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Unidade II
3 CABOS METÁLICOS
Esse tipo de meio físico confinado é um velho conhecido de todos por ser muito utilizado nas
transmissões de TV, embora não seja apenas essa a sua funcionalidade. O cabo coaxial pode ser utilizado
para comunicações híbridas que envolvam voz, vídeo e dados, mesmo sendo obsoleto em relação às
soluções com cabos de pares trançados.
Foi criado por volta de 1920 em uma rede de telefonia transcontinental, atendendo a conexões
metropolitanas de centrais telefônicas. Em 1941 foi utilizado em escala comercial pela AT&T no Estados
Unidos, com o propósito de comunicações a distância e para a TV a cabo.
Em ambientes de LAN, foi gradativamente substituído pelos cabos de pares trançados metálicos e
pelas fibras ópticas, devido à relação custo-benefício oferecida, além das dificuldades de instalação e
velocidade limitada.
Nas redes de comunicação de voz, os cabos coaxiais são utilizados nas interligações de troncos
(links que transportam múltiplos sinais de voz) comutados entre estações telefônicas.
Lembrete
O cabo coaxial é formado por um fio condutor envolvido por um material dielétrico de grande
resistência, geralmente um material plástico ou poroso, sendo os mais comuns o poliestireno ou o
teflon. Esse material suporta campos eletrostático consideráveis.
49
Unidade II
Há uma blindagem metálica envolvendo o material dielétrico, podendo ser uma malha de fios
acompanhada ou não de uma folha metálica, sempre dependente da frequência suportada pelo cabo.
A construção do cabo é completada com um revestimento isolante nas cores preto, bege, cinza ou
amarelo. O material-base de construção desse revestimento é o policloreto de vinila, também conhecido
como PVC, acompanhado de um material antichamas.
Figura 22
Os cabos coaxiais conduzem os sinais da informação por meio das ondas eletromagnéticas que se
propagam entre a blindagem e o condutor, livre das interferências externas.
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CABEAMENTO ESTRUTURADO
De forma geral, os cabos coaxiais podem ser divididos em: blindagem dupla; twinaxial;
triaxial; multicabos.
Os cabos de blindagem dupla, como o próprio nome diz, são dotados de duas blindagens cobrindo
o dielétrico, com a finalidade de oferecer uma maior proteção contra interferências externas, além de
diminuir a atenuação.
Figura 23
O cabo twinaxial tem uma construção um pouco diferente. Ele possui dois condutores isolados em
paralelo ou entrelaçados dentro de uma blindagem comum e um revestimento isolante.
O cabo triaxial é construído a partir de um núcleo único formado por duas blindagens, diferindo do
cabo coaxial de blindagem dupla, na transmissão da informação que pode ocorrer tanto no condutor
interno, quanto na blindagem interna, sendo a blindagem externa reservada para aterramento.
Os multicabos podem ser considerados feixes de cabos coaxiais construídos sob medida para
determinadas aplicações.
Os cabos coaxiais podem variar de acordo com seu diâmetro, blindagem, impedância, temperatura,
taxa e aplicação. Por isso, é comum uma categorização por grau de RG (Radio Guide), norma com
origens militares que designa a especificação de cabos coaxiais.
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Unidade II
Tabela 3
52
CABEAMENTO ESTRUTURADO
Observação
As categorizações mais comuns são RG-6, RG-8, RG-11, RG-58 e RG-59. A categorização
RG-6 é utilizada para vídeo, CATV, inclusive com forte recomendação para uso comercial em VHF,
UHF, 800 MHz. A categorização RG-8 também é utilizada para CATV, com qualidade superior à
categorização da versão anterior. A categorização RG-11 é muito utilizada para vídeo e antenas
UHF e VHF. A categorização RG-174 é fortemente recomendada para lances curtos de transmissão
em HF, além de conexões internas e uso de RF portátil. A categorização RG-223 é para uso em
estúdios de TV.
Existe uma série de conectores para cabos coaxiais utilizados para as redes de computadores
(utilizando tecnologia ethernet) e os sistemas de vídeos. Os principais conectores são o
BNC (Britsh Naval Connector) e o AUI (Attachment Unit Interface), utilizados para redes de
computadores e transmissões de vídeos. Dentre outros conectores, é possível citar: tipo F; DIN
(Deutshe Industrie Norm); tipo N; SMA (Subminiature A); TNC (Threaded Neill Concelman); UHF
(Ultra High Frequency).
