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LiderançaMotivaçãoEquipas - D&F N.º 11
LiderançaMotivaçãoEquipas - D&F N.º 11
11
abril a junho 2015
LIDERANÇA
E MOTIVAÇÃO
DE EQUIPAS
SEPARATA
Acha que sabe delegar?
3
ISSN 2182-7532
MINISTÉRIO DA SOLIDARIEDADE ,
EMPREGO E SEGURANÇA SOCIAL
,I.P.
A janela
que lhe abre
portas.
Estamos perto de si
I
ÍNDICE
COORDENADORA
Lídia Spencer Branco
REDAÇÃO E ASSINATURAS
Gabinete de Comunicação e Relações Externas
Revista DIRIGIR&FORMAR
Tel.: 21 861 41 00
Ext.: 662342 e 662106
Rua de Xabregas, n.º 52 - 1949-003 Lisboa
GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS G
e-mail: dirigir&formar@iefp.pt Temas de Gestão
48 «A importância de um plano de comunicação interna –
DATA DE PUBLICAÇÃO junho 2015
menos é mais!»
PERIODICIDADE 4 números/ano Temas de Formação
52 Aprendizagem ao longo da vida: conceito e políticas
CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO
Opticreative®
58 Liderar, motivar e comunicar com o Skype
Tel.: 218 289 662
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CAPA Opticreative®
E
Rua de Xabregas, n.º 52 - 1949-003 Lisboa
NOTADA NO ICS
EUROPA EM NOTíCIAS
REGISTO 68 Euroflash
Anotada na Entidade Reguladora para a Comunicação
Social
ISSN 2182-7532
NOTA
Os artigos constantes da presente edição da Revista
foram escritos entre Abril e Maio de 2015.
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revista Dirigir&Formar n.º 11
E
EDITORIAL
Liderar e motivar equipas é fundamental para aumentar
a competitividade de uma empresa e o bom desempe-
nho de qualquer organização.
LIDERANÇA
E mOTIVAÇÃO:
EXPLORANDO CAMINHOS
NO CONTEXTO PORTUGUÊS
Por: Arménio Rego; Miguel Pina e Cunha - Universidade de Aveiro: Nova
School of Business and Economics
Fotografias e ilustrações: Opticreative®
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revista Dirigir&Formar n.º 11
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Introdução
B
oa liderança requer capaci- Segundo fator: as pessoas preten-
dade de motivar os liderados. dem desenvolver relacionamentos
Naturalmente, esta motivação sociais positivos. Gostam de per-
pode ser canalizada para as mais tencer a coletivos organizacionais
virtuosas realizações ou para as que as valorizam e nos quais impera
mais perversas. Hitler foi um pode- um clima de confiança e justiça. Um
roso motivador. E era carismático. salário superior numa organização
Outros líderes «motivam» de tal que é um «ninho de víboras» rara-
modo os liderados que estes sacrifi- mente impele alguém a abandonar
cam as suas vidas em prol da causa uma organização com clima social
e do líder (carismático). Não é esse saudável – exceto se o salário atual
tipo de «motivação» que pretende- for de tal modo baixo que não per-
mos aqui discutir. Interessa-nos a mite a satisfação de necessidades
liderança que motiva os liderados Primeiro fator: as pessoas preten- fundamentais.
para trabalharem em prol de causas dem adquirir bens e serviços que
e objetivos meritórios e moralmen- lhes permitem alcançar maior bem-
te aceitáveis. -estar. Quase todos valorizamos as
possibilidades de adquirir um me-
O nosso foco orienta-se para as lhor automóvel, fazer uma refeição
organizações com fins lucrativos, no restaurante preferido, viajar,
embora a maioria das temáticas e financiar os estudos dos nossos
orientações aqui abordadas seja filhos, comprar uma casa melhor
aplicável a líderes de organizações num espaço prestigiado e melhorar
sem fins lucrativos. O texto co- o nosso nível de bem-estar mate-
meça por dar conta de seis fontes rial. Esta necessidade é satisfeita
motivacionais, enfatizando que os sobretudo através da compensação
humanos estão motivados quando financeira e dos benefícios que
as organizações lhes permitem sa- as organizações facultam. Natu-
tisfazer essas seis necessidades. ralmente, a nossa satisfação com Terceiro fator: as pessoas apreciam
Argumentamos, depois, que a ati- essas «recompensas» depende do a possibilidade de fazerem uso do
vação desses seis fatores motivado- grau em que são justas. Se nos em- seu potencial, desenvolver compe-
res requer que os líderes detenham penhamos arduamente no trabalho tências e capacidades e explorar
mais do que competências técnicas. e obtemos bons resultados, mas a o mundo que as rodeia. As organi-
Discutimos, então, algumas parti- organização nos concede tratamen- zações podem acalentar essa mo-
cularidades do contexto português to igual ao que faculta aos menos tivação através de várias medidas:
que dificultam a ativação desses empenhados, a nossa satisfação 1) permitindo que os colaborado-
fatores. E concluímos com diversas declina e a nossa motivação tende res aprendam e se desenvolvam; 2)
linhas de orientação que podem a decair. criando condições para que as pes-
ajudar os líderes a mobilizarem as soas façam uso das suas melhores
energias dos colaboradores. competências e desenvolvam o seu
potencial.
donas dos seus destinos e são trata- da organização num fator diminui o
das como adultas – e não como «re- efeito de outros fatores. E o bom de-
cursos» descartáveis ou «crianças». sempenho num fator não compensa
o mau desempenho noutros fatores.
Por exemplo, uma organização que
remunera bem e justamente os seus
colaboradores pode ver o seu po-
tencial motivador prejudicado se as
pessoas não realizarem trabalho com
significado ou desconfiarem umas
das outras. Outro exemplo: uma or-
ganização que procura motivar os
colaboradores pela via do significado
com justiça? 3) Os processos e pro- do trabalho pode ver os seus intentos
cedimentos são transparentes? 4) hipotecados se não adotar práticas
Posso expressar o que penso, aju- salariais justas.
dar e pedir ajuda sem que daí adve-
nham riscos para a minha carreira e Sexto fator: as pessoas pretendem Importa compreender que estas ne-
a minha identidade? realizar trabalho com significado cessidades não são perfilhadas do
para as suas vidas. Gostam de sen- mesmo modo por todas as pessoas.
tir que trabalham em prol de algo Alguns colaboradores são menos
que é útil para os outros, dentro orientados para a autodetermina-
ou fora da organização. Gostam de ção do que outros. Alguns valori-
trabalhar em prol de um propósito zam mais o poder aquisitivo do que
nobre. As pessoas satisfazem esta outros. Os propósitos de vida que
necessidade quando respondem cada um prossegue também são
favoravelmente a questões como: distintos. Por conseguinte, é neces-
1) O meu trabalho tem significado sário que a organização e os seus
para mim? 2) Os deveres e as in- líderes estejam conscientes das es-
cumbências inerentes ao meu tra- pecificidades de cada colaborador
balho fazem sentido para mim? 3) e permitam a cada um cumprir os
Sinto-me com energia quando tra- seus desígnios – naturalmente num
balho? 4) Na organização em que quadro de justiça e equidade. Mas,
trabalho as pessoas movem-se em globalmente, o que importa consi-
Quinto fator: as pessoas gostam prol de uma causa comum? 5) Sin- derar é que os líderes e as organi-
de sentir que controlam as suas vi- to que o meu trabalho é útil para zações apenas poderão mobilizar
das e que podem agir com sentido melhorar a vida de outras pessoas? as energias das pessoas se ativa-
de autodeterminação. Esta neces- 6) Sinto que a minha organização rem os seis sistemas motivadores.
sidade pode ser satisfeita quando é uma comunidade de pessoas que O Quadro 1 faculta orientações so-
diversas condições são satisfeitas, se respeitam e apoiam mutuamen- bre como as organizações podem
designadamente: 1) Os colaborado- te? 7) O trabalho que realizo está atuar com esse intuito.
res dispõem de suficiente autono- de acordo com o que considero
mia para realizarem o trabalho; 2) mais importante na vida?
Podem conciliar o trabalho com as
suas responsabilidades familiares e O papel destes seis fatores é sinérgico.
comunitárias. Ou seja: a necessida- O resultado motivacional global não
de de autodeterminação é satisfeita é simplesmente o fruto da soma dos
quando as pessoas sentem que são seis fatores. Um fraco desempenho
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QUADRO 1
COMO ATIVAR OS SEIS FATORES MOTIVADORES1
• Crie condições para que as pessoas sintam que fazem trabalho útil
e nobre e no qual sentem orgulho.
Sentido de Desenho do • Mostre às pessoas como o seu trabalho, assim como os produtos e
serviços que daí resultam, são valorosos.
propósito e trabalho e • Ajude as pessoas a compreenderem o propósito último que a
objetivos e organização prossegue.
significado no missão da equipa • Não trate a organização como uma mera máquina de «fazer
dinheiro». O lucro é como o ar: precisamos do ar para respirar, mas
trabalho e da organização não vivemos para respirar.
1
Construído e adaptado de: Kets de Vries (2001); Nohria, Groysberg, & Lee (2008).
Competências de
liderança necessárias
à ativação das fontes
motivacionais
O que fica exposto é uma demons-
tração cabal de que aos líderes não
basta serem tecnicamente compe-
tentes. A liderança, em diferentes
níveis, requer quatro núcleos de
competências: 1) técnicas (lidar efi-
cazmente com «coisas» e com «tec-
nologias»); 2) sociais (desenvolver
relacionamentos sociais frutuosos e
criar organizações exigentes e hu-
manizadas); 3) concetuais (pensar a
organização como um todo holístico
e a sua presença no mercado para lá
do presente); 4) de liderança pessoal
(gerir devidamente a vida pessoal e
compreender como os comporta-
mentos próprios podem melhorar ou
piorar a organização). Tratamos este
assunto noutro texto, para o qual re-
metemos o leitor. Aqui, importa ape-
nas sintetizar quatro pontos: Uma ilustração paradigmática da permitam aos líderes conhecerem-
pertinência destes quatro tipos de -se a si próprios e desenvolverem as
• Líderes tecnicamente competen- competências pode ser encontra- suas competências. Terceiro: devem
tes não serão capazes de mobili- da na Google, uma «empresa de criar condições para que os líderes
zar as energias das pessoas que engenheiros feita por engenhei- façam uso dos fatores motivadores
lideram se forem desprovidos des- ros». Através de investigação leva- antes descritos. Em algumas orga-
sas outras competências. da a cabo no interior da empresa, nizações (designadamente do Esta-
a Google identificou oito compe- do) os líderes veem o seu trabalho
• Essoutras competências adquirem tências caraterizadoras dos melho- neutralizado por fatores de contex-
especial relevância à medida que res gestores (Quadro 2). Usou esse to que, por exemplo, os impedem de
os líderes progridem na carreira e elenco para selecionar, formar e recompensar o mérito ou de inves-
na «escada» organizacional. desenvolver líderes. Entre as oito tir na formação e desenvolvimento
competências identificadas, ape- dos liderados. Os líderes fazem as
• Muitas competências de liderança nas uma é de natureza estritamente organizações. Mas as organizações
podem ser desenvolvidas, mas al- técnica. O Quadro 2 ajuda a com- também fazem os líderes.
gumas pessoas não são capazes, preender como essas competências
ou não pretendem, desenvolvê-las. podem apoiar as seis fontes motiva-
doras antes descritas. O contexto motivacional
• Qualquer processo de desen- português
volvimento de competências de As organizações que pretendam
liderança requer autoconheci- ativar processos de liderança mais O contexto motivacional português
mento. Quem não está disposto motivadores devem atender, pois, a apresenta algumas peculiaridades
a conhecer as suas fragilidades e três aspetos fundamentais. Primei- que dificultam a ativação de alguns
limitações dificilmente se dispõe ro: devem ser cuidadosas na seleção fatores motivacionais. Destacamos,
a enveredar por processos de de- e na promoção de líderes. Segundo: aqui, duas. A primeira relaciona-se
senvolvimento pessoal. devem promover as condições que com a recompensa do mérito. A boa
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QUADRO 2
AS COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS DOS MELHORES GESTORES DA GOOGLE — E COMO
OS LíDERES PODEM USá-LAS PARA NUTRIR OS SEIS FATORES MOTIVACIONAIS
• Autodeterminação.
• Exploração.
• Autodeterminação
• Autodeterminação.
