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PRINCIPIOLOGIA RECURSAL

Os recursos trabalhistas seguem basicamente as mesmas diretrizes dos


princípios recursais do Código de Processo e também da Constituição Federal.
Entretanto, a CLT e a legislação processual trabalhista extravagante elencam os recursos
de forma taxativa no Processo do Trabalho. Portanto, não é possível se aplicar ao
Processo do Trabalho um recurso previsto no Código de Processo Civil sob o argumento
de que a Consolidação é omissa a respeito.

O acesso à Justiça e ao contraditório são princípios constitucionalmente


consagrados, mas não o duplo grau de jurisdição, pois o art. 5º, LV, da CF alude aos
meios e recursos inerentes ao contraditório e à ampla defesa. Portanto, o direito de
recorrer somente pode ser exercido quando a lei o disciplinar e estiverem observados os
pressupostos.

TAXATIVIDADE

➝Pelo princípio da taxatividade, somente são cabíveis os recursos previstos na lei


processual trabalhista, tanto na CLT como na legislação extravagante.

Sendo assim, não há possibilidade de interpretação extensiva ou analógica, para se


admitirem outros recursos que não têm previsão na lei processual trabalhista, tampouco
há a possibilidade de se admitir recurso previsto no Código de Processo Civil que
não tem previsão na Consolidação das Leis do Trabalho.

No Processo do Trabalho são cabíveis os seguintes recursos, segundo a sistemática da


CLT:
a) Recurso ordinário (art. 895 da CLT);
b) Recurso de revista (art. 896 da CLT);
c) Embargos para o TST (art. 894 da CLT);
d) Agravo de instrumento (art. 897 da CLT);
e) Agravo de petição (art. 897 da CLT);
f) Embargos de declaração (art. 897-A da CLT);
g) Agravo regimental (art. 709, § 1 º, da CLT); e
h) Pedido de revisão ao valor atribuído à causa (art. 2º, § 1º, da Lei n. 5.584/70).

➝Há, ainda, no Processo do Trabalho, a possibilidade de interposição do Recurso


Extraordinário, que não é um recurso trabalhista stricto sensu, mas, por ser um recurso
constitucional, é aplicável ao Processo do Trabalho (art. 102 da CF).
➝A remessa ex officio, também chamada de recurso de ofício, prevista no art.
475 do CPC e Decreto-lei n. 779/69, embora não tenha a mesma natureza jurídica
dos recursos, é aplicável ao Processo do Trabalho.

SINGULARIDADE OU UNIRRECORRIBILIDADE
➝O princípio da singularidade ou unirrecorribilidade consiste em ser cabível somente um
recurso para cada decisão. Desse modo, cada decisão comporta apenas um recurso
específico.

➝Por exceção, no Processo do Trabalho, algumas decisões podem comportar mais de


um recurso: como a do despacho que contém manifesto equívoco no juízo de
inadmissibilidade do recurso. Esse despacho, como trancou o recurso, pode ser objeto de
Agravo de Instrumento (art. 897, b, da CLT), mas também pode ser atacado pelos
Embargos de Declaração (art. 897-A, da CLT).

FUNGIBILIDADE
➝O princípio da fungibilidade consiste no fato de o recorrente poder interpor um recurso
em vez de outro quando presentes alguns requisitos. Tal princípio decorre do caráter
instrumental do processo e do princípio do aproveitamento dos atos processuais já
praticados.

Omissa a CLT, o princípio em questão se alinha com as diretrizes


básicas do Processo do Trabalho (art. 769 da CLT), máxime os princípios da
informalidade, simplicidade e efetividade deste ramo especializado da ciência
processual.

São pressupostos de aplicação da fungibilidade:

a) Dúvida objetiva sobre o recurso cabível: por essa característica, a dúvida dever ser de
ordem objetiva, não bastando a dúvida subjetiva do advogado sobre qual o recurso
cabível. Há a dúvida objetiva quando há fundada discussão tanto na doutrina como na
jurisprudência sobre qual o recurso cabível para a decisão;

b) Inexistência de erro grosseiro ou má-fé: há erro grosseiro quando a lei expressamente


disciplina o recurso e a parte interpõe outro recurso. Há má-fé quando a parte
ingressa com um recurso incabível para a decisão a fim de procrastinar o feito, ou atentar
contra a boa ordem processual;

c) Interposição no prazo do recurso correto: havendo dúvida sobre qual o recurso


correto, deve a parte interpor o recurso no prazo do recurso correto. Desse modo, se há
dois prazos distintos para cada recurso, deve a parte interpor o recurso no prazo
menor dentre os dois prazos possíveis.
PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO
Este princípio preconiza o controle das decisões judiciais oriundas das instâncias
inferiores pelos órgãos superiores. Isso evita eventual abuso de poder por parte do juiz
de 1º grau.

O princípio do duplo grau de jurisdição é uma garantia constitucional? Trata-se de


uma cláusula pétrea presente no Texto Constitucional no rol de direitos e garantias
fundamentais? Em outras palavras, esse princípio está previsto expressamente na
Constituição Cidadã de 1988?

Inicialmente, é oportuno consignar que a CF/88 não prevê expressamente o princípio do


duplo grau de jurisdição. Encontramos no art. 5º da Lei Maior os princípios da
inafastabilidade da jurisdição, do devido processo legal, do contraditório, da ampla defesa,
mas não do duplo grau de jurisdição, decorrendo de interpretação sistemática do
ordenamento jurídico brasileiro. Temos a previsão de recursos, de tribunais superiores,
e, portanto, a possibilidade jurídica da existência do princípio.

Compete às leis processuais infraconstitucionais a definição das regras processuais.

Assim, o direito de recorrer somente poderá ser exercido quando houver previsão legal e
quando estiverem presentes os pressupostos.

Cabe à lei a criação e o regramento dos recursos. Por conseguinte, não é


inconstitucional uma lei que traga procedimento que não preveja a existência de
recurso, como é o caso do procedimento sumário (dissídio de alçada) previsto no art.
2º, §§ 3º e 4º, da Lei n. 5.584/70, em cujos termos está consignado o seguinte:

“Art. 2º (...).

§ 3º Quando o valor fixado para a causa, na forma deste


artigo, não exceder de 2 (duas) vezes o salário mínimo
vigente na sede do Juízo, será dispensável o resumo dos
depoimentos, devendo constar da Ata a conclusão da
Junta quanto à matéria de fato.
§ 4º Salvo se versarem sobre matéria constitucional,
nenhum recurso caberá das sentenças proferidas nos
dissídios da alçada a que se refere o parágrafo anterior,
considerado, para esse fim, o valor do salário mínimo à
data do ajuizamento da ação”.

PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DA REFORMATIO IN PEJUS


Este princípio traz a ideia de que o tribunal competente para o julgamento do
recurso não pode piorar, agravar a situação do recorrente. Dizendo de outro modo, o
tribunal, ao julgar um recurso, não pode proferir decisão mais desfavorável ao recorrente
do que aquela recorrida.

Se a parte já está inconformada com a decisão impugnada, submetendo a


demanda a nova apreciação pelo Poder Judiciário, não pode o tribunal proferir decisão
que acentue a sucumbência do recorrente.

Com efeito, as matérias que poderão ser objeto de apreciação pelo tribunal já
foram delimitadas.

Nessa linha de raciocínio, o art. 512 do CPC aduz que o julgamento proferido
pelo tribunal substituirá a sentença ou a decisão recorrida no que tiver sido objeto de
recurso. Ao contrário, aquilo que não foi objeto do recurso transitou em julgado, não
podendo ser atingido pelo julgamento prolatado pelo tribunal.

