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(este resumo baseia-se principalmente em conceitos, tendo o intuito de servir como uma

revisão rápida e por alto da matéria do 10ºAno de Biologia)

Biologia – 10º
1. Diversidade na Biosfera

1 – A Biosfera

1.1. Diversidade
 Biodiversidade/Diversidade Biológica: Multiplicidade dos seres vivos presentes na
biosfera.
o Diversidade Ecológica: Diversidade de comunidades presentes nos diferentes
ecossistemas.
o Diversidade de Espécies: Variedade entre espécies encontradas em diferentes
habitats do planeta.
o Diversidade Genética: Variedade genética dentro e entre populações
pertencentes à mesma espécie.
 Espécie: Conjunto de indivíduos, em regra morfologicamente semelhantes, que podem
cruzar-se entre si originando descendência fértil. Este é um conceito muito utilizado,
mas existem imensas exceções, nomeadamente nas plantas e bactérias.

1.2. Organização Biológica


 Biosfera: Seres vivos e todos os meios da Terra onde existe vida.
 Ecossistema: Engloba os organismos que vivem numa determinada área e as suas
respetivas interações, bem como os componentes abióticos do meio (ar, solo, água,
luz,…).
 Comunidade (Biótica): Conjunto de seres vivos de um ecossistema e as relações que
estabelecem entre si.
 População: Grupo de seres vivos da mesma espécie que interatuam entre numa
determinada comunidade, num determinado período de tempo.
 Organismo.
 Sistemas de Órgãos.
 Órgãos.
 Tecidos.
 Células.
 Organelos.
 Moléculas.
 Átomos.

Relações Tróficas
 Produtores: Autotróficos (plantas, algas e outros organismos)
 Consumidores e Decompositores: Heterotróficos (animais, a maioria dos fungos,
muitos protistas e bactérias)

A base da cadeia alimentar forma-se quando a energia luminosa é captada por um


consumidor, que a transforma em energia química. Esta fica armazenada nos seus
compostos orgânicos. Parte desta energia é transferida para os consumidores, havendo
dissipação de energia na forma de calor, que não volta ao sistema. Ou seja, existe um fluxo
de energia unidirecional.

Os nutrientes que circulam continuamente, passam do meio abiótico para os produtores,


destes para os consumidores, e voltam ao meio abiótico através dos decompositores.

Nas cadeias alimentares, os alimentos seguem através de vários níveis tróficos, sendo cada
um deles o conjunto de organismos que usam a mesma fonte de energia. A cada nível
trófico, há menos 90% da energia do que no que o precede.

A maior parte dos organismos dispõem de várias fontes de alimento, podendo ser eles
próprios fonte de alimento de vários outros serves vivos. Assim, a visão mais realista da
estrutura trófica de uma comunidade é a teia alimentar.

1.3. Extinção e Conservação de Espécies


Na atualidade, as atividades humanas são a principal causa da extinção de espécies,
podendo conduzir á rotura do equilíbrio dos ecossistemas. Exemplos de causas de extinção
de espécies provocadas pelo Homem:

 Alteração e Destruição de Habitats


 Proliferação de Espécies Invasoras
 Superconsumo

A investigação na área da conservação avalia o impacto humano na biodiversidade e


desenvolve práticas para a preservar.

2 – A Base Celular da Vida


A célula é a mais pequena unidade estrutural em que as propriedades da vida se manifestam.
Todos os seres vivos são constituídos por estas, seja apenas uma (seres unicelulares) ou milhões
delas (seres pluricelulares).

2.1. Célula – Unidade de Estrutura e de Função


Até meados do século XVII, a existência de células era desconhecida. Robert Hooke e
Leeuwenhoek foram dois dos pioneiros no estudo da célula. O primeiro, com um microscópio
construído por ele, observou “pequenas celas” juntas umas às outras. Por esse motivo, nomeou-
as células. O segundo, comerciante de tecidos e curioso, construiu vários pequenos
microscópios. Com estes, observou uma grande variedade de pequenos organismos que
designou por “animáculos”. Ao longo do tempo, foi desenvolvida a teoria celular, que assenta
nas seguintes premissas:

 A célula é a única básica de estrutura e função dos seres vivos.


 Todas as células provêm de células preexistentes.
 A célula é a unidade de reprodução, de desenvolvimento e de hereditariedade dos
seres vivos.

No decurso do tempo houve a evolução de duas grandes categorias de células:

 Células Procarióticas: O DNA destas reside no nucleoide, que em contraste com os


núcleos das células eucarióticas, não possui invólucro nuclear. Exteriormente à
membrana plasmática, costumam encontrar-se complexas paredes celulares que
ajuda a proteger a célula e a manter a sua forma. Em alguns procariontes, existe
uma outra estrutura, a cápsula, e prolongamentos na sua superfície chamados
fímbrias, quando são pequenos e em grande número, ou flagelos, se são grandes e
em pequeno número.
 Células Eucarióticas (vegetais/animais): São fundamentalmente diferentes entre si,
e diferentes quando comparadas às procarióticas. Por exemplo, nas células animais
não existe nem parede celular nem cloroplastos, organelos da célula vegetal.

(quadro de características celulares na página seguinte)

Componentes Função Procariótica Eucariótica


Celulares Vegetal Animal
Parede Celular Proteção; Estrutura + + -
de suporte.
Membrana Controlo do + + +
Celular movimento das
substâncias
Núcleo Material genético. - + +
Contém
nucleoplasma e (ás
vezes) nucléolo.
Nucleoide Material genético. + - -
Mitocôndrias Respiração Aeróbia. - + +
Cloroplastos Fotossíntese. - + -
Vacúolo Central Armazenamento de - + -
água com substâncias
dissolvidas. É
rodeado pelo
tonoplasto.
Citoplasma Contém várias + + +
substâncias.
Retículo Rugoso: síntese de - + +
Endoplasmático proteínas. Liso:
(Rugoso/Liso) síntese de lípidos.
Ribossomas Síntese de proteínas. + + +
Associado ao
organelo acima.
Complexo de Transformação de - + +
Golgi proteínas e lípidos;
formação de
lisossomas.
Lisossomas Digestão de - + +
nutrientes, bactérias
e organitos
envelhecidos.
Flagelos Locomoção. + - -
Fímbrias Fixação. + - -
Centríolos Divisão celular. - - +
Peroxissomas Degradação de - + +
peróxido de
hidrogénio.
Cápsula Defesa e proteção. + - -

2.2. Constituintes Básicos de uma Célula


Substâncias Inorgânicas:
Água e Sais Mineiras

Constituintes
Básicos
Prótidos

Glícidos

Lípidos Biomoléculas
Ácidos
Nucleicos

A água tem um papel fundamental na vida da célula, já que permite a ocorrência das reações
químicas essenciais para a sua manutenção. Isto dá-se porque a molécula de água possui
polaridade, ou seja, tem uma carga ligeiramente negativa junta ao átomo de oxigénio e positiva
junta aos átomos de hidrogénio. Assim, esta característica permite que a molécula de água
estabeleça ligações a moléculas iguais, ou até mesmo de diferentes substâncias, desde que
carregadas eletricamente. – Ligações de Hidrogénio

Características das Biomoléculas:

 Moléculas de grandes dimensões;


 Apresentam bastante complexidade;
 Existem em variadas formas;
 Agrupam-se de maneira rigorosa;
 Desempenham funções específicas;
É normal estes compostos orgânicos serem muito grandes quando comparados a moléculas de
substâncias inorgânicas, e há uma explicação para tal acontecimento: Estas macromoléculas, os
polímeros, organizam-se a partir de outras moléculas, menores, os monómeros.
Oses = Glícidos/Hidratos de Carbono
Ácidos Gordos e Glicerol = Lípidos
Monómeros Polímeros
Aminoácidos = Prótidos
Nucleótidos = Ácidos Nucleicos

Reação de Condensação: Os monómeros unem-se e formam cadeias, originando polímeros.


