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- Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca

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CIRCULAÇÃO ENTRE NÍVEIS DIFERENTES
As circulações entre níveis diferentes são feitas através de rampas, elevadores e/ou escadas.
A escolha e o dimensionamento das melhores modalidades variam conforme o tipo e uso da
edificação e a legislação aplicável. Algumas considerações sobre esses tipos de circulação estão a
seguir.

1 RAMPAS
Rampas são planos inclinados que ligam níveis diferentes. São também uma alternativa às
escadas para assegurar o acesso de quem tem dificuldades de locomoção, como cadeirantes. Quanto
maior a altura a vencer, menor tem que ser a inclinação da rampa, para que o deslocamento seja
confortável e, consequentemente, há a necessidade de muito espaço para sua implantação. No caso
de rampas muito longas, deve ser previsto um patamar de descanso. Na Figura 1 está representada a
inclinação de um segmento de rampa.

Figura 1 – Cálculo da inclinação de uma rampa

Dados para projeto:


 Para pedestres, a inclinação ideal é 8,33% .
 O piso deve ser antiderrapante.
 A rampa deve possuir corrimão duplo, além de outros detalhes, conforme especificado na
NBR9050/2004.
 São utilizadas em escolas, hospitais, mercados, edifícios esportivos, etc.
 Os corrimãos devem ter terminações arredondadas.
 A largura deve ser compatível com o fluxo de pedestres previsto.
 As rampas para automóveis, segundo referências de São Paulo (Código de Obras e
Edificações, Lei nº 11.228/92.) devem ter declividade máxima de 20%.

É oportuno lembrar que as rampas devem ser projetadas também em saídas de


emergência. Devem ser previstos, ainda, patamares nos extremos das rampas, bem como patamares
intermediários a cada 1,50 metro de elevação. A Figura 2 mostra a representação de uma rampa em
planta e em vista. A Figura 3mostra uma rampa em uma edificação e a Figura 4, rampas de uma
passarela. A Figura 5 apresenta as texturas diferenciadas da sinalização tátil.

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Figura 2 - Vista superior e lateral de uma rampa, onde: i = inclinação; c = comprimento; h = altura
Fonte: www.arquitetonico.ufsc.br

Figura 3 - Rampa da faculdade de arquitetura da USP.


Fonte: www.arquitetonico.ufsc.br

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Figura 4 - Passarela com rampas Júlio Cezar – Belém, PA.
Fonte:www.meiadoisnove.blogspot.com.br

Figura 5 – Rampas de acesso


Fonte:http://www.nppd.ms.gov.br/abnt.htm

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2 ELEVADORES
Elevador é um dispositivo de transporte utilizado para mover bens ou pessoas verticalmente
ou diagonalmente. Fica ligado a um contrapeso por meio de cabos e polias, movidas por um motor
que torna possível o sobe-e-desce vertical.

2.1 ELEMENTOS BÁSICOS (para o projeto de edificações)


 Caixa do elevador - é o recinto formado por paredes verticais, fundo do poço e teto, onde
se movimentam o carro (cabina) e o contrapeso. Quando tiver distância superior a 11 m
entre paradas consecutivas, devem existir portas de emergência na caixa. Geralmente nas
laterais são fixadas guias metálicas, que servem para manter o sentido e o equilíbrio da
cabina.
 Poço - é o recinto situado abaixo do piso da parada extrema inferior, na projeção da caixa.
Nele está localizado o pára-choque, um item de segurança desenvolvido para desacelerar a
cabina no movimento de descida. Deverá ser impermeável, fechado e aterrado e, em cada
poço deve existir um ponto de luz.
 Casa de máquinas - é destinada à colocação dospainéis de comando, da máquina de tração,
do limitador de velocidade e de outros componentes da instalação. O posicionamento ideal
para a caixa de máquinas é na parte superior da edificação, sobre a caixa do elevador. O seu
dimensionamento pode variar de prédio para prédio e sua área sempre será maior que o
dobro da área da caixa do elevador.
 Cabina - tem como função transportar passageiros e cargas. É montada sobre uma
plataforma, numa armação de aço constituída por duas longarinas (superior e inferior),
fixadas em cabeçotes. No cabeçote inferior está instalado o freio de segurança.
Esses elementos estão representados esquematicamente na Figura 6.

