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Direito Constitucional Positivo I

TEORIA DO ESTADO

Conceito de Estado
Conceito filosófico - Delineado por George Hegel, evidencia que o Estado deduziria a realidade da ideia
ética, consistente na síntese do espírito absoluto, a partir da dialética entre a família e a sociedade.
Conceito sociológico - Desenhado por Max Weber, expressa que o Estado detectaria o monopólio da
força física legítima, consubstanciado na institucionalização da violência pelo aparato Estatal.

Conceito estritamente jurídico - Desenvolvido por Georg Jellinek, exprime que o Estado seria um
fenômeno histórico no qual certa população, assentada em determinado território, é dotada de poder
originário de mando.
- Desta forma, há três elementos constitutivos do Estado:
Elemento formal - Refere-se ao poder político.
Elemento territorial - Refere-se a determinado território.
Elemento humano - Refere-se à população.
- Segundo Francisco Rezek, em certas situações, pode ser que os elementos territorial e formal
deixem de se fazer presente. Nesse caso, o Estado continue tendo sua existência reconhecida, desde
que a ausência do elemento seja transitória. Durante a Segunda Guerra Mundial, por exemplo, a
França perde sua soberania (poder político), mas continua sendo reconhecida como Estado, visto
que tal ausência de elemento era transitória.
- Segundo o autor italiano Alexandre Groppali, haveria um quarto elemento constitutivo, que seria o
elemento teleológico. Ele afirma que o Estado teria uma finalidade. Ninguém no Brasil acolhe essa
ideia, aqui reconhece-se a finalidade implícita já presente nos 3 elementos constitutivos anteriores.

Origem do Estado - Da resultância da ampliação ou desenvolvimento da sociedade humana, garantia da


propriedade, dominação de grupos, fixação no território, diferenciação de condições, organização de
normas ou acordo de vontades, tácito ou expresso.

Perspectiva do Estado
O Estado é constituído pela população.
Conceito demográfico - Refere-se à população, designa o conjunto de pessoas que se encontram
sobre o território nacional, mesmo que estrangeiras.
Conceito político - Refere-se ao povo, denota o composto de pessoas que participam intensamente,
enquanto membros da sociedade civil, nos processos decisórios dos órgãos públicos, providas de
capacidade eleitoral e capacidade eletiva.
Conceito sociológico - Refere-se à nação, denomina o complexo de pessoas que têm origem,
tradições e costumes comuns, falam geralmente a mesma língua, professam a mesma religião e
podem estar, ou não, estabelecidas no território do mesmo Estado.

O Estado é constituído pelo território, demarcado como "base física do Estado" ou "porção delimitada
do globo terrestre na qual o poder político é exercido sobre a população.
- A ideia de que embaixadas, embarcações, etc, são extensões do território é ultrapassada. Um navio
brasileiro em Portugal é território português, embora nele aplique-se a legislação penal brasileira
(exceção à ideia de Hans Kelsen).

O Estado é constituído pelo poder político, definido como modalidade de poder, superior em relação às
demais formas de manifestação da capacidade de imposição de vontade, revelado na ordem jurídica,
com força de constranger à obediência, pela coerção máxima.
- O poder político é dotado das seguintes características:
Unidade - Porque não há possibilidade de exercício de mais de um poder político, ao mesmo
tempo, sob o mesmo território.
Indivisibilidade - Porque o poder político não admite fracionamento, de modo a assegurá-lo
como incoercível e incontrastável., sendo a divisão do poder político relativa ao seu exercício, e
não a sua essência.
Inalienabilidade - Porque a titularidade do poder político é insuscetível de ser transferida, a
qualquer título.
Imprescritibilidade - Porque não há prazo para o exercício do poder político, sendo qualificado
como contínuo e permanente.

Divisão do poder político


Há duas premissas à divisão do poder político:
- O poder político não será dividido em sua essência, mas sim no modo pelo qual é exercitado.
- A repartição do poder político é instituída entre entidade ou órgãos, tendo em vista os critérios de
descentralização territorial e funcional.

