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Estrutura do Sistema Financeiro Nacional

O Sistema Financeiro Nacional em sua primeira fase caracterizou-se pela


intermediação financeira na sua forma mais simples através de atividades
relacionadas ao setor cafeeiro e a implantação de projetos no setor de infra-
estrutura.

A partir da segunda fase caracterizada pelo período das Guerras e da


Depressão, que se estendeu de 1914 a 1945, houve uma série de processos
de considerável importância no quadro geral da intermediação financeira no
Brasil, com destaque aos seguintes:

Expansão do sistema de intermediação financeira de curto e médio prazo;

Disciplina, integração e ampliação das margens de segurança, face a criação


da Inspetoria Geral dos Bancos (1920), instalação da Câmara de
Compensação (1921) e a implantação da Carteira de Redescontos do Banco
do Brasil (1921);

Estudos para criação de um Banco Central no país.

Esses destaques trouxeram amplos benefícios ao sistema financeiro do país, à


medida que deu maior consistência ao processo de intermediação.

A terceira fase que se estendeu de 1945 a 1964, caracterizou-se como fase de


transição entre a estrutura simples de intermediação financeira da primeira
metade do século e a complexa estrutura montada a partir das reformas
institucionais de 1964-65. Nos anos de transição as principais transformações
no sistema financeiro nacional foram:

Consolidação e penetração no espaço geográfico da rede de intermediação


financeira de curto e médio prazo;

Implantação de um órgão normativo, de assessoria, controle e fiscalização, o


SUMOC - Superintendência da Moeda e do Crédito;
Criação de uma instituição financeira central de fomento, o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico, BNDE;

Criação de instituições financeiras de apoio a regiões carentes;

Desenvolvimento espontâneo de Companhias de crédito, financiamento e


investimento de médio e longo prazo.

A última fase da evolução da intermediação financeira no Brasil iniciou-se em


1964-65, com a promulgação de três leis que introduziram profundas
alterações na estrutura do sistema financeiro nacional:

Lei n° 4.380 - 21/08/64: instituiu a correção monetária nos contratos imobiliários


de interesse social, criou o Banco Nacional de Habitação e institucionalizou o
Sistema Financeiro de Habitação;

Lei n° 4.595 - 31/12/64: definiu as características e as áreas específicas de


atuação das instituições financeiras e transformação do SUMOC e seu
Conselho em Banco Central do Brasil e Conselho Monetário Nacional,
respectivamente;

Lei n° 4.728 - 14/07/65: disciplinou o mercado de capitais e estabeleceu


medidas para seu desenvolvimento.

A partir desses três institutos legais, o sistema financeiro brasileiro passou a


contar com maior e mais diversificado número de intermediários financeiros
não bancários, com áreas específicas e bem determinadas de atuação. Ao
mesmo tempo, foi significativamente ampliada a pauta de ativos financeiros,
abrindo-se um novo leque de opções para aplicação de poupanças e criando-
se, em decorrência disto, condições mais efetivas para a ativação do processo
de intermediação".

A quarta fase iniciou-se pela implementação dessas reformas até os dias


atuais. Além daquelas instituições citadas, foi incorporado ao quadro do
sistema a Comissão de Valores Mobiliários, criada pela Lei n° 6.385, de
7/12/76.
Após o período de 1968 a 1973, o país passou a conviver com uma conjuntura
adversa internacional (choque do petróleo de 73 e 79 e a crise da dívida
externa de 82) e conturbada a nível interno (redemocratização e inflação).
Influenciado também por esses acontecimentos, surgiu por parte dos agentes
econômicos a necessidade de se protegerem quanto as oscilações adversas a
que estão sujeitos, tanto a fatos e políticas internas, quanto externas.

A transformação que vem passando a intermediação financeira nos últimos


anos é motivada pelo desenvolvimento da economia, refletindo em processos
de fusões e incorporações, resultando em aumento de competitividade.

Diante disso a atividade de intermediação financeira, além de minimizar a


incerteza e os riscos a níveis compatíveis com as exigências de maximização
dos ganhos, terá que proporcionar cada vez mais segurança e agilidade no
julgamento e previsão de melhores retornos.

O Sistema Financeiro Nacional é constituído:

do Conselho Monetário Nacional;

Do Banco Central do Brasil; - do Banco do Brasil S.A.;

Do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social; - das demais


instituições financeiras públicas e privadas.

