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Disciplina: EC 1204 (CIV 28) – Pontes

Capítulo 6 – Aparelhos de Apoio – Dimensionamento do Neoprene

1. Tipos de Aparelhos de Apoio (metálicos, concreto, borracha)


2. Análise das Características do Neoprene
3. Levantamento dos esforços nos aparelhos de apoio pelo Ftool
4. Pré-dimensionamento do aparelho de apoio Neoprene

Referências Bibliográficas:
• Catálogo NEOPREX (2020)
• Cavalcante G.H.F. (2019) – Pontes em Concreto Armado (livro recente)
• IME (1985) – Projeto de Pontes em Concreto Armado -Vol.3 (Notas de aula)
• Braga W.A.(1986) - Aparelhos de Apoio das Estruturas (livro)
• Ottoni I.L.B (1988) – Infraestrutura de pontes e Tabuleiro com as transversinas
desligadas da laje. (Notas de aula Univ. Federal Juiz Fora).

Profa Katri Ingrid Ika Ferreira


Profa. Depto. Eng.Civil UFRR 1
➢ Projeto de Pontes em Viga Reta – Aparelho de Apoio: Neoprene Grupo de Análise
Estrutural

• Aparelhos de Apoio
Um aparelho de apoio (Figura 1) é um elemento de ligação disposto entre uma estrutura e o seu suporte, destinado
a transmitir as reações, sem impedir as rotações. Conforme o aparelho seja “móvel” ou “fixo”, ele permite ou não os
deslocamentos lineares da estrutura em relação ao seu suporte.
“Os aparelhos de apoio são elementos destinados a vincular determinadas partes de uma estrutura, permitindo, ao
mesmo tempo, os movimentos previstos no projeto, que podem ser de rotação, translação ou ambos”.
Nas pontes, a estrutura principal deve funcionar, tanto quanto possível, de acordo com as hipóteses admitidas no
cálculo (no projeto). Para tal, empregam-se os aparelhos de apoio.

Figura 1: Superestrutura de viaduto apoiada sobre pilares por


intermédio de aparelhos de apoio neoprene fretado.
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• Estudo dos aparelhos de apoio Fonte: Apostila do Prof. OTTONI

Normalmente, a existência de aparelhos de apoio implica em uma concentração de tensões no topo do pilar e tensões
trativas horizontais no pilar, que podem chegar a valores apreciáveis.

Figura 2: Efeito de cunha no pilar.


Figura 3: Distribuição de tensões não linear no pilar.
(a) Apoio da ponte
Deve-se empregar uma armadura de fretagem.
(b) Ensaio a tração de um corpo de prova.
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• Estudo dos aparelhos de apoio Fonte: Apostila do Prof. OTTONI


Em outras palavras, a ligação cria um efeito de cunha que tende a seccionar o pilar diametralmente. O fenômeno é
análogo à ruptura de um cilindro (c.p. concreto) por tração, mediante compressão diametral – Método Brasileiro
consagrado pelo Prof. Fernando Luis Lobo Carneiro (conhecido como Ensaio Brasileiro).
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• Escolha do Aparelho de Apoio:


A escolha do tipo de aparelho de apoio a ser empregado depende do material da estrutura, dos espaços
disponíveis, economia e estética.
A classificação dos aparelhos de apoio pode ser quanto:
a) Material:
Concreto (Freyssinet, Mesnager, pêndulos de concreto),
Metálicos,
Elastômero fretado (neoprene) ou elastômero com teflon.
b) Mobilidade: fixos ou móveis

Exemplos de Articulações Fixas: Não permitem nenhum deslocamento ao ponto de apoio


Articulação Freyssinet,
Articulação de chumbo,
Articulação Mesnager.
Articulações Metálicas.

Exemplos de Articulações Móveis: Permitem algum movimento ao ponto de apoio


Neoprene, Neoprene com teflon,
Pêndulo,
Articulações Metálicas.
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• Estudo dos aparelhos de apoio Fonte: Apostila do Prof. OTTONI


Sempre que possível, procura-se evitar a transmissão de momentos fletores entre o tabuleiro e a mesoestrutura,
fazendo-se a transmissão de esforços entre eles por aparelhos de apoios de 1º gênero (móveis) ou do 2º gênero
(fixos), podendo ser rígidos ou deformáveis.
Para vãos médios e grandes, usa-se aparelhos de apoio METÁLICOS, de CONCRETO ou de BORRACHA
SINTÉTICA.

1) Aparelhos de Apoios Metálicos:


As articulações metálicas (Figura 3) são obtidas da combinação adequada de chapas e roletes metálicos. No
caso de articulações fixas as chapas possuem cavidades usinadas e lubrificadas onde se encaixa o rolete
(somente é permitido rotação).

Figura 3: (a) Apoios com rolo metálico (b) Patologias


Fonte: Apostila do Prof. Lobato R. - Universidade de Mato Grosso
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1) Aparelhos de Apoios Metálicos: Rolos de aço e Placa de Chumbo


“Entre os aparelhos de apoios metálicos pode-se citar os apoios de rolos de aço que vão desde os apoios
constituídos apenas por um rolo entre duas placas do mesmo material, usados nas pontes rodoviárias de vão
médio, apoio de 1º gênero (Fig. 4a), até os pesados aparelhos de apoio que são usados em pontes ferroviárias
e nos arcos, tanto do 1º gênero (Fig. 4b), como de 2º gênero (Fig. 4c)”. (Fonte: Apostila do Prof. Ottoni)

Outro tipo de apoio metálico é a placa de chumbo (Fig. 5), apoio de 2º gênero, normalmente atravessado por
um grupo de barras de armadura destinado a transmitir os esforços horizontais pela sua resistência ao corte.