A divisão territorial do poder político é alicerçada na descentralização no plano vertical, por


instrumento da repartição do exercício do poder político entre entidades distintas, sendo correlata às
formas de Estado.
Estado unitário - Em razão da descentralização admnistrativa, há um ente estatal, de maneira que a
relação entre o poder central e os poderes locais é influenciada pela subordinação hierárquica de um
centro de governo ao outro. A repartição do poder político é instituída entre órgãos; Procuradoria
Geral do Estado do Rio de Janeiro é um exemplo de órgão.
Estado federal - Em virtude da descentralização política, há mais de um ente estatal, de sorte que a
relação entre o poder central e os poderes locais é informada pela coordenação entre os centros de
governo. A repartição do poder político é instituída entre entidades; Estado do Rio de Janeiro é um
exemplo de entidade.

A divisão funcional do poder político é assentada na descentralização no plano horizontal, por


intermédio da repartição do poder político entre complexos de órgãos públicos diferentes, sendo
correlativa às funções do Estado.
Poder Legislativo - Exercício da função legislativa (produção do Direito Positivo).
Poder Executivo - Exercício da função administrativa (aplicação de ofício do Direito Positivo).
Poder Judiciário - Exercício da função jurisdicional (aplicação contenciosa do Direito Positivo).

Formas de Estado
O Estado, à luz da divisão territorial do poder político, é classificado em Estado unitário e Estado
composto, sendo o critério de diferenciação a descentralização política.
Estado unitário - É formada por uma entidade estatal, em razão da inexistência de descentralização
política, de maneira que há a possibilidade de que a relação entre o poder central e os poderes regionais
e locais seja influenciada pela subordinação de um nível de poder ao outro.
Estado unitário centralizado - Não há descentralização administrativa. Não há exemplos no mundo.
Estado unitário descentralizado - Há descentralização administrativa.

Estado composto - É fundado por mais de uma entidade estatal, em virtude da existência de
descentralização política, de sorte que a relação entre o poder central e os poderes regionais e locais é
informada pela coordenação entre os níveis de poder.
O Estado composto é fragmentado em confederação e federação:
Confederação - Há pluralidade de soberanias, cujo fundamento de validade consiste em Tratado
Internacional. Único exemplo de confederação: Emirados Árabes Unidos.
Federação - Há unidade de soberania e pluralidade de autonomias, cujo fundamento de validade
corresponde à Constituição nacional. Exemplos: Brasil, Estados Unidos, etc.

Estado Federal

Formação do Estado Federal


Segundo Dirceu Torrecilhas, sobre a formação do Estado Federal, historicamente:
Federalismo centrífugo - É distanciado do centro de governo, originado da segregação de Estado
unitário. Exemplo: Brasil.
Federalismo centrípeto - É dirigido ao centro do governo, oriundo da agregação em Estado
composto. Exemplo: Estados Unidos.

Constituição da federação
A constituição da federação requer:
1) União de entidades políticas autônomas, simbolizada pelo vínculo indissolúvel entre os entes
federativos, revestidos de auto-organização, autogoverno e autoadministração.
- Ou seja, a federação é constituída pela existência de um Estado soberano, integrado por dois ou
mais Estados autônomos, através do vínculo federativo.
- A autonomia divide-se na autoadministração (capacidade para aplicar o Direito Positivo, assim
como prestar os serviços públicos), autogoverno (capacidade para escolher os agentes públicos
que desempenharão as funções administrativa, legislativa e jurisdicional) e auto-organização
(capacidade de elaboração da Constituição próprio ou de instrumento análogo a ela),
- A federação não aceita secessão, ou seja, dissolução do vínculo entre os entes federativos.
2) Bicameralismo, de maneira a possibilitar a participação da vontade parcial (regional) na
formação da vontade geral (nacional).
- A federação é construída pela participação da vontade parcial (regional) na formação da
vontade geral (nacional), no âmbito do Congresso Nacional, mediante a produção de leis.

Câmara dos Deputados - É o órgão legislativo popular. Os representantes do povo, eleitos pelo
sistema de escrutínio proporcional, estão dispersos em número desigual entre os Estados e
Distrito Federal.
Senado Federal - É o órgão legislativo federativo. Os representantes das entidades políticas,
eleitos pelo sistema de escrutínio majoritário, estão dispostos em número igual entre os Estados
e o Distrito Federal.
3) Repartição constitucional de competências.
- A federação é consubstanciada pela repartição constitucional de competências, isto é à medida
do poder político do Estado Federal, de sorte que as matérias de prevalecente interesse nacional,
regional e local tocam à União, Estados e Municípios, respectivamente, a teor do princípio da
predominância do interesse entre as entidades federativas.

