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As duas guerras mundiais geraram movimentações sociais e políticas bem como as lutas
anticoloniais; bem como a decadência da Europa, a preponderância global dos EUA. A ausência
de radicalidade e a conciliação com as forças do capitalismo, em pleno êxtase neoliberal,
coincidiram com o fim dos socialismos como objetivos salvíficos.
Vivem-se tempos em que se chama democracia a uma rotatividade de gangs políticos que
parasitam os orçamentos; em que a precariedade no trabalho e na vida campeia perante
sindicatos amorfos; em que uma gripe disseminada pelo planeta veio constituir um alicerce
para a criação de uma ordem global mais autoritária e rapace; em que o nariz, em
permanência, se situa a um palmo de um pequeno instrumento de evasão.
Essa massificação reproduz-se, no plano político e eleitoral, numa mole imensa da população
que fica de fora do pleno exercício dos seus direitos políticos, apenas com o solitário direito de
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poder votar em grupos de ungidos e, do não direito a qualquer forma de autogestão e decisão
efetiva; o direito de representação só é permitido aos quadros dos partidos, cuja qualidade e
idoneidade é, bastas vezes, duvidosa.
É nesse mesmo Estado onde atracam as classes políticas, gente sem escrúpulos, verdadeiros
vomitórios de mentiras e manipuladores de consciências, potencialmente corruptos e
traficantes de influências; e também inclui angélicas figuras que acreditam num Moisés que
fez o Mar Vermelho afogar o exército do faraó. Através de leis e despachos, processa-se a
canalização do dinheiro da punção fiscal para capitalistas, por troca com a colocação em
grupos empresariais, de mandarins habilitados no seu papel de traficantes de influências.
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Grupo parlamentar dos venturecos
Perto de uma classe política cirandam jornalistas, que têm de ser próximos do regime para
poderem viver da profissão. E, daí que tenham de estar sempre atentos ao que dimana das
suas chefias, veículos dos interesses da empresa jornalística a que pertencem e, dos grupos de
pressão que se exercem sobre os media. Tudo isso, num sector onde a precariedade é elevada,
tal como o dever de não molestar os “interesses”1.
Na base, em Portugal, está uma população empobrecida, envelhecida, que vende os seus
filhos para a emigração, incapaz de se organizar para se libertar de um empresariato sem
gabarito, que enriquece com subsídios e favores estatais, no âmbito da intermediação
efetuada pelos gangs governamentais e autárquicos, com acesso ao “pote”. Em contrapartida,
nos segmentos da economia menos atrativos para a população local, recorre-se em Portugal a
mão-de obra importada, africana e brasileira que vive nas zonas urbanas; ou, asiática, semi-
escravizada, trabalhando no Sul, na agricultura, em regiões desertificadas e envelhecidas.
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Quando do referendo da regionalização em Portugal, a maioria da classe política era contrária, tal
como acontecia no seio do governo PS (Guterres). Quem escreve estas linhas colaborava num jornal
económico já extinto e era adepto da regionalização; e, nesse contexto perguntou ao diretor se podia
“bater” no governo e na classe política. A resposta foi lapidar: “sim, sem problemas, tenha apenas em
conta alguns empresários…”
2
Centro e periferias (3) – Portugal, uma periferia ibérica
http://grazia-tanta.blogspot.pt/2016/06/centro-e-periferias-3-portugal-uma.html
Demografia na Europa – um mundo de desigualdades (2015-2020)
http://grazia-tanta.blogspot.com/2021/04/demografia-na-europa-um-mundo-de.html
A instrução e o modelo económico para o Sul da Europa (1)
http://grazia-tanta.blogspot.pt/2013/03/a-instrucao-e-o-modelo-economico-para-o.html
Salários e impostos – sua evolução no século XXI
https://grazia-tanta.blogspot.com/2020/06/salarios-e-impostos-sua-evolucao-no.html
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Ainda no referente a Portugal, a gestão estatal, entregue a mafias, tem duas facetas. Numa,
cabem, por exemplo, as condenações de autarcas de Figueiró dos Vinhos que pretenderam
utilizar os fundos destinados às vítimas dos fogos de 2017 para benefício próprio; ou o caso de
um tal Vara, ligado ao PS. Se tivessem outro estatuto político estariam presos? Na outra faceta,
prisão é o que se não prefigura para um burlão de alto quilate - Ricardo Salgado - que vive,
confortável, desde a falência do BES em 2014 e, tudo indica que nunca será preso; deverá
estar escudado nas muitas “estórias” que poderá revelar sobre os gangsters dos partidos do
“arco da governação”.
Nesse caldo de baixa cultura surgem vidinhas do espetáculo e do verbo redondo, como um tal
Ventura que passou do comentário futebolístico para führer de um partido fascista, o Chega 3;
uma emanação semelhante ao Vox espanhol, ao AfD alemão, ao Fidez húngaro, ao PiS polaco,
à União Nacional de Marine Le Pen, entre outras excrescências.
3
É, sem dúvida, significativo que o regime não tenha excluído o Chega e tenha esquecido as próprias
normas constitucionais. A evidente degenerescência do regime
Artº 46 nº 4 - Não são consentidas ... organizações racistas ou que perfilhem a ideologia fascista.
Artº 160º - 1. Perdem o mandato os Deputados que: ... d) ...ou por participação em organizações racistas ou que
perfilhem a ideologia fascista.
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Perante estas atuações, não admira que tenha surgido um partido liberal (IL) preenchido por
empresários, obviamente pressionantes ansiosos para morder o Orçamento.
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