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Universidade Federal da Bahia

Instituto de Física

Dinâmica de Oceanos I

Profa. Hebe Queiroz Aula 2


2013-1 15/05/2013
1
Grandes Circulações

Grandes Giros Subtropicais

2
Padrões de ventos

3
Grandes Circulações

Giros Subtropicais

→ →

← ←

4
Extraído de R.H. Stewart, Introduction to Physical Oceanography, 2004.
Intensificação das Correntes Oeste

5
Extraído de R.H. Stewart, Introduction to Physical Oceanography, 2004.
Grandes Circulações

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I . Correntes Oceânicas Afetadas pela Fricção

A circulação (correntes) superficial dos oceanos é consequência da


transferência de momento da atmosfera para o oceano, através da ação
do vento na sua superfície, e depende da sua intensidade e direção.

Para descrever os movimentos gerados pelo vento deve-se conhecer a


distribuição de vento na superfície do oceano (dados observacionais).
• Altura meteorológica – entre 10 e 19,5m

A transferência de momento da camada inferior da atmosfera para a


camada superior do oceano, e entre duas camadas de água, somente é
possível por se tratar de um líquido viscoso.

Viscosidade – atrito entre as camadas adjacentes do líquido

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I . Correntes Oceânicas Afetadas pela Fricção

A ação do vento gera uma tensão de cisalhamento na superfície do


oceano, dando origem correntes superficiais, que ocorrem entre 10 e
100m de profundidade.

Estas correntes possuem a mesma direção da tensão de cisalhamento em


um sistema no qual a influência da rotação da Terra é irrelevante.
As correntes oceânicas sofrem desvios devido:
• influência da rotação da Terra (força de Coriolis)
• contornos continentais

Pequenos movimentos verticais também são produzidos pela ação dos


ventos e de forçantes termodinâmicas (termohalinas).

Em geral, circulações oceânicas são processos extremamente complexos.

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I . Correntes Oceânicas Afetadas pela Fricção

A camada próxima à interface oceano-atmosfera que sofre a ação da


tensão de cisalhamento do vento é chamada de camada de Ekman.
Devido ao atrito entre as camadas do fluido, a velocidade do fluido decai
com o aumento da profundidade.
A camada de Ekman, para fluidos viscosos, existe próximo a qualquer
contorno (interface) do fluido.

A transferência da momento ao longo da coluna de água em movimento se


dá através de choques entre as moléculas.

Movimento laminar do fluido:


• as moléculas se deslocam em camadas
• a transferência de momento é uniforme
ao longo da interface

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I . Correntes Oceânicas Afetadas pela Fricção

Movimento turbulento do fluido:


• movimentos aleatórios de porções
do fluido de uma camada para outra
• a transferência de momento através
de movimentos turbulentos

As variações sazonais dos padrões de ventos tem como consequência


variações nos padrões de circulação oceânica, devido às variações nas
taxas de transferência de momento da atmosfera para o oceano.

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I.1. Força de Atrito e Tensores de Reynolds

As tensões superficiais que agem na superfície de um fluido produzem


escoamento.

Quando uma camada de um fluido viscoso se desliza sobre outra, a força


de atrito entre elas (vicosidade) faz com que a camada em movimento
transfira momento para a camada inicialmente me repouso.
A camada seguinte terá velocidade menor do que a camada anterior.
Este decaimento é conhecido como cisalhamento da velocidade.

De acordo com a lei de Newton sobre o atrito em fluidos, a relação entre


a força de atrito e o cisalhamento da velocidade é linear.

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I.1. Força de Atrito e Tensores de Reynolds

As tensões superficiais que agem na superfície de um fluido produzem


escoamento.

Quando uma camada de um fluido viscoso se desliza sobre outra, a força


de atrito entre elas (vicosidade) faz com que a camada em movimento
transfira momento para a camada inicialmente me repouso.
A camada seguinte terá velocidade menor do que a camada anterior.
Este decaimento é conhecido como cisalhamento da velocidade.

De acordo com a lei de Newton sobre o atrito em fluidos, a relação entre


a força de atrito e o cisalhamento da velocidade é linear.

