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Edson Leite

Música na
Semana de 22:
tradição
e ruptura
na cidade
de São Paulo

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dossiê Semana de Arte Moderna

RESUMO

O objetivo deste trabalho é, através de uma revisão bibliográfica e docu-


mental, apresentar um relato sobre a tradição musical paulista e a ruptura
provocada pela Semana de Arte Moderna de 1922, que conduziu a cidade
de São Paulo e o Brasil a um importante avanço cultural, contribuindo para
o entendimento crítico da estética artística brasileira, especialmente de
São Paulo, a partir desse marco de tradições e rupturas rumo a um novo
modernismo que partia do folclore, da música nacionalista, étnica e social
estabelecendo uma identidade nacional.

Palavras-chave: música, Semana de Arte Moderna, modernismo no Brasil.

A
ABSTRACT

By means of a literature and documental review, this work aims at providing


an account of the São Paulo musical tradition and the rupture brought about
by the 1922 Modern Art Week. Such rupture propelled the city of São Paulo
and Brazil forward to and important cultural advancement, thus contributing
to the critical understanding of Brazilian artistic aesthetics, mainly the one ori-
ginating in São Paulo. It started from that milestone of traditions and breaches
towards a new modernism rooted in folklore, in social, ethnic and nationalist
music; and it built a national identity.

Keywords: music, Modern Art Week, modernism in Brazil.

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“Eu ouço as vozes e da contínua aceleração industrial, da vul-
eu vejo as cores nerabilidade existencial à falta de sentido
eu sinto os passos ou do absurdo” (Bradbury, 1989, p. 19). A
de outro Brasil que vem aí redefinição das noções de tempo e espaço
mais tropical ganha força na arte, especialmente na dos
mais fraternal impressionistas, com a quebra da figura na

O
mais brasileiro” pintura e da melodia na música.
O desenvolvimento urbano em constante
(Gilberto Freyre).
aceleração, a imprensa e o cinema trouxeram
novos padrões sociais. A pluralização das
visões de mundo, derivada da evolução das
objetivo deste tra- novas classes e meios de comunicação, pro-
balho é apresentar vocou uma sismologia cultural. O refinamen-
uma breve revisão to estético envolveu uma desumanização da
sobre a t rad ição arte, a progressiva eliminação dos elementos
musical paulista e humanos, predominantes na produção ro-
a ruptura provoca- mântica e naturalista (Ortega y Gasset, 1956).
da pela Semana de A busca de novas formas de expressão
Arte Moderna de 1922, que conduziu a cida- tornou-se uma constante no universo dos ho-
de de São Paulo e o Brasil a um importante mens europeus, especialmente da década de
avanço cultural em compasso com a vida 1920. A tecnologia impôs novo tempo, literal-
cultural da Europa. Para a realização deste mente falando, ao cotidiano do ser humano.
trabalho, procedeu-se a uma pesquisa explo-
ratória com base em revisão bibliográfica e “Nessa época, a tecnologia do relógio tornou
análise documental. Este trabalho recupera possível a sincronização da medida do tem-
alguns fatos e textos que colaboram na com- po de modo que, desde a Primeira Guerra,
preensão do modernismo com uma sondagem impôs-se uma mudança grande na forma de
centrada nos músicos e na música da Semana percepção do tempo, que passou a ser um
de 22, de modo a constituir um testemunho dos componentes mais importantes dentre
da prática musical que escapa dos propósi- os fatores de mobilização geral dos corpos
tos da maioria dos historiadores. Optou-se e das mentes dos cidadãos do novo mundo
por realizar um estudo sobre o ambiente e o urbanizado” (Dias, 1992, pp. XIV-XV).
tempo em que floresceu o modernismo em
São Paulo, partindo-se da premissa de que O argumento sobre o predomínio ab-
a cultura não é apenas um reflexo das es- soluto do modernismo no início do século
truturas econômicas e sociais, mas também: XX é frequentemente apresentado porque
os movimentos e experiências dos escrito-
“[…] é mediada em vários níveis: é mediada res, pintores, músicos e outros mediadores da
pela complexidade e pela natureza contradi- inteligência criativa modernos impuseram-se
tória dos grupos sociais nos quais se origi- à atenção artística (Bradbury, 1989).
na; é mediada pelas situações específicas de
seus produtores; é mediada pela natureza da “A palavra ‘moderno’, de recente fluência
operação dos códigos e convenções estéticas na linguagem cotidiana, em particular atra-
através dos quais a ideologia é transformada vés da presença crescente da publicidade, EDSON LEITE
e nos quais se expressa” (Wolff, 1982, p. 85). adquire conotações simbólicas que vão do é professor titular e
exótico ao mágico, passando pelo revolucio- vice-diretor da Escola
de Artes, Ciências
O século XX trouxe uma nova arte para nário. Assim como os talismãs são objetos- e Humanidades
(EACH-USP)
um “mundo transformado e reinterpretado -fetiche, assim também a palavra ‘moderno’ e diretor da Orquestra
por Marx, Freud e Darwin, do capitalismo se torna algo como uma palavra-fetiche que, Sinfônica da USP.

