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Adriana Ornelas Gonçalves

Turma: Neuropsicologia/ 2021

ATENÇÃO

A atenção é uma função cognitiva necessária para o funcionamento adequado de outras


habilidades cognitivas, sendo assim qualquer alteração em um dos processos atencionais
pode dificultar a realização de uma tarefa do cotidiano. O conceito de atenção é definido
pela seleção e manutenção do foco de um estímulo ou informação, direcionamos a atenção
para o estímulo que consideramos importante. Os outros estímulos que não os principais,
passam a ser secundários não sendo mais o foco na atenção. Nossa capacidade de manter a
concentração depende de inúmeros fatores, desde a falta de vontade ou até a dificuldades
específicas, como as que encontramos no TDAH que interferem na capacidade de atenção
seletiva e dividida.
A preservação da atenção é premissa para atribuições que requer concentração e
rastreamento mental. Compromete a habilidade de manter a atenção em determinado
conteúdo, ou seja, tem dificuldade para manter uma sequência de pensamentos simples,
afetando a habilidade de solução de problemas mais complexos.

Transtorno de Déficit de atenção e hiperatividade

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um transtorno do


desenvolvimento, em que os sintomas causam complicações na vida pessoal e interpessoal
considerando que o maior impacto se dá na vida familiar e escolar da criança e ou
adolescente. Os sintomas de TDAH podem perdurar até a idade adulta, causando prejuízos
na vida como um todo, por isso, é muito importante o diagnóstico precoce.
Segundo Brown, atenção é uma função complexa e multifacetada da mente. Ela
desempenha um papel crucial naquilo que percebemos, relembramos, pensamentos,
sentimentos e fazemos. Não é somente uma atividade isolada do cérebro. O processo
contínuo da atenção envolve organização e o estabelecimento de prioridades, foco e
mudanças de foco, regulação do sentido de alerta, esforço sustentado, e regulação da
velocidade de processamento da mente e potput. Envolve tambem a administração da
frustração e de outras emoções, recuperação de fatos, usando a memória de curto prazo, e
monitoramento e autorregularão das ações. (pg.30)
Para que as dificuldades da desatenção sejam consideradas como um transtorno, precisam
não somente ser crônicas e debilitantes, mas tambem tem que estar presentes como parte
de um conjunto. Esses aspectos múltiplos da desatenção constituem uma síndrome, um
conjunto de sintomas que ocorrem muitas vezes, de maneira conjunta, caracterizando um
transtorno específico.
“Segundo o DSM-5, o TDAH se classifica entre os transtornos do neurodesenvolvimento,
que são caracterizados por dificuldades no desenvolvimento que se manifestam
precocemente e influenciam o funcionamento pessoal, social, acadêmico ou pessoal. São
cinco os critérios diagnósticos” (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2013).

Funções executivas

A função executiva é o processo cognitivo que organiza pensamentos e atividades, prioriza


tarefas, gerencia o tempo com eficiência e toma decisões. Habilidades de funções
executivas são as habilidades que nos ajudam a estabelecer estruturas e estratégias para
gerenciar projetos e determinar as ações necessárias para levar cada projeto
adiante. Indivíduos com disfunção executiva geralmente lutam para analisar, planejar,
organizar, agendar e concluir tarefas - ou dentro do prazo. Eles perdem materiais,
priorizam as coisas erradas e ficam sobrecarregados com grandes projetos. 

Função executiva e o cérebro com TDAH

1. O circuito: O quê? Vai do lobo frontal - especialmente a superfície externa - de


volta a uma área do cérebro chamada gânglios da base, particularmente uma
estrutura chamada estriado. O Circuito “O quê” está ligado à memória de trabalho,
portanto é neste circuito que o que pensamos passa a orientar o que fazemos. Isso é
particularmente verdadeiro quando se trata de planos, metas e futuro.

2. O circuito: Quando? Este segundo circuito vai da mesma área pré-frontal para
uma parte muito antiga do cérebro chamada cerebelo, na parte mais posterior da
cabeça. O circuito “Quando” é o circuito de temporização do cérebro - ele coordena
não apenas o quão suave será o comportamento e a sequência do comportamento,
mas também a oportunidade de suas ações e quando você faz certas coisas. Um
circuito “Quando” funcionando incorretamente em uma pessoa com TDAH explica
por que muitas vezes temos problemas com o gerenciamento do tempo.

3. O Circuito: Por quê? O terceiro circuito também se origina do lobo frontal,


passando pela parte central do cérebro (conhecida como cingulado anterior) até a
amígdala - a porta de entrada para o sistema límbico. É frequentemente referido
como o circuito “quente” porque está ligado às nossas emoções - é onde o que
pensamos controla como nos sentimos e vice-versa. É o tomador de decisão final
em todos os nossos planos. Ao pensar sobre várias coisas que poderíamos estar
fazendo, este é o circuito que eventualmente escolhe entre as opções com base em
como nos sentimos sobre elas e suas propriedades emocionais e motivacionais.

