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1.4.

SISTEMA FISCAL

O poder político ao elaborar a política tributária deve ter em conta se o sistema


tributário é justo, se o Estado trata de maneira igual todos os contribuintes que se
encontra em situação idêntica, e também se está adequado à distribuição da riqueza e ao
desenvolvimento económico, favorecendo a política de estabilização da economia, entre
outros.

Deste modo, começa-se por definir sistema fiscal, como um conjunto de


contribuições e impostos instruídos num dado espaço territorial com o
objectivo de atingir os fins determinados na política fiscal. Pelo que, a essência
de qualquer sistema fiscal são os impostos. (ARSÉNIO, 2014, p. 22).

O Sistema Fiscal é tradicionalmente usado para designar o conjunto de impostos


existentes num determinado Pais. Reportando-se sobretudo à legislação fiscal existente.

Numa perspectiva mais dinâmica e adaptada à realidade política, económica e


social, um sistema fiscal não é mais do que a consequência da necessidade do Estado
obter receitas e do direito do contribuinte apenas pagar de acordo com o que é
estabelecido na lei. (ARSÉNIO, 2014, p. 23 )

De acordo com FREITAS PEREIRA (2011), para além do conjunto de impostos


ordenados de uma forma globalmente coerente em face dos objectivos que se querem
atingir, a noção de sistema fiscal põe em evidência as relações dinâmicas que se
estabelecem entre os elementos de um sistema fiscal, bem como entre outros sistemas,
nomeadamente o económico o social e o político. Assim, o mesmo autor identifica
quatro níveis complementares para a compreensão de um sistema fiscal, os quais
desenvolvemos a seguir:

O plano normativo abrange o conjunto de todas as normas, regulamentos e leis,


que disciplinam os procedimentos relacionados com o imposto. Dada a sua
especificidade, o direito fiscal é o ramo do direito que melhor legisla estas matérias. No
que diz respeito ao plano económico estudam-se as relações entre o sistema fiscal e o
sistema económico, porque na base de um imposto está sempre uma realidade
económica, a que a lei chama de base de incidência, sendo dessa forma transferidos
recursos dos privados para as entidades públicas.

Por sua vez, o plano organizacional é composto pelos serviços centrais, regionais
e locais, os quais estão inseridos num sistema mais vasto o da administração pública, e a
quem compete a tarefa de administrar o imposto. Neste nível inclui-se a análise da
estrutura e funcionamento dos tribunais, não obstante estarem inseridos no sistema
judicial, são um elemento primordial para garantir a eficácia do sistema fiscal. Por
último, o plano psicossociológico, que consiste na aceitação do sistema fiscal pelos
contribuintes, factor crucial para a sua correcta aplicação.
O sucesso e a eficácia de um imposto e o grau de aceitação de um sistema fiscal por
parte dos indivíduos de uma determinada sociedade podem depender do nível e qualidade dos
estudos realizados aos factores sociais que determinam o comportamento dos cidadãos.
(SANDANHA SANCHES, 2007, p. 24).

Um bom sistema fiscal deve obedecer a quatro máximas:

 Igualdade ou Justiça - Os súbditos de todos os Estados devem


contribuir para a manutenção do governo, tanto quanto possível em
proporção das respectivas capacidades, isto é, em proporção do rédito
que respectivamente usufruem sob a protecção do Estado. (…).”
 Certeza -O imposto que todo o indivíduo é obrigado a pagar deve ser
certo e não arbitrário. O tempo de pagamento, o modo de pagamento,
o quantitativo a ser pago, tudo deve ser claro e simples para o
contribuinte e para todas as outras pessoas. (…)
 Comodidade - Todo o imposto deve ser lançado no tempo ou modo
mais provável de ser conveniente para o contribuinte o pagar. (…)
 Economia - Todo o imposto deve ser arquitectado tão bem que tire o
mínimo possível do bolso das pessoas para além do que traz para o
erário público. (…). (SMITH, 1983, p. 485 e ss )

