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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS, AMBIENTAIS E BIOLÓGICAS


GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA

ANDRESSA LEITE SANTOS

DANIELE OLIVEIRA CUNHA

ELLEN RAYSSA OLIVEIRA

NAIRA JEANE SANTOS PIRES

MARCELA GANDA SOUZA

LEI FEDERAL 9.985/00 - SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

CRUZ DAS ALMAS - BA

2021

ANDRESSA LEITE SANTOS

DANIELE OLIVEIRA CUNHA

ELLEN RAYSSA OLIVEIRA

NAIRA JEANE SANTOS PIRES

MARCELA GANDA SOUZA

LEI FEDERAL 9.985/00 - SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Trabalho apresentado ao curso de agronomia da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, como


requisito parcial para aprovação da disciplina Legislação, Perícia e Ética Profissional ministrada pelo docente
Rhadson Rezende Monteiro.
CRUZ DAS ALMAS - BA

2021

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................... 3

2 DESENVOLVIMENTO ........................................................................... 5

2.1 Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) ................ 5

2.2 Unidades de Conservação ................................................................. 6

2.2.1 Unidade de proteção integral ................................................................ 6

2.2.1.1 Estação Ecológica (ESEC) .................................................................... 6

2.2.1.2 Reserva Biológica (REBIO) ................................................................... 7

2.2.1.3 Parque Nacional (PARNA) .................................................................... 8

2.2.1.4 Monumento Natural (MONA) ................................................................ 8

2.2.1.5 Refúgio de Vida Silvestre (RVS) ........................................................... 8

2.2.2 Unidade de Uso Sustentável ................................................................ 9

2.2.2.1 Área de proteção ambiental (APA) ....................................................... 9

2.2.2.2 Área de relevante Interesse ecológico (ARIE) ...................................... 9

2.2.2.3 Floresta Nacional (FLONA) ................................................................... 10

2.2.2.4 Reserva Extrativista (RESEX) .............................................................. 10

2.2.2.5 Reserva de Fauna (REFAU) ................................................................. 10

2.2.2.6 Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) ................................ 11

2.2.2.7 Reserva Particular de Patrimônio Natural (RPPN) ............................... 11

2.2.3 Sobreposição entre UCs e territórios de povos tradicionais ................. 12

2.3 Criação, implantação e gestão das Unidades de Conservação ..... 14

2.4 Compensação ambiental .................................................................... 15

2.5 Incentivos, isenções e penalidades .................................................. 17

2.6 Reserva da biosfera ............................................................................ 18

3 CONCLUSÃO ........................................................................................ 19

BIBLIOGRAFIA ..................................................................................... 21
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1 INTRODUÇÃO

As unidades de conservação (UCs) são um tipo especial de área protegida, ou seja, espaços territoriais (incluindo seus recursos

ambientais e as águas jurisdicionais) com características naturais relevantes, legalmente instituídos pelo Poder Público, com objetivos de

conservação e de limites definidos, sob regime especial de administração, às quais se aplicam garantias adequadas de proteção (BRASIL, 2000).

A primeira área natural ou Unidade de Conservação (UC) foi decretada nos Estados Unidos da América em 1864, de acordo com

Greene (1987). Ao final do século XIX foi criado o Parque Nacional de Yellowstone sendo reconhecido oficialmente como o primeiro parque

nacional possuindo diversas nascentes e águas termais, além da enorme diversidade de animais silvestres, endêmicos da região (NPS, 2014).

Existem indicações que no Brasil desde 1658, já se falava sobre a proteção de florestas em áreas de mananciais, com manifestações

populares e expulsão de invasores e moradores que degradavam o meio ambiente, principalmente dos rios Carioca e Maracanã, no Rio de

Janeiro, dos quais os habitantes da cidade dependiam para o abastecimento (BARRETTO FILHO, 2004). 

Com a vinda da família real e de toda a corte portuguesa, ocorreu um crescimento demográfico relâmpago da ordem de 25%, além

das grandes devastações florestais nas encostas das serras cariocas para o plantio de café, em meados de 1800. Não demorou muito para a

população começar a sentir os impactos em seu cotidiano, como crises no abastecimento de água potável e surtos de cólera e febre amarela.

Programas de reflorestamento foram criados, na década de 1860, para a proteção dos mananciais, amenização dos problemas sanitários e fuga

das altas temperaturas pela elite carioca (CRAVEIRO, 2006). 

Alguns anos mais tarde, em 1876, o engenheiro André Rebouças (1838 -1898) sugeriu que fossem criados parques nacionais em dois

locais: um na Ilha do Bananal, rio Araguaia, e outro em Sete Quedas, rio Paraná (PÁDUA, 2002).