Denota e interesse e preocupação pelo sucesso da
3 equipa e pelo bem-estar das pessoas. Não as trata
como simples «recursos» ou «instrumentos».
• Relacionamentos sociais e sentido de pertença.
• Segurança e proteção contra riscos.
• Sentido de propósito e significado no trabalho.
• Aquisição.
• Autodeterminação.
É um bom comunicador – escuta e partilha
5 informação. Assim obtém informação pertinente
para a tomada de decisão – a sua e a dos liderados.
• Relacionamentos sociais e sentido de pertença.
• Segurança e proteção contra riscos.
• Sentido de propósito e significado no trabalho.
• Aquisição.
• Autodeterminação.
gestão de pessoas envolve, sobretu- decisão. E os próprios liderados re- sentimentos de iniquidade e pre-
do, três práticas: 1) definição de ob- velam fraco desejo de participação – judica a satisfação das necessi-
jetivos, 2) respetiva monitorização porque receiam as consequências de dades de aquisição, de relaciona-
(isto é, acompanhamento do grau uma sugestão menos «respeitado- mento e pertença, de segurança e
em que os mesmos são prossegui- ra» ou porque sentem simplesmente mesmo as de sentido de significa-
dos e alcançados) e 3) atribuição de que, se «eles são pagos para decidir, do no trabalho. As fracas práticas
incentivos a quem mais contribui que decidam». Consequentemente, de liderança participativa dificul-
para tais objetivos, isto é, recom- o potencial, o conhecimento e as tam a satisfação de necessidades
pensa do mérito. Em comparações ideias dos liderados não são canali- de relacionamento e pertença, de
internacionais Portugal posiciona- zados para a tomada de decisão. As exploração, de autodeterminação
-se mal nestes três domínios, mas decisões acabam por ser de quali- e de sentido de significado no tra-
sobretudo no último. A fraca ges- dade inferior. E, frequentemente, a balho. Por conseguinte, o «mero»
tão de incentivos reflete uma fraca implementação das decisões é difi- aumento salarial (o «pão»), se
orientação para o desempenho e cultada – pois os liderados, por não não for acompanhado dos restan-
tem como consequência tes sistemas motiva-
a pobre recompensa do cionais (as «rosas»),
mérito. O Relatório do pode surtir efeitos
Capital Humano do Fó- modestos ou nulos.
rum Económico Mundial, Note-se que não pre-
de 2013 (envolvendo 122 tendemos subestimar
países), coloca Portugal o papel do incremento
em 102.º lugar nesse cri- salarial. E sublinha-
tério. No ranking do Glo- mos que a mera ati-
bal Talent Competitive- vação de fontes moti-
ness Index (que envolve vacionais «baratas»,
103 países) o país classi- se estiver desacompa-
fica-se em 91.º lugar. nhada de recompen-
sas materiais, pode
A segunda peculiarida- resultar em cinismo.
de denominámo-la «sín- O que pretendemos
drome do respeitinho». enfatizar é que, para
Radica numa caraterísti- motivarem os seus co-
ca cultural denominada laboradores, as orga-
«distância de poder». nizações e os líderes
«Haja respeitinho» trans- devem facultar tanto
mite uma mensagem cla- «pão» como «rosas».
ra: é preciso estar «cala-
dinho» e não contrariar
o superior. Como consequência, se reverem nas decisões, não se em- Orientações para a ação
os liderados (a) têm dificuldade penham na implementação das mes-
em questionar as chefias, mesmo mas. Compreende-se, pois, como Da argumentação anterior podem
quando estas estão prestes a come- esta perda de potencial, multiplica- ser extraídas linhas de orientação.
ter erros ou a tomar fracas decisões, da por milhares de organizações e Baseamo-nos sobretudo na nos-
e (b) receiam transmitir a «verdade» milhões de decisões, se traduz em sa experiência, na investigação
desagradável às chefias, permitin- menores índices de produtividade e diversa que temos realizado e no
do que estas persistam em más de- menor desenvolvimento económico trabalho que tem vindo a ser desen-
cisões. do país. volvido pela Gallup e os seus investi-
gadores no domínio do engagement.
Um sintoma da cultura do «respei- Facilmente se compreende que O engagement representa o envol-
tinho» é o fraco pendor das práti- estes dois atributos, presentes vimento emocional e dedicado ao
cas de liderança participativa. Em em muitas organizações portu- trabalho e pode ser medido através
muitas organizações os líderes rara- guesas, dificultam a ativação de das doze questões contempladas no
mente convidam os liderados a par- vários fatores motivadores. A má Quadro 3.
ticiparem no processo de tomada de recompensa do mérito conduz a Quadro 3
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QUADRO 3
Os liderados revelam
elevado engagement
se responderem
afirmativamente às
seguintes questões
1 Sei bem o que é esperado
de mim no trabalho?
2 Tenho os materiais e o
equipamento de que
necessito para fazer o meu
trabalho corretamente?
3 No trabalho, todos os dias
tenho a oportunidade de
fazer o que sei fazer melhor?
4 Os meus colegas estão
empenhados em fazerem
trabalho de boa qualidade?
5 A missão ou o propósito da
minha empresa faz-me sentir
que o meu trabalho
é importante?
6 Tenho um bom amigo no meu
local de trabalho?
7 No trabalho, as minhas
opiniões contam? empenhada no seu trabalho. Com- «Cristiano Ronaldo» a jogar à de-
8 O meu superior preocupa-se preende-se, pois, a enorme quan- fesa, sob pena de o prejudicar e à
comigo como pessoa? tidade de potencial humano que, equipa.
9 Existe alguém, no meu a cada momento, é desperdiçado
trabalho, que encoraja o meu • Clarifique o que espera das pes-
desenvolvimento?
– com efeitos perversos para as soas e faculte-lhes condições para
pessoas, as organizações e as so- que realizem um bom trabalho.
10 No último ano tenho tido ciedades. Do nosso ponto de vis-
oportunidades, no trabalho, • Fomente um clima de cooperação
de aprender e desenvolver- ta, a promoção do engagement
-me? e ajuda mútua, no qual a confian-
nas empresas portuguesas pode
ça impere. Crie um clima social
11 Nos últimos sete dias recebi ser promovido do seguinte modo: positivo, caraterizado por relacio-
reconhecimento e elogios por
ter feito um bom trabalho? namentos de elevada qualidade.
• Sem gerar fossos salariais inde-
12 No decurso dos últimos corosos, crie condições para que • Convide as pessoas a participa-
seis meses alguém no meu
o mérito seja premiado. Não pre- rem nos processos decisórios,
trabalho falou comigo sobre fazendo-as sentir que as suas opi-
o meu progresso? miar o mérito equivale a premiar
o demérito e a «preguiça social». niões contam. Pratique a «autori-
dade participativa».
• Adote uma perspetiva baseada
Dados obtidos em quase centena e nas forças em vez de encarar a • Trate as pessoas como pessoas –
meia de países permitem duas con- organização como uma «loja de e, sobretudo, como adultas.
clusões fundamentais. Primeira: o reparações» destinada a resolver • Permita-lhes que sejam elas pró-
engagement está associado a me- problemas e minorar deficiên- prias e que se expressem com as-
lhor bem-estar dos empregados e cias. Reparar o que funciona mal sertividade respeitadora (ou com
a níveis superiores de desempenho é necessário – mas o foco essen- «desrespeito saudável»).
individual e de eficácia organiza- cial deve ser a orientação para a
potenciação das forças. • Promova a aprendizagem e o de-
cional. Segunda: na generalidade senvolvimento das pessoas, desig-
dos países, apenas uma peque- • Dentro do possível, permita que nadamente através do coaching
na minoria de pessoas (menos de as pessoas façam aquilo que sa- e do investimento em eventos de
20% em Portugal) está ativamente bem fazer melhor. Não coloque formação e desenvolvimento.
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Justice and the distribution of financial and
GARVIN, D. A., «How Google sold its engineers on socioemotional rewards in organizations», Social
GESTÃO DE O
conceito de «talento» e as
metodologias de intervenção
centradas sobre a sua me-
A propósito da noção
de talento
A título de pretexto introdutório,
convoca-se para esta reflexão os ei-
xos de análise que oportunamente
foram apresentados pelo autor, no
âmbito da APG (Associação Portu-
guesa de Gestão das Pessoas) sobre
esta mesma temática.
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MICHAELS, E., HANDFIELD-JONES, H. e AXELROD, B., The War for Talent, Boston, Massachusetts: Harvard Business School Press, 2001.
NOVOS DESAFIOS
NA GESTÃO DE
PESSOAS
Todavia, pouca atenção tem sido
A liderança empreendedora nas dada ao papel crucial que as che-
fias intermédias têm para assegu-
chefias intermédias e diretas rar eficazmente a concretização das
Por: António Caetano, Susana C. Santos, Ana M. Passos, Nelson Ramalho iniciativas e inovações decorrentes
Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), BRU – Business Research Unit (BRU-IUL)
Ilustrações: Opticreative® das decisões estratégicas. Na ver-
dade, as práticas de gestão e a lite-
N
a atual dinâmica da economia mundial as organizações ratura sobre o tema têm dado uma
necessitam de uma liderança empreendedora em todos atenção privilegiada à liderança de
os seus níveis, de forma a promover a inovação organiza- topo.
cional, a resolução de problemas e a eficiência através da maxi-
mização das suas competências, talentos e energia coletiva. Mas
a implementação de uma estratégia de sucesso que assegure a O papel central das
sustentabilidade organizacional requer a intervenção ativa não chefias intermédias
só dos líderes de topo mas também das chefias intermédias e de
primeira linha. De facto, são essas que têm de mobilizar os recur- Atualmente, é cada vez mais eviden-
sos e a energia dos indivíduos e das equipas de trabalho para se te que é necessário deslocar o foco
concretizar a estratégia da organização. de análise da eficácia individual dos
líderes de topo, frequentemente as-
As chefias intermédias são o elemento fundamental de ligação sociada a narrativas heroicas, para
entre aquilo que a organização a nível de topo pretende fazer a forma como eles interagem com
e aquilo que realmente é realizado todos os dias. Mais do que as lideranças intermédias e diretas
transmissores de instruções, têm de ser capazes de dar sentido e o modo como estas se sentem
aos acontecimentos e eventos diários, interpretá-los à luz da es- «empoderadas» para executarem
tratégia organizacional que têm de concretizar e resolver proble- com eficácia e eficiência a estraté-
mas não antecipados gerando soluções congruentes com essa gia da organização.
estratégia.
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A dinâmica do funcionamento operativo de muitas or- adequado de motivação e de bem-estar subjetivo por
ganizações é determinada por múltiplas forças contra- parte dos colaboradores, bem como para catalisar os
ditórias que as chefias intermédias têm de saber gerir. seus esforços e identificar oportunidades de inovação e
É-lhes exigida uma orientação para o sucesso com obje- de melhoria da eficiência dos processos organizativos.
tivos altamente competitivos e com níveis de qualidade
elevados e, simultaneamente, têm uma forte carga de Assim, às chefias intermédias e diretas cabe um papel
trabalho, com uma grande pressão para a eficiência e crítico para o sucesso da organização, salientando-se
com um número de colaboradores cada vez mais redu- a sua capacidade para: interpretar e concretizar a es-
zido. Adicionalmente, é frequente estes terem vínculos tratégia da organização; integrar e alinhar estrategi-
laborais que não estimulam o comprometimento com camente, no contexto concreto do trabalho, as ativida-
o trabalho nem o desenvolvimento das competências des que criam valor; atribuir sentido consistente com
requeridas para um desempenho competitivo. Nesta a estratégia aos eventos diários positivos ou negativos
dinâmica, as chefias intermédias, e diretas, têm de pro- que afetam o desempenho; gerir permanentemente a
curar maximizar as competências desses colaboradores tensão entre estabilidade organizativa e pressão para a
para obterem os níveis de desempenho exigidos e, ao mudança e inovação; catalisar competências, motiva-
mesmo tempo, têm de ter em consideração as suas rea- ção e emoções dos colaboradores, dar-lhes suporte e
ções emocionais e atitudes face aos eventos diários que promover o seu desenvolvimento profissional; e assegu-
afetam a sua qualidade de vida no trabalho. A gestão rar os níveis de eficiência e de eficácia no desempenho
eficaz destes processos quotidianos requer capacidades individual e coletivo que garantam a sustentabilidade
e competências de liderança para assegurar um nível organizacional.
