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Cabeamento Estruturado

Autor: Prof. Antônio Palmeira


Colaboradores: Profa. Elisângela Mônaco
Prof. José Carlos Morilla
Professor conteudista: Antônio Palmeira

Mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Paulista – UNIP (2013). Especialista em Gestão da Tecnologia
da Informação pelo Centro Universitário Uninassau em Pernambuco (2010), Engenheiro de Telecomunicações pela
Universidade de Pernambuco (2008). Profissional certificado em ITIL v3 Foundation e COBIT v4.1 Foundation.

Professor das disciplinas de Tecnologia da Informação dos cursos de graduação (presencial e a distância) em Gestão
de TI do Centro Universitário do Senac. Professor de disciplinas de Tecnologia da Informação e Redes de Computadores
na Universidade Paulista – UNIP. Professor de disciplinas técnicas de Telecomunicações do Instituto Técnico de Barueri.

Tem experiência de mais de dez anos em Gestão e Governança de TI e na prestação de serviços de TI a empresas
do segmento financeiro e concessionárias de serviços de telecomunicações.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

P172c Palmeira, Antonio.

Cabeamento Estruturado. / Antonio Palmeira. – São Paulo:


Editora Sol, 2017.

172 p., il.

Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e


Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXIII, n. 2-064/17, ISSN 1517-9230.

1. Cabeamento estruturado. 2. Eletricidade. 3. Cabos metálicos.


I. Título.

CDU 621.315.2

© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
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Material Didático – EaD

Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)

Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos

Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto

Revisão:
Carla Moro
Ana Fazzio
Sumário
Cabeamento Estruturado

APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................9
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................9

Unidade I
1 ELETRICIDADE.................................................................................................................................................... 11
1.1 Eletricidade básica................................................................................................................................ 11
1.1.1 Conceitos básicos......................................................................................................................................11
1.1.2 Resistência elétrica e condutância elétrica................................................................................... 13
1.1.3 Correntes e tensões elétricas.............................................................................................................. 15
1.1.4 Circuitos elétricos.................................................................................................................................... 16
1.1.5 Indução eletromagnética..................................................................................................................... 17
1.1.6 Instrumentos de medidas elétricas.................................................................................................. 17
1.2 Sistemas de proteção elétrica.......................................................................................................... 19
1.2.1 Instalações elétricas .............................................................................................................................. 19
1.2.2 Segurança em instalações elétricas ................................................................................................ 20
1.2.3 Aterramento ............................................................................................................................................. 21
2 MEIOS DE TRANSMISSÃO NAS REDES DE COMPUTADORES.......................................................... 23
2.1 Elementos das redes de computadores........................................................................................ 23
2.1.1 Histórico e conceitos básicos em redes de dados e cabeamento........................................ 23
2.1.2 Protocolos e modelos de rede............................................................................................................ 24
2.1.3 Classificação das redes de computadores..................................................................................... 29
2.1.4 Arquiteturas e topologias de rede.................................................................................................... 31
2.1.5 Equipamentos e dispositivos de rede.............................................................................................. 32
2.1.6 Ethernet....................................................................................................................................................... 36
2.2 Meios de transmissão.......................................................................................................................... 37
2.2.1 Conceitos básicos em meios físicos.................................................................................................. 37
2.2.2 Tipos de meios físicos............................................................................................................................. 38
2.2.3 Efeitos indesejáveis nos meios físicos............................................................................................. 40
2.2.4 Proteção elétrica para o sistema de cabeamento de redes.................................................... 40
2.2.5 Diferenças entre compatibilidade eletromagnética e
interferência eletromagnética....................................................................................................................... 44

Unidade II
3 CABOS METÁLICOS.......................................................................................................................................... 49
3.1 Cabos coaxiais......................................................................................................................................... 49
3.1.1 Histórico e evolução............................................................................................................................... 49
3.1.2 Construção de um cabo coaxial........................................................................................................ 49
3.1.3 Propriedades e vantagens dos cabos coaxiais............................................................................. 50
3.1.4 Tipos e categorizações de cabos coaxiais...................................................................................... 51
3.1.5 Conectores de cabos coaxiais............................................................................................................. 53
3.1.6 Uso de cabos coaxiais em redes de computadores.................................................................... 55
3.2 Cabos de pares trançados.................................................................................................................. 57
3.2.1 Histórico e introdução........................................................................................................................... 57
3.2.2 O cabo de par trançado e a sua topologia.................................................................................... 60
3.2.3 Tipos de cabos de pares trançados................................................................................................... 60
3.2.4 Categorias de cabos de pares trançados........................................................................................ 62
3.2.5 Conectores para cabos de pares trançados................................................................................... 64
4 FIBRA ÓPTICA..................................................................................................................................................... 68
4.1 Conceitos.................................................................................................................................................. 68
4.1.1 Histórico das comunicações ópticas................................................................................................ 68
4.1.2 Vantagens das comunicações ópticas............................................................................................. 69
4.1.3 Natureza da luz........................................................................................................................................ 70
4.1.4 Propagação da luz em uma fibra óptica........................................................................................ 71
4.2 Tipos de fibras ópticas e conectores.............................................................................................. 74
4.2.1 Fibra óptica multimodo......................................................................................................................... 74
4.2.2 Fibra óptica monomodo........................................................................................................................ 74
4.2.3 Conectores ópticos.................................................................................................................................. 75

Unidade III
5 NOÇÕES DE CABEAMENTO ESTRUTURADO........................................................................................... 79
5.1 Histórico e introdução do cabeamento estruturado.............................................................. 79
5.1.1 Histórico e conceitos de cabeamento estruturado.................................................................... 79
5.1.2 Categorias e classes de desempenho............................................................................................... 82
5.1.3 Subsistemas de cabeamento estruturado e seus espaços relacionados........................... 83
5.2 Normas de cabeamento estruturado............................................................................................ 85
5.2.1 Organizações padronizadoras............................................................................................................. 85
5.2.2 Normas ANSI/TIA para cabeamento estruturado....................................................................... 86
5.2.3 Normas ISO/ABNT para cabeamento estruturado...................................................................... 87
6 SUBSISTEMAS DE CABEAMENTO ESTRUTURADO............................................................................... 88
6.1 Subsistema de cabeamento horizontal........................................................................................ 88
6.1.1 Introdução.................................................................................................................................................. 88
6.1.2 Componentes do cabeamento horizontal..................................................................................... 89
6.1.3 Métodos de interconexão..................................................................................................................... 91
6.1.4 Ponto de consolidação e tomadas de telecomunicações multiusuários ......................... 93
6.1.5 Cabeamento óptico horizontal.......................................................................................................... 96
6.2 Subsistema de cabeamento vertical.............................................................................................. 99
6.2.1 Introdução.................................................................................................................................................. 99
6.2.2 Cabeamento de backbone de edifício...........................................................................................101
6.2.3 Cabeamento de backbone de campus..........................................................................................103
Unidade IV
7 ESPAÇOS EM SISTEMAS DE CABEAMENTO ESTRUTURADO..........................................................109
7.1 Área de trabalho..................................................................................................................................109
7.1.1 Introdução................................................................................................................................................109
7.1.2 Especificações da área de trabalho..................................................................................................111
7.2 Espaços de telecomunicações........................................................................................................112
7.2.1 Sala de telecomunicações..................................................................................................................112
7.2.2 Sala de equipamentos.........................................................................................................................117
7.2.3 Infraestrutura de entrada................................................................................................................... 119
7.2.4 Requisitos importantes nos espaços de telecomunicações................................................ 123
8 IMPLEMENTAÇÃO DO CABEAMENTO ESTRUTURADO.....................................................................123
8.1 Testes e certificação do cabeamento estruturado.................................................................123
8.1.1 Testes do cabeamento de par metálico....................................................................................... 123
8.1.2 Testes do cabeamento de par metálico: wiremap, comprimento
e perda de inserção......................................................................................................................................... 124
8.1.3 Testes do cabeamento de par metálico: diafonia.................................................................... 126
8.1.4 Testes do cabeamento de par metálico: outros testes...........................................................131
8.1.5 Testes de campo.................................................................................................................................... 133
8.1.6 Testes do cabeamento óptico.......................................................................................................... 135
8.2 Práticas de instalação e gerenciamento do cabeamento estruturado..........................138
8.2.1 Projetos em cabeamento estruturado.......................................................................................... 138
8.2.2 Metodologia para gerenciamento de projetos..........................................................................141
8.2.3 Práticas de instalação do cabeamento estruturado com pares trançados................... 146
8.2.4 Práticas de instalação do cabeamento estruturado com fibras ópticas........................ 148
8.2.5 Encaminhamento de cabos.............................................................................................................. 150
8.2.6 Administração do cabeamento estruturado.............................................................................. 153
APRESENTAÇÃO

O objetivo desta disciplina é apresentar as principais normas para a construção do cabeamento


estruturado nos mais diversos ambientes, incluindo subsistemas, espaços e recursos.

A fim de propiciar um melhor entendimento sobre os meios físicos que utilizam condutores metálicos,
serão abordados os conceitos de eletricidade e de instalações elétricas. Essas abordagens apresentarão
conceitos de corrente, tensão, potência e resistência elétrica, destacando questões voltadas para o
aterramento e a blindagem de cabos.

Ao ler este livro-texto, espera-se que o aluno não somente tome conhecimento de normas de
cabeamento estruturado, mas também perceba a importância do seu uso estratégico nas redes de
computadores, principalmente sob o aspecto prático.

Inicialmente, serão mencionados os conceitos básicos que envolvem eletricidade e instalações


elétricas, com ênfase nas grandezas elétricas, na utilização da proteção elétrica e todos os aspectos
relacionados ao cabeamento de redes. Ainda, serão retomados os conceitos básicos de redes de
computadores e seus elementos, com destaque especial para os meios físicos de transmissão.

Em seguida, retomaremos o estudo dos meios físicos, agora com maior grau de detalhamento para
os meios confinados. Falaremos sobre os meios físicos que utilizam condutores metálicos e faremos um
estudo sobre as fibras ópticas.

Também trataremos do cabeamento estruturado propriamente dito e as suas normas. Primeiro, será
apresentado um histórico, os conceitos principais, as normas, as categorias e as classes de desempenho.
Depois, entraremos nos subsistemas de cabeamento estruturado vertical e horizontal.