No entanto, os primeiros parques nacionais brasileiros surgiram apenas na década de 1930, 60 anos depois das propostas de

Rebouças: Itatiaia, criado em 1937, Iguaçu e Serra dos Órgãos, criados em 1939. No entanto, o primeiro parque criado no Brasil com o objetivo

explícito de proteção da natureza teve caráter estadual: o Parque Estadual da Cidade, atualmente Parque Estadual da Capital, criado em 10 de

fevereiro de 1896, pelo Decreto nº 335, na cidade de São Paulo (PÁDUA, 1997).

Havia, ainda, outras UCs com denominações e finalidades diversas, criadas nas esferas de governo federal, estadual e municipal.

Assim, o Brasil chegou à década de 1990 com uma pluralidade de categorias de áreas naturais protegidas a título ambiental (BARROS, 2000;

PÁDUA, 1997). 

Diante a necessidade da criação de leis e diretrizes de gerenciamento, para assegurar a eficácia diante dessa variedade de

categorias, criou-se a Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, que dispõe sobre o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza -

SNUC, e dá outras providências (MANETTA et al., 2014). 

A Constituição Federal, prevê em seu art. 5º que "todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum

do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as

presentes e futuras gerações”. Garantido, mesmo que de forma não tão expressiva, um direito fundamental que perpassa as quatro gerações de

Direitos Humanos (MACEDO, 2017).  

Por este motivo, cabe ao Estado estabelecer uma série de ações destinadas a assegurar a efetividade desse direito, e então

possibilitar às presentes e às futuras gerações uma boa qualidade de vida e acesso a um ambiente sadio (FIGUEIREDO e LEUZINGER, 2000).
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Dessa forma, o presente trabalho tem como objetivo, apresentar os direcionamentos, questões legais, aspectos controversos e as dificuldades da

Lei nº 9.985, de 18 de Julho de 2000.


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2 DESENVOLVIMENTO

A publicação da Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000 reforça o artigo 225 da Constituição Federal 1988 ao conceber dispositivos que

regulam as complexas relações entre o Estado, os cidadãos e o meio ambiente, propiciando a adequada preservação de aspectos naturais e

culturais dos biomas brasileiros para as presentes e futuras gerações (SNUC, 2006).

Esta Lei institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC, que tem como propósito estabelecer critérios e

normas para a criação, implantação e gestão das áreas de proteção da biodiversidade, as então chamadas unidades de conservação (BRASIL,

2000).

2.1 Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC)

O Sistema Nacional de Unidades de Conservação consolidado com a promulgação da Lei nº 9.985 de 18 de julho de 2000, pode ser

definido como um sistema que possui um conjunto de diretrizes e procedimentos oficiais que possibilitam às esferas governamentais federal,

estadual, municipal e à iniciativa privada a criação, implantação e gestão de unidades de conservação - UC (FUNDAJ, 2018).

Desta maneira, como previsto no art. 4º do Capítulo II, a SNUC tem por objetivos:

I - contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos genéticos no território nacional e nas águas jurisdicionais;
II - proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional e nacional;
III - contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas naturais;
IV - promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais;
V - promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza no processo de desenvolvimento;
VI - proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica;
VII - proteger as características relevantes de natureza geológica, geomorfológica, espeleológica, arqueológica, paleontológica e
cultural;
VIII - proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos;
IX - recuperar ou restaurar ecossistemas degradados;
X - proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica, estudos e monitoramento ambiental;
XI - valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica;
XII - favorecer condições e promover a educação e interpretação ambiental, a recreação em contato com a natureza e o turismo
ecológico;
XIII - proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações tradicionais, respeitando e valorizando seu
conhecimento e sua cultura e promovendo-as social e economicamente.

A gestão do sistema é realizada pelas três esferas de governo (federal, estadual e municipal) e seus respectivos órgãos, desta forma

as competências vão desde a coordenação e acompanhamento do sistema, até a sua implementação propriamente dita (BRASIL, 2000).

I - Órgão consultivo e deliberativo: representado pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), tem a função de
acompanhar a implementação do SNUC;
II - Órgão central: representado pelo Ministério do Meio Ambiente, tem a finalidade de coordenar o SNUC;
III - Órgãos executores: representados na esfera federal, pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e
IBAMA, em caráter supletivo, e nas esferas estadual e municipal, pelos órgãos estaduais e municipais de meio ambiente. Os
órgãos executores do SNUC têm a função de implementá-lo, subsidiar as propostas de criação e administrar as unidades de
conservação federais, estaduais e municipais, mas nas respectivas esferas de atuação.

2. 2 Unidades de Conservação

O SNUC é constituído por diferentes categorias de unidades de conservação - UC, divididos em dois grupos principais conforme

descritos no art. 7º do Capítulo III da Lei nº 9.985, e se diferenciam quanto à forma de proteção e usos permitidos. A primeira categoria, unidades

de proteção integral, se refere àqueles que precisam de maiores cuidados e por isso a exploração é permitida apenas de maneira indireta, como
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para pesquisa científica e turismo ecológico, por exemplo. Já a segunda, unidades de uso sustentável, enquadra aqueles em que os recursos

naturais podem ser utilizados de forma sustentável e responsável.