Este processo designa-se polimerização. Há formação de uma molécula de água.

Reação de Hidrólise: Quando os polímeros se desdobram nos seus diversos monómeros, dá-se
a despolimerização. Esta rutura ocorre através da reação de uma molécula de água com o
composto.

Glícidos/Hidratos de Carbonos
Os glícidos são compostos orgânicos ternários, em cuja constituição entra carbono, oxigénio e
hidrogénio. No âmbito da importância biológica dos glícidos, podem referir-se a função
energética e a estrutural.

 Monossacarídeos (Oses): Unidades estruturais dos glícidos, também conhecidos por


açúcares simples. Classificam-se atendendo ao nº de átomos de carbono que possuem,
podendo ser trioses (3C), tetroses (4C), pentoses (5C), hexoses (6C), etc. As duas últimas
destacam-se pela sua importância no mundo biológico.
o Pentoses: Entre as pentoses, destacam-se a ribose e a desoxirribose,
constituintes dos ácidos nucleicos.
o Hexoses: As hexoses mais frequentes nos seres vivos são a glicose, a frutose e a
galactose.
 Oligossacarídeos: Moléculas constituídas por duas a dez moléculas de oses ligadas entre
si. Por exemplo, duas moléculas de ose formam um dissacarídeo. A ligação que os une
denomina-se ligação glicosídica.
o Sacarose: 1 glicose + 1 frutose
o Maltose: 1 glicose + 1 glicose
o Lactose: 1 glicose + 1 galactose
 Polissacarídeos: Hidratos de carbono complexos formados por cadeias lineares ou
ramificadas de muitos monómeros, por vezes centenas ou milhares.
o Amido: Polímero de glicose. É uma importante reserva energética nas plantas.
o Celulose: Polímero de glicose. É o composto orgânico mais abundante na Terra,
sendo o componente estrutural da parede celular dos vegetais.
o Glicogénio: Polímero de glicose. É uma importante reserva energética em
muitos animais e fungos.

Lípidos
Os lípidos são biomoléculas estruturalmente muito heterogéneas. Geralmente são compostos
ternários constituídos por C, O, e H, mas também podem conter outros elementos como S, N ou
P. A sua propriedade mais distintiva é a sua fraca solubilidade na água, ou contrário da sua
grande solubilidade em solventes orgânicos. Dentre as funções que este grupo funcional
desempenha nos organismos, destacam-se a função energética, a estrutural, a protetora, a
vitamínica e a hormonal.

 Lípidos Simples – Triglicerídeos: Com funções de reserva, este tipo de lípidos tem como
constituintes 3 ácidos gordos e um glicerol (no caso do triglicerídeo). Os ácidos gordos
consistem em grandes cadeias de átomos de carbono, hidrocarbonada. Esta cadeia diz-
se saturada caso todas as ligações dos átomos sejam simples, e insaturada se possuir
ligações duplas ou triplas. Denomina-se ligação éster a ligação entre o glicerol e os
ácidos gordos. Como consequência desta reação, dá-se a formação de moléculas de
água.
 Lípidos Complexos – Fosfolípidos: Constituídos por dois ácidos gordos, um glicerol, um
grupo fosfato e um composto R. Por ter uma parte apolar e outra polar, diz-se que os
fosfolípidos são moléculas anfipáticas, ou seja, têm uma extremidade hidrofóbica
(cadeia hidrocarbonada) e uma extremidade hidrofílica (composto R, grupo fosfato e
glicerol).

Prótidos
São compostos orgânicos quaternários. Os prótidos mais simples são os aminoácidos, que
servem como unidade estrutural de moléculas mais complexos, como os péptidos e as proteínas.

 Aminoácidos: Existem cerca de 20 tipos de aminoácidos essências na formação de


prótidos mais complexos. São constituídos por:
o Grupo Carboxilo (COOH)
o Grupo Amina (NH2)
o Um Átomo de Hidrogénio
o Um Radical, ligado ao mesmo átomo de carbono que todos acima.
 Péptidos: Formam-se quando ocorre uma ligação peptídica, que se estabelece entre o
grupo carboxilo de um aminoácido e o grupo amina de outro, libertando-se uma
molécula de água no processo. Aos péptidos com mais de 20 aminoácidos é-lhes
chamado polipéptidos.
 Proteínas: Macromoléculas constituídas por uma ou mais cadeias polipeptídicas. Podem
ser formadas apenas por aminoácidos (proteínas simples/holoproteínas), ou também
podem conter uma porção não proteica (proteínas conjugadas/heteroproteínas).
o Estrutura Primária: Sequência de aminoácidos ligados por ligações peptídicas.
o Estrutura Secundária: Ligando-se por pontes de hidrogénio, cadeias de
estrutura primária podem dispor-se paralelamente ou dobrarem-se em forma
de hélice.
o Estrutura Terciária: As estruturas secundárias podem ainda dobrar-se,
ganhando uma forma globular, via pontes de hidrogénio e de dissulfito.
o Estrutura Quaternária: Por fim, várias cadeias globulares podem ligar-se entre
si, formando uma estrutura quaternária.

A temperatura, o grau de acidez, a concentração de sais e outros fatores ambientais podem


afetar a estrutura das proteínas, fazendo com que estas percam a configuração original. À perda
da estrutura tridimensional das proteínas chama-se desnaturação. Dentro das várias funções
cruciais que as proteínas têm em diversos processos biológicos, alguns exemplos são as funções:
estrutural, enzimática, de transporte, hormonal, imunológica, motora e de reserva alimentar.

Ácidos Nucleicos
Os ácidos nucleicos são as principais biomoléculas envolvidas no controlo celular. As suas
funções consistem no armazenamento e transferência de informação genética. Os nucleótidos
são os monómeros dos ácidos nucleicos. São constituídos por uma pentose, ligada a um
composto alcalino azotado (base) e a um grupo fosfato.

 Bases Azotadas
o Anel Simples/Bases Pirimídicas: Uracilo, Citosina, Timina.
o Anel Duplo/Bases Púricas: Adenina e Guanina.

