Você está na página 1de 16

_______________________________________________________________

OBESIDADE E ESTILO DE VIDA

Moacir Rodrigues da Silva *


contato.drmoacir@gmail.com

* Médico Diplomado em Medicina pela Universidade Federal de Mato Grosso, 2019.


Resumo
A obesidade é uma doença crônica, que se caracteriza principalmente pelo
acúmulo excessivo de gordura corporal. O número de pessoas obesas tem
crescido rapidamente, tornando a doença um problema de saúde pública. No
Brasil, existem mais de 20 milhões de indivíduos obesos. Na população adulta,
12,5% dos homens e 16,9 % das mulheres apresentam obesidade e cerca de
50% têm excesso de peso (sobrepeso). A principal causa de obesidade é a
alimentação inadequada ou excessiva. Para manter o peso ideal é preciso que
haja um equilíbrio entre a quantidade de calorias ingeridas e a energia gasta ao
longo do dia. Quando há abundância de alimentos e baixa atividade energética
existe o acúmulo de gordura. Por isso, o sedentarismo é o segundo fator
importante que contribui para a obesidade. Além disso, existem os fatores
genéticos, em que uma pessoa pode herdar a disposição para obesidade; ter o
metabolismo mais lento, o que facilita o acúmulo de gorduras e dificulta o
emagrecimento, ou ter aumento de peso por conta das oscilações hormonais.
Também existe uma influência dos fatores psicológicos, quando o estresse ou
as frustrações desencadeiam crises de compulsão alimentar. Em nossos
corpos, a obesidade aparece quando a energia ingerida com os alimentos
supera muito a quantidade de energia gasta nas atividades diárias. Entretanto,
outros fatores também interferem, como a genética, a situação socioeconômica
e o ambiente em que vivemos.
Palavras-chave: Obesidade. Sobrepeso. Mudança do estilo de vida.

| Revista GETS, Porto Alegre, v. 4| 1


_______________________________________________________________

INTRODUÇÃO

Há várias maneiras de conceituar obesidade. Alguns autores


conceituam obesidade como sendo uma alteração do estado nutricional por
excesso de ingestão calórica; outros, como uma doença crônica caracterizada
pelo acúmulo excessivo de gordura corporal.

Para FANDINO (2004, p.26), relata que muitos caracterizam a


obesidade como uma doença multifatorial e que o excesso de gordura
corporal está intimamente relacionado com o aumento do risco de se
desenvolver algumas doenças crônicas não transmissíveis.

Os maus hábitos foram incorporando, passando a formar parte da vida


cotidiana, exemplo disso temos os fast food.
A obesidade contribui com o surgimento de doenças crônicas, afetando
a saúde e qualidade de vida do indivíduo e da sua família.

Para CERCATO, (2004, p.43), a população brasileira em especial a


obesidade está associada ao aumento da prevalência da hipertensão
arterial sistêmica, diabetes Miellitus e hiperglicemia, bem como a
redução das concentrações de HDL.

Estudos epidemiológicos mostram uma tendência de aumento de peso


da população tanto de países desenvolvidos quanto de países
subdesenvolvidos.
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), o número de obesos
passou de 200 a 300 milhões entre 1995 e 2000, chegando próximo dos 15%
da população mundial e em 2003 houve um crescimento bastante expressivo,
chegando a um valor estimado de 1,7 bilhões de pessoas com obesidade ou
sobrepeso segundo os critérios de diagnóstico da própria OMS.
“De acordo com BERNARDI E HALFEN (2005, p. 123) existem estimativas que
em 2.025, o Brasil será o quinto país do mundo a ter problemas de obesidade.”

MATERIAL E MÉTODO

| Revista GETS, Porto Alegre, v. 4| 2


_______________________________________________________________

A obesidade é definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS)


como um acúmulo anormal ou excessivo de gordura corporal que pode atingir
graus capazes de afetar a saúde.
O Índice de Massa Corporal (IMC) é uma razão simples entre o peso e a
altura que é frequentemente usada para classificar a obesidade em adultos. É
definida como o peso em quilogramas dividido pelo quadrado da altura em
metros (kg/m2) e fornece, segundo a OMS, a medida de obesidade mais útil a
nível populacional.

