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Entendemos que o estágio supervisionado tem uma importância significativa para a

compreensão do processo de constituição da identidade docente na formação de


professores.
Introdução:

Este trabalho originou-se das reflexões que envolvem o campo de pesquisa em


identidade docente na formação inicial de professores. A elaboração do presente artigo
teve como base os referenciais teóricos de Deschamps e Moliner (2009) para a
compreensão dos processos identitários, Dubar (2005) que discute as questões de
socialização na identidade e Pimenta (2000) que analisa a relação da identidade docente
no campo da formação de professores.
Tais autores nos embasaram para a formulação da seguinte questão de pesquisa: como o
processo de socialização interfere na identidade docente construída na disciplina de
Estágio Supervisionado para a Docência em Ciências?
Para responder esse questionamento, investigamos dez acadêmicos do curso de Ciencias
Biológicas da Universidade Estadual de Maringá que ao final das atividades do estágio
supervisionado foram arguidos através de uma entrevista semi estruturada. Para a
responder a questão de pesquisa proposta nesse artigo foram analisadas somente as
seguintes perguntas: Quais os momentos do estágio que você se identificou como
professor(a)? Qual a sua visão, antes e depois do estágio, a respeito de ser professor(a)?
As demais questões não foram analisadas nesse artigo, pois não estavam relacionadas
diretamente a essa questão de pesquisa especifica, uma vez que esse artigo é um recorte
de uma investigação mais ampla.
A identidade é um tema complexo e controverso, pois nas últimas décadas esse campo
de pesquisa teve diferentes enfoques, desde a relevância da individualidade do eu
cognoscente, até a importância conferida ao outro em determinado contexto social.
Assim, discorrer a respeito da identidade implica em encontrar na literatura uma
diversidade conceitual bastante ampla e em alguns casos contrastante.
Segundo Moliner e Deschamps (2009), uma das primeiras reflexões no campo da
pesquisa em identidade foi a questão do “si mesmo”, que discutia se a identidade
remetia a aspectos coletivos ou pessoais. Para resolver esse impasse surgiram as
definições de identidade social que relaciona a importância das pertenças sociais na
demarcação do indivíduo e de identidade pessoal para a relevância do pessoal e
idiossincrático.
No conceito da identidade temos então a oscilação entre dois polos, o psicológico e o
sociológico. Temos um ciclo no qual o indivíduo por processos de criação pode
modificar a sociedade, e esta por conformismo cria regularidades nos indivíduos que a
compõe (figura 1):

Sociedade
Conformismo Criação
Indivíduo

Fig.1
Esses dois conceitos são necessários, pois sem o processo de criação e de conformismo
a identidade não seria possível. Se tivéssemos somente o conformismo, a sociedade
moldaria todos os seus indivíduos como reflexo um do outro em um coletivo
homogêneo. No outro extremo, se houvesse somente a criação, todos os indivíduos
seriam completamente diferentes o que não possibilitaria a emergência de regularidades,
nem a formação do sentimento de coletividade. Assim, ambos os processos são
importantes e necessários para a formação da identidade nos seus aspectos sociais
(semelhança entre as pessoas de mesma pertença) e pessoais (sentimento de diferença
em relação aos outros).
Nesse contexto Moliner e Deschamps (2009) formulam outro questionamento: essa
dinâmica entre semelhança e diferença trata de simples reflexos do mundo, ou de
realidades subjetivas? Para responder essa indagação os autores introduzem o conceito
de representação identititária que sugere a existência de estruturas cognitivas
relativamente estáveis para fortalecer a semelhança ou para aumentar a diferença.
Nesse sentido outro autor que aponta para as questões sociais e as representações que
estão envolvidas na identidade é Claude Dubar. Para Dubar (2005) a identidade deve ser
compreendida como “forma identitária” que se configura nas relações sociais e de
trabalho em um processo de socialização:
As formas identitárias em questão em A socialização não são
"identidades pessoais" no sentido de designações singulares de si, mas
construções sociais partilhadas com todos os que têm trajetórias
subjetivas e definições de atores homólogas, principalmente no campo
profissional (DUBAR, 2005, p. 22).
Já no âmbito nacional, para Pimenta (1997), a identidade não é algo imutável, nem que
possa ser adquirido, mas um processo de construção do sujeito historicamente situado.
Segundo a autora:
A profissão de professor, como as demais, emerge em dado contexto e
momento históricos, como resposta a necessidades que estão postas
pelas sociedades, adquirindo estatuto de legalidade, Assim, algumas
profissões deixaram de existir e outras surgiram nos tempo atuais.
Outras adquirem tal poder legal, que se cristalizam a ponto de
permanecerem com práticas altamente formalizadas e significado
burocrático. Outras não chegam a desaparecer, mas se transformam,
adquirindo novas características para responderem a novas demandas
da sociedade. Este é o caso da profissão de professor (PIMENTA,
1997, p.6-7)
Atualmente, vem crescendo o número de pesquisas preocupadas com a compreensão
desta identidade docente. Tal identidade caracteriza-se como a construção da
significação social da profissão, ou seja, pelo desenvolvimento de uma concepção a
respeito da profissão a partir da vivência pessoal condicionada em determinado contexto
social. Segundo Pimenta e Lima (2004, p.66):
A construção e o fortalecimento da identidade e o desenvolvimento de
convicções em relação à profissão estão ligados às condições de
trabalho e ao reconhecimento e valoração conferida pela sociedade à
categoria profissional. Dessa forma, os saberes, a identidade
profissional e as práticas formativas presentes nos cursos de formação
docente precisam incluir aspectos alusivos ao modo como a profissão
é representada e explicada socialmente.
Essas mesmas autoras também afirmam que a relação entre o estagiário e o professor da
escola não é apenas para verificar as práticas docentes utilizadas nas aulas. É o processo
de conhecimento da profissão sob outra perspectiva, a ressignificação das concepções
sobre o ser e o fazer professor e o início da construção da identidade que estará em
constante reformulação.