2.2.1 Unidade de proteção integral

As unidades de proteção integral são compostas pelas seguintes categorias: 

2.2.1.1 Estação Ecológica (ESEC)

Segundo o art. 9° da Lei do SNUC, são áreas de posse e domínio público que tem como objetivo a preservação da natureza e

realização de pesquisas científicas. As alterações só são permitidas para realização de medidas de restauração de ecossistemas modificados,

manejo de espécies para permitir a conservação da biodiversidade, coleta de componentes para pesquisa e pesquisas científicas cujo impacto

sobre o ambiente seja maior do que aquele causado pela simples observação ou pela coleta . As visitações são permitidas apenas com objetivo

educacional, de acordo com o regulamento e plano de manejo da área. Nessas estações é permitido a modificação de até 3% da área para

realização de pesquisas. 

Como exemplo pode ser citada a Estação Ecológica de Carijós, localizada em Canasvieiras, Jurerê. Seu objetivo é a proteção dos

manguezais e restingas da bacia do rio Ratones e do Saco Grande, noroeste da Ilha de Santa Catarina (AMBIENTE BRASIL, 2021). 

No Pontal do Paranapanema, situado no sudoeste de São Paulo, tem-se outro bom  exemplo, a Estação Ecológica do Mico-Leão Preto,

criada em 2002 objetivando a conservação de importantes remanescentes de Mata Atlântica, que é o bioma mais devastado do país, bem como

do Mico-Leão Preto, mamífero ameaçado de extinção que vive exclusivamente nesses remanescentes de mata do oeste do estado de São Paulo.

Uma das estratégias de conservação foi a implementação do maior corredor verde já restaurado no país, que conecta a Estação Ecológica Mico-

Leão Preto e o Parque Estadual Morro do Diabo. Nessa estação também são realizados importantes estudos ecológicos, manejo genético e

demográfico, além do monitoramento das populações de micos, para garantir a perpetuação da espécie (VALLADARES-PÁDUA, 2007)

2.2.1.2 Reserva Biológica (REBIO)

Foi prevista no art. 10° da Lei do SNUC enquanto área que objetiva a preservação integral da biota e outros atributos naturais do local,

sem a interferência direta ou modificações antrópicas, sendo permitido apenas medidas de recuperação e manejo necessárias para preservar e

recuperar o equilíbrio natural do ecossistema. A visitação educacional e utilização para pesquisa científica também requerem autorização prévia. 

Como exemplo pode ser citada a Reserva Biológica de Bom Jesus, localizada no Paraná. Ela tem como objetivo preservar os

ecossistemas de Mata Atlântica, em especial as subformações da Floresta Ombrófila Densa e Formações Pioneiras, a fauna associada e a rede

hidrográfica local (ISA, 2013).

2.2.1.3 Parque Nacional (PARNA)

De acordo com o art. 11°, o PARNA visa a conservação de ecossistemas naturais de grande beleza cênica e relevância ecológica,

permitindo a realização de pesquisas científicas e atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e

de turismo ecológico, de acordo com a regulamentação. Quando criados pelo estado ou municípios podem ser denominados de Parque Estadual

ou Municipal.
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Um exemplo deste tipo de UC é o Parque Nacional da Chapada Diamantina, com 152 mil hectares, localizado no estado da Bahia.

Além de preservar o ecossistema natural, um dos mais importantes objetivos deste parque é a conservação das nascentes, entre elas a do rio

Paraguaçu, responsável pelo abastecimento de 60% da população de Salvador (ICMBIO, 2007). Outros PARNAs também são amplamente

conhecidos por sua beleza natural e atraem turistas do mundo inteiro como o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses e o Parque Nacional

Marinho de Fernando de Noronha. 

2.2.1.4 Monumento Natural (MONA)

O artigo 12° da Lei 9985/2000, prevê o objetivo de preservar monumentos naturais, raros, forjados pela natureza ou com grande

beleza cênica, como uma montanha, por exemplo. O MONA pode ser constituído por áreas particulares, desde que os objetivos do proprietário

sejam compatíveis com o da unidade. A visitação pública poderá ocorrer de acordo com as normas da administração da unidade. 

O rio Samburá na Serra da Canastra é um bom exemplo de MONA em propriedades particulares, o rio corresponde à nascente

geográfica do Rio São Francisco e por isso tem como objetivo principal a sua proteção (HAJE, 2015).

2.2.1.5 Refúgio de Vida Silvestre (RVS)

O artigo 13° prevê como objetivo da RVS, a proteção de ambientes naturais, para  assegurar condições para a existência ou

reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da fauna residente ou migratória. Pode ser constituído por propriedades privadas, desde

que os objetivos do proprietário estejam compatíveis com os objetivos da unidade de conservação. A visitação pública está sujeita às normas e

restrições estabelecidas no plano de manejo da unidade.

