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Economia do Brasil

1ª. Avaliação – 1ª Chamada

Questões discursivas

Selecione 3 (três) questões abaixo e responda, utilizando suas próprias palavras e interpretação, de
forma dissertativa e sintética, em torno de 20 linhas, aproximadamente, para cada questão. Importante
observar que não vai ser admitido fazer cópias de trechos do livro e nem compartilhamento de respostas
entre os estudantes.

1) Diversos autores utilizam a denominação “modelo agroexportador” para caracterizar a economia


brasileira no período da República Velha. Explique em que consiste tal modelo e que razões teriam
levado a sua substituição por outro “modelo” a partir da década de 1930.

O modelo agroexportador consiste tanto na produção de matérias-primas agrícolas como na exportação


desses gêneros agrícolas aos países centrais (principalmente europeus), sendo fundamental na construção
sócio-histórica do Brasil. Esse modelo baseia-se essencialmente na concentração fundiária (de modo que
poucas pessoas controlam a maior parte das terras), na monocultura (de modo que se cultiva poucos, ou até
mesmo um único, produtos, que tem valor de mercado e não valor de uso para a população local) e na
manutenção de estruturas econômicas e sociais tradicionais, privilegiando a manutenção da concentração
fundiária e das diferenças entre proprietários e camponeses como base da manutenção deste sistema
econômico.
Quanto a sua substituição, o fato que mais contribuiu para que o Brasil saísse de um modelo econômico
agrícola e agroexportador para o modelo industrial, é o fato de a atividade cafeeira ter entrado em decadência
na década de 1920, muito por conta da forte crise na economia mundial em 1929, provocada pela falência da
bolsa de valores de Nova York. A crise de 1929 atingiu duramente os Estados Unidos e os países europeus.
Sendo ainda um país predominantemente agrário, exportador de produtos primários, principalmente o
café, e dependente dos mercados e empréstimos externos, a crise de 1929 atingiu duramente a economia do
Brasil. Nesse contexto, os mercados consumidores encolheram drasticamente. Diante da crise, os
cafeicultores recorreram, como de costume, ao apoio do governo federal que, porém, foi incapaz de dar
continuidade à política de proteção ao setor. Por esse motivo, a crise de 1929 também foi um importa
importante fator a contribuir para o enfraquecimento político das oligarquias cafeeiras e além disso deixou
claro para as elites dominantes a inviabilidade e os limites do modelo de economia agroexportadora, o que
influenciou na adesão de outro sistema, a industrialização.

2) Desde o final do século XIX até o presente, o Brasil vem sofrendo com crises de balanço de
pagamentos. Dentre as várias que ocorreram neste período, destaque duas que você considera
relevantes para a história econômica do Brasil e descreva-as, procurando encontrar pontos de
contato e afastamento, tanto de suas causas e consequências, quanto das suas formas de
enfrentamento.
3) Os dois períodos de crescimento econômico mais intenso da história do Brasil são aqueles
denominados de período do Plano de Metas e período do Milagre Econômico. Discuta os pontos
comuns e distinções entre estes dois períodos e também se há alguma conexão entre eles,
enfatizando os seguintes aspectos: fatores determinantes do crescimento, participação do setor
público, inserção internacional (comercial e financeira), desempenho da agricultura, e mercado de
trabalho.
4) “A descoberta de ouro em Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás e sul da Bahia provocou
transformações radicais na vida, até então agropastoril, da colônia. Muito embora, no balanço do
século XVIII, as rendas com o açúcar tenham superado as do ouro, as modificações trazidas pela
mineração mudaram irreversivelmente a face da colônia. A plantation, a atividade extrativa e a
agricultura de subsistência não acabaram, mas lhes foi acrescentada uma nova forma econômica,
cujas relações de produção, circulação e consumo de bens, além das de trabalho eram diversas.”
Conforme expresso no texto acima, a atividade mineradora no Brasil colonial, destacadamente na
primeira metade do século XVIII, provocou diversas transformações na estrutura socioeconômica
da colônia. Cite pelo menos três diferenças da sociedade mineradora em relação à estrutura da
sociedade canavieira, e alguns dos seus impactos do ponto de vista econômico e político.
As primeiras mudas de cana-de-açúcar foram trazidas por colonos e em pouco tempo o açúcar passou a
ser a mais importante atividade comercial da colônia, superando o a extração de pau-brasil. Dentre os
principais motivos para a escolha do açúcar estão as favoráveis condições naturais (o clima e o solo
propícios); a experiência adquirida pelos portugueses com sua produção na ilha da Madeira e nos Açores;
e os altos preços que o açúcar atingia no mercado europeu, afinal, era considerado uma especiaria de luxo.
Com a queda vertiginosa do preço do açúcar, o governo português passou a incentivar mais
veementemente a busca por ouro, encontrado apenas no final do século XVII por bandeirantes paulistas em
Minas Gerais. A notícia da descoberta espalhou-se rapidamente, provocando um grande aumento
populacional na região das minas. Junto com as pessoas começaram os conflitos, como a Guerra dos
Emboabas. As crescentes disputas pelo ouro aceleraram a organização administrativa da região pelo governo
português.
Foi principalmente em função do ouro que, pela primeira vez na colônia, uma série de núcleos
urbanos eram criados próximos uns dos outros. Minas Gerais se transformou num ótimo mercado
consumidor com uma sociedade urbana onde, teoricamente, a mobilidade social era possível. A ilusão do
lucro fácil gerou grandes gastos desnecessários, aumentando a pobreza e incentivando a arte (Arcadismo).
Houve muita discussão sobre a pobreza mineira. Na segunda metade do século XVIII a produção do ouro
caiu brutalmente. Acreditando que a escassez do ouro se devia à negligência com o trabalho e ao
contrabando, o governo aumentou o controle e a opressão.