Estrutura – Órgãos Normativos e Entidades Supervisoras – Siglas e definições


CMN – Conselho Monetário Nacional;
BACEN – Banco Central do Brasil;
CVM – Comissão de Valores Mobiliários;
CNSP – Conselho Nacional de Seguros Privados;
SUSEP – Superintendência de Seguros Privados;
CGPC – Conselho de Gestão da Previdência Complementar;
SPC - Secretaria de Previdência Complementar.
 Órgãos Normativos e suas principais Atribuições
CMN – órgão máximo do Sistema Financeiro Nacional. É o responsável por
determinar a política monetária nacional (valor da moeda interno e externo);
política de crédito, fiscal, cambial e orçamentária; zelar pela liquidez e
solvência das instituições financeiras;
CNSP – normas relacionadas a seguros privados, capitalização e previdência
complementar de entidades abertas;
CGPC – normas de previdência complementar entidades fechadas (fundos de
pensão).
Entidades Supervisoras e suas principais Atribuições
BACEN – responsável pela política monetária;
CVM – regula o mercado de valores mobiliários (Bolsas e Balcão);
SUSEP – regula sobre seguros, previdência aberta, capitalização e planos
privados de assistência à saúde;
SPC – regula sobre planos de benefícios e previdência privada fechada
(mantida por grupos de trabalhadores mediante contribuições periódicas).

Os intermediários financeiros do Sistema Monetário

Os intermediários financeiros mais importantes no Brasil são os bancos


comerciais e múltiplos e suas caixas econômicas, embora seja comum referir-
se a todos como bancos.

As funções de um banco são:

Intermediação financeira

Transmutação de ativos

Câmara de compensação

Essas funções são realizadas pelos bancos em razão da especialização e da


existência de economia de escala no volume de transações, no processamento
de informações e na administração de carteiras, bem como por imposição
legal. Os bancos também realizam operações acessórias, tais como serviços
de custodia, a corretagem e acessória.
A função da intermediação financeira refere-se a tarefa de deslocar recursos de
unidades superavitárias para unidade deficitárias, fazer uma ponte entre
poupadores e tomadores de recursos. Essa função é feita por meios de
intermediários especializados, e não diretamente entre as unidades, em razão
de economias de escala nas transações, na pesquisa e no processamento de
informações pelos intermediários. A compra e venda de valores mobiliários e
divisas são exemplos desta função.

A função de transmutação de ativos diz respeito a função de transformar ativos


com determinadas características de vencimento, volume, risco de crédito,
risco de preço e liquidez, em outros tipos de ativos com características
diferentes. Por exemplo depósitos a vista de alguns clientes podem ser
transformados num financiamento de um equipamento para outros clientes.

A função de câmara de compensação, é a função de intercediam trocas de


moedas ou de liquidez na economia. Os agentes transferem e fazem
pagamentos pôr intermédio dos bancos.

Fazem parte do sistema financeiro :

O Banco Central do Brasil

O Banco Central do Brasil (BACEN) é um caso atípico financeiro, pois não


pode trabalhar com particulares nem com empresas. O Banco Central Concede
financiamento ao resto do mundo, ao setor publico e a outros intermediários
financeiros. Ao comprar divisas, concede financiamento ao setor externo, já
que as divisas são depositadas em moeda estrangeira emitida pôr bancos de
outros países. O setor publico financia concedendo créditos ao tesouro e
adquirindo divida publica, que posteriormente o BACEN compra e vende,
segundo as necessidades politica monetária. Ele também outorga créditos a
outros intermediários financeiros bancários, mediante créditos especiais.
Os passivos financeiros que o BACEN emite para financiar esses investimentos
são a moeda metálica e o papel moeda de curso legal. Além disso, ela admite
depósitos dos intermediários financeiros do setor público.

As funções do Banco Central

Banco dos bancos: Os bancos comerciais podem querer depositar seus fundos
em algum lugar, e necessitam de um mecanismo para transferir fundos de um
banco para outro. O Banco Central cumpre este papel. Recebe depósitos dos
bancos comerciais e transfere para fundos de um outro banco.

Os bancos comerciais também precisam de fundos líquidos. Uma forma de


conseguir é pedir emprestado ao Banco Central. A taxa de juros que os bancos
comerciais é conhecida como taxa de redesconto.

O Banco Central deve zelar pela estabilidade do sistema bancário. Recusar


novos empréstimos quando necessário e cobrar empréstimos atrasados.

Banco do Governo: Grande parte dos fundos do governo é depositado no


Banco Central. O governo necessita de recursos, ele normalmente emite títulos
e os vende ou ao público ou ao Banco Central, obtendo assim os fundos
necessários.