As máximas mencionadas, apesar de há muito terem sido sublinhados por Adam


Smith, assumem ainda semelhanças com os princípios que actualmente devem
caracterizar um sistema fiscal adequado. Assim, deveriam ter em conta a justiça de modo a
assegurar a igualdade de todos os indivíduos perante o imposto, a certeza de forma a eliminar o
arbítrio no lançamento do imposto, a comodidade com vista à simplificação das obrigações
dos contribuintes e a economia com o objectivo de obter as maiores receitas possíveis
com o menor custo.

1.4.1. Princípos de Tributação

Existem algumas regras que ajudam a construir um sistema tributário justo e eficiente.
Alguns estudiosos têm propostos dois principios fundamentais.

O princípio do beneficio, segundo o qual os indivíduos devem ser tributados na


proporção do benefício que recebem dos programas governamentais. Da mesma forma
que as pessoas pagam com o seu dinheiro na proporção do seu consumo privado, os
impostos sobre um indivíduo devem estar relacionados com o seu uso dos bens
colectivos , como as estradas ou os parques naturais públicos.

O princípio da capacidade de pagamento, que estabelece que o montante de impostos


que um indivíduo paga deve estar relacionado com o seu rendimento ou riqueza. Quanto
maiores a riqueza, ou o rendimento, maiores os impostos. Normalmente, os sistemas
tributários organizados de acordo com o princípio da capacidade de pagamento são
também redistributivos, o que significa que colectam fundos dos indivíduos com maior
rendimento para aumentar os rendimentos e consumo dos grupos pobres. Samuelson e
Nordhaus (2012)
O princípio de benefício e da capacidade de pagamento , eles fazem com que a
forma de tributação seja mais equilibrada, igual e justa a fim de que todo o sistema seja
eficiente. E vemos claramente que é preciso adotar uma serie de regras que vão reger
estes princípios.

1.5. CRESCIMENTO ECONÓMICO

Segundo a teoria económica, as economias crescem em torno de uma base exportadora,


com efeitos de encadeamento sobre o mercado interno (Sousa, 2008). O crescimento é a
expansão do Produto Real ao longo do tempo. Se, no curto prazo, agregados tais como o
consumo e gastos do governo são importantes para a expansão do produto, no longo
prazo, o crescimento pode ser dado, por exemplo, pela acumulação de capital, pelas
inovações tecnológicas ou pela elevação da eficiência do trabalho. (Moura et al, 2011).

«O crescimento económico representa a expansão do PIB potencial, ou produto


nacional, de um país. Dito de outro modo, o crescimento económico ocorre quando a
fronteira das possibilidades de produção (FPP) de um país se desloca para fora».
(Samuelson e Nordhaus, 2012, p. 502)

Um conceito estreitamente relacionado é a taxa de crescimento do produto per capita. Isto


determina a taxa a que crescem os níveis de um país.

O conceito de crescimento económico não depende apenas da existência de vantagens como


terra, recursos naturais abundantes, clima favorável e baixos salários, mas da existência de
fontes como o capital físico, o capital humano e a tecnologia e de políticas capazes de elevar a
taxa de crescimento centralizadas nessas fontes (Moura et al, 2011).

Os economistas têm estudado o crescimento económico, e eles dizem que os factores de


crescimento, são:

· Recursos humanos (oferta de trabalhadores, educação, qualificação, disciplina, motivação)

· Recursos naturais (terra, minerais, combustíveis, qualidade ambiental)

· Capital (fábricas, máquinas, estradas, propriedade industrial)

· Progresso tecnológico (ciência, engenharia, gestão, inciativa empresarial). (Samuelson e


Nordhaus, 2012, p.503)
Educação Fiscal e a Pedagogia dos Impostos, 2014, LISETE SOFIA PEDRO ARSÉNIO, Coimbra
2014

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