O conector AUI é utilizado para o padrão ethernet em cabos coaxiais grossos, conhecido como
padrão 10Base5, conectados em placas de rede.
Figura 24
53
Unidade II
O conector BNC, sem dúvidas um dos mais conhecidos, é utilizado em redes ethernet (Thinnet ou
10Base2) para cabos coaxiais finos. Esses conectores são ligados nas placas de rede pelo método inserir
e girar.
Figura 25
Outro tipo de conector é o DIN, que foi desenvolvido na Alemanha ainda nos anos 1960. Ele foi
originalmente utilizado em aplicações militares e depois em aplicações comerciais na telefonia móvel
celular analógica.
Figura 26
Os conectores TNC são considerados uma versão melhorada do conector BNC, com uma interface
rosqueada e sem o inserir e girar. O conector UHF é destinado a comunicações de radiofrequência acima
de 50 MHz, sendo relativamente barato e chamado algumas vezes de conector PL-259.
54
CABEAMENTO ESTRUTURADO
Tabela 4
Para o uso em redes de computadores, mais especificamente no padrão ethernet para redes locais,
há dois tipos: cabo coaxial fino (padrão 10Base2) e cabo coaxial grosso (padrão 10Base5). A principal
diferença entre esses dois cabos é a espessura do cabo.
A taxa máxima de transferência alcançada em cabos coaxiais na ethernet é 10 Mbps, e o tipo de transmissão
utilizada é a banda base. Se o cabo coaxial for fino, o alcance máximo é de 185 metros (por isso mencionamos
10Base2), e, para o cabo coaxial grosso, é de 500 metros (por isso mencionamos 10Base5).
O cabo coaxial fino é também conhecido por thinnet ou cheapernet e tem a categorização
RG-58, quando utilizado no padrão ethernet, com impedância de 50 Ohms. Um antigo padrão
de redes conhecido como ARCnet utilizava a categorização RG-62 com uma impedância de
93 Ohms.
O cabo coaxial fino tem um diâmetro de 4,953 mm se utilizado na categorização RG-58. Quando
utilizada a categorização RG-62, tem um diâmetro de 6,147 mm. Nesse cabo é possível interligar, em um
segmento de 185 metros, um total de pelo menos 30 computadores, sem a utilização de um repetidor.
Caso utilizem-se repetidores, é possível interligar cinco segmentos de 185 metros com 30 computadores
cada, chegando a um total de 925 metros com 150 computadores.
A topologia física utilizada no cabo coaxial é conhecida como linear ou em barramento, porque
todos os computadores são interligados a um mesmo “barramento” ou segmento. Essa interligação é
possível por meio de um conector BNC em “T”, conforme pode ser visto na figura a seguir:
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Unidade II
Figura 27
Em cada ponta que finaliza o segmento, é necessário instalar um terminador. A figura a seguir
mostra um conector BNC terminador:
Figura 28
O cabo coaxial grosso é conhecido por thichnet e, com seu uso, é possível alcançar uma
distância de 500 metros sem a necessidade de repetidores, com a interligação de 100 computadores.
Utilizando-se repetidores é possível interligar cinco segmentos, totalizando uma rede com 2.500
metros e 500 computadores.
O cabo coaxial grosso é muito utilizado para a formação de backbones (espinha dorsal) das redes devido à
distância máxima alcançada, mas foi gradativamente sendo substituído pelos cabos de fibra óptica.
Para o padrão ethernet, as redes que utilizam cabos coaxial grosso são chamadas de 10Base5, e a
conexão dos computadores é feita por meio de um conector “vampiro”, assim chamado porque faz dois
furos no cabo coaxial para estabelecer um contato com o núcleo do cabo.
56
CABEAMENTO ESTRUTURADO
Transceptor Terminador
Figura 29
Observação
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Unidade II
Os cabos de pares trançados são construídos a partir do cobre como material condutor, que
transporta a informação por meio da corrente elétrica. Os principais motivos para o uso do
cobre são:
Os cabos de cobre podem ter os núcleos dos seus fios na forma sólida ou na forma multifilar
(composto de uma malha ou feixe de filamentos). Esses núcleos são normalmente revestidos por um
material isolante, chamado muitas vezes de dielétrico, de forma a impedir que correntes elétricas
externas cheguem até o fio condutor.