] Teve momentos do Estágio na escola que você se identificou como professor? Quais?
Qual era sua visão sobre ser professor antes e depois de ter passado pela escola como professor?

O referencial da identidade docente

Como apontado anteriormente às pesquisas em identidade docente vêm crescendo no


ensino de ciências. Além das teses, dissertações e artigos, atualmente temos no cenário
nacional a consolidação de grupos de pesquisas que se propõem a investigar a questão
da identidade no campo da formação de professores. O grupo de pesquisa “O papel da
experiência na constituição da profissionalidade de professores”, coordenado pela Prof.
Dra Bernadete Gatti, está desenvolvendo projetos de pesquisa que visam investigar
questões relativas à constituição de identidades profissionais de professores.
Para Alves et al. (2007, p.269) o grupo coordenado pela Prof. Gatti
compreende que a identidade docente deve ser estudada “(...) não mais unicamente do
ponto de vista de sua subjetividade, mas compreendendo a constituição da identidade
como interação entre os parceiros e a sua trajetória pessoal e social”.
Como referencial teórico tal grupo de pesquisa adotou a abordagem de Claude
Dubar para compreender como a identidade docente se constitui, se reproduz e se
transforma.
Claude Dubar, sociólogo francês, é professor de Sociologia na Universidade de
Versailles-Saint Quentin en Ivelines. Suas pesquisas focaram as questões que envolvem
o trabalho, em específico a identidade profissional. Dentre suas principais obras temos:
A Socialização: construção das Identidades Sociais (1997) e A Crise das Identidades: a
interpretação de uma mutação (2006).
Para Dubar (2005) a identidade deve ser compreendida como “forma
identitária” que se configura nas relações sociais e de trabalho em um processo de
socialização:

As formas identitárias em questão em A socialização não são


"identidades pessoais" no sentido de designações singulares de si, mas
construções sociais partilhadas com todo s os que têm trajetórias
subjetivas e definições de atores homólogas, principalmente no campo
profissional (DUBAR, 2005, p. 22).
Já no âmbito da formação de professores, para Pimenta (1997), a identidade
não é algo imutável, nem que possa ser adquirido, mas um processo de construção do
sujeito historicamente situado. Segundo a autora:

A profissão de professor, como as demais, emerge em dado contexto e


momento históricos, como resposta a necessidades que estão postas
pelas sociedades, adquirindo estatuto de legalidade, Assim, algumas
profissões deixaram de existir e outras surgiram nos tempo atuais.
Outras adquirem tal poder legal, que se cristalizam a ponto de
permanecerem com práticas altamente formalizadas e significado
burocrático. Outras não chegam a desaparecer, mas se transformam,
adquirindo novas características para responderem a novas demandas
da sociedade. Este é o caso da profissão de professor (PIMENTA,
1997, p.6-7)