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quando agregada a um objeto, o introduz o século XIX, e a sociedade brasileira, re-


num universo de evocações e reverberações flexamente, sofre várias transformações, em
prodigiosas, muito para além e para acima especial, o incremento da vida urbana, que
do cotidiano de homens e mulheres comuns. vai se dinamizar, especialmente, no início do
Nos termos da nova tecnologia publicitária, século XX.
essa palavra se torna a peça decisiva para
captar e mobilizar as fantasias excitadas e “A experiência social da metropolização se
projeções ansiosas da metrópole fervilhante. funda na supremacia da tecnologia moderna,
Não há limite para o seu uso e, embora na sua mas seu efeito de aceleração de fluxos traz
raiz ela comporte um mero registro tempo- consigo o contraponto paradoxal da desmo-
ral, na semântica publicitária ela capitaliza as bilização de formas de consciência herdadas
melhores energias da imaginação e se traduz, de um mundo milenarmente sedentário. No
por si só, no mais sólido predicado ético em novo mundo da velocidade, da vertigem e da
meio à vasta expectativa por uma vida me- máquina, os latejamentos dos corpos, os re-
lhor” (Sevcenko, 1992, pp. 227-8). flexos dos nervos e músculos, são mais com-
patíveis com os novos ritmos em ação, que
demandam por isso reajustes mais restritos
TRADIÇÃO E RUPTURA
dos entraves relutantes da razão” (Sev­cenko,
No início do século XIX praticamente 1992, p. 73).
não existia vida urbana no Brasil, então um
enorme país rural. No Brasil, ao começar o século XX, ain-
da éramos um satélite espiritual da França.
“O estilo de vida da elite dominante na socie- “Francesa era também a literatura consumi-
dade brasileira era marcado por influências da pelo público. […] É a França que dá o
do imaginário da aristocracia portuguesa, tom e é na França que trabalham os maiores
do cotidiano de fazendeiros plebeus e das artistas do movimento novo, tal como Flo-
diferenças e interações sociais definidas rença no século XV e Roma no século XVII”
pelo sistema escravista. A chamada família (Leite, 2001, p. 33).
patriarcal brasileira, comandada pelo pai A aldeia jesuítica de São Paulo foi cons-
detentor de enorme poder sobre seus de- tituída para ocupar um nicho defensivo
pendentes, agregados e escravos, habitava a inexpugnável, criteriosamente calculado em
casa-grande e dominava a senzala” (D’Incao, função de seu isolamento. As condições de
2001, p. 223). isolamento que tornavam a aldeia inexpug-
nável tornavam-na, por outro lado, um local
Durante o Segundo Império, o panorama das de difícil assentamento urbano. A repentina
influências estrangeiras no Brasil aponta que: valorização do café, a toxina estimulante que
passou a ser desejada pelos Estados Unidos e
“[…] os políticos procuravam copiar as insti- Europa, foi a base da aceleração industrial de
tuições e maneiras parlamentares inglesas, os São Paulo que, repentinamente, teve seu papel
intelectuais seguiam modelos da França, e os estratégico reformulado em novos termos. A
escritores eram franceses escrevendo em por- Faculdade de Direito, fundada em 1827, com-
tuguês. A razão dessa influência está no fato pletou, no plano cultural, a atmosfera paulis-
de os intelectuais pertencerem em sua maioria ta. A maior parte dos intelectuais do Império
à classe média, para quem a França, sobretudo passou por ela com muitos deles se desta-
de 1870 em diante, simbolizava as ideias demo- cando na eloquência, na cultura e na música.
cráticas e republicanas” (Freitag, 1985, p. 35). São Paulo era uma cidade onde os povos,
as raças, a indústria, a agricultura, o que era
Profundas transformações econômicas e nacional e o que era estrangeiro conviviam
sociais marcaram a Europa ocidental durante sem uma distinção bem definida que envol-