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TE MA D E C A PA
«QUEREMOS
CONTINUAR A SER UM
GREAT PLACE TO BE»
Por: Gisela Nunes – Jornalista e Luís Martins
Fotografias: cedidas pela empresa MARS Portugal
portugal
M
arta Rocha assumiu a dire- foi muito bom e temos muito orgu-
ção de Recursos Humanos lho por estarmos no top 10 do ran- Número de
da Mars Portugal no final king geral. O que nos distingue são colaboradores
de 2011. Além da gestão e desen- os nossos cinco princípios, pois não
(Portugal): 70
volvimento dos colaboradores (a são apenas palavras que temos es-
quem chamam «associados»), as critas na parede, são realmente a Idade média: 35
suas funções passam pela captação forma como vivemos e gerimos o
e gestão do talento, comunicação e nosso negócio. Áreas de trabalho:
responsabilidade social da empresa. Vendas, Marketing,
Questionada sobre os valores que D&F: O que significa este prémio Corporate Affairs,
diferenciam a Mars de outras com- para um diretor de Recursos Hu- Logística, Finanças,
panhias concorrentes, Marta Rocha manos? Recursos Humanos, IT.
aponta a Qualidade, Responsabili-
dade, Mutualidade, Eficiência e Li- M. R.: Tem, obviamente, um signi-
berdade – os «cinco princípios» que ficado muito especial. Não apenas
fazem parte da herança e história da enquanto responsável de Recursos o nosso compromisso e plano de
Mars e constituem a razão do seu Humanos mas, sobretudo, como ação sobre o talento nos próxi-
sucesso. Valores que, segundo conta «associada» desta empresa. É o re- mos tempos. Talento é umas das
a diretora, mantêm a identidade da flexo do orgulho que sentimos pela prioridades da Mars. Trabalhamos
empresa em tempos de crescimento família que somos e a confirmação não só a formação, mas também
e orientam perante os desafios. de que todos contribuímos para fa- os planos de desenvolvimento e
zer da Mars não apenas um Great de sucessão, bem como a atração
Dirigir&Formar: Em janeiro de Place to Work mas acima de tudo e a retenção de talento. Por outro
2015 a Mars foi uma das vencedo- um Great Place to Be. lado, localmente temos o tema Be
ras dos Best Place to Work. A que the best version of you que permi-
se deve este reconhecimento? O D&F: De que forma é que a Mars te a cada associado estar na sua
que diferencia a Mars Portugal? tem inovado no desenvolvimento e melhor versão e contribuir para um
na motivação das suas pessoas? mundo melhor – motivar os nossos
Marta Rocha: Este foi o primeiro clientes, consumidores e colegas
ano em que nos candidatámos ao M. R.: Nos últimos dois anos os de equipa e construírem um futuro
Great Place to Work em conjunto líderes de cada mercado onde a melhor. Em troca, são reconheci-
com a Royal Canin, que também faz Mars está presente reuniram-se dos e recompensados por estarem
parte do Grupo Mars. O resultado para determinarem, em conjunto, na sua melhor versão.
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ABC DO
CONFLITO
Breve crónica sobre
a gestão de conflitos
Por: João Godinho Soares, engenheiro
Ilustrações: Opticreative®
«O conflito é
S
e muito se escreveu, ainda mais O conflito é uma consequência da nossa
se disse sobre a gestão de con- natureza. O conflito pode ser o meio neces-
como a água: flitos. Porquê então voltar ao
tema neste momento? Porque o tema
sário para um fim desejado. Nem sempre o
conflito é mau. E a sua completa ausência
ou sacia ou está intrinsecamente ligado às emo- é certamente uma anomalia. «Da discus-
ções humanas e estas nunca se esgo- são, nasce a luz!», diz a sabedoria popular.
afoga.» tam. Por isso as ditaduras são escuridão.
Antes do conflito
Ação I
Alberto e Beatriz tinham a mesma com afetos. Divorciaram-se, num Beatriz (com evidente enfado)
idade. Conheciam-se desde caloi- processo inesperadamente violento – Sim, se calhar sou eu…...
ros na universidade. Ambos enge- que os deixou rancorosos. Corta-
nheiros, ele numa especialidade, ram todos os pontos de contacto. Durante os poucos segundos em
ela noutra, de colegas a namorados Deixaram de se ver e falar. Beatriz que ficaram silenciosos, olhando-
foi um passinho. Os seus caminhos acabou por sair do instituto, atrás -se com sincera incredulidade, Car-
seguiram paralelos até muito de- de um lugar de superior importân- los, o diretor, aproximou-se cumpri-
pois de esgotados os tempos revo- cia e responsabilidade, como era mentando-os.
lucionários que Abril lhes propicia- seu desejo. Alberto ficou, cada vez
ra. Terminaram os cursos quase ao mais cético e solene na sua visão do Carlos – Olá engenheira.
mesmo tempo e, quase ao mesmo trabalho. Olá Alberto, apresento-lhe a
tempo, empregaram-se, ele numa engenheira Beatriz, que vem
empresa pública, ela numa direção- Qual não foi o espanto de ambos trabalhar connosco.
-geral. Sem filhos, complementa- quando, alguns anos depois, se vol-
vam-se. Uma década depois foram taram a encontrar no mesmo ins- Alberto – Sim, sim, já nos
aliciados por um novel instituto, de tituto. Depois de alguns anos sem conhecemos…
onde lhes acenaram com melhores saberem um do outro, o encontro de
salários. Entraram no mesmo dia. Alberto e Beatriz foi genuinamente Beatriz – O Alberto é meu
Com a novidade de trabalharem na uma enorme surpresa. Apanhados ex-marido.
mesma instituição revelaram-se as ambos desprevenidos, esqueceram-
primeiras diferenças. Alberto era -se por momentos que haviam de- Assim! De chofre! Beatriz era assim,
rigoroso, leal, mas conservador e cidido nunca mais se falar. Talvez não perdia tempo. Foi a vez de Car-
prudente. Resistia aos entusiasmos por um resquício de cavalheirismo, los se mostrar surpreso. À medida
fáceis das «modas» que se suce- Alberto falou: que a explicação prosseguia, Carlos
diam umas atrás das outras, como intuiu imediatamente o que se pas-
consequência das alternâncias Alberto (sombrio) – Olá, sava. Aqueles dois ainda não tinham
políticas da direção do instituto, Beatriz! Tu, aqui? enterrado o machado de guerra.
enquanto Beatriz apenas via a sua A mais pequena faísca e todo o pas-
carreira e pactuava com qualquer Beatriz (parecendo querer sado lhes explodiria na cara.
opinião que fosse prevalecente no voltar para trás) – Tu não me
momento, concentrada em ganhar digas que trabalhas aqui... Logo que a oportunidade surgiu,
posições e subir na hierarquia. Isso Carlos esticou o braço convidan-
era por de mais evidente sobretudo Alberto (sem emoção) – Ah, do Beatriz a entrar no seu gabine-
ao fim do dia quando, já em casa, sim, agora estou aqui, sim. te, enquanto olhava intensamente
comentavam primeiro e discutiam para Alberto, que se deixou ficar,
depois o seu dia de trabalho. Não Beatriz (impaciente) – Eu… especado, no corredor.
se soube se terá sido por isso, se agora também estou aqui.
terá sido a erosão normal dos anos
a passarem inexoravelmente, a au- Alberto (assumindo o espanto)
sência de filhos ou se algo/alguém – Espera aí! Tu… tu não me
se terá intrometido entre ambos, digas que és a engenheira que
fazendo quebrar as amarras de uma está para entrar há uma data
união até aí construída «apenas» de tempo e que...
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Reação I
Carlos não conhecia os anteceden- 3.º – não subordinar o trabalho de ser satisfeito, sob pena de não se
tes de Alberto e Beatriz mas aqueles um ao do outro e vice-versa. conseguir o tal «bom ambiente de
poucos minutos no corredor tinham trabalho». Obtidos o conforto e a
sido um dilúvio de informação. Sem o saber, Carlos escrevia um ca- motivação de todos os trabalha-
pítulo de um Manual de Gestão de dores e atingidos ou superados os
Dirigente experiente, na conversa Conflitos: o dedicado à prevenção. objetivos da organização, só então
que se seguiu com Beatriz, Carlos Além da solução óbvia de evitar haverá realmente um bom ambien-
usou de diplomacia e prudência. criar condições a um eventual con- te de trabalho.
Evitando remexer feridas, levou a fronto entre os seus colaboradores,
conversa para o estrito âmbito pro- em geral, e entre estes dois em par- Por isso Carlos, ao preocupar-se
fissional, sem nunca perder de vis- ticular, Carlos sabia que a criação e com a harmonia na equipa, propi-
ta a nova realidade: adivinhava-se manutenção de um bom ambiente ciadora da tranquilidade necessária
uma relação complicada entre dois de trabalho na direção era impres- a um bom desempenho, não se es-
dos seus colaboradores. Havia que cindível. queceu, por um segundo, que havia
saber gerir essa dificuldade. Feliz- que garantir igualmente a produ-
mente, Carlos não era pessoa para Fazemos aqui um pequeno parên- tividade que o instituto esperava
desistências, fugas ou facilitismos, tesis para abordar rapidamente o da sua direção. E tudo isto apesar
por isso encarou aquela situação significado desse verdadeiro lugar- de um contexto pleno de dificul-
como mais um desafio profissional -comum: «um bom ambiente de dades, que nada tinham a ver com
a que ele, como mentor da equipa, trabalho». Não é, contrariamente a sua gestão mas que a afetavam
não voltaria a cara. Não havia lugar ao que muitos pensarão, um lugar inexoravelmente, como: volumes
para otimismos ingénuos. O proble- onde os trabalhadores se sentem de trabalho a rondar o impossível,
ma existia, era necessário lidar com como em sua casa, ou seja, com o política de remunerações desade-
ele da melhor forma possível a fim à-vontade de fazerem praticamente quada, falta de recursos materiais
de prevenir e/ou minimizar estra- o que querem, como querem, quan- e humanos, circuitos de informação
gos. do querem, etc. Nada disso. Não nos pesados e estrutura da organização
podemos esquecer da necessidade em permanente sobressalto.
Carlos precisava de Beatriz. Alberto de conciliar dois fatores fundamen-
era uma peça importante na equi- tais: a consciência profissional e Mas, como dissemos, Carlos não de-
pa. Não podia dar-se ao luxo de os ética dos trabalhadores e a neces- sistia facilmente e, sobretudo, não
perder. Assim que chegou a esta sidade de garantir a produtividade fazia de conta que os problemas
conclusão, Carlos formulou mental- necessária imposta pela organiza- não existiam. Não escondia a cabe-
mente alguns princípios para uma ção. Também este aspeto tem de ça na areia. Estava atento.
estratégia de prevenção:
1
Os conflitos de competências podem ser de dois
tipos: convergentes, se a mesma tarefa ou função
for reivindicada por ambas as partes; divergentes,
se ambos os intervenientes rejeitarem a mesma
tarefa ou função.
Durante o conflito
Ação II
A iniciativa de Carlos na prevenção não é também um fator de Beatriz – A quem é que tu está
dos conflitos, de que Alberto e Bea- escolha? Ganhava o que a chamar Maquiavel, hã? É por
triz eram putativos protagonistas, apresentasse o prazo mais causa de empatas como tu que
foi eficaz durante algum tempo. curto. isto está como está!