Figura 4: Apoios com rolo metálico usado em: Figura 5: Apoio metálico: placa de chumbo
(a) Pontes Rodoviárias (1º gênero) Fonte: Apostila do Prof. Ottoni
(b) Pontes Ferroviárias e Arcos de 1º gênero ou de (c) 2º gênero
Fonte: Apostila do Prof. Ottoni
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• Aplicações:
Viaduto – apoio em rolo metálico
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• Aplicações:
Apoios de 2º gênero = Articulações Metálicas Fixas
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2) Aparelhos de Apoios de Concreto: Apoios de Contato

As primeiras articulações de concreto a serem usadas foram as de contato de superfícies cilíndricas.


“As articulações de contato de superfícies cilíndricas (Figura 6) são articulações fixas de concreto armado, com
rotações garantidas pelas superfícies de contato cilíndricas. Este tipo de contato admite tensões de compressão
elevadas (teoria de Hertz). A maior desvantagem desta articulação é a exigência de um acabamento perfeito”.
(Fonte: Prof. Lobato)

Figura 6: Articulação de contato de superfície.


Fonte: El Debs e Takeya(2009)
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2) Aparelhos de Apoios de Concreto: Mesnager

“A articulação Mesnager (Figura 7) constituída por barras de aço que se cruzam ao longo de uma reta,
que constitui o eixo em torno do qual a articulação admite rotação. É também um apoio de 2º gênero”.
(Fonte: Prof. Ottoni)”

“A articulação Mesnager são articulações fixas que transmitem


esforços por ADERÊNCIA, através de barras cruzadas ancoradas nos
blocos a articular. Tem a função de transmitir a força normal e resistir
à força cortante que se manifesta entre os dois blocos.

A articulação Mesnager não pode ser confundida com a articulação


Freyssinet porque o concreto que reveste a armadura na seção
reduzida tem apenas a função de proteger o aço, não colaborando na
transmissão de esforços” (Fonte: Prof. Lobato R.)

Figura 7: Articulação Mesnager


Fonte: El Debs e Takeya(2009)
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2) Aparelhos de Apoios de Concreto: Freyssinet e Pêndulos de Concreto


“Posteriormente, Freyssinet (Figura 8) criou a articulação que leva o seu nome, constituída por um estrangulamento
da seção de concreto. Essa articulação foi amplamente utilizada para pontes em vigas contínuas de concreto
armado, em virtude da sua extrema versatilidade e baixo custo. Embora possua elementos peculiares aos apoios
de 3º gênero, ela é chamada articulação e, como tal, considerado no cálculo, uma vez que os momentos
eventualmente transmitidos por ela são desprezíveis.” (Fonte: Prof. Ottoni)”
Construída monoliticamente, a força longitudinal é transmitida unicamente pelo concreto e não pela armadura.

Eventualmente os pilares são dotados de duas articulações constituindo um pêndulo denominadas Articulações em
Pêndulos de Concreto (ver Figura 9).

Figura 8: Articulação de concreto Freyssinet Figura 9: Pêndulos de Concreto.


Fonte: El Debs e Takeya(2009) Fontes: El Debs e Takeya(2009)
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3) Aparelhos de Apoios de Neoprene


Aparelhos de apoio de elastômero podem ser projetados e manufaturados para acomodar movimentos de
translação em qualquer direção e movimentos rotacionais em torno de qualquer eixo por deformação elástica,
de maneira a transmitir corretamente, de um componente estrutural para outro, as forças de projeto e acomodar
os deslocamentos derivados da análise estrutural.

Nos últimos anos tem-se generalizado o uso de aparelhos de apoio de borracha sintética (neoprene), outra
criação de Freyssinet, constituídos pela justaposição de placas desse material.
A cada placa de borracha são fortemente coladas por vulcanização duas chapas finas de aço, uma de cada
lado, produzindo-se nela um efeito de cintamento (ver Figura 10).

Este processo proporciona apreciável melhoria nas características


do material, tanto em relação às tensões normais admissíveis, como
ao módulo de elasticidade longitudinal, reduzindo apreciavelmente as
deformações na direção das cargas verticais.

Os esforços horizontais são transmitidos por atrito entre o aparelho e


a estrutura.
Figura 10: Chapas de aço colada por
vulcanização à camada de
borracha do aparelho.
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➢ Comportamento Físico dos Aparelhos Neoprene

Em face do baixo módulo de elasticidade transversal da borracha, a transmissão dos esforços horizontais ocorre
com grande deformação do apoio por distorção da borracha (ver Figura 11), o que reduz bastante os esforços
suscitados nos pilares pela deformação do tabuleiro por temperatura, retração e esforço de protensão.

Figura 11: Distorção do neoprene devido


ao esforço horizontal.