De acordo com (HALPEM, 1999 p.67), a obesidade não constitui um


fenômeno recente. Já existiam pessoas obesas na época paleolítica,
há mais de 2.500 anos atrás.

No entanto, a sua prevalência nunca atingiu proporções tão epidêmicas


como as atuais. O aumento da obesidade foi constatado em praticamente
todos os países em que há acesso a alimentos.
Durante séculos e séculos, foram uma constante para a espécie humana
as privações e carências calóricas proteínas, sendo que sempre foi necessário
muito trabalho, principalmente físico, para a obtenção e preparo dos alimentos.
Na atualidade a situação é muito diferente, pois existe uma maior facilidade
para se obter alimentos e o padrão de vida é cada vez mais sedentário.

REPETP; RIZZOLLI E BONATO, (2003, p.89) diz que as pessoas


comem cada vez mais e se movimentam cada veza menos,
provocando assim um excesso calórico que favorece o
desenvolvimento a aparição da obesidade em pessoas predispostas
geneticamente, o que torna a obesidade uma grande ameaça para a
saúde dos habitantes da maioria das nações, principalmente a do
mundo ocidental.

A capacidade de armazenar energia sob a forma de gordura é


fundamental para suprir nossos requerimentos vitais.
Na pré-história, a luta diária pela sobrevivência, procurar alimentos,
proteção contra o frio, movimentação constante, exigia de nossos
antepassados, grande capacidade de estocar energia e de obter proteção

| Revista GETS, Porto Alegre, v. 4| 3


_______________________________________________________________

térmica. Presumivelmente, eles teriam em seu organismo mecanismos (genes


para promover adipogênese, processos enzimáticos etc...), que facilitassem a
obtenção desta reserva e desta proteção térmica e o resultado final era a
produção constante de gordura, que também era rapidamente metabolizada
para prover as grandes queimas calóricas diárias, sobrevivendo, por seleção
natural, os melhores adaptados.
Essa capacidade de armazenar gordura essencial para nossos
antepassados tornou-se prejudicial com os padrões de vida atuais, nos quais a
excessiva oferta de alimentos acoplados aos crescentes confortos da vida
moderna nos conduz à obesidade: “Dessa forma, o autor HALPEM (1999, p.
103) conclui que a obesidade é uma doença resultante do conflito entre genes
antigos e vida moderna.”São muitos os fatores relacionados na gênese da
obesidade, como os genéticos, os fisiológicos e os metabólicos.
No entanto, para OLIVEIRA, (2003, p.38): Os fatores que poderiam
explicar o crescente aumento do número de indivíduos obesos, provavelmente
estão mais relacionados às mudanças no estilo de vida e aos hábitos
alimentares, como o aumento no consumo de alimentos ricos em açucares
simples e gordura, com alta densidade energética, e a diminuição da prática de
exercícios físicos.
Os hábitos alimentares e a prática de atividades físicas exercem
influência sobre o balanço energético, sendo considerados os principais fatores
passíveis de modificação determinantes da obesidade.
BRASIL, (2006, p. 73) afirma que o que determina de forma imediata se haverá
ou não acúmulo de gordura e, por consequência obesidade, é o balanço
energético, definido como a diferença entre a quantidade de energia consumida
e a quantidade de energia gasta na realização das funções vitais e de
atividades em geral.
Embora o fator genético contribua para a ocorrência da obesidade, na
atualidade, é proposto que somente uma pequena parcela dos casos de
obesidade possa ser atribuída a esses fatores.

