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TAXATIVIDADE
SINGULARIDADE OU UNIRRECORRIBILIDADE
➝O princípio da singularidade ou unirrecorribilidade consiste em ser cabível somente um
recurso para cada decisão. Desse modo, cada decisão comporta apenas um recurso
específico.
FUNGIBILIDADE
➝O princípio da fungibilidade consiste no fato de o recorrente poder interpor um recurso
em vez de outro quando presentes alguns requisitos. Tal princípio decorre do caráter
instrumental do processo e do princípio do aproveitamento dos atos processuais já
praticados.
a) Dúvida objetiva sobre o recurso cabível: por essa característica, a dúvida dever ser de
ordem objetiva, não bastando a dúvida subjetiva do advogado sobre qual o recurso
cabível. Há a dúvida objetiva quando há fundada discussão tanto na doutrina como na
jurisprudência sobre qual o recurso cabível para a decisão;
Assim, o direito de recorrer somente poderá ser exercido quando houver previsão legal e
quando estiverem presentes os pressupostos.
“Art. 2º (...).
Com efeito, as matérias que poderão ser objeto de apreciação pelo tribunal já
foram delimitadas.
Nessa linha de raciocínio, o art. 512 do CPC aduz que o julgamento proferido
pelo tribunal substituirá a sentença ou a decisão recorrida no que tiver sido objeto de
recurso. Ao contrário, aquilo que não foi objeto do recurso transitou em julgado, não
podendo ser atingido pelo julgamento prolatado pelo tribunal.
(objeções processuais), estas previstas no art. 301 do CPC, que podem ser
conhecidas de ofício pelo juiz e podem ser alegadas em qualquer tempo e grau de
jurisdição.
PRINCÍPIO DA PRECLUSÃO
➜ Para Carlos Henrique Bezerra Leite, preclusão ―é ‗o andar para frente‘, sem retornos a
etapas ou momentos processuais já ultrapassados‖.
➜ Humberto Theodoro Júnior ensina que ―a preclusão consiste na perda da faculdade
de praticar um ato processual, quer porque já foi exercitada a faculdade processual, no
momento adequado, quer porque a parte deixou escoar a fase processual própria, sem
fazer uso de seu direito.‖[12]
No sistema processual trabalhista, este princípio está explicitamente inserido
no art. 879, §2º, da CLT, que assim prevê: ―Elaborada a conta e tornada líquida, o Juiz
poderá abrir às partes prazo sucessivo de 10 (dez) dias para impugnação fundamentada
com a indicação dos itens e valores objeto da discordância, sob pena de preclusão‖.
A melhor doutrina aponta a existência de, pelo menos, 3 (três) tipos de preclusão:
1) preclusão consumativa – decorre do próprio ato processual, em que a parte não pode
praticar o mesmo ato processual duas vezes. Exemplo: a parte que contesta uma ação
não poderá contestá-la novamente.
2) preclusão temporal – quando não se pratica o ato processual dentro do prazo previs-
to. Exemplo: a parte não interpõe o recurso ordinário dentro do prazo de 8 (oito) dias.
3) preclusão lógica – quando a prática de um ato processual é incompatível com um ato
processual anterior (exemplo: É vedado à parte interessada suscitar conflitos de jurisdição
quando já houver oposto na causa exceção de incompetência – art. 806 da CLT).
PRINCÍPIO DA DIALETICIDADE
Consubstancia-se no fato de o recorrente apresentar argumentos convincentes
de que está insatisfeito com o pronunciamento jurisdicional recorrido, justificativo de
reforma em outra decisão. As razões do recurso são imprescindíveis para o exercício do
direito ao contraditório e para que o órgão julgador tenha condições de apurar a matéria
transferida para o seu conhecimento pelo efeito devolutivo. Neste vértice, preconiza o
STF em sua Súmula 284: ―É inadmissível o recurso extraordinário, quando a deficiência
na sua fundamentação não permitir a exata compreensão da controvérsia‖.