Essa deformabilidade da borracha e seu baixo custo, aliados à simplicidade desse aparelho de apoio e a grande
resistência à intemperes, fez dele um dos mais difundidos atualmente.
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➢ Comportamento Físico dos Aparelhos Neoprene


Se o deslocamento longitudinal da viga principal for muito grande, pode acontecer que não seja possível obter-se
com o aparelho de apoio de neoprene a necessária deslocabilidade. É o que acontece muitas vezes com os apoios
extremos das vigas contínuas de concreto protendido, onde aos deslocamentos devidos ao encurtamento do
tabuleiro por retração do concreto e por temperatura, deve ser somado o encurtamento produzido pela força de
protensão.
Em tais casos, usa-se neoprene com teflon (Figura 12), que permite um deslizamento entre o aparelho e a
superestrutura.
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• Aplicações:
Ponte protendida sobre o Rio Itacutu – Brasil – Guiana
Aparelhos de neoprene com teflon
Dimensões a x b = 800 x 450 𝑚𝑚2 , espessura (73+12 = 85 mm)
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• Análise de duas pontes com articulações entre a superestrutura (viga) e a mesoestrutura (pilares)
em apoios fixos (Ponte A) e em neoprenes (Ponte B) Fonte: Neoprex(2020)

Considere que as meso e infraestruturas de A


apresentem as mesmas condições geométricas e
geotécnicas de B.

Se for aplicado o mesmo esforço horizontal de


1ª Análise: Força Horizontal devido à frenagem frenagem F nas duas pontes A e B, a soma dos
esforços transmitidos aos pilares em A será igual à
soma dos esforços transmitidos aos pilares em B.
Esta soma sendo igual a F.

𝐹 𝑘1
Entretanto o deslocamento na direção da 𝐹1 = 𝑘1 . 𝛿 = 𝑘1 = .𝐹
força, será maior em B devido à distorção do σ𝑘 σ𝑘
aparelho de apoio neoprene. 𝐹
𝛿= Em B σ 𝑘 𝑚𝑒𝑛𝑜𝑟 𝑔𝑒𝑟𝑎 𝑢𝑚 𝑑𝑒𝑠𝑙𝑜𝑐. 𝛿 𝑚𝑎𝑖𝑜𝑟
σ𝑘
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• Análise de duas pontes com articulações entre a superestrutura (viga) e a mesoestrutura (pilares)
em apoios fixos (Ponte A) e em neoprenes (Ponte B) Fonte: Neoprex(2020)
2ª Análise: Pontes submetidas a deslocamentos impostos como:
a) variação de temperatura e retração do concreto na superestrutura
b) deformação imediata (encurtamento do concreto) devido à protensão. 1
𝑘=
ℎ𝑛 𝐿3
𝐺𝑛 . 𝐴𝑛 + 3𝐸𝐼

ℎ𝑛 𝐿3
𝛿= +
𝐺𝑛 . 𝐴𝑛 3𝐸𝐼

Graças à capacidade de deformação do neoprene, as meso e infraestruturas de B estarão solicitadas a esforços significativamente
menores do que as meso e infrestruturas de A, pois a maior parte da deformação imposta pela superestrutura em B será absorvida pela
distorção do neoprene.

Este comportamento ficará mais acentuado à medida que for aumentada a rigidez da meso e infraestrutura e for diminuída a rigidez dos
aparelhos de neoprene, ou seja, quando: (sendo que a rigidez é o inverso da flexibilidade)

> aumentam: a inércia longitudinal do pilar (𝐼) e altura total do neoprene (ℎ𝑛 ) → 𝛿 = 𝛿𝑛 ↑ + 𝛿𝑝 ↓
< diminuem: a altura do pilar e o módulo de elasticidade transversal do
neoprene (𝐺𝑛 ) e a área em planta do neoprene (𝐴𝑛 ) → 𝛿 = 𝛿𝑛 ↑ + 𝛿𝑝 ↓
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• Análise de duas pontes com articulações entre a superestrutura (viga) e a mesoestrutura (pilares)
em apoios fixos (Ponte A) e em neoprenes (Ponte B) Fonte: Neoprex(2020)

É por esse conjunto de razões que pontes sobre pilares esbeltos podem apresentar a superestrutura
monoliticamente ligada a esses pilares, dispensando a utilização de aparelhos de apoio. Por ser esbeltos
sofrem deformações maiores, são mais flexíveis que pilares curtos.
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➢ Aparelhos de apoio – Neoprene


• Histórico
Nos Estados Unidos em 1930 a Du Pont desenvolveu o Neoprene, um elastômero sintético, com propriedades
elásticas semelhantes às da borracha natural mas acrescida de elevada resistência ao envelhecimento.

Na França em 1948 adicionou-se uma malha de aço ao neoprene. Apesar dessa malha penetrar na borracha e
impedir o seu escoamento lateral, provocava rasgos na borracha, limitando a aplicação de tensões de
compressão mais elevadas.

A seguir, na década de 60 na França, surgiu a idéia de substituir a malha de aço por chapas finas de aço entre
as camadas de elastômeros, resultando em uma excelente combinação, onde ambos os materiais trabalhavam
juntos: o aço tracionado confinava o elastômero por meio da excelente capacidade de aderência obtida pela
vulcanização.

No Brasil as placas de elastômero são utilizadas desde a década de 60, inicialmente na Engenharia Ferroviária
e em seguida, na Engenharia Rodoviária e Edificações.

Os aparelhos de apoio de elastômero também são empregados em estruturas de concreto pré-fabricadas,


estruturas metálicas, silos e reservatórios, pilares de pontes, apoios de rolamento de metrôs, apoios de
comportas, amortecedores de máquinas em indústrias.
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• Aplicações de Neoprene: Viaduto em Sumaré – SP

Estruturas pré-fabricadas de concreto

Dente Gerber
(consolo curto)
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• Aplicações de Neoprene:
Apoios de vigas protendidas biapoiadas (grelha)
(Rio de Janeiro)

Execução do berço de concreto para


apoio em neoprene
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• Composição do Neoprene
A Figura 13 mostra um aparelho de apoio em elastômero fretado “Freyssinet” . São
utilizadas placas de borracha e chapas de aço intercaladas, vulcanizadas, formando
um bloco único.