Atualmente, vem crescendo o número de pesquisas preocupadas com a


compreensão desta identidade docente. Tal identidade caracteriza-se como a construção
da significação social da profissão, ou seja, pelo desenvolvimento de uma concepção a
respeito da profissão a partir da vivência pessoal condicionada em determinado contexto
social. Segundo Pimenta e Lima (2004, p.66):

A construção e o fortalecimento da identidade e o desenvolvimento de


convicções em relação à profissão estão ligados às condições de
trabalho e ao reconhecimento e valoração conferida pela sociedade à
categoria profissional. Dessa forma, os saberes, a identidade
profissional e as práticas formativas presentes nos cursos de formação
docente precisam incluir aspectos alusivos ao modo como a profissão
é representada e explicada socialmente.

Essas mesmas autoras também afirmam que a relação entre o estagiário e o


professor da escola não é apenas para verificar as práticas docentes utilizadas nas aulas.
É o processo de conhecimento da profissão sob outra perspectiva, a ressignificação das
concepções sobre o ser e o fazer professor e o início da construção da identidade que
estará em constante reformulação.
Esses referenciais teóricos deixam claro o caráter social da constituição da
identidade docente. Entretanto, até que ponto observamos uma identidade ou uma
representação social da docência? Seria possível essa distinção entre identidade docente
e representação social?

Objetivo: identificar regularidades e singularidades do processo de socialização na identidade


docente.
Cunha sobral soares 2012:

Apesar de a experiência social ser pautada na articulação subjetiva desses tipos de


ação, ela não é

propriamente subjetiva. Ao contrário, cada ação da experiência social se inscreve ela


própria numa certa

objetividade do sistema social. Isto significa que os elementos que compõem a experiência
social não são

pertencentes ao ator, eles preexistem e lhe são dados ou impostos por meio de uma
cultura, das relações

sociais, dos constrangimentos ou da dominação.

A expressão “análise dos mundos” evidencia a orientação metodológica deste trabalho:


para

compreendermos a identidade é preciso “mergulhar” na história de vida do indivíduo por meio


de sua própria

narrativa para identificar suas representações através dos significados presentes no seu
discurso.

A identidade é,

portanto, um fenômeno que deriva da dialética entre um indivíduo (identidade para si –


decorrente dos atos

de pertencimento) e a sociedade (identidade para o outro- decorrente dos atos de


atribuição). Estas duas

dimensões caracterizam o que Dubar (2005) tipifica como processo biográfico e processo
relacional.

Analisar o processo identitário, é articular dois processos: o processo identitário


biográfico e o processo

identitário relacional. A identidade social se constrói na articulação desses dois processos.


Segundo Pimenta e Lima (2004), a relação entre o estagiário e o professor da
escola não é apenas para verificar as práticas docentes utilizadas nas aulas. É o processo
de conhecimento da profissão sob outra perspectiva, a ressignificação das concepções
sobre o ser e o fazer professor e o início da construção da identidade que estará em
constante reformulação.
A idéia singular aqui posta é de que a mobilização de

saberes nas práticas de estágio, enquanto estratégia para formação produz uma razão

significativa para a busca e compreensão do processo de formação de professores.

cujo foco principal é a utilização de atividades práticas

Ana Maria:

28:00- a identificação no reconhecimento dos alunos, eles perguntaram, em


poder responder o que eles queriam saber

30:00- antes achava que a profissão é chata, que é algo trabalhoso mais não é
chato. Aprendeu a valorizar os professores. Antes ela não via as questões da preparação
da aula, tinha a concepção de que dar aula é algo fácil, “só chegar e falar”.

Barbara:

19:00- quando os alunos chamaram de professora pela primeira vez ( o


reconhecimento do outro) , também quando os alunos respondiam as perguntas, “colher
os frutos” reconheceu o seu papel também.

22:00- não dava tanto valor a profissão

Difícil a profissão.

Mudança de valores o aluno mesmo depois de varias explicações ainda erra na


prova. Não achava que os professores viam a gente colando, mas lá da frente da pra ver
tudo, pegamos vários alunos colando.
Camila Borim:

1:20- quando está como aluno acha que é fácil, que é só chegar na frente da
sala e explicar. Tem todo um planejamento. Nem todos os alunos irão entender da
mesma forma, tem que ter cuidado paciência a forma como fala a velocidade .
sensibilidade de entender a turma.