| Revista GETS, Porto Alegre, v. 4| 4


_______________________________________________________________

O conhecimento sobre os mecanismos que levam à perda do controle


homeostático do balanço energético em modelos animais de obesidade
cresceu muito nos últimos anos. Esses mecanismos envolvem o
desenvolvimento de um processo inflamatório no hipotálamo e eventualmente
lesão neuronal, resultando em resistência local à ação da leptina e da insulina.
Em humanos também existe indícios, embora indiretos, de que as alterações
semelhantes estejam presentes na obesidade.
Intervenções capazes de frear ou limitar esse processo pode se tornar
importantes estratégias para evitar muitas doenças.
Em modelos animais de obesidade, o fenômeno de resistência
hipotalâmica à ação de hormônios adipostáticos, particularmente a leptina e
insulina, tem sido bem caracterizado. Ao que tudo indica, nestes animais ocorre
uma íntima associação entre a resistência a esses hormônios no sistema
nervoso central e a gênese da obesidade. Nos próximos anos, devem se
intensificar as buscas por métodos que permitem o estudo da ação da leptina e
insulina no sistema nervoso central de humanos:

VELLOSO, (2006, p.119) explana a caracterização da resistência à


ação destes hormônios no hipotálamo de humanos obesos deverá abrir
novas perceptivas para a abordagem terapêutica desta doença.

Nos obesos mórbidos, fatores hereditários, nutricionais e ambientais


contribuem para o desencadeamento da obesidade. Alguns fatores parecem ter
maior importância que outros, como a história familiar e o início da obesidade.
Sabe-se que a obesidade classe III é uma doença de difícil tratamento
clínico pela necessidade de continuidade das mudanças comportamentais e de
hábitos de vida a longo prazo:

PORTO, (2002, ´p.272) menciona a elevada frequência de fatores de


risco cardiovascular, mesmo em indivíduos jovens, pode contribuir para
uma morbimortalidade precoce deste grupo.

| Revista GETS, Porto Alegre, v. 4| 5


_______________________________________________________________

O sobrepeso e a obesidade contribuem com o surgimento de doenças


crônicas e incapacidades, afetando a saúde e a qualidade de vida do indivíduo
e da sua família:

DINIZ E PROENÇA, (2009, p.225) relata que a obesidade está


associada com uma grande variedade de alterações no organismo,
como: endócrinas, dermatológicas, cardiovasculares, gastrointestinais,
pulmonares, ortopédicas, neurológicas e psicossociais.

O mesmo autor considera que a obesidade na adolescência pode ser


um fator de risco para a morte prematura na vida adulta, independentemente
da presença de obesidade nesta etapa da vida.

VIANNA e NOVAES, (2009, p.356) diz que de acordo com os


agravantes, é possível considerar que indivíduos obesos têm menor
expectativa de vida e risco de morte prematura de até 100% maior que
indivíduos com valor de IMC classificado como normal.

Além dos problemas biológicos a obesidade pode causar prejuízos


financeiros, contribuindo para elevar os custos para a família, a sociedade e o
Sistema Único de Saúde (SUS).

ENES e SLATER, (2010, p.459) expõe que somente para internações


associadas à obesidade e sobrepeso, o SUS (Sistema Único de
Saúde) gasta anualmente, aproximadamente 600 milhões de reais.

RESULTADOS

Uma das coisas que torna o tratamento da obesidade muito difícil


segundo MEYER (1999, p.96) é a variabilidade do metabolismo basal
que existe entre as pessoas e entre circunstâncias diferentes.

Dessa forma, pode acontecer situação em que uma pessoa pode


engordar e outra não, embora as duas tenham a mesma digestão calórica. É
importante considerar que a atividade física de obesos é geralmente menor do
que a de não obesos, porém os obesos consomem mais energia fazendo a
mesma atividade física que os que não são obesos.

| Revista GETS, Porto Alegre, v. 4| 6


_______________________________________________________________

A obesidade deve ser diagnosticada e tratada como uma doença,


devendo o obeso entender que a perda de gordura corporal tem o propósito de
redução da morbidade e mortalidade relacionada à obesidade, e não apenas a
melhora estética.