Figura 13: Aparelho de apoio neoprene fretado


Freyssinet fabricado pela STUP.

As chapas de aço exercem um efeito de cintamento sobre as placas de borracha,


diminuindo sua deformação sob efeito das cargas verticais e aumentando as tensões
admissíveis sobre a articulação. Por isso, são conhecidos como neoprene fretado. Sob
compressão o aparelho sofre deformação lateral, um abaulamento conforme mostra a
Figura 14 e um deslocamento vertical ΔH.

Assim, colocando n placas de elastômero sob compressão, devido as chapas de aço


limitarem o deslocamento lateral, o deslocamento final vertical será menor do que se
empregando somente uma placa de elastômero, Δℎ < Δ𝐻, aumentando portanto a
resistência do aparelho à compressão.
Figura 14: Comportamento do aparelho
fretado sob compressão.
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A Figura 15 mostra um desenho esquemático mostrando as n camadas de elastômero à base de policloropreno


(Neoprene da DuPont), intercaladas por chapas de aço. Para proteção das chapas de aço, os aparelhos são
fabricados com um envolvimento total da borracha, porém não se considerando nos cálculos as camadas externas de
borracha.

Figura 15: Dimensões do aparelho de apoio fretado - neoprene


(a) Fonte: NBR9062(2017) (b) Fonte: STUP
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• Vantagens
1) Mobilidade em todas as direções, em distorção e rotação, devido a deformabilidade do elastômero;
2) Durabilidade, por sua resistência excepcional à ação da luz solar, água, agentes agressivos da atmosfera,
óleos e graxas em geral;
3) Segurança de funcionamento em condições normais de serviço, mesmo sem conservação;
4) Extrema simplicidade de colocação;
5) Atendimento ao aspecto estético da obra, devido especialmente à sua pequena espessura;
6) Amortecimento de efeitos dinâmicos;
7) Economia em relação a outros tipos de aparelhos de apoio de mesmas “performances”.

• Principais propriedades físicas e químicas


As principais características são especificadas na NBR9783. Podem ser citadas, por exemplo:
Sobre corpos de prova não envelhecidos
→ Dureza shore 𝐴 = 60 ± 5;
Dureza medida pela profundidade de penetração do estilete no material, na escala shore de 0 a 90;
→ Tensão e alongamento de ruptura à tração = 10 a 15 MPa e 350%.
𝑘𝑔𝑓
→ Módulo de elasticidade transversal 𝐺 = 9,0 = 0,9 𝑀𝑃𝑎 (Catálogo Neoprex);
𝑐𝑚2

→ 𝐺 = 1,0 ± 0,2 𝑀𝑃𝑎 segundo a NBR9062(2017).


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• Normas técnicas da ABNT


NBR19783 (2014) – Aparelhos de apoio de elastômero fretado
Esta norma fixa as condições exigidas para aceitação ou rejeição desses aparelhos.
As três normas seguintes definem como devem ser realizados os ensaios de compressão, distorção e deslizamento
em aparelhos de apoio de elastômero.
NBR 9784 (2014) – Aparelho de apoio de elastômero – Compressão simples
NBR 9785 (2014) – Aparelho de apoio de elastômero – Distorção
NBR 9786 (2014) – Aparelho de apoio de elastômero – Deslizamento
NBR9062(2017) – Projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado
Esta norma inclui, no item 7.2.1.6, as especificações e verificações para o dimensionamento de
aparelhos de apoio de elastômetro simples ou fretado.
• Fabricantes:
A STUP (Sociedade técnica para utilização da pré-tensão (processos Freyssinet) S.A.) apresenta um catálogo
(1983) com as dimensões, propriedades e procedimento para dimensionamento de aparelho de apoio de
elastômero fretado “Freyssinet” .
A STUP recomenda que os aparelhos de apoio Freyssinet sejam dimensionados segundo a orientação do
Boletim Técnico no 4 do SETRA, do Ministério do Equipamento da França de dezembro de 1974.
Atualmente (2020), a NEOPREX indústria e comércio, firma de S.Paulo disponibiliza seu catálogo para
dimensionamento baseado na norma européia Euronorma EN1337 que reúne um comitê de 18 países europeus.
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• Dados do projeto
Para projetar os aparelhos de apoio, necessita-se inicialmente avaliar os deslocamentos que eles
devem permitir e os esforços solicitantes a que serão submetidos.

Com relação aos esforços solicitantes pode-se dividir as ações em permanentes ou variáveis e em
estáticas ou dinâmicas.

As ações estáticas aplicam-se na estrutura de forma lenta, sendo:


• carga permanente;
• variação de temperatura;
• retração do concreto;
• esforço de protensão.