Repartição de Competências

Sistemas constitucionais de competência


A repartição de competências no Direito Constitucional comparado é decomposta em três paradigmas:
Modelo indiano – A Constituição hindu demonstra uma enumeração exaustiva das
competências da totalidade das entidades federativas.
Modelo canadense – A Constituição canadense desencadeia uma enumeração das
competências dos Estados, reservadas as competências remanescentes à União.
Modelo estadunidense – A Constituição estadunidense desenvolve uma enumeração das
competências da União, reservadas as competências remanescentes aos Estados.

O Direito Constitucional brasileiro adota, em regra, o modelo estadunidense. A Constituição enumera


as competências da União (Art. 21, CRFB) e reserva as eventuais e remanescentes aos Estados (Art. 25,
§1º, CRFB).
Art. 21, CRFB. Compete à união: (...)
Art. 25, §1º, CRFB. São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta
Constituição.
- Em matéria tributária, de impostos, a Constituição brasileira se aproxima do sistema indiano,
exaltando as competências da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. (Arts. 153
em relação a impostos federais; Art. 155 em relação a impostos estaduais e do Distrito Federal; e
Art. 156 em relação a impostos municipais).
- Há três situações nas quais a Constituição brasileira se aproxima do sistema canadense, passando
as competências do Estado a serem enumeradas e expressas: Art. 18, §4º; Art. 25, §2º; e Art. 25,
Parágrafo 3º. Em uma situação a Constituição expressa ainda competências municipais: Art 30,
alguns incisos.
De acordo com Fernanda Dias Almeida, a repartição de competências no Direito Constitucional
brasileiro, é desmembrada em dois planos especiais:
Repartição de competências em plano horizontal - Disseminação de matérias distintas entre as
entidades federativas, encerrando as competências exclusiva e privativa de cada unidade da
federação. A competência exclusiva é indelegável (não pode ser delegada a outra entidade),
enquanto que a competência privativa é delegável (pode ser delegada a outra entidade).
Direito comparado – Temos nitidamente uma influência do direito estadunidense, que tem o
poder político compartimentado.
Direito brasileiro – Exemplo de competência exclusiva: Art. 21, CRFB. Exemplo de privativa: Art.
22, CRFB. O único caso de delegação no Brasil (sendo de União passando competência que lhe
cabe ao Estado) é a Lei Complementar 103/2i001 (Art. 7, V e Art. 22, I e Parágrafo Único). Obs.:
cuidado com o Art. 84, CRFB, na qual o termo “privativamente” aparece de forma errônea, uma
vez que não cabe delegação a todas as competências ali enumeradas.
Repartição de competências em plano vertical - Distribuição de matérias idênticas entre as
entidades federativas, englobando as competências comum e concorrente entre todas as unidades
da federação. A competência comum é cumulativa (a atuação de uma entidade federativa não exclui
a atuação de outra, ambas podem atuar), enquanto que a competência concorrente é não
cumulativa (a atuação de uma entidade federativa exclui a atuação de outra).
Direito comparado – Temos, desde a Constituição de 1988, nitidamente uma influência do
direito alemão, que tem o poder intacto e compartilhado.
Direito brasileiro – Exemplo de competência comum: Art. 23, CRFB. Exemplo de competência
concorrente: Art. 24, CRFB.
- Alice Gonçales Borges diz que a norma geral deve conter um princípio (ser abstrata,
genérica) e ter aplicação uniforme em todo território nacional. Conforme o Art. 24, §1º e §2º,
CRFB, a norma geral é competência da União. O Estado irá suplementar a União naquilo que
ela ainda não delimitou. Ou seja, o Estado tem atuação plena, sendo limitado apenas por lei
federal.

Conservação da federação
A conservação da federação requer:
1) Existência de órgão competente para a promoção do controle de constitucionalidade de leis e
atos normativos.
2) Limitações ao poder constituinte decorrente.
3) Intervenção federal. Trata-se do procedimento político-administrativo de afastamento
temporário e excepcional da autonomia política de uma entidade federativa.
Caráter temporal - A intervenção federal é sujeita ao intervalo de tempo necessário para afastar
as causas que possam perturbar o equilíbrio federativo.
Caráter excepcional - A intervenção federal é subordinada a pressupostos materiais e requisitos
formais esboçados no texto constitucional, ou seja, apenas em hipóteses que a Constituição
exaure (nos Arts. 34 e 36, CRFB). Corresponde à exceção ao princípio da não intervenção de uma
unidade de federação em outra.