WADDEN e FOSTER, (2000, p.186) diz que com perdas de 5 a 10% do


peso corporal podem-se observar reduções expressivas dos níveis da
pressão arterial, glicemia e lipídios.

Para o tratamento da obesidade é muito importante a abordagem


multidisciplinar, conhecendo que não existe nenhum tratamento eficaz
isoladamente. Qualquer que seja o tratamento escolhido, deve-se associar
mudanças no estilo de vida.

Para FERREIRA, (2005, p.276) o tratamento irá depender da gravidade


do problema, das complicações existentes e das características
próprias do indivíduo.

“Segundo os Arquivos Brasileiros de (Endocrinologia e Metodologia,


2002):” A utilização de fármacos não deve substituir a dieta, a redução da
ingestão de alimentos, os exercícios físicos (como caminhadas e natação) e as
modificações dos hábitos de vida, pois esses consistem nos fundamentos do
tratamento da obesidade.
A Associação Brasileira para o estudo da obesidade e da Síndrome
Metabólica afirma que o tratamento da obesidade se fundamenta nas
intervenções para as modificações do estilo de vida, na orientação
dietoterápica, no aumento da atividade física em mudanças comportamentais.

MC TIGUE, (2003, p. 237) fala que o tratamento medicamentoso só é


indicado quando não há perda de peso com a adoção de medidas não
farmacológicas.

Estão disponíveis vários tratamentos, devidamente estabelecidos e


avaliados, para obesidade. Destes constam as alterações alimentares, a
atividade física, a modificação comportamental, a terapia farmacológica e o

| Revista GETS, Porto Alegre, v. 4| 7


_______________________________________________________________

tratamento cirúrgico. A combinação de diferentes terapias é muitas vezes


necessária.
A cirurgia gástrica tem suas indicações específicas, podendo ser
aplicada a pessoas com obesidade severa (IMC acima de 35) com
comorbidades importantes, ou obesidade muito severa (IMC acima de 40) e
que tenham recebido tratamento dietoterápico e medicamentoso sem sucesso.

FARIA, (2010, p.159) discorre que: é importante considerar que


embora até hoje, esses procedimentos seja o tratamento mais eficaz
da obesidade severa essa cirurgia pode desencadear complicações
nutricionais e metabólicas ainda não totalmente esclarecidas.

Um dos tratamentos mais seguros para a obesidade é a pratica de


atividades físicas e mudanças de hábitos alimentares.
Dessa forma, as ações a serem realizadas para controle da obesidade
devem ser relacionadas para promover a alimentação saudável e a realização
regular de atividade física. Essas medidas serão aplicadas de forma
diferenciada de acordo com a fase do curso da vida; crianças, escolares,
adolescentes, homens, gestantes idosas.
A alimentação e as modalidades de exercício físico a ser prescrita
também diferem segundo o sexo, o nível de renda, a cultura, a idade e o local
de moradia.
“BRASIL (2006, p. 369) aponta que: Todos esses parâmetros devem ser
considerados no momento de intervir no controle da obesidade.”
A redução de alimentos calóricos constitui a base da maior parte dos
tratamentos dietéticos da obesidade. O fato de aderir e dar continuidade a esse
tipo de tratamento geralmente é a parte mais difícil para a maioria das pessoas
obesas, precisando muitas vezes do apoio e incentivo profissional para
obtenção do resultado esperado.
Recomendado no tratamento dietético incentivar o consumo de
alimentos com menos gorduras e calorias, substituir os carboidratos simples e
muito processados por alimentos ricos em fibras, frutas, vegetais e carboidratos
complexos.

| Revista GETS, Porto Alegre, v. 4| 8


_______________________________________________________________

MANCINI (1996, p. 358) diz que: O importante é realizar as refeições


de maneira devagar, em ambientes tranquilos e evitar associar
emoções com ingestão alimentar.
BRASIL, (2006, p.397): A reeducação alimentar deve ser gradativa,
negociando as substituições alimentares, despertando novos prazeres,
sugerindo alimentos, preparações saudáveis, mas que também
acessíveis prazerosos e bonitos, considerando os aspectos
econômicos, culturais e sensoriais do sabor e da aparência.