Por fim, abordaremos os espaços de telecomunicações e os aspectos referentes à implementação


do cabeamento estruturado. Os espaços de telecomunicações mencionados serão as salas de
telecomunicações e de equipamentos, além da infraestrutura de entrada. Na implementação do
cabeamento estruturado, serão destacadas as práticas de instalação, além dos testes e da certificação
do cabeamento estruturado, conforme padrões internacionais.

Esperamos que você tenha uma boa leitura e se sinta motivado a ler e conhecer mais sobre
cabeamento estruturado não somente por meio deste material, mas também procurando a bibliografia
sugerida, além das normas vigentes.

Boa leitura!

INTRODUÇÃO

Atualmente, são cada vez mais escassos os processos de negócio ou as rotinas de nosso dia a dia que
não façam uso de uma ferramenta tecnológica. Essas ferramentas estão ligadas em rede e à internet,
fazendo com que esses recursos se revelem com uma considerável importância para a sociedade.
9
As redes, chamadas de redes de computadores, são formadas por quatro elementos básicos: as
mensagens, os protocolos, os dispositivos e os meios físicos. Este último precisa receber uma grande
atenção sob pena de afetar o desempenho, a qualidade e a eficiência dos projetos e da implementação
de redes de computadores, principalmente as redes locais, conhecidas como LAN (Local Area Network).

Durante um bom tempo, o cabeamento para as redes de comunicação de voz era distinto das redes
de comunicação de dados. Os cabos utilizados nas redes de telefonia (voz), embora fossem de pares
metálicos, não eram obrigatoriamente trançados e seguiam padrões próprios diferentes do padrão de
cabeamento estruturado. As primeiras redes de comunicação de dados utilizavam os cabos coaxiais e se
apresentavam com uma realidade totalmente diferente da contemplada nos dias de hoje.

Com a evolução da tecnologia ethernet em camadas de enlace e física, mais especificamente com
uso dos cabos de pares trançados metálicos, o padrão de cabeamento estruturado com características
modernas foi se desenvolvendo. Isso favoreceu a ideia de um sistema de cabos e hardwares de conexão,
atendendo a todos os tipos de comunicação, seja de voz, seja de dados.

Hoje, o padrão de cabeamento estruturado unifica processos, normas e práticas para projetos
de implementação de meios físicos confinados em uma LAN, mesmo com a presença de múltiplas
infraestruturas e dos mais variados protocolos em todas as camadas mais superiores dos modelos
de rede.

10
CABEAMENTO ESTRUTURADO

Unidade I
1 ELETRICIDADE

1.1 Eletricidade básica

1.1.1 Conceitos básicos

Eletricidade é uma forma de energia. Em grande parte, o estudo da


eletricidade se ocupa em aprender formas de se controlar a energia
elétrica. Quando controlada corretamente, a eletricidade pode fazer
muito do trabalho exigido para manter a nossa sociedade em pleno
funcionamento. Porém, quando não controlada, como no caso dos raios,
a energia elétrica pode ser muito destrutiva. Ela é parte tão inseparável
de nossas vidas diárias que frequentemente pensamos nela como um
recurso infinito e inesgotável. Ainda, sem ela, nossa vida seria bem
diferente e muito mais difícil do que realmente é no cotidiano. A energia
elétrica ilumina nossos lares e indústrias, faz funcionar computadores,
rádios, telefones celulares, salas de TV, e fornece a potência necessária
aos motores de máquinas de lavar, secadores de roupas, aspiradores de
pó, e assim por diante. É um exercício difícil de imaginar um lar que
não utilize energia elétrica para o seu funcionamento diário (FOWLER,
2013, p. 1).

Além de todas essas constatações positivas do uso da eletricidade, é possível também afirmar que,
graças a ela, ocorre a comunicação de dados em uma rede de computadores por meio de um cabo
construído a partir do cobre.

Assim como o cobre, toda matéria é constituída de minúsculas partículas chamadas de


átomos. Estes, por sua vez, são compostos de: partículas subatômicas positivas (chamadas
de prótons); partículas subatômicas negativas (chamadas de elétrons); e partículas neutras
(chamadas de nêutrons).

Os prótons e os nêutrons encontram-se no núcleo do átomo, e os elétrons giram ao redor do núcleo.


A figura a seguir apresenta a estrutura de um átomo:

11
Unidade I

Elétrons Núcleo

Figura 1 – Os elétrons e o núcleo de um átomo

Alguns átomos têm a capacidade de ceder ou de receber elétrons de outros átomos, criando um
fluxo de elétrons entre corpos. Essa transferência acaba por gerar um desequilíbrio de cargas positivas
e negativas em um determinado corpo. Assim, os corpos que possuem a mesma carga (considerando
ambos positivos ou ambos negativos) se repelem, ao passo que corpos com cargas opostas se atraem.

A figura a seguir mostra a ação dessas forças:

- - + + + -
Figura 2 – Os elétrons e o núcleo de um átomo

A diferença entre a quantidade de prótons e de elétrons em um corpo determina a quantidade


da carga elétrica, que tem a propriedade de exercer uma força em um campo de eletricidade estática
(chamado de campo eletrostático). Dessa forma, a carga elétrica realiza um trabalho ao deslocar outra
carga por meio de uma repulsão (se as cargas forem iguais) ou de uma atração (se as cargas forem
diferentes). A capacidade de deslocar cargas é chamada de potencial elétrico.

Observação

Segundo Fowler (2013), o trabalho é uma grandeza que mede a energia


entregue a um corpo por um sistema. Já a energia expressa a capacidade
de executar o trabalho por parte do sistema.

A diferença entre o potencial de cargas é chamada de diferença de potencial elétrico, conhecida


como ddp. A diferença de potencial elétrico entre dois pontos é conhecida por tensão elétrica,
popularmente mencionada como voltagem, devido a sua unidade de medida ser o Volt (V).

12
CABEAMENTO ESTRUTURADO

O fluxo de elétrons, gerado a partir de um ddp, é chamado de corrente elétrica e é representado pela
unidade fundamental Ampere (A). Em materiais condutores metálicos, verifica-se uma corrente elétrica
com deslocamento de cargas negativas do potencial menor para o potencial maior.

Quando utilizado como meio físico de comunicação em uma rede de computadores, um cabo de
cobre, que é um material condutor, transporta a informação por meio da corrente elétrica, de forma
instantânea, com velocidade próxima ao valor de 300.000 quilômetros por segundo (velocidade da luz).
Fazendo uma comparação com o deslocamento de água em um cano, é como se a água percorresse
aproximadamente 300.000 quilômetros em praticamente 1 segundo.

Outra interessante grandeza utilizada em eletricidade é a potência elétrica, que especifica a


quantidade de trabalho realizado por cargas elétricas. A unidade de medida da potência é dada em
Watt (W) e seus submúltiplos (Kw, MW, GW). Essa unidade de medida é uma homenagem ao cientista
James Watt.

Observação

As grandezas tensão elétrica, corrente elétrica e potência elétrica são


consideradas fundamentais no estudo da eletricidade e em qualquer que
seja a sua aplicação.

1.1.2 Resistência elétrica e condutância elétrica

Além das grandezas fundamentais elétricas já vistas, há a resistência como resultado da característica
que todo material possui: a resistividade, ou resistência específica, que é representada pela letra grega
ρ (lê‑se rho).

A partir da resistividade, encontra-se a resistência elétrica, que diz respeito à oposição exercida à
passagem da corrente elétrica. Isso se dá porque os elétrons encontram uma dificuldade natural em se
deslocar, isto é, movimentarem-se pelas estruturas atômicas dos materiais.

A letra R é utilizada para representação da resistência, que tem como unidade de medida o ohm (Ω).
Lembrando que o seu valor está sempre relacionado à natureza dos materiais, sua temperatura e suas
dimensões. Ao mencionar dimensões, afirma-se que o modo de se encontrar a resistência elétrica é:

L
R  
A

Quando mencionamos um determinado cabo, o valor de sua resistência elétrica é encontrado a


partir do cálculo da equação anterior, envolvendo o valor de L (medida de comprimento), o valor de A
(medida área de seção transversal) e ρ (resistividade).

13
Unidade I

O cálculo da resistência também pode ser obtido por meio da Primeira Lei de Ohm. Essa lei enuncia
que um bipolo passivo (dispositivo de dois terminais) consome a energia elétrica fornecida por uma
fonte de tensão elétrica, provocando uma queda de potencial no circuito elétrico.

Dessa forma, tem-se:

Resistência = (tensão elétrica).(corrente elétrica)

Em consequência da resistência encontrada nos corpos, o impacto causado pelos elétrons nos
átomos gera uma transferência da energia para os elétrons, causando grande agitação e consequente
aumento da temperatura. O aumento de temperatura, em consequência da passagem dos elétrons, é
conhecido como efeito Joule.

O dispositivo utilizado em eletricidade que possui uma resistência fixa, sob condições normais,
recebe o nome de resistor. Um bom exemplo de uso de resistores é no chuveiro elétrico, composto de
um resistor, que, ao deixar-se percorrer por uma corrente elétrica, aquece-se e faz com que a água
também seja aquecida.

A figura a seguir apresenta a simbologia de um resistor:

Figura 3 – Simbologia de um resistor

Diametralmente oposta à resistência está a condutância, considerada outra característica importante


que informa a facilidade com que uma corrente elétrica circula por um corpo. A condutância é o inverso
da resistência.

Aqueles materiais que possuem alta condutância elétrica (consequentemente baixa resistência
elétrica) são chamados de condutores. Entre exemplos de condutores estão o cobre, o alumínio e a prata,
cada um deles com suas diferenças e particularidades.

De forma inversa, existem os materiais isolantes que possuem altos valores de resistência para
passagem da corrente elétrica; no entanto, não se pode afirmar que não há a passagem de poucos
elétrons, ou seja, um pouco de condutância. Entre exemplos de isolantes estão o papel, a madeira, o
plástico, a borracha, o vidro e a mica.

Considerados como um meio termo entre condutores e isolantes, estão os semicondutores.


Estes não podem ser considerados nem bons condutores, nem bons isolantes. Sob determinadas
condições, eles se apresentam com uma condutância considerável, sendo extremamente
importantes para o desenvolvimento dos dispositivos eletrônicos. Os principais semicondutores
são o silício e o germânio.