No município de Januária, o Refúgio Estadual da Vida Silvestre do Rio Pandeiros foi criado com o intuito de proteger e conservar a

ictiofauna da Bacia Hidrográfica do rio São Francisco, no Estado de Minas Gerais como um todo (IEF, 2013).

2.2.2 Unidades de Uso sustentável 

As unidades de uso sustentável são compostas pelas seguintes categorias: 

2.2.2.1 Área de proteção ambiental (APA)

De acordo com o art. 15º a APA é classificada com uma extensa área natural, com um certo grau de ocupação humana, destinada a

conservação e proteção dos atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais presentes no local, seja ele público ou privado. O objetivo principal

de uma APA é disciplinar o processo da ocupação humana e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais, entretanto, para realizar qualquer

atividade dentro da área devem ser estabelecidas, pelo órgão gestor da unidade ou proprietário, normas e restrições.

Esta é uma das categorias de UC mais criadas pelo Poder Público. Na Bahia uma famosa APA é a Baía de Todos os Santos, um

conjunto de ilhas que abriga sítios arqueológicos e é também espaço para diversas manifestações culturais de cunho religioso (INEMA, 2015).

2.2.2.2 Área de relevante Interesse ecológico (ARIE)

Como previsto no art. 16º da lei do SNUC, a ARIE é uma área de pequena extensão, com pouca ou nenhuma ocupação humana, com

características naturais únicas, abrigando exemplares raros da fauna e flora. Desta forma, tem por objetivo preservar o ecossistema local e, ao
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mesmo tempo, regular o uso, por isso são proibidas as atividades que possam colocar em risco a conservação de seus recursos naturais.

Um exemplo de ARIE é a Serra do Orobó, uma área de pequena extensão, mas que abriga características dos três grandes biomas

brasileiros: a mata atlântica, a caatinga e o cerrado (ISA, 2002).

2.2.2.3 Floresta Nacional (FLONA)

Segundo o art. 17º, a Floresta Nacional é uma área com uma cobertura florestal de espécies nativas de posse e domínio públicos,

sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites devem ser desapropriadas de acordo com o que dispõe a lei.

O objetivo único de uma FLONA é garantir a preservação e exploração sustentável dos recursos. No entanto, conciliar essas duas

práticas é um grande desafio para este tipo de UC, um bom exemplo é a Floresta Nacional de Carajás, localizada no Pará que tem como principal

conflito a existência de uma zona de mineração dentro da floresta (BEZERRA, 2017).

2.2.2.4 Reserva Extrativista (RESEX)

Como prevê o art. 18º, a Reserva Extrativista é uma área de domínio público utilizada por populações extrativistas tradicionais, cujo

objetivo é assegurar o uso sustentável e proteger os meios de vida e a cultura dessas populações. A visitação pública e a pesquisa científica são

permitidas desde que compatível com os interesses locais, sendo proibida a prática da caça amadorística ou profissional.

Uma importante RESEX brasileira é a Reserva Extrativista Chico Mendes, localizada no Acre e foi a pioneira neste conceito de UC. As

populações tradicionais têm a permissão de, não apenas morar, mas também realizar o extrativismo de bens naturais, como a castanha, a

borracha e o açaí (OECO, 2015).

2.2.2.5 Reserva de Fauna (REFAU)

A Reserva de Fauna é definida no art. 19º como uma área natural com populações animais de espécies nativas, terrestres ou

aquáticas, residentes ou migratórias. Esta categoria de unidade de conservação tem por objetivo o estudo de espécies nativas para o manejo

econômico sustentável dos seus recursos, sendo de posse e domínio públicos. Com os estudos técnico-científicos sobre o manejo econômico da

área, é possível realizar a comercialização dos produtos e subprodutos resultantes das pesquisas desde que sejam obedecidas as leis e

regulamentos sobre fauna.

A presença destas UC garante a preservação da fauna e da flora, combatendo a extinção de espécies. A Baía de Babitonga está

localizada no litoral brasileiro, foi uma área muito explorada pelo homem e somente em 2005 foi classificada como uma REFAU, e apresenta hoje

alguns resquícios importantes da Mata Atlântica (GUERRA, 2019).

2.2.2.6 Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS)

De acordo com o art. 20º, a RDS é uma área natural que abriga populações tradicionais que vivem em sistemas de exploração

sustentável dos recursos e, ao mesmo tempo, desempenham um papel fundamental na proteção da natureza e na manutenção da diversidade

biológica. Quando autorizadas pelo órgão gestor, a visitação e a pesquisa científica são permitidas e até incentivadas. Os objetivos destas UCs

são assegurar as condições e os meios necessários para a reprodução e melhoria da qualidade de vida e exploração dos recursos naturais das

populações tradicionais.
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Como exemplo de RDS podemos citar a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá. Localizada a 600 quilômetros a oeste de

Manaus, na confluência dos rios Solimões, Japurá e Auati-Paraná, tendo a cidade de Tefé como principal referência urbana. Tem como objetivo

preservar o patrimônio natural, pesquisa sobre biodiversidade e combate à pobreza (MAMIRAUÁ, c2021).

