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Impacto do rompimento da barragem em Brumadinho

IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS PROVOCADOS PELO
ROMPIMENTO DE BARRAGENS DE CONTENÇÃO DE REJEITOS DE
MINERAÇÃO NO ESTADO DE MINAS GERAIS. Dentre os impactos sobre
o meio físico, pode-se constatar a degradação da qualidade da água, o
assoreamento dos cursos d'água, a alteração da vazão dos rios e a
degradação da paisagem. Além das mortes de seres humanos, a tragédia
em Brumadinho desencadeou a morte de vários outros animais e da
vegetação. Assim que a barragem se rompeu, uma grande avalanche de
lama formou-se, arrastando a fauna e também a flora local.

Os possíveis impactos do desastre na saúde foi o tema apresentado pelo


pesquisador Sérgio Peixoto, da Fiocruz Minas, que expôs o estudo
longitudinal a ser desenvolvido em Brumadinho, com o intuito de avaliar os
impactos do desastre na saúde física e mental da população, a médio e a
longo prazo. O objetivo é gerar informações que possam subsidiar a
estruturação dos serviços de saúde no município. O estudo terá duração de
20 anos.
A pesquisadora Claudia Mayorga, que, na edição especial da revista,
entrevistou a representante do Fórum Mineiro de Saúde Mental, Mariana
Tavares, trouxe alguns aspectos abordados durante a entrevista. Ela
destacou que se trata de um desastre ainda em curso no que diz respeito
ao sofrimento das vítimas e ressaltou a importância de desenvolver
abordagens que não estigmatizem as pessoas.
Os pesquisadores Mariano Silva e Carlos Machado, da Escola Nacional de
Saúde Pública (ENSP\Fiocruz), trataram sobre a Sobreposição de riscos e
impactos no desastre da Vale em Brumadinho. De acordo com os
pesquisadores, os efeitos dos desastres se estendem no tempo e no
espaço, alterando a saúde e também a forma de viver e trabalhar. Eles
enfatizaram a necessidade de olhar para os impactos imediatos e também
para a sobreposição de riscos que vão se acumulando.

A pesquisadora Priscila Neves, da Fiocruz Minas, tratou sobre os impactos


do rompimento da barragem no acesso à água sob a perspectiva dos
direitos humanos. Segundo a pesquisadora, desastres como os provocados
pela Vale afetam o acesso à água em diversos princípios preconizados
pelos direitos humanos, como a qualidade, a acessibilidade financeira e
também a confiabilidade da população em relação à água que será
consumida.

A pesquisadora Cristiana Losekann, da Universidade Federal do Espírito


Santo, abordou Os desafios da participação na reparação dos desastres,
mostrando a necessidade de questionar o conceito da participação. Para a
pesquisadora, a construção de um processo participativo vai além da
implementação de modelos prontos, exigindo uma construção coletiva
daquilo que será executado como reparação.

Após as apresentações, o evento foi aberto ao debate que contou com a


participação de representantes do Movimento dos Atingidos por Barragens
(MAB), das secretarias de saúde do estado de Minas Gerais e do município
de Brumadinho, do Ministério Público e da Fundação de Amparo à Pesquisa
de Minas Gerais (Fapemig). Um dos pontos comuns a todas as falas foi o
reconhecimento da importância de envolver a população atingida nas
esferas de decisão. Também foi mencionada a expectativa de que os
pesquisadores retornem ao território em que tiverem realizado seus
trabalhos para apresentar os resultados.

Entre os encaminhamentos, ficou acordado que é preciso dar seguimento


às ações já em andamento, como o Observatório da Bacia do Rio Doce e o
Observatório da Bacia do Rio Paraopebas, iniciativa que visa acompanhar
pesquisas e ações desenvolvidas nos territórios atingidos e afetados pelo
rompimento das barragens da Vale e da Samarco. Uma nova reunião será
marcada em breve. O encerramento do evento contou com a apresentação
do pesquisador André Luiz Dias, da UFMG, que apresentou trechos do
cordel “Todo dia é 25 de janeiro”.

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