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I.1. Força de Atrito e Tensores de Reynolds

Verifica-se experimentalmente que a força F necessária para manter a


camada superficial com velocidade u constante é proporcional:
• à área S da camada, ou de ação da tensão de cisalhamento
• à velocidade u da camada
• ao inverso da distância l entre a camada superior e a camada de
velocidade nula
ou seja, Su
F
l
S Su
u F 
l
l
  coeficiente de viscosidade
dinâmica molecular [ kg / m s ]
.
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I.1. Força de Atrito e Tensores de Reynolds

A tensão de cisalhamento T , responsável pela transferência de momento,


é definida por
F u
T  
S l
Se a espessura da camada do fluido é infinitesimal, hipótese que melhor
representa a situação real, então
l  z u
 T 
u  u l
ou ainda,
u
Tzx  lim T  Tzx  
l 0 z
que representa a tensão de cisalhamento vertical (z ) da componente x
da velocidade. Esta é uma definição local da tensão, portanto vale para
qualquer ponto do fluido. 14
I.1. Força de Atrito e Tensores de Reynolds

Para um volume infinitesimal do fluido, a força de atrito por unidade de


massa é dada por
Fzx 1   u  1 
    Tzx
m  z  z   z
Para  constante, pode-se escrever

Fzx 1   u    2u  2u
     2
m  z  z   z 2
z

  coeficiente coeficiente de viscosidade cinemática molecular [ m 2 / s ]

Valores típicos para a água: (0,8 1,8) 106 m2 / s

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I.1. Força de Atrito e Tensores de Reynolds

Analogamente, o cisalhamento da componente x da velocidade nas


direções x e y estão associadas às forças por unidade de massa

Fxx 1   u    2u  2u
     2
m  x  x   x 2
x

Fyx 1   u    2u  2u
      2
m  y  y   y 2
y

Portanto, a componente zonal (x ) da força de atrito por unidade de massa


fica dada por

Fx   2u  2u  2u 
  2  2  2 
m  x y z 
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Número de Reynolds

Considere a componente zonal da equação de conservação de momento


para o oceano
du 1 p   2u  2u  2u 
 fv      2  2  2 
dt  x  x y z 
ou ainda,
u  1 p   2u  2u  2u 
 (v  )u  fv      2  2  2 
t   x  x y z 
termos não-lineares

Os termos não-lineares, quando sofrem perturbações, mesmo pequenas,


podem causar instabilidade ao fluxo.
Esta instabilidade se manifesta como um efeito de turbulência, quando os
termos não-lineares são suficientemente grandes comparados com os
termos de atrito molecular.
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Número de Reynolds

O grau de turbulência do movimento é estabelecido pela relação entre os


termos não lineares e os termos de atrito, por exemplo,

u u
Re  x Re  número de Reynolds
u
2

x 2
Assim,
 U2 /L  UL 
Re    
  U / L2
  

Escalas típicas: u, v  U w W
x, y  L zH

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Número de Reynolds

Corrente do Golfo: U ~ 1m / s L ~ 105 m  ~ 10 6 m 2 / s


1105 
 Re ~  6   1011
 10 
 fluxo turbulento

Para Re  10 , dependendo da geometria e das condições de contorno,


5

os fatores estabilizantes podem não ser eficientes.

Quando os efeitos não-lineares são muito grandes comparados com o


atrito molecular, este pode ser negligenciado para fluxos em mar aberto,
mas deve ser considerado para fluxos próximos de contornos sólidos
(fundo e continentes).
19
Número de Reynolds

No movimento turbulento, as componentes da velocidade flutuam


rapidamente em torno do fluxo médio.
U U  u'

F At

Os termos não-lineares possuem o mesmo caráter físico dos termos de


atrito molecular e produzem uma transferência mais rápida de momento
entre as regiões do fluido, comparado com os processos puramente
moleculares.

Processos turbulentos similares parecem nas equações de conservação


de sal e calor.
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Tensor de Reynolds

Equações para o Fluxo Médio

A forma mais eficiente de transferência de momento entre as camadas do


fluido é através de processos turbulentos.
No entanto, devido à complexidade do fluxo turbulento, não seria razoável
resolver as velocidades em detalhes.
Sendo assim, serão analisadas as equações para o movimento médio.
u média temporal média temporal Média temporal em um
para t  T para t  
período T :

u 1 T u u (T )  u (0)
ˆ
x T 
0 x
dt 
T
t

O período T deve ser escolhido para suavizar a curva em um limite


desejável.
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Tensor de Reynolds

Equações para o Fluxo Médio


Para analisar o fluxo médio, as variáveis no regime turbulento serão
decompostas como segue
ui  ui  ui '
x → valores médios (baixa frequência)
    '
x' → perturbações (alta frequência)
p  p  p'
(i  1,2,3  x, y, z )
e será tomada a média das equações de movimento, considerando as
propriedades da média
x  x; x'  0 ; x' y'  0 ; x  y  x  y; α x   x.
Como as variações de densidade são, em geral, muito pequenas, então
 ' 1      cte.