14
CABEAMENTO ESTRUTURADO

1.1.3 Correntes e tensões elétricas

As correntes e tensões elétricas podem ser contínuas ou alternadas. Na forma contínua, conhecida
por CC ou DC, o valor de tensão ou de corrente não varia a polaridade (sentido) com o decorrer do
tempo. Na forma alternada, conhecida por CA ou AC, o valor de tensão ou de corrente varia a polaridade
(sentido) com o decorrer do tempo.

A geração de tensão elétrica pode ocorrer de diversas maneiras, sempre considerando que há uma
transformação de uma forma de energia em outra, produzindo, assim, um desequilíbrio de elétrons
entre dois terminais.

As principais fontes de tensão elétrica contínua são as pilhas e as baterias. Elas possuem uma
diferença de potencial elétrico entre os seus polos, a partir das reações químicas, e são capazes de gerar
uma corrente elétrica para um circuito elétrico interligado aos seus polos.

A forma mais simples de geração de uma tensão elétrica alternada é por meio de um gerador, que
converte a energia mecânica em energia elétrica. Essa energia mecânica pode ser oriunda da queima de
um combustível, por exemplo, da energia térmica ou do giro de uma turbina em uma usina hidroelétrica.

A figura a seguir mostra gráficos de correntes e tensões contínuas e alternadas, com a simbologia
das respectivas fontes de alimentação:

Tempo Tempo
0 0

-
V
+

-I -V
Corrente cc Tensão cc

Tensão ca Corrente ca

V I
+ +
+ +
0 0
- Tempo -
- -

Figura 4 – Correntes e tensões CC e CA

15
Unidade I

Observação

A tensão elétrica de fornecimento pela concessionária de energia


elétrica para uma residência é sempre alternada.

1.1.4 Circuitos elétricos

Um circuito elétrico é um caminho fechado por onde circula uma corrente elétrica. É composto
de fonte de tensão, condutores, carga e instrumento de controle, conforme pode ser visto na
figura a seguir:
Condutor

+
Fonte de Carga
tensão (resistor)
-

Controle (chave)
Condutor

Figura 5 – Circuito elétrico

No circuito elétrico apresentado, encontra-se uma fonte de tensão contínua (uma bateria) que vai
produzir um fluxo de corrente elétrica. Também há uma carga, que é um resistor, além de um condutor
e uma chave liga-desliga do circuito.

Outros circuitos podem ser construídos com um maior grau de complexidade. Não obstante,
a sua composição segue a ideia do mais elementar dos circuitos (formados por fonte, carga,
condutores e controle).

Saiba mais

Para conhecer um pouco mais sobre eletricidade, circuitos elétricos e


grandezas elétricas, leia:

FOWLER, R. Fundamentos de eletricidade: corrente contínua e


eletromagnetismo. 7. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2013. v. 1.

16
CABEAMENTO ESTRUTURADO

1.1.5 Indução eletromagnética

Qualquer carga elétrica em movimento, ou seja, produzindo um fluxo de corrente elétrica, gera
um campo magnético. Essa realidade é facilmente percebida quando um condutor, conduzindo uma
corrente elétrica, é capaz de formar um campo magnético circular (ao seu redor).

Assim como uma corrente elétrica variável tem a capacidade de gerar um campo magnético, um
campo magnético tem a capacidade de gerar uma corrente elétrica por meio de um fenômeno chamado
de indução eletromagnética.

A corrente elétrica, gerada por um campo magnético, é provocada pela tensão elétrica induzida
no condutor. Essa tensão é conhecida por força eletromotriz e é a base para o entendimento de
toda a formação da corrente alternada, além da teoria que cerca a transmissão em meios sem fio e
todos os processos relacionados às interferências eletromagnéticas sofridas pelos cabos utilizados
nas redes de computadores.

Por esse motivo é que um cabo utilizado em redes de computadores, quando submetido à ação de
campos eletromagnéticos (formado por campos elétricos e magnéticos), pode ter as transmissões de
seus sinais com falhas devido aos ruídos e interferências, causando a degradação dos sinais.

1.1.6 Instrumentos de medidas elétricas

As grandezas elétricas devem ser medidas utilizando-se instrumentos adequados para tal uso,
que podem ser digitais ou analógicos (estes quase em desuso). Um instrumento de medida analógico
apresenta a sua leitura por meio de um ponteiro defletindo sobre uma escala gradual. Um medidor
digital apresenta a sua leitura em um display, normalmente com um valor de fundo de escala.

A figura a seguir apresenta um instrumento de medida analógico.

Figura 6 – Instrumento de medida analógico

17
Unidade I

A figura a seguir apresenta um instrumento de medida digital:

Figura 7 – Instrumento de medida digital

Uma importante característica de um instrumento de medida é a resolução, ou seja, a menor medida


distinguida pelo instrumento. No caso de medidores analógicos, a resolução é a menor divisão da escala.
No caso de medidores digitais, a resolução é o dígito menos significativo.

Os principais instrumentos de medidas são:

• Voltímetro: utilizado para medidas de tensão elétrica.


• Ohmímetro: utilizado para medidas de resistência elétrica.
• Amperímetro: utilizado para medidas de corrente elétrica.
• Frequencímetro: utilizado para medida de frequência.
• Wattímetro: utilizado para medidas de potência elétrica.
• Osciloscópio: utilizado para medir as mais diversas grandezas elétricas por meio da leitura da
forma de onda.

Observação

Com um osciloscópio é possível medir uma tensão elétrica, inclusive a


tensão média e eficaz quando se trabalha com uma corrente alternada. No
entanto, é comum a utilização de um multímetro, que executa as funções
de ohmímetro, voltímetro e amperímetro.

18
CABEAMENTO ESTRUTURADO

A figura a seguir apresenta um multímetro digital:

Figura 8 – Multímetro digital


1.2 Sistemas de proteção elétrica

1.2.1 Instalações elétricas

Conforme mencionado anteriormente, o circuito elétrico é um caminho fechado no qual circula


uma corrente elétrica. Quando uma série desses circuitos está inter-relacionada e tem um determinado
objetivo, forma-se um sistema elétrico. Uma instalação elétrica é um sistema elétrico formado por
componentes que conduzem e não conduzem uma corrente elétrica.

Os principais componentes de uma instalação elétrica são:

• Equipamento elétrico: considerado uma unidade funcional, completa e distinta, que exerce
funções de geração, transmissão, distribuição ou utilização de energia elétrica. Os equipamentos
podem ser fixos, estacionários, portáteis, manuais.

• Aparelho elétrico: estão incluídos os aparelhos de medição, os aparelhos eletrodomésticos


(geladeiras, liquidificadores, dentre outros), os aparelhos eletroprofissionais (computadores,
impressoras, dentre outros) e os de iluminação (lâmpadas, luminárias e seus acessórios).

• Linha elétrica: constituída por um ou mais condutores e os seus elementos de fixação e suporte,
além de todas as proteções mecânicas necessárias.

19
Unidade I

• Dispositivo elétrico: considerado equipamento integrante de um circuito elétrico, com a finalidade


de executar manobras, comando, controles ou proteções elétricas.

• Carga elétrica: além de expressar valor em eletricidade, pode ser compreendido como um
equipamento que absorve potência elétrica.

Em uma instalação elétrica, os circuitos são formados pelos condutores elétricos, dispositivos
interligados, dispositivos de proteção, dispositivos de comando, tomadas de corrente, dentre outros.
Esses circuitos precisam prezar pela prevenção de faltas elétricas, além de facilitar inspeções, ensaios e
manutenção, evitando todos os perigos oriundos de falhas.

1.2.2 Segurança em instalações elétricas

Qualquer atividade biológica, seja glandular, nervosa, ou muscular, é


estimulada ou controlada por impulsos de corrente elétrica. Se essa
corrente fisiológica interna somar-se a outra corrente de origem externa,
devido a um contato elétrico, ocorrerá no organismo humano uma
alteração das funções vitais normais que, dependendo da duração da
corrente, pode levar o indivíduo à morte. Os principais efeitos que uma
corrente elétrica (externa) produz no corpo humana são tetanização,
parada respiratória, queimadura e fibrilação ventricular. A tetanização
é um fenômeno decorrente da contração muscular produzida por uma
corrente elétrica. Verifica-se que sob a ação de um estímulo, devido a
uma ddp em uma fibra muscular, o músculo se contrai e, em seguida,
retorna ao estado de repouso. Se houver um segundo estímulo antes
do repouso os dois efeitos poderão somar-se. Diversos estímulos
simultâneos produzem contrações repetidas do músculo, de modo
progressivo; é chamada de contratação tetânica. Quando a frequência
dos estímulos ultrapassa certo limite, o músculo é levado à contração
completa e permanece nessa condição até que cessem os estímulos,
retornando lentamente ao estado de repouso (COTRIM, 2003, p. 96).

Um dos principais motivadores para o cuidado e a segurança na operação de dispositivos e recursos


em instalações elétricas é o risco do choque elétrico, principalmente a partir do crescimento exponencial
de aplicações e utilizações da energia elétrica nas últimas décadas.

O choque elétrico é caracterizado como uma perturbação provocada no homem ou animal,


quando percorrido por uma corrente elétrica, gerando uma série de efeitos indesejáveis, alguns deles
já colocados anteriormente.

Os estudos sobre os perigos da corrente elétrica para os seres humanos iniciaram-se em 1930, com
o objetivo de mapear o nível de periculosidade da corrente elétrica em animais e humanos.

20
CABEAMENTO ESTRUTURADO

Entretanto, foi em 1974 que um grupo de estudiosos da engenharia elétrica, após longas pesquisas,
publicaram o primeiro documento internacional contendo orientações básicas para proteção contra
choques elétricos em instalações elétricas. Esse documento é conhecido como a publicação 479 da
Comissão Internacional de Eletrotécnica (IEC) e foi a base para a criação da norma brasileira NBR 6533
sobre proteção contra choques elétricos.

Todo choque elétrico gera, em maior ou menor intensidade, o desenvolvimento de calor devido
ao efeito Joule (esse efeito demonstra o calor gerado a partir de um fluxo de elétrons), podendo
produzir queimaduras, dependendo, é claro, da densidade de corrente elétrica e do tempo de ação no
organismo humano.

