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LIGAS DE OURO E ALTERNATIVAS

Conceitos

Metal: substância química opaca ou brilhante, boa condutora de calor e


eletricidade (devido a nuvem eletrônica que se forma na superfície do metal)

e, quando polida, boa refletora de luz.

Liga Metálica: composto sólido de um metal com um ou mais metais ou com um

ou mais não metais.

Quantificar conteúdo de ouro em liga

Quilate: partes de pureza do total do ouro, podendo ser expressa em 1/24 que

é igual a 4,167%. O ouro puro tem 24kt. Não expressa os outros componentes
da liga.

Permilagem: identifica o conteúdo de ouro da liga e indica em quantas partes


por mil. O ouro puro é 1.000. Não expressa os outros componentes da liga.

LIGAS DE OURO

Ouro: material restaurador direto (em pacientes com baixo índice de cárie e
áreas não sujeitas a grandes tensões), substituído por amálgama e

restaurações fundidas. É o mais dúctil e maleável de todos os metais, significa


que é facilmente brunido e adaptado às margens do preparo

Vantagens:

-insolubilidade, inativo quimicamente e não afetado pelo ar, calor, umidade e

pela maioria dos solventes/ estabilidade, mantendo um alto polimento/ alta


ductibilidade, perfeita adaptação às paredes da cavidade/ raramente sofre

manchamento ou corrosão

Desvantagens:

-preço e estética/ dificuldade de manipulação, exigia paciência e habilidade/


baixa dureza, inaceitável sua utilização em áreas sujeitas a grandes tensões
LIGAS FUNDIDAS

Técnica da cera perdida: desenvolvidas por Taggart (1907), faz padrão

ceroplástico, elimina a cera e fica com o molde, injeta liga metálica liquefeita.
Usadas para restauração indireta, as ligas para fundição mais usadas eram as

de moedas de ouro e ouro de joalheiro. Composição 90% de ouro, 1-10% de


cobre e 1-7% de prata.

Vantagens: boa fusibilidade, brunimento e excelente resistência a corrosão

Desvantagens: baixa propriedade mecânica, falta de resistência à abrasão e ao

desgaste.

Exemplos do uso atualmente: restaurações metálicas fundidas, coroas totais,


subestruturas de metalocerâmicas, estruturas de PPR, núcleos metálicos.

LIGAS COM ALTO CONTEÚDO DE OURO


Ligas odontológicas para fundição convencionais/ tradicionais, contêm 65% ou
mais de ouro na composição

Componentes principais: prata e o cobre

Componentes modificadores ou de equilíbrio: platina, o paládio e o zinco.

Esses elementos podem ou não estar presente e cumprem um papel importante

no desempenho das ligas de ouro.

COMPONENTES
Ouro: Maior componente, principal função é resistência à corrosão* e

ductibilidade, permite brunimento da liga.


*diretamente ligada à permilagem ou quantidade de metais nobres presentes,

quando a quantidade de ouro é menor que 65% normalmente começa a


manchar-se ou corroer. Pode se diminuir a quantidade de ouro, desde que ele

seja substituído pela platina ou paládio (escolhido por ser mais barato).
Prata: Dúctil, maleável e um excelente condutor de calor e eletricidade.
*em proporções até 15% aumenta a dureza e a resistência à tração das ligas

de ouro, pode substituir o ouro até certos limites sem causar perda nas
propriedades mecânicas e na resistência à corrosão.

*realça a cor da liga, neutralizando a cor, tira o amarelo do ouro e o

avermelhado do cobre.

Cobre: Aumentar a resistência mecânica (4% de cobre ao ouro puro aumenta


sua dureza em cerca de 80%), possibilita o tratamento térmico (reduz a zona

de fusão das ligas de ouro) e confere cor avermelhada à liga.

Platina: Aumentar a resistência mecânica (mesmo em pequenas quantidades),


aumenta resistência à corrosão (pois é um metal nobre), eleva a temperatura

de fusão da liga (possui alto ponto de fusão, 1755ºC, mais difícil de fundir) e é
mais efetiva que a prata no embranquecimento da liga.

Paládio: Aumenta propriedades mecânicas como, dureza e resistência à


tração (liga mais rígida, com menor ductibilidade) e eleva a temperatura de

fusão (acima de 1.500ºC), a adição de pequenas quantidades (10%)


embranquece as ligas. Ação semelhante à da platina, porém, mais barato.

