Você está na página 1de 132

Todos os direitos

cedidos em definitivo à Capa:


Editora: Igor Braga
A. D. SANTOS Diagramação:
EDITORA Manoel Menezes
Al. Júlia da Costa, 215 Acompanhamento
80410-070 editorial:
Curitiba – Paraná – Priscila R. Aguiar
Brasil Laranjeira
+55(41)3207-8585 Impressão e
www.adsantos.com.br acabamento:
editora@adsantos.com. Gráfica Exklusiva
br

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

SILVA, Milton Vieira da


Demônios Territoriais / Milton Vieira da Silva–
Curitiba:A.D.SANTOSEDITORA, 2012. 120 p

ISBN – 978.85.7459-284-8
CDD 220
1. Estudos Bíblicos 2. Interpretação Bíblica

1. Religião da África Negra 2. Religiões comparadas 3.Doutrina

CDD – 261

2ª Edição: Janeiro / 2013 – 3.000 exemplares.


Proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios a não ser em
citações breves, com indicação da fonte.
Edição e Distribuição:
A ...
E ste é um livro polêmico. Uns vão gostar; outros, detestar. Uns vão
concordar com o que lerem, outros vão discordar radicalmente e
ainda execrar o autor. É bom que hajam outros pontos de vista,
pensamentos diferenciados.
O fundamental é que todos concordem que há, entre céus e terra,
mais mistérios do que se pode imaginar. Por isso, não há como
afirmar ou negar fenômenos do mundo sobrenatural, sua influência
no mundo natural e seus efeitos.
O que está aqui exposto, é resultado de estudos, pesquisas,
experiências próprias, observações, opiniões de especialistas e,
acima de tudo, naquilo que diz a Bíblia sobre o tema.
Cabe a você tirar suas próprias conclusões, mas o meu desejo é
que você seja esclarecido e seja verdadeiramente livre de toda a
influência demoníaca, pois foi para a liberdade que Cristo nos criou.
PREFÁCIO
D esde a primeira edição do meu livro Demônios Familiares[Nota 1] ,
tenho sido abordado por grande número de pessoas que me fazem
uma série de perguntas sobre vários aspectos da demonologia. A
maioria deseja saber mais sobre o modo de operar das várias
castas desses seres sobrenaturais, como atacam no mundo visível
das formas e como podem influenciar nas vidas das pessoas.
Ao me propor escrever algo sobre este grupo de representantes
dos poderes das trevas, estabeleci como objetivo principal mostrar
onde mais se concentram essas facções do exército satânico e
como agem quando acionados pelos despachos[Nota 2] nas
encruzilhadas, cemitérios, matas, pedreiras, cachoeiras, rios, mares
e outros locais indicados para arriar[Nota 3] oferendas.
A partir dos locais em que exercem influência, os demônios
territoriais passam a interagir com seus semelhantes nos lares, nas
escolas, nos lugares públicos e até nas igrejas, aumentando seu
poder de “fogo” contra pessoas ou grupos facilmente influenciáveis,
sem vida espiritual ativa, e que não professam o Senhor Jesus
como único Salvador. As energias negativas que estes seres
infernais expandem nos locais em que se concentram, podem ser
percebidas por pessoas mais sensíveis, geralmente mais espirituais,
detentoras de um conhecimento mais avançado do mundo
sobrenatural. Os espíritas, e particularmente os médiuns, por
exemplo, sentem o que chamam de “fluidos” dos espíritos e até
podem saber quais estão entocados no local para atacarem os
incautos.
Os verdadeiros cristãos, alicerçados no conhecimento e sabedoria
da Palavra de Deus, também sentem esta “presença” maligna, têm
poder espiritual para rejeitar quaisquer influências negativas, e
podem anular eventuais “setas” atiradas contra eles numa autêntica
batalha espiritual. Quando a pessoa não tem conhecimento das
Escrituras, não professa uma vida cristã definida e nem acredita ser
uma vítima em potencial dos ataques demoníacos, mais
constantemente recebem em cheio estas más influências. Começa
então a acontecer-lhe coisas estranhas, como a perda de negócios
praticamente feitos, perdas inexplicáveis de bens, prejuízos
financeiros, desentendimentos repentinos com a família, sócios e
amigos, “enganos” inexplicáveis nas contas e previsões
orçamentárias, além de uma série de fatos que deixam as pessoas
boquiabertas, sem entenderem como puderam errar em coisas tão
corriqueiras, o que nunca acontecera antes.
Tenho consciência de que a simples leitura será insuficiente para
convencê-lo de que poderá ser alvo de ataques dos demônios
territoriais. É preciso uma atitude mais determinada para a pessoa
se convencer de que a coisa está feia e que é necessário procurar
ajuda espiritual para anular as influências negativas (e poderosas),
que impedem a vítima ter um raciocínio mais lúcido, criativo e
positivo em sua vida.
Esta é uma das principais características da ação dos demônios
territoriais. A Bíblia diz que eles atuam em blocos e influenciam na
perda da percepção da lógica que os seres humanos têm em seus
raciocínios. No caso do endemoninhado gadareno, narrado nos
evangelhos (mais adiante falaremos sobre isso), observa-se como
estas castas são poderosas, atacam a consciência, provocando a
perda do “eu” e dando a impressão de uma loucura incurável e cruel
que dura até matar a vítima de sofrimentos e terror.
Isso acontece porque a maioria dos seres humanos está
desprovida do amparo e proteção do remissor sangue de Jesus, não
atentando para o poder que há no mundo subjetivo, oculto e
totalmente fora do compreensível pelo raciocínio lógico. Basta uma
passada rápida diante de um despacho arriado na porta de um
cemitério para atrair a malignidade daqueles espíritos que foram
invocados no local.
Estas não são historinhas que a tradição popular sustenta através
dos tempos, mas situações reais vividas por milhares de pessoas ao
redor do mundo, cujas vidas se resumem numa tristeza profunda,
pobreza, infelicidade e constantes lamentações. Pessoas que
moram próximas a cemitérios, a locais onde anteriormente foram
zonas do meretrício, lugares de rochedos e pedras, matas e
florestas, estão sujeitas a estas influências.
Não é necessário ser especialista em especulação imobiliária
para saber que terrenos e casas próximas a cemitérios, valem bem
menos que em outros lugares. Não pelos mortos, que não podem
mais fazer bem ou mal, mas pelo miasma que fica no ar, não visto,
mas sentido, rejeitado inconscientemente, levando a lembrar o fim
trágico do corpo em sua última morada. Ninguém deseja ligar o seu
dia a dia a uma “paisagem” constantemente lembrando o fim, a
morte e tudo que se não deseja na vida terrena.
Quem não conhece a passagem da tentação de Jesus no
deserto? O que o Filho de Deus teria ido fazer naquele local? A
Bíblia diz claramente que ele fora para ser “tentado”. Claro, havia lá
um número significativo de demônios territoriais que costuma habitar
os lugares áridos (Leia Mt 12.43). Era lugar propício para Satanás
aparecer e desencadear o grande debate cósmico entre Jesus, o
Ungido de Deus, Príncipe da Luz e da Paz, e o príncipe das trevas,
senhor dos poderes destruidores do mal.
O que Jesus ensina sobre “espíritos imundos” que vagam pelos
lugares áridos? O que ele diz sobre “casa limpa”? Os que conhecem
a Bíblia sabem que a consequência da indiferença com as questões
espirituais, o desconhecimento das causas das influências malignas,
é um constante ataque ao espírito e ao físico por demônios que
vagam pelos campos, matas, pedreiras, cemitérios, desertos e
outros “lugares áridos”, mas não gostam disso, preferindo os corpos
das pessoas onde se alojam para se expressarem.
O texto em análise leva a duas conclusões fundamentais que
devem ser atenciosamente observadas. A primeira é a de que a
pessoa sem vida espiritual ativa está sujeita a um ataque de
espíritos malignos das trevas, à escravidão a uma vida medíocre,
sem presente nem futuro, prisioneira dos vícios, da miséria e da
infelicidade constante, sem contar as doenças físicas e psicológicas,
severas algozes de quem está longe de Deus e suas misericórdias,
únicas armas imbatíveis contra o poder do mal no plano invisível.
A segunda é a de que o cristão sincero, conhecedor do potencial
que tem contra os poderes malignos pela graça do Espírito Santo,
pode lutar contra as maquinações do diabo e vencer. Não pelo
merecimento humano, mas pelo plano cósmico de Deus através da
sua eterna Justiça, consolidada pela obra de Jesus na cruz,
beneficiando todos que crerem nessa Providência.
Demônios territoriais, os familiares, as diversas castas que
povoam o mundo invisível das trevas estão sob o domínio de Deus,
que concedeu a primazia do poder a Jesus Nazareno, provada e
comprovada pela sua vitória no deserto e o ressurgimento depois da
morte na cruz. A instrumentação usada por Satanás na tentativa de
anular o único poder capaz de vencê-lo em quaisquer terrenos é
nula, foi uma tentativa vã. Os demônios continuam suas ações
nefastas, mas só alcançam os incautos de espiritualidade dúbia, que
rejeitam o conhecimento do “manual do fabricante”, a Bíblia
Sagrada.
Em que território é a sua “briga” contra os demônios? Talvez você
tenha um desejo sexual incontido, quem sabe, propensão ao
homossexualismo, pode ser que seja viciado em bebidas
alcoólicas? Muitos outros desejos extremamente prejudiciais
poderão estar ameaçando a sua felicidade. Isso tem quase todas as
chances de ser ataque de demônios. Você pode estar vivendo em
um mundo desconhecido e perigoso, mas há esperança. Existe uma
saída!
Notas do Capítulo

Nota 1 - Editora A.D. Santos Ltda. Curitiba-Pr [Voltar]


Nota 2 - Oferenda aos espíritos depositada em lugares previamente indicados
pelas enti- dades. [Voltar]
Nota 3 - Ato de colocar as oferendas, depositar. [Voltar]
ÍNDICE
Introdução
1. Em terreno inimigo, todo cuidado é pouco
2. Quem são os demônios territoriais
3. Demônios das nações e reinos
4. Fatos do plano invisível
5. Onde moram os piores demônios
6. As armas da sua luta não são carnais
7. Lembrete oportuno na guerra espiritual
8. Como reconhecer sintomas de ataque
9. Livre-se disso enquanto pode
10. Não volte ao espojadouro
11. Antes de encerrar...
Conclusão
Livros pesquisados e recomendados
INTRODUÇÃO
H avia um lugar mal-assombrado numa enorme fazenda de
cafeicultura no norte do estado do Paraná, nos anos 1960. Numa
depressão entre dois morros, deixaram em pé um fecha-do bosque
de árvores nativas e cortado por um caminho estreito, só possível
atravessar a pé ou a cavalo. A mata media aproximadamente, um
quilômetro em sua largura, mas era muito comprida, chegando à
divisa da propriedade.
Era voz corrente em toda a região que, à noite, no interior do
bosque, ouviam-se vozes humanas, gemidos e lamentos. Os que
juraram ter ouvido essas manifestações do além, acrescentaram
que sentiram arrepios da nuca aos calcanhares. Outros garantiram
ter ouvido sons diferentes vindos do interior da mata e pouquíssimos
se arriscavam atravessar o local à noite, temendo os ataques das
assombrações noturnas.
Eu conheci o local, durante o dia, naturalmente. Ouvi as histórias
de muitos antigos moradores do local, já muito diferente do que era
antes, cada um contando a sua e uma mais horripilante do que a
outra. A causa de todo aquele assombro teria sido o assassinato de
uma mulher pelo marido ciumento, que a matou a facadas,
desconfiado de que estaria sendo traído. O espírito dela, segundo
diziam, não tinha encontrado sossego no além e vagava à noite pelo
bosque pedindo justiça para a sua alma descansar em paz.
É interessante observar-se estas histórias do folclore popular.
Algumas narrativas percebem-se fantasiosas, recheadas de
ingredientes muito pouco digeríveis pela mente racional, mas alguns
lances dão mesmo o que pensar, embora não se devam conceber
tais narrativas como verdades sem o amparo da pesquisa
historicamente comprovada, o que é muito difícil em relação ao
sobrenatural.
Entretanto, quando se trata do oculto, não deve ser descartada
nenhuma possibilidade, a mais comum é a de que o local sirva de
morada às castas demoníacas, aproveitando-se da crença popular
em consequência de tragédias reais, como o assassinato brutal
daquela mulher, cujo marido nem tinha certeza da sua traição.
Mesmo que tivesse, isso não lhe daria o direito de tirar a vida da
esposa, um ato totalmente comandado por demônios obsessores.
Eles não “largam” suas vítimas enquanto não as convencem de
cometerem loucuras, incompreensíveis à apreciação do raciocínio
lógico.
Essas histórias muitas vezes são reforçadas por “exemplos”
impossíveis de serem contestados. São testemunhados por pessoas
sérias, que não costumam inventar estórias para “boi dormir”, como
popularmente se diz. Alguns afirmam que “o cavalo de fulano
refugou e não passou pelo local”. Apontam um “seu Zé” das
quantas, que ainda mora na casa tal até hoje. O homem apontado
confirma a história com entusiasmo vivo, acrescenta novos dados e
ainda apresenta o cavalo vidente. Isso não é uma prova
concludente, mas o bicho está lá, por via das dúvidas.
Não é bom, no processo investigativo, descartar essas histórias
como pura fantasia, sem nenhuma lógica. Satanás aprecia muito
quando não se acreditam nele e em suas ações malignas, impostas
para prejudicarem pessoas criadas à imagem e semelhança de
Deus. Assim, ele poderá agir à vontade, acobertado pela
incredulidade que impede a busca de proteção contra os males
espirituais. Folclores existem, histórias deslavadas, espalhando um
monte de bobagens, mas a realidade está tão próxima da fantasia
que, às vezes, ambas se confundem a ponto de não se saber onde
termina uma e começa a outra.
Uma dessas fantasias que se confundem com a realidade é a
crença generalizada de que os espíritos dos mortos podem
encarnar-se nos corpos dos vivos e se manifestarem através da
mediunidade. A Bíblia afirma categoricamente que os mortos não
estão cônscios de nada e nada podem fazer de bom ou de mal (Gn
2.17; 3.19; Ez 18.4). Se é assim, como explicar o transe mediúnico?
A Bíblia também é enfática nesse particular: São espíritos de
demônios territoriais (1Jo 5.19; Ap 12.9). São estes que se
manifestam em locais tidos como mal-assombrados, causando
arrepios nos mais sensíveis, gemendo e emitindo sons lúgubres que
os animais percebem mais facilmente veja o caso dos demônios que
Jesus permitiu a invocação numa manada de porcos (Mt 8.30-32).
Somente o espírito é capaz de discernir a diferença entre fantasia
e realidade com clareza, sem nenhuma confusão gera-da pela
dúvida como consequência do desconhecimento. Essa idéia de que
espíritos de mortos ficam vagando é pura fantasia. Jesus disse
claramente que são os demônios que vagam sem rumo, prontos a
“encarnarem” no primeiro médium que abrir a sua mente para
recebê-los. Mortos também não reencarnam como creem os
cardecistas e adeptos de diversos segmentos do espiritismo e de
outras formas de ocultismo. Muito menos se “apossam” dos corpos
dos vivos, são os demônios que fazem isso, quase sempre os
territoriais, que imitam vozes dos faleci-dos, revelam “segredos” só
conhecidos pela família como forma de identificação. São estes
mesmos que produzem energias negativas e escravizam pessoas
com doenças e crueldade.
A presença demoníaca e tão real e perturbadora que Jesus
considerou Satanás como “governante deste mundo” (Jo 12.31;
14.30; 16.4). Que mundo seria esse ao qual Jesus de referia? O
mundo real, palpável, tangível, concreto, visível em suas formas e
conteúdos, o qual está em oposição à verdade de Jesus, à Justiça
de Deus e aos ensinos da tolerância que leva à paz pelo amor
verdadeiro. Este é o mundo tenebroso onde o ódio suplanta o amor,
com os poderosos sempre “engolindo” os menos favorecidos,
causando guerras e mortes sem fim, um caos eterno.
Satanás tentou Jesus oferecendo-lhe “todos os reinos deste
mundo” (Mt 8.4-10). Alguém poderá oferecer a outro o que não tem?
A propriedade da matéria é, por enquanto, das hostes ocultas do
mal porque todo bem material é finito. Deus permite que a matéria
seja manipulada pelo diabo no mundo visível, conforme se observa
numa passagem conhecida do livro de Jó, capítulo primeiro. Por
isso, quem está sob influência dos demônios, sente os primeiros
efeitos de seus ataques nos bens, nos “valores deste mundo”,
conforme aconteceu com Jó.
Se Jesus não soubesse que Satanás realmente poderia dar-lhe
todos os reinos do mundo, a oferta não constituiria uma tentação.
Conclui-se que o diabo é o “deus deste sistema de coisas” (2 Co
4.4), ou seja: o mundo injusto e tenebroso em que pode
movimentar-se, manifestar-se e tornar real a sua presença em
lugares de sua preferência, como aconteceu no deserto nos tempos
de Cristo e continua acontecendo hoje, ocasiões em que os próprios
demônios, usando médiuns como instrumentos, ordenam
despachos e oferendas, conforme as “falanges”[Nota 4] que se
pretendam agradar.
Por que alguns lugares, conhecidos como “imantados”[Nota 5] pelos
ocultistas são preferidos pelos demônios? É uma estratégia de
guerra muito comum, a ocupação de territórios que ofereçam
segurança, comida farta, água e facilidades para um ataque com
grandes possibilidades de vitória. A Bíblia diz que Satanás não
governa seu mundo sozinho, nem manipula pessoas no mundo real
sem o seu exército de súditos, prontos para agirem seguindo suas
ordens. O apóstolo Paulo, na conhecida passagem de Efésios 6.12,
esclarece uma característica destes demônios: “Mantenham-se
firmes contra as maquinações do diabo porque nossa luta não é
contra a carne e o sangue, mas contra os governantes deste
mundo” (Leia o texto todo).
Esta é uma revelação do Espírito Santo a Paulo, fundamental na
guerra espiritual que se trava no dia a dia contra os poderes das
trevas. O apóstolo foi um homem privilegiado com as orientações de
Deus e especialmente escolhido para repassar estes onhecimentos
às futuras gerações. A Bíblia diz que cristãos autênticos não
pertencem a este mundo (Jo 17.14). E, se este mundo é governado
pelo diabo, cristãos de toda terra estão em território inimigo,
tornando-se necessário implantar aqui o reino de Deus, até que
Jesus prenda Satanás e suas hostes para sempre no lago de fogo e
enxofre, vindo finalmente reinar com a sua Igreja em a nova
Jerusalém celestial.
O texto das páginas a seguir pretende mostrar as consequências
nefastas para a vida espiritual e material de pessoas sem Deus e
que resistem à verdade. Ninguém poderá vencer ou desviar-se das
armadilhas sutis do mal sem orientação segura do Espírito Santo
através da Palavra de Deus. Para isso, é fundamental conhecer o
inimigo, suas estratégias e poder de fogo, assim como também
saberá que armas poderá usar nesta guerra sem tréguas, utilizando
o poder disponível no mundo invisível da luz em que tudo é claro e
perceptível pela revelação divina.
Notas do Capítulo

Nota 4 - Grupos de demônios comandados por um “chefe”, seguindo uma


hierarquia. [Voltar]
Nota 5 - É chamado de imã objetos que, segundo creem os ocultistas, atraem
energias positivas. [Voltar]
1
E T
INIMIGO,
T C
ÉP