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via a própria identidade da cidade. A herança fase do amor, começando na época da Inde-
cultural dos séculos passados se torna obso- pendência, traz a profanização da música e
leta, inconsistente, necessita ser reelaborada intensifica o estilo de vida da corte impor-
para enfrentar os efeitos desorientadores dos tada: nos salões, a modinha; nos teatros, a
novos tempos. Após a Primeira Guerra Mun- ópera italiana. Desloca-se, assim, para esses
dial, o mundo não podia continuar o mesmo. novos locais o eixo da vida social, que era an-
O anseio pelo novo era irrefutável. teriormente a igreja” (Andrade, 1965, p. 24).
A influência musical era europeia, vinha
da França, da Itália e da Alemanha. Os es- O sentimento de brasilidade tem seu
tudos dos compositores complementavam-se marco situado nas guerras do sul e no flo-
fora do Brasil: Itália – Carlos Gomes; França rescimento do café, que proporcionou, es-
– Alexandre Levy; e Alemanha – Nepomu- pecialmente em relação a São Paulo, uma
ceno (Freitag, 1985, p. 35). As companhias impressão de fartura e independência eco-
de ópera e de operetas representavam basica- nômica, constituindo uma infraestrutura
mente a cultura do século XIX. Um mercado inicial de repercussão na arte nacionalista.
cultural cosmopolita transformou as trupes A tendência coletiva e o nacionalismo foram
teatrais, que percorriam todo o mundo, em gerados pela Primeira Guerra Mundial, res-
autênticas fábricas de espetáculos, precurso- ponsável pela industrialização incipiente e
ras do star system americano. pela progressiva formação de uma consciên-
As temporadas líricas na cidade de São cia nacional, manifestada através da Semana
Paulo, a despeito da óbvia precedência do de Arte Moderna (Freitag, 1985).
Teatro Municipal, dividiam-se ainda pelos Existia um esforço de atualização do re-
teatros Politeama, Santana, São José e Co- pertório pedagógico acompanhado de “in-
lombo, no Largo da Concórdia, favorito da cursões, por parte de alguns intérpretes, no
comunidade italiana. As óperas encenadas campo das obras relativamente inovadoras,
no Teatro Municipal de São Paulo de 1912 ainda que na total dependência do meio fran-
a 1926 demonstram a grande atividade e o cês. Tais atividades, restritas geralmente a
gosto do público pela arte lírica. aulas e audições particulares” (Wisnik, 1977,
A riqueza de São Paulo passou a atrair, p. 41). Existia um enorme vazio na criação
além da ópera, os modernos, a nata do cir- musical, provocado pelo não surgimento de
cuito cosmopolita, incluindo as bailarinas compositores importantes no final do século.
Isadora Duncan e Ana Pavlovna, a apresen- Nesse sentido:
tação de O Pássaro de Fogo, de Stravinski,
obras de Debussy, Ravel e apresentações do “O último grupo de compositores brasilei-
pianista Arthur Rubinstein interpretando ros (Oswald, Levy, Nepomuceno, Francis-
Polenc, Prokofiev, César Franck, Albeniz e co Braga) havia se formado ainda no tempo
Villa-Lobos. do Segundo Reinado, beneficiando-se de
Mário de Andrade, escrevendo em 1930 um clima favorável no qual se mantinham
sobre a evolução da música no Brasil, distin- continuamente compositores estudando na
gue três fases que sintetizam suas ideias de Europa, enquanto a atividade musical era
maneira expressiva: intensa no Rio de Janeiro. Segundo Má-
rio de Andrade, esse ‘foi talvez o período
“Deus, amor e nacionalidade. A fase de de maior brilho exterior da vida musical
Deus corresponderia inicialmente ao reli- brasileira’, registrando-se a realização de
gare, à função integradora dos jesuítas na grandes temporadas líricas, a presença de
socialização dos primeiros agrupamentos. grande número de instrumentistas e peda-
Viria depois um Deus barroco, escravocrata, gogos, incluindo Artur Napoleão e Luigi
correspondendo à missa rococó importada, Chiaffarelli, que formaram escola no Rio
divorciada das manifestações populares. A e em São Paulo, dando consistência virtuo­