Por derradeiro, são exceções do princípio em discussão as matérias de


ordem pública

(objeções processuais), estas previstas no art. 301 do CPC, que podem ser
conhecidas de ofício pelo juiz e podem ser alegadas em qualquer tempo e grau de
jurisdição.

PRINCÍPIO DA MANUTENÇÃO DOS EFEITOS DA SENTENÇA


O art. 899 da CLT preceitua que os recursos serão interpostos por simples pe-
tição e terão, em regra, efeito meramente devolutivo. Daí decorre o princípio enfocado,
princípio da manutenção dos efeitos da sentença, pois, ao prever como exceção o efeito
suspensivo dos recursos trabalhistas, a legislação prestigia a manutenção dos efeitos da
decisão objurgada. Disso decorre a possibilidade aberta, em regra, ao credor de executar
provisoriamente a sentença.
Não obstante a regra no direito processual laboral seja a presença unicamente
do efeito devolutivo, importa tratar também dos outros efeitos que, como exceções, po-
dem caracterizar a interposição das diferentes espécies recursais.

PRINCÍPIO DA TRANSCEDÊNCIA OU PREJUÍZO


Não restam dúvidas que para interposição de recurso há necessidade de que a
decisão impugnada, pela parte inconformada, lhe tenha trazido prejuízo. Ora, se a deci-
são recorrida não trouxe ao recorrente nenhum prejuízo, à toda evidência que, de ordiná-
rio, lhe faltaria interesse processual em recorrer. Portanto, incabível o recurso.
Neste sentido temos as precisas palavras de Frederico Marques que
aduz: "Requisito primordial e básico, inarredável e imperativo, em todo recurso, é a lesi-
vidade, para o recorrente, da sentença ou da decisão contra a qual recorre. Sem prejuízo
ou gravame a direito da parte, não pode esta pretender recorrer. O gravame (ou o dano
provido da decisão desfavorável) coloca a parte em situação de derrota no litígio, ou no
processo, o que constitui a sucumbência, a qual pode ser conceituada como a situação
criada por um julgamento em antagonismo com o que pediu o litigante"

PRINCÍPIO DA PRECLUSÃO
➜ Para Carlos Henrique Bezerra Leite, preclusão ―é ‗o andar para frente‘, sem retornos a
etapas ou momentos processuais já ultrapassados‖.
➜ Humberto Theodoro Júnior ensina que ―a preclusão consiste na perda da faculdade
de praticar um ato processual, quer porque já foi exercitada a faculdade processual, no
momento adequado, quer porque a parte deixou escoar a fase processual própria, sem
fazer uso de seu direito.‖[12]
No sistema processual trabalhista, este princípio está explicitamente inserido
no art. 879, §2º, da CLT, que assim prevê: ―Elaborada a conta e tornada líquida, o Juiz
poderá abrir às partes prazo sucessivo de 10 (dez) dias para impugnação fundamentada
com a indicação dos itens e valores objeto da discordância, sob pena de preclusão‖.

A melhor doutrina aponta a existência de, pelo menos, 3 (três) tipos de preclusão:
1) preclusão consumativa – decorre do próprio ato processual, em que a parte não pode
praticar o mesmo ato processual duas vezes. Exemplo: a parte que contesta uma ação
não poderá contestá-la novamente.
2) preclusão temporal – quando não se pratica o ato processual dentro do prazo previs-
to. Exemplo: a parte não interpõe o recurso ordinário dentro do prazo de 8 (oito) dias.
3) preclusão lógica – quando a prática de um ato processual é incompatível com um ato
processual anterior (exemplo: É vedado à parte interessada suscitar conflitos de jurisdição
quando já houver oposto na causa exceção de incompetência – art. 806 da CLT).

PRINCÍPIO DA DIALETICIDADE
Consubstancia-se no fato de o recorrente apresentar argumentos convincentes
de que está insatisfeito com o pronunciamento jurisdicional recorrido, justificativo de
reforma em outra decisão. As razões do recurso são imprescindíveis para o exercício do
direito ao contraditório e para que o órgão julgador tenha condições de apurar a matéria
transferida para o seu conhecimento pelo efeito devolutivo. Neste vértice, preconiza o
STF em sua Súmula 284: ―É inadmissível o recurso extraordinário, quando a deficiência
na sua fundamentação não permitir a exata compreensão da controvérsia‖.
O recorrente deve enfrentar o que fundamentou a decisão, trazendo razões
suficientes para mostrar ao órgão recursal que o pronunciamento deve ser reformado ou
anulado. Para tanto, não é necessária a mudança de argumentos até então apresentados,
mas, se neles for insistir, deve apresentá-los de maneira a impugnar particularmente a
decisão recorrida. Quer dizer, não basta a parte recorrente manifestar o inconformismo e
a vontade de recorrer, ela precisa impugnar todos os fundamentos suficientes para
sustentar o julgado recorrido, demonstrando de maneira discursiva por que o julgamento
merece ser modificado. Apenas desta forma a parte contrária poderá emitir as suas
contrarrazões, formando-se o necessário contraditório em sede de recurso. Se a parte
inconformada não atua conforme estes preceitos, a decisão recorrida é hígida e, em
última análise, não há efetivo interesse recursal.

PRINCÍPIO DA VOLUNTARIEDADE
➜ Refere-se à exigência de que não pode haver dúvida sobre a vontade do recorrente
em refutar o pronunciamento jurisdicional. Não se trata de remessa necessária.
Decorrente do princípio do dispositivo, o princípio da voluntariedade impõe que,
da mesma forma que o ajuizamento de uma ação depende de ato voluntário do autor,
tendo em vista que a função jurisdicional do Estado é de natureza inerte, para interpor um
recurso, a parte que tiver interesse e legitimidade para recorrer não está obrigada a
interpô-lo e, mesmo o fazendo, continua agindo volitivamente ao trazer à reapreciação
jurisdicional apenas a matéria que lhe convém seja reavaliada.
Este princípio faz-se presente também no que toca à desistência do recurso,
eis que, diferentemente do que ocorre com a petição inicial, em sede recursal, cabe à
parte, por sua vontade, mesmo já tendo sido intimada a outra parte acerca da interposição
de recurso, resolver se continua ou não com o trâmite recursal.

PRINCÍPIO DA CONVOLAÇÃO
Possibilidade de uma impugnação adequada ao caso concreto ser conhecida e
recebida como se fosse outra, quer porque esta apresente maiores vantagens
processuais ao postulante, quer porque ausentes na impugnação deduzida os
pressupostos recursais de tempestividade, forma, interesse ou legitimidade. Ou seja,
ocorre quando um recurso interposto corretamente é convolado (mudado) em outro, por
ser mais benéfico e vantajoso ao recorrente. Este se diferencia da fungibilidade, pois
nesta, o recurso interposto foi errôneo, já na convolação, o recurso foi interposto
corretamente.

EFEITOS DOS RECURSOS TRABALHISTAS

EFEITO DEVOLUTIVO
Uma das grandes peculiaridades dos recursos trabalhistas é que eles são
dotados, em regra, apenas do efeito devolutivo, permitida a execução provisória até a
penhora, conforme estabelece o art. 899, caput, da CLT:

“Art. 899. Os recursos serão interpostos por simples petição


e terão efeito meramente devolutivo, salvo as exceções
previstas neste Título, permitida a execução provisória até a
penhora”.

Justifica-se a referida exceção porque as verbas trabalhistas têm natureza


alimentar, daí o caráter de urgência na prestação jurisdicional.