Para o cabo de pares trançados que possuem mais do que um condutor, é adicionada outra
camada isolante para proteger a integridade física dos pares de fios. Em algumas situações é
necessária uma blindagem ou dos pares, ou de todo o cabo, com o objetivo de prevenir o meio
físico das interferências externas.
Ainda sobre os materiais isolantes utilizados nos cabos de cobre, é possível destacar:
• elastômeros: material semelhante ao plástico e à borracha, com uma grande flexibilidade mecânica;
• termoplásticos: muito conhecido pelo seu principal tipo que é o policloreto de vinila (PVC), é o
mais utilizado como isolante por conseguir resistir a diversos ambientes hostis;
Os cabos de cobre são classificados e rotulados segundo um padrão internacional conhecido como
Universal Service Order Code (USOC), que utiliza a codificação American Wire Gauge (AWG).
58
CABEAMENTO ESTRUTURADO
Tabela 5
59
Unidade II
Tipicamente um cabo de par trançado é utilizado em uma topologia física em estrela. Assim, cada
computador (ou host, de forma geral) é interligado ao concentrador de rede (que pode ser um hub ou
um switch) por meio dos cabos de pares trançados.
Essa nova concepção de topologia física foi uma evolução quando comparada à topologia física em
barramento utilizada com os cabos coaxiais nas LANs mais antigas. Se antes, ao romper-se o cabo, todo
o segmento de rede ficava inativo, agora, ao romper-se um dos cabos da topologia estrela, os outros
segmentos funcionam normalmente.
PC-PT PC-PT
PC0 CopyPC0
Hub-PT
Hub0
PC-PT PC-PT
PC1 CopyPC1
Lembrete
Os cabos de pares trançados podem ser divididos em três tipos: cabos de pares trançados sem
blindagem; cabos de pares trançados com blindagem individual; cabos de pares trançados com
blindagem geral.
O cabo de par trançado sem blindagem é conhecido pelo seu acrônimo UTP (Unshielded
Twiested Pair) e é o mais comum em instalações de redes locais. A distância máxima alcançada é de
aproximadamente 100 metros em LANs no padrão ethernet, sem a necessidade de repetidores.
60
CABEAMENTO ESTRUTURADO
A taxa de transferência suportada vai de 10 Mbps até 10 Gbps utilizada nas tecnologias ethernet:
• 10BaseT: cabo de par trançado com taxa de transferência de 10 Mbps em banda base;
• 100BaseT: cabo de par trançado com taxa de transferência de 100 Mbps em banda base;
• 1000BaseT: cabo de par trançado com taxa de transferência de 1.000 Mbps em banda base;
• 10GBaseT: cabo de par trançado com taxa de transferência de 10 Gbps em banda base.
Pares trançados
sem blindagem
Figura 31
O cabo de par trançado com blindagem geral é conhecido como cabo F/UTP (Foil/Unshielded Twisted
Pair) e não tem uma blindagem individual para os pares de fios.
Blindagem
Pares trançados externa geral
sem blindagem
Figura 32
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Unidade II
O cabo de par trançado com blindagem geral e individual é conhecido como cabo S/FTP (Screneed/
Foiled Twisted Pair).
Figura 33
As categorias de cabos criadas pela EIA/TIA, endossadas pela ANSI (American National Standars
Institute), possuem as categorias que vão (originalmente) da 3, 5 e 6. Uma empresa chamada Anixter
utilizava cabos de pares trançados para telefonia e os chamava de cabos “nível 1” (hoje chamado de
categoria 1), e os cabos de pares trançados para as redes de dados eram chamados de “nível 2” (hoje
chamado de categoria 2).
A ISO também criou uma padronização de cabos divididos por classes que tem uma similaridade com
as categorias da ANSI/TIA/EIA e Anixter.
Assim, é possível apresentar as categorias de cabos que são aceitas internacionalmente como:
• Categoria 1: conhecida como Anixter nível 1, era utilizado apenas para a telefonia fixa, com
transmissões de até 1 MHz. Como não é reconhecida pela ANSI/TIA/EIA, não integra sistemas de
cabeamento estruturado.
62
CABEAMENTO ESTRUTURADO
• Categoria 2: conhecida como Anixter nível 2, era utilizada para redes com padrão Token Ring da
IBM, com uma taxa de transferência de até 4 Mbps, considerada obsoleta. Essa categoria também
não é reconhecida pelas normas de cabeamento estruturado.