O efeito dos componentes (macro nutrientes ou alimentos) de dietas


para emagrecimento na perda de peso corporal em indivíduos adultos não está
esclarecido de forma definitiva. É possível que a redução de carboidratos ou a
dieta do tipo mediterrâneo possam surtir maior efeito na perda ponderal do que
apenas a restrição energética. A restrição energética dos componentes da
dieta é ainda a intervenção mais efetiva para perda ponderal.

ALMEIDA, (2009, p. 262) trata que: Aspectos como aceitação,


motivação, estratégias de acompanhamento, preferências individuais
em relação ás dietas de emagrecimento, além de características
próprias dos pacientes, precisam ser considerados e mais bem
estudados.

A prática de atividade física isoladamente não seja capaz de reduzir a


gordura corporal, ela pode auxiliar no controle do peso em longo prazo e
melhorar a saúde e qualidade de vida da pessoa obesa.
Recomenda-se exercícios leves a moderados com o objetivo de evitar
problemas, como lesões musculoesqueléticas, infarto agudo do miocárdio e
broncoespasmo. Também afirma que a adesão ao tratamento aumenta quando
o paciente faz uma atividade física que ele gosta.

SAV, (2000, p.500) diz: Somente a perda de peso lenta e gradual,


garante o máximo de redução de gordura corporal e mínima perda de
massa magra, alcançando assim o sucesso na manutenção do peso.
MARCON (2011, p.429) sugere que um programa de exercícios físicos
supervisionados com quase uma frequência baixa pode interferir de
forma positiva na capacidade funcional, no perfil lipídico, na glicose em
jejum, na pressão arterial e no IMC (Índice de Massa Corporal) de
indivíduos com obesidade mórbida.

| Revista GETS, Porto Alegre, v. 4| 9


_______________________________________________________________

Programa de exercícios de baixa na capacidade funcional, no perfil


lipídico, na glicose em jejum, na pressão arterial e no IMC de indivíduos com
obesidade mórbida. Um programa de exercícios de baixa intensidade pode
favorecer a aderência de pacientes com baixa tolerância ao exercício e pode
ser mais fácil de ser instituído na rede pública de assistência.
Os médicos da Saúde da família são, com frequência, quem tem a
primeira oportunidade de encorajar a perda de peso e são os seus consultórios
o pilar do tratamento da obesidade das suas comorbidades.

No entanto, SERDULA (2003, p.458) diz que apesar da prevalência


crescente, permanece uma considerável resistência por parte de
muitos profissionais em envolver-se ativamente no tratamento da
obesidade.

Para esta relutância são variadas, mas incluem uma má percepção das
causas da obesidade. Falta de treino, tempo de consulta insuficiente para lidar
com as dificuldades que este tipo de paciente impõe e a ideia pré-concebida de
que as taxas de sucesso a longo prazo são baixas, o que afeta a motivação
para investir nestes doentes.
O desenvolvimento de uma estratégia de perda efetiva depende da
análise de diversos fatores incluindo o grau de obesidade individual, a história
pessoal de ganho de peso, os níveis de atividades físicas, os riscos associados
(como obesidade abdominal, tabagismo, farmacoterapia e história dos fatores
precipitam dores do ganho de peso.

SERDULA, (2003, p. 501) recomenda uma avaliação psicossocial e


comportamental é também essencial, assim como da motivação para a
perda de peso.