O recurso devolve ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada. Em


decorrência, graças ao seu efeito devolutivo, o julgamento se dará pelo órgão prolator
competente, respeitados os limites das razões do recorrente.

Mesmo os embargos de declaração, que são processados e julgados perante


o próprio órgão que proferiu a decisão, apresentam o efeito devolutivo.

➜ Dessa forma, o efeito devolutivo traduz a ideia de que o recurso devolve ao Poder
Judiciário a apreciação da matéria.

Assim, todas as teses jurídicas discutidas nos autos são transferidas ao Tribunal. Nesse
sentido, aduz a Súmula 393 do TST: O efeito devolutivo em profundidade do recurso
ordinário, que se extrai do § 1º do art. 515 do CPC, transfere ao Tribunal a apreciação dos
fundamentos da inicial ou da defesa, não examinados pela sentença, ainda que não
renovados em contrarrazões.

➜ Não se aplica, todavia, ao caso de pedido não apreciado na sentença, salvo a


hipótese contida no § 3º do art. 515 do CPC‖.

EFEITO SUSPENSIVO

➜ O efeito suspensivo suspende a eficácia da decisão enquanto pender de


julgamento o recurso interposto contra essa decisão. Como mencionamos anteriormente,
os recursos trabalhistas são dotados apenas de efeito devolutivo, em regra.
Apesar disso, em situações excepcionais, poderá ser atribuído efeito suspensivo aos
recursos trabalhistas, como nas hipóteses a seguir mencionadas:

1ª) Nos termos do art. 9º da Lei n. 7.701/88, transcrito a seguir, o Presidente do TST
poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ordinário interposto em face de sentença
normativa proferida pelo TRT, pelo prazo improrrogável de 120 dias contados da
publicação, salvo se o recurso ordinário for julgado antes do término do prazo:

“Art. 9º O efeito suspensivo deferido pelo Presidente do


Tribunal Superior do Trabalho terá eficácia pelo prazo
improrrogável de 120 (cento e vinte) dias contados da
publicação, salvo se o recurso ordinário for julgado antes
do término do prazo‖.

2ª) A Súmula 414, inciso I, do TST aduz que a ação cautelar é o meio próprio para obter
efeito suspensivo a recurso:

I – A antecipação da tutela concedida na sentença não


comporta impugnação pela via do mandado de
segurança, por ser impugnável mediante recurso
ordinário. A ação cautelar é o meio próprio para se obter
efeito suspensivo a recurso.

II – No caso da tutela antecipada (ou liminar) ser


concedida antes da sentença, cabe a impetração do
mandado de segurança, em face da inexistência de
recurso próprio.

III – A superveniência da sentença, nos autos originários,


faz perder o objeto do mandado de segurança que
impugnava a concessão da tutela antecipada (ou liminar).

EFEITO TRANSLATIVO
Trata-se da possibilidade de o tribunal conhecer de matérias que não foram
ventiladas nas razões ou contrarrazões do recurso. Isso ocorre com as objeções
processuais ou matérias de ordem pública, que devem ser conhecidas de ofício pelo
juiz em qualquer tempo e grau de jurisdição. Nesses casos, não se pode falar em
julgamento ultra, extra ou infra petita.

EFEITO REGRESSIVO
O efeito regressivo consubstancia a possibilidade de retratação ou
reconsideração do próprio órgão que proferiu a decisão impugnada.

Na verdade, trata-se de exceção à regra prevista no art. 463 do CPC, na


medida em que, de acordo com esse dispositivo, o juiz, ao publicar a sentença de mérito,
cumpre e acaba o ofício jurisdicional:

“Art. 463. Publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la:

I – para lhe corrigir, de ofício ou a requerimento da parte,


inexatidões materiais, ou lhe retificar erros de cálculo;

II – por meio de embargos de declaração”.

➝ Na seara recursal trabalhista, observa-se o efeito em análise nos recursos de agravo


de instrumento e agravo regimental.

EFEITO SUBSTITUTIVO

➜ Conforme estabelece o art. 512 do CPC, ―O julgamento proferido pelo tribunal


substituirá a sentença ou a decisão recorrida no que tiver sido objeto de recurso‖.

Com efeito, ainda que o acórdão confirme a sentença pelos próprios


fundamentos, haverá sua substituição integral.

➜ Somente haverá substituição da sentença se o recurso for conhecido. O julgamento


do mérito do recurso substitui a decisão recorrida.
EFEITO EXTENSIVO OU EXPANSIVO
Para estudá-lo é necessário o exame do art. 509 do CPC:

“Art. 509. O recurso interposto por um dos litisconsortes a


todos aproveita, salvo se distintos ou opostos os seus
interesses.

Parágrafo único. Havendo solidariedade passiva, o recurso


interposto por um devedor aproveitará aos outros, quando
as defesas opostas ao credor lhes forem comuns”.

➝ Assim, o recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo se


distintos ou opostos os seus interesses.

➝ Impende destacar que esse efeito é apenas aplicável ao litisconsórcio unitário,


tendo em vista que o juiz deve decidir a lide de modo uniforme para todos os
litisconsortes.

PRESSUPOSTOS RECURSAIS
Em regra, todo recurso é submetido a dois JUÍZOS DE ADMISSIBILIDADE, quais sejam:
➝ Primeiro juízo de admissibilidade (juízo a quo): realizado pela autoridade
que proferiu a decisão objeto de recurso.

➝ Segundo juízo de admissibilidade (juízo ad quem): realizado pelo órgão


responsável pelo julgamento do recurso.

A função dos juízos de admissibilidade é verificar a presença dos pressupostos


recursais, também conhecidos como requisitos de admissibilidade recursal, não havendo
vinculação entre os juízos de admissibilidade.

Deste modo, estando presentes todos os pressupostos recursais, o recurso


será conhecido. A ausência de qualquer pressuposto recursal impossibilita o
conhecimento do recurso (diz-se que o recurso não foi conhecido).

Segundo classificação da melhor doutrina, os pressupostos processuais se dividem


em: intrínsecos ou subjetivos, e extrínsecos ou objetivos.

a) objetivos ou extrínsecos: regularidade formal, tempestividade; inexistência de fato


impeditivo, modificativo ou extintivo do direito de recorrer; e

b) subjetivos ou intrínsecos: cabimento, legitimação para recorrer e interesse recursal.


PRESSUPOSTOS RECURSAIS INTRÍNSECOS OU SUBJETIVOS

1. CABIMENTO
➜ Os recursos devem ser cabíveis à decisão a ser impugnada. Primeiramente, o ato
judicial deve ser recorrível, ou seja, ser passível de impugnação por medida
recursal. Em contrapartida, o recurso deve ser adequado a impugnar a decisão. Se a
parte interpuser o recurso incorreto para a decisão, ele não será conhecido, salvo as
hipóteses de aplicação do princípio da fungibilidade.

2. LEGITIMIDADE

➜ A legitimidade recursal é a pertinência subjetiva para recorrer, ou seja, quais


pessoas podem interpor recurso no processo.

A CLT não disciplina a questão. Desse modo, resta aplicável ao Processo do Trabalho
(art. 769 da CLT) o disposto no art. 499 do CPC.
Desse modo, podem recorrer no Processo do Trabalho:
a) as partes do processo;
b) o Ministério Público quando atuou como parte ou oficiou como fiscal da lei;
c) o terceiro juridicamente interessado.

➝As partes que figuraram no processo — reclamante, reclamado, litisconsortes,


assistentes, denunciados à lide, chamados à lide, opoentes — podem recorrer, pois
figuraram no processo na fase de conhecimento.