*desvantagens, se a fundição não for feita em condições ideais, em altas


temperaturas ele tem grande afinidade pelo hidrogênio gasoso (produz

porosidades internas, bolhas).

Zinco: Desoxidante durante o processo de fundição, pois alguns metais têm


afinidade pelo oxigênio em altas temperaturas.

*apesar de ter potencial para branquear as ligas e diminuir a temperatura de


fusão, a quantidade incorporada (1-2%) não é suficiente para estes potenciais.
TIPOS E USOS
Existem 4 tipos de ligas de ouro convencionais. As ligas com menor valor de
resistência e dureza são classificadas como tipo I e aquelas com máximo de

dureza são consideradas tipo IV (especificação n.5 da ADA, baseada em


propriedades mecânicas)

*além dos 4 tipos de ligas de ouro convencionais, ainda existem outro sistemas
de ligas de ouro disponíveis. As ligas de ouro branco e as ligas com baixo

conteúdo de ouro.

Tabela 1. Propriedades das ligas de ouro para fundição

Tipo I: raramente usada/ baixo valor de dureza (50-90 NDV)/ baixo limite de
proporcionalidade e alta ductibilidade/ ouro, prata e cobre/ indicadas para

áreas não sujeitas a esforços oclusais/ não respondem ao tratamento térmico.

Tipo II: maior dureza (90-120 NDV)/ usadas para “inlays e onlays”/ menos
amarelo devido a menor quantidade de ouro e presença de paládio/ não

respondem ao tratamento térmico.

Tipo III: ligas duras (125-170 NDV)/ coroas e pontes/ passíveis de

tratamento térmico (suas propriedades mecânicas podem ser alteradas quando


submetidas a ciclos selecionados de temperatura)

Tipo IV: extra-duras (175-250 NDV)/ estruturas de PPR, áreas de grandes

concentrações de tensão/ passíveis de tratamento térmico (presença de


metais modificadores em maior quantidade)

*desempenham papel pouco importante já que as estruturas de PPR são


confeccionadas geralmente com ligas de metais básicos como cobalto-cromo.

Tabela 2. Composição das ligas de ouro para fundição. p(%)

*Alongamento: I> II> III> IV capacidade de deformar resistindo a tração


*Resistência a tração: IV> III> II> I
LIGAS DE OURO BRANCO
Cor prateada, acima de 6% de paládio na composição/ diminuição de 5 a 10% no
conteúdo de ouro e aumento de paládio para até 10%/ propriedades

semelhantes às das ligas convencionais tipo III e IV/ passíveis de tratamento


térmico/ desvantagem de ser mais difíceis de fundir e fácil contaminação com

impurezas gasosas em altas temperaturas (hidrogênio).

LIGAS COM BAIXO CONTEÚDO DE OURO


Cor mais clara/ conteúdo de ouro entre 40% a 60%, ou seja, menor/ alto

conteúdo de prata/ maior conteúdo de paládio/ equivalente as ligas


convencionais tipo III e IV/ passíveis de tratamento térmico/ mais barata

devido a menor densidade (na prática o volume de uma liga com baixo conteúdo
de ouro é maior para um peso determinado, o que também leva a menor gasto

quando se tem que usar uma grande quantidade de liga, uma vez que as ligas
são compradas por peso)

Tabela 3. Composição típica de uma liga de ouro convencional e outra com


baixo conteúdo de ouro

TRATAMENTO TÉRMICO

*exceto ligas do tipo I e II, que não respondem a este tratamento.

Amaciador: Temperatura de 700ºC por 10 min/ resfriamento brusco em água/

diminuição da resistência mecânica e dureza/ aumento da ductibilidade/


indicado para ligas muito duras, diminui propriedades mecânicas e permite

cortar e polir

*a temperatura elevada faz com que todas as fases intermediárias sejam

transformadas em soluções sólidas desordenadas e a rapidez do resfriamento

evita que haja ordenação. Em 700 ºC a liga não modifica estrutura (não

deforma), mas a sua grade espacial cristalina começa a desarranjar, é quando


o resfriamento congela ela de forma desorganizada, consequentemente ela

fica mole. Após o corte a liga retorna o endurecimento e a grade espacial se


rearruma.

