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Bom dia a todos, hoje vou dar continuidade à apresentação do livro “O

Estrangeiro” de Albert Camus. O meu tema é o tema 1 e este remete-me a


falar sobre o perfil psicológico de Meursault, a personagem principal deste
livro, e a sua evolução ao longo da obra.
Antes de mais gostaria de fazer um pequeno plano sobre o que vou falar
nesta apresentação: primeiramente vou fazer uma sinopse da obra,
posteriormente vou fazer uma simples introdução ao absurdismo, depois
falarei da evolução de Meursault ao longo da obra, o seu antes e depois e,
para concluir, vou dar a minha opinião sobre o livro.
Começando, então, pela sinopse, este livro trata-se, tal como é descrito na
própria sinopse do livro, de “um romance estranho e desconcertante”,
sobre a vida Meursault, o personagem principal deste livro, livro, este, que
começa com a morte de sua mãe e acaba com o seu julgamento, onde é
condenado à morte pela guilhotina, sempre acompanhado pela
indiferença e o absurdismo. Durante o decorrer do livro reata relações
com uma ex. colega de trabalho (antiga datilógrafa do trabalho), Marie,
com quem começa uma relação amorosa logo depois do enterro de sua
mãe. Também cria relações com os seus vizinhos, mesmo que ambos
tenham algumas práticas duvidosas, especialmente Raymond, que vira seu
amigo, e comete um crime quase inconscientemente: mata um árabe,
inimigo de Raymond, numa ida à casa de praia de Masson, um amigo do
seu amigo, o que o leva ao desfecho do livro, a sua prisão e posterior
condenação.
Antes de passar para o perfil psicológico desta personagem, acho
importante referir a filosofia de Albert Camus presente neste livro, para
uma melhor compreensão desta personagem e dos seus atos e ações,
tendo em conta que este vive segundo essa filosofia.
Esta filosofia tem o nome de absurdismo e com a mesma Camus defendia
que cada ser humano devia reconhecer que a vida é desprovida de
sentido. O absurdo, segundo Camus, é o sentimento que experienciamos
quando constatamos que os sentidos que atribuímos à nossa vida não
existem além da nossa consciência, ou seja, que o sentido das coisas não
está nas mesmas, mas que este é criado por nós. Perceber isso permite-
nos constatar que todo o universo é sem sentido. Para além deste livro, o
autor escreveu outros com base nesta filosofia, sendo um desses um
ensaio sobre um mito grego, “o mito de Sísifo”.
Feitas estas introduções, vou então começar a falar propriamente do meu
tema. Meursault é um colono francês com um estilo de vida simples, livre
e desprovida de qualquer sistema de valores, mas com uma
personalidade, a meu ver, estranha, ingénua e muito diferente. Em vez de
se comportar de acordo com as normas sociais, Meursault tenta viver uma
vida honesta, fazendo o que quer fazer, sem forçar sentimentos.
A primeira frase do livro é bastante famosa pois, com esta, podemos já
perceber muito sobre o personagem, que passo a citar… (citar frase).
Nesta frase já podemos notar uma coisa muito importante sobre esta
personagem: a indiferença que o acompanha durante todo o livro e, neste
caso específico, sobre a morte da mãe, indiferença que normalmente vem
acompanhada de expressões como “isto nada quer dizer”, “tanto me faz”,
“é me indiferente”, onde Meursault se preocupa mais com a imprecisão
da data da morte da mãe do que com a própria morte da mesma.
Durante o enterro não deita uma única lágrima, recusa-se a ver o corpo da
mãe, fuma e bebe café com leite ao lado do mesmo e chega até a admitir
a si mesmo que não visitara a mãe muitas vezes durante esse ano pois
era-lhe maçador chegar à paragem do autocarro, comprar os bilhetes e
ainda fazer as 2 horas de viagem. No dia depois do enterro, reencontra a
sua ex. colega, Marie, e envolve-se sexualmente com ela, vai ao cinema
ver um filme de comédia e toma banhos de sol e de mar com a mesma,
demonstrando, novamente, a indiferença com o que tinha acabado de
acontecer, que se demonstra, por exemplo, nesta frase (citar pg. 20)
Meursault também fica indiferente ao facto de o seu vizinho Salamano
maltratar fisicamente o seu cão, e da mesma maneira reage quando o seu
outro vizinho, Raymond, questiona-o se quer ser seu amigo. Este chega
até a escrever uma carta em nome de Raymond, a convidar a amante do
mesmo para sua casa, sabendo as intenções que o seu amigo tinha de a
“castigar” por esta o ter traído. Responde com uma frase imensas vezes
repetida no livro que é “isso nada quer dizer” quando a sua amada, Marie,