E xistem verdades que a humanidade devia conhecer e praticar a


milênios, mas permanecem escondidas pela cegueira de homens e
mulheres que preferem ignorar a realidade de um mundo hostil e
cruel. Por exemplo, diante da pergunta “quem realmente governa o
sistema mundano, sua organização social, política e econômica?” A
maioria das pessoas, sem dúvida, responderia que “Deus está no
comando, dirigindo tudo com sabedoria e bondade”.
Parece uma verdade inquestionável, mas Deus realmente está no
comando somente das vidas das pessoas que O amam e procuram
seguir seus ensinamentos. Um número incontável de pessoas está
sempre questionando: “se Deus está no comando, por que permite a
fome, a miséria, a morte de criancinhas por inanição, as guerras
cruéis e tudo que não presta neste mundo de horrores?” A resposta
a esta pergunta milenar e existencialista está na narrativa bíblica do
início da civilização humana. O livro de Gênesis revela que Deus fez
um mundo bom e tudo que há sobre a Terra era muito bom e
continua sendo. A deturpação da bondade não é obra de Deus.
Então, como pode Satanás governar um mundo criado perfeito
por Deus, bom e abençoado? Pela lógica, seria impossível essa
apropriação indébita pelo diabo, mas as escrituras fazem uma
revelação estarrecedora: o mundo foi criado para o homem e tudo
que nele há santificado para seu proveito, mas ele, pessoalmente,
passou uma procuração ao diabo, dando-lhe direitos totais sobre a
Terra e toda a criação de Deus. Entretanto, o ser humano, coroa da
criação de Deus, não assumiu a responsabilidade pelo erro e,
questionada sobre a sua imprudência, Eva se justificou com uma
afirmação que ecoa ainda hoje e ecoará pela eternidade: “A
serpente me enganou...” (Gn 3.13).
É incrível como homens e mulheres não aprenderam como a
história se repete todos os dias. A “serpente” continua enganando,
cegando, tapeando, levando de roldão a maioria da humanidade,
geração após geração. Os humanos continuam sempre fazendo as
vontades da serpente, no erro, na rejeição de todo bem que Deus
lhe deu. O mais interessante dessa história fantástica de
desobediência e entrega é que, ao homem Adão, Deus não atribuiu
culpa por “ouvir a serpente”, mas por “dar ouvidos à mulher” (v. 17).
O diabo, transfigurado em serpente, havia feito uma negociação,
literalmente rasteira, com Eva, sabendo que a ordem de não comer
do fruto fora dado a ele, Adão, antes mesmo do surgimento da
mulher no cenário do planeta. Mais trágico ainda, criada a partir de
uma costela dele. O fato é que homens continuam errando por si
mesmos na guarda de segredos e execução de suas
responsabilidades e, muito mais, por “darem ouvidos às mulheres”,
sem atentarem para aquilo que Deus falou e continua falando.
Adão e Eva se colocaram sob o comando do diabo por livre e
espontânea vontade e não por falta de aviso. Não é de causar
espanto que o mundo esteja sob a maldição da desobediência do
Éden, e que Satanás faça suas estripulias em toda extensão
terrena, usando homens e mulheres que livremente se colocam
como seus “cavalos” para satisfazerem sua ordenança, espalhando
a dor e o sofrimento onde inicialmente seria o paraíso, criado para a
felicidade e deleite desta obra prima de Deus.
Desde então, homens e mulheres estão diuturnamente à mercê
dos poderes das trevas nos domínios do inimigo. No mesmo verso
17 de Gênesis, Deus diz: “Maldita a terra por causa de ti; (Adão)
com dor comerás dela todos os dias da tua vida. Espinhos e cardos
também te produzirá; e comerás a erva do campo. No suor do teu
rosto comerás o teu pão até que tornes à terra porque dela fostes
tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás” (VV. 18,19).
Se você prestar atenção à ênfase “maldita é a terra por causa de
ti”, entenderá porque o sistema de governo terreno é diabólico e os
governos humanos estão aí para massacrarem. Todos governam
sob a égide das trevas como resultado desta terrível maldição.
Entretanto, e apesar dela, Deus abriu uma porta de escape para os
que entenderem isso e aceitarem essa realidade: a Providência para
a restauração da criatura humana como ser, inicialmente criado
bendito e bom.
Naquele distante dia no deserto, Jesus mostra a Providência do
Pai e toda extensão da Sua misericórdia. É como se Jesus
estivesse dizendo à humanidade: “coragem! Vocês não estão
sozinhos. A minha vitória é a de vocês porque não poderiam vencer
sozinhos. Suas armas não serão as espadas e lanças, mas o meu
exemplo de amor e fé”. Resumindo, a “guerra” é espiritual, com
poder dado por Deus através de Jesus Cristo. Isso não dispensa a
eficiência do treinamento dos soldados que devem estar atentos às
armadilhas do inimigo. A estratégia dele é minar o vigor espiritual
das pessoas, atacar o físico e o psicológico, destruindo a vida, dom
mais precioso de Deus.
Neste embate no plano espiritual, “dar ouvidos à mulher”, não
representa um homem frouxo, manipulável, mas “ouvir conselhos de
homens” em termos espirituais. Eva foi a mãe de toda humanidade
(Gn 3.20) e esta (a humanidade), passa por uma das dispensações
em que Deus trabalha com a Igreja na continuidade do seu plano
salvífico até à nova Jerusalém no final dos tempos. Esta caminhada
é possível pela graça e na força do Espírito Santo, mas a guerra
contra o mal é necessária sempre, sem tréguas, para que os salvos
continuem firmes com Jesus e, os que ainda não entenderam a
mensagem cristã, abram os olhos para Verdade e entendam que a
“casa paterna" não é deste mundo e nem lá entram a carne e o
sangue contaminados.
Na batalha espiritual é necessário resistir ao engano de Satanás,
não dar ouvidos aos homens enganadores, pregadores de falsas
religiões, mentirosos, soberbos e sem amor a si e aos outros. Esta é
a pior das armadilhas de Satã aos que não crescem spiritualmente,
ela captura milhões e leva para o abismo sem piedade. O que
entristece ainda mais os que amam a Justiça, é que a Bíblia diz que
as pessoas conhecem o bem e o mal (Gn 3.22), mas continuam
praticando o que não convém, num desafio e afronta direta ao
Criador.
1.1. N .

Em Israel e toda região havia uma pequena serpente conhecida


como áspide, muito venenosa e traiçoeira. Diz a lenda que a rainha
do Egito, Cleópatra, se fez picar por uma delas, come-tendo
suicídio. Elas viviam em tocas comumente existentes em barrancos.
Ali, capturavam e matavam pequenos roedores, insetos e pássaros
que se aventuravam entrar na toca (Is 11.8). As crianças aprendiam
desde cedo a não enfiarem a mão nas tocas para não se arriscarem
a uma picada quase sempre fatal. A pior ameaça desses animais
era a capacidade de se tornarem quase invisíveis aos olhos
humanos, ficando difícil enxergá-los antes do ataque, o que os
tornava ainda mais perigosos e temidos, ainda mais ante a grande
possibilidade de encontros inesperados, quase sempre
desvantajosos para os seres humanos. O terreno preferido para as
serpentes eram os desertos, sob pedras e em restos de árvores
secas (Pv 30.19). No livro de Jeremias (8.17), os inimigos de Israel
são comparados às serpentes e o próprio Satanás é chamado de
serpente em Apocalipse (12.9 e 20.2). Os jornaleiros experientes
jamais facilitavam em terrenos suspeitos e muito menos se
arriscavam diante de uma toca qualquer, temendo desagradáveis
surpresas que poderiam esconder-se em seu interior. Na luta
espiritual, a mesma prudência é fundamental. Poderá evitar um
confronto desnecessário, com grandes chances de ser desastroso
para quem se arriscar por si mesmo, acreditando em seus próprios
poderes.
É necessário à humanidade (e aos cristãos em particular),
desenvolver a consciência de que seu verdadeiro inimigo é o diabo.
Ele pode fazer o possível e o impossível para destruir homens e
mulheres, levando suas almas para o inferno. Lamentavelmente,
existem pessoas que não acreditam na existência do inferno, mas
existe uma grande possibilidade de serem estes os primeiros a
chegarem lá. Este é o destino do mundo maldito, condenado por
Deus. Ele sim tem como única preocupação salvar pessoas para um
tempo novo levando-as para um lugar novo, transformando-as em
novas criaturas enquadradas no plano de salvação em Jesus.
Por estar em território inimigo, cristãos se deparam a todo o
momento com a áspide ameaçadora, pronta para o bote e inocular
seu veneno mortal. Por isso, todo cuidado é pouco, exigindo
máxima atenção aos menores sinais da ação inimiga, muita oração
e jejum, leitura da Palavra, vigor espiritual e muito esforço para não
dar brechas às hostes invernais do mundo invisível, entocadas em
lugares onde campeia o pecado, observando tudo com olhares
malignos, prontos para assaltarem na primeira oportunidade.
Isso é fácil compreender quando lemos o que escreveu o apóstolo
João em sua primeira carta, capítulo 5, verso 19: “Sabemos que
somos de Deus e que todo o mundo jaz no maligno”. A Bíblia ensina
que Satanás nada tem de bom para oferecer às pessoas e, se o
mundo inteiro compactua com o maligno, salve raras exceções,
entende-se que suas organizações não estão estruturadas no plano
de Deus, e que todo sistema é hostil aos que creem e desejam
seguir os ensinamentos do Mestre.
Este mesmo apóstolo (João) escreveu na mesma carta, capítulo
2, verso 15: “Não ameis o mundo e nem o que no mundo há. Se
alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele”. É preciso
entender que “mundo” a que se refere o apóstolo, não é o planeta
Terra, mas o sistema de governo, o sistema social injusto
implantado pelo homem, as concupiscências da carne que existem,
a cobrança para a prática do mal, o sistema econômico cruel que
favorece uns poucos em detrimento de muitos e onde a medida do
ter nunca enche.
Este é o mundo mal, governado do invisível por Satanás e seus
exércitos de demônios. Ele (este mundo) está morto para Deus,
estava para o apóstolo Paulo, e deve estar também para todas as
pessoas sensatas. Neste sistema, a guerra maior do cristão se trava
na defesa da sã doutrina, livrando-a dos equívocos e engodos
satânicos, fazendo sobressair suas convicções, a sua fé e o poder
de Deus contra as injustiças de um sistema falho e falido, incapaz
de estabelecer a verdadeira paz, trazendo a felicidade tão desejada
por homens e mulheres através da história.
Caso sejamos capazes de discernir esta realidade, certamente
seremos bons soldados, não em defesa da Ecologia, causadora de
tanta preocupação terrena, mas de algo muito mais abrangente e
profunda: a salvação das almas, a derrota dos planos malignos de
Satanás e o estabelecimento do reino que se concretizará com a
entronização de Jesus como Rei dos reis e Senhor dos senhores.
Desembainhe sua espada espiritual, sua guerra é no âmbito do
sobrenatural.
1.2. I .

Demônios territoriais são mais agressivos e determinados nos


grandes centros urbanos onde se concentra maior número de
pessoas. Consequentemente aumenta a promiscuidade e tantas
outras práticas pecaminosas em virtude da quantidade de casas
noturnas, bordéis, boates gays, bares, inferninhos, prostituição de
rua, vícios, violência de todo tipo, blasfêmia, feitiçaria, idolatria e
rituais demoníacos, prática de diversas organizações ocultistas que
lidam com a magia de um modo geral.
Não é difícil perceber-se que os ataques das hordas demoníacas
são mais terríveis nos maiores centros urbanos, basta ouvir os
noticiários que diariamente informam crimes bárbaros (muitos em
consequência de rituais de magia negra). Um caso desses chocou o
país com a morte, desfiguração e esfolamento de uma senhora com
aproximadamente 50 anos de idade, num local costumeiramente
usado para esse fim numa cidadezinha do interior de São Paulo.
Uma história macabra, estarrecedora e que foge ao entendimento
do grande público leigo, desconhecedor do que esta casta de
demônios é capaz de fazer, induzindo seus súditos a satisfazer-lhes
a insaciável sede de sangue e terror.
Um dos ataques mais comuns, muito noticiado e, ainda assim,
divulgando apenas uma minúscula parte do que realmente
acontece, é a prática da pedofilia. Demônios territoriais se unem às
castas familiares e, nas matas, encruzilhadas, pedreiras, cemitérios,
terrenos baldios, lixões a céu aberto e outros locais propícios,
praticam o mal que se ouve quase diariamente. Em lugares fétidos,
ermos, escuros e lúgubres, onde ninguém se atreve ir, acontecem
os estupros, crimes de todo tipo, consumo de drogas, práticas
imorais e condenáveis pelas leis de Deus e da sociedade.
Esses locais ficam carregados com a presença diabólica, o ar fica
pesado e pessoas mais sensíveis sentem necessidade de saírem
logo dali em consequência da repulsa causada pela sensação dessa
“presença” maligna. Trata-se de algo que repugna, traz mal-estar
que se percebe não ser de origem física, mas espiritual,
sobrenatural e incrivelmente perturbador. Isso acontece também nos
espaços ao redor de boates, clubes noturnos, zonas do meretrício
ou onde funcionaram casas de prostituição e até nas ruas onde
prostitutas fazem o seu “trot-toir” noturno em busca de sexo,
dinheiro e prazer.
Frequentemente, pessoas desavisadas que passam por esses
locais são vitimadas por influência maligna. Sentem-se mal, perdem
a disposição para o que iam fazer, experimentam um desânimo
momentâneo, tontura, uma leve dor de cabeça. Alguns são
despertados em seus desejos sexuais (mesmo que não estivessem
pensando nisso), resolvem fazer um “programa”, atendendo aos
apelos de uma força inconsciente que impele à prática de atos
ilícitos e pecados de toda natureza. Nas pessoas com vida espiritual
efetiva, consagrada à santidade e um proceder puro e correto,
esses ambientes e cenas de sensualismo e volúpia, causam asco e
rejeição imediata porque há um choque interior entre os poderes da
luz e os das trevas.
Infelizmente, a realidade com a qual se depara neste mundo
tenebroso é esta, a ausência total de Deus nas vidas das pessoas e
um número incontável delas entregues à prática das vontades
satânicas da carne, como escreveu Paulo em sua carta aos
Romanos (1.21-31). Leia todo o texto e observe que, na civilização
romana, ainda na antiguidade, já os demônios se manifestavam nos
centros de maior concentração popular e na elite de uma sociedade
corrupta, pagã, imoral e libertina.
Esse caráter devasso dos romanos e da sociedade em geral até
nossos dias havia preocupado o apóstolo porque ele era o
evangelizador dos gentios, responsável por levar Jesus aos
corações daqueles cidadãos, embrutecidos pela pecaminosidade
reinante, inclusive com dois agravantes terríveis, verdadeiras
afrontas à santidade de Deus: idolatria e homossexualismo (VV. 23-
27). Roma era o centro do mundo, mas também morada de
demônios de onde emanavam todos os malefícios para uma região
assolada pela violência, intolerância, preconceito e ódio incontido,
onde a vida das pessoas valia muito pouco.
Paulo invadiu as fortalezas inimigas, não só em Roma, mas
também em outros diversos grandes centros, locais de moradas do
terrível exército satânico. Este escolhido de Deus provocou
inúmeras baixas entre as fileiras inimigas, mas sofreu na carne as
consequências dos desafios constantes as esse poder
humanamente invencível do mundo sobrenatural. Ele, Paulo, que
fora separado diretamente por Deus para a missão de desbravar o
mundo dos gentios e semear o amor de Cristo, não conseguiu livrar-
se das maquinações diabólicas, sendo castigado com tentações,
açoites, apedrejamento e prisões. Invadir as fortalezas do diabo
requer coragem, fé inabalável, disciplina e comunhão total com o
Pai na busca incessante de poder espiritual.
O grande desafio hoje continua sendo o grande poder de fogo do
diabo e seus anjos. Eles sabem aproveitar muito bem a boa vontade
daqueles que o servem e sentem prazer no pecado. Induzidos ao
ódio, à vingança e cegos à prática da Justiça de Deus, homens e
mulheres se voltam contra todo o sagrado, perseguem os
emissários da Palavra e tentam sabotar a mensagem genuína do
evangelho. Conheci grupos que faziam trabalhos evangelísticos
alternativos junto a drogados, prostitutas, homossexuais e outras
minorias. Quase todos esses grupos se desfizeram com pouco
tempo de atuação, apesar de terem obtido bons resultados.
Invadir as fortalezas do diabo requer mesmo muito poder
espiritual, consagração e santidade. Conheci um pastor que
confessou em público ter sido vítima de um demônio do
homossexualismo por seu trabalho nesta área. Para livrar-se do
poder maligno, teve que valer-se da intercessão de uma junta de
obreiros da sua igreja durante uma semana inteira de jejum, orações
e devocionais para vencer o inimigo. Uma moça, que trabalhava
com um grupo nas madrugadas evangelizando prostitutas nas ruas,
veio aconselhar-se comigo e pedir oração para anular uma forte
atração por um homem casado. Li vários textos bíblicos sobre
libertação, orei e a aconselhei a jejuar. Depois de alguns dias,
confessou-se aliviada daquela opressão e percebeu que tudo não
passava de uma obsessão causada por demônios.
Nos locais de maior influência dos demônios territoriais, eles são
mais dominadores, poderosos e agressivos. Conheci um pai-de-
santo que se converteu a Jesus. Em seu testemunho, ele dizia que,
para facilitar-lhe a entrada em cemitérios, madrugadas a dentro, os
cadeados dos portões abriam-se sobrenaturalmente pelo poder das
trevas. Lá dentro, faziam barbaridades em rituais de magia negra,
cultos satânicos e bacanais regadas a álcool e sexo sem limites.
Em suas próprias fortalezas, territórios onde se entrincheiram
para atacar todos que se descuidam da vida espiritual, esses
demônios resistem nas batalhas até onde podem. Contra atacam os
invasores da luz com grande ímpeto, causando até males físicos
instantâneos, como dores nas juntas, estômago, cabeça e tonturas.
Muitos são os que saem mancando depois de uma luta em oração
ou expulsão de demônios. Às vezes, aparecem dores inexplicáveis
na hora ou no dia seguinte, moleza física resultante da falta de
energia, o que exige oração de anulação do poder das trevas
porque, Super-Homem e Mulher Maravilha, só no cinema e histórias
em quadrinhos.
Se você é um crente recrutado para o ministério de libertação, é
bom saber que é um alvo em potencial das forças ocultas do mal.
Constantemente está sob vigilância nos locais de preferência dos
demônios. Poderá sentir os efeitos de suas setas inflamadas depois
de uma volta pelos campos, banhos de cachoeiras ou na volta de
um sepultamento. Quem está neste ministério não pode descuidar-
se da oração e do fortalecimento espiritual através da meditação e
leitura bíblica, além de receber constante intercessão da sua equipe
ou da igreja.
O poder desses espíritos malignos se potencializa tanto em suas
próprias casas que, nos despachos de encruzilhadas, cemitérios,
pedreiras, cavernas e outros, os conteúdos das garrafas de
oferendas secam sem que sejam abertas e o cheiro da bebida
desaparece do interior das vasilhas. Galinhas assadas e carnes de
porcos endurecem como pedras ao serem sugadas por legiões de
demônios que se contam aos milhares. Pessoas que passam
nesses locais sentem logo algo esquisito, uma coisa desagradável,
indefinida, que persiste o dia todo, trazendo indisposição no
trabalho, levando-as a cometerem erros inexplicáveis em tarefas
simples e corriqueiras.
Se você é novato no ministério de libertação, ainda não tem
experiência mais profunda em lidar com o poder satânico, não
negligencie sua vida espiritual, não menospreze o poder invisível
das trevas, não seja afoito(a) demais, acreditando-se imbatível por
si mesmo(a). Demônios podem minar a resistência física dos
humanos, criar desânimo repentino e persistente que afasta dos
cultos e, aos poucos, escasseiam-se as orações, a leitura bíblica e o
devocionais até que abandonam de vez o ministério e a vida
espiritual. Seja humilde, o âmbito do espírito é muito misterioso e
incompreensível mesmo para os veteranos nos trabalhos de
libertação e intercessão. Estude e leia bastante, submeta-se às
orientações dos mais experientes, receba orações e ore você
mesmo(a) para proteger-se contra os eflúvios do mal.
2
Q
DEMÔNIOS
TERRITORIAIS

O s demônios territoriais foram muito cultuados nas civilizações


pagãs antigas. Sacerdotes, servidores dos templos e religiosos
respeitavam-nos muito. Sabiam que a presença do sobrenatural era
mais intensa em alguns locais como ruínas, beira de rios, praias,
montanhas e bosques. Por isso, concentravam cultos com
oferendas e sacrifícios nesses locais onde erguiam altares e os
declaravam como territórios sagrados.
No Antigo Testamento há vários exemplos dessa servidão aos
deuses, principalmente nos livros de Juízes, Reis e Crônicas, onde
se narram as histórias de Judá e Israel, antes e depois da divisão
das doze tribos em dois reinos distintos. A propósito disso, fica claro
ao estudante que esta separação foi motivada pelos demônios da
inveja e da discórdia. Eles se encarapitaram nas costas de
Jeroboão, que se tornou rei de Israel e de Roboão, que foi rei de
Judá e filho de Salomão.
Um dos exemplos mais notáveis da presença dessa casta
maligna no Velho Testamento está na atuação do rei Josias, em
Judá, onde começou a reinar aos oito anos de idade (2Re 22.1). Ele
foi um bom governante, fiel a Deus e abominou o paganismo
idólatra muito praticado antes dele, mandando eliminar sacerdotes e
adoradores de deuses estranhos. Observe o que fez Josias em
relação aos demônios que se alojavam nos bosques próximos a
Jerusalém:
“Semelhantemente, quebrou as estátuas, cortou os bosques e
encheu o seu lugar com ossos de homens” (2Re 22.14).
Este rei não permitiu a prostituição religiosa em todo o seu reino.
Ele sabia que todo altar e estatuária em homenagem aos deuses
eram, na verdade, dirigidos aos demônios e por eles incentivados.
Assim, também estendeu suas ordens à cidade de Betel, onde havia
um altar pagão no alto de um morro em meio a um bosque. Mandou
derrubar o altar e cortar as árvores, conforme está escrito:
“E também o altar que estava em Betel e o alto que fez Jeroboão,
filho de Nabate, que tinha feito pecar a Israel, junta-mente com
aquele altar, também o alto derribou; queimando o alto, em pó o
desfez e queimou o ídolo do bosque” (22.15)
Repare no detalhe do texto: queimou o ídolo. Ele representava o
demônio chefe que era cultuado e adorado como um deus daquela
localidade. Interessante um estudo desse trecho do capitulo 22 até o
versículo 20, falando do repúdio do rei Josias ao ocultismo pagão e
de como agiu de maneira radical. Cavou sepulturas de pessoas que
ali haviam sido enterradas (costume da época), e queimou os ossos.
Até as casas que havia em torno do local mandou derrubar, fazendo
uma limpeza geral, inclusive na cidade de Samaria, onde também
se cultuavam os demônios dos morros, provocando a ira do Senhor.
O texto diz que o rei sacrificou todos os sacerdotes pagãos dos
altos e queimou os ossos dos homens que adoravam naquele local,
voltando depois ao seu governo em Jerusalém.
Não poderia (e não pode ainda hoje) haver tolerância aos
demônios. O poder das trevas corrompe o ser humano, destrói a
sociedade e acaba com uma nação. Atente para o fato de o rei
Josias destruir as sepulturas e queimar os ossos dos esqueletos
que jaziam nelas. É uma ideia um tanto lúgubre, mas necessário,
porque nos lugares altos, além do culto aos demônios também se
instalavam cemitérios nos locais, construíam casas e formavam uma
comunidade religiosa que tendia a aumentar com o tempo,
intensificando a idolatria. Era impossível desalojar aqueles
demônios sem destruir toda a estrutura, queimar a fogo os mortos e
matar os vivos, apossar-se do território para purificá-lo e rededicálo
ao Deus verdadeiro.
Estas e outras histórias do velho testamento devem ser lidas por
quem desejar conhecer mais sobre o mundo oculto das trevas e
como lidar com suas hostes infernais, sem contemplação e de
maneira decisiva.
2.1. Í .