Figura 6 - Posicionamento dos componentes do elevador.


Fonte: Monte, Paulo Juarez – 2000

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Os fabricantes fornecem todos os cálculos para a definição das medidas e da capacidade do
elevador, que são feitos com base na população estimada para o projeto e no tipo de uso da
edificação, conforme estabelecido na NBR 5665.
Os principais fabricantes de elevadores são: Atlas Shindler, OTIS, Thyssenkrupp e Kone. Há
ainda o grupo chamado de Fórum das Empresas Brasileiras Fabricantes de Elevadores (Febrafe),
formado por 30 pequenas e médias fabricantes brasileiras de elevadores que se uniu para fazer
compras e participar de processos de licitação.

Figura 7 - Caixa do elevador Figura 8 - Casa de máquinas


Fonte: www.mitsonelevadores.com.br Fonte: www.mitsonelevadores.com.br

As Figuras 7 e 8 mostram a caixa de um elevador e sua casa de máquinas. No projeto de


arquitetura, os elevadores são representados conforme indicado na Figura 9. O “X” indica que não
há laje naquele trecho.

Figura 9 - Representação de elevadores em planta baixa.


Fonte: www.grupomgimoveis.com.br

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2.2 POSIÇÃO DOS ELEVADORES EM EDIFICAÇÕES
Em um edifício, os elevadores devem ser posicionados de modo a:
 Serem facilmente localizados por usuários;
 Estarem em posição central; e
 permitir fácil acesso

Elevadores não centralizados reduzem o tempo de chegada a uma das extremidades do


edifício, porém aumentam o tempo de chegada à outra extremidade, conforme apresentado na
Figura 10.

Figura 10 - Elevador não centralizado.


Fonte: Monte, Paulo Juarez – 2000

Com relação ao transporte de passageiros, os elevadores podem ser:


a) Elevadores separados: nessa situação a eficiência de transporte vertical é reduzida. ( Figura
11)
b) Elevadores agrupados: elimina a situação de “passageiro indeciso” e aumenta a eficiência do
transporte vertical. (Figura 12)

Figura 11 - Elevadores separados Figura 12 - Elevadores agrupados


Fonte: Monte, Paulo Juarez – 2000 Fonte: Monte, Paulo Juarez – 2000

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Em relação aos transportes de carga tem-se:
a) Elevadores agrupados: existe continuidade no transporte de cargas sem afetar os usuários
normais. (Figura 13).
b) Elevadores separados: o transporte de carga afeta o transporte de passageiros, como mostra a
Figura 14, onde uma pessoa desce pelas escadas.

Figura 13 - Elevadores agrupados Figura 14 - Elevadores separados


Fonte: Monte, Paulo Juarez – 2000 Fonte: Monte, Paulo Juarez – 2000

2.3 ELEVADORES ESPECIAIS


 Elevador panorâmico - também chamado de elevador de observação, é um tipo de
elevador com paredes de vidro, que permite aos passageiros visualizarem o cenário externo.
É utilizado em hotéis, escritórios nos edifícios altos, pontos turísticos, etc.

 Elevador de Maca-leito - utilizado em prédio hospitalar ou clínica, tendo como principal


diferença do elevador de passageiros o tamanho da cabina, pois a cabina tem dimensões para
comportar uma maca ou leito.

 Elevador tandem ou cabine dupla – atende dosi pavimentos ao mesmo tempo, como
mostrado na Figura 15

 Monta-carga: são mecanismos de transporte com carro de capacidade e tamanho limitados,


usados exclusivamente para transportar pequenas cargas. É, portanto, um elevador de carga
de pequeno porte que movimenta mercadorias entre os andares do prédio.

