Você está na página 1de 26

Apresentação capítulo 6:

A justiça é o sentido do direito


(pgs. 281 a 314)

Apresentação: Guilherme Petry Matzenbacher


Questões clássicas da filosofia do direito:
Qual a relação entre justiça e direito
Em que consiste a justiça
Introito:
síntese e escopo do capítulo
O capítulo pretende afirmar que a relação entre direito e justiça é
uma relação necessária ”e dependente da concepção de direito
apresentada nos capítulos anteriores” (o direito como uma prática
social e como uma ação”)
1) Arché (no sentido epistemológico):
modo de conhecer algo.

Sentido
"O sentido define e unifica um conceito"
É um princípio de inteligibilidade do conceito
2) Telos, finalidade:
Confere a orientação para o direito.
O objetivo ao qual esta prática
social se destina a alcançar

"O sentido define uma prática, sua razão de


ser"(p.282)
A RESPOSTA CÉTICA
A relação entre direito e justiça seria contigente, não
necessária
O direito, como fato, não precisa do conceito de justiça. Forçar a distinção entre
direito e justiça coloca em cheque a própria ideia de justiça, que se torna uma
palavra vazia (ou um termo tão polissêmico que não é capaz de ser
determinado).
Bobbio: O Direito, como ele é, é
expressão dos mais fortes, não dos
mais justos. Tanto melhor, então, se os
mais fortes forem também os mais
justos”

Trasímaco: “O justo é sempre e em toda parte a mesma


coisa: a vantagem do mais forte”. A justiça é apenas
“generosa ingenuidade”
A justiça como princípio de
inteligibilidade do Direito

Plano lógico: lei é uma "ordenação da razão"


A justiça é o elemento inteligível do direito positivo.

A lei, como critério para agir e para comparar e medir,


pressupõe que o agente pode aprender uma unidade
sensata para os critérios. Esta unidade sensata é a justiça
A justiça como princípio de
inteligibilidade do Direito
É uma condição para o aprendizado a existência de um
sentido (p. 286).
"O direito, como atividade, precisa de um princípio ou
sentido (finalidade) que se realiza no seu resultado,
subordinado à constituição de uma comunidade política"
(p. 287)
Mas afinal, o que é justiça?
Resposta aos céticos

O interlocutor (a) não tem ideia


das discussões filosóficas em
torno do tema;
(b) tem uma concepção relativista
ou subjetivista;
(c) está se fazendo de desentendido
Pirro de Élis
Obs: Discussões filosóficas do tema
Simoniades: É justo restituir a cada um o que se lhe deve”

Polemarco: “A justiça consiste em amar e fazer bem aos amigos, e odiar e fazer mal aos
inimigos”

Trasímaco: “A justiça não é outra coisa, e em toda a parte, senão a conveniência do mais
forte. E como os governos têm o poder (sendo os mais fortes) seria justo para eles
aquilo que lhes convém, castigando assim aqueles que seriam os injustos, os que
violam as leis, os transgressores”.

Glauco: “Todos praticam a justiça contra a vontade, mas não como coisa boa, pois a vida
do injusto seria melhor do que a do justo”.
"Zeus must be just"
(aeschilus) Diké Themis
Problemas que o cetismo coloca:

1) Tarefa do jurista 2) Na vida cotidiana,


como mera retórica e vivendo num regime
manipulação de leis, ainda assim
podemos nos
encontrar em situação
de permanente
injustiça
Sentido/ Logos / Ratio:

"O sentido é o bem de cada prática" (p. 291)


O sentido do direito é aberto, consistindo na manutenção
ordenada da vida social"
"Toda a prática tem o seu sentido". No direito, o sentido
unificador é a justiça (p. 292)
O Conceito de Justiça:
"Concebida a justiça como o (i) o sentido de certas práticas
(...), que (ii) haja finalidades e bens para conceber-se a ação
humana, uma vez que (iii) a 'ação começa pelo seu fim',
considerando-se que (iv) o fim de uma ação pode ser a forma
de vida individual ou social e pública, e que (v) seja necessário
conceber a ação dentro de um jogo,forma de cooperação ou
prática (...) A justiça se deixa analisar como um sentido das
ações (p. 292)
Quadro 85: o fim da política é a justiça