2.2.2.7 Reserva Particular de Patrimônio Natural (RPPN)

Segundo o art. 21º, esta unidade de conservação é definida como uma área de domínio privado e perpétuo que tem por objetivo

promover a preservação do bioma natural. Desta forma, por ser uma área de administração exclusivamente privada, a iniciativa para criação da

RPPN é voluntária, mas o proprietário terá acesso a alguns benefícios garantidos por lei. 

O país conta com mais de 600 unidades desta categoria, o bioma que mais abriga RPPNs é o Pantanal. Recentemente foram

adicionadas mais quatro novas reservas, entre elas Sítio Lagoa, no município de Guaramiranga (CE), que pertence à Caatinga e ocupa uma

superfície de 70 hectares (BOND, 2018). 

De acordo com o art. 50°, o Ministério do Meio Ambiente é responsável por manter um Cadastro Nacional de Unidades de

Conservação, com a colaboração do Ibama e dos órgãos estaduais e municipais. O cadastro deve conter os “dados principais de cada unidade de

conservação, incluindo, dentre outras características relevantes, informações sobre espécies ameaçadas de extinção, situação fundiária, recursos

hídricos, clima, solos e aspectos socioculturais e antropológicos” (BRASIL, 2000). 

Segundo os dados publicados em 2019 pela World Wide Fund for Nature (WWF), as unidades de conservação recobrem 18% do

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território nacional, totalizando cerca de 1,6 milhão de km , porém apenas 6% dessa área refere-se a unidades de conservação integral. Sendo

assim, na maioria dessas áreas é permitido o uso sustentável para atividades econômicas. Estima-se que exista mais de 2.300 UCs no Brasil, cuja

maioria estão inseridas no Bioma Amazônia, 28%; seguido pela Mata Atlântica, 9,5%; Caatinga, 8,8%; Cerrado, 8,3%; Pantanal, 4,6%; e Pampa,

3% (WWF, 2019).

O estabelecimento das Unidades de Conservação requer, em sua maioria, que a área seja pública, e conforme disposto na lei, as

áreas particulares incluídas em seus limites devem ser desapropriadas, caso a unidade possa ser constituída por áreas particulares, os objetivos

da unidade e das atividades propriedade devem estar de acordo. Caso não haja concordância que permita a coexistência da unidade e do uso da

propriedade, essa poderá ser desapropriada (BRASIL, 2000). Esse processo de desapropriação gera muitos conflitos fundiários e pode levar anos

(OLIVEIRA, 2014).

2. 2. 3 Sobreposição entre UCs e territórios de povos tradicionais

O estabelecimento das Unidades de Conservação surgiu como a principal estratégia de conservação da natureza frente à perda da

biodiversidade. No entanto, esse ordenamento territorial tem sido acompanhado de diversos conflitos, principalmente porque muitas dessas áreas

protegidas eram habitadas por comunidades tradicionais (OLIVEIRA et al., 2016).  Assim, a forma de criação e gerenciamento dessas áreas afetou

direitos básicos desses povos, como, o acesso a territórios de identidade, políticas públicas e serviços essenciais à vida humana (MADEIRA et al.,

2016).

No art. 42º da Lei 9.985/2000 está previsto que:


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Art. 42. As populações tradicionais residentes em unidades de conservação nas quais sua permanência não seja
permitida serão indenizadas ou compensadas pelas benfeitorias existentes e devidamente realocadas pelo Poder Público, em local
e condições acordados entre as partes.
o
§ 1 O Poder Público, por meio do órgão competente, priorizará o reassentamento das populações tradicionais a serem
realocadas.
o
§ 2 Até que seja possível efetuar o reassentamento de que trata este artigo, serão estabelecidas normas e ações
específicas destinadas a compatibilizar a presença das populações tradicionais residentes com os objetivos da unidade, sem
prejuízo dos modos de vida, das fontes de subsistência e dos locais de moradia destas populações, assegurando-se a sua
participação na elaboração das referidas normas e ações.
o o
§ 3 Na hipótese prevista no § 2 , as normas regulando o prazo de permanência e suas condições serão estabelecidas
em regulamento.

Dessa forma surge o questionamento de como administrar esses conflitos sem comprometer a conservação da biodiversidade e

também respeitar o modo de vida e as fontes de subsistência das populações. Vale salientar que  os povos indígenas, quilombolas e comunidades

tradicionais no Brasil desempenham um papel importantíssimo para assegurar a integridade e conservação da sociobiodiversidade, além de

outros serviços ecossistêmicos, a fim de promover um meio ambiente ecologicamente equilibrado (ICMBIO, 2018).