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Figura 15 - Elevador Tandem.
Fonte: Monte, Paulo Juarez – 2000

2.4 TIPOS DE PORTAS DE ELEVADOR


As dimensões mínimas para as portas de elevadores pela NBR NM-207 são 0,80 m de largura
por 2,00 m de altura. A abertura é controlada e executada pelo próprio elevador, através de um
operador elétrico instalado na própria porta.
Há varias combinações que podem ser feitas entre a porta do elevador (cabina) e a porta do
pavimento, tais como:
a) Porta da cabina com abertura lateral e porta do pavimento com abertura lateral (Figura 16).

Figura 16 -Abertura lateral (vista em planta).


Fonte: Monte, Paulo Juarez – 2000

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Essa combinação é mais empregada em prédios residenciais. O movimento conjunto das portas
de cabina e pavimento se dá em um mesmo sentido, como recolhimento por de trás da parede do
hall (sempre à esquerda ou à direita), sobre as soleiras de cabina e soleiras de pavimento.

b) Porta da cabina com abertura central e porta do pavimento com abertura central (Figura 17).

Figura 17 - Abertura central (vista em planta).


Fonte: Monte, Paulo Juarez – 2000

Esse tipo de combinação opera com tempo de abertura e fechamento menores que as de
abertura lateral e proporcionam maior aproveitamento da área da caixa para a colocação da cabina e
maior beleza estética no hall. Opção adequada para cabinas mais amplas e edifícios comerciais, pois
permite que o fluxo de entrada e saída de passageiros se dê com mais agilidade.

2.5 NOVAS TECNOLOGIAS


A cada ano, novas tecnologias são incorporadas aos elevadores. São comuns elevadores com
fotocélulas que garantem a abertura das portas enquanto houver pessoas passando, além de sistemas
computadorizados que gerenciam o funcionamento programando paradas, tempo de abertura da
porta, paradas em andares específicos (pares ou ímpares, por exemplo), etc. Há também elevadores
com sensores no piso, de forma que, ao atingir a capacidade máxima de transporte, o elevador não
pare mais em outros andares, otimizando o tempo de transporte.
Estudos recentes estão dando nova configuração para os elementos componentes dos
elevadores. Enquanto no sistema tradicional, a casa de máquinas fica acima da última parada, em
novos modelos não há casa de máquinas: o motor pode ser incorporado ao contrapeso, ou ainda à
cabina.

2.6 NORMAS
Para projeto de elevadores, consultar as seguintes normas:
 NBR NM 207 (Elevadores Elétricos de Passageiros - Requisitos de Segurança para
Construção e Instalação)
 NBR 5666 (Elevadores elétricos – Terminologia)
 NBR 5665 (Cálculo de Tráfego nos Elevadores – Procedimento)

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3 ESCADAS
As escadas podem ser de diferentes estilos e formatos, mas devem garantir conforto e
segurança aos usuários. Alturas diferentes de degraus, escadas estreitas, pisos pequenos podem
provocar acidentes.
Podem ser de madeira, de concreto, metálicas, de vidro, etc. Os degraus podem ser vazados
ou não e podem ainda apresentar variados formatos, conforme exemplos da Figura 18.
Atualmente, além dos aspectos técnicos e estéticos, o projeto deve considerar os elementos
de acessibilidade estabelecidos na NBR 9050 da ABNT.
Atenção: No Rio de Janeiro, as escadas de escape devem atender às exigências do Código de
Segurança Contra Incêndio e Pânico - COSCIP (1976), do Corpo de Bombeiros do Rio de
Janeiro, do qual foram destacados alguns elementos listados no Anexo 1.

Figura 18 – Escadas de diferentes formatos


Fonte: www.jccad.blogspot.com.br

3.1 ELEMENTOS DE ESCADAS


Os componentes de uma escada são mostrados na Figura 19, dentre os quais se destacam:

 Corrimão - é o apoio para a mão colocado ao longo de escadas, que proporcionam mais
equilíbrio e segurança ao subir e descer os desníveis. Pode ser instalado em paredes de
corredores auxiliando no deslocamento (passagens); em escadas, funcionando como apoio e
segurança; em rampas, auxiliando quem caminha e protegendo de quedas. De acordo com a
NBR 9050, o corrimão deve ser duplo.

