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Resenha: Teixeira da Silva, Francisco C.

, “Fascismos” in Daniel Aarão Reis Filho,


Jorge Ferreira e Celeste Zenha, O Século XX. O tempo das crises, Vol. 2, Rio de
janeiro: Civilização Brasileira, 2000. Págs. 109-164.

O autor Francisco Teixeira, objetiva mostrar em seu texto “os fascismos” de forma mais
ampla, alegando que o termo não se restringe apenas ao período entre guerras, mas têm
um papel político contemporâneo. Sendo que Fascismo é definido pelo conjunto de
movimentos e regimes de extrema direita, o qual, da década de 20 até 1945, dominou um
grande número de países europeus, como por exemplo a Itália (chamado de fascismo
padrão), a Alemanha (chamado de fascismo radical), Hungria, Espanha, e a França de
Vichy. Entretanto a expressão ficou marcada pelo Nazismo Alemão, e está correto associa-
la ao Nazismo, o errado é torna-lo exclusivo, pois esta foi apenas uma formulação dentre as
diferentes concepções de fascismo. Posto o fato de que os historiadores concordam sobre
dois pontos do fascismo: a possível universalidade do fascismo como fenômeno histórico,
cujo ápice foi no entre guerra; e a necessidade teórica de garantir a autonomia de uma
teoria do fascismo em face dos fenômenos históricos que o envolvem. Entre os estudiosos,
o historiador Wolfgang Shieder alega que “se reconhece como fascistas movimentos
nacionalistas extremistas de estrutura hierárquica e autoritária e de ideologia antiliberal,
antidemocrática e antissocialista que fundaram ou intentaram fundar, após a Primeira
Guerra Mundial regimes estatais autoritários. Neste último sentido, o fascismo constitui um
dos fenômenos centrais e mais característicos do entre guerra” (Schieder, 1972, p. 97). Os
fascismos como regimes autoritários, antiliberais, antidemocráticos, contra o socialismo e o
nacionalismo, possuem suas próprias história, suas especificidades nacionais, o que não o
descaracteriza entre outras formas de autoritarismo (ditadura, bonapartismo, e ditaduras
militares). Contudo é um regime de manipulação de massas e como todos os demais, é
obrigado a adotar meios violentos, sustentado por uma polícia secreta e por propagandas
maciças. Sendo que a autenticidade do fascismo é explicada pela busca por raízes
nacionais ou raciais. Visto que embora diferentes, todos os líderes fascistas acabavam
criando métodos parecidos para manipulação de massas, e igualmente odiavam o
socialismo e o liberalismo, assim como perseguiam grupos de minoria na sociedade. Para
os fascistas, os Estados liberais são compostos por contradições internas, enquanto que o
estado ideal deveria ser capaz de restaurar a identidade nacional harmoniosamente, onde
todos seguiriam os mesmos valores, e seu poder seria oriundo do povo, este sim seria um
Estado fascista, autoritário, intervencionista, no qual todos se reuniriam perante uma só
doutrina, e um líder nacional, carismático, dominante. Tomando por exemplo a identidade do
regime Nacional-socialista alemão, em que, entre os seus 25 pontos estava explicito que só
poderia ser cidadão quem fosse membro da comunidade popular e só poderia ser membro
da comunidade popular quem fosse de sangue alemão. Contudo o fascismo objetiva
erradicar as causas da desagregação social, e acredita que para isso os indivíduos
precisam ter uma identidade autêntica. Todavia não haveria nenhuma organização livre da
intervenção do Estado, e em âmbito econômico os interesses do Estado estariam sempre
acima de qualquer interesse privado e de suas representações, sua base seria centrada na
relação direta entre colaboração, capital e trabalho, conforme o corporativismo, no entanto a
política pretendida se denominaria autarquia. Concluindo, o fascismo tem seus próprios
valores e qualquer contradição a esses valores deve ser eliminada de forma violenta, pois
sua concepção de mundo não aceita nenhuma contrariedade ao seu padrão. E até os dias
atuais, o fascismo ainda é respeitado por alguns grupos, como na Alemanha, onde a
desnazificação é inconclusa. Deste modo, perdura-se uma ponte visível entre o fascismo
histórico e o neofascismo.

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