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Tensor de Reynolds

Considere a componente zonal da equação de conservação de momento,


multiplicada pela densidade,
u  u u u  p   2u  2u  2u 
   u  v  w    f v       2  2  2  .
t  x y z  x  x y z 
Substituindo a decomposição da velocidade e pressão e tomando a média,
cada termo desta equação resulta em:
• termo de pressão:
 ( p  p' )  p p'  p p' p  p' p
        
x  x x  x x x x x
• termo de Coriolis:
 f (v  v' )   f (v  v' )   f (v  v')   f v

23
Tensor de Reynolds

• termos de atrito:

 2 (u  u ' )   2u  2u '    2u  2 u '   2u


     2  2      2  2     2
x 2
 x x   x x  x
 2 (u  u ' )  2u
   2
y 2
y
 2 (u  u ' )  2u
   2
z 2
z
• termo de aceleração local:
(u  u ' ) u u ' u u ' u
     
t t t t t t

24
Tensor de Reynolds

• termos de aceleração advectiva:

 (u  u ' )  u u ' u u ' 


 (u  u ' ) 
  u u  u '  u ' 
x  x x x x 
 u u ' u u '   u u ' 

  u u  
 u'  u'     u  u ' 
 x x x x   x x 
(u  u ' )  u u ' 
 (v  v ' )    v  v' 
y  y y 

(u  u ' )  u u ' 


 ( w  w' ) 
  w  w'  .
y  y y 

25
Tensor de Reynolds

Tomando a média da equação de continuidade para um fluido incompres-


sível
u v w
   0,
x y z
obtém-se
(u  u ' ) (v  v' ) ( w  w' ) u v w
  0     0.
x y z x y z
Subtraindo estas duas últimas equações, tem-se
u ' v' w'
   0.
x y z
ou seja, as flutuações de velocidade também satisfazem à equação de
continuidade.

26
Tensor de Reynolds

Portanto,
 (u ' u ' )  (u ' v' )  (u ' w' ) u ' u ' v' u ' w' u '
   u'  u'  u '  v'  u'  w'
x y z x x y y z z
 (u ' u ' )  (u ' v' )  (u ' w' )  u ' v' w'  u ' u ' u '
   u '      u '  v'  w'
x y z 
x y z  x y z

0

 (u ' u ')  (u ' v')  (u ' w') u ' u ' u '


   u'  v'  w'
x y z x y z
u ' u ' u '
 u'  v'  w' .
x y z
Estes três últimos termos aparecem nos termos de aceleração advectiva.

27
Tensor de Reynolds

Substituindo este último resultado e a média de cada termo na equação de


movimento, tem-se
u  u u u   u ' u ' u ' v' u ' w' 
   u v w     fv 
t  x y z   x y z 
p   2u  2u  2u 
    2  2  2 
x  x y z 
du p   2u  2u  2u   u ' u ' u ' v' u ' w' 
  fv     2  2  2     ,
dt x  x y z   x y z 
que é conhecida como equação de Reynolds. Os três últimos termos do
lado direito estão associados às componentes do tensor de Reynolds (T R ),
definidos por
TxxR    u ' u ' ; TyxR    v' u ' ; TzxR    w' u ' .
Estes termos possuem o mesmo caráter físico dos termos de atrito molecular.
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Referências

Apel, J.R., Principles of Ocean Physics (International Geophysics)


Academic Press, 1987

P. K. Kundu, I. M. Cohen, Fluid Mechanics. Academic Press, 2008

I. Soares, Dinâmica de Oceanos, Notas de Aula, FURG, 2004

S. Pond; G. L. Pickard, Introductory Dynamical Oceanography.


Butterworth-Heinemann, 1983

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