O rei Josias queimou o ídolo do bosque onde estava o cemitério.


Desde os tempos antiguíssimos, o costume de se fazerem ídolos e
colocarem sobre túmulos com intuito de proteger os mortos são
práticas pagãs, absorvidas pelo cristianismo primitivo e que o
catolicismo romano substituiu por imagens de santos, imagens de
homens e mulheres piedosos da história cristã. O fato de não
representarem deuses e nem serem alvo de adoração, não muda o
fato de serem imagens, feitas por mãos de homens e serem a
representação de pessoas mortas. Por isso, se tornam hospedeiras
de demônios. Toda adoração, devoção, reverência e sagração de
mortos, sem vida e, consequentemente sem poder, é terrível
abominação ao Senhor, porque Ele é o Deus da vida que
ressuscitou Jesus para interceder pelos vivos.
Embora homens e mulheres possam ter sido mártires e se
entregado pela causa de Cristo, isso não os diviniza e nem os
tornam poderosos intercessores pelos vivos, suas canonizações são
obras de homens, não encontram respaldo bíblico e é puro
espiritismo, colocando esperança na crença de receber a proteção,
ajuda e amparo dos mortos desde o além.
Os corpos sepultados nada significam mais porque a vida estava
no espírito. O destino deste, depois de desencarnado, só Deus
sabe. As pessoas da atualidade continuam colocando estátuas nos
túmulos por pura tradição, não conhecem as origens desse costume
e não param para raciocinarem. Colocam a imagem de um homem
crucificado sobre a lápide fria sem refletir que Jesus, há mais de
dois mil anos, não está mais na cruz, ressuscitou e a gora é nosso
advogado junto ao Pai nos céus, nosso único e suficiente
intercessor, não aquela imagem rude, feições crispadas de dor,
derrotado, ainda pregado no madeiro pelos pecados dos homens.
Cristos de cemitérios em bronze, gesso, madeira ou barro são
apenas peças ornamentais, mas totalmente inadequada por ser um
ídolo sem nenhum valor espiritual.
2.2. J .

Gadara era uma cidade distante cerca de 10 quilômetros do mar


da Galileia. No tempo de Jesus, era a principal cidade da região
conhecida como Decápolis, onde ficava também a pequena Gerasa.
Os moradores de Gadara eram conhecidos como gadarenos, mas
por causa da proximidade com Gerasa foram chamados também de
gesarenos nos evangelhos de Marcos e Lucas. Aquele local, pouco
depois das margens do grande lago, foi palco de uma das mais
extraordinárias passagens do Novo Testamento, narrada nos três
evangelhos sinóticos: a expulsão de uma legião de demônios
territoriais dos cemitérios que havia aprisionado um homem e o
escravizaram. Torturando-o dia e noite. Para fins de estudos,
recomendamos as leituras das três narrativas, considerando que
Marcos é o mais abrangente e oferece mais detalhes.
Jesus expulsou daquele homem cerca de dois mil demônios e
permitiu que encarnassem numa manada de porcos, fato que até
hoje impressiona cristãos e estudiosos da Bíblia. Os textos
oferecem detalhes esclarecedores da geografia do local, situando o
fato nos limites da cidade de Gadara, próximo ao lago de Genesaré,
ou mar da Galileia, numa elevação onde ficava um cemitério.
Morada de demônios, o local estava recebendo Jesus que acabava
de chegar num barco procedente da Samaria, depois de ter
apaziguado uma tempestade que os surpreendera no meio das
águas.
Chegando à margem, já na província dos gadarenos (o texto diz
que muitos outros pequenos barcos o seguiam), Jesus nem bem
acabou de desembarcar e já lhe saiu ao encontro um homem nu,
vindo dos sepulcros e aparentemente fora das suas perfeitas
faculdades mentais. Mas o texto é extremamente objetivo e claro:
aquele homem estava possuído por um espírito imundo, tão
possesso que nem correntes o poderiam prender, às quais fazia em
pedaços.
O homem parecia mesmo louco. Marcos escreve que não existia
pessoa capaz de amansá-lo, tal a sua fúria permanente, dia e noite,
ferindo-se com pedras e vagando pelos montes e sepulcros. Diante
de Jesus, Senhor e Salvador de todos que o desejarem, tudo foi
diferente. Os demônios (eram muitos) reconheceram o Filho de
Deus e já chegaram com respeito, toda aquela fúria havia
desaparecido como por encanto. Jesus mandou que saíssem do
homem, mas repare que eles não desejavam abandonar sua
morada, sair daquela província onde dominavam o espaço invisível
aos milhares (dois mil no endemoninhado). Apontaram logo uma
alternativa: invocarem numa manada de porcos que pastava
próximo dali, um destino adequado aos espíritos imundos.
Jesus atendeu ao pedido daquelas entidades das trevas. Os
porcos imediatamente enlouqueceram e saíram em disparada, sem
freio e nem direção, precipitaram-se todos do alto do morro para as
águas do lago, morrendo afogados. O acontecimento inusitado
alvoroçou toda a província. Havia espanto, admiração e receio entre
o povo que não compreendia o que havia acontecido. Fato marcante
depois deste encontro sem precedentes, era a presença do ex-
endemoninhado, vestido, cheio de vida, saudável e tranquilo,
ouvindo Jesus e testemunhando o milagre a quantos se
dispusessem ouvi-lo.
O evangelista Lucas afirma que Jesus havia expulsado os
demônios porque sentiu pena do homem, ao qual espíritos imundos
escravizavam há muito tempo. No verso 29 do capítulo 8, ele afirma:
“Porque tinha ordenado ao espírito imundo que saísse daquele
homem; pois já havia tempo que o arrebatava. E guardavam-no
preso com grilhões e cadeias; mas, que-brando as prisões, era
impelido pelos demônios para os desertos”.
2.3. L .

Alguém disse que a Bíblia é o “manual do fabricante”. Não poderia


haver definição mais exata. Ela é realmente um livro de ensino por
excelência com lições práticas, indispensáveis para a vida e que
mostra a homens e mulheres o caminho correto em que devem
andar.
Neste encontro entre Jesus e um homem possesso de demônios,
aprendemos diversas lições para vida cotidiana, basta observar
diversas circunstâncias do acontecimento, como Jesus conduziu o
entrevero com sabedoria, objetividade, tranquilidade e compaixão.
Abaixo, dez lições que devem ser aprendidas e praticadas nas vidas
de todos os cristãos:
1. Muitos males físicos e psicológicos não são de origem física.
Satanás e seus demônios podem lançar seus dados inflamados
contra pessoas, apossarem-se delas e fazê-las enfermar, sentindo
no corpo o efeito de males que comumente são confundidos com
diversas doenças, mas médicos não descobrem exatamente o
que é e não conseguem cura através de remédios e dos
conhecimentos da ciência.
2. Todas as pessoas sem vida espiritual definida estão sujeitas
aos ataques de demônios, obsessão e até posse corpórea.
Muitos podem, realmente, terem a vida em sociedade
comprometida, tornando-se incapazes no trabalho e na
convivência familiar. Os possessos podem se tornar verdadeiros
farrapos humanos, zumbis sem consciência da realidade que os
cerca, abandonados à própria sorte. Os demônios se apossam ou
perturbam, não necessariamente, pessoas más, embrutecidas,
sem religião, que fatalmente poderiam ser vítimas em potencial,
mas o poder das trevas não escolhe, ele ataca a todos
indistintamente, exigindo que cada um se cuide com suas
devoções e fé inabaláveis em Deus e em Jesus cristo.
3. Única autoridade que os demônios temem nos planos visível
e invisível é a do Senhor Jesus (Lc 8.28). Toda entidade
maligna reconhece que Jesus é o Filho de Deus, prostra-se diante
dele, mas não O aceita como Senhor e Salvador, rejeitando seu
senhorio sem submeter-se ao poder da luz. “Que tenho eu contigo
Jesus, Filho do Altíssimo?” Foram as primeiras palavras que
disseram ao avistarem Jesus descendo do barco em Gadara,
deixando patente sua condição de inimigos, rebeldes,
irreconciliáveis e sem capacidade de conviver com o luz que, para
eles, é um tormento.
4. Durante o processo de expulsão, Jesus foi extremamente
objetivo. Ele não gastou tempo dialogando com os demônios,
não ponderou sobre o fato de rejeitarem-no logo de início, não
argumentou com eles porque queriam invocar-se nos porcos e
nem porque desejavam permanecer na província dos gadarenos.
Eles sabiam que não tinham alternativa se não deixarem o corpo
do homem, pediram e Jesus permitiu. Os porcos morreram e eles
tiveram que sair do mesmo jeito, voltando a vagarem pela região
até acharem outra vítima.
5. Jesus sabia que aquele homem não estava possesso de
apenas um demônio, mas perguntou-lhes o nome para que a
multidão soubesse da cruel realidade da situação. Isso não quer
dizer que o exorcista deva perguntar o nome de todos os
demônios que expulsa. Esta não é uma regra que Jesus usava,
um método aplicado, mas uma ação ocasional para que os
presentes e as gerações futuras aprendessem um pouco mais
sobre o mundo oculto e a ferocidade das entidades malignas que
povoam o sobrenatural.
6. No verso 31, Lucas escreve que os demônios “rogavam-lhe
que Jesus não os mandasse para o abismo” . Abismo no grego
significa lugar de trevas, frio e escuro (Jd 1.6), habitat natural das
entidades do mal. Apesar disso, eles não desejam morar nas
extensões abismais, querem e necessitam estar no espaço do
mundo real, perto das pessoas porque precisam de corpos para
se expressar e trabalharem em suas maquinações contra a
criação divina. Demônios vêm, originalmente, dos planos siderais
para onde voltarão no final dos tempos, conforme anuncia o livro
do Apocalipse (20.10-14), local denominado biblicamente como
lago de fogo e enxofre.
7. Toda ação de Jesus em sua caminhada terrestre visava
apontar o reino dos céus e revelar a si mesmo como Filho de
Deus, o Salvador pessoal e remissor dos pecados dos homens. O
episódio do exorcismo repercutiu como uma bomba naquela
região densamente povoada. O ex-endemoninhado se tornou
testemunha incontestável do fato e Jesus ordenou que ele ficasse
ali mesmo, divulgando a nova realidade de um tempo novo às
pessoas que certamente acorre-riam ao local para ouvi-lo. Toda
graça recebida pelos cristãos em todo o tempo, deveria servir
para engrandecer o nome de Jesus e proclamar seu senhorio
sobre céus e terra.
8. Muitas vezes é mais gratificante estar acompanhado de
Jesus, ficar a seus pés adorando-O, mas Ele quer que os cristãos
sejam testemunhas fiéis onde estiverem ou onde Ele mandar.
Muitas vezes, os que recebem a graça se acomodam e se tornam
meramente contemplativos, usufruindo da presença de Jesus,
mas se negando ao engajamento verdadeiro na obra para
tornarem-se produtivos ceifeiros na seara do Mestre.
9. Os primeiros a receberem o testemunho cristão deverão ser
os da própria casa (v. 39). Jesus sabe que é mais difícil levar à
conversão os parentes e os mais chegados, exigindo, na maioria
das vezes, verem com os próprios olhos a ação do poder de Deus
nas vidas das pessoas queridas. Isso é natural porque parentes e
amigos conhecem o proceder de quem está anunciando o
evangelho, o seu testemunho e se é, verdadeiramente, ele próprio
digno de crédito.
10. O melhor testemunho sobre Jesus é mesmo mostrar quem
ele é e o que faz pelas pessoas ainda em nossos dias. Ele
continua salvando almas sedentas, curando, batizando com o
Espírito Santo, repreendendo e expulsando demônios e fazendo
os mesmos milagres que fazia nos tempos antigos. Ele
ressuscitou dos mortos e deu autoridade sobre o mundo invisível
a todos que crerem no poder do seu nome. Esta é a principal lição
de um encontro inusitado na história humana: o embate frente a
frente entre o Filho de Deus e uma legião de demônios.
2.4. O .

A Galileia nos tempos de Cristo era um território infestado de


demônios e Jesus teve muito trabalho libertando diversas pessoas,
vítimas de possessão. A Palestina toda vivia um tempo de opressão
sob o domínio romano em meio a ódios intestinos, rancores de
morte, traições, desconfiança, idolatria e uma selvageria sem igual,
atraindo para o lugar todo tipo de maldade do plano oculto. Lucas
(13.10-13), narra a história de uma mulher que tinha um demônio
alojado em sua coluna. Por isso, andava encurvada há mais de
dezoito anos. É uma passagem conhecida pelos leitores do Novo
Testamento, mas alguns detalhes sempre passam despercebidos,
impedindo maior compreensão do texto.
Um exemplo que passa despercebido é que aquela cura através
da expulsão do demônio da enfermidade fora desejada por Jesus
porque ele sabia tratar-se de um espírito maligno. O texto mesmo
informa as circunstâncias em que ocorreu o fato: Jesus ensinava na
sinagoga no sábado, dia em que era proibido curar, considerado um
trabalho como qualquer outro. Mulheres não podiam frequentar a
sinagoga, mas Jesus acaba vendo-a e a chama, declarando-lhe a
cura. Na época, homens judeus não falavam com mulheres nas
ruas, principalmente uma aleijada, desprezada pela sociedade como
se esquecida de Deus. O Mestre rompe o preconceito porque este é
também uma arte do diabo, através do qual instila o veneno do ódio
e eternos rancores.
O preconceito torna-se evidente quando o chefe da sinagoga,
indignado pelo ato de Jesus, repreende a multidão. Ele era um
religioso convencional, cego espiritualmente, incapaz de ter
percebido que houvera no plano invisível uma terrível batalha entre
as forças do bem e do mal, dando lugar à hipocrisia da tradição do
judaísmo, sem nenhum valor prático. Jesus estava enxergando o
mundo sobrenatural, sabia que estava num local infestado de
entidades incorpóreas, ameaçadoras e prontas para matar, roubar e
destruir. Ele precisava mostrar a sua autoridade ao povo e aos
demônios, mandou a tradição religiosa às favas e declarou a mulher
livre da enfermidade (demônio) e ainda passou um sabão no
principal da sinagoga por sua manifestação hipócrita, totalmente
preconceituosa, zelo desnecessário pela tradição, coisas muito
vistas e apreciadas em algumas igrejas de hoje.
O texto não diz o motivo (ou os motivos) para o demônio ter-se
alojado naquela mulher. Ela era uma religiosa (filha de Abraão,
praticante do Judaísmo). Assim mesmo, sofria nas garras de uma
entidade espiritual maligna há quase duas décadas. Deduz-se pelas
evidências dos textos, que em alguns lugares e regiões inteiras, os
ataques de demônios são mais constantes e mais severos. São
espaços onde habitam em maior número e intensificam as ações
com mais rigor, oprimindo pessoas. Isso normalmente acontece em
locais em que se observam ódios mais acirrados, idolatria,
contendas, pecados de toda natureza, falta de vida religiosa
consciente, efetiva e afetiva, isenta de compromisso. Estas
situações são potentes atrativos para os demônios ocuparem um
território e se apossarem dele, permanecendo ali tempo indefinido,
perturbando o ambiente e escravizando homens e mulheres sem
Deus e sem amor.
No verso 16 do texto, Jesus faz uma revelação que resume todos
os fatos que facilitavam a presença do demônio há tanto tempo no
corpo daquela mulher. Orgulho, soberba, auto-suficiência, confiança
em si mesmo em questões espirituais, indiferença com o sofrimento
humano, valorização dos animais mais do que pessoas, verdadeiras
portas abertas para entrada e domínio satânico. Jesus esclarece: ”E
não convinha soltar desta prisão, no dia de sábado, esta filha de
Abraão, a qual há dezoito anos Satanás mantinha presa?”
As palavras chave desta frase são: prisão, sábado, filha de
Abraão, Satanás e dezoito anos. Era uma prisão espiritual à qual
muitos hoje estão submetidos, sem alento e sem esperança.
Sábado era (e continua sendo para algumas facções cristãs), a
menina dos olhos da religiosidade hipócrita praticada pelos judeus.
A guarda do sábado estava acima do amor e da misericórdia,
deixando-se o exercício da caridade e atendimento às pessoas em
segundo plano, muito aquém das convicções religiosas. Jesus
desafia esse ranço de preconceito e coloca o ser humano acima de
tudo. Filha de Abraão era sinônimo de judia, nascida e criada na
religião judaica, mas desconsiderada como participante da mesma
fé, necessitada de apoio, compreensão e amor fraterno. Satanás
contracena com Jesus nesse episódio de drama espiritual
arquitetado no plano invisível, mas real, de consequências funestas,
só compreendido pelos que têm lucidez de espírito.
Dezoito anos é um espaço de tempo que delimita a prisão, a
pena, a condenação imposta pelo diabo só pelo prazer mórbido de
ver pessoas sofrerem. Um tempo de ação permiti-da por Deus para
mostrar Sua glória através de Jesus. Dezoito anos é uma eternidade
para quem sofre, mas os fariseus não estavam preocupados com
isso, a guarda do sábado, uma obrigação há muito ultrapassada
pela apostasia, era considerada mais importante do que a libertação
de um ser humano.
3
D
NAÇÕES
REINOS