O Banco Comercial

O banco mantêm partes de seus fundos em efetivo e a outra parte é destinada


a concessão de financiamento para o setor privado, isto é, particulares e
empresas, mediante créditos, empréstimos e aquisição de obrigações e ações,
e para o setor público, de renda fixo a curto e longo prazo. O financiamento é
obtido a partir de depósitos do público e com a emissão de títulos de renda fixa
ou variável.

As Caixas Econômicas

Dada a atual tendência de universalização que amplia cada vez mais o leque
de operações que cada tipo de intermediário financeiro pode legalmente
equiparar aos bancos. De qualquer modo elas estarão especialização na
captação de fundos de pequenos poupadores por meios de depósitos de
poupança . A relativa estabilidade desses passivos permite-lhe conceder
empréstimos a longo prazo numa proporção maior que a do banco.

Os Bancos Múltiplos

Esses bancos podem realizar todas as operações dos bancos comerciais, e


ainda podem realizar outras operações típicas de bancos de investimento,
empresas de crédito imobiliário e financeiras.

Os Intermediários Financeiros

Não-Monetários

Não captam recursos por meio de depósitos à vista, e sim por meios que
caracterizam a chamada quase-moeda: depósitos a prazo, certificados e
recibos de depósitos bancários, letras de câmbio etc. Inclui ainda outros
intermediários, que desenvolvem mais propriamente funções auxiliares, que
promovem um contato direto entre compradores e vendedores de ações,
derivativos e outros títulos imobiliários.

Os intermediários financeiros não-monetários no Brasil são todas as


instituições financeiras com exceções dos bancos. A variedade, o número e a
especialização de cada instituição tem se modificado muito com o longo do
tempo. O mercado financeiro é dividido em segmentos, quase por sua vez
pode ser dividido em subsegmentos. A segmentação pode ser de várias
maneiras como, por produtos: mercado cambial, bursátil, por região, por
clientes mercado e varejo e assim por diante.

No Brasil, a reforma bancária de 1964 segmentou as instituições por área de


atuação. Cada instituição deveria atuar num mercado específico.

Com o passar do tempo, algumas instituições passaram a expandir sua


atuação para áreas fora dos limites planejados. Empresas comerciais tem
cartão de crédito próprio e captam recursos para financiar diretamente suas
vendas.

As principais intermediários financeiros não-monetários são:

Bancos de investimento: financeiras destinadas a canalizar recursos de médio


e longo prazo para a capital fixo ou capital de giro das empresas. Suas fontes
de financiamento são a emissão de certificados de depósitos bancários CDB e
a captação de recursos externo.

Sociedades de crédito financiamentos e investimento: são as chamadas


financeiras, destina-se a financiar a aquisição de bens de consumo duráveis,
através de crédito direto ao consumidor e o capital de giro para pequenas e
médias empresas. Suas fontes de recursos são as letras de câmbio e
empréstimo.

Sociedades de crédito imobiliários: tem a finalidade de proporcionar


financiamentos imobiliários diretamente ao mutuário final ou através de
abertura de crédito a favor de empresários, para empreendimento imobiliários.
Suas fontes de recursos são as letras imobiliários, depósitos de poupança,
repasses da CEF – Caixa Econômica Federal e mais recentemente
empréstimos externos.

Sociedade de crédito mercantil – Empresas de Leasing: destina-se a financiar


operações de locação de bens móveis e imóveis. Compram bens seguido as
instruções de seus clientes podem comprar o bem de leasing por um valor
irrisório. Suas fontes de financiamento são as debêntures e empréstimos.

Sociedade corretoras e distribuidoras: são as instituições auxiliares do sistema


financeiro, operando com a compra e venda de derivativos e títulos de valores
mobiliários.

Existem ainda instituições oficiais como o Banco do Brasil, o Banco Nacional


de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES, e bancos de
desenvolvimento, entre outros, que atuam em todos os mercados.
Autoridades monetárias (Subsistema normativa)

Conselho Monetário Nacional 

O Conselho Monetário Nacional é órgão máximo de todo o sistema financeiro.


Dentre as suas atribuições destacam-se:

autorização da emissão de papel-moeda

fixação dos coeficientes de encaixes obrigatórios sobre os depósitos à vista e a


prazo

regulamentação das operações de redesconto

estabelecimento de diretrizes ao Banco Central para operações com títulos


públicos

aprovação do orçamento monetário elaborado pelo Banco Central

Banco Central do Brasil

O Banco Central do Brasil é o órgão executor da política monetária, além de


exercer a regulamentação e a fiscalização de todas as atividades de
intermediação financeira no País. Dentre as suas atribuições destacam-se:

emissão de moeda

recebimento dos depósitos obrigatório dos bancos comerciais e dos depósitos


voluntários das instituições financeiras em geral

realização de operações de redesconto de liquidez seletivo

as operações de open market

controle de crédito e das taxas de juros

fiscalização das instituições financeiras e a concessão da autorização para seu


funcionamento
administração das reservas cambiais do País

Comissão de valores mobiliários

Está comissão possui caráter normativo. A sua principal atribuição é a de


fiscalizar as bolsas de valores e a emissão de valores mobiliários negociados
nessas instituições, principalmente ações.