• Categoria 3 (padronização ISO Classe C): foi o primeiro padrão para a ethernet com cabos de pares
trançados não blindados, conhecida como 10BaseT. Tinha como características principais uma
taxa de transferência de 10 Mbps, uso de um cabo com 24 AWG e uma frequência de operação
de 16 MHz. Hoje, essa categoria é considerada obsoleta para redes de dados, mas ainda pode ser
utilizada para a telefonia fixa.
• Categoria 4: utilizada em redes no padrão Token Ring, com uma taxa de transferência máxima
de 16 Mbps e uma frequência de operação de 20 MHz. Os cabos dessa categoria operam com
quatro pares de fios com 22 AWG ou 24 AWG. Essa categoria não é reconhecida pelas normas de
cabeamento estruturado estabelecidas pela ANSI/TIA.
• Categoria 5: utilizada para transmissões com taxa de transferência de até 1 Gbps e uma frequência
de 100 MHz. Foi rapidamente substituída pela categoria 5e.
Observação
• Categoria 6 (padronização ISO Classe E): utilizada para transmissões de até 250 MHz, é considerada
uma melhoria na categoria 5e. Possui quatro pares de fios de 24 AWG.
• Categoria 6A (padronização ISO Classe EA): utilizada para transmissões de até 500 MHz e taxas de
transferência de até 10 Gbps, com pares trançados.
Observação
• Categoria 7 (padronização ISO Classe F): utiliza cabo de pares trançados blindados que permitem
uma operação até 600 MHz.
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Unidade II
• Categoria 7A (padronização ISO Classe FA): semelhante à categoria anterior, mas com uma
frequência máxima de 1 GHz.
O conector utilizado para cabos de pares trançados é 8P8C, popularmente conhecido como RJ-45.
Figura 34
Esse conector possui oito contatos, de forma a receber os quatro pares de fios do cabo de par
trançado. Cada par de fios em um cabo de par trançado tem uma cor diferente, e a ordem das
cores é importante na conexão do cabo no conector. As cores dos fios do cabo de par trançado
são: laranja; vede; marrom; azul.
O par laranja é formado por um fio laranja trançado a um outro fio laranja, sendo este mais claro.
Alguns fabricantes utilizam a cor branca no lugar do fio laranja mais claro, chamando este de branco
do laranja. Da mesma forma ocorre com os outros pares, por exemplo o par azul, formado pelo azul e o
branco do azul (ou azul claro). Os outros pares seguem o mesmo padrão.
A ordem de conexão dos pares no conector RJ-45 obedece ao padrão T568 criado pela TIA, que
estabelece dois tipos de conexão: T568A e T568B.
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CABEAMENTO ESTRUTURADO
Quadro 5
Função Função
Pino Cor (10 Mbps / 100 Mbps) (1 Gbps / 10 Gbps)
1 Branco do verde Transmissão Transmissão/Recepção
2 Verde Transmissão Transmissão/Recepção
3 Branco do laranja Recepção Transmissão/Recepção
4 Azul Não usado Transmissão/Recepção
5 Branco do azul Não usado Transmissão/Recepção
6 Laranja Recepção Transmissão/Recepção
7 Branco do marrom Não usado Transmissão/Recepção
8 Marrom Não usado Transmissão/Recepção
Quadro 6
Função Função
Pino Cor (10 Mbps / 100 Mbps) (1 Gbps / 10 Gbps)
1 Branco do laranja Transmissão Transmissão/Recepção
2 Laranja Transmissão Transmissão/Recepção
3 Branco do verde Recepção Transmissão/Recepção
4 Azul Não usado Transmissão/Recepção
5 Branco do azul Não usado Transmissão/Recepção
6 Verde Recepção Transmissão/Recepção
7 Branco do marrom Não usado Transmissão/Recepção
8 Marrom Não usado Transmissão/Recepção
Quando deseja-se interligar equipamentos com o mesmo padrão elétrico de conexão (por exemplo:
dois computadores ou dois switches), é necessário a construção de cabos para conexões cruzadas. As
conexões cruzadas são obtidas quando em uma ponta do cabo a crimpagem do conector segue o
padrão T568A e na outra ponta a crimpagem do conector segue o padrão T568B.