Semanas depois do reencontro do
casal, tudo corria com normalidade Alberto – Nã, nã, não Alberto – E é por causa de
e até parecia que afinal nem se jus- concordo! Eles esmagam pessoas como tu, egoístas, que
tificaria a preocupação inicial com os prazos para ganhar, mas há ta to sof i e to e i jusiça!
a ocorrência de qualquer problema depois não cumprem e lá
entre eles. No entanto, apesar de acabamos por voltar ao prazo Estavam imparáveis, visivelmente
o céu ser sempre azul para lá das exaltados. Era evidente que o tema
ue í ha os dei ido. Nós
nuvens, a bonança deu lugar à tem- já não era o trabalho, mas a opor-
pestade, sem qualquer pré-aviso. se p e ixá os o p azo, u a tunidade, que os dois agarravam
o pusemos a concurso. com as duas mãos, de dar voz aos
Um dia, durante uma reunião de ressentimentos mútuos. Se con-
técnicos onde Alberto e Beatriz par- Beatriz – Ora! Esta é capaz de tinuassem não tardariam a entrar
ticipavam, Carlos fazia o balanço da ser a altura certa de alterar por caminhos ainda mais pessoais,
execução do plano anual da direção: velhos hábitos. Se eles veem indiferentes ao local e à presença
que não conseguem cumprir dos colegas que, ora os olhavam,
Carlos – … e peço a vossa o prazo, põem mais pessoal a ora desviavam os olhos, surpresos e
especial atenção para esta incomodados.
trabalhar ou fazem trabalho
obra, que tem de estar pronta suplementar, sei lá…
de t o do p azo ue dei i os. Passados os primeiros instantes,
O concurso público tem de sair em que tinha sido apanhado des-
Alberto – Ah, pois claro! E lá prevenido, Carlos reagiu, imperioso
já… voltamos ao mesmo. Quem mas com calma e imparcialidade:
se lixa são os trabalhadores,
Beatriz – Ó Carlos, desculpe, obrigados a trabalhar mais Carlos – Já chega, meus
mas se o prazo é assim tão – ainda se lhes pagassem amigos! Vamos deixar esta
importante, porque é que decentemente –, ou os uestão da dei ição ou ão
desgraçados recrutados do prazo para uma conversa
à pressa que depois têm ais espe íi a, pa a a ual
acidentes de trabalho que os desde já convido o Alberto e
matam ou marcam para toda a Beatriz logo que acabarmos
a vida. Eu não concordo, já esta eu ião. Va os o i ua .
disse. Passando agora a outro
assunto…
Beatriz – Isso não interessa!
A ós o ue os i te essa ue As coisas acalmaram e a reunião
as coisas estejam prontas no prosseguiu, apenas mais alguns mi-
prazo… nutos, pois o silêncio a que Alberto
e Beatriz se haviam remetido com a
Alberto – Maquiavel não diria intervenção do diretor era simples-
melhor! mente aterrador e tinha dissipado o
tal «bom ambiente de trabalho».
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Reação II
A intervenção de Carlos cumpriu
todos os cânones da boa gestão
de conflitos. Manteve a calma, não
apoiou uma das partes e desviou a
atenção para outro assunto, certa-
mente mais pacífico, pois, caso con-
trário, nem sequer teria permitido
que a reunião prosseguisse.
Reação III
Ultrapassada a fase aguda do con-
flito, há que fechar o ciclo para que
se possa passar novamente à pre-
venção. Depois da discussão, Alber-
to e Beatriz mergulham na postura
típica desta fase: cheios de ressen-
timentos, reassumem o corte inte-
gral de relações. Epílogo
Carlos sabe disso e tenta contrariar Algum tempo depois, Carlos deixou
a atitude de ambos. Usa a superio- a direção a caminho de outros voos
ridade que decorre da sua posição, profissionais. O novo diretor era
como dirigente, claro, impondo completamente diferente. Muito
Alberto – É pá, tá bem. ordem e disciplina, indispensável mais fechado, menos afável, tinha
Da minha parte, podes estar naquele momento. É fundamental uma postura quase militar. Gostava
descansado que não volta fazer sentir aos seus colaboradores de citar Napoleão, por exemplo, e
a acontecer. que erraram, «puxar-lhes as ore- não hesitava em entrar em conflito
lhas». Mas é ainda mais importante com os seus colaboradores, a quem
Beatriz – Foi um erro ter vindo compreender, mostrar que está sin- não inspirava simpatia.
para aqui... Não sabia que ele ceramente interessado em ajudar,
cá estava. mediando. O diretor sabe também Quanto a Alberto e Beatriz, contra-
que ambos são perdedores naquele riamente ao que muitos poderiam
Carlos – Não foi erro nenhum processo. Por isso tenta minimizar pensar, depois de finda a influên-
e não interessa se ele cá está as perdas. E mostra-se disponível cia apaziguadora de Carlos nunca
ou não. O que me interessa é para o fazer, mas não naquele mo- mais se ouviram a discutir. Pelo
que vocês são bons técnicos e mento, em que os ânimos ainda contrário, eram vistos muitas vezes
até arrisco dizer que são boas estão à flor da pele. Carlos tem de em amena conversa. Mas o que os
assegurar a condução daquela con- colegas não sabiam era que essas
pessoas. O que me interessa
versa até ao fim, sem deixar que eles conversas giravam, quase sempre,
é que trabalhem como têm entrem em diálogo. Nunca largar as em torno do novo diretor, pois nesse
feito até aqui e tentem rédeas. Não era essencial pô-los de aspeto estavam de acordo, não gos-
encontrar uma plataforma acordo. O que era essencial era que tavam dele! Unidos na adversidade.
de entendimento que evite tomassem consciência do prejuízo Ou como quando duas pessoas se
estas cenas. Não estou a dizer para ambos, que ambos sairiam dali unem contra um inimigo comum.
que caiam nos braços um do vencidos, não pelo outro mas pelo
outro. Apenas estou a dizer conflito em si. Quem sabe se este novo diretor não
ue t de te u a aitude estaria a utilizar conscientemen-
p oissio al e ua to a ui Alberto e Beatriz eram inteligentes e te uma nova e radical estratégia de
reagiram bem à iniciativa de Carlos. gestão de conflitos? Uma em que
estão. Fora daqui, se quiserem
Minutos depois, o tom era mais ame- concentra em si todo o conflito como
a minha opinião sobre o no. Terá sido a imagem dos três nos forma de anular o conflito entre os
vosso problema terei muito copos que os terá desconcertado, seus colaboradores. Seria verdadei-
gosto em os convidar para um talvez. Seja como for, restabeleceu- ramente surpreendente e irónico.
copo, um destes dias, num -se a possibilidade de o casal voltar a
síio o de se possa o ve sa comunicar... numa base estritamen- Bom, pelo menos com Alberto e
tranquilamente. te profissional, obviamente! Beatriz resultou.
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COMUNICAçÃO E
TRABALHO EM EQUIPA
Por: Vitalino José Santos, jornalista, licenciado em Ciências Sociais
Fotografias: cedidas pelas empresas Dell Portugal, Penha Longa Resort e Sá Miranda & Associados
A
forma mais rápida de procurar Empresas com lideranças motivadoras
definir «motivação» é, prova-
velmente, a consulta de um Uma liderança com uma «política de portas abertas», em termos comunica-
bom dicionário, mas a mais adequada cionais, co-responsabiliza os colaboradores e dá azo às necessárias altera-
para entender o conceito será a de o ções nos métodos e processos. Valorizar os recursos humanos, esclarecendo
contextualizar no tecido empresarial, dúvidas e partilhando objetivos é, entre outros aspetos, o que se pretende
observando a aceitação dos merca- fazer na Dell Portugal, na Penha Longa Resort e na Sá Miranda & Associa-
dos e a satisfação lida nos trabalha- dos, empresas onde todos são chamados a participar na oferta de produtos e
dores. de serviços com qualidade, inovando e surpreendendo os clientes.
DELL PORTUGAL:
Como diria o filósofo espanhol Orte-
UMA COMPANHIA ga y Gasset, «liderar não é tanto uma
ONDE APETECE questão de mão pesada mas mais de
assento firme». Nessa perspetiva, a
TRABALHAR companhia de hardware de compu-
tadores originária dos EUA, sendo
A Dell é «uma das aí a mais admirada das empresas es-
empresas com maiores crutinadas pela revista Fortune (em
2005), transmite a sua razão de ser à
rácios de motivação Dell Portugal (Dell III – Comércio de
a nível mundial», Computadores), focando-se muito
no segmento empresarial e na mo-
resultantes das bilidade, áreas em que aposta for-
«modernas políticas temente, com resultados que a dis-
internas de recursos tinguem da concorrência, sobretudo
por «desenvolver produtos, proces-
humanos» sos e serviços inovadores».
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«AMBIENTE DE
COMUNICAçÃO
ABERTA» NO PENHA
LONGA
Uma maior participação dos co-
laboradores do Penha Longa Re-
sort (Ritz-Carlton) tem muito a
ver com «um tipo de liderança
baseado na confiança»
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«A criatividade de cada uma dessas Mas Valldaura insiste que o que em função das necessidades de
pessoas para mexer com as emoções mais diferencia esta empresa hote- serviço, passando pela orientação e
e os sentimentos dos nossos hóspe- leira «é mesmo a possibilidade de integração dos novos funcionários,
des fará com que as estadias sejam criar experiências únicas, memo- pelo denominado «Dia 21» (em que
diferentes das de outros hotéis, que ráveis e personalizadas aos hóspe- o elemento recém-admitido na em-
apenas inovam no produto», reforça des». «E isso depende de cada uma presa tem «a oportunidade para de-
Jaume Valldaura, responsável pela das nossas “senhoras ou senhores”, cidir se pretende ou não continuar a
área de RH desta empresa que, um sendo mais criativos», acentua, sua aprendizagem da filosofia Ritz-
ano antes, tinha sido premiada pelo especificando que o Penha Longa -Carlton», além de «rever de que
seu ambiente de trabalho e satis- Resort tem uma «missão» que, pra- modo a sua formação está a pro-
fação dos funcionários: Prémio de ticamente, coincide com o «credo» gredir») e pela etapa formativa «Dia
Excelência em Workplace 2013 (de da Companhia Ritz-Carlton: «a ge- 365», em que o novo colaborador
acordo com a Heidrick & Struggles nuína atenção aos nossos hóspedes celebra o seu primeiro aniversário
e o Diário Económico). e o seu bem-estar são o nosso maior na companhia, podendo retificar os
compromisso», avivando os senti- seus planos de carreira.
dos e realizando, sempre que possí-
Entre a «cultura de vel, «os desejos não expressos» dos Para Jaume Valldaura, a formação
serviço» e o reforço clientes. externa é indispensável na aquisi-
ção de outro tipo de competências,
do «empowerment» A formação e a progressão na car- a exemplo da vertente comunica-
reira dos seus colaboradores são ti- cional, das noções de protocolo (e
Evidenciando tratar-se de um «óti- das em conta no Penha Longa Hotel procedimentos no setor hoteleiro
mo local de trabalho multicultural & Golf Resort, cuja administração e turístico) ou de uma língua es-
que constroi a lealdade do cliente e «deseja que cada funcionário seja trangeira. «Também pretendemos
uma conexão emocional ao hotel e à o melhor e que se comprometa na fazer muita formação on-the-job»,
marca», como então (em 2013) cara- partilha do desenvolvimento da sua manifesta o diretor de RH, aludin-
terizou o gerente David Martinez, o carreira profissional». do à formação prática, em que o
Penha Longa Resort está também a trabalhador é colocado no posto
inovar na conceção do produto. «Não Por conseguinte, o plano de forma- de trabalho sob a supervisão de um
há nada, nos últimos dois anos, que ção anual da empresa tem agenda- colega mais antigo na empresa, que
não tenha mudado a nível de produ- do ações de desenvolvimento profis- lhe transmite a «cultura de serviço»
tos», confirma o diretor de RH. sional, para os seus trabalhadores e os «standards points» ou padrões
de progressão adequados àquele
clima organizacional.
A descentralização de poderes é
identificada pelo reforço do empo-
werment, que Valldaura considera
importante para «decidir e resolver
os problemas na primeira pessoa».
Ou seja, uma maior participação
dos colaboradores do Penha Longa
Resort (Ritz-Carlton) tem muito a
ver com «um tipo de liderança ba-
seado na confiança» e com a von-
tade de lhes dar mais autonomia de
decisão e responsabilidade. «Isso
faz com que as pessoas estejam
muito mais motivadas!», expressa o
diretor de RH, que não quer ali ro-
bots, mas «pessoas criativas, livres
e genuínas».