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sística à prática generalizada do piano. […] ressaltar a importância dos novos meios de
Assim, é possível que o claro existente en- comunicação na transformação que passa a
tre essa floração romântica imperial e os ocorrer na cidade de São Paulo. Sem consi-
compositores modernistas da década de 20 derarmos esse poder irresistível da fotogra-
se deva, em certa medida, ao baque da ‘de- fia, do cinema e do cartaz, não se poderia
cadência republicana’, como diz Mário de compreender a amplitude, rapidez e persis-
Andrade, que representou um sensível es- tência, apesar do morticínio atroz, das vastas
morecimento da atividade musical na última mobilizações demandadas pelo esforço de
década do século, perdendo-se desde então guerra, assentes sobre os três fatores-chave
esse brilho exterior que caracterizara a fase – a grande indústria, a rede de comunicações
antecedente. A verdade é que o processo de e a propaganda –, resultando no que foi cha-
formação de compositores passa no final do mado pela primeira vez de “guerra total”, por
século por uma transição, e é readaptado envolver simultaneamente o front e o cotidia-
em certa medida: tanto Villa-Lobos como no das populações civis num único e grande
Gallet, representantes por excelência da fase movimento, elétrica e mecanicamente coor-
inicial do Modernismo, tornam-se compo- denado. A metrópole surgiu inesperadamen-
sitores modernos sem sair do Brasil – e a te e continuou crescendo sem tempo para os
Europa continua a ser um ponto de referên- ajustes necessários.
cia primordial, mas os canais de informação Se o modernismo brasileiro não é um
já estão mais aptos que no século XIX, e acontecimento exclusivo de São Paulo em
prontos a assimilar as grandes novidades suas origens, é inegável que essa cidade
cosmopolitas” (Wisnik, 1977, pp. 53-4). foi responsável pelo grande impulso a esse
movimento no sentido da sua consolidação
São Paulo se modificava em ritmo ace- (Freitas, 1947, p. 31). A ruptura provocada
lerado, e sua programação cultural já res- pela Semana de Arte de 22 colocou São
pondia a públicos mais sofisticados. Com a Paulo na vanguarda da produção cultural
economia cafeeira São Paulo passou a cres- brasileira.
cer e tornou-se rapidamente o principal polo Nas artes plásticas o modernismo com-
econômico e político do país. Multidões de punha seu percurso paralelamente ao moder-
brasileiros transferiam-se para São Paulo, nismo musical:
atraídos pela acumulação de recursos. Em
meio à precariedade de seus haveres e sem “O início foi marcante, com uma exposição
especialização de trabalho, esses migrantes casual do jovem pintor russo Lasar Segall,
enfrentavam graves problemas, tendo que lídimo representante da arte alemã de Dres-
improvisar suas moradias, seus ofícios, etc. den e Berlim, onde estudara e em cujo meio
se operou entre 1911 e 1913 a fusão entre as
estéticas da Freie Sezession e do grupo Die
O MODERNISMO
Brücke, cruzando a intensidade cromática
A ânsia pelo moderno se fazia sentir na fauve, com a distorção expressionista e a geo-
gama de novos costumes do homem do pós- metrização rigorosa do cubismo da Seção de
-guerra. Ele buscou tornar-se um desportis- Ouro. No ano seguinte, procedente do mes-
ta, dançar ritmos novos, vestir-se conforme mo meio germânico, onde estudara de 1910
a nova moda. O passadismo tinha seus dias a 1914, exporia a jovem Anita Malfatti, nos
contados. São Paulo, como centro urbano, salões da Casa Mappin, numa combinação
teve que se adaptar e pagar o preço da sua eclética de estilos e configuração artística
metropolização desenfreada. incipiente, porém de nítida matriz moderna.
Num mundo agora povoado por ruido- De volta aos estudos, agora na Independent
sos automóveis e aviões, São Paulo começa Art School de Nova York, um dos centros
a sentir-se uma grande metrópole. Cumpre de ressonância da arte francesa durante o

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interregno da guerra, Anita regressaria com
um estilo muito mais atilado, tendo operado
ali a fusão entre a sua experiência alemã e a
influência francesa internacionalizada. Sua
segunda exposição, em fins de 1917, alcança
grande repercussão. No mesmo ano, outra
exposição relevante fora a de Di Cavalcanti,
nos salões d’A Cigarra. Eram ilustrações e
caricaturas, arte com que ele contribuía para
as revistas mundanas, inspiradas no art nou-
veau e no traço incisivo, sensual, provocante
de Beardsley” (Zanini, 1983, p. 235).