DNA/ADN – Ácido RNA/ARN – Ácido


Desoxirribonucleico Ribonucleico
Açúcar Desoxirribose Ribose
Bases Azotadas A, G, C, T A, G, C, U
Cadeias Dupla Simples
Hélice Sim Não

2. Obtenção de Matéria

1 – Obtenção de Matéria pelos Seres Heterotróficos

1.1 Unicelularidade vs. Pluricelularidade


Para se assegurar a sua própria sobrevivência, os seres vivos necessitam de matéria
orgânica. Os seres autotróficos produzem matéria orgânica utilizando diferentes formas de
energia (química ou solar). Os heterotróficos recorrem a diferentes processos para adquirir e
transformar os compostos orgânicos que utilizam, recorrendo à absorção (decompositores), ou
à ingestão (consumidores).

A membrana plasmática mantém a integridade da célula e constitui uma fronteira entre


dois meios distintos, assegurando a troca de substâncias, de energia e de informação entre esses
dos meios. Esta é, basicamente, um complexo lipoproteico, cujas proporções relativas de lípidos
e proteínas variam consoante o tipo de membrana, podendo ainda existir glícidos.

Os lípidos das membranas são principalmente fosfolípidos, que contêm uma extremidade
hidrofóbica (não polar) e outra hidrofílica (polar).

Três dos modelos de membrana celular mais relevantes são: os modelos de Davson e
Danielle, e o modelo de Singer e Nicholson. Este último também é chamado modelo de mosaico
fluido, constituído por um meio extracelular (glicolípidos e glicoproteínas, proteínas
extrínsecas), uma bicamada fosfolipídica (fosfolípidos, proteínas intrínsecas) e um meio
intracelular (proteínas extrínsecas).
Os mecanismos pelos quais ocorrem as trocas de materiais através da membrana
plasmática são variados. Alguns são controlados por processos físicos e noutros intervêm
proteínas das membranas.

Processo Características Exemplos


Transporte Osmose Movimento da água através da Água.
não membrana plasmática. Efetua-se de
Mediado um meio hipotónico para um meio
hipertónico. No meio isotónico, as
trocas são iguais.
Difusão Deslocação de substâncias a favor do Gases nos vasos sanguíneos.
Simples gradiente de concentração.
Transporte Difusão Deslocação de substâncias a favor do Glicose e aminoácidos.
Mediado Facilitada gradiente de concentração, intervindo
também proteínas transportadoras,
como as permeases.
Transporte Deslocação de substâncias contra o Iões K+ e Na+.
Ativo gradiente de concentração. Intervêm
proteínas transportadoras e envolve
transferências de energia pela célula.
Transporte Endocitose Inclusão de substâncias por Macromoléculas, bactérias
em invaginações da membrana, formando captadas por leucócitos,
Quantidade vesículas endocíticas. gotículas de lípidos.
Fagocitose: Emissão de pseudópodes
por parte da célula, originando uma
vesícula fagocítica.
Pinocitose: processo endocítico em
que substâncias entram em solução
através das invaginações.
Exocitose Expulsão de substâncias para o exterior Resíduos da digestão celular,
da célula por um processo inverso á produtos elaborados por
endocitose. células glandulares.

1.2 Ingestão, Digestão e Absorção


Uma vez esclarecida a forma como ocorre o transporte de substâncias para o interior das
células, ou seja, pode-se então tratar do processamento que os alimentos passam para poderem
ser utilizados pela célula.

Ingestão: Introdução dos alimentos nos organismos.

Digestão: Processo de transformação das moléculas complexas dos alimentos em substâncias


mais simples, por reações de hidrólise, catalisadas por enzimas. Estas enzimas são moléculas de
natureza proteica, cuja função é diminuírem a energia necessária para que as reações químicas
se desencadeiem. Pode ser intracelular ou extracelular.

Absorção: Movimento dos nutrientes simplificados pela digestão através de membranas


celulares.

Digestão Intracelular
Verifica-se em seres unicelulares e nalgumas células de seres pluricelulares. No retículo
endoplasmático, são sintetizadas proteínas enzimáticas. Estas são transferidas para o complexo
de Golgi, onde são transformadas e transferidas para lisossomas que se destacam desse
organelo e acumulam essas enzimas. Estes lisossomas fundem-se com vesículas endocíticas,
formando vacúolos digestivos. Graças às enzimas digestivas, as moléculas complexas são
decompostas noutras mais simples, podendo então serem utilizadas pelas células.

Digestão Extracelular
A digestão extracelular, que ocorre fora das células, pode ainda chegar a ocorrer fora do corpo,
muito comum nos fungos. Chama-se a este processo digestão extracorporal. Por exemplo, os
cogumelos possuem filamentos (hifas), que libertam enzimas para o substrato, decompondo as
moléculas complexas que serão absorvidas pelas membranas das hifas.

Na maioria dos animais, a digestão ocorre em cavidades digestivas, sendo, portanto, uma
digestão intracorporal. Os sistemas digestivos foram evoluindo, passando de incompletos, com
uma abertura, para completos, com duas aberturas. O tubo digestivo completo confere várias
vantagens aos organismos que o possuem:

 Os alimentos deslocam-se num único sentido, o que proporciona uma digestão e


absorção sequenciais ao longo do tubo, tornando assim o processo mais eficiente.
 A digestão pode ocorrer em vários órgãos, devido a diferente tratamento mecânico
e à ação de diversas enzimas.
 A absorção é mais eficaz, prosseguindo ao longo do tubo.
 Os resíduos não digeridos são acumulados e posteriormente expulsos através do
ânus.

Sobre a absorção, que acontece maioritariamente no intestino delgado, vale ressaltar que esta
aproveita algumas características do órgão para tornar o processo mais eficiente. A superfície
do intestino apresenta válvulas coniventes, que por sua vez apresentam vilosidades, cujas
células apresentam microvilosidades. Estas características aumentam consideravelmente a
superfície de contacto entre os nutrientes e a parede intestinal, facilitando a sua absorção.

2 – Obtenção de Matéria pelos Seres Autotróficos


A autotrofia envolve dois processos:

 Fotossíntese: Realizada por organismos fotossintéticos que são seres fototróficos.


 Quimiossíntese: Realizada pelos organismos quimiossintéticos que são seres
quimioautotróficos.

A energia luminosa/química não podem ser utilizadas diretamente pelas células. Parte
dessa energia é transferida para um composto, adenosina trifosfato (ATP). Estas
moléculas são a forma mais comum de circulação de energia numa célula, pois podem
ser facilmente hidrolisadas.

 Hidrólise de ATP: Este processo dá-se quando uma molécula de H2O entra em
contacto com uma molécula de ATP, rompendo a ligação de um dos grupos
fosfato, libertando energia, e formando uma molécula de ADP e um ião fosfato.
Esta reação é exoenergética.
 Fosforilação de ADP: Requer energia, transformando o ião fosfato e o ADP
numa molécula de ATP, formando também uma molécula de H2O no processo.
Esta reação é endoenergética.
O ciclo do ATP é fundamental para a produção de compostos orgânicos na
fotossíntese e quimiossíntese.