«Incentivamos uma
cultura saudável de Assim, sem prescindir da boa dispo- estabelecer os objetivos nos vários
sição e das condições que permitam departamentos para, comunicando
exigência» conjugar a vida profissional com de forma eficaz, também se poder
o contexto pessoal e familiar dos controlar, avaliar e criar entusias-
«A nossa missão é mostrar ao clien- seus colaboradores, Helena Mar- mo.
te que merecemos a sua confiança, ques considera importante a aposta
estabelecendo uma relação dura- «na evolução da aprendizagem»,
doura e sólida, baseada na lealda- de modo a que a sociedade de ad- Mão-cheia de fatores
de, na transparência e na disponi- vogados esteja sempre preparada de motivação
bilidade total», esclarece a jurista, para responder aos novos desafios
adiantando que «esta relação só e às expetativas e necessidades dos Helena Marques refere que, «além
existe com a salvaguarda dos inte- que requisitam os seus serviços. da melhoria contínua da remunera-
resses do cliente, que estão em pri- «Incentivamos uma cultura saudá- ção, existem outros fatores de moti-
meiro lugar». Além deste compro- vel de exigência, de trabalho e de vação», como sucede com a licença
misso, procurando defender os seus formação contínua, premiando o parental remunerada e com o esta-
clientes «de forma implacável e mérito e assegurando a igualdade belecimento de parcerias com in-
intransigente», o coletivo que cons- de oportunidades dos colaborado- fantários (para os filhos dos colabo-
titui a Sá Miranda & Associados res, procurando que, na sociedade, radores), a par da adoção do cartão
pretende que a sua empresa «seja cada um consiga alcançar a reali- de refeição, das comparticipações
uma referência de organização e de zação profissional e pessoal», ob- em cursos (envolvendo pós-gradua-
qualidade na advocacia nacional e serva a jurista, argumentando que ções e mestrados), da flexibilidade
internacional», numa perspetiva na gestão da empresa tem, neces- nos horários de trabalho, da possi-
«transgeracional». sariamente, de se planificar e de se bilidade de trabalhar à distância e
em rede (já que a Sá Miranda & As- «Procuramos que a Sá Miranda, na certo», conclui Helena Marques,
sociados dispõe de um sistema de qual passamos grande parte do dia, acrescentando que a sociedade de
gestão documental a que cada um seja um local onde todos gostem de advogados tem realizado um traba-
acede facilmente a todos os proces- estar. Acreditamos que ao criar uma lho de aproximação à comunidade
sos, recorrendo à Internet), da con- atmosfera de trabalho favorável em várias iniciativas, a exemplo dos
tingência de uma «política de pon- melhoramos também a prestação eventos «Legal Talks», que ocor-
tes» e da oportunidade do trabalho do nosso serviço», expõe. rem mensalmente na FNAC (nos
a tempo parcial. espaços comerciais GaiaShopping,
Segundo aquela responsável, na Santa Catarina e NorteShopping),
Recentemente mudada de Gaia para empresa fortalece-se «a partilha tratando de diversos temas alusivos
o Porto, a sociedade de advogados enquanto grupo, com respeito pela ao Direito e à sua relação prática
instalou-se num prédio tido como individualidade de cada colabo- com as múltiplas dimensões da vida
«assombrado» na cidade nortenha. rador, reconhecendo o papel es- das pessoas e das empresas. Refira-
Assim, Helena Marques apaziga- sencial de cada um e de todos no -se, igualmente, que esta sociedade
da da eventual superstição por um desenvolvimento do projeto». «A nortenha colabora com instituições
espanta-espíritos, feito e oferecido Sá Miranda & Associados foi alvo de solidariedade social, como a Pro
pelas suas colaboradoras, realça as de vários prémios internacionais e Bono Portugal (facilitando o acesso
vantagens da copa ali existente, es- pela segunda vez considerada pela à Justiça de pessoas carenciadas,
paço para descomprimir e conversar revista Exame [edição de feverei- em complemento ao apoio judiciá-
com os colegas à volta de um café, ro de 2015] uma das 100 melhores rio público), propiciando caminha-
de um chá ou mesmo de uma refei- empresas para trabalhar, tendo fi- das solidárias e contribuindo para
ção, ou ainda partilhar os sucessos cado em 27.º lugar, o que nos faz a consolidação de uma cultura de
pessoais e festejar aniversários. acreditar que estamos no caminho solidariedade e voluntariado.
A
capacidade de lide-
rança é passível de ser
desenvolvida. Investir
nas pessoas é reconhecer os
seus conhecimentos, aptidões
e competências; as preferên-
cias, hábitos e motivações.
É analisar o potencial das pes-
soas e orientá-las para o bem-
-estar pessoal e profissional
através do autoconhecimento
e motivação, ensinar a desen-
volver uma boa comunicação
interpessoal, a promover um
bom marketing pessoal, a
aumentar as capacidades em-
preendedoras e a liderar o seu
próprio percurso profissional,
criando novas oportunidades
de carreira.
• Responsável pela equipa de Recursos C. R.: O processo passa por saber partilhar os sucessos
Humanos e pela coordenação da com a equipa e a comunidade – promovendo a «copros-
equipa legal e compliance. peridade», que é um dos nossos valores mais perenes,
num processo em que é importante saber identificar e
• Desde junho de 2010, HR Manager na potenciar o talento e privilegiar a ética e a transparên-
cia. A formação contínua é algo que faz parte do código
Samsung Electrónica Portuguesa, S.A.
genético da Samsung e sempre foi encarada como um
dos pilares essenciais para que a marca tenha chegado
onde chegou, sendo hoje considerada a 7.ª Mais Valiosa
do Mundo no ranking Interbrand. As empresas são pes-
Dirigir&Formar: É difícil liderar e motivar equipas? soas. E é graças a elas que a nossa atingiu o nível de
excelência que lhe é reconhecido à escala global. Natu-
Carlos Rodrigues: É, sobretudo, um desafio aliciante, ralmente, só uma força de colaboradores perfeitamente
que nos obriga a um aperfeiçoamento permanente da identificada com os objetivos da Samsung podia ter le-
nossa capacidade de conhecer as pessoas, identificar o vado a conseguir este nível de desempenho, não só em
talento e potenciar as capacidades de cada um em favor Portugal mas, também, no mundo.
da organização. E isso, para mim, é um privilégio.
D&F: Ouvimos muito falar da importância para uma
D&F: Da sua experiência enquanto responsável pela empresa/organização da retenção de talentos. Quais
área de Recursos Humanos de uma grande empresa, as práticas que são desenvolvidas na Samsung nesse
quais as competências que considera mais importan- sentido?
tes ao nível da gestão diária de pessoas?
C. R.: A melhor estratégia de retenção de talento é a que
C. R.: Numa empresa com as caraterísticas da Samsung, está adequada aos objetivos do negócio, que são cres-
onde a ambição é a pedra-de-toque, a prioridade do lí- cer e inovar. Ou seja, conseguir que as pessoas estejam
der passa por entender, e saber transmitir à equipa, os disponíveis para responder e melhorar continuamente
objetivos de negócio. Por isso, é decisivo conhecer bem a resposta às exigências dos clientes. Paralelamente,
os fatores críticos de sucesso e trabalhá-los, de modo são decisivas as políticas de compensação assentes em
a enquadrar, em cada momento, cada indivíduo e cada objetivos da organização, da equipa e individuais. Como
talento com esses objetivos. somos todos diferentes, é importante reconhecer o
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revista Dirigir&Formar n.º 11
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P O N TO D E VI S TA | E m FOCO
desempenho de acordo com o nível de desenvolvimento Dirigir&Formar: Considera gratificante a sua expe-
de cada membro da equipa. No caso da Samsung Elec- riência profissional como consultora? Porquê?
trónica Portuguesa temos um programa de talentos as-
sente em planos de desenvolvimento de acordo com o Ana Sousa: Sem dúvida que sim. Responder aos desafios
perfil e estágio de liderança de cada pessoa. que os clientes nos colocam e ver acontecer mudanças
muito positivas e geradoras de resultados efetivos e signifi-
D&F: E para a redução da taxa de absentismo e dimi- cativos, é mesmo muito gratificante. Acredito nas pessoas,
nuição da rotatividade? no seu potencial e que, quando há compromisso, «o céu
é o limite». O meu trabalho tem contribuído para que as
C. R.: Para diminuir o absentismo e motivar as pessoas pessoas ganhem consciência de que há sempre uma solu-
é decisivo ter em prática políticas de recursos humanos ção para os seus desafios. E ganhando novas perspetivas,
que privilegiam a autonomia, a flexibilidade, o desen- a solução surge naturalmente.
volvimento profissional e o bem-estar. E ter disponíveis
ferramentas que permitam monitorizar em contínuo os
efeitos reais dessa política, corrigindo e inovando per-
manentemente.
Tenho desenvolvido formação em áreas como Comu- D&F: De que forma considera que podem desenvolver-
nicação, Gestão de Conflito, Liderança, Desenvolver -se competências de liderança e gestão de equipas?
equipas SMART (SuperaM, ágeis e que trabalham E a capacidade de influência? Como fixar objetivos,
para ResulTados), Atitude Participativa, Negociação, animar e motivar, delegar?
Planeamento e Gestão Comercial, Desenvolvimento
Estratégico para Pequenas e Médias Empresas, ativi- A. S.: Acredito que as capacidades de liderança são pas-
dades de team bonding, ou para programas de desen- síveis de serem desenvolvidas em todas as pessoas. Esta
volvimento pessoal como o «Seja o CEO de Si Próprio» liderança acontece tando a nível individual como nas
ou «BRAIN POWER», que desenvolvemos em resposta organizações.
a desafios comuns a diversas empresas.
• Especializou-se em Marketing e Vendas (contando com mais de 20 anos de experiência em Grande Consumo
e Telecomunicações), onde aprofundou a Gestão de Marcas, Produtos e Serviços, a Gestão Estratégica, a Lide-
rança, a Gestão por Objetivos de Pessoas e de Equipas.
• Assertividade, fazer acontecer, gestão de equipas complexas e resolução de conflitos, entre outras, são skills
adquiridas nas várias funções desempenhadas de Marketing Manager, Direção de Negócio e Direção Comercial.
• Mais recentemente é coach (com formação reconhecida pela ICF – International Coach Federation). Desen-
volve a sua atividade como executive coach, orientando-se pelas linhas do Coaching Ontológico, procurando
maximizar o melhor de cada Ser como um todo.
• É especialista em Total Quality Leadership, é formadora de Gestão de Crises, Marketing e Vendas. Exerce con-
sultoria de Processos, Marketing e Vendas.
D&F: Como trabalha o desenvolvimento das competên- As competências que refere são algumas das muitas
cias pessoais e profissionais? que um bom líder manifesta. Desenvolver a capacidade
de liderança é ganhar autoridade, é influenciar tendo
A. S.: Primeiro há que diagnosticar a realidade envol- em vista o bem comum, a aquisição de competências de
vente ao desafio e conceber experiências poderosas liderança pode fazer-se através de abordagens especí-
que permitam obter novas perspetivas. Frequentemente ficas, como o coaching individual ou de equipas, como
recorro às artes para desenvolver as capacidades criati- também através de programas mistos que incluem for-
vas das pessoas e ajudar a que se conheçam melhor a si mação e coaching e que recorrem a metodologias que
próprias, aos outros e às relações que estabelecem. Fa- facilitam o desenvolvimento das competências que um
cilitando a implementação imediata das aprendizagens líder precisa de ter. Deepak Chopra tem a seguinte fra-
disponibilizam-se ferramentas úteis no dia-a-dia que se: «Um líder precisa de uma visão suficientemente cla-
sustentam a mudança. ra para que possa guiar e inspirar a sua equipa. Depois
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revista Dirigir&Formar n.º 11
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P O N TO D E VI S TA | E m FOCO
VALTER LAÇO
Reconversão profissional
encontraremos níveis de empenho, motivação e criati- novas tecnologias, é urgente, pois o mercado de traba-
vidade inigualáveis por desenvolver e melhor utilizar o lho assim o exige.
valor que cada colaborador tem para dar à sua organiza-
ção. Acredito que a imaginação e criatividade humanas D&F: Optou por um curso de Automação Robótica e
não têm limite! Controlo Industrial bem diferente da sua formação ini-
cial. O que o levou a tomar essa opção?
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revista Dirigir&Formar n.º 11
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P O N TO D E VI S TA | RADAR GLOBAL
Veja em https://www.sba.gov/content/green-businesses
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revista Dirigir&Formar n.º 11
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G E S TÃ O R H . TEMAS DE GESTÃO
«A ImPORTÂNCIA DE Um
PLANO DE COmUNICAÇÃO
INTERNA – mENOS É mAIS!»