O exame físico de rotina deve incluir a medição da PA (Pressão Arterial),


do IMC (Índice de Massa Corporal) e aferições glicemia jejum. Esta análise
deve permitir que o médico e o paciente concordem num objetivo realista e
razoável.
“Para KLEIN: (2004, p. 526) Este ponto é crucial para o sucesso do
plano.”Um acompanhamento intensivo, com reuniões frequentes e a promoção

| Revista GETS, Porto Alegre, v. 4| 10


_______________________________________________________________

de reuniões de grupo estão também associados a melhores respostas.


“CHRISTAKIS, (2007, p. 452) qualifica que o envolvimento da família também
pode ser positivo em alguns casos selecionados.”. “ECKEL, (2008, p. 549)
explica que estão indicadas diferentes estratégias em função dos objetivos
propostos.”. Quando o objetivo é a redução de peso será necessário um
balanço energético negativo temporário, o que implica redução da ingestão ou
aumento do dispêndio.
A terapia farmacológica pode ser apropriada para os obesos de alto
risco em que as mudanças de estilo de vida não foram eficazes na redução de
peso.

YANOVSKI, (2002, p.511) diz que deve ser considerado sempre que os
pacientes têm IMC (Índice de Massa Corporal) maior ou igual 30 e
quando a dieta, o exercício e os regimes comportamentais não tiveram
sucesso ou quando for maior ou igual a 25 está associado a Co-
morbilidades importantes que persistem apesar das estratégias
implementares.
BAAK e WADDEN (2005, p.343) propõem que: os fármacos aprovados
devem ser utilizados juntamente com alterações alimentares e do estilo
de vida, sendo que o recurso a esta terapia aumenta a adesão às
alterações alimentares, ao exercício e aos regimes de modificação
comportamental.

Há aqui a importância de realçar que os fármacos disponíveis para o


tratamento da obesidade não curam a doença; quando são descontinuados os
pacientes voltam a ganhar peso.
O tratamento cirúrgico da obesidade mórbida ainda é uma das opções
terapêuticas, desde que foi desenvolvido na década d 1950.

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) A cirurgia de


obesidade é considerada o método mais efetivo de redução de
peso e sua manutenção nos doentes severamente obesos.

Numa base de custo/Kg de peso perdido, o tratamento cirúrgico torna-


se, ao fim de 4 anos, menos dispendioso que qualquer outro tratamento.

Para ENDOCRINOLOGIA BÁSICA E CLÍNICA, (2006, p. 154)


existe inúmeras técnicas usadas, mas todas acarretam um
número de complicações graves. As complicações intra-

| Revista GETS, Porto Alegre, v. 4| 11


_______________________________________________________________

operatória, os riscos de anestesia e os problemas pós-


operatórios (sepsie, contaminação bacteriana da alça cega,
desenvolvimento de estetose hepática e cirrose, são
preocupações comuns).

De forma simplificada, estes métodos baseiam-se ou na restrição da


energia ingerida; ou na má absorção ou má-digestão alimentar, ou na
combinação dos dois. Os pacientes devem ser selecionados para tratamento
cirúrgico de acordo com os seguintes princípios:
A- Devem ser tentados primeiro tratamento não cirúrgicos, incluindo medidas
dietéticas e fármacos,
B- A cirurgia só deve ser utilizada em pacientes bem informados e motivados
que tenham um risco cirúrgico aceitável, os pacientes devem ter IMC (Índice de
Massa Corporal) maior ou igual 40 ou maior ou igual a 35 se houver co-
morbilidades graves e de alto risco associadas.
Geralmente ocorre perda de mais de 20Kg durante os primeiros 12
meses após a cirurgia, embora algum desse peso seja recuperado dentro de 5-
15anos. Na maioria dos pacientes a cirurgia melhora também as comorbidades
associadas à obesidade.

De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde),


medidas de qualidade de vida, incluindo empregabilidade, salário
médio, interação social, mobilidade, auto estima e depressão
estão também beneficiados na maioria dos pacientes
submetidos a cirurgia anti-obesidade.