Os efeitos gerados pelo choque elétrico devem ser considerados a partir do entendimento de que
o corpo humano é composto de forma heterogênea de líquidos e tecidos orgânicos de resistividade
variável. Os valores mais altos são encontrados na pele, no tecido ósseo e no tecido adiposo.

Além das condições ambientais, as condições fisiológicas também influenciam nos efeitos
do choque porque estão relacionadas à resistência do corpo humano, que é variável. Dentre
os fatores, é possível considerar: estado da pele; local do contato; área de contato; pressão de
contato; duração do contato; natureza do contato; taxa de álcool no sangue; tensão elétrica
do choque.

As normas estabelecem uma série de ações para a prevenção e o consequente aumento da segurança.
Dentre elas: isolação das partes vivas (energizadas); barreiras e invólucros de proteção; obstáculos;
colocação fora do alcance das pessoas; dispositivos de proteção à corrente diferencial-residual; utilização
de esquemas de aterramento elétrico.

Saiba mais

Para conhecer um pouco mais sobre os perigos da eletricidade e dos


choques elétricos, leia:

COTRIM, A. A. M. B. Instalações elétricas. 4. ed. São Paulo: Pearson, 2003.

1.2.3 Aterramento

Para entender o aterramento como peça fundamental em qualquer instalação elétrica, é preciso
compreender que a terra (solo) é um condutor desejado pela corrente elétrica, ou seja, para onde ela
sempre tenta fluir. A tabela a seguir apresenta a condutividade de alguns solos:

21
Unidade I

Tabela 1 – Condutividade dos solos

Natureza do solo Resistividade (0hm / metro)


Solos alagadiços / pantanosos 5 a 30
Lodo 20 a 100
Húmus 10 a 150
Argila plástica 50
Margas e argilas compactas 100 a 200
Areia argilosa 50 a 500
Areia silicosa 200 a 3.000
Solo pedregoso nu 1.500 a 3.000
Solo pedregoso com relva 300 a 500
Calcáreos moles 100 a 400
Calcáreos compactos 1.000 a 5.000
Calcáreos fissurados 500 a 1.000
Xisto 50 a 300
Micaxisto 800
Granito / Arenito 100 a 10.000

Fonte: Fowler (2013, p. 112).

Lembrete

A resistência elétrica é a oposição exercida à passagem da corrente elétrica.

O aterramento é a interligação intencional do sistema elétrico ao solo realizada por meio de um


condutor elétrico. Os três tipos de aterramento conhecidos são:

• Aterramento funcional: obtido por meio da ligação de um condutor (normalmente o neutro) do


sistema elétrico à terra.

• Aterramento de proteção: obtido por meio da ligação das estruturas metálicas e metais condutores
à terra.

• Aterramento de trabalho: obtido por meio da interligação temporária do sistema elétrico à terra.

Os principais fatores e aspectos ligados ao aterramento são:

• Eletrodo de aterramento: é o condutor ligado diretamente à terra, por onde transita a corrente elétrica.

• Tensão de aterramento: é a ddp encontrada entre o ponto em que se situa o eletrodo e a distância
nula de potencial.

22
CABEAMENTO ESTRUTURADO

• Resistência de aterramento: é o valor encontrado a partir da divisão da tensão de aterramento e


a corrente que flui pelo eletrodo até a terra. Esse aspecto dependerá da resistividade do solo.

Em um sistema de comunicação devem ser aterrados o cabo blindado e os dispositivos


utilizados nos processos de transmissão. O motivo da execução do aterramento do cabo blindado
é a garantia de que os sinais conduzidos por meio da corrente elétrica não sofram interferências
de campos eletromagnéticos.

Os equipamentos de telecomunicações devem ser aterrados em um barramento conectado a um


cano de metal e um bastão de aterramento fincado na terra com uma profundidade de pelo menos 2,5
metros. O eletrodo condutor do aterramento é interligado ao plugue de energia padrão em uma das
conexões de pino.

Exemplo de aplicação

O aterramento é de grande importância em todo tipo de instalação elétrica, inclusive


as residências. Durante um bom tempo, no Brasil, as instalações elétricas em residências não
contavam com sistema de aterramento. Como é hoje na sua casa e no seu trabalho? Há algum
sistema de aterramento?

2 MEIOS DE TRANSMISSÃO NAS REDES DE COMPUTADORES

2.1 Elementos das redes de computadores

2.1.1 Histórico e conceitos básicos em redes de dados e cabeamento

As redes de dados não faziam parte do cotidiano de negócios até o começo


da década de 1970, quando os provedores de rede e fabricantes de hardware
começaram a desenvolver redes padronizadas. A Xerox Corporation publicou
o padrão ethernet, sua rede proprietária, em 1972. Com a disseminação da
ethernet e seus similares, novos padrões de computadores e redes digitais
evoluíram e levaram ao desenvolvimento de novos tipos de cabeamento. A
ethernet também forneceu a base para a criação da rede local. A história
da rede usando os métodos convencionais de hoje é razoavelmente
jovem comparada à história das telecomunicações em geral. As redes
de computadores são redes de comunicação de dados, mas devem o seu
desenvolvimento às redes de telecomunicação de voz, cabo e difusão
(SHIMONSKI; STEINER; SHEEDY, 2014, p. 91).

A partir do crescimento das redes de comunicação de dados, o fluxo da informação ficou cada
vez mais eficiente e eficaz. Isso porque a forma como as pessoas se comunicam evoluiu e muito,
considerando o papel decisivo da internet.

23
Unidade I

Uma nova sociedade global está cada vez mais despontando, e a vida em todas as áreas foi
modificada. Seja no trabalho, na escola, na família, nas formas de diversão, enfim, quase tudo é
possível com apenas poucos cliques e sem tantos esforços graças à internet.

E o que é a internet? É o mesmo que uma rede de computadores?

Embora os conceitos de internet e de redes de computadores pareçam ser os mesmos, um não


significa necessariamente a mesma coisa que o outro. A internet é uma grande rede de computadores,
mas nem todas as redes de computadores estão interligadas à internet, porque há uma série de redes
proprietárias que não passam necessariamente por Provedores de Serviços de Internet, conhecidos
como ISPs.

Quando se mencionam redes de computadores, elas referem-se a um conjunto de dispositivos


interconectados, troncando informações e compartilhando recursos computacionais por meio de uma
comunicação provida de um meio físico de transmissão e regida por protocolos.

É comum dividirmos as redes de computadores em quatro partes: protocolos, meios físicos,


mensagens e dispositivos.

A mensagem é aquilo que se deseja transmitir entre a origem e o destino. Formação, codificação e
formatação da mensagem obedecem a regras conhecidas como protocolos.

Os protocolos são as regras que os dispositivos de rede usam para se comunicar. Os meios
físicos são os meios de transporte que permitem a transmissão de dados. Também são conhecidos
como canais de comunicação. Eles dividem-se em:

• Meios confinados ou guiados: quando o sinal está confinado em um cabo.

• Meios não confinados ou não guiados: quando o sinal se propaga pelo ar, por meio de
ondas eletromagnéticas.

Os dispositivos são os elementos responsáveis pela transmissão, pela recepção e pelo


encaminhamento de dados. Eles estão divididos em:

• Dispositivos finais: formam a interface entre os usuários e a rede de comunicação subjacente.

• Dispositivos intermediários: conectam os hosts individuais à rede e podem conectar várias redes
individuais para formar uma rede interconectada.

2.1.2 Protocolos e modelos de rede

Uma comunicação entre duas pessoas é repleta de regras – formais ou informais. Em um tribunal,
quando o advogado, o juiz, as testemunhas ou os réus querem falar, há normas prescritas por um
regimento. Da mesma forma, na comunicação entre computadores, existem normas: os protocolos.
24
CABEAMENTO ESTRUTURADO

Os protocolos podem ser considerados como acordos ou regras que regem os processos de
comunicação de dados. Eles normalmente são criados em um contexto descrito por um modelo ou
padrão, não operando de maneira isolada, mas totalmente interligados, formando uma pilha de
protocolos. Isso porque os computadores não utilizam somente um protocolo para se comunicar,
mas vários.

Alguns autores também definem protocolo como a linguagem que os computadores “falam”, de
modo que o transmissor e o receptor consigam “conversar” de forma amigável. Por isso, é comum dizer
que os protocolos:

• Sincronizam a “conversa” entre duas pontas, de forma a criar a conexão.

• Detectam erros no canal de comunicação, além de retransmiti-los.

• Atuam na recuperação de erros, executando endereçamento e retransmissões.

• Controlam o fluxo de informações.

Em redes de computadores, os principais modelos que agrupam protocolos são os modelos OSI
(Open System Interconnection) e TCP/IP.

Desenvolvido entre o final da década de 1970 e o ano de 1984, a fim de interconectar


sistemas abertos e segmentar a problemática das redes de computadores em camadas, o
modelo OSI foi criado pela ISO (International Organization for Standardization), que é uma
das maiores organizações internacionais de padronização, atuando em diversas áreas de
desenvolvimento tecnológico.

Os principais benefícios trazidos pelo modelo OSI são:

• auxilia na elaboração do protocolo;

• estimula a competição;

• impede que mudanças em uma camada afetem outras;

• provê uma linguagem comum.

25
Unidade I

O quadro a seguir apresenta as camadas do modelo OSI:

Quadro 1 – Camadas do modelo OSI

Modelo OSI
Camada de aplicação
Camada de apresentação
Camada de sessão
Camada de transporte
Camada de rede
Camada de enlace
Camada de física

Fonte: Torres (2016, p. 61).

Essas camadas definem o modo pelo qual as informações “descem” até os dispositivos de
hardware e “sobem” até os aplicativos. Cada camada é independente da outra em suas funções e
responsabilidades. As camadas permitem que o OSI seja um modelo modular, facilitando o projeto
e o desenvolvimento das redes.

As camadas de aplicação, apresentação e sessão são consideradas as camadas superiores do modelo


OSI pelo fato de serem as mais próximas do usuário e por terem o dado como PDU.

A camada de aplicação fornece a interface entre as aplicações que utilizamos para a


comunicação e a rede subjacente pela qual nossas mensagens são transmitidas. É a camada de
acesso do usuário final à rede, consistindo em um conjunto de aplicativos e serviços que provê a
interação usuário-máquina.