Sei que os alunos podem ter duvida mesmo se todos falarem que entenderam.

Hoje é mais fácil entender o que o aluno pensa e também como aluno entender
que é aquele professor na frente da sala

Camila Matiusso:

25:00 o tempo todo quando eu falava (explicava a matéria lá na frente)

Ela tinha a expectativa que os alunos aprendam necessariamente.

Na avaliação, quando planejei a avaliação fora da sala de aula percebi como é


pensar como professora (elaborar, você não se coloca mais como aluna).

Quando os alunos perguntavam coisas fora do conteúdo, a forma como eles


confiam em você – você até podia mentir que eles acreditariam. Senti a
responsabilidade da profissão.

Carina:

24:05

Quandos os alunos chamavam de professora .

Perguntavam diretamente e não pra professora da sala.

31:00

Acho que não mudou minha visão de professora.


Mas percebi que a vida pessoal do professor influencia na sala de aula –se a
turma for chata querendo ou não o professor acaba ficando chato.

Daniely:

13:00

Você acaba comparando os professores que você tem. Tem professores que
falam falam falam e não da pra entender tudo.

Eu me perguntava será que eles estão entendendo.

/chegou momentos que fiz até mimica para eles entenderem.

Adiquiri essa questão de ser dinâmica. Tentar de tudo para eles entenderem.

Aprendi não só pra ser professora mas para a vida também.

15:00

Percebi que eu via quando os alunos não estavam prestando mais atenção.

Não adianta fingir que estã dando aula e eles estão entendendo.

Dirante as aulas em geral pq grande parte estava prestando atenção.

Quando eu tinha preocupação se eeles estavam entendendo

Quando preparava as aulas –tinha tudo na minha cabeça e no planejamento do


que eu ia fazer lá no dia

Quando eu estava segura

Eloisa:

20:20

Não se identificava com ser professora


Hoje me vejo um pouco mais como professora, mas ainda não me sinto
professora.

21:40

Valorizou mais a profissão- quando era aluna se a aula estava chata eu dormia
ou não prestava atenção. Mas como professora eu via o aluno dormindo e ficava
chateada.

Na prova quando eu era aluna inventava e de boa mas como professora quando
eu ia corrigir a prova e via as invenções e isso me irritava, me chateava, e eu pensava
será que meus professores pensam o que eu pensei dos meus alunos.

Flavia:

30:30

Não respondeu diretamente os questionamentos

Isabela

Os alunos na maioria das vezes nos identificaram como professora mas


também teve influencia da professora da turma que sempre falava hoje vocês vão ter
aula com as professoras da uem.

No final eu já os considerava os nossos alunos.

Isabela 2:

17:10

Uma coisa que me identifiquei foi quando eu tinha autoridade na sala. Quando
estava a bagunça na sala eu que colocava ordem e conseguia.

Quando os alunos nos identificaram como professoras. Eles reconheciam nosso


trabalho. Proximidade com os alunos.
18:50

Pensava que era fácil ser professor

Tem muitas responsabilidades.

Antes eu via minhas tias reclamando e pensava nossa sera que e´tao difícil ser
professora, claro que as vezes é exagero mas tem seu lado difícil.

Identidade docente pessoal e social

1. Sentimento de 2. Sentimento de
pertença não pertença

Identificação Diferenciação

1.1 Reconhecimentos 2.1 Juízos de


do outrem valores
1.2 Valorizações do
grupo de pertença
1.3 Satisfações
pessoais

Endogrupo- Exogrupo-
Professor Aluno

1. Sentimento de pertença
Segundo Deschamps e Moliner (2009) o grupo ao qual o indivíduo
pertence (endogrupo) vai, de algum modo, servir de quadro de referência
na constituição da sua identidade pessoal. Tais autores afirmam que:
Como as identidades sociais são partilhadas por aqueles que ocupam
posições semelhantes, que têm pertenças comuns, é exatamente ao polo
semelhança que é remetida a ideia de identidade social. No entanto, este
sentimento de pertença e fenômenos de identificação não são possíveis, a
não ser em relação a outros grupos ou categorias de não pertença
(exogrupo) (DESCHAMPS, MOLINER, 2009, p.23).
Nesse sentido de diferenciação ou não pertença que temos o segundo grupo
de categorias discutidos na próxima sessão (2. Sentimento de não pertença).