➝O Ministério Público do Trabalho tem legitimidade para recorrer como parte ou como
fiscal da lei (custos legis) desde que tenha intervindo no processo na fase de
conhecimento.

➝Pode também recorrer o terceiro, ou seja, aquele que não participou do processo na
fase anterior ao recurso, mas que tem interesse jurídico, pois pode sofrer os efeitos
e ser prejudicado pela decisão.

3. INTERESSE RECURSAL
Interesse recursal significa a necessidade da parte em buscar a alteração da
decisão favorável por meio do recurso.

A doutrina tem fixado o critério da sucumbência a legitimar o interesse recursal.


A sucumbência é o não atendimento, total ou parcial, da pretensão posta em juízo, ou
seja: a improcedência total ou parcial dos pedidos elencados na inicial ou em eventual
reconvenção.

Discute-se na doutrina se a parte que foi beneficiada pela extinção do processo


sem resolução de mérito tem interesse recursal para interpor recurso. A questão é
complexa, pois tecnicamente não houve sucumbência, ou, se houve, ela não está
demonstrada facilmente.
Para parte da doutrina, a parte não tem direito a uma decisão de mérito, mas,
sim, a uma resposta jurisdicional tanto para a pretensão inicial como para a pretensão de
defesa (art. 5º, XXXV , da CF).

Para outra vertente, a parte tem direito de obter do Judiciário pronunciamento


sobre todas as questões que postulou. Desse modo, mesmo a parte beneficiada
pela extinção do processo sem resolução de mérito poderá recorrer para buscar
uma decisão de improcedência da pretensão do autor.

Em nosso entendimento, estão corretos aqueles que pensam que a parte tem
interesse processual ao recorrer para buscar um pronunciamento de mérito, pois, em
caso de extinção do processo sem Resolução de mérito, a pretensão poderá ser
renovada em outro processo, tendo a parte ora beneficiada pela extinção de
responder a outro processo. Todavia, a possibilidade de recurso nessa situação atende
aos princípios da efetividade e economia processual, pacificando o conflito, evitando
que o litígio se perpetue.

➝ Não terá interesse em recorrer a parte que aceita a decisão expressa ou tacitamente.
Nesse sentido, dispõe o art. 503 do CPC, que resta aplicável ao Processo do Trabalho,
por força do art. 769 da CLT.

➝ A aceitação expressa se dá por termo nos autos.

➝ A aceitação tácita se configura quando a parte vencida pratica atos inequívocos que
são incompatíveis com a vontade de recorrer.

No processo do trabalho são exemplos de aceitação tácita da decisão:


a) o pagamento da condenação;
b) a reintegração do empregado espontaneamente, quando não concedida
antecipação de tutela na sentença.

➝ Entretanto, a parte pode expressamente renunciar ao direito de recorrer,


independentemente de aceitação da parte contrária, conforme dispõe o art. 502 do CPC.

PRESSUPOSTOS RECURSAIS EXTRÍNSECOS OU OBJETIVOS

1. PREPARO

➜ O preparo significa o pagamento das taxas e despesas processuais para que o


recurso seja conhecido. A doutrina também tem incluído o depósito recursal como
integrante do preparo, embora não tenha natureza jurídica de taxa judiciária.

➝O valor das custas é fixado na sentença (art. 832, § 2º, da CLT), e é um requisito
essencial. O valor da condenação para efeito de custas não se confunde com o valor da
causa, pois o valor da condenação tem por base o somatório dos benefícios patrimoniais
obtidos pelo autor no processo.
➝ A parte beneficiária da Justiça gratuita não pagará custas para recorrer.

As custas no recurso são pagas da seguinte forma:

a) procedência ou procedência em parte: pelo reclamado, que deve comprovar o


recolhimento quando da interposição do recurso. Nessa hipótese, o reclamante não paga
custas;

b) improcedência: o reclamante deve pagar as custas para recorrer, salvo se beneficiário


de Justiça gratuita;

c) extinção do processo sem resolução de mérito quanto a todos os pedidos: reclamante


paga as custas, salvo se beneficiário de Justiça gratuita;

d) tratando-se de controvérsia referente à relação de trabalho, aplica-se a sucumbência


recíproca (Instrução Normativa n. 27/2005 do C. TST), sendo que cada parte
pagará proporcionalmente as custas nos termos do art. 21 do CPC.

2. DEPÓSITO RECURSAL
O depósito recursal consiste em valor pecuniário a ser depositado na conta
do reclamante vinculada ao FGTS, devido quando há condenação em pecúnia, como
condição para conhecimento do recurso interposto pelo reclamado (ver art. 899 da CLT).

Inegavelmente, o depósito recursal é um pressuposto objetivo do recurso, pois


está atrelado aos requisitos externos do direito de recorrer que a parte deve preencher
para o seu recurso ser admitido.

➝ Como visto, trata-se de um depósito que deve ser realizado na conta vinculada do
reclamante junto ao FGTS (§ 4º do art. 899 da CLT) em valor fixado pela lei.

➝ O depósito recursal, tem natureza jurídica de garantia de uma futura execução


por quantia certa (Instrução Normativa 03/93 do TST).

➝ Não se trata de taxa judiciária, pois não está vinculado a um serviço específico do
Poder Judiciário, e sim de um requisito para o conhecimento do recurso e uma garantia
de futura execução.

O § 1º do art. 899 da CLT determina que, uma vez transitada em julgado a decisão que
condenou o reclamado a pagar parcelas pecuniárias ao reclamante, o Juiz do Trabalho
deve liberar o valor do depósito recursal ao reclamante, o que denota ser o depósito
uma verdadeira garantia de futura eficácia da execução por quantia. Não obstante a
clareza do dispositivo legal, acreditamos que, se a sentença foi ilíquida, antes de liberar
o valor do depósito ao reclamante, deve o Juiz do Trabalho tomar algumas cautelas a
fim de evitar que sejam liberados ao autor valores superiores ao seu crédito,
considerando-se todos os transtornos advindos de se ter que executar o reclamante caso
tal aconteça. Desse modo, pensamos dever o Juiz do Trabalho liberar o depósito ao
reclamante somente após a liquidação da sentença, se esta for ilíquida. Se a decisão de
condenação for revertida em grau de recurso, o depósito recursal será imediatamente
liberado ao reclamado (ver § 1º do art. 899 da CLT).

➝ Conforme a redação do §1º do art. 899 da CLT, somente há a exigência do


depósito recursal se houver condenação, total ou parcial, em pecúnia, ainda que
indeterminado o valor.

➝ Somente o empregador realizará o depósito recursal.

➝O empregado, ainda que condenado em eventual reconvenção, ou sendo este


reclamado em demanda trabalhista proposta pelo empregador, não realizará o depósito,
uma vez que a exigência do depósito recursal é uma das exteriorizações do
protecionismo processual em favor do empregado na Justiça do Trabalho.

Para os processos em que não se discute uma relação de trabalho ou que não
envolvem uma verba trabalhista stricto sensu, o procedimento aplicável, salvo se forem
processadas por rito especial, é o da CLT (Instrução Normativa n. 27/2005 do TST).
Desse modo, se figurar no polo passivo um tomador de serviços, ainda que não
seja empregador, para recorrer, deve realizar o depósito recursal.

➝ Não havendo condenação em pecúnia, por exemplo: em obrigações de


fazer ou não fazer, bem como nas sentenças declaratórias ou constitutivas, não
há a exigência do depósito recursal.

SÚMULA 161 DO TST: Se não há condenação a pagamento em pecúnia, descabe o


depósito de que tratam os §§ 1º e 2º do art. 899 da CLT (ex-Prejulgado n. 39)‖.