A camada de apresentação é aquela que responde às solicitações da camada de aplicação e encaminha


solicitações de serviço para a camada de sessão. É a responsável pela sintaxe e a semântica dos dados
transmitidos, bem como pela conversão e formatação dos dados.

A camada de transporte habilita a comunicação de múltiplas aplicações na rede, ao mesmo


tempo, em um único dispositivo. Ela também assegura que, se necessário, todos os dados sejam
recebidos confiavelmente e em ordem pela aplicação correta, mediante mecanismos de tratamento
de erros.

A camada de rede do modelo OSI é responsável pelo endereçamento lógico dos dispositivos de
rede e pelo roteamento dos pacotes. O primeiro propósito dessa camada é o endereçamento lógico,
também conhecido como endereço IP, que é um número formado por 32 bits que identificam a
rede e o host. É também nessa camada que ocorre o roteamento, que é o processo de determinação
do melhor caminho.

26
CABEAMENTO ESTRUTURADO

A camada de enlace é responsável por gerenciar o circuito de transmissão implementado na


camada física. Ela também é responsável por realizar detecção e correção de erros. Isso acontece
na formação do quadro da camada de enlace, que normalmente possui um campo de controle
de erros.

A camada física do modelo OSI é responsável por definir os meios físicos utilizados nos enlaces
para transporte dos bits, além de todos os padrões mecânicos e elétricos relacionados às redes de
computadores.

A informação que transita em cada camada do modelo OSI recebe um nome, ou melhor, uma PDU
(Protocol Data Unit). As PDUs de cada camada são:

• Camada 7: dados.

• Camada 6: dados.

• Camada 5: dados.

• Camada 4: segmento.

• Camada 3: pacote.

• Camada 2: quadro.

• Camada 1: bit.

Na verdade, a informação que é gerada na camada de aplicação e recebe o nome de dados é


encapsulada nas outras camadas. Esse encapsulamento é o processo de adicionar informações aos dados
enquanto eles passam através das camadas do modelo OSI. As informações adicionadas aos dados são
chamadas de cabeçalho.

Outro modelo de redes importante é o modelo TCP/IP. Ele também é conhecido como modelo DoD
(Department of Defense – Departamento de Defesa norte-americano) e foi elaborado para atender
à necessidade de criação da rede de computadores da Arpa (Advanced Research Projects Agency
– Agência de Pesquisas e Projetos Avançados do Departamento de Defesa). É um modelo aberto e
relativamente simples. Concebido como projeto em 1970, traduz toda a problemática das redes em
camadas, da mesma forma que o modelo OSI.

A ideia da Arpa era conceber um conjunto de protocolos com as seguintes características:

• Operação independente do fabricante de hardware e software.

• Boa recuperação de falhas (uma grande preocupação das forças militares norte-americanas).

27
Unidade I

• Operar com altas taxas de erro, oferecendo serviços confiáveis.

• Ser eficiente, tendo uma baixa sobrecarga de dados.

• Ter escalabilidade, sem afetar o desempenho e a disponibilidade da rede.

O quadro a seguir apresenta o modelo TCP/IP:

Quadro 2 – Camadas do modelo TCP/IP

Modelo TCP/IP

Camada de aplicação

Camada de transporte

Camada de internet

Camada de acesso

Fonte: Torres (2016, p. 72).

A camada de aplicação do modelo TCP/IP também é conhecida como camada de processo. Ela lida
com aplicativos e dispositivos de origem e destino, sendo a camada mais próxima do usuário.

A camada de transporte também é conhecida como camada de host a host. Ela controla o
fluxo de informações entre dispositivos, gerenciando o tipo de transmissão (orientada ou não
orientada a conexão).

A camada de internet também é conhecida como camada de rede. É nessa camada que é executado
o processo de roteamento de pacotes. O mais popular protocolo das redes de computadores também
integra essa camada – IP.

A camada de acesso à rede é responsável por gerenciar a transmissão da informação no meio físico.
Ela reúne as funções das camadas de enlace e física do modelo OSI.

Sob o aspecto teórico, o modelo OSI é o mais citado e o mais didático para o aprendizado das redes
de computadores. Não obstante, o modelo TCP/IP se aproxima mais da realidade e do funcionamento
das redes.

28
CABEAMENTO ESTRUTURADO

É possível estabelecer uma comparação entre as camadas dos dois modelos, conforme pode ser
verificado no quadro a seguir:

Quadro 3 - Comparação dos modelos OSI e TCP/IP

Modelo OSI Modelo TCP/IP


Camada de aplicação
Camada de apresentação Camada de aplicação
Camada de sessão
Camada de transporte Camada de transporte
Camada de rede Camada de internet
Camada de enlace
Camada de acesso
Camada física

Pode-se perceber que o modelo TCP/IP agrupa as funcionalidades das camadas de aplicação,
apresentação e sessão do OSI em apenas uma camada, denominada camada de aplicação do TCP/IP.

O mesmo acontece com as camadas de enlace e física do OSI, reunidas em apenas uma camada
no modelo TCP/IP – a camada de acesso.

As camadas de transporte dos dois modelos são praticamente equivalentes, e a camada de rede
do modelo OSI corresponde à camada de internet do modelo TCP/IP.

Outro modelo de protocolos, pouco conhecido e obsoleto, é o modelo SNA (Systems Network
Architecture). Desenvolvido pela IBM em 1974, define o conjunto de protocolos de comunicação
que utilizam os mainframes fabricados pela IBM. Ele agrupa os seus protocolos em sete camadas:
controle físico, controle lógico do enlace, controle do caminho, controle de transmissão, controle
de fluxo de dados, serviços de apresentação e serviços de transação.

2.1.3 Classificação das redes de computadores

As redes de computadores podem ser classificadas quanto a sua abrangência em:

• LAN (Local Area Network): rede relativamente pequena de computadores, de abrangência limitada.

• MAN (Metropolitan Area Network): rede de alta velocidade composta de LANs em uma mesma
região metropolitana.

• WAN (Wide Area Network): rede que conecta LANs situadas em diferentes áreas metropolitanas.

Em uma LAN, dispositivos finais de interconexão de LANs estão em uma área limitada, como uma
casa, uma escola, um edifício de escritórios ou um campus. Uma LAN é geralmente administrada por uma
única organização ou uma única pessoa. O controle administrativo que rege as políticas de segurança e
29
Unidade I

controle de acesso é executado no nível de rede. As LANs fornecem largura de banda de alta velocidade
aos dispositivos finais internos e aos dispositivos intermediários.

As MANs conectam LANs dentro de uma região metropolitana, alcançando extensões inferiores às
WANs. As principais características das MANs são: interconexão de locais espalhados em uma cidade,
conexões dotadas de velocidades intermediárias entre LAN e WAN e conectividade com outros serviços,
como o de TV.

As WANs interconectam as LANs em grandes áreas geográficas, como entre cidades, estados,
províncias, países ou continentes. Normalmente, são administradas por vários prestadores de serviço e
costumam fornecer links de velocidade mais lenta entre as LANs.

Em geral, as redes WAN possuem grande heterogeneidade de mídias de transmissão. Além disso,
trabalham com velocidades inferiores àquelas com que estamos habituados nas redes locais. As
tecnologias de comutação em WANs são classificadas em:

• comutação por circuitos;

• comutação por pacotes;

• comutação por células.

A comutação por circuitos é caracterizada pela alocação dos recursos por meio de um caminho
virtual dedicado a garantir uma taxa constante durante a transmissão. Essa comutação é usada em
comunicação de voz, que exige uma transferência contínua da informação. O funcionamento da
comutação de circuitos ocorre em três etapas: estabelecimento, conversação e desconexão.

Na comutação por pacotes, não é exigido o estabelecimento de um caminho prévio para a informação,
que é dividida em pacotes de tamanho fixo de forma dinâmica, permitindo o encaminhamento pela
rede. Cada pacote é comutado individualmente e enviado nó a nó entre origem e destino, podendo a
sequência ser alterada pelo fato de essa rede oferecer mecanismos para manter a sequência de pacotes
nó a nó, reordenar pacotes antes da entrega e detectar e recuperar os erros.

A comutação por célula é uma grande evolução se comparada com as duas tecnologias anteriores.
Só se tornou possível devido à baixa taxa de erro dos meios de transmissão existentes, hoje baseados
em fibra óptica. Consiste no uso de células de tamanho fixo. Nessa tecnologia, a banda é alocada
dinamicamente, o que garante o suporte a aplicações de taxa constante, como serviços de voz e vídeo
em tempo real, e taxa variável, como serviços de dados.

Redes WAN são gerenciadas por ISPs (Internet Service Providers), classificados em três níveis: no
nível 1, estão os ISPs responsáveis pelas conexões nacionais e internacionais, dando forma à internet; no
nível 2, estão os ISPs de serviços regionais, que se conectam ao nível 1 (nesse nível, são vendidos serviços
de rede WAN); por fim, no nível 3, estão os provedores locais, normalmente para usuários domésticos.

30
CABEAMENTO ESTRUTURADO

O protocolo utilizado dentro do ISP não é o mesmo disponibilizado no loop local dos
clientes finais. A rede interna do ISP usa padrões de comunicação mais eficientes, como o ATM
(Asynchronous Transfer Mode).

Os quadros dos protocolos de enlace WAN são muito semelhantes, representando sinais que
indicam inicialização, endereços, controles, dados, checagem de bits e finalização do quadro.
Embora tenham semelhanças, os algoritmos desses protocolos trazem funcionalidades diferentes
em seus campos.

Os principais dispositivos de WAN são: modem; CSU/DSU (Channel Service Unit/Data Service Unit);
servidor de acesso; Switch WAN; roteador; roteador de backbone.

Existem outras classificações quanto à abrangência. São elas:

• PAN (Personal Area Network): redes de curta distância (alguns poucos metros) – por exemplo, a
tecnologia bluetooth.

• CAN (Campus Area Network): redes que interligam um campus (uma área de dimensão inferior a
uma MAN e superior a uma LAN).

• VLAN (Virtual Local Area Network): rede local virtual que surge da segmentação de uma LAN em
redes menores.

• WLAN (Wireless Local Area Network): rede local sem fio.

2.1.4 Arquiteturas e topologias de rede

Uma arquitetura de rede é um meio de descrever o projeto lógico de uma rede de computadores. Ela
apresenta os meios tecnológicos que sustentam a infraestrutura, os serviços e os protocolos de rede. As
características abordadas pela arquitetura são: tolerância a falhas, escalabilidade, qualidade de serviço
e segurança.