1.1 Reconhecimento do outrem (os alunos): uma sub categoria do sentimento


de pertença mais recorrente nas falas dos entrevistados foi o reconhecimento do outro.
Nessa categoria foi observado que o reconhecimento do outrem (alunos) é importante
para o professor em formação para a constituição da sua identidade em relação ao
sentimento de pertença ao grupo de professores. O oposto também foi observado, pois
quando não ocorreu a identificação do outrem gerou um estranhamento por parte do
professor em formação que já apresenta o sentimento de pertença.

1.2 Valorização do grupo de pertença (professor-profissão):Nessa categoria


foi possível identificar falas que reconheceram e valorizaram a profissão
docente....

1.3 Satisfação pessoal:


Reconhecimento de satisfação pessoal dos professores em formação no
processo de identificação com o grupo de pertença. Nessa categoria
observamos no indivíduo a necessidade de uma avaliação positiva de si
próprio. Como afirma :

2. sentimento de não pertença:


Esse segundo processo trata da das questões que passam a diferenciar o
grupo de pertença (professor) do grupo de não pertença (aluno), ou seja, o
professor em formação passa a identificar especificidades em sua
identidade que entram em conflito com valores que ele tinha enquanto
aluno.
(...) quanto mais identificação com um grupo houvesse, tanto mais
diferenciação haveria desse grupo com outros grupos e percepção de uma
diferença (DESCHAMPS, MOLINER, 2009, p.23).

2.1 Juízo de valores. Nessa categoria é identificada pela diferenciação dos


grupos professor e aluno. Os professores em formação passam a perceber
valores próprios do grupo de pertença (professor) e que são diferentes a
outros grupos (aluno)

Fatores internos-a relação aluno professor

Fatores externos – planejamento

Reconhecimento próprio

Responsabilidade da profissão

Juízo de valores dos professores e não mais como alunos.

Ana Maria:

Teve momentos no estágio que você se identificou como professora?

Quando os alunos vinham tirar dúvida, sabe!?! Eles ficavam perguntando:


“professora isso? E isso? E aquilo?” Eu ficava, tipo, tentando explicar ou eles tentavam
buscar um conhecimento a mais. Com eles tentavam relacionar, principalmente
porque eu que tratei sobre doenças, eles tentavam relacionar algumas coisas, tipo,
eles vinham fazer questionamentos e quando eles vinham fazer questionamentos eu
me sentia professora, me sentia lá tendo um conhecimento. A explicação eu também
me senti um pouco mais quando eu respondia. Eu me senti mais professora.

O que mudou na sua visão sobre ser professora antes e depois do estágio?

Mudou bastante porque antes eu não queria ser professora. Eu achava que
era uma coisa muito chata. Eu procurava não pensar na profissão, porque ser
professora era algo que eu não havia pensado antes. Eu queria ser bióloga, mas para
ficar dentro do mato, mas eu fui ver que isso também não era algo para mim. Então
essa parte de ser professora. Eu achei bem legal. Porque antes eu achava que ser
professora era algo chato que dá dor de cabeça ser professor, é chato ficar com o
aluno, é chato ficar respondendo perguntas, mas quando você está ali mudou
bastante.

Eu vi que não é uma coisa chata, é uma coisa trabalhosa, mas não é chato.
Eu aprendi a dar mais valor aos meus professores, a valorizar. Sabe porquê? Antes
você não vê a preparação que o seu professor faz pra você chegar numa aula. Não é
só chegar lá e falar. Você não vê a preparação que o professor tem antes. Eu acho
que eu ter ido lá me preparado, esforçado para falar com eles, eu vi a preparação de
um professor antes de falar. Não é chegar lá na hora e só falar. Eu vi a preparação
que o professor tem para montar apenas um slide isso já é um pouco trabalhoso. Eu
ficava pensando coloco isso, ou não coloco? Escrevo isso, ou não escrevo? Sabe?
Acho que agora eu vou aprender a valorizar mais os meus professores.

Bia- Barbara:

Teve momentos no estágio que você se identificou como professora?

Teve. Principalmente quando me chamaram de professora pela primeira vez.