As ações dinâmicas aplicam-se de forma rápida, sendo:


• cargas móveis;
• aceleração ou frenagem;
• vento;
• força centrífuga;
• impacto lateral em pontes ferroviárias.
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• Pré-dimensionamento do Neoprene:
FONTE: Prof. Braga W.A. “Aparelhos de apoio das estruturas” de 1986:
a) Dimensões em planta:
𝑁
𝐴 = 𝑎𝑥𝑏; 𝐴= ; 𝜎𝑚 = 12 𝑀𝑃𝑎
𝜎𝑚
As tensões médias de compressão adotadas para os aparelhos de apoio de elastômero fretado
oscilam entre 10 e 15 MPa. Um valor razoável para o pré-dimensionamento é adotar 12 MPa.

b) Espessura total do neoprene:


𝑇 = 2 𝛿𝑒𝑠𝑡 ; 𝛿𝑒𝑠𝑡 (𝑟𝑒𝑡, ∆𝑡)

• Justificativa do Dimensionamento do Neoprene ser realizado com os valores característicos


Os aparelhos de apoio em Neoprene não são dimensionados no ELU. As ações e esforços solicitantes são empregados com os
seus valores característicos e não de cálculo (valores de cálculo são obtidos pela majoração das ações no ELU).
Devido à grande reserva em relação à ruptura, aparelhos de apoio de elastômero fretado são calculados com seus valores
característicos. No projeto é requerido que o aparelho de neoprene esteja submetido a uma situação real de solicitações devidas
às forças aplicadas e as deformações impostas, para que ocorra o comportamento previsto no projeto.
No catálogo da NEOPREX(2020) é apresentado um roteiro de cálculo com equações para serem verificadas e neste os esforços
são empregados com valores características, mas não são combinados no ELS.
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• Dados de projeto para dimensionamento do Neoprene:


No projeto de uma ponte rodoviária em concreto armado (projeto do curso), os esforços e deslocamentos que o
aparelho de apoio deve receber da superestrutura são:
1) Carga vertical máxima 𝑵𝒎á𝒙 e mínima 𝑵𝒎𝒊𝒏 ,devida a carga permanente, 𝑵𝒈 , e carga móvel, 𝑵𝒒 (majoradas do
coeficiente de impacto).
Para o cálculo da reação máxima vertical devido à carga móvel, traçar a linha de influência de reações de apoio para
o determinado pilar e carregá-la com o trem-tipo longitudinal majorado do impacto.
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• Dados de projeto
2) Deslocamento horizontal (𝜹𝒆𝒔𝒕 )e esforço horizontal estático (𝑯𝒈 = 𝑯𝒆𝒔𝒕 ), devidos à variação de temperatura e
retração do concreto. Obtido do cálculo dos esforços horizontais no tabuleiro da superestrutura, calculado levando-
se em conta a rigidez do conjunto pilar + neoprene. Para tal, as dimensões do neoprene devem ser estimadas no
procedimento de pré-dimensionamento, com os valores característicos das reações normais e calculando-se o
deslocamento (𝛿𝑒𝑠𝑡 ) com a rigidez somente dos pilares.

3) Deslocamento horizontal 𝜹𝒅𝒊𝒏 e esforço horizontal dinâmico (𝑯𝒒 = 𝑯𝒅𝒊𝒏 ), devidos à frenagem e aceleração.
   
F1 F2 F3 F4

h4
h1 h3
h2

lb l1 l2 l3 lb
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• Dados de projeto
4) Rotações dos apoios devidos à carga permanente (𝜶𝒈 ) e cargas móveis(𝜶𝒒 ). As rotações são calculadas pelo método da
carga unitária (ou pelo Ftool). Inicialmente, calcula-se, para cada apoio, a rotação devida à carga permanente.

A seguir, calculam-se as rotações positivas e negativas devidas à carga móvel, carregando-se a viga com o trem-tipo longitudinal com
impacto nas posições que produzirem os maiores valores para as rotações (positiva e negativa) do referido apoio. A rotação final do
apoio será o somatório devida a carga permanente mais móvel.
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• Projeto de Pontes do Curso: Dimensionamento do Aparelho de Apoio - Neoprene


Dimensionar o aparelho de apoio neoprene fretado para cada um dos pilares da ponte do Projeto.
A seguir é apresentado as etapas de cálculo que devem ser desenvolvidas:

1. Pré-dimensionamento dos pilares pelos critérios da placa e da esbeltez limite.


2. Pré-dimensionamento dos aparelhos de apoio Neoprene a partir dos esforços verticais e deformações
provenientes do tabuleiro da ponte.
Levantamento dos esforços normais máximos e mínimos devidos às cargas verticais (reações de apoio)
𝑁𝑔 = 𝐹𝑔 , 𝑁𝑞 = 𝐹𝑞 ;
Cálculo do deslocamento horizontal devido à variação de temperatura e retração do concreto, 𝑒𝑠𝑡 = 𝑢𝑔 ;
3. Cálculo dos esforços horizontais devidos à força de frenagem e aceleração, 𝐻𝑑𝑖𝑛 .

4. Cálculo da rotação da longarina devida às cargas permanente 𝛼𝑔 e móvel 𝛼𝑞 ;


5. Dimensionamento do Neoprene (determinação da área em planta, espessuras das camadas de elastômero e
espessuras das chapas de aço) e verificações dos limites de tensões e deformações, estabilidade e
deslizamento.
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• Dimensionamento do Neoprene:
No dimensionamento do aparelho de apoio neoprene deve-se:
Fontes:
✓ Determinar as dimensões em planta do aparelho (a , b)
• Catálogo NEOPREX (2020) ✓ Determinar a espessura total do aparelho (T)
• Braga W.A.(1986) - Aparelhos de Apoio ✓ Determinar o número (n) e a espessura (t) das placas de elastômero
✓ Determinar a espessura (e) das chapas de aço
✓ Verificar as diversas condições de segurança

Compressão Distorção Rotação

Figura 16: Dimensões do aparelho de apoio, esforços e deformações do neoprene.