Observação
65
Unidade II
Saiba mais
Figura 35
A topologia de rede montada a partir do uso de cabos de pares trançados, principalmente segundo
as normas de cabeamento estruturado, é composta por um patch panel e uma tomada RJ-45, conforme
pode ser verificado na figura a seguir:
Patch panel
Tomada
RJ45
Figura 36
66
CABEAMENTO ESTRUTURADO
Um patch panel é um componente passivo utilizado em redes que utilizam o cabo de par trançado
como meio físico. Ele é composto por diversas tomadas RJ-45, normalmente 24 ou 48 tomadas. O patch
panel é utilizado como um terminador de cabos. A figura a seguir apresenta um patch panel:
Figura 37
O outro segmento de cabos é terminado em uma tomada RJ-45 fêmea, conhecido popularmente por
jack ou keystone. A figura a seguir mostra uma tomada RJ-45 fêmea:
Figura 38
A ferramenta utilizada para crimpagem do cabo de par trançado em um patch panel e/ou em uma
tomada RJ-45 é o alicate de inserção punch down, que pode ser visto na figura a seguir:
Figura 39
67
Unidade II
4 FIBRA ÓPTICA
4.1 Conceitos
A ideia de comunicação óptica, que se iniciou com a transmissão de informações por meio dos
primeiros sinais de fumaça, intensificou-se a partir do surgimento do laser na década de 1960 e
com o surgimento da primeira fibra óptica com características modernas em 1970. A partir daí a
tecnologia de transmissão óptica começou a se desenvolver, com utilização em escala mundial
por volta de 1978.
Não se contrapondo aos padrões de comunicação elétrica surgidos em 1837, as comunicações ópticas
complementaram as comunicações elétricas, fazendo com que enlaces de distâncias tão limitadas
alcançassem distâncias de centenas de quilômetros, sem o uso de repetidores, já na década de 1980.
Lembrete
Quadro 7
Ano Fato
2500 a.C. Conhecimento das primeiras amostras de vidro.
Tempos romanos Transformação do vidro em fibra.
1790 Criação do telégrafo óptico na França por Claude Chappe.
1841 Guiamento de luz em um jato d’água, demonstrado em Genebra por Daniel Colladon.
1880 Alexander Graham Bell inventa o fotofone.
Utilização de bastões curvos de vidro para iluminar cavidades do corpo humano em
1888
Viena pelos Drs. Roth e Reuss.
1920 Utilização de bastões curvos de vidro em sistemas de iluminação de microscópios.
Investigação da transmissão de imagens através de fibras de vidro colocadas em
1949
paralelo, na Dinamarca, por Holger Moller Hansen e Abraham C. S. Van Heel.
1954 Surgimento de diversos estudos reportando feixes de fibras ópticas sem casca.
Estudos e criação das fibras de vidro com casca, a partir do derretimento de um tubo
1956
sobre um bastão de vidro.
1957 Primeiros testes com endoscopia de fibra óptica em um paciente.
1960 Primeiras demonstrações com laser.
Uso de dutos ópticos ocos feitos de tubos refletivos e publicação dos estudos teóricos
1961
sobre fibras monomodo.
1962 Fabricação dos primeiros diodos lasers a semicondutor.
1970 Demonstração da transmissão por fibras ópticas e o uso de lasers a semicondutor.
Transmissão de tráfego telefônico por meio de enlaces de fibras ópticas a 45 Mbps no
1977
centro de Chicago.
1981 Transmissão de 140 Mbps por 49 km pela Britsh Telecom.
Operação do primeiro cabo óptico no Canal da Mancha.
1986
AT&T transmite 1,7 Gbps em fibras ópticas monomodo.
1987 Criação do amplificador óptico em fibra dopada.
1988 Operação do primeiro cabo óptico transatlântico.
Década de 1990 Introdução do sistema DWDM (Desne Wavelength Division Multiplexing).
Dias atuais Aperfeiçoamento contínuo dos dispositivos ópticos.
• Alcance de longas distâncias nos processos de transmissão quando estabelecida uma comparação
com os cabos metálicos.
• Redução drástica no número de componentes de redes responsáveis por regenerar sinais com
nível de potência diminuído em consequência das distâncias dos enlaces.
69
Unidade II
• Considerado nível de segurança operacional, devido ao fato de não possuir loops de terra faíscas
ou quaisquer outros problemas elétricos.
Devido a sua própria natureza, a luz é considerada uma das condutoras de informação que mais se
destacam. Os olhos humanos conseguem perceber a energia eletromagnética (como luz) na faixa que
vai de 43 x 10¹³ Hz (vermelho) até 75 x 10¹³ Hz (violeta).