Intervenção Federal

Pressupostos materiais
Os pressupostos materiais da intervenção federal estão expostos no Art. 34, CRFB. Há um tratamento
restritivo, não possibilitando a ampliação das hipóteses de sua incidência.
Art. 34, I, CRFB. manter a integridade nacional;
- A manutenção da integridade nacional decorre da indissolubilidade do vínculo federativo entre
União, Estados, Distrito Federal e Municípios, uma vez que a federação não admite secessão.
Art. 34, II, CRFB. repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra;
- Conforme o Art. 84, XIX, CRFB, compete ao Presidente da República "declarar guerra, no caso
de agressão estrangeira (...).
- Conforme o Art. 137, II, CRFB, o estado de sítio pode ser solicitado no caso de "declaração de
estado de guerra ou resposta à agressão armada estrangeira".
Art. 34, III, CRFB. pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;
- O comprometimento da ordem pública pode ser físico/natural, como em caso de desastres
naturais (chamados de calamidade pública), ou humana/social, como em caso de terrorismo
(chamados de comoção social).
Art. 34, IV, CRFB. garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação;
- Deflui da independência e harmonia dos Poderes do Estado.
Art. 34, V, CRFB. reorganizar as finanças da unidade da Federação que:
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de
força maior;
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos
prazos estabelecidos em lei;
- Art. 34, V, “a”: dívida fundada, vide Art. 101, I, LC 101/2000. Art. 34, V, “b”: vide Art. 160, CRFB.
Art. 34, VI, CRFB. prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;
- Que tipos de ordens ou decisões? De qualquer jurisdição, processo e ação, ou seja, qualquer
instância.
- Cumprimento intercorrente (no curso do processo de intervenção federal) gera qual efeito?
Extingue o processo de intervenção, porque se perdeu o objeto.
- Se o Estado não pagar precatório (ordem judicial de pagamento contra o Estado) por motivos
de insuficiência de recursos financeiros ainda cabe intervenção? Em tese, sim (à princípio,
frente a qualquer ordem cabe). Porém, na prática, não, por se tratar de insuficiência de recursos
financeiros, conforme jurisprudência. Segundo o STF, de acordo com o princípio da razoabilidade,
se o Estado tem um quadro de múltiplas obrigações a cumprir, deve ser dado a ele a
discricionariedade (conveniência mais oportunidade) sobre o cumprimento de suas obrigações.
- E se o Estado pagar precatórios fora da ordem cronológica imposta, cabe intervenção federal?
Não, pelo princípio da especialidade, aplica-se o Art. 100, §6º, CRFB, que leva ao sequestro
orçamentário por parte do credor prejudicado, e não intervenção federal.
Art. 34, VII, CRFB. assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;
b) direitos da pessoa humana;
c) autonomia municipal;
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta.
- Trata-se da salvaguarda de princípios constitucionais sensíveis, que ameaçados ou lesados
podem ensejar intervenção federal.
- Em relação a fatos graves relacionados a Direitos Humanos, o Supremo Tribunal Federal decidiu
que a gravidade de um fato, sozinho, não dá ensejo a intervenção federal, mas sim a
demonstração que o Estado dá de não conseguir responder a ele.
Requisitos formais
Os requisitos formais da intervenção federal estão expostos no Art. 36, CRFB. A intervenção da União
nos Estados e Distrito Federal pode ser espontânea ou provocada:
Intervenção federal espontânea - Ocorre ex oficio, não há provocação. Tudo aquilo que estiver no
Art. 34 e não estiver no Art. 36, é espontâneo. Art. 34, I, II, III e V.
Intervenção federal provocada - Tudo aquilo que estiver no Art. 34 e no Art. 36 tem intervenção
regulada, logo é provocado. Pode ocorrer por solicitação (pedido), pelo Poder Legislativo ou
Executivo estadual ou distrital, ou por requisição (ordem), pelo Poder Judiciário nacional. A
intervenção por solicitação atende-se discricionariamente, já a intervenção por requisição deve-se
atender obrigatoriamente.