Essas revistas de atualidades, variedades,


moda, que se tornam requintadas e mais ba-
ratas graças às novas técnicas, eram elas mes-
mas fontes populares de renovação artística.
O uso da ilustração, de preferência à fotogra-
fia, dava emprego a inúmeros artistas, que
competiam entre si em modernidade, haurida
das revistas europeias. O resultado gráfico
dos trabalhos, tanto na ilustração de textos
quanto na publicidade, alcançava níveis no-
táveis de elegância, expressividade, experi-
mentação de cores, economia de recursos,
originalidade de concepção e agilidade de
traço, em artistas como Ferrignac, Umberto
della Latta, J. Carlos, Belmonte e o extraor-
dinário mestre Voltolino (Sevcenko, 1992).
A estratégia da Semana, engendrada por Desenho de
Paulo Prado, incluía atrair o público para as Di Cavalcanti para
A SEMANA DE 22 atividades musicais em que se destacavam o a Semana de Arte
Moderna de 1922:
A tradição crítica firmou sobre a Semana compositor Heitor Villa-Lobos, um astro em
uma árvore, de
de Arte Moderna um conceito que caracte- plena ascensão nos palcos pelo mundo afo- poucos galhos,
riza a ideia de modernidade, com ênfase na ra, e os pianistas Ernâni Braga e, sobretudo, poucos frutos,
oposição entre o velho e o novo, inserindo-se Guiomar Novaes, que garantia a luta pelos esquálida, como
na tradição de ruptura, de um marco divisor ingressos. Complementando o oferecimento que a representar
os percalços
de águas. ao público, estariam expostos os trabalhos de
da arte moderna
Brecheret, recém-premiado em Paris, Ani- e nacional em um
“Eclodindo em meio a esse campo da tácita ta Malfatti, John Graz, Rego Monteiro e Di ambiente árido
promoção do passado, o movimento moder- Cavalcanti. Adicionalmente, o governo de e provinciano,
nista instaura-se basicamente como choque, Washington Luís colocou o Teatro Munici- dominado pela
confronto, polêmica, afirmação de tendên- pal à disposição do evento, conduzindo uma rigidez e cópia
de formas
cias. A um ideário estético onde entram os campanha de promoção do espetáculo pelo
conceitos de simultaneidade, de síntese, de jornal Correio Paulistano. Com uma estraté-
deformação (contestando a ilusão da arte gia dessas, Paulo Prado introduziria qualquer
como mera imitação do real), une-se o es- cavalo de troia na cidade, que estaria aos seus
forço para alargar o âmbito de sua visão da pés, irresistivelmente.
sociedade” (Wisnik, 1977, pp. 63-4). A Semana de Arte Moderna foi inaugu-

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rada no dia 13 de fevereiro de 1922 no Teatro 2a PARTE – Conferência de Ronald de Car-