Os tipos de arquitetura de rede são:

• Cliente-servidor: é caracterizada pela existência do controle e gerenciamento central de recursos


em servidores.

• Ponto a ponto: é uma arquitetura em que qualquer computador pode atuar tanto como servidor
quanto como cliente.

A topologia de uma rede descreve sua estrutura, o modo como são feitas as conexões entre os
dispositivos e podem se dividir em topologias físicas e lógicas.

31
Unidade I

As topologias físicas têm o papel de identificar a disposição física dos componentes de rede. Nelas,
encontramos os dispositivos, os meios físicos e a forma como ocorrem as interligações. As topologias
físicas podem ser classificadas em: topologia física em estrela, topologia física em barramento e topologia
física em anel.

Na topologia física em estrela, todos os componentes estão interligados a um equipamento


concentrador, que é o núcleo central de uma rede. Nas redes locais modernas, é muito comum o uso
dessa topologia, em que o equipamento concentrador é normalmente um hub ou um switch.

Na topologia física em barramento, cada um dos componentes está interligado a um barramento


físico – por exemplo, um cabo coaxial, muito utilizado como barramento de redes locais.

Na topologia física em anel, há um meio físico interligando os componentes um por um, formando
um anel físico. A grande fragilidade dessa rede está no ponto de falha que cada componente representa.

As topologias lógicas podem ser classificadas em: topologia lógica em barramento e topologia lógica
em anel.

Na topologia lógica em barramento, é utilizado o método de contenção, que é um processo de


acesso ao canal de comunicação com acesso múltiplo e verificação de portadora. A maior parte das
redes locais opera com essa topologia e esse método porque trabalha com a tecnologia ethernet. Nas
redes ethernet, a topologia física usada pode ser em estrela ou barramento, mas a topologia lógica é em
barramento, ou seja, todos “enxergam” uma estrela ou um barramento, mas os dados trafegam em um
barramento lógico.

Na topologia lógica em anel, é utilizado o método de acesso controlado, de forma que os dispositivos
podem utilizar o canal de comunicação de modo controlado e revezado. Nesse método, usa-se o processo
de passagem do token: este é passado entre os dispositivos de forma que seus detentores momentâneos
possam utilizar o meio físico. Bons exemplos são as redes Token Ring, FDDI (Fiber Distributed Data
Interface) e Token Bus.

2.1.5 Equipamentos e dispositivos de rede

Os dispositivos são os elementos responsáveis pela transmissão, recepção e encaminhamento de


dados. Para o funcionamento de uma rede, são necessários dispositivos que permitam o transporte
de dados e uma comunicação adequada entre os diversos equipamentos. Eles estão divididos em:
dispositivos finais e dispositivos intermediários.

Os dispositivos finais de rede (também chamados de hosts) são aqueles que estão mais próximos das
pessoas. Esses dispositivos formam a interface entre os usuários e a rede de comunicação subjacente.
Um dispositivo de host é a origem ou o destino de uma mensagem transmitida pela rede. São exemplos
de dispositivos finais: computadores, impressoras de rede, telefones VoIP, terminais de videoconferência,
câmeras de segurança e dispositivos móveis.

32
CABEAMENTO ESTRUTURADO

Os dispositivos intermediários são os que se interconectam a dispositivos finais, fornecendo


conectividade, e funcionam em segundo plano para garantir que os dados fluam pela rede. Esses
dispositivos conectam os hosts individuais à rede e podem conectar várias redes individuais para formar
uma rede interconectada.

Os dispositivos intermediários podem ser de acesso à rede (switches e pontos de acesso sem fio),
interconexão (roteadores) e segurança (firewalls).

Os concentradores são dispositivos intermediários de rede. Os dois principais, utilizados especialmente


em redes locais, são: hubs e switches.

O hub, equipamento que trabalha na camada física do modelo OSI, é responsável por repetir,
amplificar e regenerar um sinal para toda a rede, operando com o meio físico que utiliza cabos de pares
metálicos. O hub foi o primeiro equipamento utilizado para implementar redes de computadores locais
com topologia física em estrela, mas ele se comporta como um barramento lógico.

O hub também é conhecido como repetidor multiporta devido ao fato de repetir bits recebidos em
uma porta para todas as outras, sem a utilização de qualquer processo inteligente, isto é, o hub não
tem conhecimento dos hosts que estão interligados às suas portas, sendo esse o principal motivo de se
referir ao hub como um equipamento burro.

A figura a seguir apresenta um hub exercendo o papel de concentrador:

PC-PT PC-PT
PC0 CopyPC0

Hub-PT
Hub0

PC-PT PC-PT
PC1 CopyPC1

Figura 9 – Hub como concentrador

Em redes com grande número de hosts, não é recomendável a utilização de hub, porque ele causa
um aumento no número de colisões. Essas colisões ocorrem quando mais de um host tenta transmitir
ao mesmo tempo, degradando o desempenho e a eficiência das redes.

33
Unidade I

Não obstante, as repetições executadas pelos hubs são extremamente eficientes quando se
deseja estender o alcance de uma rede local, interligando nós de rede fisicamente separados por
uma distância considerável.

O switch também é um equipamento concentrador. Embora um pouco parecido com um hub, ele
opera na camada de enlace do modelo OSI, justamente porque tem conhecimento dos hosts que estão
interligados a suas portas. Na verdade, o conhecimento do switch é baseado no endereço físico que cada
host possui, denominado endereço MAC.

Dessa forma, o switch encaminha as informações apenas para o endereço físico de destino correto,
evitando tráfego desnecessário e aumentando a eficiência no processo de comunicação de dados.

Isso é possível porque o switch constrói e armazena uma tabela interna dos endereços MAC dos hosts
interligados a suas portas, permitindo o processo de tomada de decisão sobre o correto encaminhamento
das informações que por ele trafegam.

A figura a seguir apresenta o switch exercendo o seu papel de comutador:

PC-PT PC-PT
CopyCopyPC0 CopyPC0(1)

2950-24
Switch0

PC-PT PC-PT
CopyCopyPC1 CopyPC1(1)

Figura 10 – Switch como comutador

A característica de chavear ou comutar a informação de uma porta para a outra faz com que o
switch seja conhecido como comutador ou chaveador.

O roteador é um dos principais dispositivos utilizados em redes locais e redes de longa distância.
Ele tem como principal objetivo interconectar diferentes segmentos de redes que podem estar em um
mesmo prédio ou distantes a milhares de quilômetros. O roteador encaminha os pacotes de dados entre
as redes de computadores atuando na camada de rede do modelo OSI.

34
CABEAMENTO ESTRUTURADO

A figura a seguir mostra uma topologia de rede incluindo um roteador:

PC-PT PC-PT PC-PT PC-PT


PC0 CopyPC0 CopyCopyPC0 CopyPC0(1)

Hub-PT 1841 2950-24


Hub Roteador Switch

PC-PT PC-PT PC-PT PC-PT


PC1 CopyPC1 CopyCopyPC1 CopyPC1(1)

Figura 11 – Roteador interligando duas redes

Por meio do processo de roteamento, ele toma as decisões sobre os melhores caminhos para o
tráfego da informação, roteando pacotes de dados. Isso é possível devido à construção de tabelas de
roteamento que o roteador mantém para executar adequadamente os seus processos e, assim, facilitar
a comunicação de dados.

Um roteador também pode limitar o tamanho do domínio de broadcast, fazendo com que mensagens
em broadcast sejam impedidas de sair de uma rede para outra.

O roteador também tem a capacidade de interligar redes de topologias, arquiteturas e tecnologias


totalmente diferentes. Isso porque essas questões referem-se a outros níveis de protocolo, que são
praticamente transparentes para os roteadores. Por exemplo, os roteadores podem interligar redes que
operam com tecnologias Token Ring e ethernet.

Entre os demais dispositivos de rede, é importante citar a placa de rede. Ela é a responsável pela
conexão do computador à rede. Qualquer computador que se interligue a uma rede necessita desse
dispositivo. Cada uma delas possui um endereço MAC único.

O servidor é outro equipamento que tem um papel crucial pela sua presença mandatória nas
arquiteturas de rede cliente-servidor. Os servidores são responsáveis pelo controle e compartilhamento
dos recursos de uma rede. Podem ser classificados como: servidores de impressão, de arquivos, de proxy,
de comunicação, entre outros.

Operando na camada física, os modems também podem ser considerados equipamentos


importantes para o funcionamento das redes, principalmente de longa distância. O modem tem
o objetivo de transformar os sinais digitais em sinais analógicos para a transmissão, por meio do
35
Unidade I

processo de modulação. Na recepção, os modems executam a demodulação, que é a transformação


do sinal analógico em digital.

2.1.6 Ethernet

A ethernet, padrão adotado na maior parte das redes locais do mundo, surgiu na década de 1970,
criado por estudantes da Universidade do Havaí que propunham interligar os computadores espalhados
pelas ilhas em um computador central na ilha de Honolulu.

Em 1978, foi criado um padrão para ethernet chamado DIX, por um consórcio entre as empresas
Digital Equipment Company, Intel e Xerox.

Os primeiros produtos com padrão ethernet foram vendidos na década de 1980, com transmissão de
10 Mbps por cabo coaxial grosso (thicknet), com uma distância de 2 quilômetros.

Em 1985, o IEEE desenvolveu o padrão 802, mas, para assegurar os padrões da ISO/OSI, alterou o
projeto ethernet original para 802.3.

Para o padrão ethernet, a camada de enlace divide-se em duas subcamadas:

• Controle de Enlace Lógico (LLC – Logical Link Control): constitui a interface entre o método de
acesso ao meio e os protocolos da camada de rede, ou seja, cuida de todas as tratativas com os
protocolos de alto nível.

• Controle de Acesso ao Meio (MAC – Media Access Control): é responsável pela conexão com o
meio físico e o endereço físico, também conhecido como endereço MAC. Também é responsável
pela montagem do quadro.