Poder Legislativo

Estrutura do Poder Legislativo


O Poder Legislativo federal, exercitado pelo Congresso Nacional, é definido como complexo de órgãos
dedicados ao exercício predominante da função legislativa, que se compõe da Câmara dos Deputados e
Senado Federal.
Câmara dos Deputados - É engendrada como órgão legislativo popular, na medida em que é
formada por representantes do povo, eleitos pelo sistema de escrutínio proporcional, em número
não inferior a 8 e superior a 70 membros por Estado ou Distrito Federal, totalizando 513 Deputados
Federais, para o mandato de quatro anos, cabendo-lhes as atribuições enumeradas no art. 51.
Senado Federal - É entendido como órgão legislativo federativo, uma vez que é formado por
representantes de entidades da federação, eleitos pelo sistema de escrutínio majoritário, em
número de 3 membros por Estado ou Distrito Federal, assegurada a renovação da representação de
quatro em quatro anos, alternadamente, por um e dois terços, totalizando 81 Senadores da
República, para o mandato de oito anos, cumprindo-lhe as atribuições enunciados no art. 52.

A estrutura dos órgãos legislativos é integrada por Mesas, Comissões, Serviços Administrativos e
Guardas Legislativas.
Mesas - São órgãos de direção da atividade legislativa desenvolvida pela Câmara dos Deputados,
Senado Federal e Congresso Nacional, reunido sem sessão conjunta.
- A mesa do Congresso Nacional, que dispõe de atribuição para o direcionamento da sessão
comum, é presidida pelo Presidente do Senado Federal, conforme o Art. 57, §5º, CRFB.
- Se houver licenciamento do Presidente do Senado, quem ocupa o seu cargo? Quem ocupa a
Mesa do Senado Federal é o Vice-Presidente do Senado. Já quanto à vacância no cargo de
Presidente do Congresso, esta é preenchida pelo Vice-Presidente da Câmara dos Deputados.
Obs.: Conforme, o Art. 57, §5º, CRFB, ocupam a mesa do Congresso Nacional os cargos
equivalentes e alternados: Presidente do Senado, 1º Vice-Presidente da Câmara, 2º Vice-
Presidente do Senado, 1º Secretário da Câmara, 2º Secretário do Senado, 3º Secretário da
Câmara e 4º Secretário do Senado.
Comissões - São órgãos técnicos de estudo e investigação, distribuídas na estrutura interna da
Câmara dos Deputados, Senado Federal e Congresso Nacional, e divididas em permanentes e
temporárias.
Comissões permanentes - São as vinculadas a temas e, por isso, são chamadas de “temáticas”;
exemplos: Comissão de Ciência e Tecnologia, Comissão de Economia; etc. Art. 58, §2º, CRFB.

Comissões temporárias - Sobrevivem até o término da legislatura ou, antes dela, quando
alcançado o fim a que se destinam ou expirado seu prazo de declaração, repartidas em especiais,
externas e de inquérito.
Comissão temporária especial - São criadas nos seguintes casos: 1) proposta de emenda à
Constituição sobre qualquer matéria; ou 2) em caso de projeto de lei se este for afeto a
quatro ou mais comissões permanentes ou temáticas.
Comissão temporária externa - É criada quando há uma diligência (ato investigatório) externa
à Casa.
Comissão temporária de inquérito - Terão poderes de investigação próprios das autoridades
judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas.
Serviços administrativos - São todas as atividades meio que possibilitam que as atividades fins sejam
realizados
Guardas legislativas - É responsável pela segurança interna da Casa.

Atribuição representativa
O Congresso Nacional é titular de atribuição representativa, na medida em que os órgãos legislativos
referendam os tratados e convenções internacionais celebrados pelo Presidente da República.
- Se o tratado não versar sobre direitos humanos, prevalece o rito dos Artigos 49, I, e 84, VIII, da
CRFB. A ratificação pelo Poder Legislativo do tratado celebrado pelo Presidente do Executivo se dá
em sessão conjunta (Senado e Câmara), em sessão única (um turno) e por maioria simples. Esse
tratado tem status legal.
- Se a matéria do tratado for alusiva aos direitos humanos, prevalece o rito do Artigo 5º, §3º, da
CRFB. Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados em
cada Casa do Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado, não sendo, assim, sessões
conjuntas, mas dois turnos em cada uma delas), em dois turnos, por três quintos dos votos dos
respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. Esse tratado tem status
constitucional.