4. O circuito: Quem? Este circuito final vai do lobo frontal até a parte posterior do
hemisfério. É onde ocorre a autoconsciência - é onde estamos cientes do que
fazemos, de como nos sentimos (interna e externamente) e do que está acontecendo
conosco.

Ao visualizar o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade em relação a esses quatro


circuitos, é possível compreender a origem dos sintomas. Dependendo dos circuitos que
estão mais ou menos afetado, pode-se notar variações nos tipos de sintomas que o
indivíduo apresentara. Algumas pessoas têm mais déficit de memória operacional, já outras
pessoas têm mais problemas de regular a emoção, mas todos eles envolvem esses circuitos.

Principais habilidades das funções executivas

Em termos gerais, a função executiva refere-se às habilidades cognitivas ou mentais de que


as pessoas precisam para buscar ativamente seus objetivos, é sobre como nos comportamos
em relação aos nossos objetivos futuros e quais habilidades mentais precisamos para
realizá-los. O termo está intimamente relacionado à autorregulação.

A função executiva é avaliada pela força dessas sete habilidades:

1. Autoconsciência: A atenção autodirigida.


2. Inibição: Também conhecida como autocontenção.
3. Memória de trabalho não verbal: A capacidade de manter coisas em sua mente, o quão
bem você pode imaginar as coisas mentalmente. Imagens visuais.
4. Memória de trabalho verbal: Auto fala ou fala interna. 
5. Autorregulação Emocional: A capacidade de assumir as quatro funções executivas
anteriores e usá-las para manipular seu próprio estado emocional. Aprender a usar
palavras, imagens e sua própria autoconsciência para processar e alterar como nos
sentimos.
6. Automotivação: Capacidade do indivíduo de se motivar para completar uma tarefa
quando não há consequência externa imediata.
7. Planejamento e solução de problemas:  Habilidade cognitiva de planejar e a ter tomada
de decisões e resolução de problemas.

Qualquer pessoa que apresentar os sintomas clássicos de TDAH terá dificuldade com todas
ou a maioria dessas sete funções executivas. Essas sete funções executivas se desenvolvem
ao longo do tempo, geralmente em ordem cronológica. 

A pandemia do Covid-19 trouxe consigo desafios para todos, especificamente para quem
tem Transtorno de atenção e hiperatividade (TDAH). A alteração das dinâmicas doméstica
que modificaram sua rotina familiar onde as crianças deixaram de ir à escola para
assistirem aulas em casa entre estímulos externo, como a cama, a TV, celulares e
brinquedos e na maioria das vezes sem um lugar apropriado livre de barulhos para estudar,
enquanto outras crianças não tiveram nenhum contato com a escola, os pais passaram a
trabalhar de casa, enquanto se dividiam entre o trabalho e a família, somadas a
inflexibilidade de diversas medidas de higiene para evitar contaminação são fatores que
devem ser considerados, pois podem afetar a saúde mental das crianças, especialmente as
que foram diagnosticadas com esse transtorno. Nesta pandemia, alguns comuns ao TDAH
ficaram mais visíveis, como o aumento da ansiedade, distúrbios do sono e compulsão
alimentar. Segundo estudos, com confinamento os pais estiveram em contato maior com as
crianças/adolescentes, acompanhando de perto o momento da aula, as atividades escolares
e, consequentemente, houve aumento de mães procurando por especialistas com queixas de
que seus filhos apresentam sintomas que se enquadram em TDAH.

O tratamento do TDAH deve envolver uma abordagem multidisciplinar, associando ou não


o uso de medicamentos às intervenções psicoeducativas e psicoterapêuticas. É importante
também que a criança ou adolescente aprenda um pouco sobre o transtorno, e seus
impactos, o conhecimento do que está acontecendo ajuda a evitar os rótulos e a
compreender que cada indivíduo funciona de uma maneira, com ritmos e formas de
aprender diferentes uns dos outros, mas principalmente que é preciso se adaptar a situação
e encontrar melhores caminhos.

Bibliografia:
Barkley, R. (org.) (2008). Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade: manual para
diagnóstico e tratamento. Porto Alegre: Artmed.
Brown, Thomas E. Transtorno de déficit de atenção: a mente desfocada em crianças e adultos.
Porto Alegre: Artmed, 2007.
Maikon Michels; Gonçalves, Hosana A. Funções executivas em um caso de TDAH adulto: a
avaliação neuropsicológica auxiliando o diagnóstico e o tratamento. Revista Neuropsicologia
Latinoamericana ISSN 2075-9479 Vol 6. No. 2. 2014, 35-41.
Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais [recurso eletrônico]: DSM-5 /
[American Psychiatric Association; tradução: Maria Inês Corrêa Nascimento ... et al.]; revisão
técnica: Aristides Volpato Cordioli [et al.]. – 5. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre:
Artmed, 2014.
Pereira, A. Tiago; Florencio, Taís. TDAH: Desafios e possibilidades na atuação do professor do
atendimento educacional especializado - AEE em tempos de pandemia. v. 2, n.4, p. 1-15, 2020

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