O depósito recursal é devido, pelo reclamado, nos recurso ordinário,


recurso de revista, agravo de instrumento e recurso extraordinário (art. 899 da
CLT c/c a Instrução Normativa n. 03/93 do C. TST).

Também o depósito é necessário ainda que se trate de recurso interposto das


sentenças proferidas nas denominadas ações de alçada exclusiva dos órgãos de primeiro
grau criadas pela Lei n. 5.584/70 (art. 2º, §4º); a admissibilidade do recurso, nessas
ações, está subordinada ao pressuposto de a sentença envolver matéria
constitucional.

➝ Na execução, se o juízo já estiver garantido pela penhora, não há


necessidade do depósito recursal, uma vez que ele perdeu a finalidade diante da
garantia do juízo.

SÚMULA 128, II, TST: Garantido o juízo, na fase executória, a exigência de depósito
para recorrer de qualquer decisão viola os incisos II e LV do art. 5º da CF/1988.
Havendo, porém, elevação do valor do débito, exige-se a complementação da garantia do
juízo.

➝ Se houver condenação solidária, apenas um dos reclamados realizará o


depósito, salvo se um deles pretender a sua exclusão da lide, hipótese em que os dois
deverão realizar o depósito a fim de que a garantia da execução não fique desfigurada.
SÚMULA 128, III, TST: Havendo condenação solidária de duas ou mais empresas, o
depósito recursal efetuado por uma delas aproveita as demais, quando a empresa
que efetuou o depósito não pleiteia sua exclusão da lide.

SÚMULA 128, I, TST: é ônus da parte recorrente efetuar o depósito legal, integralmente,
em relação a cada novo recurso interposto, sob pena de deserção. Atingido o valor da
condenação, nenhum depósito mais é exigido para qualquer recurso.

➝ O depósito recursal tem um teto máximo que é o valor da condenação. Também


há um teto fixado em lei para o depósito recursal, tanto no recurso ordinário, como
no de revista, como no extraordinário.

➝ A Lei 12.275/10, em seu §7º, exige o depósito de 50% do valor do depósito


recursal devido para o recurso ao qual se pretende destrancar, no ato de
interposição do agravo de instrumento.

Trata-se de providência salutar a desencorajar Agravos de Instrumento


protelatórios, ou sem fundamento, bem como reforçar a garantia de execução por
quantia, pois o Agravo provoca delonga na marcha processual.

A interpretação do referido dispositivo não pode ser literal, nem isolada em si


em conjunto com a principiologia do Direito Processual do Trabalho. Desse modo, os
princípios da gratuidade e do acesso real do trabalhador à Justiça impedem que
se exija o depósito recursal do empregado no recurso de Agravo de Instrumento.
Desse modo, somente o empregador realizará o depósito recursal para
interpor Agravo de Instrumento.

PRAZO DO DEPÓSITO RECURSAL: O depósito recursal deve ser comprovado


no prazo que a lei prevê para o recurso.

Súmula 245 do TST: O depósito recursal deve ser feito e comprovado no prazo alusivo
ao recurso. A interposição antecipada deste não prejudica a dilação legal.

➝ A massa falida não está sujeita ao depósito recursal,

SÚMULA 86 DO TST: Não ocorre deserção de recurso da massa falida por falta de
pagamento de custas ou de depósito do valor da condenação. Esse privilégio, todavia,
não se aplica à empresa em liquidação extrajudicial.

➝ Nos termos da Instrução Normativa 03/93 do TST, não é exigido depósito


recursal, em qualquer fase do processo ou grau de jurisdição, dos entes de direito
público externo e das pessoas de direito público contempladas no Decreto-lei n.
779, de 21.8. 69, bem assim da massa falida e da herança jacente.
SÚMULA 99 DO TST: Havendo recurso ordinário em sede de rescisória, o depósito
recursal só é exigível quando for julgado procedente o pedido e imposta condenação
em pecúnia, devendo este ser efetuado no prazo recursal, no limite e nos termos da
legislação vigente, sob pena de deserção.

ATENÇÃO: O TST pacificou entendimento no sentido de que a insuficiência do


depósito recursal, ainda que a diferença seja mínima, gera a deserção do
recurso.

➝ De acordo com o atual entendimento do TST,ainda que o empregador


(reclamado) obtenha os benefícios da Justiça Gratuita, não estará isento do
depósito recursal, pois não há como dispensar o empregador do recolhimento do
depósito recursal, por se tratar de garantia do Juízo e não de despesa processual em
relação à qual se estende a gratuidade de justiça.

EXCEÇÃO: no caso de empregador pessoa física ou firma individual em estado de


insuficiência econômica, poderá o Tribunal dispensar o empregador do depósito
recursal, valendo-se os princípios da proporcionalidade, razoabilidade e do acesso à
Justiça no caso concreto.

RECURSOS SEM DEPÓSITO RECURSAL


• Agravo de petição
• Agravo regimental
• Embargos de declaração
• Pedido de revisão
RECURSOS COM DEPÓSITO RECURSAL OBRIGATÓRIO POR PARTE DO
EMPREGADOR RECORRENTE
• Recurso ordinário
• Recurso de revista
• Embargos no TST
• Recurso extraordinário
• Recurso adesivo
• Agravo de instrumento

3. REGULARIDADE FORMAL
Em razão dos princípios da celeridade, simplicidade, informalidade e acesso real
e efetivo à jurisdição trabalhista, no Processo do Trabalho, os recursos são interpostos
por simples petição, não precisando o recorrente, no recurso ordinário, declinar as razões.
Não obstante, se as razões forem declinadas e também as matérias, o Tribunal Regional
do Trabalho ficará vinculado à matéria impugnada.
Quando o recurso trabalhista exige pressupostos específicos de admissibilidade,
não há como se interpretar isoladamente a regra geral do art. 899 da CLT, mas, sim, em
cotejo com os dispositivos que disciplinam os requisitos específicos de admissibilidade do
recurso.

O Tribunal Superior do Trabalho pacificou a questão no sentido de ser possível a


admissão do recurso desde que haja assinatura na petição de interposição ou na petição
das razões

4. TEMPESTIVIDADE

➝ O requisito da tempestividade significa o prazo do recurso, sendo os recursos


trabalhistas, como regra gera interpostos no prazo de oito dias.

• Ordinário – art. 895 da CLT = 8 dias


• De Revista – art. 896 da CLT = 8 dias
• Embargos de Declaração – art. 897-A da CLT = 5 dias Obs.: somente haverá contra-
razões se houver pedido de efeito modificativo do julgado.
• Agravo de Petição – art. 897, a, da CLT = 8 dias
• Agravo de Instrumento – art. 897, b, da CLT = 8 dias
• Agravo Regimental - Depende do Regimento Interno do Tribunal, podendo ser de 8 dias
(como no TST) ou de 5 dias (como ocorre em vários TRTs) Obs.: não há contra-razões
• Recurso Extraordinário – art. 102, III, da CF/1988 e art. 26 da Lei 8.038/1990 = 15 dias
• Recurso Adesivo = 8 dias – Súmula 283 do TST
• Pedido de Revisão – Lei 5.584/1970, art. 2. , § 2. = 48 horas Obs.: não há contra-razões
• Embargos no TST (infringentes, de nulidade e de divergência) – Lei 7.701/1988 = 8 dias

ATENÇÃO: Os prazos dos recursos são contados excluindo-se o dia do início e incluindo-
se o dia do vencimento.