Atribuição investigatória
O Congresso Nacional é titular de atribuição investigatória, uma vez que os órgãos legislativos reúnem
as investigações financeiro-orçamentária, com o auxílio do Tribunal de Contas da União, e político-
administrativa, por intermédio de Comissão Parlamentar de Inquérito, em conformidade com os arts.
58, §3º, e 71, caput, CRFB.
Investigação orçamentário financeira - É demarcada pelo controle externo da execução orçamentária,
no interesse da preservação dos objetivos pretendidos pelo Poder Legislativo, quando autorizou
despesas e receitas. É feita pelo Congresso Nacional (Poder Legislativo) como auxílio ao Tribunal de
Contas.
Investigação política-administrativa – É delimitada por fatos relacionados com a vida do país, recaindo
sobre política e administração. É feita pelo Congresso Nacional como intermédio à Comissão
Parlamentar de Inquérito
- Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) é a comissão temporária com atribuição para
investigação política-administrativa. Os atos que a CPI pratica são atos obrigatórios, imperativos e
congentes, tais como são os atos de caráter judicial. Art. 58, §3º, da CRFB
- São pressupostos materiais da CPI:
Prazo certo - Intervalo de tempo necessário para a conclusão das apurações. A Suprema Corte
admite prorrogações sucessivas na mesma legislatura. Logo, o termo final da legislatura em que
constituída é o limite intransponível de sua duração.
Fato determinado - Individualização do acontecimento de relevante interesse para a vida pública
e a ordem constitucional, legal, econômica e social do País. A Suprema Corte assente com a
averiguação de fatos ligados ao que motivou a instituição do órgão legislativo. Logo, a
investigação parlamentar deve apurar fato determinar, mas não está impedida de averiguar fatos
que se ligam com o fato principal.
- São requisitos formais da CPI:
Requerimento de constituição - Conforme o Art. 58, §3º, CRFB, deve ser formulado por um terço
dos membros da Casa Legislativa, com o esclarecimento da composição númerica do órgão
parlamentar, independentemente de deliberação plenária.
Há o direito das minorias parlamentares à investigação? Sim, basta seguir os requerimentos
previstos na Constituição (1/3 dos membros da Casa subscrevendo o requerimento).
Inquérito parlamentar - Pode ser formado pelas diligências necessárias para a elucidação do fato
investigado, com a aplicação, no que lhe for suscetível, das normas de processo penal.
Relatório de investigação - O relatório e a resolução que o aprovar são encaminhados ao
Parquet, de maneira a possibilitar a responsabilização civil e/ou criminal dos infratores.
- São limites de atuação da CPI:
Competência - A CPI, como órgão fracionário do Parlamento, há de se comportar nas estritas
atribuições do Legislativo. O conteúdo da Comissão Temporária não pode ser maior do que o
continente da Casa Legislativa. As Comissões Parlamentares de Inquérito municipais e estaduais,
por exemplo, não podem ultrapassar, respectivamente, competências legislativas municipais e
estaduais.
Conteúdo - O poder de investigação é demarcado pelo interesse público, não sendo admissível a
apuração de fatos da vida privada.
Matéria - O poder de investigação não encerre as matérias reservadas aos órgãos judiciários, não
detendo atribuição para a restrição de direitos fundamentais ex auctoritate própria. Prevalece o
princípio da reserva da jurisdição: está reservada ao Poder Judiciário a jurisdição de algumas
matérias.
- São meios investigatórios admissíveis (ou seja, aqueles que independem de autorização judicial):
- Oitiva de indiciado e testemunha, inclusive com condução coercitiva se necessário. Os
depoentes podem ser ouvidos na qualidade de indiciados ou testemunhas, conforme tenha
havido, ou não, medida de constrição pessoal ou patrimonial, sujeitos à tríplice dever de
comparecer, responder às indagações e dizer a verdade.
- Quem é indiciado e quem é testemunha? Se houver medida de constrição sobre a pessoa
ou seu patrimônio, ela será ouvida como indiciada. Se não houver medida de constrição, ela é
testemunha. A constrição deve ser por iniciativa da CPI.
- Há o direito a silêncio em CPI? O direito de silêncio existe tanto para o indiciado quanto
para a testemunha em CPI, o que não ocorre em juízo, durante inquérito criminal. Perante a
CPI ambos podem calar-se; a diferença entre indiciado e testemunha é, pois, técnica e não
prática.
- Cabe habeas corpus preventivo à oitiva? Sim, com ele o sujeito não precisa responder a
nenhuma das perguntas desde que espere elas serem feitas. O habeas corpus preventivo
impede a prisão por exercício do direito ao silêncio. O habeas corpus impede a prisão
arbitrária e eventual constrangimento.
- Quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico. A CPI pode quebrar sigilo sem autorização
judicial, desde que expuser fundamentadamente os motivos para tal ato.
Sigilo bancário – Comporta as operações que impliquem aplicação, negociação, ocultação ou
transferência de ativos financeiros ou valores mobiliários.
Sigilo fiscal - Compreende as informações sobre natureza, estado dos negócios ou atividades
e situação econômica ou financeira de contribuintes ou responsável por obrigações
tributárias.
- O Supremo Tribunal Federal já chegou a aceitar duas situações de quebra de sigilo bancário
e fiscal extrajudiciais: em Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), desde que esta exponha
os motivos para tal (Art. 58, Parág. 3º, CRFB) e pelo Ministério Público com poder de
requisição desde que com suspeita fundada (Art. 129, VI, CRFB). Atualmente mantém a
posição a respeito do CPI, mas se reviu a posição a respeito do Ministério Público (que pode
requisitar qualquer informação, salvo se houver sigilo, caso em que deverá solicitar ao Poder
Judiciário).
Sigilo telefônico - Contempla os registros das chamadas telefônicas (horário e tempo de
ligação). Apenas interceptação corresponde ao conteúdo da ligação.
Interceptação telefônica - Está autorizada em juízo e não é de conhecimento dos dois
interlocutores, sendo prova lícita.
Gravação clandestina - Não está autorizada em juízo e é conhecimento de um dos
interlocutores (o que efetua gravação), sendo prova ilícita.
- Prova lícita ou ilícita será de acordo com a conformidade em relação à Constituição;
prova admissível ou inadmissível será de acordo com a aceitação da prova em juízo.
Admite-se o modelo alemão, em que há ponderação (prova ilícita, em regra, não pode ser
admitida, porém de acordo com ponderação do ônus e o bônus, a admissibilidade pode
ser considerada).