A percepção sobre a influência dos casos de sobreposição territorial na consolidação das Unidades de Conservação estimulou a

organização estrutural do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio, culminando na criação da Coordenação de Gestão

de Conflitos Territoriais (COGCOT) uma coordenação exclusiva para o gerenciamento de tais situações, com o objetivo de auxiliar na concepção

de condutas institucionais para a gestão das sobreposições entre unidades de conservação e territórios de identidade e dar apoio técnico às

equipes de gestão nas situações que tange direitos sociais, ambientais, territoriais e culturais dos povos tradicionais (MADEIRA et al., 2016).

Ademais, a gestão participativa e integrada das UCs se apresenta como um excelente alternativa, pois envolve as comunidades na

tomada de decisões e administração desse território. Ainda que sejam situações desafiadoras, as sobreposições de território oportunizam a

elaboração de planos coletivos, que consideram primordialmente o modo de vida das populações que ocupam o território (ICMBIO, 2018).

Um excelente exemplo disto está no Parque Nacional do Pico da Neblina, criado em 1979 com o intuito de defender a riqueza natural

da região amazônica e monitorar a ocupação desenfreada das fronteiras. No entanto, no momento de criação da UC, não houve diálogo com os

povos indígenas que habitavam no território. Somente após muita pressão dos povos indígenas, o ICMBio criou o conselho gestor do parque,

assegurando participação às representações indígenas.

A partir disso, lideranças comunitárias, compostas por membros das comunidades e representantes das associações locais se

dedicaram para a fundação da primeira startup de turismo yanomami e a elaboração do Plano de Visitação ao Pico da Neblina, o que fortalece a

economia dos povos locais, proporciona respeito e valorização da cultura indígena, bem como alavanca a participação de mulheres e anciãos

(ICMBIO, 2018).

2. 3 Criação, implantação e gestão das Unidades de Conservação 

Diante da crise ambiental que o mundo inteiro vivencia, várias estratégias foram criadas em todos os países a fim de preservar e

conservar a biodiversidade e os demais recursos naturais in situ.

A Lei nº 9.985 de 18 de Julho de 2000 é parte da estratégia brasileira para proteger os seus espaços territoriais. Neste sentido, a

criação de UC está entre as medidas mais efetivas e sustentáveis, que garantem a continuidade da existência destes recursos para a presente e

as futuras gerações (LEITE; GEISELER; PINTO, 2011).


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Conforme estabelece o artigo 22, § 2º, da lei em questão, "a criação de uma Unidade de Conservação deve ser precedida de estudos

técnicos e de consulta pública que permitam identificar a localização, a dimensão e os limites mais adequados para a Unidade." (BRASIL, 2000).

Ainda de acordo com o artigo 22º, as UC são criadas apenas por ato do Poder Público, seja no âmbito dos governos federal, estaduais

ou municipais, podendo ser públicas ou privadas, entretanto, o § 2º ressalta a obrigatoriedade da consulta pública neste processo, exceto para a

criação de Estação Ecológica e Reserva Biológica, como consta no § 4º (BRASIL, 2000).

De acordo com o Guia Prático criado por Leite, Geiseler e Pinto (2011) a reivindicação pela transformação de uma determinada área

em UC pode vir de pessoas físicas, proprietários rurais, associações de moradores, cooperativas extrativistas, ONGs e empresas. Para a

categoria de UC privada, a criação é feita por iniciativa do proprietário.

O Decreto Federal nº 4.340/2002 define no art. 2º que no ato de criar uma unidade de conservação, a denominação e categoria de

manejo são determinadas pelos estudos técnicos, portanto, é imprescindível que a categoria escolhida seja uma das doze previstas na lei do

SNUC. Além disso, os objetivos não podem extrapolar o que dispõe a lei. 

Após a criação e cadastro da UC deve-se instituir um órgão gestor responsável pela administração da unidade que estabelecerá

normas específicas regulamentando o uso dos recursos através de um Plano de Manejo.

O Plano de Manejo é definido na Lei nº 9.985, no art. 2°, inciso XVII como um documento técnico mediante o qual, com fundamento

nos objetivos de gerais de uma Unidade de Conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o

manejo dos recursos naturais (BRASIL, 2000).

Este instrumento de gestão é muito importante para garantir o funcionamento e transparência dentro da UC e por isso não deve ser

resumida a apenas um documento técnico. É projeto dinâmico que, utilizando técnicas de planejamento ecológico, determina o zoneamento de

uma unidade de conservação, caracterizando cada uma de suas zonas e propondo seu desenvolvimento físico, de acordo com suas finalidades

(BRASIL, 1979).