 Balaústre - serve como uma medida de segurança adicional para escadas que não estão
próximas de paredes.
 Guarda-corpo - é composto de corrimão + balaústre e é um dos principais itens de
segurança em projetos, pois, sem ele, as pessoas, principalmente crianças, poderiam
ultrapassar o espaço entre a base e o corrimão e projetar-se no espaço vazio até o chão.
Segundo a NBR 9077, toda saída de emergência, como corredores, escadas, rampas, etc.,
deve ser protegida de ambos os lados por paredes ou guarda-corpos contínuos, sempre que
houver qualquer desnível maior que 19 cm.

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Figura 19 - Componentes de uma escada.
Fonte: Ferreira, Patrícia – 2001

Outros elementos estão indicados na Figura 20.

Figura 20 - Componentes dos degraus.


Fonte: www.olapisverde.blogspot.com.br

 Espelhos – correspondem à parte vertical do degrau, ou seja, à altura do degrau. Se forem


muito altos tornam a subida cansativa. Uma altura considerada confortável é 17,5 cm.
 Pisos – correspondem à parte horizontal do degrau. Se forem pequenos, não permitem apoio
suficiente dos pés.
 Degrau – composto pelo piso e pelo espelho, tem como medida favorável: 17 cm x 29 cm
(geralmente os pisos variam entre 25 cm e 30 cm e os espelhos entre 15 cm e 18 cm).
 Bocel – parte do piso de um degrau que se projeta 2 a 5 cm além da face do espelho, ou
seja, o balaço do piso sobre o espelho.
 Banzo - é a peça ou viga lateral de uma escada.
 Largura da escada – a largura da escada varia com a quantidade de pessoas que podem
circular lado a lado. Em residências, a largura deve ser igual ou maior que 0,80 m. Deve-se
considerar as seguintes larguras mínimas:
1 pessoa – 0,60 m
2 pessoas – 1,20 m
3 pessoas – 1,80 m

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3.2 PATAMARES
Escadas com mais de 16 degraus devem ter um patamar dividindo a escada em dois lances.
São também usados quando há mudança de direção. O comprimento deve ser no mínimo igual à
largura da escada, conforme indicado na Figura 21. Em outras situações o patamar é usado a critério
do projetista.

Figura 21 – Comprimento do patamar igual ou maior que a largura da escada


Fonte: Botelho e Giannoni

Em escadas de uso público, não devem ser usados degraus em leque como o indicado na Figura 22.

Figura 22 – Patamar em escada com mudança de direção


Fonte: Botelho e Giannoni

3.3 ALTURA LIVRE


No projeto de escada é necessário examinar a altura livre de passagem. Trata-se da distância,
entre o piso do degrau e o teto ou outro elemento, como vigas, por exemplo. Essa altura nunca deve
ser inferior a 2,00 m (dois metros), conforme mostrado na Figura 23.
.

Figura 23 – Altura livre.


Fonte: www.olapisverde.blogspot.com.br/

Assim, o rasgo na laje não precisa ser feito em toda a projeção da escada. Alguns degraus
podem ficar “cobertos”. Esse recurso é útil quando há a necessidade de área maior no piso do
pavimento superior.

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3.4 REPRESENTAÇÃO EM PLANTA
O sentido de subida ou de descida da escada é indicado conforme a Figura 24.

Figura 24 – Sentido da escada


Fonte: NBR 6492/94

A mesma escada aprece nas plantas de dois pavimentos. Tome-se como exemplo uma edificação de
dois pavimentos. Na planta baixa do primeiro pavimento, como o corte passa a aproximadamente a 1,50 m
do piso, apenas metade dos degraus são vistos (linha contínua). Os demais degraus estão acima do plano de
corte e são desenhados com linha traço-dois pontos (conforme a norma NBR 6492) ou, como mais
comumente utilizado nos desenhos, com linha tracejada.

