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DAVID RICARDO (1772-1823)

1. INTRODUÇÃO

É considerado até os dias de hoje como um dos maiores economistas


tanto de seu tempo quanto nos dias de hoje e grande sucessor de Adam Smith
como na divulgação da nascente teoria da Economia Política. As suas obras são
usadas em várias áreas da economia como teria dos lucros, política monetária,
renda fundiária e da distribuição de valor e muitos ainda são atuais. Sua obra mais
conhecida é On The Principles of Political Economy and Taxation de 1817, na qual
teve três reedições ainda em vida do autor.
1.1 Biografia

David Ricardo nasceu em Londres no dia 18 de abril de 1772, filho de família


holandesa e descendentes de judeus que fugiam da perseguições de Portugal. O
seu pai imigrou para Inglaterra antes de David nascer, onde teve sucesso
negociando na Bolsa de Valores e seu filho cresceu no mundo dos negócios e
preparado para ser sucessor nos negócios da família, virou um grande corretor bem
sucedido, acumulando uma fortuna pessoal, que o possibilitou adquirir uma
propriedade rural e se dedicou aos estudos literários, ciências, química e geologia.
A Revolução Industrial estava presente nos anos de 1780, onde havia o
processo de combinação de avanço tecnológico e transformações social que tornava
autônoma a produção industrial, livrando do controle dos produtores diretos,
transformando em operários os antigos artesões

David Ricardo teve a vida marcada por momentos de grandes repercussão


histórica, em 1789 ouve a Revolução Francesa, que levantava a bandeira da
igualdade, Liberdade e Fraternidade. O exército montado por Napoleão em toda
Europa era vista como simpatia pelas elites liberais, que via uma luta de novas
ideias constitucionalistas contra o passado absolutista e aristocrático.
Em 1799 Ricardo leu A Riqueza das Nações de Adam Smith, que despertou o
interesse por pesquisas econômicas.
Em 1823 sua obra On The Principles of Political Economy and Taxation teve
sua última publicação definitiva ano de sua morte.
Ricardo tinha altos níveis de observação e procurava dar argumentos de
forma rigorosa cientifica lógico e raciocínio dedutivo. Com essa dádivas, David
Ricardo tinha vantagens em seus debates e argumentações de seu tempo.
2. DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO - CONTRIBUIÇÕES

Em 1840 a Inglaterra finalizava a chamada Primeira Revolução Industrial que


mudou o processo de produção com as máquinas e modificou as relações sociais,
os artesãos que sobreviviam de seu trabalho artesanal, foram obrigados a servirem
a indústria (proletários).O tear mecânico e a tecnologia a vapor, as estradas de ferro
e o avanço da mineração e da siderúrgica permitiu a centralização e produção das
manufaturas, reunindo nas primeiras fábricas modernas os produtores antes
dispersos e mudando radicalmente o equilíbrio entre campo e cidade na Inglaterra,
que houve a expulsão dos camponeses das antigas terras e teve migração em
massa para os centros urbanos, à procura de trabalho sobre péssimas condições de
trabalho e salário.
A economia estava estável nesta fase do capitalismo inglês e de tempos em
tempos o comércio tinha crises e os lucro dos empresários piorava causando
desemprego. Houve revolta entre os trabalhadores (Movimento Luddita), Ricardo na
época debateu as consequências do desemprego que era miséria e alta taxa de
mortalidade entre as classes trabalhadoras.
"O trabalho, como todas as outras coisas que são compradas e
vendidas e cuja quantidade pode ser aumentada ou diminuída, tem  seu
preço natural e seu preço de mercado. O preço natural do trabalho é aquele
necessário para permitir que os trabalhadores, em geral,
 subsistam e perpetuem sua descendência, sem aumento ou diminuição”.
(Ricardo, David, Princípios da Economia e Tributações, p. 81)

A Revolução Francesa (1789) influenciou David Ricardo, pois ele erguia a


bandeira da ‘igualdade, liberdade e fraternidade”, o oposto da nobreza que apenas
queria explorar seu povo. O liberalismo político, sob forma de democracia
constitucionais e parlamentares, foi a melhor forma de organizar a sociedade ao
regime de livre concorrência que inaugurava no capitalismo industrial e foi um
grande defensor do liberalismo.

Sua primeira participação em debate foi em 1809, onde tratando de questões


de economia monetária. O debate em si falava sobre a conversibilidade da moeda
inglesa, que seria inverter a moeda libra emitida pelo governo britânico em ouro
quando tivesse a necessidade. Porém essa prática estava suspensa desde 1797,
pois desvalorizava a nota em cotação com o ouro, dessa forma gerando uma
inflação no país, gerando aumento dos preços das mercadorias em relação a
unidade monetária. David Ricardo sempre foi a favor da conversibilidade,
argumentando que o deslizamento do valor da moeda, quebra de confiança nos
contratos e favorecimento dos “devedores ociosos e pródigos em detrimento do
credor industrioso e frugal”.