2.1 Fotossíntese
6CO2 + 12H2O C6H1206 6+ 602 + H20

Para captarem a energia luminosa, os seres fotossintéticos possuem pigmentos. Os mais


comuns são as clorofilas (de cor verde), mas existem outros, como os carotenos e as
xantofilas (laranja e amarelo, respetivamente).
Os cloroplastos são os organitos celulares onde estes pigmentos se encontram. São
organelos com dupla membrana, cuja interna invagina-se, originando os tilacoides, que se
podem juntar, formando estruturas empilhadas. Estas estão suspensas num fluido
chamado estroma, onde podem existir partículas de amido e gotículas lipídicas.
A luz que incide sobre as folhas pode seguir diferentes percursos devido ao
comportamento dos pigmentos fotossintéticos face às diferentes radiações. As clorofilas,
por exemplo, absorvem, principalmente, as radiações do espetro visível de comprimentos
de onda correspondentes ao azul-violeta e ao vermelho-alaranjado. As radiações com
comprimentos de onda correspondentes à zona verde do espetro não são absorvidas, são
refletidas, daí vermos as folhas com cor verde.
Na experiência de Englemann, em 1882, permitiu-se estabelecer relações entre as
radiações do espetro de absorção e a eficiência da fotossíntese. Este observou que as
bactérias se aglomeravam mais densamente nas zonas que recebiam radiações
correspondentes às faixas vermelho-alaranjadas e azul-violeta. Essa distribuição evidencia
que nessas zonas há maior libertação de oxigénio. Por ser um dos produtos da fotossíntese,
a sua libertação em maior ou menor quantidade revela a maior ou menor intensidade
fotossintética.
Com base nas experiências de Van Niel, Rubem e Hamen, Gaffron e Calvin, foi possível
concluir-se que nos seres fotossintéticos ocorre produção de oxigénio, proveniente de
água, quando estão expostos à luz, e captação de dióxido de carbono, que intervém na
formação de compostos orgânicos, no caso de não haver um período de iluminação
suficiente.

Nota:

Oxidação → sem eletrões → perde e-


Redução → com eletrões → ganha e-

A fotossíntese compreende duas fases complementares:


 Fase Fotoquímica: A energia luminosa é transformada em energia química.
o Fotoexcitação das clorofilas.
o Dá-se a fotólise da água (oxidação). Liberta-se O2.
o Os eletrões perdidos na fotólise da água são transferidos para as
moléculas (NADP+) acetoras de hidrogénios, dando-se assim a sua
redução (NADPH).
o Bombeamento de protões para a membrana do tilacoide a favor do
gradiente da concentração. Estes são mais tarde transportados para o
estroma através da proteína ATP sintetase, dando-se a fosforilação de ADP
em ATP.
 Fase Química: Conjunto de reações que se realizam no estroma.
o O CO2 combina-se com RuBP (5C), reação catalisada pela enzima Rubisco.
Formam-se moléculas de 6C, que por serem instáveis, tornam-se em 2
moléculas de 3C.
o O ATP fornece energia e grupos fosfato às reações, enquanto o NADPH
fornece o poder redutor (e- e H+). Assim constituem-se 6 G3P (1 glicose).
o Entretanto, 5 G3P vão servir para a regeneração das RuBP, o que evidencia
a existência de um ciclo na fase química, chamado ciclo de Calvin.
o Para se formar uma glicose, é necessário realizarem-se 6 ciclos de Calvin.

2.2 Quimiossíntese
A quimiossíntese é um processo semelhante á fotossíntese, porém, não é utilizado energia
luminosa, e sim energia química. Os seres quimiossintéticos produzem compostos
orgânicos pela mesma fonte de carbono que os seres fotossintéticos, o CO2. Porém, a fonte
de eletrões não é a água, mas sim substâncias como o sulfureto de hidrogénio ou o
amoníaco.

 Primeira Fase: Ocorrem reações de oxirredução que permitem a produção de


moléculas de NADPH, e também dá-se mobilização de energia necessária para a
síntese de moléculas de ATP. Tal como na fotossíntese, é o substrato inicial que
por oxidação fornece eletrões para a redução das moléculas NADP+.
 Segunda Fase: Formam-se compostos orgânicos a partir do CO2 captado do
exterior, bem como o poder redutor do NADPH e a energia do ATP.

3. Distribuição de Matéria

1 – O Transporte nas Plantas


Existem plantas com mais de cem metros de altura. Então como será que a água e os sais
minerais são transportados desde que são captados e, simultaneamente, como serão
distribuídos os compostos orgânicos produzidos nas folhas?

Plantas não Vasculares: (por exemplo, musgos) Em regra não apresentam tecidos condutores.
Vivem geralmente em zonas húmidas, o movimento da água efetua-se por osmose e as
substâncias dissolvidas movimentam-se por difusão de célula a célula.

Plantas Vasculares: (por exemplo, fetos) Nestas plantas, existem vários sistemas complexos de
condução de água e solutos. O movimento de solutos orgânicos e de solutos inorgânicos no
interior da planta, através de tecidos condutores, designa-se por translocação.

• Seiva Bruta/Xilémica: água e substâncias minerais dissolvidas.

• Seiva Elaborada/Floémica: substâncias orgânicas produzidas nas células fotossintéticas.


As plantas vasculares possuem um duplo sistema de condução de água e de solutos, constituído
por tecidos especializados que estão organizados em dois tipos de feixes condutores, o xilema
e o floema.

• Xilema: também conhecido por lenho ou tecido traqueano, nele circula a seiva xilémica
ou bruta. Os elementos condutores mais importantes deste tecido são os vasos xilémicos
(células mortas e traqueídos, também mortas), cujas paredes laterais têm espessamentos
impregnados de uma substância impermeável – a lenhina. O parênquima é o único tecido do
xilema constituído por células vivas, que desempenham funções de reserva. Tem sentido
ascendente.

• Floema: também conhecido como líber ou tecido crivoso, é nele que circula a seiva
elaborada/floémica. Os seus elementos condutores são os tubos crivosos (células vivas), cujas
paredes transversais com orifícios constituem as placas crivosas. Também contém fibras mortas
(suporte) e células parenquimatosas (reserva). Além disso, no floema existem ainda outro tipo
de células, as células de companhia. Tem sentido descendente.

Sistemas de Transporte
A raiz, o caule e as folhas são estruturas que evidenciam a adaptação das plantas ao meio
terrestre.