Figura 25 - Representação de uma escada em planta

Além da representação em planta, as demais características da escada aparecem nas plantas de cortes
ou em detalhes, conforme exemplo da Figura 26.

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Figura 26 – Escada: planta e vistas
Fonte: Montenegro, 2001

3.5 CÁLCULO DE ESCADAS

Fórmulas:
 Quantidade de espelhos = pé direito + espessura da laje
altura do espelho

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 Cálculo do comprimento de uma escada

Em escadas com patamares, a fórmula fica d = pat + p(n – 2)


Figura 27 - Fórmulas para o cálculo de escadas.
Fonte: www.olapisverde.blogspot.com.br/
 Comprimento: d = p(n – 1) para escadas sem patamar e um lance
d = Pat + p(n – 2) para escadas com patamar e dois lances iguais
onde p = piso, d = comprimento, Pat = patamar

 Fórmula de Blondell (Arquiteto francês que estabeleceu uma fórmula empírica para o
cálculo do piso em função do espelho):
2e + p = 62 a 64 cm usual 2e + p = 63 cm,
onde: e = espelho; p = piso (sendo e máx = 18,5 cm)

Roteiro de cálculo:
1. Verificar a altura a vencer (geralmente, pé direito + laje)
2. Determinar o número aproximado de espelhos, arbitrando uma altura para o espelho (0,175
m, por exemplo).
3. Passar para um número inteiro de espelhos e recalcular a altura de cada um
4. Escolher uma das medidas e calcular o piso pela formula de Blondell

Exemplo:
1. Pé direito = 3,00 m laje = 0,10 m

3,00 + 0,10
2. Nº de espelhos = = 17,7
0,175

3. 17 espelhos: h esp = 3,10 = 0,182 m = 18,2 cm


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ou
18 espelhos: h esp = 3,10 = 0,172 m = 17,2 cm
18

4. Escolhendo 18 espelhos de 17,2 cm, temos:


2e + p = 63 cm
2 x 17,2 + p = 63 cm
p = 28,6 cm, arredondado para 29 cm

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Várias soluções são possíveis para esse cálculo, dentre os quais estão os representados na Figura 28.

Figura 28 – Soluções possíveis para os valores do exercício

3.6 OUTROS EXEMPLOS

Figura 29 – Escadas de Marinheiro


Fonte: Google imagens

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Figura 30– Escada Santos Dumont
Fonte: Google imagens

Figura 31 – Tipos de escadas


Fonte: Ferreira, 2008

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ANEXO 1

Reprodução dos Principais Artigos do Capítulo XIX do Código de Segurança


Contra Incêndio e Pânico – COSCIP (Decreto nº 897 de Setembro de 1976)
referentes ao Escape.
Atenção: No projeto, além do estabelecido nesse código, é necessário considerar o estabelecido na
NBR 9050 da ABNT.

Art. 180. As edificações residenciais (coletivas e transitórias), públicas, comerciais, industriais,


escolares, hospitalares, laboratoriais e de reunião de público, excetuando-se as residências
multifamiliares e garagens, com mais de dois pavimentos e área construída, em qualquer pavimento,
igual ou superior a 1.000 m², bem como as de quinze ou mais pavimentos, qualquer que seja a área
construída, terão, pelo menos, duas escadas, com distância, no mínimo, igual à metade da maior
dimensão da edificação, no sentido dessa dimensão, de modo que nenhum ponto do piso deixe de
ter livre acesso a todas as escadas, nem que fique a mais de 35 m da escada mais próxima, conforme
mostrado na Figura 32 e na Figura 33.

Figura 32 – Edificações com mais de 2 pavimentos e área construída igual ou superior a 1.000 m², em qualquer
pavimento.

Figura 33 – Edificações com mais de 2 pavimentos e área construída inferior a 1.000 m², em qualquer pavimento, que
não poderão ter nenhum ponto distando mais de 35 m da escada mais próxima.