Mas foi na interpretação das causas da inflação que Ricardo trouxe uma
contribuição que permaneceu desde então presente no debate econômico. Para
Malthus, importante economista da época e que desenvolveria intenso debate com
Ricardo em outras questões (divergindo quase sempre, embora ambos
desfrutassem de uma grande amizade), a causa da inflação estava na elevação dos
preços dos cereais, devida à ocorrência de guerras que prejudicavam o
abastecimento. Ricardo mudou o rumo da discussão ao apontar que a causa do
aumento dos preços residia no excesso de emissões de notas pelo Tesouro inglês,
que deveria, para restabelecer a analogia, recolher o excesso de papel-moeda na
mesma proporção da acréscimo de preços.

Formulava uma das primeiras versões da Teoria Quantitativa da Moeda —


onde o nível dos preços era proporcional a quantidade de bens e serviços na
economia e a quantidade de moeda em circulação, dados os hábitos de pagamentos
da comunidade. Esta teoria tem-se mantido de pé para algumas vertentes da teoria
econômica até os dias de hoje e, embora polêmica por seus efeitos, serve de base
para as doutrinas ortodoxas de combate à inflação. As conclusões de Ricardo,
melhor expressas em uma nova intervenção sob o título de Propostas para um
Numerário Seguro, de 1910, serviram de base para a formação do Bullion Comittee,
que endossaria suas propostas e recomendaria a volta da conversibilidade da
moeda — o que ocorreu em 1821.

Em 1815 David Ricardo já era considerado o economista mais importante de


toda a Grã-Bretanha, graças ao seu conhecimento prático sobre o funcionamento do
sistema capitalista. Foi muito influente na polêmica discussão sobre a questão das
corn laws, isto é, da importação de trigo estrangeiro pela Inglaterra. David Ricardo,
como eterno defensor do livre comércio internacional, era a favor da importação.
Foram várias as divergências com economistas mais conservadores, como Malthus,
os quais temiam ver o sustento dos trabalhadores britânicos sob o poder de países
estrangeiros, potenciais inimigos. Neste mesmo ano, David Ricardo publicou toda a
sua tese liberal em “Ensaio sobre a Influência do Baixo Preço do Cereal sobre o
Lucro do Capital”.

Em 1817 publicou a sua grande obra “Princípios de Economia Política e


Tributação”. Este livro consagrou Ricardo como o grande nome da Economia
Política Clássica, junto com Adam Smith, dominando a economia não apenas de
Inglaterra, mas de todo o mundo ocidental por muitas décadas, até o aparecimento
do marxismo e do marginalismo (os quais foram muito influenciados pela obra de
David Ricardo)

David Ricardo faleceu em 11 de setembro de 1823, mesmo ano em que


entrou na política onde defendia um conjunto de posições liberais tanto na matéria
política como nos temas econômicos.
3. OBRAS:

Um dos fundadores da escola clássica inglesa da economia política, junto


com Adam Smith e Tomas Malthus, as suas obras mais destacadas incluem:

 O alto preço do ouro, uma prova da depreciação das notas


bancárias (The high price of bullion, a proof of the depreciation of bank notes), em
1810;
 Ensaio sobre a influência de um baixo preço do cereal sobre os lucros
do capital (Essay on the influence of a low price of corn on the profits of stock), em
1815;
 Princípios da economia política e tributação (Principles of political
economy and taxation), em 1817 (reeditado em 1819 e 1821).

3.1 Teoria do valor - trabalho

David Ricardo se espelhou nos trabalhos de Adam Smith, onde dizia que o
valor de um produto é resultado de todo o trabalho dos empregados. Seja o valor
pago ao trabalho dos operários ou o lucro dos capitalistas, que não deixa de ser o
seu trabalho. E acrescenta também o valor das máquinas usadas nessa produção,
pois na produção das próprias máquinas, também foi utilizado trabalho e esse seria
o seu valor incorporado. Ou seja, um produto terá o seu valor de acordo com toda a
quantidade de trabalho empregada, desde os seus estágios anteriores, na produção
de certo produto. (Alguns produtos fugiam a essa teoria de Ricardo, como objetos
raros, obras de artes, vinhos finos, etc. Mas essas eram exceções que não
desvalidavam a regra, pois essa valeria aos produtos fabricados pelo homem e em
escala).