N os tempos antigos as nações, mesmo as menos expressivas,


tinham seus deuses e deusas como padroeiros a quem
confiavam a guarda e proteção contra os inimigos. Colocavam
ídolos simbolizando seus protetores nos pórticos de entrada das
cidades, nos montes e nos templos, prostravam-se diante deles,
prestavam-lhes culto e os adoravam, numa infindável mística
politeísta, pagã e sem resultados para uma espiritualidade autêntica.
Entretanto, as nações continuavam sendo invadidas e destruídas,
debalde a devoção de seus moradores, que eram mortos sem
piedade ou feitos escravos, situação que não lhes dava a mínima
esperança de um dia voltarem e reconstruírem suas vidas. Entre as
nações que floresceram no Antigo Testamento, era comum cada
uma cultuar se próprio deus, mas os profetas de Israel, mais tarde
também os de Judá, sinceros homens de Deus, não se cansavam
de denunciar tal prática como condenável aos olhos de Jeová. Em
primeira Crônicas 16.26, por exemplo, há um alerta sobre deuses
das nações “Porque todos os deuses das nações são ídolos, mas o
Senhor fez os céus e a terra”. Significa que os ídolos (deuses) não
fizeram nada e nem poderão fazer. Esta mesma denúncia se repete
em Salmos 96.5: “Porque todos os deuses dos povos são coisas
vãs; mas o Senhor fez os céus”.
Apesar da clareza e objetividade dos textos bíblicos, cidades,
estados e nações continuam hoje na idolatria, confiando o
protetorado a padroeiros e padroeiras humanos, entronizados como
deuses e deusas através da estatuária, obras das mãos de artífices,
sem nenhum poder. Você poderá pensar que isso é coisa do
passado e que hoje tudo mudou. Esse posicionamento humano não
mudou e nem poderá mudar o que Deus deter-minou desde a
fundação do mundo. Leia o que escreveu Isaías: "“Congregai-vos e
vinde; chegai-vos juntos os que escapastes das nações; nada
sabem os que conduzem em procissões as suas imagens de
escultura, feitas de madeira, e rogam a um deus que não pode
salvar” (Is 45.20). Este é um equivoco comum aos espiritualmente
indoutos. A Bíblia diz que, em Deus, não há sobra de variação e que
ele é o mesmo ontem, hoje e sempre. Não se deixe enganar pela
astúcia de Satanás.
O motivo da continuidade dessa prática é a falta de conhecimento
da Palavra de Deus. Há falta de esclarecimento porque faltam
instrutores. Muitos governantes de nações e reis podem até
conhecerem a verdade, mas preferem ignorá-la para não arriscar a
desagradar o povo e serem apeados do poder.
Ignoram, todos eles que, quem atua através dos ídolos são os
demônios territoriais, conforme ensinam as Santas Escrituras:
“Sacrifícios e adoração se oferecem aos demônios, não a Deus, aos
deuses que não conheceram...” (Dt 32.17).
Praticantes de rituais espíritas, mormente os procedentes da
África, sabem que os espíritos dos deuses estão por trás dos ídolos
e em todos os altares e terreiros são colocados em lugares
estratégicos nos congás[Nota 6]. Sempre ombreando, lado a lado,
com imagens de santos e santas do catolicismo romano, numa
perfeita sincretização de práticas, misturadas em um só caldeirão
para demonstrar que “Deus é o mesmo e a fé uma só”. Não é
necessário ser “santo” e nem sábio para se perceber ser este um
dos maiores enganos na vida espiritual das pessoas. Deus é um só,
mas abomina as práticas animistas que trocam a adoração ao Deus
verdadeiro pelo culto à criatura através do transe mediúnico.
O que mais entristece o cristão fiel, conhecedor da Palavra, é o
fato de que, mesmo não cultuando e adorando ídolos (demônios),
os povos das nações, de um modo geral, são participantes destes
altares pela permissão deles em seu meio, como diz a Bíblia. O
apóstolo Paulo, quando escreveu sua primeira carta aos cristãos de
Corinto, alertou-os para o fato de permitirem sacrifícios em seu
meio, bem como os altares estranhos, afirmando: “Mas que digo?
Que o ídolo é alguma coisa? Que o sacrificado ao ídolo é alguma
coisa? Antes, digo que as coisas que os gentios sacrificam, as
sacrificam aos demônios e não a Deus. Não quero que sejais
participantes com os demônios. Não podeis beber o cálice do
Senhor e o cálice dos demônios; não podeis ser participantes da
mesa do Senhor e da mesa dos demônios” (1Co 10.19-21).
O entendimento falho das pessoas as impedem de enxergar a
verdade. Estátuas no alto dos morros servem de moradia aos
demônios territoriais. Eles são a causa de acidentes inexplicáveis,
desavenças, brigas, assassinatos e tudo que não presta que
acontece nas cidades. Aproveitam a índole má de homens e
mulheres, sugerem em seus ouvidos, penetram nos cérebros, usam-
nos como instrumentos do mal. Toda essa ação tenebrosa é
atribuída às injustiças sociais, problemas de saúde pública,
desarranjos de ordem psicológica, psicopatias, revoltas e diversos
“ganchos” para justificar o que de mais terrível acontece em meio à
sociedade hodierna.
Poucos cristãos autênticos se arriscam a dizer que a maioria das
desgraças acontece pela ausência do Deus verdadeiro, de maneira
efetiva, nas vidas das pessoas, praticantes de uma espiritualidade
vazia, sem convicção, sujeitas aos ataques de toda natureza
promovidos pelo diabo e seus exércitos infernais.
3.1. E P B .

É fundamental entender a organização do reino das trevas, como


domina nações inteiras, dividindo-se numa hierarquia em que o
comando fica por conta dos príncipes, geralmente comandantes em
chefe dos exércitos. Estes podem assumir seu lugar na guerra
espiritual pela posse de territórios, onde submetem a jugo toda uma
população, atrapalhando até o contato de crentes com Deus e o
atendimento das orações.
A Bíblia mostra diversos exemplos dessa intervenção maligna e
que os próprios chefões estão na ativa, comandando o mundo
visível a partir do invisível, poder muitas vezes insuperável pela
força meramente humana e capacidade intelectual de discernir os
acontecimentos. No livro de Daniel há um exemplo clássico desse
embate no sobrenatural no espaço invisível da nação persa, onde
um dos príncipes das trevas impede o atendimento às orações do
jovem Daniel.
A narrativa diz que Daniel estava orando para que Deus lhe desse
a interpretação de uma visão que havia tido dias antes. O profeta
entrou em êxtase quando sentiu alguém tocar-lhe e olhou espantado
a aparição, mas ouviu palavras de consolo e revelação: “Não temas
Daniel, porque desde o primeiro dia em que aplicaste o teu coração
a compreender e a humilhar-se perante o teu Deus, são ouvidas as
tuas palavras; e eu vim por causa das tuas palavras” (Dn 10.12).
Depois dessas palavras tranquilizadoras, o anjo fez uma revelação
interessante e muito esclarecedora sobre os demônios que atual
nas nações e reinos: “Mas o principal do reino da Pérsia se opôs
defronte de mim vinte e um dias, e eis que Miguel, um dos primeiros
príncipes, veio para ajudar-me. E eu fiquei ali com os reis da Pérsia”
(V. 13).
Este embate aconteceu no plano invisível. Um dos príncipes
daquela facção de demônios do reino da Pérsia, nação de um povo
pagão, idólatra, embrutecido e mal, era tão arrojado que o enviado
de Deus para atender as súplicas de Daniel não pode vencê-lo,
necessitando ajuda do arcanjo Miguel depois de vinte e um dias de
peleja.
O versículo diz ainda que o emissário de Deus a Daniel ainda
ficou ali, envolvido com os reis da Pérsia, não governantes
humanos, mas os maiorais dos demônios que dominavam o império.
Observe que a guerra entre o bem e o mal é cósmica, não se dá
aqui, no mundo das formas, mas é sobrenatural, um governo
determinado, organizado, que não dá tréguas e procura dificultar a
comunicação entre homens fieis piedosos e o Deus Altíssimo para
atrapalhar seus planos de resgate dos pecadores.
No verso seguinte (14), o personagem enviado de Deus revela a
Daniel a sua missão e o faz entender acontecimentos futuros
ligando a nação de Israel com o Messias, o Cristo, que haveria de
vir para salvar os homens. Veja que o príncipe dos demônios da
Pérsia tinha razão de estar enfurecido, pois estava sendo preparado
no plano cósmico o maior acontecimento de todos os tempos e que
transformou a humanidade para sempre.
O anjo continua conversando com Daniel e, mais à frente (v. 20),
faz outra revelação mostrando que esta guerra sideral é uma
constante: “Eu tornarei a pelejar contra o príncipe dos persas; e,
saindo eu, eis que virá o príncipe da Grécia”. Você, por pouco que
conheça das Escrituras, entendeu que a batalha espiritual é eterna,
diuturna. Aquele guerreiro que trouxe a mensagem a Daniel era um
defensor do espaço invisível sobre a Pérsia contra as hordas das
trevas.
Repare que ele informou a sua missão de lutar também contra o
príncipe dos demônios da Grécia. Nenhum cristão que lê a Bíblia
com a constância necessária para alimentar o espírito, ignora que a
Grécia se tornou uma grande nação, a civilização clássica que até
hoje influencia a cultura pelo mundo afora. Conquistou a Palestina,
submeteu o reino de Judá a seu jugo e impôs ao povo horrores nas
garras dos sucessores ao trono de Alexandre, o Grande. Essa é
outra história, mas é bom saber que o plano invisível comanda o
visível e os fatos aqui na terra não acontecem aleatoriamente, tudo
se desenvolve num plano superior em que se move incontável
número de entidades espirituais, lutando sempre umas contra
outras, o bem contra o mal.
Encerrando, leia o verso 21: “Mas eu te declararei o que está
escrito na Escritura da Verdade; e ninguém há que se esforce
comigo contra aqueles; a não ser Miguel, vosso príncipe”. A quem
se refere o anjo quando diz “aqueles?” Certamente aos príncipes
das trevas, sempre a postos para impedirem a ação do bem. Toda
história dos reinos antigos, ações de seus governantes, guerras,
mortandades e conquistas ambiciosas, não tiveram Deus como
promotor de tantas barbaridades. Foi (e continua sendo),
arquitetado pelo reino das trevas que só busca, constantemente, a
morte e a destruição.
3.2. B , .

A Bíblia é clara ao informar quem, realmente, governava o grande


império babilônico da antiguidade. Os reis das civilizações, Babilônia
como a principal delas, sempre foram inspira-dos por Satanás e
seus súditos. A sociedade que constituía aquela nação era
tremendamente belicosa, cruel, sanguinária, idólatra, escravagista e
seu prazer era torturar inimigos e tantos quantos não concordassem
com o sistema de governo.
A devassidão tomava conta dos movimentados dias no poderoso
império, promotor de constantes festas em que não havia limite,
tudo era permitido, inclusive espetáculos de tortura e mortes em
público, muito comumente em homenagem a deuses e deusas, num
oferecimento incessante de libações e holocaustos, com homens e
mulheres se inflamando em sensualidade e volúpia onde perdiam
toda dignidade humana.
Toda população de demônios territoriais que povoava os ares da
Babilônia, vivia radiante com a situação, se deleitando com o caos
implantado pela falta de moral e dos bons costumes, coisas raras
numa sociedade sem Deus, em que as leis não existiam para os
poderosos. Entretanto, os dias do fabuloso império estavam
contados. Deus já não suportava mais o mau cheiro daquela nação
apodrecida, o verdadeiro flagelo da Mesopotâmia em que
floresceram as mais ricas civilizações. Nem as belezas da cidade,
que encantavam pelo frescor de seus jardins suspensos ou o sereno
marulhar das águas do rio Eufrates, atravessando célere sob suas
muralhas, foram capazes de deterem o juízo de Deus sobre aquele
povo rebelde e pecador.
Mene, mene, Peres, tequel e parsim – escreveu na parede do
palácio de Belsazar a mão misteriosa da Justiça. Transcorria ali um
banquete sem precedentes, mais de mil convidados da elite
babilônica ocupava o grande salão, bebendo e fazendo enorme
algazarra como um bando de araras, todos sob os eflúvios do
álcool. O rei, como todos da antiguidade, era um homem impiedoso,
cruel e que não conhecia limites para suas ações nefastas.
Resolveu, uma vez mais, extrapolar seu desdém pelo Deus
verdadeiro. Tomou os objetos sagrados que seu pai,
Nabucodonosor, havia trazido do templo em Jerusalém e os
profanou, bebendo neles o vinho da ira de Deus, ele, seus grandes,
suas mulheres e concubinas, oferecendo louvores a seus deuses
(Dn 5.1-5).
Mene – Contou Deus o teu reino e acabou.
Tequel – Pesado foste na balança e foste achado em falta.
Peres – Dividido foi o teu reino e deu-se aos medos e aos persas.
No instante em que Daniel terminou de interpretar as palavras
misteriosas, caiu um silêncio pesado e profundo no imenso salão.
Poder-se-ia ouvir a respiração acelerada e medrosa de cada um dos
presentes, certamente fadigados pela noitada e assolados pelo
receio de um terrível castigo do sobrenatural, inevitável por meios
naturais e poderes terrenos.
Não demorou muito, tropas medos-persas comandadas por Dario
invadiram a cidade de surpresa, passando a fio de espada homens
e mulheres, os grandes do império e o próprio rei Belsazar, o
portentoso rei dos caldeus. É bom lembrar que os babilônios
estavam completamente seguros numa cidade-fortaleza,
considerada inexpugnável. Não poderiam eles sequer imaginar que
inimigos tão ferozes poderiam entrar em seu interior e apossar-se
daquela que era o orgulho de uma civilização. Não sabiam que
aquele mesmo Jeová dos judeus, a quem afrontavam sempre, havia
determinado juízo inexorável e que os medos-persas, guiados por
inteligência sobrenatural, haviam usado o leito seco do grande rio
Eufrates, orgulho e beleza da cidade, represando-o quilômetros
antes para deter-minar o fim do poder e opulência de Babilônia, a
cidade eterna.

“Caiu! Caiu a grande Babilônia, e se tornou morada de


demônios, e abrigo de todo espírito imundo, e refúgio de toda
ave imunda e aborrecível”. (Ap 18.2).

Os demônios territoriais gostam muito de ocupar ruínas de antigas


cidades, construções abandonadas, sítios arqueológicos, antigas
escavações de minas e velhas igrejas sem uso, conservadas como
relíquias históricas. Babilônia é o símbolo da espiritualidade
prostituída, do sistema de governo mundial injusto e condenado, do
paganismo e do sistema maligno que opera desde o mundo das
trevas para os corações dos homens maus. Babilônia é o sistema
atual das nações sobre as quais também está determinado o juízo
de Deus no final dos tempos e da era da Igreja.
A Babilônia material foi destruída e suas ruínas se tornaram
morada de demônios. A Babilônia espiritual, representada por todo
conjunto de religiões não cristãs e cristãs apenas nominais, caminha
também, rapidamente, para o seu fim, como está determinado em
Apocalipse 18.20: “...porque Deus já julgou a vossa causa quanto a
ela”. No capítulo 19 está registrada a queda futura da babilônia
espiritual, ou o fim do sistema mundano dos governos seculares e
religiosos, encerrando a era da adoração falsa e corrompida desde
o Éden impedindo a concretização plena do plano de salvação em
Jesus. Como dizem os versos 6 e 7: “...Aleluia! Pois já o Senhor,
Deus Todo Poderoso, reina. Regozijemo-nos e alegremo-nos, e
demos-lhe glória, porque vindas são as bodas do cordeiro e já sua
esposa se aprontou”. Então, a Babilônia, tanto material como
espiritual, será substituída pela nova Jerusalém que descerá dos
céus. (Ap 21.9-10).
Notas do Capítulo

Nota 6 - Altares onde se colocam imagens dos orixás africanos ao lado de


“santos” do catolicismo romano. [Voltar]
4
F
PLANO
INVISÍVEL

M uitos milhares de pessoas pelo mundo afora batem no peito e


dizem convictas: “Só acredito no que vejo!” Pobres tolos! Não
percebem que o concreto, visível e palpável surgiu do invisível,
sobrenatural, incompreendido e ilógico pelo raciocínio simples e
limitado. Como se explicaria todo universo estendido no infinito onde
nem a imaginação mais fértil alcança? O inexplicável é mais real
que a realidade do mundo finito, mortal e frágil em que vivemos,
haja vista as constantes previsões do final de tudo que aqui está
numa hecatombe sem precedentes. Os espiritualmente céticos
temem o fim físico do planeta e lutam para manter o equilíbrio
ecológico, mas não se conscientizam de que o final está
determinado a partir do mundo invisível, metafísico, apontando o
último e definitivo acerto de contas entre os poderes do bem e do
mal pelo Criador Universal e também com toda sua criatura
rebelada.
Observando o mundo atual em comparação com as verdades
bíblicas, o estudioso da Palavra de Deus pode compreender o
sistema iníquo que opera na sociedade humana, totalmente
divorciado e equidistante daquilo que preconiza o “manual do
fabricante” para uma vida plena. Há uma ignorância absurda sobre o
sagrado e o transcendental, com a maioria se contentando com uma
fé apenas superficial, descomprometida com a realidade. Homens e
mulheres se consideram sábios e cheios de razão, corretos em seus
raciocínios medíocres sobre a verdade espiritual, desdenhando do
Juízo, na plena certeza de que “Deus é bonzinho”, mas ignorando
que Ele é também justo e opera a sua Justiça.
A carta que o apóstolo Judas escreveu é uma das mais curtas do
Novo Testamento, tem apenas um capítulo, mas é um texto áureo,
cheio de ensinamentos indispensáveis para quem deseja cultivar
vida espiritual abundante. São conselhos de sabedoria e orientação.
Ele fala sobre estas pessoas que se acham muito sabidas enquanto
deixam perder suas almas na soberba de seus entendimentos. Leia:
“Estes, porém, dizem mal do que não sabem; e, naquilo que
naturalmente conhecem, como animais irracionais se corrompem”.
Não admira que cidades e nações se tornem morada de demônios
encalacrando-se nos corações empedernidos de homens e
mulheres néscios, mas arrogantes em seus parcos entendimentos.
Judas fez uma revelação de proporções cósmicas no verso 9 da
sua carta. Trata-se de algo real, espantosamente verdadeira,
mostrando exemplo de fatos que acontecem no mundo
sobrenatural, e que a pessoa comum nem imagina. Observe: “Mas o
arcanjo Miguel, quando contendia com o diabo e disputava a
respeito do corpo de Moisés, não ousou pronunciar juízo de
maldição contra ele, mas disse: o Senhor te repreenda”. Você já leu
sobre o arcanjo Miguel nas páginas anteriores e sabe que ele é um
guerreiro contra as hostes de Satanás no mundo invisível.
Agora, preste atenção num fato: enquanto pessoas que se
autodenominam sábias volteiam em torno de si mesmas neste
mundinho limitado, coisas tremendas acontecem no mundo
sobrenatural. Imagine, a ousadia e pretensão do diabo em rei-
vindicar a posse do corpo do grande patriarca Moisés. Ele não podia
ter a alma do homem, mas queria o corpo e brigava por ele, talvez
temendo que Deus o ressuscitasse dos mortos e o levasse para o
céu em carne e osso. Miguel era e ainda é uma grande autoridade
espiritual, mas humilde como todos os verdadeiramente grandes,
reconheceu o seu lugar de subalterno e a autoridade suprema de
Deus, rogando-lhe que repreendesse o diabo em sua pretensão
maligna.
Imagine se Satanás é atrevido o suficiente para tentar a posse do
corpo de Moisés, um homem especialmente escolhido e amado de
Deus, o que não faria em relação a pessoas comuns como eu e
você se não cuidarmos da nossa vida espiritual? Pense na
desconsideração que se dá ao mundo sobrenatural, pessoas
estribando-se em seus próprios conhecimentos e poder, o diabo
usufruindo total liberdade de ação neste universo de ilusões fúteis e
efêmeras. Judas tinha toda a razão e também uma definição para os
que se julgam religiosos sinceros e bons: “Estes são manchas em
suas festas de caridade, banqueteando-se convosco e
apascentando-se a si mesmos sem temor; são nuvens sem água,
levadas pelo vento de uma para outra parte; são como árvores
murchas, infrutíferas, duas vezes mortas, desarraigadas” (v. 12).
Há uma possibilidade real de que você e eu ouçamos isso no dia
do Juízo final. Pense e examine-se espiritualmente.
A Bíblia Sagrada oferece a seus leitores muitas pistas sobre o
mundo invisível, espiritual e intangível. O livro de Jó, por exemplo,
independente de ser um texto piedoso, motiva-dor, um estilo literário
da época, com uma história de consolação, traz uma revelação
interessante sobre fatos do universo além do entendimento humano.
Em algum lugar do infinito, entidades espirituais se reuniam,
confabulavam com Deus e até Satanás participava dessas
assembleias pouco convencionais, mas que o autor situa no reino
invisível, com sua organização hierárquica de onde se determinam a
vida na terra, seus acontecimentos e destino.
No capítulo primeiro, verso 6 desse livro, há uma afirmação
daquilo que certamente acontece no cotidiano de um reino: “E vindo
o dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o
Senhor, veio também Satanás com eles”. Argumentos sobre o texto
e especulações à parte, o verso mostra duas realidades
fundamentais. Primeira: Deus é o governante universal do mundo
visível e invisível. Como todo bom executivo, promove reuniões
periódicas com o seu “staff” para tratar assuntos de interesse.
Segunda: A morada de Satanás e seus demônios é no espaço
terrestre e nos locais onde lhe dão brechas. Entretanto, prefere ficar
rondando aqui e ali, observando todos, aos quais conhece pelo
nome e sabe quem são e o que fazem. Observe o que diz Jó 1.7 e
8: “Então, o Senhor disse a Satanás: de onde vens? E Satanás
respondeu ao Senhor e disse: de rodear a terra e passear por ela; e
disse o Senhor a Satanás: observaste meu servo Jó?...”
Quem conhece o livro de Jó sabe o que aconteceu depois desse
encontro convencional entre Deus e o diabo em algum lugar do
espaço. Contudo, o que interessa não é esta fantástica saga de um
homem justo como era Jó, mas a essência é a de que as coisas
espirituais se governam pelo mundo espiritual e cujas decisões
influem na vida do mundo visível. Esse mundo além do real não
pode ser compreendido pela razão simples porque está muito além
da percepção racional. Demônios e seres do mundo metafísico não
são apenas personagens dos contos de fadas concebidos pelo
consciente cognitivo de seus autores, como afirmava Jung[Nota 7],
mas é o fundamento da estrutura de tudo que existe no mundo real
das formas. Não restam dúvidas de que se recebe na Terra o que é
determinado no plano superior, seja bom ou mal, mas sempre
alcança os seres humanos.
Notas do Capítulo