Ao contrário do que se pensa, as unidades de conservação não são espaços intocáveis e se mostram comprovadamente vantajosas

no desenvolvimento econômico e socioambiental local (OLIVEIRA e BARBOSA, 2010), desta forma a criação, implantação e gestão de uma UC

deve seguir os critérios estabelecidos nas leis e decretos para que seja feita de forma consciente e justa, beneficiando o Estado e a sociedade.

2.4 Compensação ambiental

Um dos aspectos mais controversos da Lei nº 9.985/2000 é a compensação ambiental prevista no art. 36º que tem sido a temática de

grandes debates entre os empreendedores responsáveis por obras de infraestrutura de grande porte no Brasil, sendo inclusive objeto de Ação

Direta de Inconstitucionalidade.

A compensação ambiental impõe aos empreendimentos causadores de impactos ambientais o  dever de repará-los mediante a

obrigatoriedade de apoio à implantação e manutenção das unidades de conservação.

Art. 36. Nos casos de licenciamento ambiental de empreendimentos de significativo impacto ambiental, assim considerado pelo
órgão ambiental competente, com fundamento em estudo de impacto ambiental e respectivo relatório - EIA/RIMA, o empreendedor
é obrigado a apoiar a implantação e manutenção de unidade de conservação do Grupo de Proteção Integral (BRASIL, 2000).

Para Almeida e Pinheiro (2011) a compensação pode ser vista como um instrumento que permite a redução do ônus ao meio ambiente

e à coletividade, determinando uma conciliação entre proteção ambiental e desenvolvimento econômico. 


12

O exemplo mais comum deste tipo de impacto é a criação de usinas hidroelétricas, que durante a sua implementação provocam, de

forma geral, inundações extensas que causam a destruição permanente de parte do ecossistema, resultando em grandes prejuízos para a fauna e

flora local.

De acordo com a lei, a compensação se dá por meio de uma contribuição financeira na qual o valor é estabelecido pelo órgão

ambiental licenciador e a verba é destinada às UCs de proteção integral, mas que poderá ser dirigida à unidade de uso sustentável específica

afetada pelo empreendimento (BRASIL, 2000), como estabelecido nos § 1º, 2º e 3º do art. 36º.

o
§ 1 O montante de recursos a ser destinado pelo empreendedor para esta finalidade não pode ser inferior a meio por
cento dos custos totais previstos para a implantação do empreendimento, sendo o percentual fixado pelo órgão ambiental
licenciador, de acordo com o grau de impacto ambiental causado pelo empreendimento. 
o
§ 2 Ao órgão ambiental licenciador compete definir as unidades de conservação a serem beneficiadas, considerando
as propostas apresentadas no EIA/RIMA e ouvido o empreendedor, podendo inclusive ser contemplada a criação de novas
unidades de conservação.
o
§ 3 Quando o empreendimento afetar unidade de conservação específica ou sua zona de amortecimento, o
licenciamento a que se refere o caput deste artigo só poderá ser concedido mediante autorização do órgão responsável por sua
administração, e a unidade afetada, mesmo que não pertencente ao Grupo de Proteção Integral, deverá ser uma das beneficiárias
da compensação definida neste artigo.

Este recurso de compensação ambiental é motivo de polêmica dentro da Lei nº 9.985/00 pois divide opiniões e gera questionamentos.

Para Campolim (2010) os danos causados ao meio ambiente por estes empreendimentos são irreversíveis e variados, sendo impossível calcular

de maneira padrão um valor para a compensação, tornando-se então genérica, além do fato de que mesmo compensando em um outro local, os

danos continuarão na área em questão.

Por outro lado, Pinho e Júnior (2017) defendem em seu trabalho que a compensação ambiental é essencial, sendo uma importante

fonte de receita pública para a preservação ambiental, pois os recursos são alocados diretamente para a manutenção das UCs.

Uma vez que a compensação ambiental não representa impunidade para degradação e poluição ambiental não estabelecidos na

avaliação de impacto ambiental e, portanto, não compensados previamente, o empreendedor se torna responsável pelos danos causados após a

realização do empreendimento ou que não foram previstos inicialmente (BECHARA, 2009; MUCCINI e SILVEIRA, 2015).

De modo geral, é importante salientar que o propósito da compensação ambiental não é apenas gerar recursos financeiros, mas

contrabalançar os impactos ambientais causados (ALMEIDA E PINHEIRO, 2011). Desta forma, é imprescindível que o procedimento de cobrança

siga os critérios da lei para que não haja irregularidades e a aplicação seja feita de forma consciente na UC beneficiária.

2.5 Incentivos, isenções e penalidades

De acordo com o art. 38º, ações e omissões por parte de pessoas físicas ou jurídicas que desrespeitem a Lei do SNUC, seus

regulamentos, causem danos a flora, fauna e demais recursos naturais das UCs, ou às suas instalações, zonas de amortecimento e corredores

ecológicos, estarão sujeitos às penalidades previstas na lei (BRASIL, 2000).