O projeto é baseado na hipótese do elastômero ser um material elástico, cuja deflexão sob compressão é influenciada
pela forma do aparelho. As chapas de aço de fretagem devem ser quimicamente aderidas de modo a evitar o
deslocamento relativo no contato entre o aço e o elastômero.
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• Dimensionamento do Aparelho de Apoio Neoprene:


O dimensionamento do aparelho de apoio é baseado na Teoria da Elasticidade, que analisa a distribuição de
tensões e deformações para diversas cargas diretas e deformações impostas que solicitam os aparelhos de apoio –
neoprene.
Fonte: Braga W. (1986)
“Os estudos experimentais mais importantes sobre aparelhos de apoio elastômeros foram levados a efeito pelo
ORE – L’Office de Recherches et d’Essais – França, sob encomenda da UIC – Union Internationale des Chemins de
Fer, publicados em 1965. Deles se originam os critérios de várias normas européias.
As fórmulas obtidas experimentalmente introduzem algumas modificações nas fórmulas determinadas por estudos
teóricos.
A experiência mostrou que o comportamento dos aparelhos de apoio de elastômero fretado está fortemente
condicionado pelo valor do chamado “fator de forma”, que representa a relação entre a área de uma das faces
ligadas à chapa de aço (área em planta) e a área das faces livres, laterais, de uma camada. (ver Figura 16)“
superfície comprimida 𝑎𝑏
𝑆= =
superfície livre 2 𝑇 (𝑎 + 𝑏)
Atualmente, as diferenças principais entre as várias normas para cálculo dos aparelhos está nas limitações das
tensões de cisalhamento. A norma da UIC e também a norma européia EN1337 não impõe limites isolados para as
tensões 𝜏𝑁 , 𝜏𝐻 , 𝜏𝛼 , mas sim um único limite para a soma das três.
Ao mesmo tempo leva em conta as ações variáveis, nos valores de 𝜏𝑁 e 𝜏𝛼 multiplicadas por um coeficiente de
majoração de 1,5 com base em experiências, as quais mostraram ter a variabilidade um efeito prejudicial.
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Estrutural

• Dimensionamento do Aparelho de Apoio Neoprene segundo a EN1337:


1) COMPORTAMENTO AO CISALHAMENTO: Fonte Catálogo da NEOPREX(2020)

Quando se aplica um esforço (força) horizontal H a um aparelho de apoio de área A e altura total de elastômero
T (incluindo-se as espessuras de recobrimento superior e inferior), o aparelho se deslocará de u na direção de H
e estará submetido a uma tensão de cisalhamento constante de:

Onde G é o módulo de elasticidade


transversal do elastômero.

Dureza Shore A= 60
𝑘𝑔𝑓
Módulo 𝐺 = 9,0 2 = 0,9 𝑀𝑃𝑎 (Neoprex)
𝑐𝑚

Figura 17: Distorção do aparelho de apoio.

Fonte: Braga W. (1986)


“A determinação de G é feita com aplicação lenta das cargas. Segundo o método de ensaio brasileiro, a
velocidade de deslocamento deve ser tal que se atinja a distorção 𝑡𝑔 𝛾 = 0,9 em aproximadamente 10 minutos.
O valor de G assim determinado é válido para o cálculo da distorção provocada pelas ações de aplicação lenta,
classificadas como estáticas”.
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Estrutural

1) COMPORTAMENTO AO CISALHAMENTO:
Sob efeito das ações dinâmicas (cargas de curta duração), o elastômero apresenta uma distorção menor (mais
rígido), como se o módulo de elasticidade transversal fosse aproximadamente igual a 2G.
Na ausência de ensaios, permite-se considerar que o deslocamento para uma carga de curta duração é metade
do valor do deslocamento para a mesma carga aplicada lentamente.

Portanto, o deslocamento de um aparelho quanto submetido a um esforço horizontal é dada por:


• Para esforço horizontal de caráter lento (𝐻𝑔 = 𝐻𝑒𝑠𝑡 ) devido à variação de temperatura e retração do concreto
𝛿𝑒𝑠𝑡 = 𝑢𝑔 = deslocamento devido à variação de temperatura e retração do concreto, aplicada de forma estática, lenta.
𝐻𝑔 𝑇
𝑢𝑔 =
𝐺𝐴
• Para esforço horizontal de caráter dinâmico (𝐻𝑔 = 𝐻𝑒𝑠𝑡 ) devido à frenagem e aceleração.
𝛿𝑑𝑖𝑛 = 𝑢𝑞 = deslocamento devido à frenagem e aceleração, aplicada de forma dinâmica, rápida.
𝐻𝑞 𝑇
𝑢𝑞 = Obs: Quando atuam forças horizontais Hx e Hy,
2𝐺𝐴 em direções perpendiculares, tensões e
Logo, a deformação por cisalhamento (distorção 𝛾𝐻 ) é dada por: deslocamentos devem ser somados
(𝑢𝑔 +𝑢𝑞 ) 𝛾𝐻 ≤ 0,7 para cargas totais vetorialmente.
𝛾𝐻 = 𝛾 ≤ 0,5 para cargas permanentes Na direção transversal há a força horizontal
𝑇 do vento (dinâmica).
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Estrutural

2) COMPORTAMENTO À COMPRESSÃO

A distribuição de tensões normais não é uniforme quando o aparelho de elastômero é submetido a uma
compressão centrada (ver Figura 18).

Figura 18: Distribuição de tensões normais de compressão no aparelho de elastômero.