Endurecedor: Temperatura de 250 a 450 por 15 a 30 min/ resfriamento lento


até a temperatura ambiente/ aumento na resistência mecânica e na dureza/

diminuição da ductibilidade

LIGAS ALTERNATIVAS

Surgimento devido a 3 fatores principais: (1) os avanços tecnológicos das

próteses dentárias, (2) os avanços no campo da metalurgia e (3) variações no


preço do ouro desde 1978.

Déc 40, descoberta de que o aumento do conteúdo de paládio contra-atacava o

potencial de manchamento da prata levou ao surgimento das ligas com baixo


conteúdo de ouro.

Déc 50, o grande avanço foi o surgimento das restaurações metalocerâmicas.

Existiam dois grandes problemas de compatibilidade porcelana/metal. O (1)


era o baixo coeficiente de expansão térmica das porcelanas em relação às

ligas de ouro, o que inviabilizava a união entre os dois componentes. Isto foi
resolvido quando se descobriu que a adição de platina e paládio ao ouro

diminuiria o CET das ligas. O (2) problema resolvido com esta adição foi o
aumento da temperatura de fusão das ligas que permitiu a cocção das
porcelanas sem alteração da subestrutura metálica.

As ligas de metais básicos para as PPR, (densidade 8g/cm3), níquel-cromo e


cobalto-cromo substituindo as ligas de ouro para estes usos. As vantagens são
propriedades mecânicas aumentadas e baixo custo.

PROPRIEDADES DESEJÁVEIS DAS LIGAS PARA FUNDIÇÃO

Usadas para fabricar “inlays”, “onlays”, coroas, pontes metálicas, pontes

metalocerâmicas, pontes adesivas, estruturas de PPR e núcleos

1- compatibilidade biológica, não pode formar produtos tóxicos nem óxidos no


processo corrosivo

2- boa fusibilidade (facilidade de fusão, escoamento satisfatório no estado

líquido e cópia de detalhes)

3- facilidade de soldagem e polimento


4- pouca contração de solidificação, se contrai muito pode perder dimensões
5- mínima reatividade com o material de revestimento, o material que vai criar
o molde não pode reagir com a liga
6- boa resistência ao desgaste
7- alta dureza e resistência à deflexão (ligas para

metalocerâmicas, a estrutura metálica deve ser rígida


suficiente para não defletir e quebrar a cerâmica)

8- excelente resistência ao manchamento e à corrosão.

As ligas de ouro convencionais do tipo II e III representam o modelo de

comparação para as outras ligas.

CLASSIFICAÇÃO DAS LIGAS ODONTOLÓGICAS PARA FUNDIÇÃO

(1) Especificação n. 5 da ADA (1989)

(2) Conteúdo de metais nobres (1989)

(3) Indicação clínica da liga

Especificação n. 5 da ADA: ter qualquer composição que passem pelos

testes de toxicidade, manchamento e corrosão, limite convencional de


escoamento e ductibilidade.

Tipo I (macia) – restaurações de pouca tensão, “inlays”

Tipo II (média) – restaurações tensões moderadas, “onlays”

Tipo III (dura) – “onlays”, coroas e próteses parciais fixas de pequena

extensão
Tipo IV (extra-dura) – extrema tensão, como núcleos e pinos intracanais,

próteses parciais fixas de longa extensão e estruturas de PPR (grade)

Tabela 4. tipo de liga e limite convencional de escoamento exigido pela

especificação n.º 5 da ADA

Conteúdo de metais nobres: resistem à oxidação e não são atacados por

ácidos. Dos oito metais nobres, quatro são constituintes das ligas

odontológicas, ouro, platina, paládio e prata. *prata não é considerada

nobre para odontologia por ser muito reativa no meio bucal, sofre

manchamento por sulfetos.

