos projetos, aumento na qualidade
de execução dos serviços, diminuição nos atrasos dos cronogramas e nos aumentos
exacerbados de custos da edificação.

4.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Dessa maneira, com o estudo apresentado neste trabalho, tem-se a


possibilidade cada vez mais de propagação dos reais impactos da implantação das
tecnologias BIM em construtoras, empresas de gerenciamento de obra e, também,
nos cursos de graduação de engenharia civil das principais universidades de todo o
País.
Sendo, assim, é de significativa importância a continuação de estudos
envolvendo os diversos recursos proporcionados pela metodologia BIM, em que
sugere-se, por exemplo, a realização de novos trabalhos com os seguintes temas:

- Verificar a redução de custos de empreendimentos modelados e


executados com ferramentas BIM;
- Analisar o impacto do Building Information Modeling (BIM) sobre o
suprimento de materiais em obras de edificações;
- Analisar os recursos do BIM na operação e manutenção dos
empreendimentos.
- Comparar o impacto do BIM sobre a precisão do planejamento e
orçamento em obras relacionadas à construção civil de uma mesma
construtora ou entre empresas diferentes.
88

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93

APÊNDICE

Apêndice A - Custo detalhado da incompatibilidade da ETE. .................................. 94


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Apêndice A - Custo detalhado da incompatibilidade da ETE.

Fonte: Autor (2017).

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