A figura a seguir mostrar a faixa de frequência visível entre outras faixas de frequência no espectro
eletromagnético:
Faixa TV Infravermelho UV
cidadão
AM FM Micro-ondas Visível
Raios x e γ
f(HZ)
103 106 109 1012 1015 1018
Figura 40
Observação
70
CABEAMENTO ESTRUTURADO
c
f
A letra “f” representa a frequência e a letra “c” representa a velocidade da luz no vácuo.
15
10
Frequência (1014Hz)
5
UV Visível Infravermelho
4
3
1,5
0,2 0,3 0,4 0,5 0,7 1,0 1,5 2,0
Comprimento de onda (µm)
Figura 41
Os sinais visivelmente luminosos têm essas interessantes propriedades, e outros sinais fora da
região visível também tem. Não obstante, a luz (visível) para transmissão em uma fibra de vidro
não é uma eficiente combinação, uma vez que é atenuada consideravelmente. A melhor situação
se dá na transmissão de sinais em fibra óptica no comprimento de onda eletromagnética na faixa
de infravermelho.
Os comprimentos de onda em que há grande eficiência nas comunicações por meio das fibras de
vidro são os próximos a 0,85 µm e entre 1,1 e 1,6 µm.
Quando a luz se propaga em linha reta em uma substância uniforme e de repente adentra
outra substância com densidade diferente, o raio de luz tem a sua direção modificada. A figura a
seguir ilustra essa situação, onde o raio se propaga de uma substância vizinha mais densa a outra
menos densa.
71
Unidade II
Figura 42
No exemplo citado na figura anterior, quando o ângulo de incidência “I” é menor que o ângulo
crítico, o raio se refrata, ou seja, passa da substância (ou superfície) mais densa para a menos densa.
Quando o ângulo de incidência é igual ao ângulo crítico, a luz segue uma trajetória paralela à divisão
entre os dois materiais. Quando o ângulo de incidência é maior que o ângulo crítico, o raio de luz é
refletido e permanece o seu trajeto dentro da substância mais densa.
Observação
O entendimento sobre o ângulo crítico passa pela compreensão de um conceito físico chamado de
índice de refração, também conhecido como índice refrativo. Tal índice é a relação entre a velocidade
da luz no vácuo e em outro meio.
Tabela 6
Os fenômenos da reflexão e da refração também ocorrem em uma fibra óptica. Nela, o fenômeno da
reflexão da luz por meio de um canal, que nada mais é que um núcleo de vidro. Esse núcleo é construído
a partir de um vidro de altíssima qualidade e mais fino que um fio de cabelo, além de ser revestido de
72
CABEAMENTO ESTRUTURADO
outro vidro menos denso, que favorece a reflexão da luz para dentro do núcleo. Há ainda uma capa
protetora que cria uma resistência mecânica ao núcleo e ao revestimento.
2a
n1 Casca
Núcleo n2 < n1 Capa
Figura 43
De forma muito parecida aos sistemas de transmissão em cabos de cobre, as comunicações por fibra
óptica necessitam de um emissor, que normalmente é um LED ou um laser. Esse emissor converte o
sinal elétrico em óptico. De modo similar no destino, um receptor óptico, normalmente um fotodiodo,
converte o sinal óptico em sinal elétrico.
Revestimento
Emissor Núcleo Receptor
Revestimento
Figura 44
Observação
Alguns autores chamam de casca o revestimento que envolve o núcleo
da fibra óptica.
Os modos de propagação da luz em uma fibra óptica podem ocorrer de duas formas: multimodo e
monomodo. Esses modos necessitam de características distintas e serão detalhados na próxima secção.
Saiba mais
Para conhecer um pouco mais sobre a propagação da luz na fibra
óptica, leia:
KEISER, G. Comunicações em fibras ópticas. 4. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014.
73
Unidade II
A fibra óptica multimodo recebe esse nome devido a sua forma de propagação ocorrer a partir de
múltiplos feixes de luz oriundos de uma fonte de luz, atravessando o núcleo da fibra óptica por diversos
caminhos. Esse foi o primeiro tipo de cabo óptico utilizado em ambientes comerciais, e por causa do seu
baixo custo ainda é muito utilizada.