A ciência que visa o bem maior é a política, "e o bem em


política é a justiça, ou seja, o interesse comum"
"Todos os homens pensam, por isso, que a justiça é uma
espécie de igualdade" (Aristóteles)
A igualdade como justiça
Distribuição dos ônus e benefícios e regulação
das trocas:

a) As regras que constituem o jogo da


sociedade distribuem os ônus e benefícios da
cooperação social.

b)“São essas relações de troca ou partilha de


coisas que se chamam relações de justiça”
Os tipos de relações podem ser:
de partilha
comutativas (de troca)
políticas
Papel da lei:
A lei, por definição, cria a
comensurabilidade das ações. Cria, pois,
igualdade (p.294)
Atributos da lei:
São atributos da lei a generalidade e a autoridade. Um tirano
tem força, mas não tem razão (legitimidade). Um reino sem
justiça não passa de um bando de salteadores (Agostinho)
A lei há de ser inteligível - ser passível de ser obedecida de
forma autonôma (sem a necessidade de um guarda atrás
de cada pessoa)
Consistência, "ser capaz de compreender a noção de igualdade e
guiar-se por ela, é uma forma de ser justo, e sem essa forma de
justiça não se pode falar em direito, pois não se pode falar
propriamente de regra (p. 295)
Justiça Natural
"Daí por que se chama de justiça natural o puro e simples
seguimento de regras: "tratar casos iguais de maneira
igual". É natural porque expressa simplesmente a regra
da justiça em geral, o princípio da igualdade" (p. 295)
"A ideia mais simples de justiça consiste na aplicação da
mesma regra geral a uma variedade de pessoas, é justiça
natural, e nesses termos, uma conexão necessária entre
direito e moral é admissível" (p. 295)
Igualdade
A igualdade é criada e reconhecida por regras ou,
dito de outra maneira, toda regra é constitutiva
(definidora ou determinadora) de igualdade

A igualdade é uma relação entre coisas ou termos

O nomos (direito) confere igualdade e medida.

"Viver sob o direito só pode ser viver sob a igualdade


Teoria clássica da justiça como
igualdade:
A justiça é a virtude das medidas e das regras.

“O vício do injusto é uma espécie de ganância”

"Pensa-se por exemplo, que a justiça é igualdade - e de fato é, embora não o seja para
todos, mas somente para aqueles que são iguais entre si: e também se pensa que a
desigualdade pode ser justa, e de fato pode, embora não para todos, mas somente para
aqueles que são desiguais entre si" (Política, Aristóteles)
A virtude da Justiça

As virtudes morais são hábitos que geram inclinações


A justiça é uma virtude para os outros, não para si.
Somente metaforicamente alguém é justo consigo
mesmo.
As formas da justiça:
a) Justiça geral
b) Justiça particular
b.1) Justiça distributiva
b.2) Justiça corretiva
Justiça Geral:
Aristóteles inicia o tema da justiça em geral dizendo que esta pode se
referir a totalidade das virtudes. Seria a virtude inteira.

Porém, em sentido mais estrito, a justiça geral é aquela que diz respeito ao
bem comum (a lei dá a medida do que devemos fazer com relação ao
outro na esfera pública"
O justo em geral, em sentido estrito, é o justo feito para o bem da
comunidade. É a virtude do cidadão enquanto cidadão.
A justiça geral se realiza enquato se cumpre com as leis da comunidade
política.
O bem comum da justiça geral (ou da vida política) é manter a convivência
pacífica.
Considerações sobre a Teoria
da Justiça de Rawls:
Como estabelecer um arranjo social político justo?
Estratagema da posição original marcada pelo véu da
ignorância.
Princípio da diferença: somente são admitidas as
diferenciações quando estas são benéficas aos menos
privilegiados.

Você também pode gostar