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STJ: Casal homossexual pode adotar crianças

Casais formados por homossexuais podem adotar crianças como se pais fossem. A
decisão foi tomada, por unanimidade, pela 4ª Turma do Superior Tribunal de
Justiça, no julgamento de um recurso do Ministério Publico do Rio Grande do Sul
contra acórdão da 7ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça estadual, na linha do
entendimento confirmado nesta terça-feira pelos ministros Luís Felipe Salomão
(relator), João Otávio de Noronha, Aldir Passarinho Júnior e Honildo de Mello
Castro.

Segundo Salomão, a decisão reafirmou jurisprudência já firmada pelo STJ de que,


em se tratando de adoção, deve prevalecer sempre o melhor interesse da criança.
Mas considerou o julgamento “histórico, por dar dignidade ao ser humano, às
crianças e, neste o caso, às duas mulheres” que mantinham relação estável, desde
1998.

O processo corria em segredo de justiça. Uma das mulheres tinha adotado duas
crianças ainda bebês. Sua companheira, que a ajuda no sustento e educação dos
menores, queria também participar da adoção, por ter melhor condição social e
financeira, o que daria mais garantias e benefícios às crianças, como plano de
saúde e pensão, em caso de separação ou falecimento.

O Tribunal de Justiça gaúcho, ao julgar a apelação do Ministério Público contra a


decisão do primeiro grau, já havia reconhecido, “como entidade familiar
merecedora da proteção estatal, a união formada por pessoas do mesmo sexo, com
características de duração, publicidade, continuidade e intenção de constituir
família”. Considerou também que “os estudos especializados não apontam qualquer
inconveniente em que crianças sejam adotadas por casais homossexuais, mais
importando a qualidade do vínculo e do afeto que permeia o meio familiar em que
serão inseridas e as liga aos seus cuidadores”. O acórdão conclui: “É hora de
abandonar de vez preconceitos e atitudes hipócritas desprovidas de base científica,
aodtando-se uma postura de firme defesa da absoluta prioridade que
constitucionalmente é assegurada aos direitos das crianças e dos adolescentes
(artigo 227 da Constituição)”.

Depois de elogiar a decisão do tribunal do Rio Grande do Sul, o presidente da 4ª


Turma do STJ, ministro João Otávio de Noronha, fez questão de esclarecer: “Não
estamos invadindo o espaço legislativo. Não estamos legislando. Toda construção
do direito de família foi pretoriana. A leio sempre veio 'a posteriori'”.

O ministro-relator, Luis Felipe Salomão, sublinhou que o laudo da assistente social


recomendou a adoção, assim como o parecer do Ministério Público Federal. Ele
entendeu que “os laços afetivos entre as crianças e as mulheres são
incontroversos”, e que a maior preocupação do casal homossexual é “assegurar a
melhor criação dos menores”.

Luiz Orlando Carneiro, Jornal do Brasil

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