Adam Smith baseava-se na ideia de que deveria haver total liberdade


econômica para que a iniciativa privada pudesse se desenvolver, sem a intervenção
do Estado. A livre concorrência entre os empresários regularia o mercado,
provocando a queda de preços e as inovações tecnológicas necessárias para
melhorar a qualidade dos produtos e aumentar o ritmo de produção.

Ricardo não concluiu sua ideia, onde explicava como chegar ao valor bruto do
produto, que ele chamou de preço natural, e assim como Smith não soube explicar.

3.2 Teoria da distribuição – renda

A acumulação de capital leva a uma subida da população (por exemplo com a


existência de uma melhoria das condições de vida, haverá uma maior tendência
para a procriação). Isso levará a um aumento da procura de trabalho, que levará a
uma subida do nível de salário (consequentemente das condições de vida), existindo
a necessidade de se aumentar a produção. Esse aumento da produção é obtido com
a utilização de terras menos férteis, o que, como vimos anteriormente, levará a uma
subida das rendas. O Lucro irá obviamente descer, e se o preço dos produtos
agrícolas sobe, isso irá se repercutir no salário que também irá crescer, em
conclusão, mais um fator que corrobora a ideia da tendência para a baixa da taxa de
lucro.

O raciocínio de David de Ricardo é que o mundo apresenta uma tendência


para a expansão. Essa expansão tem consequência ao nível da subida da
população. A Subida da População levará a que novas terras (as menos férteis)
tenham que ser cultivadas.

Como mais terras são cultivas, irá se verificar uma diferenciação no


pagamento das rendas para as terras mais ou menos férteis. Como as rendas
aumentam, fruto da subida do preço das rendas das terras mais férteis, obviamente
que o lucro diminuirá.

Essa mesma teoria foi justificada para explicar os salários dos funcionários,
onde o natural é um salário suficiente para manter necessidades básicas, e o
aumento do seu salário diminuirá a sua produção.
3.2 Teoria do comércio internacional

Nessa teoria David Ricardo informava os benefícios do comércio, ele sugeriu


a diminuição dos preços com o comércio internacional, na qual o país compra
produtos de quem produz mais barato; que Ricardo nomeou como “Teorias das
vantagens comparativas”, que seria o liberamento de trocas internacionais com
eliminação alfandegária, supressão dos impostos sobre importação e a liberdade de
comércio entre os países, que foi um aprimoramento da obra de Adam Smith. Como
já mencionado, David Ricardo foi um defensor dos empresários e um importante
defensor do livre-cambismo.

3.2.1 Princípio da vantagem comparativa

Ricardo era um aplicado defensor do liberalismo no comércio internacional,


para ele, as transações entre os países eram um mecanismo poderoso para infundir
ânimo aos sistemas econômicos. Em sua visão, as trocas internacionais seriam
vantajosas mesmo em uma situação em que um determinado país tivesse maior
produtividade que o outro na produção de todas as mercadorias. Ele criou o famoso
exemplo do comércio de tecidos e vinhos entre a Inglaterra e Portugal. Nesta
ilustração, Portugal necessitava de menos horas de trabalho - homens para produzir
vinhos e tecidos do que a Inglaterra. Mas em Portugal, o custo de oportunidade para
abrir mão da produção de uma unidade de vinho a fim de produzir tecidos era maior
do que especializar-se na produção de vinho e comprar os tecidos da Inglaterra. Na
Inglaterra, o mesmo raciocínio funcionava de maneira simétrica: abrir mão de uma
unidade de produção de tecidos era menos eficiente que especializar-se na
produção de tecidos e comprar o vinho de Portugal. Assim, o comércio internacional
sob condições de livre concorrência faria ambos os países especializarem-se na
produção dos bens em que tinham maiores vantagens comparativas, e aumentaria o
potencial de acumulação em ambos

Salários + Rendas (Lucros=Rendimentos-Salários-Rendas)

Exemplo¹:
Suponhamos que nos 2 países, Brasil e Argentina, produzam e consumam 2
produtos: Arroz e Tijolo. A eficiência de produção anual de ambos países difere da
seguinte maneira:

Se ambos produzissem somente Arroz a produção anual seria a seguinte:

 Brasil: 150 toneladas


 Argentina: 250 toneladas

Se ambos países produzissem somente Tijolo, a produção anual de cada pais seria:

 Brasil: 100 toneladas


 Argentina: 450 toneladas

Argentina tem uma vantagem absoluta de produção sobre Brasil. A primeira


impressão seria que não há benefício de troca entre as economias, já que Argentina
é mais eficiente em tudo. Mas isso seria se não levássemos em consideração o
custo de oportunidade que ambos países apresentam. Na Argentina, para cada 1
tonelada de Arroz produzida, o custo de oportunidade seria 2 toneladas de Tijolo. No
Brasil para cada 1 tonelada de Arroz produzida, o custo de oportunidade seria 0,5
toneladas de Tijolo. Como se observa na produção de arroz, o custo de
oportunidade do Brasil é menor do que o da Argentina. Portanto na produção de
Arroz, Brasil tem uma vantagem comparada com Argentina.