Municipal de São Paulo com uma conferên- valho: “A Pintura e a Escultura Moderna no
cia de Graça Aranha intitulada: “A Emoção Brasil”.
Estética na Arte Moderna”. Menotti Del Pic- Palestra de Renato Almeida: “Perennis Po-
chia, em sua palestra do dia 15 de fevereiro, esia”.
foi mais ousado e afirmou: Canto e piano por Frederico Nascimento Fi-
lho e Lucília Villa-Lobos: “Festim Pagão”
“Nada de postiço, meloso, artificial, arreve- (1919); “Solidão” (1920); “Cascavel” (1917).
sado, precioso: queremos escrever com san-
gue – que é humanidade; com eletricidade Sexta-feira, 17 de fevereiro
– que é movimento, expressão dinâmica do 1a PARTE – Villa-Lobos: “Trio Terceiro”
século; violência – que é energia bandeirante. para violino, violoncelo e piano (1918), com
Assim nascerá uma arte genuinamente brasi- Paulina d’Ambrósio, Alfredo Gomes e Lucí-
leira, filha do céu e da terra, do Homem e do lia Villa-Lobos.
mistério” (apud Amaral, 1970, p. 280). 2a PARTE – Solos de piano por Ernâni Bra-
ga: “Camponesa Cantadeira” (1916, da Suí-
A programação da Semana de Arte Mo- te Floral); “Num Berço Encantado” (1919,
derna de 1922 foi composta por: da Simples Coletânea); “Dança Infernal”
(1920).
Segunda-feira, 13 de fevereiro
1a PARTE – Conferência de Graça Aranha: “A Ernâni Braga, pianista carioca que se
Emoção Estética na Arte Moderna”, ilustrada dedicou posteriormente à regência, ao fol-
com música executada por Ernâni Braga (pe- clore, à docência e à composição, foi um
ças de Satie e Poulenc) e poesia de Guilher- dos destaques musicais na Semana de 22.
me de Almeida e Ronald de Carvalho (que Ele conduziu o gran finale, na forma de um
declamou “Os Sapos”, de Manuel Bandeira). recital de piano, nas atividades do primeiro
Música de câmara: Villa-Lobos, “Sonata II” dia da Semana com uma citação paródica
para violoncelo e piano (1916), com Alfredo da “Marcha Fúnebre”, de Chopin. O segun-
Gomes e Lucília Villa-Lobos; “Tio Segun- do dia vem com insultos e vaias na plateia
do” para violoncelo e piano (1916), com Pau- quando é anunciado Oswald de Andrade;
lina d’Ambrósio, Alfredo Gomes e Fructuoso Guiomar Novaes sobe ao palco, e a plateia
de Lima Vianna. suspende a algazarra e contempla atenta a
2a PARTE – Conferência de Ronald de Car- pianista. Ainda nesse dia, Heitor Villa-Lobos
valho: “A Pintura e a Escultura Moderna no se apresenta apoiado em um guarda-chuva,
Brasil”. calçando chinelos. No terceiro dia, a pro-
Solos de piano por Ernâni Braga: “Valsa Mís- gramação é totalmente dedicada à música
tica” (1917, da Simples Coletânea); “Rodan- de Villa-Lobos. As vaias continuam, mas o
te” (da Simples Coletânea); “A Fiandeira”. público pede silêncio, e os instrumentistas
executam as peças do programa apesar do
Quarta-feira, 15 de fevereiro barulho feito pelos espectadores.
1a PARTE – Palestra de Menotti del Picchia,
ilustrada com poesias e trechos de prosa por “Villa-Lobos era o único artista com par-
Oswald de Andrade, Luiz Aranha, Sérgio ticipação central nos três dias em que se
Milliet, Tácito de Almeida, Ribeiro Couto, Má- desdobraram as apresentações. No primei-
rio de Andrade, Plínio Salgado, Agenor Bar- ro dia toda a parte musical do programa
bosa e dança pela senhorita Yvonne Daumerie. era de composições suas, executadas, entre
Villa-Lobos: “O Ginete do Pierrozinho”. outros, por sua mulher Lucília Villa-Lobos
Palestra de Mário de Andrade no saguão do e Ernâni Braga. No segundo dia, a hon-
Teatro. ra culminante de ser interpretado, entre os

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Reprodução

Guiomar Novaes; Heitor


Villa-Lobos; Ernâni Braga;
cartaz colocado no Teatro
Municipal de São Paulo
anunciando a Semana
de Arte Moderna

grandes modernos, por Guiomar Novaes “‘Mas nunca admitimos o nascimento da ló-
no Municipal de São Paulo. No terceiro, o gica entre nós.’ ‘Nunca fomos catequizados.
programa todo era exclusivamente dedi- Fizemos foi Carnaval.’ ‘A magia e a vida.’
cado à obra de Villa-Lobos. Os anúncios ‘Antes dos portugueses descobrirem o Brasil,
mesmo da Semana de Arte Moderna na o Brasil tinha descoberto a felicidade.’ ‘A ale-
imprensa destacavam sempre, em primei- gria é a prova dos noves.’ ‘No matriarcado de
ro lugar e associados, o nome dele e o de Pindorama’” (apud Sevcenko, 1992, p. 299).
Guiomar Novaes” (Sevcenko, 1992, p. 273).
Além das vaias e algazarras de parte da
Nesse processo, estavam fertilizando plateia, outro momento provocou tensão du-
talentos destinados a desempenhar papéis rante a Semana de 22. A execução da paródia
da maior envergadura nos anos seguintes. de Satie da “Marcha Fúnebre” de Chopin,
Artistas estrangeiros continuavam vindo por Ernâni Braga, no primeiro dia da Sema-
para o Brasil, reforçando o apelo ao moder- na, ativou as declarações de Oswald de An-
nismo dominante em centros culturalmente drade sobre como Carlos Gomes era horrível,
mais avançados, como foi o caso do artista uma glória de família, que conduzia à can-
plástico Lasar Segall e do arquiteto Gregori tarolice do Guarani e do Schiavo. O crítico
Warchavchik. Oswald de Andrade lança um Oscar Guanabarino respondeu iradamente a
texto radical denominado “Manifesto An- essa provocação, e Guiomar Novaes enviou
tropófago”: uma carta aberta aos responsáveis pela Se-