§ 1º. As edificações dos tipos previstos neste artigo e que tenham mais de dois pavimentos, porém
com área construída inferior a 1.000 m², em qualquer pavimento, não poderão ter nenhum ponto
com distância superior a 35 m da escada mais próxima, conforme mostrado na Figura 33.
§ 2º. As edificações residenciais multifamiliares e as garagens servidas por rampa, que tenham vinte
e cinco ou mais pavimentos, estarão sujeitas às exigências do presente artigo.

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Art. 181. As saídas convencionais que trata o presente capítulo são previstas na legislação sobre
obras como sendo um caminho contínuo de qualquer ponto interior em direção à área livre, fora da
edificação, em conexão com o logradouro, compreendendo portas, circulações e área de conexão, a
saber:
I - As portas são as partes das saídas que conduzem a uma circulação ou a outra via de escape;
II - As circulações são as partes das saídas em um mesmo nível (corredores e “hall”) ou ligando
níveis diferentes (escadas ou rampas), destinadas a permitir que os ocupantes se retirem do
prédio;
III - As áreas de conexão são as partes das saídas (“halls”, galerias e áreas livres), entre o término
da circulação e a parte externa do prédio, em conexão com o logradouro.
Art. 183. A escada enclausurada à prova de fumaça deverá servir a todos os pavimentos e atender
aos seguintes requisitos (Figura 36 a Figura 38)
I - Ser envolvida por paredes de 25 cm de alvenaria ou de 15 cm de concreto, resistentes ao
fogo por quatro horas;
II - Apresentar comunicação com área de uso comum do pavimento somente através de porta
corta-fogo leve, com uma largura mínima de 90 cm, abrindo no sentido do movimento de
saída;
III - Ser disposta de forma a assegurar passagem com altura livre igual ou superior a 2,1 m;
IV - Ter lanços retos, não se permitindo degraus em leque;
V - Ter os degraus com altura e largura que satisfaçam, em conjunto, à relação 0,63 m ≤ 2H + L
≤ 0,64 m, sendo H a altura (espelho) e L a largura (piso) do degrau; além disso, a altura
máxima será de 0,185 m e a largura mínima de 0,26 m;
VI - Ter patamares intermediários sempre que houver mais de dezesseis degraus. A extensão do
patamar não poderá ser inferior a 1,2 m;
VII - Ter corrimão, obrigatoriamente;
VIII - Ter corrimão intermediário, quando a largura da escada for superior a 1,8 m;
IX - Não admitir nas caixas da escada quaisquer bocas coletoras de lixo, caixas de incêndio,
portas de compartimento ou de elevadores, chaves elétricas e outras instalações estranhas à
sua finalidade, exceto os pontos de iluminação.

Figura 34 – Escada enclausurada

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Figura 35 – Escada enclausurada

§ 1º. Quando for impossível se manter a mesma prumada, será aceita a transição da prumada da
escada, desde que seja assegurada a sua condição de enclausuramento.
§ 2º. Dentro das caixas da escada, acima da porta corta-fogo leve, haverá a indicação, em local bem
visível, do número do pavimento correspondente.
Art. 184. A escada enclausurada à prova de fumaça deverá ter seu acesso através de uma
antecâmara (balcão, terraço ou vestíbulo).
§ 1º. Balcão e terraço devem atender aos seguintes requisitos:
a) Estar situado a mais de 16 m de qualquer abertura na mesma fachada do próprio prédio ou
prédios vizinhos que possam eventualmente constituir fonte de calor resultante de incêndio;
b) Ter parapeito maciço com altura mínima de 1,1 m;
c) Ter o piso no mesmo nível do piso dos pavimentos internos do prédio e da caixa de escada
enclausurada à prova de fumaça;
d) Ter comunicação com os pavimentos através de porta corta-fogo leve.
§ 2º. Os vestíbulos devem atender aos seguintes requisitos:
a) Ter o piso no mesmo nível do piso dos pavimentos internos do prédio e da caixa da escada
enclausurada à prova de fumaça;
b) Ser ventilado por duto ou por janela abrindo diretamente para o exterior.