RECURSOS EM ESPÉCIES
RECURSO ORDINÁRIO
Recurso que guarda semelhanças com a apelação do Direito Processual Civil, o
recurso ordinário trabalhista está previsto no art. 895 da CLT, nos seguintes termos:

Art. 895 - Cabe recurso ordinário para a instância superior:


I - das decisões definitivas ou terminativas das Varas e Juízos,
no prazo de 8 dias; e

II - das decisões definitivas ou terminativas dos Tribunais


Regionais, em processos de sua competência originária, no
prazo de 8 dias, quer nos dissídios individuais, quer nos
dissídios coletivos.

§ 1º - Nas reclamações sujeitas ao procedimento sumaríssimo, o


recurso ordinário:
I - (VETADO)

II - será imediatamente distribuído, uma vez recebido no


Tribunal, devendo o relator liberá-lo no prazo máximo de 10 dias,
e a Secretaria do Tribunal ou Turma colocá-lo imediatamente em
pauta para julgamento, sem revisor;

III - terá parecer oral do representante do Ministério Público


presente à sessão de julgamento, se este entender necessário o
parecer, com registro na certidão;

IV - terá acórdão consistente unicamente na certidão de


julgamento, com a indicação suficiente do processo e parte
dispositiva, e das razões de decidir do voto prevalente. Se a
sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a certidão
de julgamento, registrando tal circunstância, servirá de acórdão.

§ 2º - Os Tribunais Regionais, divididos em Turmas, poderão designar


Turma para o julgamento dos recursos ordinários interpostos das
sentenças prolatadas nas demandas sujeitas ao procedimento
sumaríssimo.

Da literalidade do dispositivo consolidado permite concluir que não são apenas


as decisões finais (sentenças, decisões monocráticas ou acórdãos) que estão sujeitas ao
RO, mas também algumas decisões interlocutórias.

Assim, as chamadas decisões interlocutórias terminativas do feito, como é o


caso das decisões sobre as exceções de incompetência, estão sujeitas a RO na forma do
art. 799, §2º, da CLT: ―Das decisões sobre exceções de suspeição e incompetência, salvo,
quando a estas, se terminativas do feito, não caberá recurso, podendo, no entanto, as
partes alegá-las novamente no recurso que couber da decisão final‖.

IMPORTANTE LEMBRAR!

A Súmula 214, do TST traz hipóteses de decisões interlocutórias atacáveis por RO: ―Na
Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, §1º, da CLT, as decisões interlocutórias não
ensejam recurso imediato, salvo nas hipóteses de decisão:

a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou


Orientação Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho;

b) suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo


Tribunal;

c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a


remessa dos autos para Tribunal Regional distinto daquele a
que se vincula o juízo excepcionado, consoante o disposto no
art. 799, §2º, da CLT”.

➝ O Regimento Interno do TST disciplina as hipóteses de cabimento do recurso


ordinário ao Tribunal Superior do Trabalho em causas de competência originária do TST.

➝ Dispõe o art. 225 do Regimento Interno do TST:


É cabível recurso ordinário em:
I — ação anulatória;
II — ação cautelar;
III — ação declaratória;
IV — agravo regimental;
V — ação rescisória;
VI — dissídio coletivo;
VII — habeas corpus;
VIII — habeas data; e
IX — mandado de segurança.

➝ Há, porém, decisões finais que não admitem RO. A Lei 5.584/70, em seu art. 2º, §4º,
traz uma das hipóteses: salvo se versarem sobre matéria constitucional, não caberá
recurso contra as sentenças proferidas nos dissídios de procedimento sumário, cujo valor
da causa seja igual ou inferior a dois salários mínimos. Outra hipótese é trazida pela
Orientação Jurisprudencial (OJ) n. 5, do Pleno do TST: ―Não cabe recurso ordinário contra
decisão em agravo regimental interposto em reclamação correicional ou em pedido de
providência‖.

ATENÇÃO: O recurso ordinário não possui efeito suspensivo, sendo apenas


dotado defeito devolutivo, a Súmula 414 do TST admite a utilização excepcional de ação
cautelar para obtenção do mencionado efeito suspensivo, como na hipótese de
sentença que determina imediata reintegração de empregado.

MANDADO DE SEGURANÇA. ANTECIPAÇÃO DE


TUTELA (OU LIMINAR) CONCEDIDA ANTES OU NA
SENTENÇA (conversão das Orientações
Jurisprudenciais nºs 50, 51, 58, 86 e 139 da SBDI-2) -
Res. 137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005
I - A antecipação da tutela concedida na sentença não
comporta impugnação pela via do mandado de
segurança, por ser impugnável mediante recurso
ordinário. A ação cautelar é o meio próprio para se obter
efeito suspensivo a recurso. (ex-OJ nº 51 da SBDI-2 -
inserida em 20.09.2000)
II - No caso da tutela antecipada (ou liminar) ser
concedida antes da sentença, cabe a impetração do
mandado de segurança, em face da inexistência de
recurso próprio. (ex-OJs nºs 50 e 58 da SBDI-2 -
inseridas em 20.09.2000)
III - A superveniência da sentença, nos autos originários,
faz perder o objeto do mandado de segurança que
impugnava a concessão da tutela antecipada (ou liminar).
(ex-Ojs da SBDI-2 nºs 86 - inserida em 13.03.2002 - e 139
- DJ 04.05.2004)

SÚMULA Nº 393 DO TST: O efeito devolutivo em profundidade do recurso ordinário, que


se extrai do § 1º do art. 515 do CPC, transfere ao Tribunal a apreciação dos fundamentos
da inicial ou da defesa, não examinados pela sentença, ainda que não renovados em
contrarrazões. Não se aplica, todavia, ao caso de pedido não apreciado na sentença,
salvo a hipótese contida no § 3º do art. 515 do CPC.

RECURSO DE REVISTA (ART. 896 DA CLT)

CONCEITO: Recurso de natureza extraordinária, cabível em face de acórdãos proferidos


pelos Tribunais Regionais do Trabalho em dissídios individuais, tendo por objetivo
uniformizar a interpretação das legislações estadual, federal e constitucional no
âmbito da competência da Justiça do Trabalho, bem como resguardar a
aplicabilidade de tais instrumentos normativos.

➝ O Recurso de Revista é o recurso último, na Justiça do Trabalho, para


impugnação de decisões proferidas em dissídios individuais, não obstante ainda haver a
possibilidade de se questionar a decisão no Supremo Tribunal Federal, na hipótese de
violação da Constituição Federal.

➝ Trata-se de recurso técnico, com pressupostos rígidos de conhecimento e,


portanto, não se destina a apreciar fatos e provas, tampouco avaliar a justiça da
decisão, pois tem por objeto resguardar a aplicação e vigência da legislação de
competência da Justiça Trabalhista.
REQUISITOS

a) regularidade formal: petição acompanhada das razões: Como já mencionamos,


o Recurso de Revista, por ser um recurso técnico, com pressupostos específicos
de admissibilidade, deve ser interposto com a petição acompanhada das razões,
não sendo possível a interposição por simples petição. Há necessidade de advogado
(Súmula 425 do TST);

b) depósito recursal: o depósito recursal faz parte do preparo do Recurso de Revista.