Segundo o art. 40º da lei de Crimes Ambientais (9.605/1998) é considerado crime com penalidade de reclusão de um a cinco anos

“causar dano direto ou indireto às Unidades de Conservação e às áreas de que trata o art. 27º do Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990 (áreas

circundantes das Unidades de Conservação, num raio de dez quilômetros), independentemente de sua localização” (BRASIL,1998). 

Pode haver agravação da pena caso os danos afetem as espécies ameaçadas de extinção que estejam abrigadas nas Unidades de

Conservação Integral ou de Uso Sustentável e caso o crime for culposo (praticado sem intenção), a pena pode ser reduzida pela metade.       
13

2. 6 Reserva da biosfera

De acordo com o art. 41º da Lei nº 9.985/2000 a Reserva da Biosfera é uma referência de gestão integrada, interativa e sustentável

dos recursos naturais. Seu objetivo é favorecer a descoberta de soluções para problemas como o desmatamento das florestas tropicais, a

desertificação, a poluição atmosférica, o efeito estufa, entre outros. Dessa forma, colabora com a preservação da diversidade biológica, promove a

educação ambiental, o desenvolvimento sustentável e melhora a qualidade de vida das populações (BRASIL, 2002; BRASIL, 2012).   Constituída

de acordo com os § 1º, 2º, 3º, 4º e 5º do art. 

§ 1º A Reserva da Biosfera é constituída por:


I - uma ou várias áreas-núcleo, destinadas à proteção integral da natureza;
II - uma ou várias zonas de amortecimento, onde só são admitidas atividades que não resultem em dano para as áreas-núcleo; e
III - uma ou várias zonas de transição, sem limites rígidos, onde o processo de ocupação e o manejo dos recursos naturais são
planejados e conduzidos de modo participativo e em bases sustentáveis.

Ela é formada por áreas de domínio público ou privado, podendo ser integrada por unidades de conservação já criadas pelo Poder

Público e é reconhecida pelo Programa Intergovernamental "O Homem e a Biosfera - MAB" (BRASIL, 2002). Um bom exemplo de Reserva da

2
Biosfera é o da Caatinga. Criada em 2001, engloba 10 estados brasileiros, com uma área estimada em 189.990 km e objetiva a conservação da

biodiversidade regional, combate à desertificação e desenvolvimento de atividades sustentáveis, como turismo, artesanato, apicultura, etc.

Ademais, vale ressaltar a importância da Reserva da Biosfera da Caatinga no estudo e divulgação de dados sobre este bioma único e

exclusivamente brasileiro (RBMA, 2000).

3 CONCLUSÃO

A Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC) surgiu para atender a demanda da população acerca

das questões ambientais e uma estratégia para a proteção da natureza frente à expansão sócio-econômica da sociedade, objetivando a

conservação da biodiversidade no país. Esta lei apresentou uma oportunidade para criação de um sistema integrado, já que muitas unidades de

conservação se encontravam em situação precária e sem uma gestão sistêmica. 

Após mais de 20 anos do surgimento da Lei nº 9.985/2000, destaca-se efeitos positivos como, o aumento significativo no número de

unidades de conservação, expansão da participação popular na criação de conselhos, aumento no número de pesquisas científicas realizadas nas

unidades de conservação, maior proteção às populações tradicionais e agricultores familiares. 

No entanto, ainda existem aspectos que ainda são fortemente discutidos como, a sobreposição com territórios de populações

tradicionais e o desafio de conciliar a permanência de povos indígenas, quilombolas e demais grupos de diversidade nas unidades de

conservação, atualizações no instrumento de compensação ambiental, de modo que este seja aprimorado e suas limitações corrigidas. Por fim,

tem se debatido sobre a dificuldade de diferenciação das categorias, uma vez que a Lei 9.985/2000 apresenta muitas categorias para as UCs o

que dificulta a compreensão pelo público, sendo necessário, portanto, profissionais capacitados para realizar esta distinção.
14

Mesmo que sejam verificados avanços desde o surgimento da lei até os dias atuais, ainda existem muitos desafios a serem

enfrentados, por exemplo, melhorias nos planos de manejo, de modo que estes sejam mais aplicáveis à gestão da UC, fortalecimento dos

conselhos, incentivando maior envolvimento da sociedade na criação das UCs, mais investimentos de recursos na infraestrutura das UCs para

uma melhor gestão, atentando para a manutenção e fiscalização de usos inadequados, invasões, moradias irregulares, atividades econômicas

ilegais e a degradação ambiental. 

Além disso, é importante ressaltar que o retrocesso no que diz respeito às leis ambientais e a insuficiência da fiscalização das

unidades de proteção são gargalos que dificultam a obtenção de resultados mais promissores. Sendo assim, o planejamento a longo prazo, aporte

de recursos que atenda as necessidades para as gestões das UCs, expansão da educação ambiental no Brasil e debates sobre o

desenvolvimento sustentável são o caminho para superar tais empecilhos. 

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