CONCLUSÃO

Na história da humanidade, o ganho ponderal de peso foi visto como


sinal de saúde e prosperidade.
Hoje, no entanto a obesidade é uma ameaça crescente à saúde por
todo o mundo, sendo tão comum que está a substituir antigas preocupações de
saúde pública como a subnutrição e as doenças infecciosas.

| Revista GETS, Porto Alegre, v. 4| 12


_______________________________________________________________

As causas fundamentais da obesidade epidêmica são sociais, resultante de um


ambiente que promove estilos de vida sedentários e o consumo de alimentos
com alto teor de gorduras e densamente energéticos.
Mas esta doença, relacionada com o risco aumentado de inúmeras
doenças e elevados custos que lhe são atribuídos, é previsível. Neste sentido,
devem ser promovidos estilos de vida saudáveis, que combinem dietas
equilibradas de baixa energia com atividade física aumentada e redução do
comportamento sedentário.
Apesar destas medidas, a obesidade não pode ser prevenida ou
abordada apenas ao nível individual. Só através de uma ação global, conjunta,
bem estruturada, envolvendo todos os setores (sociedade civil e ONGs setor
privado, profissionais da saúde, organizações locais, nacionais e
internacionais), se poderá mudar o curso desta epidemia.
As comunidades, os governos, os meios de comunicação social e a
indústria alimentar têm de trabalhar em conjunto para modificar o ambiente e
torna-lo menos indutor do ganho ponderal.
No entanto, muitos países não possuem capacidade de resposta por
parte dos cuidados de saúde que permita a implementação destes sistemas.
Deve-se, então, ser dada mais atenção a estratégias que tenham por objetivo a
prevenção do ganho ponderal, em particular a pequenos projetos pilotos que
determinem a eficácia de estratégias de intervenção específicas.
Além das medidas preventivas, devem ser promovidas estratégias de
intervenção específicas. Assim também, devem ser promovidas estratégias de
diagnóstico, triagem e tratamento. Suporte e assistência adequada devem
fazer parte de todas as estratégias de abordagem por forma e assegurar que a
dieta, a atividade física e que as outras alterações para um estilo de vida
saudáveis sejam sustentadas.
Portanto há uma necessidade urgente de adequar a formação dos
profissionais de saúde, por exemplo, através da realização de ações de
formação para os técnicos de saúde que tenham por objetivo a atualização dos
conhecimentos nesta área. Deve ainda ser dada prioridade a estudos que

| Revista GETS, Porto Alegre, v. 4| 13


_______________________________________________________________

avaliem a razão risco benefício de esquemas integrados e prolongados para


perda ponderal em termos de mortalidade, co-mortalidade, qualidade de vida e
eficácia custo benefício.
Neste sentido, os cuidados de saúde primários constituem um
importante instrumento de investigação, sendo uma fonte de dados essencial
no que diz respeito à vigilância epidemiológica e à investigação de estratégias
de promoção de saúde, daí neste contexto que esta problemática de
estratégias de promoção de saúde deve ser abordada.
A investigação e a evidência são a base de toda a evolução científica e
deve surgir como um processo lógico decorrente de sistemas de garantia de
qualidade dos serviços prestados.

Referências

ALMEIDA. J.C. et al. Revisão sistemática de dietas de emagrecimento:


papel dos componentes dietéticos. Arq Bras Endocrinol Metab. São Paulo,
v.53. 2009.

BERNARDI, F.; Chicheiero, C; Vitoio, M.R. Comportamento de Restrição


Alimentar e Obesidade. Revista de Nutrição. Campinas. 2005.

BRASIL. Ministério da saúde. Secretaria de Atenção da Saúde. Departamento


de Atenção Básica. Caderno de Atenção Básica – 12. Obesidade. Brasília –
DF. 2006.

FANDINO; Benchimol A.K.. Cirurgia Bariática: Aspectos Clínicos-Cirurgicos


e Psiquiátricos. Porto Alegre. V.26 – 2004.
FERREIRA, J. P. Diagnóstico e tratamento. Artmed. Porto Alegre. 2005.

IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA.


Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. São Paulo. 2018.

| Revista GETS, Porto Alegre, v. 4| 14


_______________________________________________________________

OMS, Organização Mundial de Saúde. Relatório Mundial de Saúde 2000:


Cuidados Mundial de Saúde Primária- Agora ou Nunca. Genebra: OMS
2000.
__________. Relatório Mundial de Saúde 2008: Cuidados de Saúde
Primários Agora Mais que nunca. Genebra: OMS, 2008.
OLIVEIRA, C.H.S. Obesidade infantil: Influência dos fatores biológicos e
ambientais em Feira de Santana. BA. 2003.
__________. Avaliação de Síndrome metabólica em uma comunidade de
Florianópolis. UFSC. Florianópolis. 2010.
DINIZ, V.; PROENÇA.C. Um fenômeno de readaptação. Pesquisa Médica.
São Paulo. 2009.
FARIA, H.P; SANTOS.M.A. Planejamento e avaliações das ações em
Saúde. 2 edição, Belo Horizonte: NESCON/UFMG,2010.
FOSTER, G.D. Benhavior treatament of Obesity. Med Clin. North Am.V.84.
2001.
IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA.
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. São Paulo. 2018.
KLEIN, S. Sheard NF. Weight Management throughtle modification for the
prevention and management of type 2 diabetes: racional. and strategias: a
statement of the American Diabetes Association for the Study for Obesity.
Diabetes Care. São Paulo. 2004.
MANCINI, M.C. et al. Correção clínico-polissonográfica em 94 pacientes
com síndrome da apnéia abstrutiva do sono. Arq. Bras. Endocrinol Metab, v.
4. 1996.
MARCON, E.R. Impacto de um programa mínimo de exercícios físicos
supervisionados no risco cardiometabólicos de pacientes com obesidade
mórbida. Arq Bras Endocrionl Metab, São Paulo, v. 55. 2011.
MEYER, F. Avaliação da saúde e aptidão física para recomendação de
exercício em pediatria. Revista Brasileira Medicina do Esporte, 1999.
MC. TIGRE. Prevalência de sobrepeso e Obesidade com indicadores de
adiposidade central. São Paulo. 2003.
MOURÃO DM, BRESSAN, J. Influência dos alimentos líquidos sólidos no
controle do apetite. São Paulo. 2005.
NOMINO-BORGES, C. B.; BORGES, R. M.; SANTOS, J.E. Tratamento clinico
da obesidade. Medicina (Medicina Ribeirão Preto. Online). Brasil, v.39. 2006.
PORTO, M.C.V. et al. Perfil do obeso classe lll do ambulatório de
obesidade de um hospital universitário de Salvador, Bahia. Arq. Bras.
Endocrionl Metab, São Paulo, v.46. 2002.
SANTOS, E.C.B. et al. O cuidado sob ótica do paciente diabético e de seu
principal cuidador. Rev. Latino – Am. Enfermagem, Ribeirão Preto, v.13.
2005.
SERDULA MK, DIETZ. WIL, et al. The continuing epidemic of Obesity. Nat
genet. 2003.
VELLOSO, E. et al. Prevalência de Obesidade e fatores potencialmente
causais em adultos em região do Sul do Brasil. Arq. Bras. Endocrionol
Metab. São Paulo, v. 50. 2002.

| Revista GETS, Porto Alegre, v. 4| 15


_______________________________________________________________

__________. O controle hipotalâmico da fome e da termogênese:


implicações artocçeno desenvolvimento da obesidade. Arq. Bras.
Endocrionl Metab, São Paulo, v.50. 2006
VIANA, J; NOVAES, J. Personal Training e Condicionamento Físico em
Academia. 3 ed. Rio de Janeiro: Shape: 2009.

Recebido em: 02/03/2021


Aceito em: 04/06/2021

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative


Commons Attribution 4.0

| Revista GETS, Porto Alegre, v. 4| 16

Você também pode gostar