Seu valor é o dobro do exigido para o recurso ordinário, observado o limite máximo do
valor da condenação; Logo, O recurso de revista não é um recurso isento de
preparo. Dessa forma, ao interpor o presente recurso, o recorrente deverá recolher as
custas e o depósito recursal.

c) demonstração de uma das hipóteses previstas nas alíneas a, b, ou c do art. 896


da CLT: o Recurso de Revista somente é cabível nas hipóteses taxativas do art. 896 da
CLT;

d) acórdão de TRT: o Recurso de Revista somente é cabível em face de Acórdão dos


TRTs proferidos em dissídios individuais;

e) legitimidade: podem interpor Recurso de Revista as partes que figuram no


processo, o terceiro juridicamente interessado e o Ministério Público, quando atuar como
fiscal da lei ou como parte;

f) interesse: o interesse para interpor o Recurso de Revista surge quando uma


das partes foi sucumbente, de forma total ou parcial, ou quando não obteve tudo que
pretendia no julgamento do recurso ordinário;

g) prequestionamento: prequestionar significa questionar expressa e diretamente a


matéria. Diz-se que a matéria está prequestionada quando a decisão recorrida
aprecia expressamente a tese jurídica debatida nos autos, por meio da qual a parte
vencida pretende reapreciação em grau recursal. Desse modo, para ser cabível o
Recurso de Revista, a decisão do acórdão regional deve debater expressamente a
tese jurídica invocada pelo recorrente no Recurso de Revista.

➝ O prequestionamento é próprio dos recursos de natureza extraordinária (especial,


extraordinário e de revista), pois nos recursos de natureza ordinária (por ex.: recurso
ordinário) o efeito devolutivo transfere ao Tribunal todas as teses jurídicas invocadas
pelas partes, ainda que a sentença não as tenha apreciado (§ 1º do art. 515 do CPC).

➝ O Tribunal Superior do Trabalho traçou o conceito de prequestionamento na Súmula n.


297, admitindo a oposição de embargos de declaração para tal finalidade.

SÚMULA 297, TST:


I. Diz-se prequestionada a matéria ou questão quando na
decisão impugnada haja sido adotada, explicitamente, tese
a respeito.
II. Incumbe à parte interessada, desde que a matéria haja
sido invocada no recurso principal, opor embargos
declaratórios objetivando o pronunciamento sobre o tema,
sob pena de preclusão.
III. Considera-se prequestionada a questão jurídica
invocada no recurso principal sobre a qual se omite o
Tribunal de pronunciar tese, não obstante opostos
embargos de declaração. (prequestionamento tácito).

h) vedação do reexame de fatos e provas: a finalidade do Recurso de Revista


é uniformizar a interpretação da legislação da competência da Justiça do Trabalho,
e resguardar a vigência do texto legal. Por isso, não é finalidade desse recurso de
natureza extraordinária rever fatos e provas.
Nesse sentido é a Súmula n. 126 do C. TST: ―RECURSO. CABIMENTO — Incabível o
recurso de revista ou de embargos (arts. 896 e 894, b, da CLT) para reexame de fatos e
provas‖.

JUÍZOS DE ADMISSIBILIDADE

➝ É a análise pelo Poder Judiciário do preenchimento dos pressupostos recursais,


também chamados de requisitos de admissibilidade recursal.

➝ O recurso de revista observa a regra geral do duplo juízo de admissibilidade


recursal.

Estes são os juízos de admissibilidade recursal do recurso de revista:

a) juízo a quo (primeiro juízo de admissibilidade recursal): Presidente do TRT,


conforme dispõe o § 1º do art. 896 da CL T. Vale ressaltar que alguns Regimentos
Internos dos Tribunais Regionais do Trabalho atribuem essa competência ao Vice-
Presidente do TRT;

b) juízo ad quem (segundo juízo de admissibilidade recursal): uma das 8 Turmas do


TST, conforme aduz o caput do art. 896 da CLT.

CABIMENTO DO RECURSO DE REVISTA

➝ O recurso de revista é cabível contra os acórdãos proferidos pelos


Tribunais Regionais do Trabalho, em grau de recurso ordinário, nos dissídios
individuais.

Dessa forma, podemos extrair algumas conclusões sobre o cabimento do recurso de


revista no Processo do Trabalho:

I- somente é cabível nos dissídios individuais, não sendo cabível nos dissídios
coletivos;

II- o processo tem que começar no primeiro grau de jurisdição trabalhista;

III- os autos deverão estar no Tribunal Regional do Trabalho em grau de recurso


ordinário;

IV- não é cabível nos processos de competência originária dos Tribunais


Regionais do Trabalho, como, por exemplo, nos dissídios coletivos, na ação
rescisória, no mandado de segurança, na ação anulatória de cláusula
convencional. Nesses casos, da sentença normativa ou acórdão proferido pelo
TRT, é cabível a interposição de recurso ordinário a ser julgado pelo TST.

a) Divergência jurisprudencial (lei federal): assevera o art. 896 da CLT caber Recurso
de Revista quando a decisão proferida pelos Tribunais Regionais: ―a) derem ao mesmo
dispositivo de lei federal interpretação diversa da que houver dado outro Tribunal
Regional, no seu Pleno ou Turma, ou a Seção de Dissídios Individuais do Tribunal
Superior do Trabalho, ou a Súmula de Jurisprudência Uniforme desta Corte‖.

➝ Deste modo, se a decisão do Tribunal Regional do Trabalho der ao mesmo


dispositivo de lei federal interpretação diversa da que lhe houver dado outro Tribunal
Regional do Trabalho, no seu Pleno ou Turma, ou a Seção de Dissídios
Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, ou a Súmula de Jurisprudência
Uniforme dessa Corte.

Assim, a divergência jurisprudencial na interpretação de lei federal fica caracterizada


nas seguintes hipóteses:
a) acórdão do TRT x acórdão de outro TRT (Pleno ou Turma);
b) acórdão do TRT x acórdão da SDI do TST;
c) acórdão do TRT x Súmula do TST.

➝ É cabível recurso de revista quando o acórdão do TRT contraria outro acórdão


do mesmo TRT? Não é cabível. O acórdão paradigma não poderá ser do mesmo
Tribunal Regional do Trabalho. O art. 896, § 3º, da CL T estabelece que, nesse caso, os
Tribunais Regionais do Trabalho procederão, obrigatoriamente, à uniformização de sua
jurisprudência, nos termos dos arts. 476 a 479 do CPC.

➝ É cabível recurso de revista quando acórdão do TRT contrariar Orientação


Jurisprudencial do TST? O próprio TST entende que sim, com fulcro em sua
Orientação Jurisprudencial n. 219 da SDI- 1: É válida, para efeito de conhecimento
do recurso de revista ou de embargos, a invocação de Orientação
Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho, desde que, das razões
recursais, conste o seu número ou conteúdo”.

A Súmula n. 296 do TST disciplina a DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL, in verbis:

I - A divergência jurisprudencial ensejadora da


admissibilidade, do prosseguimento e do conhecimento do
recurso há de ser específica, revelando a existência de
teses diversas na interpretação de um mesmo dispositivo
legal, embora idênticos os fatos que as ensejaram.
II - Não ofende o art. 896 da CLT decisão de Turma que,
examinando premissas concretas de especificidade da
divergência colacionada no apelo revisional, conclui pelo
conhecimento ou desconhecimento do recurso.