Nota 7 - Carl Gustav Jung, psiquiatra suíço, introdutor da psicologia analítica,


contemporâneo de Freud. [Voltar]
5
O
PIORES
DEMÔNIOS

A lgumas pessoas mais sensíveis, quando passam próximo a um


“despacho”, em locais comumente utilizados e escolhidos pelos
próprios espíritos, sentem um arrepio, o ar pesado ou uma
“presença” ruim, dando a impressão que há alguém naquele lugar.
Os espíritas chamam essa sensação de fluidos[Nota 8] dessas
entidades sobrenaturais. Elas podem ser mais fortes em uns locais
mais que em outros, dependendo da falange invocada ali e que
recebeu a oferenda.
Os Exus, mais conhecidos no Brasil através do ritual afro, são
tidos como a principal representação dos espíritos de “esquerda” e
se manifestam em quaisquer lugares, mesmo quando se invocam
outras entidades, eles atrevidamente comparecem.
É bom esclarecer que todos os espíritos do plano astral que se
manifestam na Terra, incorporando ou não, independente do nome
que se dê a eles, são demônios e não são “espíritos do bem” como
muitos, equivocadamente, pensam. Esse “bem” atribuído a essa ou
aquela entidade, é só um engodo porque mais dia, menos dia, o
“bem” se revela uma cilada e é “cobrado” de maneira trágica
(observe como foram as mortes de conhecidos médiuns).
Os “espíritos de luz”, como dizem, são os mesmos que dão com
uma mão e tiram com a outra. Os anjos e outros seres celestiais,
bem como o Espírito Santo, não “invocam” nas pessoas, não se
“expressam” em corpos humanos e nem exigem oferendas, muito
menos perfumes, flores, comidas, charutos, bebidas de diversos
tipos, que são comumente colocados em pontos estratégicos
previamente determinados pelos “guias”[Nota 9] nos rituais em
terreiros afros.
Em todos os locais preferidos de moradia demoníaca, há sempre
uma organização hierárquica comandada por um “chefe” que é
sempre o homenageado nos “centros” espíritas em dias marcados
num calendário anual. Durante o ritual, sob o ritmo de músicas
especificas para cada entidade, incorporam nos médiuns, dão
ordens, fazem exigências e determinam as “obrigações”[Nota 10]
repassadas aos consulentes, indicando o local onde deverão ser
colocadas. Quando o pedido é atendido seguindo as instruções, o
chefe que recebeu a oferta convida seus subalternos e,
eventualmente, outros grupos para apreciarem o despacho.
Nos locais, milhares de demônios ficam horas alvoroçados,
ocupando todo espaço próximo, mas nunca se afastam totalmente
dali. Pessoas que não creem e nem se preocupam com a vida
espiritual, que costumeira ou ocasionalmente passem no local,
recebem toda carga negativa e, quiçá, podem até serem vítimas de
incorporação, além de correrem o risco de herdarem os mesmos
problemas das pessoas que fizeram os despachos, sejam físicos,
emocionais, psicológicos, de relacionamentos ou de trabalho.
5.1. T .

Um número muito grande de pessoas não acredita nesta história


de maldição que podem “pegar”, um feitiço, uma praga, ou que suas
vidas possam ser atrapalhadas pelos espíritos ou demônios, mesmo
sabendo que a fé professada não seja das mais legítimas. Não
pretendemos aqui fazer um estudo mais demorado da questão, mas
se torna necessário entender alguns aspectos do assunto e como a
maldição envolve o sobrenatural. É algo que funciona desde a
antiguidade e, apesar da modernidade, da sociedade humana ter se
afastado bastante das crenças mitológicas, a vida espiritual e seus
mistérios continua a mesma e nenhuma negação poderá anular
seus efeitos.
A maldição pode ser entendida como algo rejeitado, que traz
maus resultados, desprovido da graça, incapaz de receber a bênção
de Deus. Maldição é algo que soa mal aos ouvidos das pessoas e
todos fogem dela. Entretanto, a Bíblia diz que ela pode ser uma
questão de escolha. O ser humano pode receber o impacto de uma
praga lançada sobre ele ou poderá ser impactado por um mal que
ele mesmo atraiu sobre si através de ações moralmente
condenáveis e graves do ponto de vista da conduta ética. As más
escolhas levam a resultados indesejados, nunca resultam em
bênçãos, sendo estas uma exclusividade de Deus.
Em Deuteronômio 11.26, Deus determina que o povo de Israel
escolha a bênção ou a maldição. Leia: “Eis que hoje eu ponho
diante de vós a bênção e a maldição”. O estado de maldito resulta
da desobediência às leis de Moisés e o consequente afastamento
de Deus e sua graça: “Porém a maldição se não ouvirdes os
mandamentos do Senhor, vosso Deus, e vos desviardes do caminho
que hoje vos ordeno para seguirdes outros deuses que não
conhecestes” (v. 28).
Em relação aos terrenos amaldiçoados também há referências
interessantes na Bíblia. Neste mesmo capítulo 11 de Deuteronômio,
verso 29, está escrito algo curioso sobre o assunto. “E será que,
havendo o Senhor teu Deus introduzido na terra a que vais possuir,
então pronunciará bênção sobre o monte Gerizim e a maldição
sobre o monte Ebal”. As maldições lançadas do monte Ebal eram
contra os israelitas que desobedecessem as leis de Deus e
praticassem abominação religiosa. Esse monte ficava antes do rio
Jordão, na terra dos cananeus. Deus ainda reforça a ordem para
que proferissem a condenação com suas próprias bocas: “Tende,
pois, cuidado em fazer todos os estatutos e os juízos que eu hoje
vos proponho” (v. 31).
O monte Ebal, com mais de 900 metros de altura, tornou-se
realmente um terreno onde se lançavam maldições ao povo,
conforme narrativa do capítulo 27 de Deuteronômio. Leia o texto e
conheça os tipos de maldições ao longo de 26 versículos. Além
disso, observe também o capítulo 28, versos 16 a 18, inclusive
estendendo a maldição a terra, à produção agrícola e pecuária.
Hoje, o conceito de maldição é muito variado, mas conserva-se a
mesma ideia de algo repulsivo, tanto que ninguém gosta de morar
em casas ou terras onde aconteceram assassinatos, suicídios e
outras formas de desgraças, considerando um local de energias
negativas ou mal assombrado.
Este comportamento popular (de fugir desses locais) tem
confirmação de estudos e da própria Bíblia (caso da Babilônia é um
exemplo clássico), que aponta locais onde houve violência e mortes
como morada de demônios, espargindo energias maléficas para
todos os lados. Locais onde foram presídios, fortalezas militares,
salas de torturas, bordéis, zonas do meretrício, fazendas que
utilizavam trabalho escravo, onde se impunha toda sorte de flagelos
físicos e casos de mortes à míngua por fome e maus tratos.
Também terrenos de grandes indústrias abandonadas e até locais
considerados turísticos podem se tornar casas de demônios,
terrenos malditos em que muitas pessoas não se sentem bem pelos
eflúvios emanados no ar.
Um exemplo é a grande extensão de terras onde estão as
Cataratas do Iguaçu. Não são raras as pessoas mais sensíveis que
sentem algo “diferente” ao percorrerem as trilhas no meio da mata.
Os médiuns e pessoas que frequentam centros espíritas sabem do
que se trata, mas os leigos não compreendem as sensações
experimentadas e não dão importância ao fato, mas isso comprova
que o sobrenatural é uma realidade e que há no ar muito mais que
nuvens, aviões e urubus.
Os terrenos chamados “imantados” são aqueles que espíritas e
ocultistas em geral julgam energizados, magnéticos e depósitos de
boas energias, que “ajudam” contra os poderes maléficos que
pairam nos ares. Os mais procurados e, por isso mesmo, mais
valorizados, são os depósitos de camadas de rochas de cristal com
grandes extensões. No Brasil, podem ser localizados em diversas
regiões, como no Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Espírito Santo
e outros estados da Federação. São locais muito procurados pelo
turismo religioso e há até boas estruturas para receber esse pessoal
e incentivar o aumento dessas crenças e práticas.
Entretanto, é bom que fique claro que, na terra, todas as coisas
foram criadas, tudo pertence à criatura de Deus, não têm nenhum
poder divinal que possam modificar uma realidade, causando bem
ou mal aos homens. É verdade que pode haver algo estranho
nesses lugares e mesmo uma “energia” que pode ser sentida, mas
ela não emana de cristais, de estruturas inanimadas, e sim dos
espíritos territoriais que ali ficam espreitando, à espera dos incautos.
Há, em muitos desses locais, sedes de organizações esotéricas,
como o Vale do Amanhecer em Brasília. Seus dirigentes e
frequentadores sabem que o local está carregado com a presença
de entidades de outro plano, promovem rituais e o contato
mediúnico com a maioria delas, “inter-cedendo” a favor de muitos
que acreditam na imantação ou atração de energias benfazejas.
Notas do Capítulo

Nota 8 - Energia supostamente emanada pelos espíritos. É característica e


diferente entre eles, mas exclusiva. Médiuns acostumados a receberem
incorporação identificam esses fluidos e podem discernir a quem
pertencem. Essa manifestação dos sentidos comumente é acompanhada
por vibrações características de orixás que incorporam o médio. [Voltar]
Nota 9 - Espíritos que incorporam médiuns para darem “consultas”. Quase
sempre são Exus e pedem oferendas. [Voltar]
Nota 10 - Receitas de banhos de ervas, perfumes e outros ingredientes. Também
há obrigações em oferendas. [Voltar]
6
A ARMAS
LUTA

CARNAIS

“Porque a carne luta contra o espírito e o espírito contra a


carne, e estes se opõem um ao outro para que não façais o que
quereis” (Gl 5.17).

D epois de tudo o que você leu até aqui, concluo que deve ter
entendido que a minha vida, a sua, a de todos os seres
humanos que povoaram a terra até aqui e os que hão de vir, foram
comandadas, estão sendo e ainda serão, pelo mundo sobrenatural,
lugares onde se travam incansáveis batalhas entre o bem e o mal.
Isso acontece exclusivamente pela posse e controle de pessoas e
coisas que existem no planeta.
O leitor e a leitora perceberam que o espírito deve suplantar a
matéria (carne), mas ela é demasiadamente rebelde e não se
submete com facilidade à disciplina que a vida espiritual exige como
disse o apóstolo Paulo, estando ambos em constante oposição.
Homens e mulheres precisam compreender o óbvio: seres
humanos precisam compor as fileiras na luta pelo bem, mas isso
não se faz ancorados no conhecimento filosófico (o que é bom), nas
descobertas científicas ou na força física e inteligência, porque o
poder espiritual só é discernido pelo Espírito de Deus, como
escreveu Paulo em sua primeira carta aos Coríntios: “Ora, o homem
natural não compreende as coisas do Espírito de Deus porque lhe
parecem loucura; e não pode entendê-las porque elas se discernem
espiritualmente” (2.14).
Entretanto, segundo Paulo, “o homem espiritual discerne bem
tudo e ele de ninguém é discernido” (v. 15). O que significa isso, a
não ser que a humanidade, desde os tempos antigos, nunca
entendeu que pessoas são carne e espírito e que, a primeira, para
nada serve, apodrece e desaparece; mas o espírito é que vivifica a
carne e é ele que voltará para Deus depois de deixar o corpo.
Então, homens e mulheres continuam com-pondo a história
humana, mas cegos como sempre foram, tentando entender o
sobrenatural com olhos da carne e o limitadíssimo raciocínio lógico.
Quando as coisas não vão bem, correm para as igrejas, para os
altares, para os centros espíritas e para as encruzilhadas, ignorando
totalmente que todo ser humano tem em si potencial para lutar e
vencer o poder das trevas dado por Deus através de Jesus Cristo na
graça do Espírito Santo. Além disso, a maioria só procura Deus
quando se esgotam todos os recursos materiais, quando percebe
que a experiência, o conhecimento e a capacidade meramente
humanas já não resolvem mais. A humanidade sofre porque há uma
generalizada descrença que ela é filha de um Pai Todo-poderoso, o
Altíssimo, Senhor do Universo e de todos os poderes dos mundos
visível e invisível.
Por que crianças, juvenis e jovens se apegam tanto às peripécias
de super-heróis? Fazem de suas aventuras uma mina inesgotável
aos editores e cineastas. É porque eles, os super-heróis,
representam ter em si todo poder do próprio Deus, são imortais,
inteligentes, fortes, invencíveis e lutam sempre contra o mal. São o
alter ego das pessoas, o que inconscientemente, todos gostariam de
ser, apesar de saberem que tudo não passa de fantasia. Detalhe: os
super-heróis não precisam de Deus, resolvem tudo pela força bruta,
ficam com a mocinha no final e dão gargalhadas desdenhando o
poder das trevas. É isso que as pessoas gastariam de fazer em
suas vidas cotidianas, sem precisar de Deus, disciplina,
compromisso, tolerância, paciência, compreensão e amor.
Mas, felizmente para uns e infelizmente para outros, as coisas
não são assim. É preciso humildade para aceitar e submeter-se a
um poder maior em obediência, entender que a vida não foi criada e
nem a morte determinada por homens, tudo acontece independente
da vontade da matéria, egoísta, exclusivista e sem limites para os
desejos e prazeres. Como diz o apóstolo Paulo em sua primeira
carta aos Coríntios: “Ou não sabeis que vós sois o templo de Deus e
que o espírito Santo habita em vós?” (v.16). A maioria ignora isso e
vive como uma caixa oca ou deposita em seu interior toda crença,
vaidades, orgulho, superficialidade, não priorizando o que de mais
sagrado há neste ser controverso e surpreendente.
7
L
GUERRA
ESPIRITUAL

V ocê pode ser uma pessoa boa para os padrões humanos, tentar
ser justo em suas ações, irrepreensível em sua conduta, mas
diante dos espíritos das trevas, você nunca tem razão, é só mais
uma vítima em potencial. Todo bom cristão, comprometido com a
verdade, é um guerreiro contra os demônios, mas para vencer
precisa de santidade, conforme ensinou Paulo: “A minha palavra e a
minha pregação não consistiram em palavras persuasivas de
sabedoria humana, mas em demonstração do Espírito e de poder”
(1Co 2.4). O segredo do apóstolo era demonstração da presença
inquestionável do Espírito de Deus em seu ministério.
Este é, também em nossos dias, o segredo de todos que vencem
os ataques do diabo e vivem vida abundante no espírito. Está
escrito na Bíblia, e todos sabem por experiência, que todo erro traz
consequências no mínimo desagradáveis, faz sofrer, decepciona e
cria desânimo. Entretanto, homens e mulheres demoram muito para
abandonarem os erros, corrigi-los e iniciar uma nova etapa. É mais
fácil persistir no erro, acreditar que poderá dar certo, mas sempre se
acaba derrotado por eles (os erros), ou desiste-se da luta antes da
hora.
Não persista no erro, não dê chances para o diabo, espere ajuda
de amigos em intercessão na luta contra as hostes da maldade,
assuma suas culpas e espere pelas misericórdias de Deus. Você
pode ser um feixe de puro músculos, malhados em academia, mas
de nada valerá se não tiver autoridade espiritual e isso você só
recebe se desejar, tiver interesse em ser mais do que ter, criando
músculos espirituais, malhados em exercícios de oração,
infatigáveis, prontos para entrarem na luta. Toda autoridade de Deus
não vem por acaso ou merecimento e Ele não se interessa pelos
covardes e mortos espirituais, que cruzam os braços e ficam a
lamentar a situação.
Entre nessa guerra, desenvolva vida espiritual vigorosa,
persevere. Conheça o Deus verdadeiro, mas saiba também quem
são seus adversários, isso aumentará a sua fé sabendo em quem
tem crido e colocado suas esperanças. Saiba o quanto é superior
àqueles que te aborrecem e avalie com precisão o potencial de
carga de seus inimigos. Não seja uma pessoa crédula em mitos, a
verdade é única, está revelada na Palavra de Deus, fortificante para
o espírito, o que for além disso é de procedência maligna. A verdade
é a luz que permite enxergar por trás da matéria, abre os olhos e dá
discernimento, como está escrito: “As coisas que o olho não viu, e o
ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem, são as que
Deus preparou para os que o amam”. (1Co 2.9).
7.1. F !

1. Feche as portas na cara do diabo – Se você é um homem ou


uma mulher casado(a) ou tem vínculo conjugal, cuidado com as
tentações do sexo. Olhares cobiçosos, conversas com duplo
sentido, indiretas, insinuações, são portas abertas para a entrada
de demônios nas vidas das pessoas. O adultério é um pecado
terrível contra o cônjuge, traz consequências funestas ao traído e
ao traidor e os mais sensíveis podem desenvolver males físicos e
psicológicos complica-dos durante anos ou ainda, fraqueza
espiritual pelos ferimentos que jamais cicatrizarão.
2. Zele com carinho da sua vida financeira – Pessoas que
negligenciam a área de finanças em seu cotidiano dão brechas ao
diabo, fica devendo, não consegue se equilibrar, torna-se mau
visto, perde o crédito e começa negligenciar seus deveres para
com a família e a sociedade. Gastar sem limites e sem juízo
poderá ser uma obsessão demoníaca. Em relação ao dinheiro,
toda sensatez é pouca. Vá devagar, pense antes de gastar, faça
as contas, jamais pense que “amanhã dará um jeito”. Isso é pura
falta de responsabilidade e poderá levá-lo para o abismo.
3. Palavras não cumpridas são verdadeiros imãs na atração do
mal – Seja um homem ou uma mulher de caráter. A Palavra de
Deus diz que a palavra do homem deve ser sincera, sim, sim;
não, não. Ninguém confia em pessoas que não cumprem o que
dizem. Uma hora fala uma coisa; outra hora fala outra, sem
firmeza, como macacos pulando de galho em galho, sem objetivo.
Os demônios gostam disso! Pense duas vezes antes de prometer.
Se não tiver certeza de poder cumprir, não assuma
compromissos, principalmente financeiros.
4. Seja um bom exemplo para a família e a sociedade – Muitas
pessoas são folgazãs, levam a vida sem seriedade, divertida,
fazendo galhofas sobre tudo que vê e acham que nada tem nada,
ninguém repara no seu jeitão de irresponsável. É um erro grave
de conduta. Pessoas assim parecem inconfiáveis, gente séria não
se sente bem ao seu lado, parecem incapazes e as oportunidades
fogem delas e são, comumente, taxadas de “doidivanas”. Não
seja demasiadamente sisudo(a), mas demonstrar seriedade é
fundamental.
5. Mantenha seu caráter intocável – Emprestou?
Devolva!Prometeu? Cumpra! Seja responsável em tudo que fizer.
Cumpra horários. Relógios existem para lembrarem os distraídos.
Não abra a boca para falar bobagem, não bajule as pessoas,
principalmente superiores. Muitos elogios soam falsos e ninguém
gosta de bajulação. Pessoas assim demonstram fraqueza de
caráter, dão a entender que podem ser facilmente manipuláveis e
estão sempre sujeitas a receberem propostas indecentes, se
“vendem” por qualquer coisa e são lisas como “bagre ensaboado”.
6. Os demônios adoram os fofoqueiros e as fofoqueiras –
Cuidado com a língua. Quem fala muito dá bom dia a cavalos. As
coisas nem sempre são o que parecem. É preciso ter certeza,
olhar, medir, sopesar os fatos, o que realmente aconteceu, antes
de sair falando o que não é real. Mesmo algumas verdades não
devem ser divulgadas. Sair atraqueando é falta de ética,
desrespeito às pessoas, magoa e cria inimizades, fere e causa
machucaduras que nunca cicatrizam. Não caia na armadilha do
diabo, boca fechada não entra mosquito.
7. Cuidado com os bons “conselhos” – Não os dê se não estiver
apto. Não os siga se não tiver certeza. Já ouviu o dita-do que diz
“Se conselho fosse bom, ninguém dava, vendia”. Certamente
você conhece pessoas que gostam de dar conselhos, orientar,
sugerir, “ajudar”, mas quase sempre nem sabem o que estão
falando. Seus conselhos são armadilhas, veneno que pode levar
seus ouvintes a um buraco sem fundo. Analise os conselhos e
sugestões, verifique se vale a pena segui-los, procure conhecer
quem os está dando, se é pessoa capacitada, experiente, séria,
se tem conhecimento na área e realmente sabe o que está
falando.
8. Mantenha a idoneidade moral – Existe um número incontável de
pessoas totalmente imorais, depravadas, tudo maliciam,
debocham e acham que todos os outros são como elas. Péssimas
companhias vêem maldade em tudo e, como são imorais, não
confiam em ninguém, acreditando que todos são da mesma laia.
Para esse tipo de gente, não há ninguém bom, falam mal de
quantos conheçam, achando defeitos, tecendo críticas
infundadas. Sabem tudo e querem impor suas opiniões, sem se
deixar ouvir. Pessoas imorais trazem energias muito negativas,
são nocivas à sociedade e estão sempre carregadas pelos fluidos
demoníacos.
9. Jamais julgue o seu próximo – Com o juízo que julgares,
também serás julgado. Jesus tinha toda razão quando afirmou
isso. Um juízo sempre tem todas as possibilidades de ser
enganoso. O ser humano é demasiadamente falho, limitado em
sua visão e na capacidade de perceber o que está por trás dos
fatos, deixando transparecer uma certeza que não existe.
Quantos cometem erros de julgamento e se lamentam pelo resto
da vida, choram amargamente e se arrependem, mas
tardiamente, sem chances de volta. Até mesmo juízes experientes
muitas vezes erram. Abstenha-se de julgar.
10. Procure ser justo(a) – Injustiças são portas escancaradas para
ataques de demônios. O que te vier à mão para fazer, pense bem
antes de começar e faça perguntas a si mesmo. É justo para
todos? Criará satisfação geral? Estarei com a consciência
tranquila se fizer isso. Não favoreça uns mais que outros.
Amizades, favores recebidos, parentesco não justificam um
favorecimento injusto, em detrimento a outros que mereçam ou
estão mais capacitados. Seja fiel nas partilhas, dê a cada um o
seu quinhão, sem desmerecer ninguém ou reter para si parte
daquilo que não te pertence. Bens e objetos de posse indevida
sempre atraem maldição e resultam em nada.
8
C
SINTOMAS
ATAQUE