5) A borracha brasileira propiciou o desenvolvimento industrial de vários países, mas na Amazônia foi
responsável apenas por um pequeno período faustoso, no qual, segundo se diz, “uma minoria
chegou a acender charuto com dinheiro”. Na sua opinião, quais foram os principais motivos que
impediram esse processo na Amazônia brasileira?

O produto do extrativismo mais importante, para a Amazônia, sob o ponto de vista econômico,
particularmente no período de 1900 a 1940, sem dúvida foi a borracha. Ao longo de décadas o centro das
atenções econômicas, inclusive o capital internacional, estava voltado para a seringueira da Amazônia. O que
pode ser observado através da introdução da navegação a vapor e o investimento feito na compra destas
embarcações pelo capital nacional na época, o que impulsionou grandemente o desenvolvimento econômico
da região amazônica durante o século XIX, sobretudo por ter se associado ao ciclo econômico da borracha,
que atraiu grandes investimentos e um largo contingente de pessoas para essa região, formando grandes
centros urbanos, como o de Belém. Esse grande contingente de ocupação que pode ser caracterizado como
um dos principais motivos que impediram o processo de desenvolvimento industrial na Amazônia brasileira.
As consequências sobre outras atividades econômicas, principalmente sobre a agricultura, foram
marcantes. A queda da produção do milho, do feijão e do arroz obrigou à importação desses produtos do
exterior. A economia amazônica, que tinha como base anterior as especiarias extraídas da floresta, desde os
fins do Século XVIII entrou em decadência. A desestruturação do sistema de exploração de mão-de-obra,
implantado pelos missionários religiosos, criou uma situação de estagnação econômica na região. Alguns
produtos do extrativismo, ainda assim, continuaram importantes, como o cacau. Com o advento da borracha,
a economia regional ressentiu-se da escassez de mão-de-obra, mormente se levarmos em conta a dificuldade
de se estruturar a produção com base na mão-de-obra indígena local.
As pressões do mercado internacional sobre a produção de borracha amazônica, crescentes nas últimas
décadas do Século XIX, forçaram então a busca de soluções a curto prazo.
A partir dessa ideia, diz que a região não se desenvolveu por que os mais ricos importavam os
produtos para consumo e assim não houve investimento na produção interna da região. E não houve
modernização na produção da borracha vulcanizada, então quando a produção asiática explodiu, não teve
como a Amazônia competir de forma ideal. Os legados culturais, arquitetônicos e pequenos comércios foram
muito importantes, mas não houve um legado industrial para a região e tão somente uma grande massa de
trabalhadores advindos do Nordeste que ficou sem a principal fonte de renda da conjuntura.

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