 Sistema Radicular: contribui de uma forma especial para a fixação da planta,


absorção de água e a captação seletiva de nutrientes que existem no solo.
• Os pelos radiculares, extensões de células epidérmicas que cria uma
grande superfície de contacto entre a planta e a solução do solo. Esta
solução rica em iões está presente entre as partículas do solo.
• A água move-se do exterior para dentro da raiz através de osmose até
atingir os vasos xilémicos.
• Os iões minerais entram nas células da raiz por difusão simples, mas a
solução do solo é muito diluída, o que faz este movimento ser contra
o gradiente de concentração, entrando nas células por transporte
ativo.
 Sistema Caulinar: serve de suporte às folhas, as quais têm uma posição adequada
à captação de luz, e também é através do caule que se efetua o transporte das
seivas.
 Sistema Foliar: apresenta várias características que permitem obter uma maior
eficiência no processo da fotossíntese. Na estrutura de uma folha, é possível
identificar-se:
• Epiderme: duas camadas de células vivas, uma na página superior e
outra na página inferior da folha. Aqui encontram-se os estomas. Cada
uma destas estruturas é constituída por duas células oclusivas/células
guarda, que delimitam o ostíolo, a sua abertura, que comunica com
uma câmara estomática. Se as células estomáticas estiverem túrgidas,
o ostíolo ficará aberto. Se estiverem normais, o ostíolo fechar-se-á.
• Mesófilo: Encontra-se entre as duas epidermes. Este tecido clorofilino
é constituído por células vivas com parede celular fina, cloroplastos e
vacúolos desenvolvidos. As zonas deste tecido que se encontra junto
á página inferior pode apresentar lacunas. Além disso, o mesófilo é
percorrido por tecidos vasculares que fazem parte das nervuras da
folha.
• Cutícula: Parede externa á epiderme constituída por uma substância
impermeável, a cutina, que protege as plantas contra a dessecação.

1.1. Transporte no Xilema


A hipótese da pressão radicular e a hipótese da tensão-adesão-coesão são propostas
para explicar o movimento da seiva xilémica.

Hipótese da Pressão Radicular: Diversas observações levam a pensar que, na raiz,


devido à osmose, se desenvolve uma pressão, que pode explicar a ascensão da água no
xilema. A pressão radicular é um fenómeno causado pela contínua e ativa acumulação
de iões nas células da raiz, o que aumenta a concentração de soluto, que tem como
consequência o movimento da água por osmose do solo para o interior da planta. A
acumulação de água nos tecidos provoca uma pressão que força a água a subir no
xilema. Dois processos desencadeados pela pressão radicular são, por exemplo, a
exsudação e a gutação.

No entanto, esta não deve ser o principal fator responsável pela ascensão da água e dos
solutos, pois certas plantas não apresentam pressão radicular.

Hipótese da Tensão-Adesão-Coesão: O mecanismo de tensão-adesão-coesão é hoje


considerado o principal processo do transporte de seixa xilémica na maioria das plantas.
Divide-se em 3 fenómenos sequenciais:

 Transpiração Foliar: a transpiração cria uma tensão na parte superior que


“puxa” a água dos vasos xilémicos.
 Coesão e Adesão no Xilema: as propriedades de coesão e adesão da água
mantêm uma coluna contínua de água solicitada pela tensão foliar.
 Entrada de Água pela Raiz: A subida da seixa xilémica permite que a água e os
solutos minerais sejam absorvidos ao nível da raiz e passem para o xilema. Cria-
se assim fluxo passivo das áreas de potencial de água mais elevado (raiz), para
as áreas de potencial de água mais baixo (folhas).

Assim, o movimento da água no mesófilo faz mover toda a coluna hídrica, que se
mantém contínua, estabelecendo-se deste modo a corrente de transpiração. Quanto
mais rápida for a transpiração ao nível das folhas, mais rápida se torna a ascensão da
seiva.

1.2. Transporte no Floema


O transporte dos materiais produzidos nos órgãos fotossintéticos efetua-se através dos
elementos condutores do tecido floémico. Uma das hipóteses mais aceites que explica a
translocação da seiva floémica ficou conhecido como a hipótese do fluxo de massa.

Segundo esta hipótese, o transporte no floema ocorre em consequência de um


gradiente de concentração de sacarose que se estabelece entre uma fonte, órgão da planta
onde o açúcar é produzido, e um recebedor, órgão da planta onde esse mesmo açúcar é
consumido ou mantido em reserva. Ao longo do tempo, foram apontadas algumas limitações,
nomeadamente associadas ao movimento de glícidos para o floema contra o gradiente de
concentração. Assim, atualmente, a hipótese do fluxo de massa associado a transporte ativo é
o modelo explicativo mais aceitável.

Resumindo,

 Da fonte para o tubo crivoso: transporte ativo;


 Água do Xilema para o Floema: osmose;
 Glicose ao longo do Floema: pressão de turgescência;
 Do tubo crivoso para o recebedor: transporte ativo;
 Água do Floema para o Xilema: osmose.

2 – O Transporte nos Animais


Os animais mais simples, como as esponjas, não possuem um sistema de transporte
diferenciado. Neles, todas as células estão relativamente próximas da superfície corporal,
efetuando difusão direta de substâncias entre estas e o meio. Porém, nos animais complexos, o
processo de difusão seria ineficiente, dando por exemplo o exemplo do ser humano, onde a
chegada da glicose absorvida nos intestinos até ao cérebro levaria meses ou mais. Daí a
importância dos sistemas de transporte.

2.1. Sistemas de Transporte


Tipicamente, pode-se referir que um sistema de transporte possui:

 Um fluido circulante, como por exemplo o sangue;


 Um órgão propulsor do fluido, geralmente o coração;
 Um sistema de vasos ou espaços por onde o fluido circula.

Globalmente, podem referir-se dois tipos básicos de sistemas de transporte.

 Sistema de Transporte Aberto (hemolinfa): Em vários invertebrados, existe este tipo de


sistema, assim designado porque o sangue abandona os vasos e passa para as lacunas,
fluindo diretamente para as células. Aqui não há distinção entre o sangue e o fluido
intersticial.
 Sistema de Transporte Fechado (sangue): Os animais vertebrados e alguns
invertebrados possuem este sistema de transporte. Nele, todo o percurso do sangue
faz-se dentro dos vasos, mantendo-se o sangue distinto do fluido intersticial.

O Transporte nos Vertebrados


O sistema circulatório dos vertebrados, ou sistema cardiovascular, é um sistema de transporte
fechado, que apresenta diferentes características de estrutura e de função, dependendo do
grupo em que os animais se encontram. Os vertebrados apresentam algumas diferenças
relativamente ao número de cavidades do coração e aos vasos que a ele estão diretamente
ligados. Porém, vale ressaltar que em todos os vertebrados, o sangue que circula nas veias,
chega às aurículas e passa para o (s) ventrículo (s), de onde sai para diferentes partes do corpo,
circulando nas artérias.

 Circulação Simples: Apenas presente nos peixes, no decurso da totalidade de uma


circulação o sangue passa uma só vez no coração.
 Circulação Dupla: O sangue percorre dois circuitos distintos, passando no coração em
ambos. Dependendo do número de cavidades, pode ser completa ou incompleta.
o Circulação Pulmonar: O sangue venoso sai do coração, indo para os pulmões,
onde é oxigenado. Posteriormente, regressa à aurícula esquerda pelas veias
pulmonares.
o Circulação Sistémica: O sangue arterial sai do coração, dirige-se a todos os
órgãos do organismo, e regressa venoso à aurícula direita.