Se os dois países se especializarem nas áreas de produção que têm o menor


custo de oportunidade, ambos se beneficiarão mutuamente por meio de troca. Para
demonstrar como acontece esse processo segue o exemplo:

Presumimos que não há troca e ambos somente consomem o que produzem:

Produção e Consumo Sem Troca


País Arroz Tijolo

Brasil 50 25

Argentina 100 200

TOTAL 150 225

Se ambos se especializarem nos produtos em que tenham vantagem


comparativa, suas produções seriam as seguintes:

Produção Com Troca

País Arroz Tijolo

Brasil 100 0

Argentina 50 300

TOTAL 150 300

Observa-se que com a especialização e troca de produtos, a produção de


Arroz continua a mesma e há mais 75 toneladas de Tijolo produzidas.

¹ Historia adaptada do site pt.wikipedia.org – Vantagens comparativas


4. ESTADO ESTACIONÁRIO RICARDIANO

O Estado é coerente ao seu meio social, existe dois tipos de sociedade A


e B, ambas distintas, Ricardo dizia que essa diferença ocasionava a defasagem
salarial naturais de cada país, diferente da média que refletem fenômenos
econômicos e socioeconômicos distintos. Países com grande quantidade de terra e
com pouca quantidade de mão de obra, geraria um crescimento e
consequentemente o Estado estaria mais distante do desenvolvimento em
comparação com nações populosas e com produção de alimentos.

A solução apontada por Ricardo compreende o controle da natalidade e a


livre importação de alimentos. Com isso se reduziriam as pressões de demanda no
sentido da elevação do salário natural, ele também se mostrava favorável à abolição
gradual da Lei dos pobres, existente na Inglaterra, em seu tempo. Sua justificativa
era a de que o Estado, comprometendo-se a alimentar os pobres, estaria
estimulando a manutenção de elevadas taxas de crescimento demográfico. No
mesmo sentido, afirmava ser necessário deixar os contratos de trabalho ser
realizados com inteira liberdade, entre patrões e empregados, a fim de manter a
oferta de trabalho no nível da demanda de mercado.  

Com diferenciais positivos entre a taxa de lucro dos negócios e a taxa de


lucro mínima, a acumulação de capital continuaria sendo feita, estimulando o
crescimento econômico e postergando a chegada prematura do estado
estacionário.  

A acumulação de capital ainda poderá ser bloqueada, segundo Ricardo,


pelo estabelecimento de impostos sobre os alimentos que elevam o salário natural, e
impostos sobre os lucros, que reduziriam o ritmo da acumulação de capital.
Tributações sobre a renda da terra e artigos de luxo eram recomendas por ele, por
não comprometer a acumulação de capital e o desenvolvimento econômico.
5. CONCLUSÃO

O Economista David Ricardo formulou várias teorias pelas quais


observamos a defesa aos interesses industriais e além disso abordava temas tais
como: Política monetária, teoria dos lucros, renda fundiária e da distribuição entre
outros temas, tendo enorme importância na economia mundial até os dias atuais,
para Ricardo a economia política era uma ciência que abordava três classes sociais
da sociedade como na distribuição da renda, salários e lucros onde correspondem
aos donos de terras, trabalhadores e aos capitalistas.
6. Bibliografia

https://www.google.com.br/url?
sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&ved=0ahUKEwjO4MHaj_HMAhWMG5AKHYboD
hcQFggfMAA&url=http%3A%2F%2Fperiodicos.uem.br%2Fojs%2Findex.php%2FEconRev
%2Farticle%2Fdownload
%2F13066%2F8016&usg=AFQjCNENhCaJdO2YzmjqY0zEec_gOQiOcg&cad=rja

ttp://www.colegioweb.com.br/historia/importancia-de-david-ricardo-para-
economia.html 

https://economiafenix.wordpress.com/tag/david-ricardo/  

http://www.economiabr.net/biografia/ricardo.html  

http://www.economiabr.net/economia/1_hpe5.html  

http://www.afoiceeomartelo.com.br/posfsa/Autores/Ricardo,%20David/David
%20ricardo%20-%20Os%20economistas.pdf

http://docslide.com.br/documents/os-economistas-david-ricardo-principios-de-
economia-politica-e-tributacaopdf.html  

https://pt.wikipedia.org/wiki/Vantagem_comparativa

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