Por: João Alberto Catalão, especialista em Comunicação, Marketing, Vendas e Negociação; diretor do INV – Instituto
de Negociação e Vendas (www.inv.pt) e da SalesUP – Assessoria Comercial
Fotografias: Opticreative®
«Torno-me eficiente Quanto mais tempo passa mais con- através de palavras muito simples
victo estou de que o tempo, a ges- e objetivas, consciencializar e
a comunicar quando tão eficaz do mesmo e a comunica- mobilizá-lo para a importância de
elimino as palavras ção são as dimensões mais críticas conceber e implementar um Plano
para o sucesso do desempenho de de Comunicação Interna capaz de
inúteis dando espaço qualquer organização. Irremedia- envolver e mobilizar toda a organi-
e voz às palavras que velmente, para o bom e para o mau,
pertencemos todos à sociedade dos
zação.
são úteis.» sem tempo. Esta não é uma ideia minha, mas
sim o resultado de muitos e variados
João Alberto Catalão
O grande desafio que me propus estudos realizados por esse mundo
neste artigo foi o de conseguir, fora: a qualidade da comunicação
interna é fundamental para o su- • aumenta a performance; • Quais são os nossos valores,
cesso da empresa. As organizações missão e standards de atuação?
• estimula a inovação;
são, acima de tudo, compostas por • Como estamos organizados?
pessoas que interagem entre si. • contribui para a retenção de
A qualidade dessas interações deter- talentos; • Qual é a nossa cultura organiza-
mina a qualidade das ações e estas cional?
• focaliza;
são diretamente responsáveis pela • Que ferramentas comunicacio-
qualidade dos resultados. • valoriza o capital humano.
nais já temos à nossa disposição?
Em conclusão, a comunicação efi-
Em primeiro lugar, um Plano de ciente é uma decisão inteligente, • Como avalio os nossos fluxos de
Comunicação Interna tem que ser constituída por um processo intera- comunicação interna?
concebido num paradigma de 360°. tivo e contínuo de desenvolvimento • Quais são as metas e objetivos da
Quer isto dizer que todos na orga- transversal. organização?
nização têm que estar mobilizados
para se assumirem como protago- Como espero que já esteja cons- • Como definimos a nossa «au-
nistas na sua implementação. ciencializado, um Plano de Co- diência»?
municação Interna não se limita à • Que estratégias e táticas pode-
A Internet está cheia de teoria e criação de uma newsletter interna mos desenvolver para melhorar
de matrizes sobre processos de co- ou a outras peças soltas, mas algo os nossos fluxos de comunica-
municação interna. Existem muitas muito mais importante, integrado e ção?
consultoras capazes de o ajudarem refinado.
a desenvolver muitos processos de Após estas reflexões, sugiro-lhe
comunicação interna mas, acredite, O Plano de Comunicação Interna que faça um «Assessment Comuni-
a semente para um Plano de Comu- eficiente tem um foco fundamental: cacional» à sua organização. O que
nicação Interna eficaz está na mão co-criação! é que isso significa? Significa per-
de todos, e em particular do líder da guntar a todas as pessoas:
organização. A «voz core» desse plano para pôr
• como avaliam os fluxos de
esta questão fundamental: que va-
comunicação interna;
Um Plano de Comunicação Interna lores são transversais e estão sem-
passa, acima de tudo, pela eficácia pre presentes? • que sugestões têm para os fazer
dos fluxos de comunicação. A bidi- evoluir.
recionalidade é fundamental! Isto é, Depois de definida a «voz core» e
qualquer comunicação interna só é antes de qualquer outro passo, é Com este termómetro consegue de-
eficaz se houver feedback. Isto não preciso ter presente duas ideias: terminar não só o que se está a pas-
quer dizer que o recetor tenha que sar, como também o que pode fazer.
responder, mas sim garantir que a 1. tudo tem que ter uma lógica Mas não tenha ilusões de que as pes-
mensagem foi escutada, percebida (O quê? e o para quê?) soas lhe vão dizer tudo o que acham
e interiorizada. já que é natural que considerem que
2. e só depois identificar os meios qualquer ruído de comunicação é
Vantagens para si de uma comuni- (como? Quando? Quem? etc.) sempre culpa de outros. Com uma
cação eficiente: agravante: neste mundo tão acele-
Um Plano de Comunicação Inter- rado tecnologicamente, a qualidade
• evita distorções, mal-entendidos
na eficiente deve estar sustentado das interações humanas nunca foi
e tudo o que daí advém;
por uma cultura organizacional de tão importante. Por isso, ter a ca-
• melhora o ambiente de trabalho; atmosfera positiva baseada em va- pacidade de integrar a tecnologia
lores, missão e processos. Por isso, como ferramenta integradora, e não
• reforça sentido de pertença;
recomendamos que faça a seguinte como substituta da comunicação in-
• promove o espírito de equipa; reflexão: terpessoal, torna-se indispensável.
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G E S TÃ O R H . TEMAS DE GESTÃO
5 ETAPAS DE UM PLANO
DE COMUNICAÇÃO
INTERNA (PCI):
1. PROPÓSITO
2. FOCO
3. OBJETIVIDADE 2. FOCO: Imagem corporativa coerente
4. MEIOS e consistente, de acordo
O seu foco deve ser nas consequên- com o Manual de Identidade
5. OPERACIONALIzAçÃO
cias positivas que a comunicação Corporativa (caso exista).
terá em todos os níveis da organi- Mensagens apelativas (vale mais
zação. Se não tem consequências uma mensagem forte do que
1. PROPÓSITO: positivas para a organização: tole- muitas fracas).
rância zero. Deve ser considerado Despertar curiosidade e
Defendo que a sustentabilidade das ruído! interesse.
empresas passa pela humanização
Inclusiva (sempre que possível
de todo e qualquer processo. Como 3. OBJETIVIDADE: envolver as pessoas através de
tal, o propósito do PCI deve ser de
fotografias, frases ou textos
humanização comunicacional e não É aqui que entra a técnica dos 3 C:
da autoria de pessoas da
de formatação de interações. Isso curto, claro e conciso!
organização, etc.).
significa que o PCI deve respeitar
as assimetrias culturais, académi- 4. MEIOS: Ter uma dimensão emocional e
cas, etc. Num PCI, menos é mais! lúdica.
Descomplique para que todos pos- Qualquer meio que utilize para di- Privilegie a simplicidade dos meios.
sam entender. Não é na forma como fundir a comunicação interna, como Sempre que puder, opte por solu-
comunica que revela o seu estatu- por exemplo newsletter, intranet, ções mais simples em detrimento
to, mas sim na capacidade que terá mensagens nos espaços comuns, e- de soluções mais complexas. Torna-
de fazer entender a mensagem por -mails, reuniões, etc., deverão inte- -se mais rápido, mais barato e mais
toda a organização. grar as seguintes dimensões: eficaz. Lembre-se que menos é mais!
«As palavras
são os desenhos
dos nossos
pensamentos.»
John Dryden
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revista Dirigir&Formar n.º 11
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G E S TÃ O R H . TEMAS DE FORMAÇÃO
APRENDIzAGEM
AO LONGO DA
VIDA: CONCEITO
E POLíTICAS
Por: Etelberto Costa, vice-presidente APG e da EUCIS-LLL
Fotografias: cedidas pelo autor
A
s definições sobre educação ao longo da vida
variam de acordo com as perspetivas e priori-
dades dos formuladores de políticas num dado
momento. A Comissão Europeia definiu aprendizagem
ao longo da vida como «uma atividade de aprendizagem
ao longo da vida, com o objetivo de melhorar os conhe-
cimentos, habilidades e competências numa perspetiva
pessoal, cívica, social e/ou profissional».
A definição literal da aprendizagem ao longo da vida educação e formação. Em Learning: The Treasure Wi-
é simplesmente «toda a aprendizagem que as pessoas thin (1996) a aprendizagem ao longo da vida é entendi-
adquirem ao longo de toda a sua vida que se adquire em da como «um contínuo de aprendizagem, que se expan-
contextos formais, não formais ou informais». Portanto, diu para o conjunto da sociedade, aberta no tempo e no
a aprendizagem é uma tarefa contínua da sociedade e do espaço, e que se torna uma dimensão da própria vida».
indivíduo, que se estende a todas as áreas da vida, «do
berço ao túmulo». Este conceito surgiu nos documen- Esta abordagem tem influenciado a União Europeia. «O
tos de política da União Europeia nos anos 90. No en- objetivo da ALV é o de proporcionar às pessoas de todas
tanto, não é novo na literatura internacional (UNESCO, as idades um acesso equitativo e aberto às experiências
OCDE, Conselho da Europa). De particular importância, de aprendizagem de alta qualidade em toda a Europa»
as duas publicações da UNESCO, Learning to Be (1972) (Eurostat, 2009a).
e Learning: The Treasure Within (1996, 2013), foram
fontes importantes para os formuladores de políticas No entanto, nos últimos anos o foco da UE para a ALV
de educação e profissionais de nível internacional. Têm passou a enfatizar a empregabilidade, o desenvolvi-
sido influentes na promoção de uma visão integrada e mento (profissional) e habilidades (superiores) para a
humanística da educação enquadrada pelo paradigma mobilidade no trabalho. Esta perspetiva é claramente
da aprendizagem ao longo da vida e pelos quatro pilares articulada nas conclusões do Conselho Europeu sobre o
da aprender a ser, a conhecer, a fazer e viver juntos. papel da educação e da formação na implementação da
estratégia «Europa 2020»1 (2011 / C 70/01), que foram
O paradigma da aprendizagem ao longo da vida, inicial- publicadas em março de 2011. Ao considerar uma das
mente introduzido em Learning to Be (1972), está rela-
cionado com o princípio da igualdade de oportunidades 1
The current growth strategy of the EU, «Europe 2020 strategy», sets two main
flagship initiatives for education, training and youth: «The Agenda for New
na perspetiva da democratização das oportunidades de Skills and Jobs» and «Youth on the Move».
Ao repensar a educação hoje é necessária uma nova Um dos principais desafios para a UE no próximo perío-
reavaliação dessa visão, tomando em conta as condi- do6 é enfrentar o descompasso entre os níveis de quali-
ções contemporâneas. ficações e as necessidades dos postos de trabalho e da
sua criação com abertura de percursos de aprendizagem
4
Formação ou aprendizagem: mudança de paradigma (SOUSA, M. J. e COSTA,
2
Agenda para «new skills for new jobs» no original. E., 2014) http://www.amazon.com/Forma%C3%A7%C3%A3o-aprendizagem-
3
A iniciativa Repensar a Educação foi lançada em 2012 com o objetivo de Mudan%C3%A7a-paradigma-Portuguese/dp/3639742141
incentivar a reforma dos sistemas educativos na UE, para satisfazer a procura 5
Em Portugal e para quem nos lê, mesmo sendo um especialista, isto é uma
crescente de competências mais elevadas e reduzir o desemprego. (http:// miragem...
ec.europa.eu/digital-agenda/en/node/67583) 6
E particularmente para Portugal que não deixa os lugares mais baixos entre
os seus pares.
flexíveis. As organizações educativas e formativas são O progresso na ALV tem sido feito num número de áreas-
incentivadas a reformarem-se a fim de adaptarem a sua -chave. Por exemplo, estratégias explícitas de aprendi-
oferta de aprendizagem. zagem ao longo da vida foram desenvolvidas por um
grande número de países da UE. A maioria incorporou
Tem havido um interesse crescente na aprendizagem ao uma visão abrangente da ALV, abrangendo todos os
longo da vida a nível da União Europeia desde o início de tipos e níveis de educação e formação. Além disso, os
1990. À aprendizagem ao longo da vida é dado um papel quadros de qualificações nacionais ligados ao Quadro
central na educação e políticas de formação e emprego.7 Europeu de Qualificações estão a ser desenvolvidos na
maioria dos países, no horizonte de 2018. Embora em
É um facto que as políticas de educação e formação da ritmo mais lento, os sistemas de validação das aprendi-
UE ganharam impulso desde a adoção da Estratégia de zagens não formal e informal também são visíveis. Neste
Lisboa em 2000, a estratégia global da UE centrada no aspeto Portugal continua a ser uma referência europeia.
crescimento e no emprego. O tópico foi utilizado para
um programa de financiamento integrado no domínio É evidente que as principais lacunas que persistem con-
da aprendizagem ao longo da vida, em 2007, o Progra- sistem em garantir que as políticas atuais da UE são de-
ma de Aprendizagem ao Longo da Vida (hoje Erasmus senvolvidas e implementadas a nível nacional. A imple-
mais). A ALV é, portanto, amplamente apoiada e promo- mentação da ALV continua a ser desigual e está ausente
vida através de programas de financiamento da UE, no um forte compromisso político na maioria dos países.