Figura 36 – Escada enclausurada – antecâmara com janela

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Figura 37 - Escada enclausurada – antecâmara com parapeito

Figura 38 - Escada enclausurada – antecâmara com duto de ventilação

Art. 185. A abertura para ventilação permanente por tudo deve atender aos seguintes requisitos:
a) Estar situada junto ao teto;
b) Ter área mínima de 0,0070m² (setenta centímetros quadrados) e largura mínima de 1,20m
(um metro e vinte centímetros).
Art. 186. A abertura para ventilação permanente por janela deve atender aos seguintes requisitos:
a) Estar situada junto ao teto;
b) Ter área efetiva mínima de 0,82 m² e largura mínima de 1,2 m;
c) Estar situada a mais de 16 m de qualquer abertura da mesma fachada do próprio prédio ou
de prédios vizinhos que possam constituir eventualmente fonte de calor resultante de
incêndio.
Art. 187. A comunicação da antecâmara com a escada e o pavimento deverá ser protegida por porta
corta-fogo leve.
Art. 188. Na antecâmara não poderá ser localizado qualquer equipamento, exceto os pontos de
iluminação.
Art. 189. Os dutos de ventilação devem atender aos seguintes requisitos:
a) Ter suas paredes resistentes ao fogo por duas horas;
b) Ter somente aberturas na parede comum com os vestíbulos, nas condições das “a”, “b” e
“c”, do § 1º do artigo 184;
c) Ter as dimensões mínimas, assinaladas em planta, de vão livre, de 1,2 m x 0,7 m;
d) Elevar-se no mínimo 1 m acima de qualquer cobertura, podendo ser protegidos contra
intempéries, na sua parte superior, por qualquer material;

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e) Ter, pelo menos, em duas faces acima da cobertura, venezianas de ventilação com área
mínima de 1 m² cada;
f) Não ser utilizados para localização de equipamentos e canalizações.
Art. 190. Além das escadas enclausuradas à prova de fumaça, serão admitidas escadas privativas
abertas ou outros meios de acesso, construídos em material incombustível, dentro da área privativa
das unidades, interligando-se num máximo de três pavimentos superpostos.
Art. 191. O corrimão deverá atender aos seguintes requisitos:
a) Estar situado de ambos os lados da escada, com uma altura entre 75 cm e 85 cm, acima do
nível do bordo do piso;
b) Ser fixado somente pela sua face inferior;
c) Ter largura máxima de 6 cm;
d) Estar afastado, no mínimo, 4 cm, da face da parede.
Parágrafo único. Os espaços ocupados pelos corrimãos e respectivos afastamentos estarão
compreendidos na largura útil da escada.
Art. 192. As rampas poderão substituir as escadas, desde que sejam cumpridos os mesmos
requisitos aplicáveis à escada, e mais:
I - As rampas terão uma inclinação de, no máximo, 12%;
II - As rampas deverão apresentar o piso revestido de material antiderrapante e serem providas
de corrimão.
Art. 193. As saídas de edificações deverão ser sinalizadas com indicação clara no sentido de saída.
Parágrafo único. A sinalização deverá conter a palavra SAÍDA, ESCAPE ou SEM SAÍDA, e uma
seta indicando o sentido. (Figura 39)

Figura 39 – Setas e Placas indicativas. Dimensões em centímetros.