O recorrente deve enfrentar o que fundamentou a decisão, trazendo razões
suficientes para mostrar ao órgão recursal que o pronunciamento deve ser reformado ou
anulado. Para tanto, não é necessária a mudança de argumentos até então apresentados,
mas, se neles for insistir, deve apresentá-los de maneira a impugnar particularmente a
decisão recorrida. Quer dizer, não basta a parte recorrente manifestar o inconformismo e
a vontade de recorrer, ela precisa impugnar todos os fundamentos suficientes para
sustentar o julgado recorrido, demonstrando de maneira discursiva por que o julgamento
merece ser modificado. Apenas desta forma a parte contrária poderá emitir as suas
contrarrazões, formando-se o necessário contraditório em sede de recurso. Se a parte
inconformada não atua conforme estes preceitos, a decisão recorrida é hígida e, em
última análise, não há efetivo interesse recursal.
PRINCÍPIO DA VOLUNTARIEDADE
➜ Refere-se à exigência de que não pode haver dúvida sobre a vontade do recorrente
em refutar o pronunciamento jurisdicional. Não se trata de remessa necessária.
Decorrente do princípio do dispositivo, o princípio da voluntariedade impõe que,
da mesma forma que o ajuizamento de uma ação depende de ato voluntário do autor,
tendo em vista que a função jurisdicional do Estado é de natureza inerte, para interpor um
recurso, a parte que tiver interesse e legitimidade para recorrer não está obrigada a
interpô-lo e, mesmo o fazendo, continua agindo volitivamente ao trazer à reapreciação
jurisdicional apenas a matéria que lhe convém seja reavaliada.
Este princípio faz-se presente também no que toca à desistência do recurso,
eis que, diferentemente do que ocorre com a petição inicial, em sede recursal, cabe à
parte, por sua vontade, mesmo já tendo sido intimada a outra parte acerca da interposição
de recurso, resolver se continua ou não com o trâmite recursal.
PRINCÍPIO DA CONVOLAÇÃO
Possibilidade de uma impugnação adequada ao caso concreto ser conhecida e
recebida como se fosse outra, quer porque esta apresente maiores vantagens
processuais ao postulante, quer porque ausentes na impugnação deduzida os
pressupostos recursais de tempestividade, forma, interesse ou legitimidade. Ou seja,
ocorre quando um recurso interposto corretamente é convolado (mudado) em outro, por
ser mais benéfico e vantajoso ao recorrente. Este se diferencia da fungibilidade, pois
nesta, o recurso interposto foi errôneo, já na convolação, o recurso foi interposto
corretamente.
EFEITO DEVOLUTIVO
Uma das grandes peculiaridades dos recursos trabalhistas é que eles são
dotados, em regra, apenas do efeito devolutivo, permitida a execução provisória até a
penhora, conforme estabelece o art. 899, caput, da CLT:
➜ Dessa forma, o efeito devolutivo traduz a ideia de que o recurso devolve ao Poder
Judiciário a apreciação da matéria.
Assim, todas as teses jurídicas discutidas nos autos são transferidas ao Tribunal. Nesse
sentido, aduz a Súmula 393 do TST: O efeito devolutivo em profundidade do recurso
ordinário, que se extrai do § 1º do art. 515 do CPC, transfere ao Tribunal a apreciação dos
fundamentos da inicial ou da defesa, não examinados pela sentença, ainda que não
renovados em contrarrazões.
EFEITO SUSPENSIVO
1ª) Nos termos do art. 9º da Lei n. 7.701/88, transcrito a seguir, o Presidente do TST
poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ordinário interposto em face de sentença
normativa proferida pelo TRT, pelo prazo improrrogável de 120 dias contados da
publicação, salvo se o recurso ordinário for julgado antes do término do prazo:
2ª) A Súmula 414, inciso I, do TST aduz que a ação cautelar é o meio próprio para obter
efeito suspensivo a recurso:
EFEITO TRANSLATIVO
Trata-se da possibilidade de o tribunal conhecer de matérias que não foram
ventiladas nas razões ou contrarrazões do recurso. Isso ocorre com as objeções
processuais ou matérias de ordem pública, que devem ser conhecidas de ofício pelo
juiz em qualquer tempo e grau de jurisdição. Nesses casos, não se pode falar em
julgamento ultra, extra ou infra petita.
EFEITO REGRESSIVO
O efeito regressivo consubstancia a possibilidade de retratação ou
reconsideração do próprio órgão que proferiu a decisão impugnada.