O TST exige requisitos específicos para comprovação da divergência jurisprudencial,


conforme a Súmula n. 337, que segue:

I - Para comprovação da divergência justificadora do recurso, é


necessário que o recorrente:
a) Junte certidão ou cópia autenticada do acórdão paradigma ou
cite a fonte oficial ou o repositório autorizado em que foi
publicado; e
b) Transcreva, nas razões recursais, as ementas e/ou trechos
dos acórdãos trazidos à configuração do dissídio,
demonstrando o conflito de teses que justifique o conhecimento
do recurso, ainda que os acórdãos já se encontrem nos autos
ou venham a ser juntados com o recurso.
II - A concessão de registro de publicação como repositório
autorizado de jurisprudência do TST torna válidas todas as suas
edições anteriores.
III – A mera indicação da data de publicação, em fonte oficial, de
aresto paradigma é inválida para comprovação de divergência
jurisprudencial, nos termos do item I, “a”, desta súmula, quando
a parte pretende demonstrar o conflito de teses mediante a
transcrição de trechos que integram a fundamentação do
acórdão divergente, uma vez que só se publicam o dispositivo e
a ementa dos acórdãos;
IV - É válida para a comprovação da divergência jurisprudencial
justificadora do recurso a indicação de aresto extraído de
repositório oficial na internet, desde que o recorrente:
a) transcreva o trecho divergente;
b) aponte o sítio de onde foi extraído; e
c) decline o número do processo, o órgão prolator do acórdão e
a data da respectiva publicação no Diário Eletrônico da Justiça
do Trabalho.

b) Divergência jurisprudencial (interpretação de lei estadual, convenção coletiva,


acordo coletivo, sentença normativa ou regulamento de empresa): dispõe a alínea
b do art. 896 da CL T que caberá Recurso de Revista quando os Tribunais Regionais do
Trabalho: ―Derem ao mesmo dispositivo de lei estadual, Convenção Coletiva de
Trabalho, Acordo Coletivo, sentença normativa ou regulamento empresarial de
observância obrigatória em área territorial que exceda a jurisdição do Tribunal Regional
prolator da decisão recorrida, interpretação divergente, na forma da alínea a‖.

➝ Já está pacificada a questão da constitucionalidade do referido dispositivo.


SÚMULA 312 DO TST: É constitucional a alínea "b" do art. 896 da CLT, com a
redação dada pela Lei nº 7.701, de 21.12.1988.

Segundo a alínea b do art. 896 da CL T, é cabível o Recurso de Revista quando


houver divergência jurisprudencial na interpretação de acordo coletivo, sentença
normativa ou regulamento empresarial entre Tribunais Regionais do Trabalho, entre
Tribunal Regional do Trabalho e Seção de Dissídios Individuais do TST, ou entre acórdão
de TRT e Súmula do TST.

➝ A OJ n. 147 da SDI-I do TST estabelece alguns requisitos para conhecimento


do Recurso de Revista em razão de divergência jurisprudencial acerca de lei estadual,
norma coletiva ou regulamentar. Dispõe a referida Orientação Jurisprudencial:

I - É inadmissível o recurso de revista fundado tão-somente em


divergência jurisprudencial, se a parte não comprovar que a lei
estadual, a norma coletiva ou o regulamento da empresa
extrapolam o âmbito do TRT prolator da decisão recorrida.

II - É imprescindível a arguição de afronta ao art. 896 da CLT


para o conhecimento de embargos interpostos em face de
acórdão de Turma que conhece indevidamente de recurso de
revista, por divergência jurisprudencial, quanto a tema regulado
por lei estadual, norma coletiva ou norma regulamentar de
âmbito restrito ao Regional prolator da decisão.

c) Violação de literal dispositivo de lei federal ou da Constituição da República:


dispõe a alínea c do art. 896 da CL T ser cabível o Recurso de Revista quando o
acórdão de Tribunal Regional do Trabalho violar dispositivo de lei federal ou da
Constituição da República. Assim, fica caracterizada a terceira fundamentação jurídica
nas seguintes hipóteses:
– acórdão do TRT x lei federal;
– acórdão do TRT x CF.

➝ Não se exige divergência jurisprudencial com outro Tribunal Regional ou


Tribunal Superior do Trabalho, apenas que o acórdão do regional tenha negado
vigência ou contrariado lei federal ou constitucional.

➝ A violação, segundo o dispositivo consolidado, tem de ser literal. Se o texto é


de interpretação controvertida, o Recurso de Revista não é cabível por tal fundamento.

SÚMULA 221 DO TST: A admissibilidade do recurso de revista por violação tem


como pressuposto a indicação expressa do dispositivo de lei ou da Constituição
tido como violado.
➝ Se a decisão regional não enfrentou expressamente as questões sobre a
interpretação de lei federal ou constitucional, são cabíveis os embargos de declaração
para prequestionamento da matéria.

DIVERGÊNCIA ATUAL: Para o cabimento do recurso de revista, há necessidade de


se demonstrar divergência atual, não sendo considerada a ultrapassada por súmula, ou
superada por iterativa e notória jurisprudência do TST.

art. 896, § 4º, da CLT:


§ 4º A divergência apta a ensejar o Recurso de Revista deve ser
atual, não se considerando como tal a ultrapassada por súmula,
ou superada por iterativa e notória jurisprudência do Tribunal
Superior do Trabalho.

SÚMULA 333 DO TST: Não ensejam recurso de revista decisões superadas por iterativa,
notória e atual jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho‖.

PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO: Procedimento que abrange os dissídios


individuais cujo valor da causa seja superior a dois salários mínimos e não supere
quarenta salários mínimos.

Nesse contexto, É cabível a interposição de recurso de revista no procedimento


sumaríssimo, com fulcro no art. 896, § 6º, da CLT:

“Art. 896. (...).


§ 6º Nas causas sujeitas ao procedimento sumaríssimo,
somente será admitido recurso de revista por contrariedade a
súmula de jurisprudência uniforme do Tribunal Superior do
Trabalho e violação direta da Constituição da República”.

➝ Assim, o recurso de revista no procedimento sumaríssimo somente apresenta duas


hipóteses de cabimento:
1ª) quando o acórdão do TRT contrariar Súmula do TST;
2ª) quando o acórdão do TRT contrariar a Constituição Federal.

ATENÇÃO: NÃO é cabível a interposição de recurso de revista no procedimento


sumaríssimo quando o acórdão do TRT contrariar OJ, por ausência de previsão no art.
896, § 6º, da CLT.
SÚMULA 442 DO TST: Nas causas sujei tas ao procedimento sumaríssimo, a
admissibilidade de recurso de revista está limitada à demonstração de violação
direta a dispositivo da Constituição Federal ou contrariedade a Súmula do Tribunal
Superior do Trabalho, não se admitindo o recurso por contrariedade a Orientação
Jurisprudencial deste Tribunal (Livro II, Título II, Capítulo III, do RITST), ante a ausência
de previsão no art. 896, § 6º, da CLT.
RR EM EXECUÇÃO TRABALHISTA: No tocante ao cabimento do Recurso de
Revista na execução, dispõe o § 2º do art. 896 da CLT: ―Das decisões proferidas pelos
Tribunais Regionais do Trabalho ou por suas Turmas, em execução de sentença,
inclusive em processo incidente de embargos de terceiro, não caberá Recurso de Revista,
salvo na hipótese de ofensa direta e literal de norma da Constituição Federal”
(redação dada pela Lei n. 9.756, de 17.12.1998).

➝ OU SEJA, o Recurso de Revista a ser interposto em face dos acórdãos


proferidos na fase de execução somente será admissível se houver violação direta
e literal da Constituição Federal.

SÚMULA 266 DO TST: A admissibilidade do recurso de revista interposto de acórdão


proferido em agravo de petição, na liquidação de sentença ou em processo
incidente na execução, inclusive os embargos de terceiro, depende de
demonstração inequívoca de violência direta à Constituição Federal.

PRAZO: O recurso de revista é um dos recursos trabalhistas que obedecem ao prazo


recursal uniforme de 8 dias, tanto para razões quanto para contrarrazões.
Portanto, uma das grandes peculiaridades dos recursos trabalhistas, que é a dos prazos
recursais uniformes em 8 dias, prevista no art. 6º da Lei n. 5.584/70, fica observada no
recurso de revista.

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