A circulação dupla é mais eficiente do que a circulação simples por vários fatores. Entre eles:

 Assegura um fluxo vigoroso de sangue para os diferentes órgãos, uma vez que o sangue
dos pulmões volta ao coração e é impulsionado sob pressão para todo o organismo.
 O número de cavidades também é importante, pois quando passam a haver quatro
destas, deixa de haver mistura de sangue, aumentando a eficácia da circulação.

Peixes: O coração tem duas cavidades: uma aurícula e um ventrículo. A circulação percorre
apenas um circuito: é uma circulação simples.

 Circuito: O sangue venoso, vindo dos diferentes órgãos, entra na aurícula. A


contração auricular impele o sangue para o ventrículo. O sangue não oxigenado do
ventrículo é bombeado para as brânquias, onde recebe oxigénio, partindo para
todas as células do corpo.

Anfíbios: O coração tem três cavidades, duas aurículas e um ventrículo. A circulação é dupla,
ou seja, existe um circuito pulmonar e um sistémico.

 Circuito: Na aurícula direita entra sangue venoso vindo dos diferentes órgãos e na
aurícula esquerda entra sangue arterial vindo dos pulmões (e da pele). As aurículas
contraem-se e o sangue passa o único ventrículo. Assim, mesmo com a não
simultaneidade da contração das aurículas, dá-se a mistura do sangue arterial e do
sangue venoso. Por este motivo, diz-se que a circulação dos anfíbios é dupla
incompleta.

Répteis: iguais aos anfíbios, mas possuem um septo intraventricular (parcialmente, à


exceção do crocodilo).

Mamíferos: O coração tem quatro cavidades: duas aurículas e dois ventrículos, não havendo
mistura de sangues no coração. Assim, a circulação dupla nestes animais é uma circulação
completa. A evolução para este tipo de coração permite uma maior capacidade energética,
adaptação correspondente a uma maior disponibilidade de oxigénio.

O coração é constituído fundamentalmente por tecido muscular cardíaco, o miocárdio. Este é


irrigado pelas artérias coronárias. Os movimentos rítmicos de contração do coração, sístoles, e
de relaxamento, diástoles, geram um fluxo de sangue que percorre os vasos sanguíneos.

As artérias ramificam-se em arteríolas, que originam redes capilares ao nível de diferentes


tecidos. Os capilares reúnem-se formando vénulas, que convergem formando veias pelas quais
o sangue regressa ao coração.

 Aurícula Direita: válvula tricúspide.


 Aurícula Esquerda: válvula bicúspide.
 Ventrículo Direito: válvula semilunar pulmonar.
 Ventrículo Esquerdo: válvula semilunar aórtica.
 Artérias: têm paredes fortes e elásticas, o que permite a sua dilatação e contração
por cada batimento cardíaco.
 Veias: têm paredes mais finas e maiores diâmetros que as artérias. Funcionam como
reservatórios do volume de sangue.
 Capilares: são constituídos por uma única camada de células, diferindo assim
estruturalmente das veias e artérias.

Pressão Sanguínea: Pressão exercida pelo sangue sobre a parede dos vasos. Esta atinge o seu
valor máximo nas artérias, diminuindo progressivamente até chegar a valores praticamente
nulos nas veias. Na artéria aorta verifica-se o valor de máxima pressão, cerca de 120 mmHg,
correspondente ao momento de sístole ventricular, pressão sistólica, e um valor mínimo, cerca
de 80 mmHg, correspondente ao momento da diástole ventricular, pressão diastólica.

Porém, se nas veias os valores de pressão sanguínea são praticamente nulos, como é que o
sangue chega ao coração? Entre os principais mecanismos que contribuem para o retrocesso do
sangue ao coração:

 As veias estão geralmente rodeadas de músculos esqueléticos que, ao contraírem-se,


exercem uma pressão no sangue que circula nesses vasos em direção ao coração.
 As válvulas venosas existentes nas veias impedem o retrocesso do sangue,
direcionando-o ao coração.
 Os movimentos respiratórios também contribuem para o regresso do sangue. Durante
a inspiração, a diminuição da pressão da caixa torácica provoca o deslocamento do
sangue.
 Durante a diástole, a redução da pressão nas aurículas provoca um movimento do
sangue para o órgão cardíaco.

Quanto á velocidade do fluxo sanguíneo, esta atinge o valor máximo nas artérias, diminui nos
capilares, e volta a aumentar nas veias.

2.2. Fluidos Circulantes


No intercâmbio de substâncias entre as células e o meio intervêm o sangue e a linfa,
fluidos extracelulares.

Ao nível dos capilares, a pressão sanguínea e pressão osmótica intervêm no intercâmbio


de substâncias entre e as células os vasos, que é facilitado pelas suas paredes muito finas. Na
extremidade arterial dos capilares, a pressão sanguínea excede a pressão osmótica, havendo
movimento de substâncias para fora do capilar. Assim, forma-se um fluido intersticial, a linfa
intersticial, fluido incolor e transparente constituído por plasma e leucócitos, bem como
nutrientes e oxigénio, que abandonaram os capilares sanguíneos. No entanto, a grande maioria
deste fluido intersticial volta a entrar no extremo venoso dos capilares, uma vez que a pressão
osmótica excede a pressão sanguínea.

O excesso da linfa intersticial entra para capilares linfáticos que existem nos diferentes
órgãos entre os vasos sanguíneos, fazendo parte o sistema linfático. Estes capilares reúnem-se
em veias linfáticas, que também possuem válvulas. Aqui, o fluido denomina-se simplesmente
linfa, e é igualmente constituído por plasma (sem proteínas) e leucócitos. Esta é lançada na
corrente sanguínea em veias que abrem na veia cava superior.
Assim, podemos admitir que os fluidos extracelulares sangue, linfa circulante e
intersticial fazem parte do meio interno, assegurando várias funções vitais, tais como:

 Transporte de nutrientes provenientes do tubo digestivo ou da mobilização de


reservas até às células.
 Transporte de oxigénio das superfícies respiratórias até às células.
 Remoção de produtos resultantes da atividade celular.
 Transporte de hormonas.
 Defesa do organismo através dos leucócitos.

4. Transformação e Utilização de Energia pelos


Seres Vivos
As células de todos os organismos realizam um conjunto de reações químicas essenciais à
vida. Ao conjunto dessa reações dá-se o nome metabolismo celular. Podem considerar-se
dois tipos de processos:

 Anabolismo: Conjunto de reações químicas que conduzem à biossíntese de


moléculas complexas a partir de moléculas mais simples. Globalmente, as reações
de anabolismo são endoenergéticas.
 Catabolismo: Conjunto de reações químicas responsáveis pela degradação de
moléculas complexas em moléculas mais simples. Globalmente, as reações de
catabolismo são exoenergéticas.
o Além disso, as reações catabólicas têm outras particularidades: são
catalisadas por enzimas, que atuam sobre moléculas (substratos), formando
novas moléculas (produtos finais), e acontecem em cadeia, ou seja, o
produto final da primeira reação é o substrato da segunda, e assim por
diante. Estas características permitem uma libertação de energia gradual e
um melhor aproveitamento da mesma.