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mana, denunciando o caráter exclusivista e Guiomar mostrou-se coerente ao enviar


intolerante que assumiu a primeira festa de sua carta-protesto, publicada no dia de sua
arte moderna em relação às demais escolas apresentação no Teatro Municipal, dentro
de música afirmando: “Senti-me sincera- da programação da Semana. Houve quem
mente contristada com a pública exibição de pensasse ser esse agravo um estratagema
peças satíricas alusivas à música de Chopin” para aliciar a plateia. O desagravo de Guio-
(Novaes, 1922, p. 2). mar Novaes teve uma continuação bastante
agradável para seus admiradores.
“Iria se tornar, aliás, um clichê obrigatório dos É interessante observar que não se trata
participantes da Semana, a começar por Pau- aqui absolutamente de um confronto entre
lo Prado, ao se referirem a ela, lamentarem os a arte moderna e a arte antiga. Logo em
‘inevitáveis excessos’, os ‘exageros do calor seguida, Guiomar Novaes voltaria a execu-
da luta’. O público, já predisposto e avalizado tar autores de ambas as linhagens em suas
pelo protesto de Guiomar Novaes, às primei- apresentações e seria louvada como sempre.
ras diatribes dos artistas ainda sem renome A questão, bem clara, era contra a “intolerân-
disparou uma assuada de vaias e insultos, cia”, o “exclusivismo”. Quando a pianista se
que contribuiriam muitíssimo para construir dirigia à comissão responsável pela Semana,
uma outra reputação, a da própria Semana esse comitê incluía, além de Paulo Prado e
de Arte Moderna” (Sevcenko, 1992, p. 274). Washington Luís, Alfredo Pujol, Oscar Ro-
drigues Alves, Numa de Oliveira, Alberto
Guiomar era, a essa época, a pianista Penteado, René Thiollier, Antônio Prado Jú-
mais festejada em São Paulo, reconhecida nior, José Carlos Macedo Soares, Martinho
pela interpretação das grandes obras do re- Prado, Armando Penteado e Edgard Concei-
pertório do piano. Falar em São Paulo, no ção (Sevcenko, 1992, p. 274).
início do século XX, era falar em café, era O programa executado por Guiomar no
falar em Guiomar Novaes. Ocorre que: segundo Festival da Semana de Arte Moder-
na de 1922 compreendeu as seguintes obras:
“[…] Fiel aos seus princípios e, ante a paró- “Au Jardin du Vieux Serail” (Andrinople),
dia feita por Eric Satie da “Marcha Fúnebre”, de Blanchet, “O Ginete do Pierrozinho”, de
de Chopin – executada por Ernâni Braga – Villa-Lobos, “La Soirée Dans Granade e
Guiomar Novaes assim se manifestou: ‘Ex- Minstrels”, de Debussy.
mos. Srs. Membros do Comitê Patrocinador Guiomar Novaes permaneceu coerente
de Semana de Arte Moderna – Saudações. em sua atuação em prol dos artistas brasi-
Em virtude do caráter bastante exclusivista leiros, especialmente no exterior. Em 26 de
e intolerante que assumiu a 1a festa de Arte janeiro de 1925, por exemplo, realizou sua
Moderna realizada à noite de 13, no Teatro estreia na rádio WJZ, de Nova York, com um
Municipal, em relação às demais escolas de programa dedicado à música do Brasil, em
música das quais sou intérprete e admirado- que interpretou a “Grande Fantasia Triunfal
ra, não posso deixar de aqui declarar o meu sobre o Hino Nacional Brasileiro”, de Gotts­
desacordo com este modo de pensar. Senti- chalk, o “Tango Brasileiro”, de Alexandre
-me sinceramente contristada com a pública Levy, e o “Polichinelo”, de Villa-Lobos (Or-
exibição de peças satíricas alusivas à música sini, 1992, p. 177).
de Chopin. Admiro e respeito as grandes ma- Em 1971, Guiomar organiza uma festa
nifestações de arte independentes das escolas especial em sua residência para comemorar
a que elas se filiam, e foi de acordo com este o aniversário da Semana de Arte Moderna
meu modo de pensar que, acedendo ao convi- de 1922. Recordando sua carta-protesto e
te que me foi feito, tomarei parte num dos fes- permanecendo fiel à tradição pianística que
tivais de Arte Moderna. Com toda considera- sempre defendeu, Guiomar toca, nessa oca-
ção, Guiomar Novaes’” (Orsini, 1992, p. 160). sião, a “Marcha Fúnebre”, de Chopin.