âmbito do Método Aberto de Coordenação8 ou adoção Isto é particularmente verdade nestes tempos de crise
de documentos e instrumentos de política. económica nas restrições orçamentais de assumir o in-
vestimento de longo prazo necessário em capital huma-
Assim se chega aos objetivos estratégicos de longo pra- no. Isto pode explicar a mudança para uma abordagem
zo das políticas de educação e formação da UE e que mais utilitária ou económica (nova comissão Juncker)
são: contra uma holística que envolva os objetivos sociais e
Tornar a aprendizagem ao longo da vida e a culturais.
mobilidade uma realidade.
A ALV representa uma mudança radical a partir de nor-
Melhorar a qualidade e eficiência da educação e mas e padrões de aprendizagem existentes, quando
formação. comparada com a educação front-end tradicional. Atin-
Promover a igualdade, a coesão social e a cidadania gir benchmarks UE exige medidas eficazes para imple-
ativa. mentar a aprendizagem ao longo da vida. Precisamos de
passar da teoria à prática!
Incentivar a criatividade e a inovação, incluindo o
empreendedorismo, em todos os níveis de educação Se a aprendizagem pode ser entendida como parte de
e formação. um processo ao longo da vida e de toda a vida natural, a
7
O artigo 165.o do Tratado de Lisboa estabelece «The Union shall contribute to sua tradução para a política manteve-se mais problemá-
the development of quality education by encouraging cooperation between tica nas sociedades, se não menos importante por causa
Member States and, if necessary, by supporting and supplementing their
action, while fully respecting the responsibility of the Member States for da mobilização de recursos que implica.
the content of teaching and the organisation of education systems and their
cultural and linguistic diversity».
8
Reducing school drop-out rates below 10% and at least 40% of 30-34–year-
olds completing third level education.
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revista Dirigir&Formar n.º 11
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G E S TÃ O R H . TEMAS DE FORMAÇÃO
Estão os sistemas de Estes sistemas continuam focados principalmente nos curricula, construídos com base em princípios
1 educação e formação
orientados para
caminhos flexíveis de
que estão longe das competências exigidas, desconsiderando-se assim as aprendizagens adquiridas em
contextos não formais e informais.
Continuam a privilegiar-se sistemas clássicos e académicos no que diz respeito à avaliação; até mesmo
aprendizagem? nos processos mais flexíveis, como no caso dos RVCC, a certificação de competências é garantida por
uma prova escrita, oral ou prática diante de um júri.
Para onde caminhamos O formador também é um aprendente, por isso não nos devemos focar exclusivamente no binómio for-
2 afinal? Aprendizagem
centrada no formador
ou no aprendente?
mador/formando, mas sim no conteúdo – compreender o que levou à sua necessidade e em que partes
dele nos devemos focar. Sempre, afinal, perspetivando o objetivo último de chegar ao aprendente e à
razão última que está na origem da necessidade da aprendizagem.
As parcerias/redes As parcerias/redes permitem conhecer outras culturas educacionais e formativas, e sobretudo aprender
O que pode/deve ser 1. Portugal deve reconhecer que uma grande faixa da sua população ativa apresenta ainda competên-
4 recomendado em
termos de políticas
para o desenvolvimento
cias de nível muito baixo, pelo que deve prosseguir com os programas de desenvolvimento das aprendi-
zagens não formais e informais.
2. Desejável encontrar soluções mixed (entre aprendizagem formal, não formal e informal) para as pes-
da ALV? soas com idade acima dos 40 anos, que correspondem a uma grande percentagem da população desem-
pregada com qualificações desajustadas às necessidades do mercado de emprego.
Aqui chegados, e não havendo obrigação nem recursos A nível europeu, o produto final, apresentado no LLL-
financeiros, passa a funcionar a vontade e determina- -Àgora, vai ser apresentado aos decisores políticos da
ção dos parceiros nacionais. Existe um calendário para Comissão Europeia e deverão ser feitas sensibilizações
a realização de mais quatro edições em diferentes pon- para esta necessidade de pensar melhor numa estra-
tos do país, colhendo apoios e cooperação nos parcei- tégia comum para toda a União Europeia sobre a ALV.
ros mas também em entidades e pessoas que queiram O projeto LLL-HUB propõe, mas a iniciativa e motivação
apropriar-se deste reconhecimento e trabalho. Desses finais cabem aos responsáveis na Comissão Europeia e
quatro fóruns agendados (Porto, Lisboa, Évora), um de- aos Estados-membros.
les decorre em parceria com o CNQF do IEFP e decorre
no Citeforma. A EUCIS LLL, como plataforma única a nível europeu
que tem audiência com o diretor-geral da Agência Euro-
Estes resultados, lembramos, convergem para uma Con- peia (dgeac) e agrega 36 redes europeias neste domínio,
ferência Europeia em Bruxelas (a Àgora) a realizar em está em boas condições de ser consequente na explora-
março de 2016, onde se vão juntar todos os especialis- ção das conclusões e recomendações e existe uma boa
tas dos dez parceiros com decisores e altos funcionários expetativa dos responsáveis europeus.
da DG EAC – Directorate-General for Education and Cul-
ture e da DG for Employment, Social Affairs & Inclusion A ambição do projeto e dos parceiros é contribuir para
e representantes das plataformas e stakeholders mem- uma visão europeia sobre a ALV que seja alicerce para
bros da EUCIS LLL. garantir o seu futuro e assegurar valor na competição e
valorização dos seus povos.
O Fórum LLL de Setúbal foi integrado na 19.ª Confe-
rência de Formadores da APG que decorreu sob o Lema Estamos em condições de acrescentar um passo e assim
«Aprendizagem ao Longo da Vida: Aprender ou For- possamos colher vontades junto dos nossos agentes do
mar?» Além dos participantes (cerca de 150) teve uma conhecimento e da cultura.
presença europeia, a diretora executiva da plataforma
EUCIS LLL, autoridades nacionais e um debate conse-
quente e estruturado em tópicos concretos, a prestigiar REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
o conhecimento feito em Portugal e a contribuir para COMISSÃO EUROPEIA, Communication on Rethinking Education. http://
as políticas públicas na educação/formação/aprendiza- ec.europa.eu/digital-agenda/en/node/67583.
LIDERAR, MOTIVAR
E COMUNICAR COM Videochamadas e chamadas
partilha de ficheiros.
Seja para comunicar a nível pes- O Skype é um sistema que lhe per- O Skype é muito flexível, possuindo
soal, seja a nível empresarial, o Sky- mite ligar, ver, enviar mensagens ainda outras potencialidades, a ní-
pe, um serviço de webconferência, e partilhar conteúdos com outras vel de mensagens e vídeo, como o
poderá ser para si uma ótima opção, pessoas, onde quer que estejam. número Skype, reencaminhamento
seja para liderar grupos, aumentar de chamadas, ID de chamadas, Sky-
a motivação dos colaboradores de Algumas das funcionalidades do pe to Go, mensagens de voz, Group-
uma empresa ou instituição. O Sky- Skype são gratuitas e outras terão Me, envio de ficheiros, partilha do
pe funciona em vários dispositivos, de ser pagas. Por exemplo, são gra- ecrã em grupo, envio de contactos,
como computador, telemóvel, ta- tuitas: associação Skype Facebook, Skype
blet, TV e mesmo como telefone fixo A sua conta Skype e os últimos Manager, Skype Connect, Skype
de casa! descarregamentos. para Outlook.
Para começar a usar o Skype, terá Depois de instalar o programa, terá Após entrar na sua conta terá aces-
de possuir uma webcam, para que acesso ao ícone no seu ambiente de so ao ambiente de trabalho do Sky-
as pessoas o vejam, uma ligação trabalho: pe, com várias barras de comandos
à Internet, um computador ou um e a sua identificação. Se entrar com
dispositivo móvel, um microfone e um Nome Skype, o nome que inse-
colunas ou dispositivo com auscul- riu no seu perfil será apresentado
tadores com microfone incorpora- aí. Se estiver ligado com a sua conta
do. Se usar um computador portátil, da Microsoft, o endereço de e-mail
em princípio este já terá webcam e dessa conta será exibido.
microfone incorporados.
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revista Dirigir&Formar n.º 11
G
G E S TÃ O R H . TEMAS DE FORMAÇÃO
Do lado direito do ecrã possui três Os ícones abaixo podem ser usados
botões que pode usar: Videochama- para acionar a webcam e o som, res-
da, Ligar, Adicionar pessoas. petivamente.
CONFIGURAÇÕES
Existem imensas hipóteses de con- Definir estado
figurar o seu Skype.
Com o comando Skype/Estado onli-
Personalizar o perfil ne pode definir o seu estado atual,
para ser visto por outros utilizado-
Para alterar os dados do seu perfil res:
use o comando Ver/Perfil.
CONCLUSÃO
O Skype tem sido usado ao longo do seu aparecimento A ideia é permitir maior flexibilidade, eficácia e eficiên-
em imensas aplicações, como reuniões de negócios, for- cia na comunicação entre alunos e professores para es-
mação, intercâmbio cultural, comunicações pessoais, clarecer dúvidas, analisar ou corrigir um trabalho dire-
etc. O limite tem sido mesmo a imaginação! tamente no computador, demonstrar o funcionamento
de algum comando de determinado software, etc. Todas
Caso prático as possibilidades permitidas pelo Skype podem ser aqui
utilizadas, acreditando que este projeto será um ótimo
Um exemplo disto é o recente projeto-piloto que lancei complemento às sessões presenciais de apoio entre alu-
para apoio às Provas de Aptidão Profissional e da For- nos e professores realizadas na escola.
mação em Contexto de Trabalho, do Curso Profissional
Técnico de Multimédia, no Agrupamento de Escolas Seja para trabalhar, seja para diversão, o Skype é, de
Soares Basto (Oliveira de Azeméis), intitulado «SB De- facto, uma ótima opção. Experimente!
sign Multimédia | Skype».
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revista Dirigir&Formar n.º 11
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PÁ G I NA IN S T IT U C IO N A L
A
política de emprego tem um papel fundamental
EmPREGO
Geográfica, incentivando a redistribuição geográfica e
profissional da mão-de-obra.
PROGRAMA
INVESTE JOVEM
Trata-se de um programa destinado a promover a cria-
ção de empresas por jovens desempregados, através das
seguintes modalidades de apoio:
• Apoio financeiro ao investimento.
• Apoio financeiro à criação do próprio emprego dos
promotores.
• Apoio técnico na área do empreendedorismo para re-
forço de competências e para a estruturação e conso-
lidação do projeto.
Os projetos de criação de empresas devem respeitar, no- (iii) Os projetos devem manter a atividade da empresa e, ne-
cessariamente, assegurar a criação do respetivo posto de tra-
meadamente, os seguintes requisitos: balho a tempo inteiro dos destinatários promotores, durante
• apresentar um investimento entre 2,5 e 100 x IAS; um período nunca inferior a 3 anos.
• apresentar viabilidade técnico-financeira; (iv) Podem participar no capital social outras pessoas desde
que 51% do capital social seja detido pelos destinatários pro-
• não incluir, no investimento a realizar, a compra de ca- motores.
pital social de empresa existente.
Apoios disponíveis:
Apoios ao investimento
• Apoio financeiro até 75% do investimento total elegível.
• Este apoio só pode financiar o fundo de maneio indexado ao projeto até 50% do investimento elegível, no limite de
5 x IAS.
• Os promotores devem assegurar, pelo menos, 10% do investimento total elegível em capitais próprios.
• O apoio financeiro é atribuído sob a forma de empréstimos sem juros, amortizável no prazo de 54 meses, nas se-
guintes condições:
> 10 x IAS e ≤ 50 x IAS • Período de diferimento de 12 meses, a contar da data da contratualização do apoio
• Reembolso nos 36 meses imediatamente subsequentes ao término do período de diferimento
• Período de diferimento de 12 meses, a contar da data da contratualização do apoio
> 50 x IAS e < 100 x IAS • Reembolso nos 48 meses imediatamente subsequentes ao término do período de diferimento
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PÁ G I NA IN S T IT U C IO N A L
Apoio à celebração de contrato de trabalho a termo certo: • 20% do apoio atribuído no caso de celebração de con-
tratos de trabalho a termo;
• 80% do Indexante dos Apoios Sociais (IAS*) multipli-
cado por metade do número inteiro de meses de dura- • 30% do apoio atribuído no caso de celebração de con-
ção do contrato de trabalho a termo certo, não poden- tratos de trabalho sem termo ou de conversão de con-
do ultrapassar o valor de 80% do IAS x 6; trato de trabalho a termo em contrato de trabalho sem
• 100% o valor do IAS multiplicado por metade do nú- termo.
mero inteiro de meses de duração do contrato, até ao
Os apoios da medida Estímulo Emprego são cumuláveis
limite de 6 x IAS, no caso de contratação de desempre-
com os da medida de Apoio à Mobilidade Geográfica no
gado que se encontre numa das seguintes situações:
Mercado de Trabalho.