Às células chegam sempre os nutrientes, mas o oxigénio do meio pode chegar ou não. Existem
seres capazes de viver na ausência deste gás, mas que não sobrevivem sem a energia de que
necessitam para as suas células. São as reações catabólicas que permitem a cedência da energia
contida nas moléculas orgânicas para a síntese de ATP, e estas podem ocorrer na presença de
oxigénio, em aerobiose, ou na ausência deste último, em anaerobiose.

Quando a degradação da matéria orgânica não utiliza oxigénio e o produto final é uma molécula
orgânica, o fenómeno designa-se FERMENTAÇÃO. Por outro lado, quando é utilizado oxigénio
nas células durante a oxidação dos compostos orgânicos, dizemos que se trata de RESPIRAÇÃO
AERÓBIA.

1– Fermentação
As leveduras são seres anaeróbios facultativos, ou seja, podem mobilizar energia de compostos
orgânicos tanto em condições de anaerobiose como aerobiose. No entanto, alguns
microrganismos apenas conseguem realizar essa mobilização de energia por fermentação, que
ocorre no citoplasma, em meios desprovidos de oxigénio. São seres anaeróbios obrigatórios.

Existem diversos tipos de fermentações, mas vão ser apenas consideradas duas versões: a
fermentação lática e a fermentação alcoólica. Ambas compreendem duas fases sequenciais: a
glicólise e a redução do ácido pirúvico.

 Glicólise: Conjunto de reações que degradam a glicose em ácidos pirúvicos. É igual tanto
para a fermentação lática como para a fermentação alcoólica.
o Uma molécula de glicose (6C) é desdobrada em duas moléculas de ácido
pirúvico (3C). Este desdobramento é desencadeado pela energia fornecida por
2 ATP. Os ATP tornam-se ADP, uma vez que forneceram um grupo fosfato cada.
Forma-se uma molécula de Frutose-Difosfato (6C+2P), muito instável, que se
divide em 2 moléculas de 3C e 1P.
o 2 moléculas de NADP+ experimentam uma redução ao interagirem com os
compostos, tornando-se 2 NADPH. Entretanto, estes mesmos compostos
fornecem os seus grupos fosfatos, dando-se a fosforilação de 4 moléculas de
ADP.
o Assim, é possível dizer-se que o rendimento energético da glicólise é 2 ATP.
 Redução do Ácido Pirúvico: Conjunto de reações que conduzem à formação dos
produtos da fermentação, que ocorrem a partir do ácido pirúvico. Difere da
fermentação lática para a fermentação alcoólica.
 Fermentação Lática: Após a glicólise, os dois ácidos pirúvicos experimentam
uma redução, ao combinarem-se com hidrogénios transportados pelas
moléculas NADPH. Originam-se assim dois ácidos láticos (3C), tendo também
sido oxidadas as moléculas NADPH, tornando-se de novo NADP+, podendo,
desse modo, voltar a ser reduzidas.
 Fermentação Alcoólica: Após a glicólise, os dois ácidos pirúvicos experimentam
uma descarboxilação, libertando 2CO2. Em seguida, são reduzidos pelas
moléculas NADPH, que voltam á sua forma oxidada (NADP+). Assim, formam-se
dois etanóis (2C).

Globalmente, as fermentações láticas e alcoólicas podem traduzir-se como:

Fermentação Alcoólica: Glicose + 2 ADP + 2 P  2 Etanóis + 2 CO2 + 2 ATP

Fermentação Lática: Glicose + 2 ADP + 2 P  2 Ácidos Láticos + 2 ATP

Os processos metabólicos dos microrganismos têm permitido o fabrico de produtos alimentares


variados, tenho um lugar privilegiado na indústria alimentar. Alguns exemplos são o fabrico do
pão, bebidas alcoólicas e produtos lácteos fermentados.

2– Respiração Aeróbia
Um grande número de indivíduos é capaz de aproveitar com maior eficácia a energia de
compostos orgânicos, realizando respiração aeróbia. Tal como na fermentação, a glicólise
ocorre como uma primeira fase da respiração aeróbia, em que a glicose é transformada em ácido
pirúvico. No entanto, a segunda fase deste processo não se realiza no citosol.
Nas células eucarióticas, existem organelos citoplasmáticos, as mitocôndrias, nos quais se
efetuam etapas fundamentais da respiração aeróbia, entre as quais um conjunto cíclico de
reações designado por ciclo de Krebs.

Sobre a mitocôndria em si, esta é delimitada por uma membrana dupla. A membrana interna
apresenta uma série de pregas, as cristas mitocondriais, orientadas para o interior de um
material indiferenciado, a matriz mitocondrial.

Respiração Aeróbia
 Etapa 2 (AcetilCoA): Os dois ácidos pirúvicos (3C) entram na matriz mitocondrial, onde
é descarboxilado, libertando uma molécula de CO2 cada, tornando-se dois acetatos (2C).
São de seguida oxidados, perdendo um hidrogénio cada, que serão usados para reduzir
uma molécula NADP+ em NADPH (2). Ao mesmo tempo, os compostos ligam-se a uma
coenzima A, transformando-se cada um deles em acetil-coenzima A.
 Etapa 3 (Ciclo de Krebs): O ciclo de Krebs é um conjunto de reações onde têm lugar
descarboxilações e oxirreduções de diversos componentes, sendo a glicose
completamente degradada. Os principais reagentes deste processo são os dois acetil-
CoA, água e transportadores de eletrões (NADPH), sendo catalisados por enzimas estas
reações. Por cada molécula de glicose degradada (2 ciclos de Krebs), formam-se:
 2 Moléculas de ATP
 6 Moléculas de NADPH
 4 Moléculas de CO2
 2 Moléculas de FADH2
 Etapa 4 (Cadeia Transportadoras de Eletrões/Fosforilação Oxidativa): As moléculas de
NADPH e FADH2 transferem os seus eletrões (tornam-se moléculas NADP+ e FAD+) para
as cadeias respiratórias, localizadas na membrana interna, sendo constituídas por
proteínas (acetores), e os seus protões para o espaço entre a membrana externa e
interna. Inicia-se assim um fluxo ao longo do qual estas moléculas vão sendo
sucessivamente reduzidas e oxidadas. Cada transportador tem maior afinidade com os
eletrões do que o transportador anterior, garantindo-se desta forma um fluxo
unidirecional até ao acetor final, o oxigénio (libertando energia em todo o processo).
Este, depois de receber os eletrões, capta os hidrogénios da fosforilação oxidativa,
tornando-se H2O. A fosforilação oxidativa consiste no movimento dos protões (H+) do
espaço entre as membranas para a matriz mitocondrial através da ATP sintetase,
produzindo energia que é usada na fosforilação de moléculas de ADP em ATP:
fosforilação oxidativa. – 34 ATP.