o questiona sobre o amor que sentia por ela e responde com “tanto me
faz” quando esta o pede em casamento.
Apesar desta indiferença a coisas muito significativas, Meursault dá muita
atenção a pequenos detalhes que acontecem à sua volta, chegando a
dizer em tribunal que o motivo pelo qual matou o árabe foi o sol, que o
estava a incomodar criando gotas de suor que cegaram na hora do crime.
(“os meus olhos ficaram cegos, por trás desta cortina de lágrimas e de
sal.”). Dá também atenção a outros pormenores como as luzes dentro do
tribunal e na sua cela, o cansaço dos que o acompanharam na noite que
passou a velar antes do enterro da mãe, entre muitas outras coisas.
Até aqui Meursault não demonstra grande evolução quanto ao seu
psicológico. É racional, mas apático, sente muita indiferença ao
importante e muita importância ao indiferente. É uma pessoa estranha
com uma vida muito simples, mas sem sentimentos. Todos os seus
sentimentos são escritos a partir do superficial. Uma boa maneira de o
descrever é como um espetador de um espetáculo teatral, onde todos à
sua frente demonstram um turbilhão de sentimentos e emoções, só que
este é incapaz de sentir qualquer emoção enquanto tudo decorre.
Esta é uma das razões pelo qual o nome do livro é “O Estrangeiro”, porque
Meursault é um “estrangeiro ao mundo sensível”, é um mero espetador
dos sentimentos dos outros. Outro dos motivos é que, apesar de ser uma
pessoa muito diferente do normal, não é uma pessoa muito chamativa, e
até afirma ficar confuso com a revolta passada no tribunal à sua custa,
tendo em conta que, e passo a citar “geralmente, as pessoas não se
interessavam pela minha pessoa.” É por isso, a seu ver, também um
estrangeiro ao mundo que vive, às ruas que passa, às pessoas com quem
convive, etc.
É a partir dos seus dias de prisão e julgamento que começa a sua mudança
de atitude, que começa a ficar com um certo medo que a madrugada que
o levarão para o seu destino final chegue, chegando a ficar sem dormir
com o nervosismo de saber que poderiam aparecer a qualquer momento.
Reconhece a saudade que tem dos dias de verão e o cansaço que sente
em relação aos seus dias na prisão, reconhece a alegria que sentia nos
seus tempos de liberdade. Apesar de continuar sem sentir
arrependimento em relação ao seu crime, Meursault gostaria de se poder
expressar ao procurador, com afeição, que aquela era a sua maneira de
ser, que era aquela a sua filosofia de vida. Ao entrar pela ultima vez no
tribunal, afirma sentir o dó (comiseração) que as pessoas sentiam por ele.
Apesar de Meursault não mudar a sua maneira de pensar em relação à
maneira como a vida deve ser vivida, e passo a citar (citar pg. 81), este
muda um pouco o seu comportamento quando é colocado no extremo da
vida. Demonstra sentimentos, que referi com um tom um mais forte, coisa
que era quase que nula antes de se ver encurralado pela morte, privado
da liberdade que antes lhe era indiferente e, naquele momento, trazia-lhe
muita saudade.
E é desta forma que Meursault, completamente consciente de si mesmo,
da sua vida e do seu fim, despede-se do mundo, com toda a paz e
confiança, e passo a citar uma parte do final do livro que me marcou (citar
pg. 86)
Para concluir, vou dar uma breve opinião sobre o livro. Durante a leitura
do mesmo, por este ser contado na primeira pessoa, senti que estava a ler
um diário. Este livro foi me um pouco cómico em certas partes, como
quando Meursault diz no tribunal que nunca desejara tanto beijar um
homem ou que não iria ficar a apreciar o dia lá fora porque queria ir para
casa cozer batatas, foi também intrigante, um pouco revoltante,
essencialmente na parte do tribunal, um pouco estranho em diversas
partes, mas senti, realmente, uma evolução no caracter de Meursault que,
apesar de se manter firme da sua filosofia até ao final, ao se ver privado
do que levava por garantido, começou a demonstrar sentimentos e coisas
que talvez nunca tinha sentido na vida, ou pelo menos não as tinha
sentido para além do superficial. Apesar de tudo, este é um livro que
requer maturidade para alcançar a sua compreensão, mas que gostaria de
recomendar a sua leitura, pois apesar das suas peculiaridades, achei-o
interessante e que também gostaria de reler mais tarde, a ver se mudo de
opinião em relação a certos aspetos do mesmo.
Dou assim por concluída a minha apresentação. Obrigada pela atenção.

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