Assim, quando eles perguntavam “não sei isso ou aquilo”, eu pensei, nossa!!! sou uma
professora agora, ai meu Deus! Eu acho que foi momento mais marcante que abriu
meus olhos quando ouvi que agora sou uma professora. Outro momento foi numa aula
de revisão se não me engano. Acho que foi em uma aula prática em que quando nós
perguntávamos algo para os alunos eles respondiam eu via que o que estávamos
fazendo estava dando certo. Nós estávamos colhendo os frutos que tínhamos
plantado. Foi uma sensação muito boa, me senti uma professora eficiente naquele
momento. Quando a gente perguntava e eles respondiam, respondiam animados, foi
uma sensação muito boa.

O que mudou na sua visão sobre ser professora antes e depois do estágio?

Mudou, porquê eu não dava tanto valor à profissão. Agora eu dou mais valor
porque senti na pele. Por exemplo, em relação à prova eu era assim quando pequena.
Eu acho que meus professores queriam me matar, porque você vai lá explica uma
coisa eles não entendem, você vai explicar de novo e fala que vai cair na prova. Aí
eles erram. Você vai na recuperação explica de novo aí na prova de recuperação eles
eram de novo. Meu Deus! Eu penso, eu era assim quando pequena! Também tem a
questão de colar. Quando nós formos aplicar a prova pra eles, a gente viu bastante
gente tentando colar e quando aconteceu isso eu pensava: enquanto aluna, nossa!!!
jamais o professor vai consegue ver isso, mas lá na frente dá pra ver tudo. Você acha
que não, mas consegue ver tudo. Foi essa uma das coisas que mudou para mim
também
Carmem- Camila b:

Não porque eu acho que eu não sei dizer exatamente mas eu gostaria até ai
ai ai se eu não sei se foi por conta da experiência do estágio mas eu não senti que os
alunos me viram como professora . Não sei se foi por causa da professora que não
nos via assim mas eu não minto sentia assim teve alguns alunos que sim e outros
não...... Sim eu acho que o tempo todo nos momentos da regência das da oficina eu
me senti professor até porque eu estava ali para fazer o meu melhor eu não estava ali
só para cumprir o que tinha que ser feito ir embora tipo quando você pega alguma
coisa para fazer tem que fazer da melhor forma possível não só para nós mas para
quem está sendo influenciado por isso então eu realmente até nas aulas práticas que
nós vivemos antes eu gostei muito me sentir professora. Foi o dia que minha
companheira dá estágio não podia ir e eu fiquei sozinha foi o dia que eu estava dando
o conteúdo sobre controle da micção e foi nossa aula sim e os alunos participaram
bastante e eu me sentir assim sabe bem segura do que eu estou falando que eu havia
estudado bastante eu havia preparado bem aula levei o datashow tudo certo e ali eu
me senti como eu estava sozinha então era eu e eu aí eles perguntaram bastante eles
sentiram bastante interessados e eu me sentir assim nossa eu sou uma professora e
também na oficina que eles fizeram bastante perguntas também bem mais e tem
algumas coisas que a minhas amigas minhas amigas não sabia responder mas que eu
sabia responder e nesse momento que eu sabia a resposta e eu conseguia sanando a
duvida deles eu me senti como professora deles...... Sim porque é assim quando nós
estamos na posição de aluno a gente acha que é fácil é só você saber o conteúdo
chegar lá e explicar se o aluno não entendeu de uma forma só pensar em outra para
explicar e não é assim pra gente ver o que tem muito mais coisa por trás disso existe
todo um planejamento toda uma preparação você tem que perceber a individualidade
de cada um e você tem que ver que não é uma forma única que você vá com
conseguir atingir todos os alunos sempre vai ter algum aluno que não vai entender e
esse aluno vai exigir um pouco mais de atenção sua porque se ele não entender
dessa forma você precisa encontrar outra forma para explicar você tem que ter uma
paciência e cuidado com você fala da forma como você fala a velocidade que você
explica também não pode ser muito rápido senão eles não vão entender você tem que
ter todo o cuidado é uma sensibilidade para perceber se eles estão entendendo os
eles não estão entendendo tipo hoje eu olho para nós enquanto alunos quando o
professor explica alguma coisa o professor pergunta vocês têm alguma dúvida e fica
aquele silêncio na sala hoje eu sei que o professor fica sem saber se a gente tem
alguma dúvida ou não da mesma forma que eu perguntei durante o estágio para os
alunos celestino modo vidal não responde se não respondendo nada naquele
momento eu sei que eles não podem ter uma dúvida mas pode ser que depois quando
eles vão ler alguma coisa sobre aquilo ou fazendo algum exercício a dúvida pode
surgir não necessariamente porque eles não entenderam o conteúdo ou por que não
prestaram atenção mas porque eles esquecem mesmo é natural hoje é mais fácil de
enxergar tanto na próxima sessão professor para enxergar o aluno e na posição de
aluno você enxergar o professor isso foi bem importante

Flora- Camila M

Teve momentos no estágio que você se identificou como professora?