As tensões são maiores na região central do aparelho pelo maior confinamento proporcionado pela massa
adjacente de elastômero. Junto ao perímetro, pela maior facilidade do elastômero ser expelido, a resistência do
elastômero diminui, diminuindo significativamente o valor das tensões de compressão.
Logo, sendo maiores as tensões de compressão na região central do aparelho, também serão maiores as forças
de atrito entre a superfície do elastômero e a estrutura. Esse atrito provoca um confinamento (estado triplo de
tensões) que é máximo para o elastômero da região central do aparelho, mas que tende a zero para a região
periférica.
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Estrutural

2) COMPORTAMENTO À COMPRESSÃO

Sob compressão, aumentando-se as tensões de compressão, esse atrito é ultrapassado junto à


periferia do aparelho e a massa do elastômero tende a escoar radialmente em direção às superfícies
laterais. O volume expelido forma um abaulamento.
Nos aparelhos retangulares o maior volume é expelido através do meio do maior lado do aparelho.
Quanto maior o volume expelido maior será o deslocamento vertical (recalque do aparelho). Por este
motivo empregam-se chapas de aço entre as camadas de elastômero, fazendo-se que os recalques
diminuam, sendo estes função do fator de forma definido por:

S = fator de forma de uma camada de espessura 𝑡𝑖


𝑎𝑏
𝑆= 𝑡𝑒 = 1 𝑡𝑖 = para camadas internas de apoios fretados
2 𝑡𝑒 (𝑎 + 𝑏)
𝑡𝑒 = 1,4 𝑡𝑖 = para camadas externas de apoios fretados
Conclusão:
𝑡𝑖 = espessura real da camada de elastômero
A resistência à compressão aumenta com:
• O aumento do fator de forma (próximos do quadrado), o aumento da
áreas em planta ou a diminuição da espessura da camada de elastômero;
• O aumento de G;
• A utilização de aparelhos fretados.
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Estrutural

2) COMPORTAMENTO À COMPRESSÃO
➢ Tensão de cisalhamento devido à compressão:
A tensão de cisalhamento no elastômero em uma camada de elastômero fretado, provocada por uma
compressão centrada vale:

𝐹𝑔 + 𝑘𝐹𝑞 𝑢𝑎 𝑢𝑏
𝜏𝑐 = 1,5 𝐴𝑟 = 𝐴(1 − − )
𝐴𝑟 𝑆 𝑎 𝑏

Figura 19: Distribuição de tensões de cisalhamento no aparelho.

𝐹𝑔 = 𝑁𝑔 = reação vertical normal devido à carga permanente (com impacto);


𝐹𝑞 = 𝑁𝑞 = reação vertical normal devido á carga móvel (com impacto);
k = 1,5 -> coeficiente obtido experimentalmente devido a variabilidade ter efeito prejudicial - Braga(1986);

𝐴𝑟 = área reduzida do aparelho; S = fator de forma;


A = área efetiva A em planta do aparelho = a x b;

𝑢𝑎 , 𝑢𝑏 = deslocamento do aparelho nas direções dos lados “a” e “b”, respectivamente.


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2) COMPORTAMENTO À COMPRESSÃO

➢ Deformação de cisalhamento devido à compressão:


𝜏𝑐
𝛾𝑐 =
𝐺
➢ Deslocamentos (deflexões) de cisalhamento devido à compressão:

𝐹 𝑡𝑖 1 1
∆ℎ = ෍ 𝑣𝑖 = ෍ ( + )
𝐴 5𝐺𝑆𝑖 𝐸𝑏

𝐸𝑏 = 20.000,0 𝑘𝑔𝑓/𝑐𝑚2

𝑡𝑖 = espessura da camada com fator de forma 𝑆𝑖

Obs: Camadas de cobrimento maiores de 2,5 mm devem ser consideradas no projeto


=> 𝑡𝑒 = 1,4 𝑡𝑖 espessura no cálculo de 𝑆𝑖
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Estrutural

3) COMPORTAMENTO À ROTAÇÃO
A rotação de um aparelho pode ter origem na rotação imposta pelas cargas atuantes nas estruturas, mas pode
também ser devida a uma falta de paralelismo inicial entre as superfícies de contato com o elastômero.
Para estruturas pré-fabricadas (aduelas de concreto armado biapoiadas em pontes) deve-se considerar no
projeto a rotação residual permanente no sentido mais desfavorável (𝛼𝑜 = 10−2 𝑟𝑎𝑑 para pré-fabricados).

Figura 20: Distribuição de tensões de cisalhamento devido à rotação.

Nos aparelhos laminados (fretados) a rotação total é atingida por rotações aproximadamente iguais de cada
camada a qual absorve uma fração 1/n da rotação total, onde n é o número de camadas.
O aumento do número de camadas é limitado pela segurança à instabilidade do conjunto.
➢ Projeto de Pontes em Viga Reta – Aparelho
b de Apoio: Neoprene Grupo de Análise
Estrutural

3) COMPORTAMENTO À ROTAÇÃO
➢ Tensões de cisalhamento de borda do elastômero devidas à rotação:

𝛼𝑎𝑔 , 𝛼𝑎𝑞 = rotações permanente e móvel com


𝐺𝑎2 (𝛼𝑎𝑔 + 𝑘𝛼𝑎𝑞 ) + 𝐺𝑏 2 (𝛼𝑏𝑔 + 𝑘𝛼𝑏𝑞 ) excentricidade na direção do lado a.
𝜏𝛼 =
2𝑡𝑖 σ 𝑡𝑖 𝛼𝑏𝑔 , 𝛼𝑏𝑞 = rotações permanente e móvel com
excentricidade na direção do lado b.
k = 1,5
➢ Deformações de cisalhamento devidas à rotação:
𝜏𝛼
𝛾𝛼 =
𝐺
Conclusão:
Para se diminuir as tensões de cisalhamento devidas à rotação, deve-se:
• Aumentar o número de camadas de elastômero
• Aumentar a espessura da camada elementar
• Diminuir G
• Na maioria dos casos, diminuir a dimensão do aparelho na direção
longitudinal, pois a rotação na direção transversal, em geral, é desprezível.
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➢ ROTEIRO PARA DIMENSIONAMENTO DE APARELHOS RETANGULARES DE ELASTÔMERO FRETADO