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Art. 194. A iluminação natural das caixas da escada enclausurada à prova de fumaça será obtida
através da colocação de tijolos compactos de vidro, atendidas as seguintes exigências:
I - Em paredes dando para antecâmara, sua área máxima será de 1 m²;
II - Em paredes dando para o exterior, sua área máxima será de 50 cm².
Parágrafo único. Não será permitida a colocação de tijolos compactos de vidro nas paredes da
escada contíguas ao corpo do prédio.
Art. 195. As edificações residenciais transitórias e coletivas, hospitalares e laboratoriais cuja altura
exceda 12m do nível do logradouro público ou da via interior serão providas de sistema elétrico ou
eletrônico de emergência a fim de iluminar todas as saídas, setas e placas indicativas, dotado de
alimentador próprio e capaz de entrar em funcionamento imediato, tão logo ocorra interrupção no
suprimento de energia da edificação.
Art. 196. As saídas convencionais, a saída final e seus meios complementares, em toda e qualquer
edificação, deverão permanecer livres e desimpedidos, não podendo, definitivamente, ser ocupados
para fins comerciais ou de propaganda, servir como depósitos, vitrinas, mostruários ou outros fins.
Art. 197. As portas dos locais de reunião abrirão sempre no sentido do trânsito de saída.
Parágrafo único. As portas referidas neste artigo, ao abrirem, não poderão diminuir a largura efetiva
da saída a uma dimensão menor que a largura mínima exigida.
Art. 198. Todas as portas de acesso à escada enclausurada serão do tipo corta-fogo leve e, no que
for aplicável, obedecerão às especificações da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).
Art. 199. As portas terão as seguintes larguras normalizadas:
I - 0,90 m, valendo por uma unidade de passagem;
II - 1,40 m com duas folhas de 0,7 m, valendo por duas unidades de passagem;
III - 1,80 m com duas folhas de 0,9 m, valendo três unidades de passagem.
Art. 200. As portas do tipo corta-fogo leve deverão ser providas de dispositivos mecânicos e
automáticos de modo a permanecerem fechadas, porém, destrancadas.
Art. 201. As portas das salas com capacidade acima de 200 pessoas deverão ter ferragens do tipo
antipânico, com as seguintes características:
I - Serem acionadas por um peso inferior a 5kg;
II - Terem a barra de acionamento colocada entre 0,90m e 1,10m acima do piso.
Art. 202. Os poços dos elevadores das edificações deverão ser separados do corpo principal do
edifício por paredes de alvenaria de 25 cm de espessura ou de concreto com 15 cm, com portas
corta-fogo leves e metálicas nas aberturas.
§ 1º. Em cada pavimento, acima do espelho do botão de chamada do elevador, haverá a indicação
EM CASO DE INCENDIO NÃO USE O ELEVADOR, DESCA PELA ESCADA, em letras em
cor vermelha fosforescente.
§ 2º. Todos os elevadores deverão ser dotados de:
a) Comando de emergência para ser operado pelo corpo de Bombeiros, em caso de incêndio,
de forma a possibilitar a anulação das chamadas existentes;
b) Dispositivo de retorno do carro ao pavimento de acesso no caso de falta de energia elétrica;
Art. 203. Meios complementares de escape são dispositivos, aparelhos, petrechos ou medidas
destinadas a orientar o escape ou suprir possíveis deficiências das Saídas Convencionais, sendo os
principais:
I - Escada escamoteável, tipo “Marinheiro”;
II - Escada com patamar, do tipo “Marinheiro”;
III - Escada externa, simples, tipo “Marinheiro”;

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IV - Escada interna do tipo “Marinheiro”, simples, com prumadas diferentes de um pavimento
para outro;
V - Passarela metálica, fixa ou móvel, interligando pavimentos ou coberturas de edificações;
VI - Tubo de salvamento;
VII - Janelas.
Parágrafo único. Os meios complementares de escape serão exigidos a critério do Corpo de
Bombeiros, sempre que se fizerem necessários.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COE, Código de Obras e Edificações. São Paulo, 1992.


COSCIP, Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico. Rio de Janeiro, 1976.
MONTE, Paulo Juarez Dal. Elevadores e escadas rolantes. Rio de Janeiro: Editora Interciência,
2000.
Elevadores Atlas Schindler S.A. – Departamento Técnico. Manual de transporte vertical em
edifícios. São Paulo: PINI, 2001.
FERREIRA, Patrícia. Desenho de Arquitetura. Rio de Janeiro: Editora ao Livro Técnico, 2001.
FERREIRA, Patricia. Desenho de Arquitetura. 2.ed. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio,
2008.
MONTENEGRO, Gildo A. Desenho arquitetônico. São Paulo: Editora Bülcher, 2001.

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