› Inscrito há pelo menos 12 meses consecutivos.
› Com idade inferior a 30 anos. Quando se trate de apoios à contratação de jovens (até
› Com idade igual ou superior a 45 anos. 30 anos) à procura do 1.º emprego ou de desemprega-
› Beneficiário de prestações de desemprego. dos de longa duração (no âmbito na medida Estímulo
Emprego) estes podem ser cumuláveis com a dispensa
› Que integre família monoparental. temporária do pagamento de contribuições para a Se-
› Cujo cônjuge ou pessoa com quem viva em união gurança Social, na parte relativa à entidade empregado-
de facto se encontre igualmente em situação de ra, regulada pelo Decreto-Lei n.º 89/95, de 6 de maio, da
desemprego e inscrito no IEFP. responsabilidade da Segurança Social.
› Vítima de violência doméstica.
› Com deficiência e incapacidade.
Formação Profissional
› Ex-recluso e aquele que cumpra ou tenha cumprido
penas ou medidas judiciais não privativas de liber- A entidade empregadora tem a obrigatoriedade de pro-
dade e esteja em condições de se inserir na vida porcionar formação profissional ajustada às competên-
ativa. cias requeridas pelo posto de trabalho, numa das se-
› Toxicodependente em processo de recuperação. guintes modalidades:
› Beneficiário do Rendimento Social de Inserção. • Formação em contexto de trabalho, pelo período de
duração do apoio, mediante acompanhamento de um
Apoio à celebração de contrato de trabalho sem termo: tutor designado pelo empregador.
› 110% do IAS x 12, no caso de contratos de trabalho
• Formação, em entidade formadora certificada, com
sem termo.
uma carga horária mínima de 50 horas, e realizada,
Apoio à conversão de contrato de trabalho a termo cer- preferencialmente, durante o período normal de tra-
to em contrato de trabalho sem termo: balho.
› No valor de idêntica percentagem do IAS aprovada
inicialmente x 6. Condições de atribuição dos apoios
Constituem condições de atribuição do apoio:
Nota: No caso de celebração de contrato de trabalho a
tempo parcial, o apoio é reduzido proporcionalmente,
• Celebração de contrato de trabalho sem termo ou a
tendo por base um período normal de trabalho de 40 termo certo, por prazo igual ou superior a 6 meses.
horas semanais. • Criação líquida de emprego.
• Manutenção do nível de emprego atingido por via do
*Valor do IAS: € 419,22 apoio.
Ao abrigo da medida Promoção de Igualdade de Género • Garantia de formação profissional aos trabalhadores
no Mercado de Trabalho (Portaria n.º 84/2015, de 20 de contratados, durante o período de duração do apoio.
março), quando se trate de contratação de desemprega- • Remuneração tem de respeitar o previsto em termos
dos de sexo sub-representado em determinada profis- de Retribuição Mínima Mensal Garantida e, quando
são (profissão em que não se verifique uma representa- aplicável, no respetivo instrumento de regulamenta-
tividade de 33,3% em relação a um dos sexos), os apoios ção coletiva de trabalho.
são majorados nos seguintes termos:
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revista Dirigir&Formar n.º 11
I
PÁ G I NA IN S T IT U C IO N A L
Condições de candidatura
TRABALHO
de Empresas ou processo no Sistema de Recuperação
de Empresas por via Extrajudicial).
• Não ter sido condenada em processo-crime ou con-
traordenacional por violação, praticada com dolo ou Esta medida pretende contribuir para o ajustamento
negligência, de legislação de trabalho sobre discrimi- quantitativo e qualitativo entre a oferta e a procura de
nação no trabalho e emprego. emprego, no sentido de reduzir as assimetrias regionais
do emprego e qualificação dos trabalhadores, e facilitar
a mobilidade profissional e geográfica dos trabalhadores.
Nota: A observância dos requisitos é exigida no
momento da apresentação da candidatura e du- Reconhecendo-se quer uma tendência para o aumento
rante o período de duração do apoio financeiro. do âmbito espacial das mobilidades, quer a persistên-
cia de desajustamentos territoriais entre a oferta e a
As candidaturas são efetuadas no portal NetEmprego procura, entendeu o Governo criar uma nova medida de
através do registo da oferta de emprego relativa aos pos- apoio à mobilidade geográfica no mercado de trabalho,
tos de trabalho a preencher, devendo a entidade indicar visando melhorar a dinâmica de satisfação das ofertas
a intenção de beneficiar do apoio no âmbito da medida de emprego e a redistribuição geográfica e profissional
Estímulo Emprego. A entidade pode indicar o desempre- da mão-de-obra.
gado que pretende contratar.
Esta medida, criada pela Portaria n.º 85/2015, de 20 de
Enquadramento Legislativo e Normativo março, dirigida aos desempregados inscritos nos ser-
• Portaria n.º 149-A/2014, de 24 de julho viços de emprego há pelo menos três meses, traduz-se
• Regulamento Específico na concessão de apoios financeiros aos desempregados
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revista Dirigir&Formar n.º 11
E
EURO PA E M NOT Í C IA S
EUROFLASH
Por: Nuno Gama de Oliveira Pinto – Consultor, investigador sénior (TE-DG COMM/UE – CEI/ISCTE-IUL)
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revista Dirigir&Formar n.º 11
D
DIVULGA Ç Ã O | N OVO I NS TRUMENTO PARA AS PME AP OIA LIDERAN ÇA EM TECN OLOGIAS IN DUSTRIAIS
A
Comissão Europeia prevê que pelo me- Nova modalidade de financiamento
nos 20%, ou cerca de 9 mil milhões de para as PME portuguesas
euros, do orçamento disponível para os
pilares «Liderança em Tecnologias In- As pequenas e médias empresas (PME) portuguesas
dustriais» e «Desafios Societais», do Programa- poderão, a partir de agora, aceder a uma nova linha de
-Quadro Horizonte 2020, venha a beneficiar dire- crédito, no valor global de 200 milhões de euros, disponi-
bilizada pelo «InnovFin Garantia para as PME». O acordo
tamente as pequenas e médias empresas (PME),
foi assinado pelo Fundo Europeu de Investimento (FEI) e
sob a forma de subvenções, através, nomeada- pelo Banco Português de Investimento (BPI) e destina-se
mente, da intervenção do novo «Instrumento para a apoiar financeiramente projetos inovadores.
as PME».
O «InnovFin Garantia para as PME» é um dos vários
Dispondo de um orçamento de 3 mil milhões de euros instrumentos financeiros lançados pela União Euro-
ao longo de sete anos, este novo instrumento de apoio peia (UE) e pelo Grupo Banco Europeu de Investimento
pretende ajudar as empresas mais inovadoras, e com para apoiar a inovação no âmbito do Horizonte 2020, o
elevado potencial de crescimento, a levarem as ideias Programa-Quadro de Investigação e Inovação da UE. «A
do laboratório para o mercado. Poderá conceder sub- inovação é a peça-chave do crescimento e da criação de
venções para estudos de viabilidade de inovação empre- emprego na Europa e o programa Horizonte 2020 o seu
sarial (fase 1) e projetos de demonstração (fase 2). Os principal instrumento. Ao facilitar o acesso das PME a
conceitos maduros, do ponto de vista do financiamento, financiamento para investigação e inovação estamos a
poderão, além disso, beneficiar de consultoria em ma- investir no crescimento da economia portuguesa e da
téria de desenvolvimento empresarial e outros serviços União Europeia», referiu o comissário europeu da Inves-
de apoio (fase 3). tigação, Ciência e Inovação, Carlos Moedas.
Paralelamente, através do «Processo Acelerado para a O «InnovFin Garantia para as PME» faz parte do «Innov-
Inovação» a Comissão Europeia poderá também apoiar Fin – Financiamento da UE para Inovadores», a nova ge-
o desenvolvimento de conceitos inovadores maduros ração de instrumentos financeiros da União Europeia, e
que tenham sido testados em condições operacionais. de serviços de aconselhamento, desenvolvida no âmbi-
As atividades que poderão beneficiar destes apoios in- to do Programa-Quadro Horizonte 2020 para facilitar o
cluem sistemas de validação em condições de trabalho acesso ao financiamento por parte de empresas inova-
reais, ensaios, programas-piloto, validação de modelos doras. Com este objetivo, pretende apoiar investimentos
empresariais, bem como o estabelecimento de normas nos domínios da investigação e da inovação na Europa,
e a investigação pré-normativa. que poderão atingir 48 mil milhões de euros.
P
ortugal vai receber mais de 2 mil milhões de eu- promoção da inclusão social e para a luta contra a po-
ros para apoiar diversas iniciativas destinadas breza e a discriminação.
a promover a inclusão social, a redução da po-
breza e a criação de mais e melhores postos de Como foi referido em edições anteriores da revista
trabalho. Dirigir&Formar, a Comissão Europeia e Portugal assina-
ram um acordo de parceria que estabelece a estratégia
As prioridades e os objetivos definidos no programa para otimizar a utilização dos Fundos Europeus Estrutu-
operacional «Inclusão Social e Emprego», que será rais e de Investimento até 2020.
apoiado pelo Fundo Social Europeu e pela Iniciativa
para o Emprego dos Jovens, já foram aprovados pela Co- Os objetivos do «Acordo de Parceria 2014-2020» en-
missão Europeia. contram-se distribuídos por dez programas operacio-
nais, repartidos em prioridades de investimento e ações
O programa terá uma dotação global no valor de 2,478 concretas, o que irá permitir a seleção, a execução, o
mil milhões de euros, dos quais 2,130 mil milhões serão acompanhamento e a avaliação dos projetos individuais
provenientes do orçamento da União Europeia. Metade de acordo com as prioridades e os alvos estabelecidos
da verba total aplicada no programa será dirigida para a naquele documento.
A Iniciativa para o Emprego dos Jovens será objeto de atenção especial para aumentar a visibilidade e garantir
uma maior focalização e resiliência nos esforços destinados aos jovens à procura de emprego.
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revista Dirigir&Formar n.º 11
D
DIVULGA Ç Ã O | L I V RO S
LIVROS A LER
PAPA FRANCISCO – AS LIçõES DE LIDERANçA
As experiências de vida, a ação, as virtudes e os «pecados» do papa Francisco são
fontes de aprendizagem para quem pretende desenvolver-se como líder na vida em-
presarial ou noutros tipos de organizações. Este livro explica porquê e discute dezoito
importantes lições de liderança, entre as quais as seguintes:
• O poder importa (tanto quanto o modo como é usado) e deve «casar» com
humildade.
• Ser amável não implica ser piegas.
• Os atos e os gestos simbólicos comunicam mais do que as palavras.
• O contexto atrai os líderes – e também os «faz».
• Os liderados devem ser tratados como adultos.
Ficha Técnica • O humor e a alegria são coisas muito sérias.
Título:
• A liderança é uma maratona.
Papa Francisco • «O poder autêntico é serviço».
As Lições de Liderança
Autor: Arménio Rego e Miguel Pina
e Cunha O livro interessa a crentes, ateus ou agnósticos interessados em aprofundar a com-
Editor: Edições Sílabo, Lda.
preensão dos fenómenos da liderança e o potencial da mesma para a construção de
N.º de páginas: 164
um mundo mais sustentável.
À venda nas livrarias
Este livro guia o leitor através das capacidades de apresentação básicas, desde o pla-
Ficha Técnica
neamento inicial passando pela estruturação e elaboração de guiões até chegar à
Título: apresentação em si, da introdução à conclusão, incluindo os seguintes tópicos:
Como Realizar Apresentações
com Sucesso • Construir confiança.
Autor: Andrew Bradbury • Ser conciso.
Editor: SmartBook
Coleção: Criando Sucesso
• Compreender a linguagem corporal.
N.º de páginas: 174 • Conceber e utilizar ajudas visuais de forma eficiente.
À venda nas livrarias
Estamos perto de si
A outra forma
de ler a revista