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“Guiomar transformou a sua casa da Rua compõem e interpretam (Leite, 2011, pp. 43-
Ceará num palco onde personalidades ilus- 4). Essas atividades contribuíram para aper-
tres da História da Cultura Brasileira revi- feiçoar e adiantar o gosto pela música erudita
veram momentos de importância artística nacional e, sobretudo, deram a essa música
para o país. Di Cavalcanti, Menotti Del Pic- uma forma que pode ser considerada como
chia, John Graz, Tarsila do Amaral e Sér- um desenvolvimento diferenciado da herança
gio Buarque de Holanda se reuniram para dos grandes mestres estrangeiros.
recordar, num sarau, a rebeldia da Semana Por outro lado,
de Arte Moderna de 1922. Em torno desses
personagens, alguns convidados: artistas, “[…] se coube à música tentar oferecer, como
jornalistas, técnicos de emissoras de TV as outras artes, uma amostra daquilo que
e uma equipe do Museu da Imagem e do de mais arrojado se fazia no Brasil em seu
Som, tentavam acompanhar as histórias que campo, àquela altura, ela desempenha, como
contavam, entre muitas risadas, mas também arte durativa por excelência, a função espe-
com certa nostalgia. A pedidos, a anfitriã to- cífica de preencher o tempo do espetáculo,
cou a ‘Marcha Fúnebre’, de Chopin” (Orsini, de fazer continuar o show, ocupando grande
1992, p. 286). parte dos festivais. Além disso, colaborou
para atrair o público” (Wisnik, 1977, p. 67).
Em 1972, em plena ditadura militar, rea-
lizaram-se no Teatro Municipal de São Paulo A produção musical da Semana de 22 foi
os festejos dos cinquenta anos da Semana de fundamental para o desenvolvimento da arte
Arte Moderna, com a execução dos mesmos do século XX no Brasil, contribuindo para o
programas musicais de 1922. Guiomar Nova- entendimento crítico da estética artística bra-
es fora convidada para tocar e, sabendo que sileira, especialmente de São Paulo, a partir
o governo militar havia proibido a execução desse marco de tradições e rupturas, rumo a
da “Grande Fantasia Triunfal sobre o Hino um novo modernismo que partia do folclore,
Nacional Brasileiro”, de Gottschalk, demons- da música nacionalista, étnica e social, esta-
trou sua determinação quando a questão é belecendo uma identidade nacional.
intolerância. Ao invés de apresentar as obras Após os espetáculos da Semana de 22 no
que havia tocado em 1922, Guiomar dirigiu- Teatro Municipal de São Paulo, os jovens ar-
-se ao palco do teatro – absolutamente lotado tistas, denominados por Wisnik (1977) como
– e tocou a “Grande Fantasia”. Ao término de o “Coro dos Contrários”, dão continuidade a
sua execução – muito aplaudida –, retirou-se seu trabalho com entusiasmo e lançam a re-
sem executar as demais obras. vista Klaxon, divulgando as produções mo-
dernistas. Mário de Andrade lança Pauliceia
Desvairada, e Oswald de Andrade lança Os
CONSIDERAÇÕES FINAIS Condenados.
As atividades musicais da Semana de Aos poucos, a Semana de 22, uma se-
Arte Moderna de 1922 adiantaram o reló- mana de verão que poucos entenderam, mas
gio da música brasileira que, anteriormente, que constituiu um marco para o avanço cul-
jamais coincidiu com o da música europeia. tural da cidade de São Paulo, foi ganhando
Na Semana de 22, a absorção das novida- importância histórica e passou a representar
des europeias foi mais rápida na música do a confluência de tendências de renovação e
que o amadurecimento técnico no nível da afirmação da arte nacional. Significou uma
criação. Ligados às novas correntes musi- ruptura com um passado arcaico que não
cais europeias pelas revistas estrangeiras, os representava as possibilidades estéticas bra-
modernistas têm informações que, contudo, sileiras e, mais que tudo, tornou a cidade de
não impedem a defasagem entre os aconte- São Paulo e o país mais receptivos ao novo
cimentos musicais europeus e a música que e ao diferente.

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