Comparando o rendimento energético das fermentações com a respiração aeróbia, podemos


concluir:

 Fermentações
o (4 – 2) = 2 Moléculas de ATP por Glicose
o Processo rápido para renovação de pequenas quantidades de ATP.
o Exemplo: Exercícios intensos, relativamente curtos, em provas desportivas.
 Respiração Aeróbia
o (4 – 2) + 2 + (10NADPH+2FADH2) = 38 Moléculas de ATP por Glicose
o Processo demorado para renovação de grandes quantidades de ATP.
o Exemplo: Repouso, provas desportivas de longa duração.

3– Trocas Gasosas em Seres Multicelulares


A vida aeróbia (com oxigénio) condicionou a necessidade de um fluxo constante de oxigénio
para as células e de uma remoção eficiente de dióxido de carbono formado durante a respiração.
O modo como se efetuam as trocas gasosas com o meio depende da complexidade dos
organismos e do respetivo habitat.

3.1. Nas Plantas


Nas plantas, a taxa de respiração está relacionada, especialmente, com as biossínteses
e com o transporte de materiais através de membranas. Em regra, não existem sistemas de
órgãos especializados na troca de gases respiratórios.

Nas plantas superiores, este processo dá-se nas folhas. Nas plantas herbáceas, dá-se não
só nas folhas como também através dos estomas existentes ao longo da epiderme do caule, e
ainda, nos troncos e raízes das plantas lenhosas.

Os estomas permitem a regulação das trocas gasosas devido á sua capacidade de


abertura e fecho.

3.2. Nos Animais


A quantidade de oxigénio utilizado a nível celular, bem como a remoção de CO2, é
variável conforme as dimensões e atividade dos animais. As trocas gasosas entre os organismos
e o meio podem realizar-se por:

 Difusão Direta: Os gases respiratórios difundem-se diretamente entre as células e o


meio através da superfície respiratória.
 Difusão Indireta: Os gases respiratórios são transportados por um fluido circulante que
estabelece a comunicação entre as células e a superfície respiratória.

Nos animais mais complexos, existem um conjunto de estruturas que constituem o sistema
respiratório, do qual fazem parte superfícies especializadas nas trocas gasosas entre o meio
externo e interno, designadas por superfícies respiratórias. O movimento dos gases
respiratórios ocorre sempre por difusão simples em meio aquoso.

Para tornar a difusão eficiente, todas as superfícies respiratórias apresentam um conjunto


de características comuns:

 São húmidas, favorecendo, desse modo, a difusão do oxigénio e do dióxido de


carbono.
 São estruturas de pequena espessura, ou seja, em regra, são constituídas por uma
única camada de células a separar os meios externo e interno.
 Possuem uma morfologia que lhe confere uma grande área de contacto entre os
meios.

Nos animais em que se verifica uma difusão indireta dos gases, há uma relação entre o sistema
respiratório e o sistema circulatório, apresentando-se nas superfícies respiratórias
intensamente vascularizadas. Neste caso, o intercâmbio de CO2 do sangue e O2 das superfícies
respiratórias designa-se hematose, transformando-se o sangue venoso em sangue arterial.
Tegumento: Em animais como a minhoca, não existe um sistema respiratório diferenciado, logo,
a superfície do corpo atua como tal. O oxigénio passa para um fluido circulante através da pele,
chegando, desse modo, às células para as quais se difunde. O dióxido de carbono faz o percurso
inverso. Verifica-se, assim, um tipo de difusão indireta, designada por hematose cutânea. Certas
características da pele destes animais favorecem este processo:

 Numerosas glândulas produzem muco, deixando a pele sempre húmida.


 Extensa vascularização, favorecendo a difusão de CO2 e O2.

Brânquias: Órgãos respiratórios da maior parte dos animais aquáticos. São, em regra, formadas
a partir de evaginações da superfície do corpo. Nos peixes, as brânquias são internas,
localizando-se em duas câmaras branquiais, uma de cada lado da cabeça, recobertas por uma
lâmina óssea de proteção, o opérculo.

A grande área de contacto das brânquias, bem como a disposição dos seus capilares, favorece a
eficiência da hematose branquial. O sangue flui em sentido oposto ao sentido do movimento da
água que banha as lamelas branquiais. Assim, o oxigénio vai passando, por difusão, para o
sangue. Pela mesma razão, o dióxido de carbono difunde-se em sentido contrário. O nome do
processo que desencadeia o movimento da água é ventilação. Esta é controlada por
movimentos da boca e dos opérculos.

Sistema de Traqueias: É constituído por uma rede de canais cheios de ar, as traqueias. Estas
contactam com o exterior por aberturas na superfície do corpo, espiráculos, e a sua parede é
reforçada por anéis de quitina. As trocas gasosas com as células efetuam-se por difusão direta
efetuam-se por difusão direta, não intervindo o sistema circulatório no transporte dos gases.
Além disso, alguns insetos possuem ainda sacos de ar que funcionam como reservas, facilitando
a ventilação.

Pulmões: Apresentam diferenças na sua estrutura, mas existem em todos os vertebrados


terrestres. Em regra, o tamanho e a complexidade dos pulmões de cada ser vivo estão
relacionados com a sua taxa metabólica e, consequentemente, como a quantidade de oxigénio
necessitada pelas células. Nos seres humanos, como nos outros mamíferos, os pulmões
apresentam uma grande eficácia nas trocas gasosas. Para essa eficiência, contribuem:

 Grande área e fina espessura da superfície alveolar.


 Vasta rede de vasos capilares nas paredes dos alvéolos.

Os mecanismos de inspiração e de expiração permitem a renovação de ar nos pulmões,


condicionando as trocas gasosas alveolares. São desencadeados pela contração e
relaxamento dos músculos da cavidade torácica, nomeadamente o diafragma e os músculos
intercostais.

Na difusão de gases respiratórios, o fator que condiciona o sentido desta depende das
diferenças de pressão parcial de cada um desses gases ao nível dessas superfícies.
Fim
Nota: Método Científico!

Conjunto de regras básicas, com o intuito de realizar uma experiência, a fim de desenvolver
um determinado conhecimento.

 1º: Observação;
 2º: Recolher dados relacionados com o problema;
 3º: Surge uma hipótese (explicação provisória);
 4º: Desenvolve-se uma experimentação;
 5º: Analisar os dados da experiência, verificando-se se a hipótese estava errada ou
não.

Principais Etapas:

 1 – Observação;
 2 – Formulação de um Problema;
 3 – Formulação de uma Hipótese;
 4 – Realizar uma Experiência Controlada;
 5 – Análise dos Dados e Conclusão;

Variável Independente: manipulada pelo investigador.

Variável Dependente: efeitos causados pela variável independente; variável medida pelos
investigadores.

Resultados e Conclusões: mais viáveis se a experiência for repetida várias vezes. – Teoria
Credível.

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