C ada casta de demônios tem uma maneira própria de agir,


conforme a sua natureza, o lugar que ocupam e a hierarquia no
reino das trevas. O Novo Testamento apresenta muitos casos
diferentes de ataque, havendo demônios que torturam suas vítimas,
lançando-as até mesmo em fogueiras (Mt 17.15).
Outros causavam doenças físicas, outros psicológicos e há os
que provocavam distúrbios sexuais, levando ao adultério, sexo
ilícito, como a pecadora Maria Madalena (Lc 8.2). Demônios que
vivem nos cemitérios, por exemplo, gostam de causar doenças e até
a morte se não houver cuidados espirituais com exorcismo eficiente
e definitivo. Omulu (ou Obaluaiê) nos cultos afros, sincretizado com
São Lázaro do catolicismo é um exemplo desses demônios, os
mesmos que atacaram o velho Jó, cobrindo-lhe o corpo de pústulas
e feridas, às quais limpava com um caco de telha (Jó 2.8).
Integrantes de castas de maior malignidade, aqueles que logo
matam e destroem como os que mataram a família de Jó e
destruíram seus bens, não sinalizam antes de causarem danos,
arrebentam as vítimas, sem chances de reação. Outros como os
que agem nos lares, entre as famílias, são mais comumente
obsessores, causando desvio de personalidade, desavenças,
adultério, intolerância, rebeldia, desobediência aos pais, indisciplina
e uma série de transtornos que, não raramente, acabam com a
família, separa, cria inimizades entre irmãos, negativa de perdão e
um ambiente insuportável, carregado de energias ruins.
Os demônios que rondam as famílias, via de regra, são cínicos,
disfarçados, persistentes, maliciosos, arrogantes, desdenhosos e
chegam devagar, causando um desconforto aqui, uma intriga ali, um
prejuízo mais adiante, levando a vítima a considerar os fatos como
casualidade, coincidência. Enquanto isso, eles vão ficando,
comendo pelas bordas, como se faz com um prato de sopa quente.
Entretanto, não é difícil reconhecer e diferenciar ataques
demoníacos dos acontecimentos naturais. Existem alguns sinais
que, apesar de poderem ser confundidos, indicam que algo não está
dentro do que seria normal, como fatos recorrentes, prejuízos que
persistem, desejos censuráveis constantes, principalmente em
relação ao sexo, nervosismo sem explicação, relacionamentos que
repentinamente se tornam tumultuados, pessoas mansas e
tranquilas que passam a agir com brutalidade, dando respostas
bruscas, fazendo cobranças fora do contexto e inadequadas e
pessoas ativas que, sem explicação plausível, se tornam
macambúzias, pensativas, preferem a solidão como se estivesse em
eterna meditação. Esses sintomas, parecidos com problemas de
ordem psicológica, diferenciam porque são constantes, não
melhoram e nem pioram com remédios, mas podem aliviar depois
de uma visita à igreja ou orações específicas.
O investigador, para saber se as causas são mesmo espirituais,
deve procurar saber se a pessoa andou por lugares onde se arriam
despachos, se passou próximo a um deles, se chutou, mexeu com o
pé ou com as mãos ou mesmo desdenhou do ato ou de quem o fez,
considerando uma ignorância sem lógica. Outra informação
importante que deve ser considerada é se algum dia ou
recentemente o obsedado recebeu passes em centros espíritas,
frequentou rituais afros, fez “recomendações” indicadas pelos
“guias”, recebeu benzimentos, fez simpatias, usou patuás ou
símbolos de “santos”, esotéricos ou de práticas ocultas como
bruxarias e encantamentos.
Todas essas ações são portas de entrada, mas não se pode
esquecer que os demônios são atrevidos e maus, podem arquitetar
ataques sem nenhum motivo, gratuitamente, ou por um pequeno
deslize qualquer, um pensamento censurável, uma ideia má. Tudo é
possível e oportuno no mundo das trevas.
8.1. O .

Os demônios atacam a carne de olho no espírito, sedentos por


levarem-no para o inferno. Por isso, quanto mais promoverem a
carnalidade e evitarem o desenvolvimento espiritual das pessoas,
mais chances terão de ganhar as almas para suas fileiras, único
objetivo de suas malfazejas existências. Por essa razão, Paulo não
se esqueceu desse particular em suas cartas e ensinos,
repetidamente, recomenda cuidados com os desejos da carne,
abstenção de seus prazeres e resistência a seus caprichos. É
conhecidíssimo entre os cristãos leitores da Bíblia, o texto da carta
aos Gálatas (5.19), que fala sobre os frutos da carne e frutos do
espírito. Não é difícil compreender que pessoas essencialmente
carnais são mais susceptíveis às influências dos demônios, alvos
mais fáceis e caem mais rapidamente nas armadilhas colocadas
para atrai-los.
O apóstolo Paulo nomeia vários frutos da carne que, sem dúvida
nenhuma, devem ser evitados a todo custo. Não é necessário às
pessoas serem um gênio para entenderem que nenhuma das
práticas enumeradas podem ser indicadas para uma vida decente.
Entretanto, são incontáveis os que não se enxergam e nem
percebem que passaram dos limites, necessitando uma correção de
conduta urgente. Prostituição, impure-zas, lascívia, idolatrias,
feitiçarias, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões,
heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonaria e coisas
semelhantes a estas, soberba, tapeação e adultério. Paulo
esclarece que “os que praticam tais coisas, não herdarão o reino
dos céus” (Gl 5.21).
Creio ser desnecessário quaisquer comentários sobre o que
Paulo coloca como inimigos de um viver saudável, portas e janelas
escancaradas para o diabo “deitar e rolar”, impedindo inclusive,
salvação da alma. As pessoas precisam deixar de se verem como
“boazinhas”, acharem-se “santas” e que todos os defeitos só estão
nos outros. É preciso a elaboração de uma análise sincera, uma
introspecção profunda para trazer à tona tudo que uma pessoa e, o
que tem dentro de si para corrigir as falhas, indicar saídas, atentar
para comportamentos adequados e correção de rumos. Quem não
se convence de suas limitações, recusa-se a mudar e a encarar a
realidade, não poderá se livrar de defeitos de personalidade e
caráter prejudiciais a uma vida plena, física e espiritualmente,
ficando à mercê do diabo.
Além dos frutos da carne, há outros sinais que podem ser
observados e muito bem avaliados na perspectiva de serem de
origem sobrenatural. Para isso, o investigador precisa contar com a
colaboração total da pessoa atingida, de algum parente que a
conheça bem e que seja gente séria, não afeita às “fantasias”,
sensacionalismo barato e fé centrada no cristianismo autêntico.
Abaixo, alguns dos principais sinais cuja percepção poderá ajudar
bastante. E lembre-se: paciência é fundamental. Toda precipitação
será condenada.
1. Atitudes inexplicáveis da pessoa. Começa a fazer coisas que
antes abominava como jogar coisas no chão, surto de raiva
repentino e passageiro, torna-se negligente com o asseio do
corpo e das roupas, perde horários e não se preocupa mais com
seus compromissos, parecendo alheia a tudo que acontece à sua
volta. Esquece rapidamente o que acabou de ouvir ou falar e volta
a fazer a mesma pergunta diversas vezes.
2. Quando tudo estava muito bem e, de repente, parece
desmoronar. Acontecem coisas estranhas em atividades triviais
como errar uma receita, esquecimentos de atividades do dia a dia
como desligar o fogão, dores que surgem repentinamente, sem
explicação, em diversas partes do corpo, irritação, vontade de
largar tudo e “sumir”, falta de ânimo e motivação, sonolência ou
insônia, tudo pode indicar um desequilíbrio de energias oriundo do
plano espiritual.
3. Pessoas que têm parentes espíritas aos quais foram pedidas
intercessões. As que moram com um ou mais praticantes do
espiritismo e não observam uma vida espiritual ativa. Permissão
de orações de invocação de espíritos em casa ou trabalhos
espíritas, oferendas e “benzimentos”. Também pessoas que
trabalham em ambientes carregados onde se queimam incensos,
oferecem-se “mimos” aos espíritos para agradar-lhes, pedem-lhes
a “proteção” e praticam cultos não cristãos. E ainda: gente que
trabalha em matadouros, casas de jogos de azar, boates e
“inferninhos”, locais carregadíssimos de más influências.
4. Desejos condenáveis que chegam com força ao íntimo e vão
se tornando cada vez mais fortes, ficando quase impossível
resisti-los. Vontade de apossar-se indevida-mente de um bem
alheio, dar um golpe financeiro, passar cheques sem fundos,
desejar a mulher (ou o homem) do vizinho ou da vizinha, qualquer
desejo torpe, censurável e imoral poderá indicar presença
maligna. Isso requer investigação com cautela e bom senso.
5. Pensamentos constantes, fixos, que não desaparecem
naturalmente, ou vão e voltam, principalmente sobre coisas
ruins, doenças, sensação de que vão acontecer acidentes graves
com parentes e amigos, morte, receio infundado de perdas
financeiras ou de bens, medos de demissão, de sair de casa e
recusas de participar de uma confraternização entre parentes e
amigos.
6. Falta de prazer e alegria nas coisas de Deus. A pessoa não
quer saber de oração, ouvir pregações, rejeita a leitura bíblica e
arranja toda desculpa para não ir à igreja. Já não cantarola em
casa os hinos que antes gostava tanto, perde o ânimo de orar e
às vezes, comenta com alguém a situação sem entender os
motivos, mas consciente de que algo não vai bem em sua vida
espiritual.
7. Insatisfação constante nos afazeres corriqueiros do dia, tanto
no lar como no trabalho secular, bate uma insatisfação repentina e
inexplicável, parece enjoado(a) de tudo, cai numa apatia sem
precedentes, parecendo-lhe que seu trabalho não justifica, é
infrutífero e sem razão.
8. Repentinamente começa a gostar de tudo que antes
detestava. Jogos de cartas e outras modalidades, filmes
“apimentados” ou pornográficos, bailes, paquera fora do
casamento, pequenas mentiras, sentir prazer em ver pessoas
sofrerem achando que bem merecem; judiar de animais
domésticos que antes eram o “xodó” da casa. Pensamentos em
algumas ocasiões como “deixar de ser boba” e agir de maneira
diferente em seus relacionamentos.
9. Pessoas que estão constantemente magoadas e sentem-se
feridas por qualquer bobagem, sempre entendem mal as
intenções dos outros em relação a ela. São ultra-sensíveis,
receiam se relacionar e estão sempre de prontidão para defender-
se, fugir a qualquer sinal de ameaça à sua estabilidade
emocional. Olham sempre com desconfiança, com o canto dos
olhos, estão sempre sozinhas e exigem muito tato e cuidados
para se lidar com elas. Qualquer descuido poderá afastá-las para
sempre.
10. Desejo sexual ardente e incontrolável. Falta de entusiasmo
nos relacionamentos. Sexo fora de casa, em adultério ou entre
solteiros. Esta prática é uma das mais facilitadoras de ataques do
poder das trevas e onde mais ele tem prazer, sendo mais difícil de
anular. Um desejo sexual que se revele incontrolável em homens
ou mulheres que nunca tiveram problemas, principalmente uma
“gana” por pessoas bem mais novas, poderá revelar um distúrbio
oriundo do mundo sobrenatural causado por entidades malignas.
Ao contrário, quando a pessoas sem justificativa, perde o
entusiasmo por um relacionamento, seja conjugal ou de outra
natureza. Às vezes, até mesmo a própria pessoa acha estranho
esse esfriamento, mas acredita ser normal, que está
envelhecendo e outras justificativas, e vai levando até uma
possível separação ou rompimento de laços de boas amizades.
Existe mais, entretanto, o que está aqui já dá uma boa ideia
daquilo que os assaltos do invisível podem causar nas vidas das
pessoas espiritualmente negligentes.
9
LIVRE-SE

PODE

N enhum ser humano precisa ou merece estar preso nas garras


do diabo. Entretanto, muitos são os que sofrem, buscam ajuda
médica, não percebem melhora, mas nem desconfiam que o
problema possa ser de cunho espiritual e não procuram ajuda. Se
alguém insinua essa possibilidade, ficam exaltados e não aceitam
em hipótese alguma. Não experimentam qualquer alternativa de
cura e seguem firmes na sua ignorância.
Apesar disso, a Palavra de Deus é incisiva e afirma
categoricamente que o Senhor é o libertador, Ele cura males físicos
e espirituais, então, porque não procurar ajuda de alguém que pode
ser útil, interceder em oração, exorcizar o mal, aconselhar, caminhar
junto, dar apoio e estudar a Bíblia juntos? Isso é muito salutar, é
uma boa saída. Pelo menos mantém acesa a esperança e leva a
pessoa a novas descobertas na área espiritual que poderá mudar
radicalmente a sua vida para melhor, muito melhor.
Há algumas situações em que pessoas não se libertam porque
não atentam para os motivos que as mantêm presas a uma situação
de penúria, quer física, espiritual ou material. Frequência e práticas
de religiões exóticas, ioga, seguir doutrinas estranhas e outros
costumes, não liberam a pessoa para receber as Bênçãos de Deus.
A Bíblia é muito clara nisso. Seus ensinos proíbem o culto e a
adoração à criatura, “santos” e “santas” canonizados ou não,
ensinos ocultistas e esotéricos. Veja o que diz Paulo em sua
primeira carta a Timóteo: “Mas o Espírito expressamente diz que,
nos últimos tempos, apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a
espíritos enganadores e a doutrina de demônios” (4.1.).
O que significa “doutrinas de demônios, se não as crenças
heréticas ensinadas por muitos, como a doutrina da reencarnação,
que não encontra apoio nas escrituras, anula a missão de Jesus, o
descredencia como Salvador e ainda contraria totalmente a crença
no juízo universal. Paulo foi excelente conselheiro e continua sendo
através de seus escritos, um homem experiente e sábio, usado por
Deus para ensinar, revelar a sadia doutrina e alertar para as práticas
condenatórias. Ele, como bom pastor, ensina o jovem Timóteo a
“rejeitar as fábulas profanas e de velhas, exercitar-se a si mesmo
em amor”(4.6).
Ótimo conselho! As pessoas precisam acreditar em algo sólido,
inabalável como a Palavra de Deus e não em fábulas bobas
inventadas pela literatura fantasiosa, cheia de especulação sem
nenhum fundamento. E Paulo ainda insiste: “Esta palavra (a de
Deus) é fiel e digna de toda a aceitação” (4.4).
Você está com problemas que possivelmente sejam de origem
espiritual, obviamente, precisa se livrar deles. Entretanto, antes de
qualquer atitude, examine-se, faça uma análise das suas práticas na
vida cotidiana, avalie a sua religiosidade, o seu vigor espiritual,
atente para o que anda fazendo. No livro do apocalipse há uma
condenação terrível para quem participa de cultos espíritas e se
prosta diante de médiuns incorporados, afirmando categoricamente
que tal ato é um culto a demônios. Quer ler? “Por três pragas foi
morta a terça parte dos homens, pelo fogo, fumaça e enxofre... não
se arrependeram das suas obras para não adorarem os demônios e
os ídolos de ouro, prata, bronze, pedra ou madeira, que não vêem,
não ouvem e não andam” (Ap 9.18-20).
E não é só isso. Muitos insistem e alegam ter recebido graças
através de orações diante de imagens ou prostrados diante dos
congás[Nota 11], frente aos orixás. Conheço muitas pessoas que
realmente receberam “ajuda”, curas milagrosas e outras graças.
Entretanto, observe o que diz o mesmo livro do Apocalipse: “Porque
são espíritos de demônios que fazem prodígios, os quais vão ao
encontro dos reis de todo o mundo para os congregar para a batalha
naquele grande dia do Deus Todo Poderoso” (16.14). Por trás
daquelas mesmas estátuas dos terreiros, também do catolicismo
romano, estão os mesmos demônios que vão lutar contra Deus no
Grande Dia. Portanto, são inimigos de Deus, mas também fazem
milagres e maravilhas. Pense também no que escreveu Paulo em
sua segunda carta aos Coríntios: “E não é maravilha, porque o
próprio satanás se transforma em anjo de luz” (11.14).
Observe que o diabo e seus anjos também fazem milagres para
enganar as pessoas e conservá-las fieis ao poder das trevas. Ele,
Satanás, é o pai da mentira, do embuste, da tapeação, do engodo.
Ninguém recebe de Deus prostrando-se diante de ídolos, imagens
de santos, dos orixás e outros seres menos cotados na religiosidade
humana, mas ajoelhado ao pés de Cristo, contrito, sincero e sem
coxear entre uma doutrina e outra, ficando “em cima do muro”,
acendendo uma vela para Deus e outra para o diabo. A propósito de
velas, também a prática de acendê-las para os defuntos ou nos
altares é um costume inteiramente pagão e sem significado no
cristianismo. No paganismo antigo acreditava-se que as chamas
iriam iluminar o caminho do morto para o paraíso. Eles mesmos
acreditavam que seus mortos estavam na escuridão e na incerteza.
Uma das maiores maldições lançadas do monte Ebal, está no
livro de Deuteronômio 27.15: “Maldito o homem que fizer imagens
de escultura ou de fundição, abominação ao Senhor, obra da mão
do artífice, e a puser num altar escondido”. Não é preciso muito
raciocínio para entender isso, fórmulas piramidais para a
compreensão de mensagem tão simples. Deus abomina a
elaboração de quaisquer tipos de imagens com o fito de adoração
ou colocá-las em algum altar, em nichos especiais, sobre criados-
mudos, em salas de orações, cabeceiras de camas ou sobre
mesinhas de centro.
Além disso, Deus abomina também os pedidos de proteção às
entidades ou personagens reproduzidas em estátuas, pedido de
apadrinhamento de países, estados e cidades, propriedade rurais,
indústrias e propriedades móveis usados em transportes de cargas
ou passageiros. Aborrece também as súplicas aos ídolos e a
devoção a eles porque tudo é criação das mãos dos homens, não
há neles poder nem divindade, não podem atender pedidos e
necessidades. Se houver nestes atos algum resultado, ele
certamente virá dos demônios que se escondem por trás de falsos
deuses, sempre interessados em tirar algum proveito, mantendo o
fiel enganado, nas trevas espirituais. Livre-se disso!
Deus tem coisas maravilhosas para você e está pronto para
concedê-las. Como disse anteriormente, é uma questão de escolha.
Jesus veio tornar possível o acesso direto ao Pai. Ele mesmo é o
único intercessor entre Deus e o homem, não precisa de “ajudantes”
depois do terrível sacrifício na cruz do Calvário, o qual ninguém
pode fazer. Observe o que escreveu o autor da carta aos Efésios:
“Bendito o Deus e Pai do nosso Senhor Jesus Cristo, o qual
abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais
em Cristo” (1.3). Isso não basta? Para que procurar em outras
fontes depois d garantia do próprio Deus em Jesus Cristo, que
pagou o alto preço e ainda “nos predestinou para filhos de adoção
por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito da sua
vontade” (v. 5).
E não se esqueça do Salmo 68.2: “Como se impele a fumaça,
assim tu os impeles; como a cera se derrete diante do fogo, assim
perecem os ímpios diante de Deus; mas alegrem-se os justos, e se
regozijam na presença de Deus e folguem de alegria”. Por que se
arriscar? As pessoas todas têm diante de si as portas do céu
escancaradas e ficam procurando tranqueiras para obstar sua
caminhada espiritual sadia.
A rebeldia é um fruto da carne que Deus abomina. A insistência
na procura de outros intercessores entre o homem e Deus além de
Jesus, abre caminho uma para vida espiritual danosa, sem
resultados e sem esperança. Muito pouco se poderá fazer para
ajudar alguém que não abre mão das suas convicções erradas,
acreditando piamente que estão certos. A insistência num caso
desses poderá criar inimizades, raiva e uma resistência ainda maior
em permanecer naquilo que acredita, às vezes, mesmo na dúvida e
insatisfeito(a).
Mas, se você é pessoa inteligente, embora praticante de alguma
religião ou ritual equivocado, entendeu a mensagem bíblica. Afaste-
se do mal e da aparência do mal, livre-se disso enquanto pode e
tem tempo. Fazendo isso, você vai beneficiar-se com três coisas
fundamentais para uma vida espiritual abundante e cheia de alegria:
a) – Fará descobertas incríveis sobre o prazer de conhecer a
Palavra de Deus, algo inusitado que nunca experimentou; b) -
Sofrerá uma transformação milagrosa em sua vida, no seu modo de
conduzir-se, causando espanto entre familiares e amigos; c) –
Sentirá um prazer enorme em testemunhar para os outros o que
aconteceu com você e o que poderá acontecer com todos que
seguirem pelo mesmo caminho.
9.1. N .