O padrão ethernet define os meios físicos utilizados nas redes LAN e suas respectivas características.
A tabela a seguir apresenta os principais padrões em uso nos dias atuais:

Tabela 2

Velocidade
Padrão Distância máxima Meio físico
teórica
Par trançado sem blindagem, de
10BaseT 10 Mbps 100 m categoria 3 ou 5
Par trançado sem blindagem, de
100BaseTX 100 Mbps 100 m categoria 5, 6 ou 7
Fibra óptica multimodo (62,5
100BaseFX 100 Mbps 400 m micrômetros)
Par trançado sem blindagem, de
1000BaseT 1 Gbps 100 m categoria 5, 6 ou 7
1000BaseCX 1 Gbps 25 m Par trançado blindado (obsoleto)
Fibra óptica multimodo (62,5
1000BaseSX 1 Gbps 260 m micrômetros)

36
CABEAMENTO ESTRUTURADO

Fibra óptica monomodo (9


1000BaseLX 1 Gbps 10 km micrômetros)
10GBase-SR 10 Gbps 80 km Fibra óptica multimodo
10GBase-LR 10 Gbps 10 km Fibra óptica monomodo
10GBase-ER 10 Gbps 40 km Fibra óptica monomodo

Adaptado de: Filippetti (2017, p. 56).

Cada notação descrita nessa tabela especifica um padrão de operação: primeiro, aparece a taxa
de transmissão; depois, o tipo de transmissão e o tipo de meio. Por exemplo, no padrão 10BaseT, está
especificada a taxa de transmissão máxima de 10 Mbps, seguida de uma transmissão em banda-base e
de um cabo de par trançado como meio físico (representado pela letra T).

Saiba mais

Para conhecer um pouco mais sobre as redes de computadores e seus


elementos, leia:

TORRES, G. Redes de computadores. Rev. e atual. 2. ed. Rio de Janeiro:


Novaterra, 2016.

2.2 Meios de transmissão

2.2.1 Conceitos básicos em meios físicos

Os meios físicos de rede, também conhecidos como canais de comunicação, são os meios de
transporte que permitem a transmissão de dados.

Esses meios são peças fundamentais no processo de comunicação nas redes de computadores, por
isso, em sua determinação, é necessária a adoção de critérios como: velocidades suportadas, imunidade
a ruído, taxa de erros, disponibilidade, confiabilidade, atenuação e limitação geográfica.

Os meios físicos podem ser classificados em confinados e não confinados. Os confinados são
os cabos coaxiais, de pares metálicos, e as fibras ópticas. Os não confinados são os que utilizam
comunicação sem fio, por exemplo: comunicação via satélite, enlaces de micro-ondas, bluetooth
e radiodifusão de um modo geral.

Muitas empresas e organizações consideram o projeto desses meios físicos como um investimento
de longo prazo, e, para que ele seja adequado, devem ser considerados os seguintes fatores: custo,
escalabilidade, confiabilidade e gerenciamento.

37
Unidade I

É muito comum referir-se à taxa de transferência, em determinado canal de comunicação,


como largura de banda (bandwidth). A maioria das transmissões com alta velocidade ou largura
de banda considerável ocorre nas comunicações digitais, sem o uso da modulação, ou seja, em
banda-base.

Saiba mais

Para conhecer um pouco mais sobre os meios físicos, leia:

SHIMONSKI, R. J.; STEINER R.; SHEEDY, S. Cabeamento de rede. Rio de


Janeiro: LTC, 2014.

2.2.2 Tipos de meios físicos

O cabo coaxial foi o primeiro tipo de meio físico de rede empregado em uma LAN. Esse cabo é
utilizado para comunicações de vídeo, sendo conhecido também, popularmente, como cabo BNC
(Bayonet Neill-Concelman).

O cabo coaxial é constituído por um fio de cobre condutor, revestido por uma camada com um
material isolante e coberto por uma blindagem de alumínio ou cobre para proteger o fio de interferências
externas. Com essa composição, o cabo coaxial é mais indicado para longas distâncias, suportando
velocidades de megabits por segundo sem a necessidade de regeneração do sinal.

A figura a seguir mostra um cabo coaxial:


Capa plástica
Núcleo de Material Condutor externo protetora
cobre isolante em malha)

Figura 12 – Cabo coaxial

O cabo de par metálico trançado é composto de um, dois ou quatro pares de fios enrolados de
dois em dois, formando uma camada isolante. Essa medida mantém as suas propriedades elétricas
ao longo do fio e reduz o nível de interferência eletromagnética. Esses cabos são encontrados em
redes domésticas e corporativas, interligando modems, computadores, roteadores, hubs e demais
ativos de rede.

38
CABEAMENTO ESTRUTURADO

A figura a seguir mostra um cabo de par trançado:

Figura 13 – Cabo de par trançado

A fibra óptica é um meio físico que transporta dados na forma de sinais luminosos (fótons).
É um meio seguro de transmitir dados, pois não transportam sinais elétricos, minimizando
problemas de segurança e de ruídos/interferência. Constituída de material dielétrico, em geral
muito fino, de sílica ou vidro, transparente, flexível e de dimensões reduzidas, a fibra óptica tem
em sua construção mais três elementos: núcleo central de vidro; casca; revestimento.

A figura a seguir mostra um cabo de fibra óptica:

Núcleo
(vidro)

Coberura
(plástico)
Revestimento
interno (vidro)

Figura 14

A transmissão nas fibras ópticas ocorre sob o princípio da reflexão da luz, mediante aparelhos
que transformam sinais elétricos em pulsos de luz – fótons. Cada fóton representa um código
binário: 0 ou 1.

No único meio físico não confinado que é o ar, ocorre a comunicação de sinais de rádio, em que
a informação é transportada por meio de ondas eletromagnéticas. Essas ondas são irradiadas por
antenas transmissoras em determinada frequência e captadas por uma antena receptora dentro da
mesma frequência.

O meio físico é o ar, que pode ser considerado um dos meios físicos mais delicados no processo
de transmissão de dados. Isso porque ele é muito suscetível à ação de distúrbios e efeitos indesejáveis
(vários deles oriundos de fenômenos naturais) que prejudicam a comunicação de dados.
39
Unidade I

2.2.3 Efeitos indesejáveis nos meios físicos

Todos os meios físicos podem sofrer a ação de efeitos indesejáveis que prejudicam a comunicação
de dados. Entre os principais, é possível citar:

• Interferência: sinal de origem humana que invade o canal de comunicação, atrapalhando e


dificultando o processo de comunicação. Esse tipo de distúrbio é também conhecido como
sinais espúrios.

• Ruído: sinal aleatório de origem natural que provoca efeitos indesejáveis nos canais de
comunicação. Os ruídos podem ser classificados em: ruídos térmicos (resultado da agitação dos
elétrons nos átomos), ruídos atmosféricos (fruto das descargas elétricas na atmosfera) e ruídos
cósmicos (gerados por distúrbios fora da Terra).

• Atenuação: perda de potência de um sinal ao se propagar por um canal de comunicação.

• Distorção: alteração da forma do sinal devido à atenuação imposta às diferentes frequências.

O canal de comunicação de rádio tem suas particularidades, inclusive no que diz respeito a distúrbios
e efeitos indesejáveis. Entre eles, é possível citar:

• Atenuação no espaço livre: provocada pela propagação da própria onda transmitida de uma
antena para outra a uma distância d.

• Perdas por vegetação e obstáculo: causadas pelas características do relevo, do terreno, que podem
atrapalhar a propagação da onda.

• Efeito das ondas multipercurso: trata-se das ondas secundárias que chegam à antena receptora a
partir dos mais diferentes percursos e com diferentes intensidades, defasadas entre si e em relação
à onda principal.

• Ação da chuva: fenômeno meteorológico que ocorre no percurso da onda, enfraquecendo-a,


despolarizando-a e degradando a recepção do sinal.

• Efeito Doppler: variação da frequência do sinal devido à alteração de velocidade do equipamento


transmissor. Esse distúrbio só é observado em comunicações móveis.

• Formação de dutos no percurso da onda: distúrbio causado por túneis (dutos) de umidade, que
provocam desvanecimento (enfraquecimento) do sinal.

2.2.4 Proteção elétrica para o sistema de cabeamento de redes

Quando se utilizam cabos metálicos como meio físico nas redes de computadores, inevitavelmente
esse meio físico é acometido por diversos distúrbios que provocam as interferências eletromagnéticas e
podem degradar o sinal transmitido, causando a sua ininteligibilidade.
40
CABEAMENTO ESTRUTURADO

A fim de reduzir esses efeitos, utilizam-se algumas técnicas: balanceamento, blindagem, aterramento
e filtragem.

O balanceamento é obtido a partir do trançamento dos pares de fios utilizados na transmissão do


sinal e também pelo uso de fontes de transmissão assimétricas, de modo a aumentar a qualidade da
resposta do cabo sob o ponto de vista das interferências eletromagnéticas.

A filtragem é executada a partir de circuitos elétricos e eletrônicos, denominados filtros, que eliminam
interferências eletromagnéticas oriundas de frequências específicas.

A blindagem é uma técnica mais apurada, trabalhada em conjunto com o balanceamento, de forma
a reduzir ou prevenir o acoplamento de sinais indesejáveis.

A figura a seguir apresenta um cabo metálico de pares trançados com uma blindagem geral para os
quatros pares:

Figura 15

A figura a seguir apresenta um cabo metálico de pares trançados com uma blindagem individual e
geral para os quatros pares:

Figura 16
Outra técnica importante é o aterramento, que elimina problemas ocasionados pelos campos
elétricos e magnéticos nas blindagens dos cabos e nos equipamentos de telecomunicações utilizados.

Lembrete

Aterramento é a interligação intencional do sistema elétrico ao solo


realizada por meio de um condutor elétrico.
41
Unidade I

Existem pelo menos quatro configurações de aterramento para a blindagem de cabos, e a sua escolha
é uma tarefa relativamente complicada devido às diferenças dos sistemas cabeados quando expostos à
interferência eletromagnética e à frequência de operação.

A configuração I apresenta o segmento de cabos que interligam a tomada de telecomunicações


(ponto de rede) ao concentrador de cabos (patch panel), sendo aterrado em uma única extremidade.
A tomada de telecomunicações e o patch panel são blindados. Os patch cords, ou cordões de manobra
(cabos que interligam computadores e as tomadas/cabos que interligam concentradores de cabos e
dispositivos de rede), não são blindados.