Essas fibras podem ser divididas em índice degrau e índice gradual. As fibras multimodo índice
degrau possuem um núcleo com densidade constante em linha reta até o limite com o revestimento,
tendo este uma menor densidade. As fibras multimodo índice gradual tem maior densidade no centro
do núcleo e vai reduzindo a densidade até chegar no limite ente o núcleo e o revestimento.
A figura a seguir apresenta a ideia que cerca essas duas fibras ópticas multimodo:
As fibras multimodo são normalmente mais “grossas” que as fibras monomodo, além de possuir
núcleos de 50 mícrons ou 62,5 mícrons. O fato de possuir um núcleo maior, habilita-se, desta forma,
transmissores com LED de baixo custo.
Observação
Uma grande desvantagem das fibras multimodo é a existência da dispersão modal que aumenta
atenuação nesse meio físico. Essa dispersão é fruto da defasagem entre os sinais transmitidos de forma
múltipla, além de aumentar com a distância entre transmissores e receptores.
A fibra óptica monomodo é também conhecida como fibra de modo único, sendo caracterizada por
ter um modo de propagação praticamente paralelo ao limite entre o núcleo e o revestimento. Outra
característica interessante é que o seu núcleo tem um diâmetro bastante reduzido quando comparado
com os das fibras multimodo.
74
CABEAMENTO ESTRUTURADO
Figura 46
Diferentemente das fibras multimodo, que utilizam LEDs para transmissão, as fibras monomodo
utilizam o laser para a emissão do sinal, elevando, assim, a qualidade na comunicação
O núcleo das fibras monomodo medem aproximadamente de 8 a 9 mícrons. Não obstante, convém
lembrar que o núcleo, acrescido da casca e do revestimento, deixa o diâmetro do cabo de fibra monomodo
praticamente do mesmo tamanho da fibra multimodo.
Neste modo não encontramos a dispersão modal, porque utiliza-se apenas um modo de propagação
da luz.
Como a comunicação em uma fibra é unidirecional, para que se construa um enlace é necessário o
uso de um par de fibra. Assim, os conectores são divididos em individuais e duplos.
• SC (Subscriber Connector): criado pela NTT (Nippon Telephone and Telegraph), é considerado o
mais comum.
• ST (Straight Tip): criado pela AT&T, tem muita semelhança com um conector BNC de cabo coaxial,
pelo fato de ser atarrachado.
• FC (Ferrule Connector): normalmente utilizado em fibras monomodo.
• LC (Lucent): criado pela empresa Lucent, é considerado uma versão miniatura do conector SC.
Figura 47
75
Unidade II
Os conectores duplos são utilizados ao mesmo tempo para duas fibras. Os principais exemplos de
conectores individuais são:
Figura 48
Exemplo de aplicação
Para conhecer um pouco mais sobre conectores, não somente ópticos, faça uma pesquisa incluindo
preços e outras especificações de mercado para os conectores mais utilizados em redes locais.
Resumo
O foco desta unidade II foi o estudo dos meios físicos confinados (cabos
coaxiais, cabos de pares metálicos e cabos de fibra óptica).
Exercícios
Questão 1. Assinale a alternativa que apresenta corretamente uma característica de um cabo coaxial:
A) É um cabo ótico, que possui uma blindagem metálica, usado para transmissão híbrida.
D) É um cabo metálico constituído de dois fios trançados, sendo o primeiro tipo de cabo utilizado
em redes de computadores.
E) É um cabo formado por um fio condutor envolvido por um material dielétrico de grande resistência,
usado unicamente para telefonia.
A) Alternativa incorreta.
Justificativa: o cabo coaxial é um cabo metálico, que possui uma blindagem metálica, usado para
transmissão híbrida.
77
Unidade II
B) Alternativa incorreta.
C) Alternativa correta.
Justificativa: o cabo coaxial é um cabo metálico, que possui uma blindagem metálica, usado para
transmissão híbrida.
D) Alternativa incorreta.
Justificativa: o um cabo metálico constituído de dois fios trançados é conhecido como par trançado.
E) Alternativa incorreta.
Justificativa: embora o cabo coaxial seja um cabo formado por um fio condutor envolvido por um
material dielétrico de grande resistência, ele não é usado unicamente para telefonia. Esse tipo de cabo
é usado para transmissão híbrida.
Questão 2. Com relação à topologia, tipicamente, os cabos de par trançado são usados em LANs
com a topologia:
A) Estrela.
B) Barramento.
C) Em anel.
D) Em linha.
E) Em quadrado.
78