O tempo todo, parecia que eu fazia aquilo lá a mil anos. Eu gostei muito, eu
me identifiquei como professora porque professor tem que saber aquilo que ele quer
passar. Ele tem que passar o que ele sabe e o que deixei de passar foi porque eu não
sabia, mesmo porque, tudo que eu sabia eu passei pra eles. Outro momento foi
quando eu estava corrigindo as provas. Eu pensei, nossa tenho que ser professora
mesmo. Eu acho que foi um outro momento, também quando eu estava preparando a
prova. Você pensa assim, como professora, não se coloca mais como aluno
basicamente toda hora que eu estava fazendo alguma coisa do estágio eu me sentia
professora.

Teve alguns momentos, nem sempre, que me senti bastante com professora.
Quando os alunos vinham me perguntar coisas de fora, tipo, estava dando aula de
biologia, mas ele vinha me perguntar coisas de remédio, drogas, tudo. Então, é
engraçado ver que os momentos em que eu me sentia mais séria. Assim, como
professora, a forma como eles confiam em você no que você fala lá na frente. Porque
se você quiser mentir, nossa!!! Eles vão acreditar fielmente no que você
falou ,entendeu? É basicamente isso, a credibilidade que eles davam pra tudo que nós
falávamos lá na frente. Eu achei muito legal. Assim que eu fui explicar aquela coisa do
néfron de quando entra 100 ml no néfron sai 1ml e não os 100, aí eu perguntei na
prova se todo o líquido que entra no néfron sai na porção final? Um aluno respondeu
assim: “não, ele recolhe as coisas boas durante seu percurso. porque se entra 100 ml
só sai 1” Aí, depois, eu fiquei pensando?!?! Nossa!!! Será que ele pensa que entra
100ml mesmo? Você fica até com medo. Porque eles acreditam muito. Foi assim que
eu mais me sentir uma professora responsável. Porque, qualquer coisa pode ser
inventada lá na frente, mas você sabe que não é assim. Porque se você falar qualquer
coisa lá na frente eles vão saindo falando pra todo mundo e não é assim.

O que mudou na sua visão sobre ser professora antes e depois do estágio?

Assim, eu acho que dá para comparar com aquele negócio de ser mãe.
Porque você fala: “nossa!!! nunca vou fazer isso ou eu vou fazer tudo” Mas chega lá
na hora você faz tudo igual e eu fiz isso. E você acha que pode mudar um monte de
coisas, mas você tem um padrão. Quando você é professora você tem que seguir
aquele padrão quando eu estou geralmente com aluna você reclama muito de tudo, de
prova. Quando você passar pra frente da sala de aula você vê que não tem dessa de
facilitar. Não existe isso. Você tá ali pra dar o conteúdo. A pessoa tem que entender
aquilo, mas não adianta, você voltou pra ser aluno você pensa como aluno. Você volta
tudo de novo parece até que você tem duas personalidades.

Cila- Carina:

Teve momentos no estágio que você se identificou como professora?

Acho que sim, deu pra perceber quando os alunos iam pra professora da sala
e perguntavam pra ela. Aí eu pensava “poxa, custava perguntar pra mim? porque eu
sou professor agora!!!” Também teve momentos quando eles chamavam a gente de
professoras. Eu achava bem bacana. Teve várias vezes que vários alunos também
vinham perguntar diretamente pra gente, mas ainda tenha alguns que iam lá perguntar
pra professora da sala. Eu acho que foram nesses momentos que eu me senti
professora.

O que mudou na sua visão sobre ser professora antes e depois do estágio?

Olha só foi agora nessa disciplina que parei para pensar nessas coisas mas
eu acho que não mudou nada sobre o que eu pensava antes e depois, não sei.

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