As pessoas podem errar (e até têm esse direito), mas enquanto


não conhecem a verdade. Depois de saberem que não estão certas,
continuar insistindo, dizem, é falta de inteligência. A Bíblia está
repleta de exemplos de pessoas que foram severamente castigadas
por continuarem errando por pura rebeldia, prazer de contrariar,
tumultuar, perturbar. É preciso entender, entretanto que essa
rebeldia e permanência no erro pode não ser por vontade própria de
quem está errando, mas é possível existir uma força oculta que a
impulsiona a fazer o que não gostaria de estar fazendo. Essa
energia sobrenatural é tão intensa que cega, estimula, cria vícios,
coloca dúvidas, embota o raciocínio, impede uma tomada de
posição mais arrojada. Muitos sofrem e choram, mas não
conseguem abandonar os erros, dar meia volta e seguir em frente.
Como o objetivo aqui não é julgar, fuja da retórica popular e muito
própria para os casos difíceis: “Este não tem jeito, vai morrer assim.
Já tentei de tudo”. Na realidade, para lidar com pessoas renitentes,
teimosas, ignorantes e compulsivas, “tentar de tudo”, às vezes é
mais nocivo do que benfazejo. O que se deve fazer é aplicar o que
dá resultado e não se perder em “conselhos”. As pessoas já sabem
de cor e salteado o que devem ou não fazer. Os alcoólatras, por
exemplo, sabem muito bem as consequências do alcoolismo, não é
preciso ficar “buzinando” em seus ouvidos. Isso irrita muito e não dá
resultados práticos. O que menos as pessoas envolvidas em coisas
erradas precisam é de conselhos.
Para que alguém deixe de insistir no erro, o primeiro passo é
tentar conscientizá-lo(a) das consequências funestas para si
mesmo, se continuar teimando. Em segundo lugar, essa pessoa
deve compreender o porquê deixar seus erros e procurar um novo
rumo. Muitos se convencem de que não podem mais continuar no
mesmo caminho e mudam de uma hora para outra, por esforço
próprio. Outros vão devagar, levantando, caindo, voltando às velhas
práticas, deixando-as novamente, até a conscientização total da
necessidade de mudança. Isso, tanto em relação aos erros
envolvendo vícios e conduta reprovável como em referência às
práticas religiosas equivocadas e longe da verdade bíblica. A única
coisa necessária para uma pessoa fazer uma conversão radical é
inteligência. Isso, pouco ou muito, todos têm.
Finalizando, cada individuo é o único que deve realmente estar
preocupado com a sua vida, o seu futuro e o destino da sua alma. A
sua maneira de conduzir-se, o que faz no seu cotidiano vai refletir
até onde sua influência alcança, na família, nos parentes, nos
amigos, nos irmãos da igreja, no trabalho, na escola e onde mais
conviver e atuar. A pergunta que se deve fazer a si mesmo é: “Qual
a influência que estou deixando para as gerações futuras? A de uma
pessoa que persistiu no erro a vida inteira, ou de alguém que
aprendeu, lutou, venceu e deu a volta por cima? VA escolha é sua,
bênção ou maldição? Escolha hoje, pois, a bênção. Ela está
reservada para você, ao alcance da sua mão, basta um pouco de
boa vontade e dar chance para uma avaliação precisa da sua vida
através do raciocínio inteligente.
Notas do Capítulo

Nota 11 - Altares erigidos nos terreiros de cultos afros onde são colocadas as
estátuas dos orixás africanos e santos do catolicismo romano. No congá
concentra-se toda energia do local, tornando-o sagrado. [Voltar]
10
N
ESPOJADOURO

A possibilidade de recaída de uma pessoa que resolveu iniciar


uma nova caminhada é muito grande. São muitos que voltam
aos vícios e se tornam piores que antes. Voltam ao banditismo, às
cadeias, penitenciárias e até as antigas práticas religiosas,
feitiçarias e rituais ocultistas da magia negra ao sabath[Nota 12]. O
indivíduo conquista uma grande vitória, apossa-se dela e vai muito
bem durante um bom espaço de tempo. De repente, cai novamente
nos mesmos erros e práticas anteriores, com mais ímpeto e
dedicação. É uma decepção para a família, amigos e a igreja.
Porque acontece essa volta ao passado abominável, povoado de
angústias, cheio de tristezas e mágoas? Um dos motivos
fundamentais da queda é o excesso de autoconfiança. A pessoa se
sente segura, começa a negligenciar a prática da religião, afasta-se
da igreja e vai aos poucos perdendo a devoção e a fé, abre a
guarda novamente para o diabo e, quando percebe, já caiu
novamente. Aí, para se levantar, fica terrivelmente mais difícil ou até
impossível.
A grande probabilidade de queda de um “convertido” a Jesus
Cristo, ou de alguém que abandonou vícios é algo já previsto em
todo processo de mudanças radicais. Na própria Bíblia há muitos
exemplos de personagens que retrocederam e pagaram alto preço.
Apóstolos do passado e evangelistas sempre alertaram para esse
perigo, real e ameaçador, como Pedro em sua segunda carta:
“Porquanto, se depois de terem escapa-do das corrupções do
mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo,
forem outra vez envolvidos nela e vencidos, tornou-se-lhes o último
estado pior que o primeiro” (2.20). Está vendo? O endemoninhado,
prisioneiro do diabo de antes, volta em pior estado, parece ter
saudades dos velhos tempos, não havia se livrado totalmente dos
malefícios de Satanás e não resistiu aos seus acenos.
Deve-se lembrar sempre que esta é a estratégia de Satã é ficar
sempre esperando a volta daqueles que um dia se foram dele, mas
não se preocupa com os que vêm. É como banqueiro de casa de
jogos, não se importa que o jogador ganhe, e até gosta disso,
porque o anima e o torna “freguês” da casa, perdendo muito mais do
que ganhou nas próximas partidas. O diabo age assim: acena, faz
lembrar os tempos do passado, não deixa apagar de tudo as
memórias do passado, como marcas de pregos que foram
arrancados da madeira. Mas Pedro alerta e diz muito bem: “Porque
melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça do que,
conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora
dado” (2Pe 2.21).
Nada mudou desde que o impulsivo Pedro percebeu o grande
número de “desviados” da Igreja de Cristo. Ele, naturalmente, como
apóstolo que andou com Jesus, se preocupou com a massa ignara
e sem nenhuma convicção, conhecimento ou consciência daquilo
que estavam fazendo. Se aquelas pessoas nunca tivessem se
convertido, ainda teriam chances de fazê-lo, mas a segunda
oportunidade pode não mais aparecer e muitos são os que ficam
“vacinados” contra o evangelho, endurecem os corações e
permanecem longe de Deus para sempre. Sofrer enquanto não se
conhece a verdade é compreensível, mas voltar ao sofrimento
depois de conhecer o bom caminho é coisa do diabo mesmo, como
diz outra vez o velho Pedro: “...Porque de quem alguém é vencido,
do tal se faz também servo” (2Pe 2.19).
Se você um dia acreditou que se “converteu”, deixou o mundo
miserável em que vivia sob o jugo do capeta, frequentou uma igreja,
talvez tenha até sido um oficial ou quem sabe, até um pastor, e
agora, por uma desilusão qualquer, está achando que nada daquilo
valeu a pena, você está sendo severamente tentado. Procure livrar-
se da presença maligna e leia o que Pedro escreveu para você e
tantos outros na mesma situação.“Deste modo, sobreveio-lhe o que
por um verdadeiro provérbio se diz o cão voltou ao seu próprio
vômito; a porca lavada voltou ao espojadouro de lama” (2.22).
Imagine a intensidade da comparação de Pedro, igualando o
desviado ao cachorro que novamente come o vômito, um nojo sem
comparação.
Este capítulo era necessário num livro sobre demônios territoriais.
É o epílogo encerrando um conhecimento de fundamental
importância para uma vida abundante. Ele visa rebater o prego do
outro lado da madeira para não soltar sob pressão porque não
faltarão emissários do diabo para demover o convertido do seu
propósito. Entretanto, o mundo está cheio de gente feliz da vida por
ter descoberto o quanto é bom deixar o caminho das trevas para
seguir Jesus, amá-lo e comprometer-se com ele.
Minha preocupação como autor não é com os críticos de plantão
que nunca escreveram uma só linha, mas estão sempre com o
machado levantado, prontos para decepar cabeças e, sim, com o
que esta mensagem vai fazer nos corações de quem precisa dela.
10.1. F .

Desde o início da civilização a humanidade nunca descartou a


real possibilidade da existência a ação de seres espirituais invisíveis
na terra, procedentes de outra dimensão. Quer os homens os
tenham chamado de deuses, espíritos de luz ou espíritos imundos,
demônios ou orixás, o fato é que eles sempre causaram medo,
rejeição, indiferença ou esperança, despertando a imaginação das
civilizações através da História desde a antiguidade.
Algumas entidades se destacaram mais que outras, conquistaram
popularidade, ganharam mais força e devotos, chegando aos
nossos dias com fôlego suficiente para ir muito mais longe,
principalmente deuses e deusas do panteão afro, sincretizados com
os “santos” do catolicismo romano. São eles, e outros menos
cotados, que continuam dividindo a fé humana, disputando
preferências e, não raramente, eficientemente confundindo
multidões.
1. Nunca pense que a galinha do vizinho é mais gorda. Olhe
para o que há de melhor no seu quintal, ou seja: dentro de si
mesmo.
Contente-se com o que Deus lhe deu, isso é sempre o melhor que
Ele tinha para você. Talvez a sua igreja não tenha o melhor
pregador, nem os melhores cantores, mas é lá que você deve estar
para ajudar, caminhar junto, repartir tarefas, fazer a diferença. É
possível que você tenha sido o escolhido para fazer as coisas
acontecerem onde você esteja.
2. Não desenvolva a doença moderna da superficialidade.
Mergulhe fundo, deseje todas as experiências possíveis, estude,
aprenda, descubra, vá ao máximo que puder. Quem sabe mais
poderá ser mais útil, manda e comanda. Nenhum zero à esquerda
faz a diferença no lugar onde está; mas quem sabe, faz e desfaz,
muda e transforma. Aí, todos vão pedir para você ficar.
3. Não ande como barata tonta daqui para lá e de lá para cá.
Demonstre firmeza, assuma um lugar onde possa atuar, fazendo
algo que beneficie a todos. Pedra que muito rola não cria limo.
Torne-se indispensável. As pessoas são pro-dutos de seus atos e
julgadas pelo que fazem e dizem. Essa ideia moderna de que as
pessoas precisam mudar de um lado para outro para ganharem
experiência, não é boa para firmar alicerces. No trabalho, na
igreja em todos os lugares, seja firme.
4. Não procure defeitos no lugar onde estiver, você vai achar.
Na Terra, nada do que é feito por mãos de homens é perfeito.
Sempre haverá discordâncias, sempre existirão motivos para
descontentamentos. Deve-se querer sempre o melhor, mas nunca
o perfeito, ou certamente haverá decepções e, possivelmente,
desistência. Lembre-se: tudo que fizer, também não será
totalmente perfeito. Por isso, não exija perfeição dos outros
porque, certamente, arranjará encrencas.
5. Procure a simplicidade. O trivial bem feito é melhor do que a
sofisticação defeituosa. Nem todos têm o mesmo gosto e podem
acompanhá-lo naquilo que você faz. Use a singeleza e faça com
carinho, enfeite com arte, mas esqueça as lantejoulas. Todos vão
gostar e estarão sempre dispostos a ajudarem.
6. Da firmeza de suas decisões, dependerá o seu futuro. Não
seja volúvel, suas decisões precisam ser pesadas, medidas e
contadas para evitar o máximo de dúvidas quanto ao acerto. A
maioria se decepciona, desanima e desiste porque não
ponderaram o suficiente na hora de decidir, foram mal desde o
início. Vida espiritual, comunhão com a igreja são coisas sérias e
sábias, não podem depender de escolhas irresponsáveis que
poderão comprometer o futuro. Fazendo isso, dificilmente alguém
desejará voltar ao espojadouro. Amém?
7. Cuidado com as companhias. Os “amigos” nem sempre são
bons conselheiros. Se a pessoa não estiver firme, qualquer
empurrão vai derrubá-la. Seja seletivo em suas amizades, gente
que não ajuda construir, gosta de destruir porque não lhe custa
nada, não têm pela causa verdadeiro apreço.
Notas do Capítulo

Nota 12 - Ou missa Negra, um ritual antiguíssimo original das úmidas e escuras


florestas de Europa, no início da Idade Média, envolvendo rituais de
bruxaria e lançamentos de maldições através da invocação de demônios.
Alguns estudiosos afirmam que o sabath era um congresso de bruxas
realizado anualmente. [Voltar]
11
A
ENCERRAR...

M arcos de Souza Borges, o Coty, escreveu no seu livro Padrão


de Aconselhamento na Libertação (2011), a seguinte
afirmação: “Toda autoridade demoníaca se fundamenta na
transgressão humana em relação aos mandamentos de Deus”.“A
verdadeira libertação é sempre inspirada pelo temor de Deus que
glorifica a cruz de Cristo”. Essa teologia encerra todo entendimento
sobre demônios e libertação. Os pecados autorizam a ação
demoníaca sobre o pecador e a liberdade desse jugo só acontece
quando o impenitente passa a temer mais o castigo de Deus do que
sentir o prazer do pecado.
Toda libertação deve ter em mira a glorificação do nome de Jesus
e o enaltecimento do seu sacrifício vicário. Todo milagre testemunha
o senhorio de Cristo, a sua supremacia sobre os mundos visível e
invisível. Aproveitamos mais uma afirmação oportuna de Coty:
“Muitas perseguições ou infestações demoníacas se dão através
dos espíritos de enfermidade. Em alguns textos bíblicos observa-se
a presença destes três conceitos: doenças, enfermidades e
demônios, mostrando como eles podem se associar”. Embora esteja
biblicamente comprovado que possessão demoníaca, seguida ou
não de enfermidades físicas, não escolhe vítimas, não se pode
isentar pessoas da responsabilidade pelos ataques. Muitos
procuram chifres na cabeça de cavalo e acham.
Observei um moço sentado à mesa da calçada de um bar. Fazia-
se acompanhar por dois meninos de aproximadamente quatro e seis
anos. Pediu uma cerveja para si e uma Coca-cola para os garotos e
ficou ali, sorvendo a sua bebida. Pouco depois apareceu outro
rapaz, pediu mais uma cerveja e ambos sentaram-se para conversar
e beber. Não é difícil prever que aqueles dois meninos têm bons
exemplos para se tornarem assíduos frequentadores de bares e
exímios bebedores de cerveja e outras bebidas, talvez até
alcoólatras.
Exemplos é o que determinam comportamentos futuros. Aqueles
garotos estavam tendo um ensinamento muito eficaz de como se
fazem homens viciados em bares e botecos, beberrões, viciados em
diversos jogos disponíveis nesses locais de passa-tempo insalubre
e impróprio para quem deseja levar uma vida equilibrada e
abundante.
Muitos são vítimas de demônios pela irresponsabilidade de
adultos. Eles não percebem o mal que fazem dando péssimos
exemplos às crianças e jovens. Muitos, ainda na infância, estão
trilhando caminhos de horror por influência de adultos sem
consciência, verdadeiros bichos na forma humana.
Recentemente houve uma “limpa” num local denominado
“Cracolândia”, promovida pela polícia de São Paulo. A televisão
mostrou o grande número de viciados dispersos pela cidade,
andando sem rumo como zumbis[Nota 13] ambulantes, totalmente
desprovidos de vida física e espiritual. Havia uma quantidade
lamentável de crianças no meio deles. Andares trôpegos, olhares
desprovidos de brilho, opacos e perdidos, sem um mínimo de
esperança, totalmente nas garras de terríveis demônios que agem
em meio à miséria e ao vício. Demônios também se aproveitam da
irresponsabilidade social dos governantes, da indiferença de quem
poderia fazer algo, do interesse escuso de traficantes, ávidos pela
riqueza fácil. Demônios se alojam em prédios e casarões
abandonados e ficam ali, zumbindo como um enxame de abelhas,
aos milhares, promovendo o inferno na sociedade, enfraquecendo-a
em sua moralidade e anulando totalmente o futuro de jovens, muito
mais próximos da morte do que da cura para os vícios malditos.
No Brasil, por sinal, demônios territoriais encontraram terreno
fertilíssimo e, talvez, seja aqui um de seus lugares preferidos, cada
vez mais feroz, encarapitada nos governos, escolas, organizações
sociais, clubes esportivos e até nas igrejas.
11.1. D
.