EFEITO SUBSTITUTIVO
PRESSUPOSTOS RECURSAIS
Em regra, todo recurso é submetido a dois JUÍZOS DE ADMISSIBILIDADE, quais sejam:
➝ Primeiro juízo de admissibilidade (juízo a quo): realizado pela autoridade
que proferiu a decisão objeto de recurso.
1. CABIMENTO
➜ Os recursos devem ser cabíveis à decisão a ser impugnada. Primeiramente, o ato
judicial deve ser recorrível, ou seja, ser passível de impugnação por medida
recursal. Em contrapartida, o recurso deve ser adequado a impugnar a decisão. Se a
parte interpuser o recurso incorreto para a decisão, ele não será conhecido, salvo as
hipóteses de aplicação do princípio da fungibilidade.
2. LEGITIMIDADE
A CLT não disciplina a questão. Desse modo, resta aplicável ao Processo do Trabalho
(art. 769 da CLT) o disposto no art. 499 do CPC.
Desse modo, podem recorrer no Processo do Trabalho:
a) as partes do processo;
b) o Ministério Público quando atuou como parte ou oficiou como fiscal da lei;
c) o terceiro juridicamente interessado.
➝O Ministério Público do Trabalho tem legitimidade para recorrer como parte ou como
fiscal da lei (custos legis) desde que tenha intervindo no processo na fase de
conhecimento.
➝Pode também recorrer o terceiro, ou seja, aquele que não participou do processo na
fase anterior ao recurso, mas que tem interesse jurídico, pois pode sofrer os efeitos
e ser prejudicado pela decisão.
3. INTERESSE RECURSAL
Interesse recursal significa a necessidade da parte em buscar a alteração da
decisão favorável por meio do recurso.
Em nosso entendimento, estão corretos aqueles que pensam que a parte tem
interesse processual ao recorrer para buscar um pronunciamento de mérito, pois, em
caso de extinção do processo sem Resolução de mérito, a pretensão poderá ser
renovada em outro processo, tendo a parte ora beneficiada pela extinção de
responder a outro processo. Todavia, a possibilidade de recurso nessa situação atende
aos princípios da efetividade e economia processual, pacificando o conflito, evitando
que o litígio se perpetue.
➝ Não terá interesse em recorrer a parte que aceita a decisão expressa ou tacitamente.
Nesse sentido, dispõe o art. 503 do CPC, que resta aplicável ao Processo do Trabalho,
por força do art. 769 da CLT.
➝ A aceitação tácita se configura quando a parte vencida pratica atos inequívocos que
são incompatíveis com a vontade de recorrer.
1. PREPARO
➝O valor das custas é fixado na sentença (art. 832, § 2º, da CLT), e é um requisito
essencial. O valor da condenação para efeito de custas não se confunde com o valor da
causa, pois o valor da condenação tem por base o somatório dos benefícios patrimoniais
obtidos pelo autor no processo.
➝ A parte beneficiária da Justiça gratuita não pagará custas para recorrer.
2. DEPÓSITO RECURSAL
O depósito recursal consiste em valor pecuniário a ser depositado na conta
do reclamante vinculada ao FGTS, devido quando há condenação em pecúnia, como
condição para conhecimento do recurso interposto pelo reclamado (ver art. 899 da CLT).
➝ Como visto, trata-se de um depósito que deve ser realizado na conta vinculada do
reclamante junto ao FGTS (§ 4º do art. 899 da CLT) em valor fixado pela lei.
➝ Não se trata de taxa judiciária, pois não está vinculado a um serviço específico do
Poder Judiciário, e sim de um requisito para o conhecimento do recurso e uma garantia
de futura execução.
O § 1º do art. 899 da CLT determina que, uma vez transitada em julgado a decisão que
condenou o reclamado a pagar parcelas pecuniárias ao reclamante, o Juiz do Trabalho
deve liberar o valor do depósito recursal ao reclamante, o que denota ser o depósito
uma verdadeira garantia de futura eficácia da execução por quantia. Não obstante a
clareza do dispositivo legal, acreditamos que, se a sentença foi ilíquida, antes de liberar
o valor do depósito ao reclamante, deve o Juiz do Trabalho tomar algumas cautelas a
fim de evitar que sejam liberados ao autor valores superiores ao seu crédito,
considerando-se todos os transtornos advindos de se ter que executar o reclamante caso
tal aconteça. Desse modo, pensamos dever o Juiz do Trabalho liberar o depósito ao
reclamante somente após a liquidação da sentença, se esta for ilíquida. Se a decisão de
condenação for revertida em grau de recurso, o depósito recursal será imediatamente
liberado ao reclamado (ver § 1º do art. 899 da CLT).