Assim, estão classificadas em (% por peso):

Liga de metais altamente nobres, mínimo 60% de metal nobre e pelo menos

40% deve ser de ouro. Incluídas as ligas de ouro convencionais e as ligas com

baixo conteúdo de ouro

Liga de metais nobres, mínimo 25% de metal nobre e não exige conteúdo

de ouro. Inclui ligas à base de paládio e prata

Liga de metais básicos, metais nobres é inferior a 25%. Inclui as que são a

base de cobalto, cromo, níquel e titânio

Indicação clínica da liga

Ligas para restaurações metálicas, para confecção de restaurações

metálicas fundidas diversas, coroas totais e próteses parciais fixas

totalmente metálicas ou do tipo veneer em resina

Ligas para restaurações metalocerâmicas, o problema da porcelana é a

baixa resistência à tração e ao cisalhamento (friável). Promover a união da

porcelana com a subestrutura de uma liga fundida (união cerâmica metal),

forma uma camada de óxidos que minimiza o problema. Metalocerâmica


compartilham de pelo menos três características comuns: (1) potencial de

união à porcelana; (2) coeficiente de expansão térmica compatível com o das

porcelanas; e (3) temperaturas de solidificação compatível, suficientemente

altas para permitir a aplicação de porcelanas de baixa fusão.

*ligas altamente nobres e nobres tem adição de 1% de elementos oxidantes

como ferro, índio e estanho (elementos oxidantes) para promover a união

Ligas para estruturas de próteses parciais removíveis, alta resistência

mecânica, usadas sob grandes tensões em grampos finos. Semelhantes a liga

tipo IV. Atualmente a maioria das estruturas de PPR estão sendo feitas com

ligas de metais básicos como níquel-cromo, cobalto-cromo, titânio-alumínio-

vanádio e titânio puro, que não é uma liga metálica básica e sim um metal

básico. A maior polularidade das ligas de metais básicos em relação às ligas

de metais nobres está baseada no seu maior módulo de elasticidade,

resistência a manchas e desgaste e baixo custo.

COMPONENTES DAS LIGAS DE METAIS BÁSICOS

Principais (90%): cobalto, cromo e níquel

Modificadores: carbono, ferro, magnésio, berílio, molibdênio, silício,


tungstênio, boro e mais recentemente o titânio

*ligas de cobre-alumínio, merecem consideração por ser desenvolvida no

Brasil e é largamente usada.

Cromo: resistência a mancha e corrosão, devido ao efeito passivador


(camada de óxidos)/ conteúdo máximo de 30% (em maior % fica difícil de

fundir a liga e fica friável)/ aumento da dureza (principalmente na presença


de cobalto)

Cobalto: forma a matriz primária/ aumenta a dureza e módulo de

elasticidade/ metal em maior quantidade em liga alternativa/ muitas ligas de


metais básicos contêm de 45 a 60%

Níquel: aumenta a ductibilidade quando usado em menor concentração (1,5-

2,5%)/ em grandes concentrações (70-80%) diminui resistência à tração,


dureza, módulo de elasticidade e temperatura de fusão

Titânio: metal leve/ baixa densidade (4,51g/cm3)/ biocompatibilidade e

osteointegração/ passividade (mudança de estado ativo quimicamente para

estado menos reativo pela formação de uma camada fina de óxidos, mesmo
quando a superfície é arranhada ou desgastada há uma formação instantânea

desta camada protetora, fornece alto grau de resistência a ataque de ácidos


minerais ou cloretos)/ formas, Ti puro ou liga Ti-6Al-4V

Ligas de cobre-alumínio: desenvolvidas no Brasil para uso em restaurações

fundidas/ cor semelhante as ligas de ouro/ baixo custo/ composição de 80-


90% cobre e 6-10% alumínio/ alta corrosão (embora não aparenta pois a

camada de óxidos não é fortemente aderida e é removida facilmente com e


escovação, mantendo uma superfície brilhante)/ incompatibilidade com o

tecido gengival

IDENTIFICAÇÃO PELOS ELEMENTOS PRINCIPAIS

As ligas não podem ser classificadas apenas de acordo com sua aplicação,
mas também de acordo com sua composição, ou seja, elemento ou elementos

principais.

Ordem decrescente de composição: Ag-Pd 72%-25%, o primeiro metal que


aparece na composição forma a matriz primária, está em maior quantidade

Propriedades físicas ou potencial carcinogênico de risco: Ni-Cr-Mo-Be são

geralmente designadas de ligas Ni-Cr-Be, apesar do Be estar em menor


concentração que o Mo.

CONSIDERAÇÕES BIOLÓGICAS

São as ligas que contêm níquel, aquelas associados a resposta alérgica,

neoplasias malignas (exposição ocupacional), hipersensibilidade. A alternativa


é recorrer a ligas nobres.

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