Nenhum demônio é bom, mas em alguns lugares, são piores. Os


que atuam no Brasil estão autorizados a darem o máximo da
maldade pelo poder das trevas. Não é preciso ser um grande
conhecedor da matéria para concluir-se que, em solo brasileiro, os
demônios “deitam e rolam” por uma série de circunstâncias que
facilitam o trabalho infame dessas entidades que, aos milhões,
tornam a nação reduto das mais diversas castas. Matam, roubam,
destroem, tiram a paz, promovem a desgraça social, incentivam a
libertinagem, o malcaratismo, a corrupção, a imoralidade e todo tipo
de desgraça que paira sobre esta terra de Vera Cruz. Neste país de
gente folgazã, festeira, carnal e carnavalesca, onde a religiosidade
meramente superficial aflora em milhares de lugares “sagrados”,
alguns até difíceis de entender como interior de grutas, úmidas e
escuras, onde estátuas contemplam seus fieis com olhares
piedosos, mortiços, mas com muita compaixão pelos que ali vão
depositar suas esperanças.
Qualquer pessoa que conheça um pouco da cultura brasileira e a
história da sua religiosidade sabe que esta terra nem sempre foi
“gentil”, às vezes, nem “pátria amada”. Aqui, o sangue de inocentes
jorrou das veias de escravos negros, mataram-se índios como se
abatiam animais peçonhentos. O país foi “descoberto” sob a égide
da idolatria e para cá vieram as piores espécies da sociedade
colonizadora decaída. Ladrões, assassinos, espertalhões,
enganadores, traidores, alcoólatras, prostitutas, oposicionistas do
governo e desterrados de toda espécie aqui aportaram, trazendo em
suas bagagens tudo de condenável numa conduta ímpia, imoral,
devassa, ambiciosa, injusta e cruel. O pensamento geral sempre foi
o da exploração até à exaustão de toda riqueza possível, com a
submissão à força dos fracos pelos fortes, como sanguessugas
insaciáveis que só largam a presa quando morrem estufadas.
Mais de cinco séculos depois, os brasileiros continuam com sua
cultura extremamente idólatra. Grande número pratica a religião dos
antepassados negros escravos, mas sem conhecerem seus
fundamentos, origem, propostas, doutrinas e crenças. Os não
praticantes, são simpatizantes. Vez ou outra buscam alento, “sorte”
e proteção nos terreiros e fazem “obrigações” na esperança de
realizarem desejos, satisfazer necessidades e concretizar sonhos. O
Brasil é o país onde mais se matam e morrem no trânsito. É o lugar
onde mais morrem jovens entre 19 e 28 anos assassinados, mas
são também vítimas em potencial dos desastres automobilísticos,
brigas de rua e acerto de contas no tráfico. É o local de maior
descarga de drogas produzidas no mundo inteiro e abriga um dos
mais significativos números de viciados entre as nações.
É um país em que a ignorância e o analfabetismo campeiam.
Uma República de iletrados, onde menos se lê no mundo. A terra do
“jeitinho”, da esperteza malandra, da “lei de Gerson”, onde não levar
vantagem é burrice. Com isso, o brasileiro é tido no exterior como
um povo mal educado, irreverente, porcalhão, sem ética, faz
necessidades físicas nos cantos dos muros, é muito mal visto fora
do país, onde a polícia vigia de perto quem chega e dá graças a
Deus quando vai embora. O sistema de ensino é péssimo, recebe
as menores avaliações dos órgãos competentes internacionais,
ficando na traseira de nações menores e menos expressivas. Aqui,
o vandalismo não é punido com o rigor da lei, destroem-se o
patrimônio público por pura ignorância, como um bando de
selvagens sem educação, com um prazer mórbido em destruir o que
custou o dinheiro de todos.
Isso sem contar que, aqui, a injustiça impera de maneira terrível.
As áreas social, econômica e política sofrem com a indiferença e
desacertos de quem poderia acenar com alguma esperança, mas
prossegue sempre a péssima distribuição de renda, escrava de uma
das maiores cargas tributárias do mundo. Em 2011 foram mais de
um trilhão e meio de reais, uma verdadeira fábula, mas o povo que
depende da saúde pública é tratado como animais e continua
morrendo nas portas dos hospitais. Enquanto isso, classes
privilegiadas, políticos mais acentuadamente, ganham fortunas e
têm privilégios de reis, tudo do bom e do melhor, restaurantes,
hotéis de luxo, carrões, voos internacionais, hospitais de alto nível,
médicos altamente especializados, seguros de toda espécie,
moradia gratuita, aposentadorias milionárias e precoces e o povo,
como dizia aquele humorista: “que se exploda!”
Analisem e concluam por si mesmos se este não é um país que
dá brechas às mais diversas castas de demônios que dominam
áreas estratégicas usando pessoas, promovendo um dos maiores
índices do mundo entre os crimes bárbaros, onde a punição é
amena e a impunidade quase uma cultura, incentivando a
transgressão, a contravenção e a ilegalidade. Tudo agravado pela
religiosidade extremamente superficial, descompromissada,
totalmente mística, burra e sem profundidade espiritual que exige
conhecimento suficiente para mudar vidas e transformar realidades.
Um país onde se bebe cada vez mais, homens e mulheres, jovens e
crianças aprendem a apreciar o álcool desde tenra idade, tornando
o Brasil um mercado em constante crescimento, empurrando índices
de alcoolismo para a estratosfera.
Poder-se-ia falar muito mais sobre motivos e razões de tanta
desgraça que aflige este povo pacato, mas nem sempre ordeiro.
Entretanto, isso poderá parecer a muitos como despeito, o extremo
do pessimismo, um prazer mórbido em criticar sem atinar para o que
de bom há por aqui. Mas, como o risco é o penhor da liberdade,
deixemos registrado aquilo que muitos sabem, a maioria finge
ignorar e, alguns poucos, não se conformam com isso e se
empenham para mudar realidades que incomodam e afligem.
11.2. O ?

No que diz respeito à moral e a ética, uma boa educação é


urgente, com rompimento da cultura atravancadora do progresso e a
implantação de uma nova realidade, priorizando a transformação
através da observação de um comportamento mais civilizado,
adequado a uma nação que deseja ser líder, cerrando fileiras entre
as mais desenvolvidas do planeta. Isso não é fácil, requer o
envolvimento total dos governos, da mídia em geral e das forças
vivas da sociedade, numa união sem precedentes, movida pela
determinação de realmente alcançar um novo porvir. Na área
espiritual, cabe às igrejas cristãs autênticas encabeçarem a luta
contra o domínio sobrenatural das trevas. A Igreja é depositária
legítima da confiança de Deus e levantada exclusivamente para
combater (e vencer), as forças satânicas.
A luta que se trava no plano invisível é muito mais renhida, exige
mais dos guerreiros que nela se engajam. A exigência rígida e
obrigatória que se faz no alistamento a esse exército, onde muitos
são chamados e poucos os escolhidos, há uma temeridade em
relação ao preparo que a Igreja de hoje oferece aos seus recrutas.
Implantar no mundo o verdadeiro cristianismo, remissor e
transformador requer o uso do poder genuíno atuante na Igreja
primitiva, total e não em partes, como hoje, onde se oferece apenas
aquilo que agrada o povo sedento de algo mais consistente e
profundo. Isso se compreende porque a organização eclesiástica
reflete o que vai pela sociedade. O que ela vê, pensa e faz, adentra
pelos templos, exigindo uma adequação ao atual, moderno,
tecnologia de ponta que rejeita tudo que é considerado
ultrapassado.
Há, inquestionavelmente, um plano superior de resgate do
pecador operando hoje como nunca, o que motiva a luta, incentiva a
batalha e renova certeza de que o bem sempre vence o mal. Esse é
o fato. Mas o momento atual é de uma reflexão mais profunda sobre
os rumos da Igreja no mundo do século 21, caracterizado por um
sistema globalizado14, onde as liberdades individuais ultrapassam o
bom senso. Esse modernismo sem fronteiras não respeita o que de
melhor havia no passado, tudo deve ser substituído pelo novo. Ele
invade a Igreja como um tsunami, levando de roldão velhas e sadias
convicções e costumes nunca questionados.
A permissividade se tornou uma estratégia para reter jovens e
adolescentes, inocentes joguinhos com personagens dos desenhos
da televisão compõem o acervo didático das escolas dominicais
para crianças e os hinos e canções tão espirituais e apreciadas no
passado, embalando a fé de tantas gerações, já não servem mais.
Essa caminhada de conformismo com o mundo está sufocando a
espiritualidade nas igrejas e o que se observa é uma indiferença
cada vez maior em relação ao sagrado, às coisas do espírito, ao
conhecimento da Palavra e o prazer nas coisas de Deus.
Observam-se hoje um número cada vez maior de jovens e crianças
que se desligam dos sermões durante os cultos para se entreterem
com seus celulares através de jogos e mensagens.
A responsabilidade de um ensinamento cristão mais eficaz cabe à
Igreja como corpo de Cristo, respaldada pela autenticidade de suas
mensagens, do comportamento resultante da santidade que a
reveste, mas organizações eclesiásticas que alcançaram a grande
mídia, podendo usá-la na busca da adoração genuína, perde-se em
seus discursos mirando a arrecadação financeira e procurando
agradar mais do que converter através do oferecimento de curas
milagrosas, prosperidade sem limites, vida faustosa e livre dos
problemas comuns aos mortais.
As pessoas precisam de emprego, de libertação e, mais ainda, da
salvação de suas almas pelo conhecimento transformador das
Santas Escrituras e o abandono do mundanismo. A Igreja precisa
voltar à sua verdadeira missão, a de criar uma consciência de
santidade entre os cristãos modernos e modernosos, despertando
um desejo mais intenso de se aprofundarem no conhecimento do
cristianismo e seu postulado. Isso, com estratégias que dão prazer
ao aprendizado, levando ao interesse para sufocar o desinteresse,
inimigo número um do progresso intelectual e espiritual.
Russell Shedd, em seu clássico O Mundo, A Carne e o Diabo
(1991), diz que “a carne é inconsciente e lenta na luta para o bem”,
e que esta luta exige capacitação, sendo exatamente esta falta que
preocupa cristãos engajados e líderes conscientes. É quase
impensável o número de “evangélicos” que não conhecem a Bíblia,
leem de vez em quando um versículo aqui e outro ali, sem
entenderem o contexto, e refratários a uma preparação mais
profunda, totalmente indiferentes à necessidade de treinamento e a
aquisição de um conhecimento mais denso e esclarecedor. Isso
forma soldados frouxos e medrosos, despreparados para a grande
batalha que se trava nas regiões invisíveis. O pastor Shedd
encontra um exemplo em Davi, que rejeitou a armadura do rei, e
valeu-se da ajuda do Espírito de Deus para vencer a força iníqua
ameaçadora.
Para assegurar-se da vitória, o cristão deve revestir-se da
armadura de Deus que nunca mudou, mortificando os desejos da
carne, muito presentes nesses momentos de extremos desafios, das
liberdades sem porteiras, da preguiça espiritual, dos conteúdos da
Internet, paralisadores dos sentidos e do raciocínio. Somente uma
retomada de rumos pela Igreja cristã, uma volta a compreensão real
do que seja transformação do ser, com abandono da onda de
transformismo, poderá por novamente em relevo a atuação do
Espírito Santo no interior dos templos. Estes são lugares adequados
para os debates sobre estratégias e ações no combate efetivo às
forças malignas que assolam o gênero humano num sistema de
governo material e espiritual bruto e injusto.
Entretanto, Deus não desiste dos seus planos. A verdadeira
Igreja, noiva imaculada de Cristo, continua no mundo, vai cumprir a
sua missão, vai continuar lutando até ser arrebatada deste sistema
de coisas para participar da vitória definitiva contra as hostes
satânicas no Armagedom, apesar da superficialidade e falta de
compromisso de hoje.
O experiente pastor Shedd fala sobre quatro estratégias bíblicas
na luta contra a carne, e consequentemente, contra os assaltos do
diabo e seus dardos inflamados, constantemente disparados contra
homens e mulheres, crentes e descrentes, velhos e moços,
indistintamente, sem tréguas, matando e destruindo (pg. 77).
1. Destrua a fonte de sustento da concupiscência carnal.
Sufoque todo desejo que possa compuscar a saúde do espírito,
verdadeiro e único depositário da força sobrenatural capaz de
vencer o inimigo.
2. Afaste-se das paixões infames. Os extremos são perigosos
quando fogem do controle da razão. A carne morta continua
respirando e aspirando, ela quer prazer, liberdade sem
responsabilidade e detesta que a forcem a um comportamento
mais recatado.
3. Mate os “feitos” da carne. Ela gosta de bajulação, de
“aparecer”, de ser paparicada e de estar sob “luzes de holofotes”.
Tire a vitalidade das paixões que o atormentam. Paulo disse que
os feitos do corpo matam (Rm 8.13).
4. Faça viver intensamente o espírito, despojando-se do velho
homem. Revestir-se quer dizer tornar a vestir, trocar de roupas.
No sentido bíblico, tornar-se uma nova criatura, um novo homem,
despojado dos velhos costumes, antigos pensamentos, cultura
ultrapassada, tornando-se irrepreensível aos olhos de Deus e do
mundo.
Este é um assunto praticamente inesgotável. Seria muita
pretensão minha querer ir além do que já fui, mas se o texto lido
serviu para “mexer” com você, dou-me por satisfeito, embora não
acomodado, esperando que isso baste para mudar os rumos daquilo
que, no meu ponto de vista, não está correto em relação à Igreja de
Cristo, como corpo místico, imaculada e também como organização
terrena, falha e necessitada. Jesus e Paulo atribuem a Satanás o
título de “deus deste mundo”, não gratuitamente, porque o príncipe
das trevas faz jus a esse título por sua ação na guerra conta os
escolhidos de Deus, colocando no interior dos templos todo
mundanismo que é capaz de criar.
Pense e Aprofunde-se no conhecimento das suas armas e entre
nessa luta.
Notas do Capítulo

Nota 13 - Mortos-vivos. Segundo a crença vodu, eram cadáveres ambulantes sem


espíritos que se movimentavam como robôs por um poder sobrenatural.
Era uma espécie de maldição. Os zumbis nunca morriam. [Voltar]
C

T alvez eu não tenha sido suficientemente claro em algumas


ideias, nem bastante explícito e objetivo em alguns
pensamentos e posso também não ter sido feliz em algumas
colocações ou ter cometido algum equívoco, mas sei que os leitores
vão aprender o fundamental sobre demônios territoriais, guerra
espiritual, ocultismo, espiritismo, doutrinas cristãs e outros assuntos
não menos empolgantes. Na demonologia aqui exposta, abordamos
aspectos sobre o “modus operandis” dessa casta iníqua, sua
natureza, seu modo de agir, seus locais preferidos, seu trabalho
nefasto no mister de tragar todo o planeta e acabar com a
humanidade. Sei também que, como cristãos, pensarão um pouco
mais na sua caminhada, em tudo que não fez e poderá fazer pela
genuína espiritualidade.
Quero colocar algo que julgo de extrema importância. A primeira
consideração é que o mal deixa marcas que dificilmente se apagam
para sempre, cicatrizes que não desaparecem, ficando sempre a
lembrar que o perigo ronda, o inimigo está à espreita e pronto para
reabrir as feridas, trazendo à tona dores e mágoas, ferramentas que
constantemente usa na sua guerra. A segunda é como lidar com
isso. O passado de sofrimentos e dores deveria, mesmo, ser
totalmente esquecido, varrido da mente apagadas as lembranças
tristes, mas o diabo não quer isso, ele é torturador, seu prazer é o
eterno sofrimento do ser humano. Essa índole diabólica exige
cuidados especiais das famílias e pessoas que convivem com
alguém que já esteve no extremo de um mundo tenebroso. Não se
pode esquecer de que aqui na terra, estamos todos em recuperação
permanente, podendo haver queda a qualquer momento, anulando
todo esforço, dedicação e trabalho empenhados num processo de
transformação, deixando a impressão de inutilidade e de uma
efêmera duração.
Por causa disso, é necessário um estado de alerta constante.
Pessoas há que, a uma simples discussão, costuma “Jogar na cara”
de outros as mazelas do seu passado, coisas que já causaram
suficientes desgostos e que ficaram para trás, mas alguém sempre
faz questão de lembrar, parecendo um castigo imposto por um algoz
cruel, sempre pronto para o golpe fatal. Pode crer que isso não é
coisa de Deus. Ele faz tudo novo, tira os pregos da madeira e
ninguém tem o direito de lembrar suas marcas. Essa prática poderá
ser torturante, magoa profundamente e pode tornar-se porta de
entrada para o maligno, empurrando a pessoa a um retrocesso ao
mundo das trevas em que vivia anteriormente. Não raramente, é
isso que acontece mesmo, embora a pessoa conheça muito bem a
realidade do seu passado de dor e sofrimento.
Conheci um jovem homossexual que se converteu a Cristo,
deixou sua prática e passou a dar testemunho do que Jesus havia
feito em sua vida, tornando-se um pregador que reunia multidões
para ouvi-lo. Numa conversa informal entre mim e ele, confessou-
me que a sua maior tristeza era encontrar com amigos do passado e
estes ficarem lembrando-o de fatos e pessoas que marcaram um
tempo de impiedade e devassidão. A pessoa, mesmo transformada,
vivendo uma nova realidade espiritual, é extremamente frágil em
sua estrutura psicológica, abalada por traumas, receios,
insegurança e incertezas pelas lembranças retidas no inconsciente
e que podem aflorar, causando perturbações desnecessárias, que
podem facilmente serem evitadas.
Essa insistência em lembrar o passado tenebroso acontece entre
a humanidade desde o início da História. Guerras, sangue, tristezas
e dores são testemunhas eternas das barbaridades cometidas ao
longo de séculos e séculos, provam a ação maligna que sempre
comandou o mundo obscuro das trevas, pleno de desgraças. A
marca da presença da destruição e morte permanece na memória
humana e, de vez em quando, vem à tona através de discursos
inflamados, ódios que se reacendem, mágoas que ficam nos
corações pelas posturas racistas do passado e atuais, pelas
perseguições políticas, torturas e mortes, pelas diferenças
ideológicas, tudo promovendo um avivamento de monstruosidades
que só os demônios têm prazer nelas.
Além disso, há também o testemunho mudo das ruínas ainda em
pé, não permitindo à humanidade esquecer o quanto foi selvagem,
ignorante, distanciada da verdadeira graça de Deus. O Coliseu de
Roma é o melhor exemplo da lembrança de um tempo
extremamente mau que a própria História insiste em lembrar. Quem
contempla aquelas ruínas (morada de demônios), tem a impressão
de ainda ouvir os gritos da turba enlouquecida, sedenta de sangue,
exigindo a morte de homens e mulheres, cujos crimes foram
tornarem-se seguidores das ideias de um homem meigo, justo e
santo, pregador da verdade que muitos não gostam de ouvir,
chamado Jesus. É possível, ainda hoje, fechar os olhos e ouvir os
gritos dos cristãos sendo estraçalhados por leões famintos, bestas
feras de garras poderosas, com instinto assassino e objetivo único
de matar e comer.
São mágoas que permanecem acesas sob as cinzas de algo que
passou, mas que basta um sopro para reavivá-las e voltarem a
queimar. Se você é cristão sincero, esqueça definitiva-mente um
passado que não vale a pena lembrar. Enquanto se perde tempo
remoendo coisas que já se foram, deixa-se de ver e aproveitar
excelentes chances para promover o futuro, prepará-lo para dias
melhores, introduzindo a tão almejada felicidade que todo ser
humano procura desde a fundação do mundo. Ficar lembrando o
passado e, pior, jogá-lo na cara de alguém atribuindo culpas,
fazendo cobranças, censurando, é certamente o mais indecente
pecado que se comete contra um ser humano, é essencialmente
demoníaco e maior fonte de desavenças, desentendimentos,
separações, avivamento de mágoas, sofrimento e tristezas.
Se você entendeu isso e a necessidade dessas considerações,
minha conclusão foi com chave de ouro. As boas recordações
fazem bem à alma e você, com certeza, as tem muito. Não torture
alguém que você ama tocando-lhe nas feridas. Aproveite ao máximo
tudo de bom que as pessoas queridas possam lhe oferecer, guarde
a língua, afaste a ignorância, a vida é curta demais para que se dê
lugar às maquinações do diabo. Muitos deram a própria vida para
que o mundo fosse melhor, sofreram dores terríveis na carne, foram
torturados, mas não renegaram seus ideais e crenças na
possibilidade de um novo amanhecer. Não torne a morte desses
homens e mulheres em vão, dê a sua parcela de contribuição para
que os sonhos deles, naquilo que acreditaram, se tornem realidade
um dia.
Obrigado pela sua leitura.
L

BORGES, Marcos de Souza (Coty). Padrão de Aconselhamento


na Libertação, Jocum, 2011, 235pp.
BOYER, O. S. Enciclopédia Bíblica, CPAD, Rio de Janeiro,
1987, 810pp.
HURLBUT, Jesse Lymann, História da Igreja Cristã, Vida, São
Paulo, 2ed., 1986, 255pp.
ITIOKA, Neusa. Os Deuses da Umbanda, ABU, São Paulo,
1ed., 1988, 235pp
MACKEY, Albert G., O Simbolismo da Maçonaria, Universo dos
Livros, São Paulo, 2008, 1ed., 160pp.
MILTON. S. V. Demônios Familiares, A.D. Santos, Curitiba,
2010, 1ªed, 104pp.
OLIVEIRA, Raimundo F. Seitas e Heresias, Um sinal dos
Tempos, CPAD, Rio de Janeiro, 1987, 1ªed, 256pp.
PACAUT, M. As instituições Religiosas, Difusão Europeia do
Livro, São Paulo, 1966, Ed. Única.
SHEDD, Russel. O Mundo, a Carne e o Diabo, Vida Nova, São
Paulo, 1ªed., 1991, 126pp.
ARTIGO: Você melhor, o mundo melhor, Seleções do Readers
Digest, Rio de Janeiro, Maio de 2009.

Você também pode gostar