Para os processos em que não se discute uma relação de trabalho ou que não
envolvem uma verba trabalhista stricto sensu, o procedimento aplicável, salvo se forem
processadas por rito especial, é o da CLT (Instrução Normativa n. 27/2005 do TST).
Desse modo, se figurar no polo passivo um tomador de serviços, ainda que não
seja empregador, para recorrer, deve realizar o depósito recursal.
SÚMULA 128, II, TST: Garantido o juízo, na fase executória, a exigência de depósito
para recorrer de qualquer decisão viola os incisos II e LV do art. 5º da CF/1988.
Havendo, porém, elevação do valor do débito, exige-se a complementação da garantia do
juízo.
SÚMULA 128, I, TST: é ônus da parte recorrente efetuar o depósito legal, integralmente,
em relação a cada novo recurso interposto, sob pena de deserção. Atingido o valor da
condenação, nenhum depósito mais é exigido para qualquer recurso.
Súmula 245 do TST: O depósito recursal deve ser feito e comprovado no prazo alusivo
ao recurso. A interposição antecipada deste não prejudica a dilação legal.
SÚMULA 86 DO TST: Não ocorre deserção de recurso da massa falida por falta de
pagamento de custas ou de depósito do valor da condenação. Esse privilégio, todavia,
não se aplica à empresa em liquidação extrajudicial.
3. REGULARIDADE FORMAL
Em razão dos princípios da celeridade, simplicidade, informalidade e acesso real
e efetivo à jurisdição trabalhista, no Processo do Trabalho, os recursos são interpostos
por simples petição, não precisando o recorrente, no recurso ordinário, declinar as razões.
Não obstante, se as razões forem declinadas e também as matérias, o Tribunal Regional
do Trabalho ficará vinculado à matéria impugnada.
Quando o recurso trabalhista exige pressupostos específicos de admissibilidade,
não há como se interpretar isoladamente a regra geral do art. 899 da CLT, mas, sim, em
cotejo com os dispositivos que disciplinam os requisitos específicos de admissibilidade do
recurso.
4. TEMPESTIVIDADE
ATENÇÃO: Os prazos dos recursos são contados excluindo-se o dia do início e incluindo-
se o dia do vencimento.
RECURSOS EM ESPÉCIES
RECURSO ORDINÁRIO
Recurso que guarda semelhanças com a apelação do Direito Processual Civil, o
recurso ordinário trabalhista está previsto no art. 895 da CLT, nos seguintes termos:
IMPORTANTE LEMBRAR!
A Súmula 214, do TST traz hipóteses de decisões interlocutórias atacáveis por RO: ―Na
Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, §1º, da CLT, as decisões interlocutórias não
ensejam recurso imediato, salvo nas hipóteses de decisão:
➝ Há, porém, decisões finais que não admitem RO. A Lei 5.584/70, em seu art. 2º, §4º,
traz uma das hipóteses: salvo se versarem sobre matéria constitucional, não caberá
recurso contra as sentenças proferidas nos dissídios de procedimento sumário, cujo valor
da causa seja igual ou inferior a dois salários mínimos. Outra hipótese é trazida pela
Orientação Jurisprudencial (OJ) n. 5, do Pleno do TST: ―Não cabe recurso ordinário contra
decisão em agravo regimental interposto em reclamação correicional ou em pedido de
providência‖.
JUÍZOS DE ADMISSIBILIDADE
I- somente é cabível nos dissídios individuais, não sendo cabível nos dissídios
coletivos;
a) Divergência jurisprudencial (lei federal): assevera o art. 896 da CLT caber Recurso
de Revista quando a decisão proferida pelos Tribunais Regionais: ―a) derem ao mesmo
dispositivo de lei federal interpretação diversa da que houver dado outro Tribunal
Regional, no seu Pleno ou Turma, ou a Seção de Dissídios Individuais do Tribunal
Superior do Trabalho, ou a Súmula de Jurisprudência Uniforme desta Corte‖.
SÚMULA 333 DO TST: Não ensejam recurso de revista decisões superadas por iterativa,
notória e atual jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho‖.