1) Limitação da tensão de compressão:

Unidade usada pelo


catálogo do Neoprex
tensão em 𝑘𝑔𝑓/𝑐𝑚2

2) Limitação da deformação de cisalhamento

𝛾𝑐 + 𝛾𝐻 + 𝛾𝛼 = 5 Devido a resultados
experimentais sob fadiga

𝐹𝑔 + 𝑘𝐹𝑞 (𝑢𝑔 +𝑢𝑞 )


𝛾𝑐 = 1,5 𝛾𝐻 =
𝐺𝐴𝑟 𝑆 𝑇

𝑎2 (𝛼𝑎𝑔 + 𝑘𝛼𝑎𝑞 ) + 𝑏 2 (𝛼𝑏𝑔 +𝑘𝛼𝑏𝑞 )


𝛾𝛼 =
2𝑡𝑖 σ 𝑡𝑖
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3) Determinação das espessuras das chapas de aço


𝛾 = 1 para aparelhos sem furo
1,3 𝐹(𝑡1 + 𝑡2 )𝛾 𝑓𝑘 = tensão de escoamento do aço CF-24 𝑓𝑦 = 2400 𝑘𝑔𝑓Τ𝑐𝑚2
𝑡𝑠 = ≥ 𝑡𝑠𝑚𝑖𝑛
𝐴𝑟 𝑓𝑘 𝑡𝑠𝑚𝑖𝑛 = dado em função da espessura das camadas de elastômero

Espessura das camadas de Espessura mínima das chapas


elastômero (mm) de aço (mm)
Obs: Não é usual diminuir as espessuras das chapas de aço
5 2 externo. Deve-se manter todas as chapas com a mesma
6 a 10 3 espessura.
11 a 14 4
15 a 20 5

4) Verificação da estabilidade do aparelho à rotação


𝑎 𝛼𝑎
෍𝑣 ≥ σ 𝑣 = deflexão total do aparelho
3
5) Verificação da estabilidade do aparelho ao deslizamento
A estabilidade ao deslizamento será satisfeita se as duas expressões a seguir forem atendidas:
6
𝐻 ≤ 𝜇𝑒 F 𝜇𝑒 = 0,1 + 𝜎𝑚 ≥ 30 𝑘𝑔𝑓/𝑐𝑚2
𝜎𝑚
H = resultante das forças horizontais, coexistente com a força normal (F), 𝜇𝑒 = coeficiente de atrito da superfície
verifica-se para a força total e somente para as solicitações permanentes. de contato elastômero-concreto
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Neste caso, a altura mínima necessária para evitar o deslizamento é:

𝐺 𝐴 (𝑢𝑔 +2 𝑢𝑞 )
𝑇= Unidades em kgf e cm
6 𝐴𝑟 + 0,1𝐹

6) Verificação da estabilidade do aparelho à flambagem

𝐹 2𝑎 𝐺 𝑆 𝑇𝑡 = ෍ 𝑡𝑖 + 2,8 𝑡𝑟𝑒𝑐𝑜𝑏

𝐴𝑟 3 𝑇𝑡

7) Momento exercido pelo aparelho de apoio na estrutura


O momento transmitido por um aparelho de apoio com n camadas sob rotação é:

b/a 0,5 0,7 1,0 1,2 1,25 1,3 1,4 1,5


𝛼𝑎 𝑎5
𝑏 Ks 137 100 86,2 80,4 79,3 78,4 76,7 75,3
𝑀𝑎 = 𝐺
𝑛 𝑡𝑖3 𝐾𝑠
b/a 1,6 1,7 1,8 1,9 2,0 2,5 10 1000
Ks 74,1 73,1 72,2 71,5 70,8 68,3 61,9 60

Fim das verificações pelo Catálogo da Neoprex (2020)


NB
➢ Projeto de Pontes em Viga Reta – Aparelho de Apoio: Neoprene Grupo de Análise
Estrutural

➢ NBR9062(2017): item 7.2.1.6 Aparelhos de apoio elastomérico simples ou fretado


➢ Projeto de Pontes em Viga Reta – Aparelho de Apoio: Neoprene Grupo de Análise
Estrutural

➢ NBR9062(2017): item 7.2.1.6 Aparelhos de apoio elastomérico simples ou fretado


➢ Projeto de Pontes em Viga Reta – Aparelho de Apoio: Neoprene Grupo de Análise
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➢ NBR9062(2017): Pressão de contato


➢ Projeto de Pontes em Viga Reta – Aparelho de Apoio: Neoprene Grupo de Análise
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➢ NBR9062(2017): Verificação ao deslizamento


➢ Projeto de Pontes em Viga Reta – Aparelho de Apoio: Neoprene Grupo de Análise
Estrutural

➢ NBR9062(2017): Limitação da tensão de cisalhamento


➢ Projeto de Pontes em Viga Reta – Aparelho de Apoio: Neoprene Grupo de Análise
Estrutural

➢ NBR9062(2017): Verificação de não levantamento da borda menos carregada do aparelho

➢ NBR9062(2017): Verificação da estabilidade do aparelho

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