A figura a seguir apresenta a configuração I:


Espaço de
telecomunicações
Switch
Área de trabalho
(WA)
Patch cord
U/UTP
TO blindada
Cabo F/UTP
Cabeamento
Patch panel blindado horizontal
Patch cord
U/UTP

Figura 17

A configuração II é muito semelhante à configuração I; a única diferença é que o patch cord utilizado
na sala de telecomunicações tem que ser blindado.

A figura a seguir apresenta a configuração II:


Espaço de
telecomunicações
Switch
Área de trabalho
(WA)
Patch cord
blindado
TO blindada
Cabo F/UTP
Cabeamento
Patch panel blindado horizontal
Patch cord
U/UTP

Figura 18

42
CABEAMENTO ESTRUTURADO

Na configuração III, o segmento de cabos é aterrado nas duas extremidades do enlace, e todos
os patch cords são blindados, tanto aqueles do espaço de telecomunicações quanto aqueles da
área de trabalho.

A figura a seguir apresenta a configuração III:


Espaço de
telecomunicações
Switch
Área de trabalho
(WA)
Patch cord
blindado
TO blindada
Cabo F/UTP
Cabeamento
Patch panel blindado horizontal
Patch cord
blindado

Figura 19

A configuração IV é semelhante à configuração III, com uma única diferença no aterramento, que só
existe no espaço de telecomunicações.

A figura a seguir apresenta a configuração IV:


Espaço de
telecomunicações
Switch
Área de trabalho
(WA)
Patch cord
blindado
TO blindada
Cabo F/UTP
Cabeamento
Patch panel blindado horizontal
Patch cord
blindado

Figura 20

43
Unidade I

O quadro a seguir apresenta as vantagens e desvantagens das quatro configurações:

Quadro 4

Configuração Vantagem Desvantagens

• Nenhuma proteção
• Não há loop de terra em ou proteção limitada
I baixas frequências. contra interferências
eletromagnéticas.

• Não há loop de terra em • Nenhuma proteção


baixas frequências. ou proteção limitada
• Uso de patch cord contra interferências
II blindado no espaço eletromagnéticas.
de telecomunicações • Sujeito a formação de
oferece proteção loops de terra de alta
contra interferências frequência.
eletromagnéticas.

• Blindagem total do
canal com total proteção • Não proteção contra loops
III contra interferências de terra.
eletromagnéticas.

• Uso de patch cords


blindados oferecem • Sujeito a formação de
IV proteção contra
interferências loops em alta frequência.
eletromagnéticas.

Fonte: Marin (2013, p. 187).

Observação

A norma americana ANSI/TIA-607-B especifica o sistema


de aterramento que deve ser utilizado para o cabeamento de
telecomunicações. As normas brasileiras NBR 5410 e NBR5419 também
apresentam essas especificações.

2.2.5 Diferenças entre compatibilidade eletromagnética e interferência eletromagnética

Existe um pouco de confusão nos conceitos que cercam a compatibilidade eletromagnética (EMC) e
a interferência eletromagnética (EMI). Por isso é bom recorrer a exemplos.

Imagine dois equipamentos eletrônicos de mesma natureza em um mesmo ambiente, operando


em graus de eficiência estabelecidos em seus respectivos projetos. A EMC é a capacidade que esses
equipamentos têm de operar sem gerar transtornos um para o outro, ou seja, sem afetar ou ser afetado.
A EMI é a interferência resultante das características dos elementos que formam os equipamentos
eletrônicos citados no exemplo.

44
CABEAMENTO ESTRUTURADO

A figura a seguir mostra os elementos fundamentais da EMC:

Carga

Linha de transmissão - rede elétrica


Fonte

Energia irradiada

Energia irradiada

Dados
Tx/Rx
Energia irradiada

Voz
PABX

Energia irradiada

Figura 21

Há uma preocupação especial com a EMI e a EMC pelo simples motivo de que todo tipo de
dispositivo elétrico ou eletrônico pode produzir um campo eletromagnético em seus ambientes. Dessa
forma, são capazes de gerar uma EMI.

Resumo

Iniciamos esta unidade retomando um antigo conteúdo de física do


Ensino Médio extremamente importante para o estudo do cabeamento
estruturado: a eletricidade. Lembramos que ela é uma forma de energia
que gera uma série de benefícios para a sociedade em geral.

Toda matéria é constituída por minúsculas partículas chamadas de


átomos. Estes, por sua vez, são compostos de: partículas subatômicas
positivas (chamadas de prótons); partículas subatômicas negativas
(chamadas de elétrons); e partículas neutras (chamadas de nêutrons).

A partir disso, mostramos o processo de geração da corrente elétrica,


bem como o entendimento de todas as outras grandezas em eletricidade,
como a tensão elétrica, a potencial elétrica, a resistência elétrica,
consideradas fundamentais no estudo da eletricidade e em qualquer
que seja a sua aplicação. Apresentamos também os instrumentos que
servem para medir essas grandezas, tais como: ohmímetro, voltímetro,
amperímetro, wattímetro.
45
Unidade I

Ao mencionar os conceitos de resistividade e resistência elétrica,


inevitavelmente entramos no entendimento da condutividade elétrica,
lembrando que a maior parte das redes de computadores é interligada por
meios físicos cabeados, construídos a partir de materiais condutores.

Mencionamos que a geração de tensão elétrica pode ocorrer de diversas


maneiras, sempre considerando que há uma transformação de uma forma
de energia em outra, produzindo, assim, um desequilíbrio de elétrons entre
dois terminais. As principais fontes de tensão elétrica contínua são as pilhas
e as baterias. A forma mais simples de geração de uma tensão elétrica
alternada é por meio de um gerador, que converte a energia mecânica em
energia elétrica.

De posse desses conhecimentos, aprendemos que um circuito elétrico


é um caminho fechado por onde circula uma corrente elétrica. Os circuitos
elétricos são compostos de fonte de tensão, condutores, carga e instrumento
de controle.

Para fundamentar o entendimento sobre compatibilidade


eletromagnética e interferência eletromagnética, apresentamos uma rápida
fundamentação sobre o processo de indução eletromagnética, afirmando
que qualquer carga elétrica em movimento, ou seja, produzindo um fluxo
de corrente elétrica, gera um campo magnético.

Prosseguimos ainda no primeiro capítulo falando de instalações


elétricas. Seus principais componentes são: equipamento elétrico; aparelho
elétrico; linha elétrica; dispositivo elétrico; carga elétrica.

Mencionamos a importância da segurança nas instalações elétricas,


principalmente no que tange a choques elétricos, seus efeitos no corpo
humano, condições ambientais em que se dão, bem como normas de
proteção e segurança.

Apresentamos o aterramento como uma interligação intencional do


sistema elétrico ao solo, realizado por meio de um condutor elétrico. Os três
tipos de aterramento conhecidos são: aterramento funcional; aterramento
de proteção; e aterramento de trabalho.

Em seguida, vimos um panorama geral dos conceitos básicos de redes


de computadores em vista da introdução dos conteúdos sobre meios físicos,
seus tipos, efeitos indexáveis, dentre outros. Nesse panorama, apresentamos
de forma resumida os componentes básicos das redes de computadores:
mensagens; protocolos; meios físicos; e dispositivos.

46
CABEAMENTO ESTRUTURADO

Ainda, apresentamos os meios físicos de rede, também conhecidos como


canais de comunicação, que são os meios de transporte que permitem a
transmissão de dados. Favorecemos a compreensão da importância desses
meios para o processo de comunicação nas redes de computadores.

Concluímos com uma pequena explanação sobre a proteção elétrica


para o sistema de cabeamento de redes, com ênfase no aterramento e na
blindagem de cabos trançados de pares metálicos.

Exercícios

Questão 1. Assinale a alternativa que apresenta apenas instrumentos de medidas usados na área
de eletricidade:

A) Voltímetro; Ohmímetro; paquímetro e ponte de Wheatestone.

B) Amperímetro; Frequencímetro; Wattímetro e osciloscópio.

C) Amperímetro; Frequencímetro; Wattímetro e ponte de Wheatestone.

D) Voltímetro; Ohmímetro; paquímetro e osciloscópio.

E) Voltímetro; Ohmímetro; paquímetro e amperímetro.

Resposta correta: alternativa B.

Análise das alternativas

A) Alternativa incorreta.

Justificativa: embora o voltímetro e o Ohmímetro sejam instrumentos de medidas elétricas, o


paquímetro é um instrumento para medir a distância entre dois lados simetricamente opostos em um
objeto; a ponte de Wheatstone é um esquema de montagem de elementos elétricos que permite a
medição do valor de uma resistência elétrica desconhecida usando um voltímetro.

B) Alternativa correta.

Justificativa: o amperímetro é um instrumento usado para medir a intensidade de corrente elétrica;


o frequencímetro mede a frequência de oscilação elétrica; o wattímetro mede a potência elétrica e o
osciloscópio pode fazer várias medições elétricas.

47
Unidade I

C) Alternativa incorreta.

Justificativa: embora o amperímetro, o frequencímetro e o wattímetro sejam instrumentos de


medidas elétrica, a ponte de Wheatstone é um esquema de montagem de elementos elétricos que
permite a medição do valor de uma resistência elétrica desconhecida usando um voltímetro.

D) Alternativa incorreta.

Justificativa: embora o voltímetro, o ohmímetro e o osciloscópio sejam instrumentos de medidas


elétricas, o paquímetro é um instrumento para medir a distância entre dois lados simetricamente
opostos em um objeto.

E) Alternativa incorreta.

Justificativa: embora o voltímetro, o ohmímetro e o amperímetro sejam instrumentos de medidas


elétricas, o paquímetro é um instrumento para medir a distância entre dois lados simetricamente
opostos em um objeto.

Questão 2. Com relação a sua abrangência, as redes de computadores podem ser classificadas em
LAN, MAN e WAN. Dentro dessa perspectiva, analise as afirmativas a seguir:

I – A rede LAN é uma rede relativamente pequena de computadores, de abrangência limitada.

II – A rede MAN é uma rede de alta velocidade composta de várias redes pequenas em uma mesma
região metropolitana.

III – A rede WAN é uma rede que conecta várias redes de alta velocidade situadas em diferentes
áreas metropolitanas

Está correto o que se afirma em:

A) I, apenas.

B) II, apenas.

C) I e II, apenas.

D) II e III, apenas.

E) I, II e III.

Resolução desta questão na plataforma.

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