- Requisição de documentos e informações. As informações e documentos que se afigurarem


necessários podem ser requisitadas pelo órgão de investigação político-administrativa. As
informações alcançam os dados de autoridades, órgãos ou entidades da Administração
Pública, para a instrução do inquérito parlamentar.
- Os documentos não atingem escrituração de sociedade empresária, pelos seguintes
motivos: 1) não há interesse público; 2) pode trazer prejuízo irreparável à liberdade de
concorrência, que é princípio previsto da Constituição; e 3) exibição de livros comerciais,
conforme o Código Civil, apenas pode ocorrer conforme força judicial.

- São meios investigatórios inadmissíveis (ou seja, aqueles que dependem de autorização judicial):
- Concessão de medida cautelar. Apenas pode ser concedida pelo Poder Judiciário; a CPI não
pode condenar, apenas requerer ao juiz.
Obs¹: Tribunal de Contas e Conselhos Nacionais já foram aceitos pelo Poder Judiciário para
expedir medidas de natureza cautelar.
- Decretação de prisão provisória, salvo flagrante delito. Prisão provisória é qualquer prisão
anterior ao trânsito julgado de uma sentença ou acórdão, podendo ser: prisão em flagrante,
prisão preventiva ou prisão temporária. A CPI pode decretar apenas a prisão em flagrante.
- Proibição ou restrição de assistência jurídica (por advogado privado ou defensor público). A
CPI, assim como Poder Judiciário, deve respeitar as prerrogativas referentes à assistência jurídica.

Atribuição legislativa
O Congresso Nacional é titular de atribuição legislativa, visto que os órgãos legislativos são responsáveis
pela produção de normas legais, que encerra o processo de criação, modificação e revogação das
espécies normativas, em consonância com os arts. 59 a 69 da CRFB.