Intermediários financeiros (Subsistema de intermediação) 

No subsistema da intermediação financeira existem instituições bancárias. As


primeiras são constituídas pelos bancos comerciais e atualmente também pelo
Banco do Brasil, que deixou de ser autoridade monetária. As demais
instituições de intermediação, além dos bancos comerciais, completam o
sistema financeiro brasileiro.

Banco do Brasil 

Após o Plano Cruzado o Banco do Brasil deixou de ser autoridade monetária


ao perder a conta "Movimento" que lhe permitia sacar, a custo zero, volumes
monetários contra o Tesouro Nacional, e, com essa monetária, atender,
notadamente, as demandas de crédito do setor estatal. Hoje, é
fundamentalmente um Banco Comercial, embora ainda converse algumas
funções que não são próprias de um banco comercial comum, tais como operar
a Câmara de Compensação de Cheques, administrar o Departamento de
Comércio Exterior, além de executar a política dos preços mínimos dos
produtos agropecuários.

Banco comerciais 

A atividade bancária compreende duas funções básicas: a receber depósitos e


efetuar empréstimos. Por lei, os bancos comerciais são obrigados a manter
reservas obrigatórios iguais a certo percentual dos depósitos à vista. Este
percentual é fixado pelo Banco Central do Brasil e faz parte dos instrumentos
que essa instituição dispõe controlar os meios de pagamento.
Os bancos comerciais também mantêm substancial volume de títulos federais ,
estatuais e em muitos casos municipais. Mantêm também encaixes voluntários
no Banco Central, com o intuito de atender a desequilíbrios e momentâneos de
caixa, em geral provocado pelo serviço de compensação de cheques.

Sistema Financeiro de Habitação

O Sistema Financeiros de Habitação, com a extinção do Banco Nacional de


Habitação (criado em 1964), tem na Caixa Econômica Federal seu órgão
máximo, embora atrelada a decisões do Conselho Monetário Nacional.

No Sistema Financeiro de Habitação, encontra-se também as demais caixas e


sociedades de crédito imobiliário.

Bancos de Desenvolvimento

Os bancos de desenvolvimento têm no BNDES a sua principal instituição


financeira de momento. O BNDES foi criada na década de 50 juntamente com
o Banco do Nordeste e o Banco da Amazônia. Antes da década de 60, foi
criado o Banco de Desenvolvimento do Extremo-Sul. Mais tarde, foram criados
bancos estatuais de desenvolvimento, atuando nas atividades econômicas do
País e em particular do Estado sede.

Bancos de Investimento e Companhias de Crédito, Financiamento e


Investimento

Os Bancos de Investimento foram criados para canalizar recursos de médio e


longo prazos para suprimento de capital fixo e de giro da empresas. Eles
operam em um segmento específico do sistema de intermediação financeira.
De maneira geral, são os seguintes as operações dos Bancos de Investimentos

efetuar empréstimos, a prazo mínimo de 1 ano, para financiamento fixo de


capital de giro das empresas

adquirir ações, obrigações ou quaisquer outros títulos e valores mobiliários,


para investimento ou revenda no mercado de capitais
repassar empréstimos adquiridos no exterior

prestar garantias em empréstimos no País ou provenientes do exterior

repassar recursos de instituições oficiais no País, notadamente programas


especiais, tais como Finame, Fipeme, PIS, etc.

As Companhias de Crédito, Financiamento e Investimento começaram a surgir


espontaneamente pós-guerra, em função da mudança observada após a
década de 60, em face de novos prazos de produção e financiamento das
vendas dos bens de consumo duráveis, exigidos pela condição de mercado.
Deste modo, a saída encontrada foi a expansão financeira, muitas delas
pertencem a grupos financeiros, que conseguiram ajustar-se a demanda de
crédito, que exigia prazos mais dilatados do que proporcionais pelo sistema
bancário.

Instituições auxiliares

Além das instituições anteriores, existem uma série de instituições auxiliares


que complementam o sistema financeiro nacional, tais como a Bolsa de
Valores.

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