Processo legislativo - É o complexo de atos jurídicos, dispostos de forma orgânica e teleológica,


necessários à concretização da função legislativa.
A fase introdutória do processo legislativo se dá com o seguinte ato:
Iniciativa - Ato de inauguração do processo legislativo, por intermédio da apresentação de
projeto de lei ou proposta de emenda, qualificada como geral ou reservada.
Iniciativa geral - É atribuída ao Presidente da República, Membro ou Comissão da Câmara dos
Deputados, Senado Federal ou Congresso Nacional e cidadãos, com referência a matéria
indeterminada (art. 61, caput). Ademais, quanto à iniciativa popular, o projeto de lei deve ser
oferecido por, no mínimo, 1% do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco
Estados, com não menos de 0,3% dos eleitores de cada um deles (art. 61, §2º, CRFB).
Iniciativa reservada - É autorizada ao Presidente da República (arts. 40, §15, e 165, incs. I a
III), Câmara dos Deputados (art. 51, inc. IV), Senado Federal (art. 52, inc. XIII), Tribunal de
Contas da União (art. 73, caput), Supremo Tribunal Federal (art. 93), Tribunais Superiores (art.
96, inc. II), Ministério Público (art. 127, §2º) e Defensoria Pública (art. 134, §4º) com relação a
matéria determinada.
- É possível iniciativa popular de Emenda Constitucional? Não. Conforme o Art. 60, I a III,
CRFB, proposta de emenda deve ser ofertada pelo Presidente da República, um terço dos
membros da Câmara dos Deputados ou Senado Federal e mais da metade das Assembleias
Legislativas, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.
- É admissível iniciativa reservada de projeto de lei? INSERIR RESPOSTA.
- O processo legislativo estadual e municipal deve seguir por simetria ou pode ter outras
formações? INSERIR RESPOSTA.
A fase construtiva do processo legislativo se dá com os seguintes atos:
Discussão - Compreende o exame do projeto de lei ou proposta de emenda, por parte do
Plenário ou Comissão que detenha atribuição para o estudo da matéria.
- A sessão é instalada com a presença do número imediatamente superior à metade da soma
dos membros do organismo legislativo (Senado: 41; Câmara: 257). Arts. 47 e 58, §2º, I, CRFB.
Votação - Escrutínio secreto ou ostensivo, simbólico ou nominal, sendo exigida a deliberação
majoritária para a aprovação do projeto de lei ou proposta de emenda.
- A maioria é o primeiro número inteiro depois da metade para que a matéria seja aprovada.
Pode ser simples (Art. 47, initio, CRFB) ou qualificada. Se qualificada, pode ser absoluta (Art.
69, CRFB), 2/3 dos membros da Casa respectiva (Art. 53, Parág. 8º, CRFB) e 3/5 dos
respectivos membros (Art. 60, Parág. 2º, CRFB).
Sanção/Veto - Aquiescência, pelo Presidente da República, de projeto aprovado pelo Congresso
Nacional, convertendo-o em lei. A conversão de projeto em lei ocorre com a sanção.
- A sanção é dissecada em expressa ou tácita, conforme tenha havido, ou não, a
manifestação de vontade do Presidente da República no prazo de 15 dias, a contar da data de
recebimento da propositura aprovada pelo Poder Legislativo, em atenção ao art. 66, caput e
§3º, CRFB.
- O veto contém a recusa, pelo Presidente da República, de projeto aprovado pelo Congresso
Nacional, por motivação jurídica (inconstitucionalidade) ou política (inconveniência),
obstando a imediata conversão em lei. Pode ser parcial ou total, consoante tenha ahavido, ou
não, a repulsa à fração do projeto de lei, em atendimento ao art. 66, §§1º, 2º, 4º e 6º, CRFB.
A fase complementar do processo legislativo se dá com os seguintes atos:
Promulgação - Constatação da existência da norma legal (que existe desde a sanção), atribuindo-
lhe certeza quanto à sua autenticidade.
Publicação - Encerra o procedimento legislativo, conferindo obrigatoriedade à norma jurídica
produzida no exercício da atribuição legislativa.
- O termo inicial de vigência (existência) é a sanção. Porém, o termo inicial de eficácia é a
publicação.

Espécies normativas
Emenda à Constituição - Processo formal de mudança da Constituição, na qual há alteração pontilhada
do texto constitucional.

Anotações:
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